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DIREITO PROCESSUAL PENAL I • Professora. Esp. Suelen Ferraz • Advogada – Especializada em Educação do Campo • Pela UFG • Campus • Cidade de • Goiás DIREITO PROCESSUAL PENAL • Tutela Penal do Estado – recebem esta tutela os bens penalmente protegidos, cuja violação importa na imposição de uma pena. • “Jus puniendi” – Direito de punir, pertencente ao Estado e que decorre da violação de uma norma tutelada penalmente. • “jus libertatis” – Direito de Liberdade da pessoa. • “ jus puniendi” X “jus libertatis” = lide penal (conflito de interesses qualificado pela pretensão de um dos interessados e pela resistência do outro –Mirabete). • Processo Penal – é o instrumento estatal destinado à solução da lide penal. • Direito Processual Penal – conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, a sistematização dos órgãos jurisdicionais, finalizando com a persecução penal. • Processo Penal Acusatório – contraditório, público, imparcial, com distribuição das funções de acusar, defender e julgar a órgãos distintos. Aplicação da Lei Processual Penal • Lei Processual Penal Brasileira no Espaço: 1. Princípio “locus regit actum”; 2. Aplica-se aos processos que vierem a desenvolver no território, sem prejuízo de convenções; 3. Somos submetidos ao Tribunal Penal Internacional, em caráter subsidiário e para crimes de genocídio, contra a humanidade, guerra e agressão. Aplicação da Lei Processual Penal • Lei Processual Penal no tempo: 1. A lei processual penal se aplica desde logo, sem prejuízo dos atos realizados na égide da lei anterior; 2. Não é retroativa nem ultrativa; 3. Se for norma mista, de caráter processual e penal (material), prevalece a regra do Direito Penal. Interpretação da Lei Processual Penal • Art. 3º - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais do direito Contagem de Prazo no Direito Processual Penal – art. 798 CPP • Exclui o primeiro dia e inclui o último; • Começa a contar no primeiro dia útil e termina sempre em dia útil; • Conta-se o prazo a partir: 1. da intimação; 2. da data de audiência se estiver presente; 3. do dia que a parte manifestar, nos autos, a ciência inequívoca. Principais Princípios do Processo Penal • Devido Processo Legal – art. 5º LIV, C.F. • Ampla Defesa (técnica e autodefesa) – art. 5º, LV, CF; • Contraditório – art.. 5º, LV, CF; • Presunção de Inocência – art. 5º. LVII, CF; • Juiz natural (art. 5º, LIII, CF) desdobrado também no princípio do Promotor natural (STF); • Publicidade – art. 5º, LX e 93, IX C.F. (exceções: defesa da intimidade ou interesse social); • Duração razoável do processo – art. 5º, LXXVIII C.F.; • Motivação das decisões – art. 93, IX, CF; • Verdade Real (exceções admitidas: limitação para juntada de documentos no Plenário do Júri; Revisão Criminal prejudicial ao réu; Inadmissibilidade de provas obtidas por meio ilícito; transação penal e extinção da punibilidade); • Identidade Física do Juiz – art. 399, § 2º CPP; • Imparcialidade do Juiz ( garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos)- arts. 252, 254 e 112 CPP e 95 CF • Igualdade das Partes (art. 127 e 133 CF); • Persuacão Racional ou Livre Convencimento (art. 155 CPP); • Iniciativa das Partes (art. 129 I, CF) • “ Ne eat judex ultra petita partiun” - O juiz não pode ir além dos pedidos das partes. (arts. 383 e 384 CPP) • Inadmissibilidade das provas obtidas por meio ilícito (art. 5º LVI); • “ Favor Rei” ( propicia ações e recursos exclusivos da defesa); • Duplo grau de Jurisdição (art. 5 § 2º CF). PERSECUÇÃO PENAL PERSECUÇÃO CRIMINAL Praticado o fato delituoso “o dever de punir do Estado sai de sua abstração hipotética e potencial para buscar existência concreta e efetiva. A aparição do delito por obra de um ser humano torna imperativa sua persecução por parte da sociedade (persecutio criminis)” a fim de ser submetido o delinquente à pena que tenha sido prevista em lei. A polícia é função essencial do Estado. Dela se serve a Administração para limitar coercitivamente o exercício da atividade individual, a fim de garantir o bem geral e o interesse público. Consiste a Polícia “no conjunto de serviços organizados pela Administração Pública para assegurar a ordem pública e garantir a integridade física e moral das pessoas, mediante limitações impostas à atividade pessoal”. POLÍCIA Quanto ao seu objeto a Polícia se divide em: Polícia Administrativa ou de Segurança e Polícia Judiciária. 