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__________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 181 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS (STRATEGIC MANAGEMENT IN PUBLIC SECURITY: THE CONSTRUCTION OF SCENARIOS FOR PROSPECTIVE PERFORMANCE OF MEGA EVENTS) #1 - Dmitryev Cyreneu Da Silva Bacharel em Administração - UFRN E-mail: sirdmitryev@hotmail.com # 2 - Lucas Ambrósio Bezerra De Oliveira Mestre em Engenharia de Produção - UFRN Professora da Universidade Federal do Semi-Árido - UFERSA E-mail:lucasambro@gmail.com #3 – Jamil Ramsi Farkat Diógenes Mestrando em Engenharia de Produção– UFRN Pesquisador do Núcleo Aplicado à Gestão e Inovação – DEP/CT/UFRN E-mail:farkatt@gmail.com #4 – Fernanda Cristina Barbosa Pereira Queiroz Doutora em Engenharia de Produção - UFSC Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN E-mail: fernandacbpereira@gmail.com #5 – Marciano Furukava Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais - UFRN Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN E-mail:furuka2010@yahoo.com.br #6 - Jamerson Viegas Queiroz Doutor em Engenharia de Produção - UFSC Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN E-mail: viegasqueiroz@gmail.com RESUMO O propósito deste artigo é apresentar os resultados de uma pesquisa que abordou o método Global Business Network, como meio para elaboração de cenários prospectivos na área de segurança pública, com enfoque na promoção de Megaeventos como a Copa do Mundo de 2014. O trabalho consiste em um estudo de caso na área de segurança pública do Rio Grande do Norte (RN), sendo que os dados primários foram levantados a partir da aplicação da técnica de grupo focal, com os dois gestores da área de segurança pública do RN que tratam de Megaeventos. Foram projetados quatro cenários, partindo-se de um cenário em que ocorrem investimentos na segurança pública, até o cenário em que há baixo investimento. Pode-se dizer que o Rio Grande do Norte não está preparado para realizar um Megaevento hoje, no entanto caminha para uma melhora considerável em sua capacidade de gestão em Megaeventos. Palavras-chaves:Cenários Prospectivos; Gestão Estratégica; Matriz SWOT; Segurança Pública; Megaeventos. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 182 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 ABSTRACT The objective of this paper is to present the results of a survey that addressed the method GBN - Global Business Network, as a means for building future scenarios in the area of public security, with a focus on preparation for events such as the FIFA world Cup 2014. The study, conducted in Rio Grande do Norte, designed four scenarios, ranging from a scenario in which investments in public safety occur until the scenario where there is low investment and increased violence. You could say that the work presented actions that may contribute to the planning of public safety for the conduct of events. Keywords: Prospective Scenarios; Strategic Management; SWOT Matrix; Public Safety; Mega events. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 183 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 1. INTRODUÇÃO Hodiernamente, na sociedade existem desafios que se apresentam como imprescindíveis ao sucesso da gestão pública. Estes desafios representam os vetores estratégicos que todo governante deve perseguir (saúde, educação, moradia, segurança e lazer), pois estes são pilares que sustentam uma nação, portanto deveres do estado e direito do cidadão (BRASIL, 2013). Segurança pública é uma das áreas de que a constituição brasileira trata como responsabilidade do Estado, tendo como objetivo maior o fomento de políticas públicas capazes de prevenir e combater a criminalidade; salvaguardar a manutenção da ordem pública, e oferecer suporte para que os cidadãos possam viver e conviver livre dos riscos a que estão expostos nos dias atuais (BRASIL, 1988). Entretanto o cumprimento dessa responsabilidade vem sendo deixada a desejar pelo governo. Segundo dados do FBSP (2012) publicados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2011 a união reduziu em 21,26% o volume de investimentos no setor em relação a 2010. Em face a isto o estudo da ONU (Organização das Nações Unidas), divulgado em 2011, coloca o Brasil na 26ª posição entre os países com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes, evidenciando a insegurança vivenciada nas cidades brasileiras (UOL, 2012). Nesse contexto, a segurança pública é uma das situações que tem preocupado a sociedade, fazendo-a questionar, em tempos de Megaeventos como Copa do Mundo, quanto é capacidade governamental em prover segurança aos usuários. Considerando a relevância e importância da Segurança Pública, somada às demandas emergentes face a Copa do Mundo de 2014, que terá como uma das cidades sede Natal, a capital do Rio Grande do Norte, este estudo consiste em um análise da gestão estratégica na área da segurança pública no estado, utilizando a metodologia de construção de cenários prospectivos. Busca-se portanto, responder o seguinte problema de pesquisa: quais estratégias de segurança pública devem ser utilizadas quando se realiza um megaevento no Rio Grande do Norte? Logo, objetiva-se, com este trabalho, a proposição de estratégias que possam contribuir para a melhoria da gestão estratégica para a Segurança Pública no RN. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 184 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 Para tanto, o presente trabalho contemplará um estudo de caso na área de segurança pública do RN com uma abordagem mais específica quanto a realizações desses megaeventos, através da construção de cenários prospectivos utilizando o método GBN – Global Business Network (Schwartz, 2003), com a finalidade de construir futuros prováveis que ajudarão o Governo a aprimorar as políticas públicas de segurança. O estudo é importante uma vez que lança luz nos debates de segurança pública e os megaeventos esportivos que serão realizados nos estados brasileiros. Além de ser importante para a gestão estratégica da área, uma vez que o estudo foi realizado com as duas organizações responsáveis por tal área: a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social – SESED e a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos – SESGE. O artigo está dividido em cinco seções, em que a primeira seção trata da introdução, a segunda seção versa sobre a revisão literária, onde são apresentados os conceitos importantes para esta pesquisa, a terceiraseção apresenta os procedimentos metodológicos utilizados, a quarta seção traz os resultados do estudo, a quinta seção apresenta a conclusão e, em seguida, são relacionadas as referências utilizadas. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Gestão e Planejamento Estratégico Mintzberg e Quinn (2001, p.20), definem estratégia como: “padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e sequencias de ações de uma organização em um todo coerente”. Para os autores, uma estratégia bem formulada “auxilia a ordenar e alocar recursos de uma organização para uma postura singular viável”. Quanto a Gestão Estratégica, Ansoff e Edward (1993, p.553) conceitua como “um processo de gestão do relacionamento de uma empresa com seu ambiente.” Esta, envolve o planejamento estratégico, planejamento de potencialidades, ou seja, identifica os pontos fortes do presente que podem se transformar nos pontos fracos do futuro e vice-versa; faz parte também da gestão estratégica, a administração da __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 185 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 implantação das estratégias, ou seja, gerir as resistências durante a implantação das estratégias decorrentes do planejamento estratégico e ainda a administração das questões estratégicas, ou seja, dar respostas estratégicas, por meio da administração de eventos futuros. Drucker (1977) aponta que o planejamento estratégico é um processo contínuo, sistemático, organizado e capaz de prever o futuro, de maneira a tomar decisões que minimizem riscos. Dessa forma o planejamento estratégico tem como objetivo fornecer aos gestores e suas equipes uma ferramenta que os municie de informações para a tomada de decisão, ajudando-os a atuar de forma proativa, antecipando-se às mudanças que ocorrem no mercado em que atuam. Maximiano (2007), afirma que planejar é tomar decisões sobre o futuro. Sendo o processo de planejamento uma ferramenta para administrar as relações com o futuro. O planejamento está relacionado aos níveis hierárquicos, ou seja, os níveis de decisão de uma organização, podendo ser: estratégico, tático ou operacional. O planejamento estratégico está relacionado com os objetivos de longo prazo e estratégias para alcançá-lo que afeta a empresa de uma forma geral. 2.2. Análise SWOT Segundo Silva (2011) a análise SWOT é uma das ferramenta de confecção do planejamento estratégico de uma organização. O termo SWOT é uma sigla advinda do inglês, que significa: Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). Esta análise foi desenvolvida durante as décadas de 1950 e 1960 por Kenneth Andrews e Roland Christensen, professores da Harvard Business School. Esta ferramenta tem como objetivo focalizar a combinação das forças e fraquezas da organização com as oportunidades e ameaças do mercado. Esta análise se divide em: Forças (pontos fortes) e Fraquezas (pontos fracos) referem-se ao ambiente interno da organização, passível de ser controlado. Por outro lado, Ameaças e Oportunidades tratam dos aspectos externo e "incontroláveis" para a organização. Analisando o ambiente interno e externo, leva-se em conta os pontos __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 186 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 fortes e pontos fracos e as ameaças e oportunidades, para basear para a formulação da Matriz SWOT (DAYCHOUW, 2010). 2.3 Cenários Prospectivos Godet (1