1 A Polícia de Segurança, também chamada de Polícia preventiva, tem por objetivo as medidas preventivas, visando impedir a turbação da ordem pública, ou seja, a não-alteração da ordem jurídica. A Polícia Judiciária exerce aquela atividade, de índole eminentemente administrativa, de investigar o fato típico e apurar a respectiva autoria. A investigação criminal é atividade estatal da persecutio criminis destinada a preparar a ação penal. Daí apresentar caráter preparatório e informativo, visto que seu objetivo é o de levar aos órgãos da ação penal os elementos necessários para a dedução da pretensão punitiva em juízo. A investigação não se confunde com a instrução. Objeto da primeira é a obtenção de dados informativos para que o órgão da acusação verifique se deve ou não propor a ação. Objeto do procedimento instrutório, ou a colheita de provas para demonstração da legitimidade da pretensão punitiva, ou do direito de defesa, ou então é a formação da culpa quando for comp. do tribunal do Júri. A persecutio criminis, como visto, é o caminho percorrido pelo Estado- Administração para que seja aplicada uma pena ou medida de segurança àquele que cometeu uma infração penal, consubstanciando-se em três fases, quais sejam -Investigação criminal -Ação Penal -Execução Penal Inquérito Policial • Conceito : procedimento administrativo e investigatório que tem por escopo fornecer elementos para o início da ação penal; • Atribuição – local da consumação dos fatos. Para prisão, no local da prisão; • Valor probatório : relativo; • Não existe nulidade e os vícios não anulam o processo, podendo macular o próprio ato. Inquérito Policial - Características • Escrito ( art. 9º CPP); • Sigiloso (art. 20 CPP – não se aplica ao Juiz, Promotor e Advogado); • Oficial (elaborado pelo Estado); • Oficioso (obrigatório); • Indisponível (art. 17 CPP- impede arquivamento na Delegacia); • Forma inquisitorial ( procedimento se concentra nas mãos de uma só autoridade); • Autoritário (presidido por autoridade policial); • Dispensável (arts. 12; 27; 39 §5º e 46§ 1º CPP). Juizados Especiais Criminais • Crimes de menor potencial ofensivo; • Se autoria conhecida e as circunstancias não indicarem a necessidade de Inquérito Policial, será lavrado termo circunstanciado; • Não há prisão em flagrante, ao menos se o autor dos fatos se recusar a assinar compromisso de comparecer à sede do Juizado. Incomunicabilidade • Art. 21 CPP; • Constitucionalidade discutida ante a vedação constitucional da incomunicabilidade do preso durante o estado de defesa – art. 136, §2º, IV CF) • Depende de decisão judicial, a requerimento da Autoridade Policial ou Ministério Público; • Prazo 03 dias; • Não atinge o advogado; • Decretado por interesse da sociedade ou quando a investigação exigir. Início do Inquérito Policial – art. 5º CPP • Portaria –de ofício; • Requisição da Autoridade Judiciária; • Requisição do Ministério Público; • Requerimento do ofendido ou seu representante legal; • Requisição do Ministro da Justiça; • Auto de Prisão em Flagrante. PROVIDÊNCIAS ART. 6º CPP • Preservar o local do crime; • Apreender objetos que interessem à perícia; • Colher todas as provas (lícitas) que servirem ao esclarecimento do fato e suas circunstâncias; • Ouvir o ofendido; • Proceder à reprodução simulada dos fatos; • Ouvir o indiciado; • Identificar o indiciado; • Averiguar a vida pregressa do indiciado; • Remeter, em 48 horas, nos crimes de violência contra a mulher, eventual pedido de medidas protetivas (Lei 11.340/06); • Solicitar autorização para infiltração de agentes policiais em organizações criminosas ( leis 9034/95 e 11.343/06). Conclusão do I.P. • Relatório; • Pode o M.P., a qualquer momento, manifestar-se no processo. • Remetido ao MP pode ele: 1. Oferecer Denuncia – 05 dias preso e 15 solto; 2. Requerer diligências; 3. Requerer o arquivamento; 4. Requerer designação de audiência preliminar. Arquivamento de I.P. • Requerido pelo M.P. e determinado pelo Juiz; • Se arquivado, pode retomar as investigações se surgirem novas provas (art. 18 CPP); • É irrecorrível o despacho que determina o arquivamento do I.P. exceto nos casos de crime contra economia popular que cabe recurso do ofício. Discordando o Juiz do pedido de arquivamento: • Remeterá os autos ao Procurador Geral de Justiça ( art. 28 CPP) que poderá: 1. Oferecer denúncia; 2. Designar outro Promotor para oferecer denúncia; 3. Requerer diligencia e designar outro Promotor para continuidade; 4. Insistir no Arquivamento. Inquérito Policial e Ação Penal Privada • Encerrado o inquérito policial, ele é encaminhado ao Juízo competente onde aguardará provocação do ofendido ou, a requerimento do ofendido, será entregue diretamente a este, mediante traslado. Prazo para conclusão de I.P • 30 dias, solto (pode prorrogar); • 10 dias, preso (improrrogável); • 15 dias, preso, Justiça Federal (pode prorrogar por igual período); • 90 dias solto e 30 dias preso (drogas) – pode duplicar à pedido; • 10 dias, preso ou solto, crime contra economia popular. Ação Penal • Pública – iniciada pelo Ministério Público, pode ser incondicionada ou condicionada; • Privada – titularidade do ofendido ou seu representante legal, pode ser propriamente dita (exclusiva) e subsidiaria da pública. Ação Penal Pública • Titularidade do M.P (oficialidade); • Proposta por denúncia; • Obedece os princípios: 1. Obrigatoriedade ou legalidade – abrandada pela possibilidade de transação penal (discricionariedade regrada); 2. Indisponibilidade (abrandada pela suspensão condicional do processo); 3. Indivisibilidade ( exceto em composição civil); 4. Intranscendência. Representação • Ação Penal Pública Condicionada; • Condição de Procedibilidade; • Prazo seis meses, em regra, do conhecimento da autoria; • Retratação até oferecimento da Denúncia (lei 11.340/06 após oferecimento, antes do recebimento). Ação Penal Privada • Iniciada por queixa ou queixa-crime; • Vítima é querelante e réu querelado; • Principais princípios: 1. Oportunidade (decadência e renúncia); 2. Disponibilidade (perempção e perdão); 3. Indivisibilidade (exceto em composição civil). • Personalíssima – induzimento essencial e ocultação de impedimento ( art. 236 CP). Denúncia ou Queixa • Peças iniciais da Ação Penal Pública; • Requisitos (art. 41 CPP): 1. Exposição dos fatos em todas as suas circunstâncias- imputação; 2. Identificação do autor; 3. Capitulação; 4. Pedido de condenação; 5. Rol de testemunhas. Causas de rejeição da inicial – art.395 CPP 1. For manifestamente inepta; 2. Faltar pressuposto processual (existencia de um Juiz competente; relação concreta de direito penal e presença de órgão regular da acusação e, posteriormente, intervenção da defesa) ou condição da ação (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade para a causa); 3. Faltar justa causa para o início da ação penal. Recursos contra rejeição • Recurso em sentido estrito – regra – 05 dias; • Apelação nos crimes de menor potencial ofensivo – 10 dias. Ação Civil “Ex delicto” • Necessidade de sentença penal condenatória com transito em julgado; • Executa no cível pelo valor mínimo fixado para indenização ou por liquidação do valor – art. 63 CPP; • Não se confunde com Ação de Reparação de danos por ato ilícito; Ação Civil de Reparação de danos • Quando não existir sentença criminal transitada em julgado; • O Juiz deve sobrestar o andamento do feito por um ano podendo prorrogar até final decisão penal; • Sentença absolutória que reconheça a inexistencia do fato; que prove não ter sido o acusado o autor dos fatos e que reconheça causa extintiva da punibilidade impedem a ação civil – art. 65 e 66 do CPP
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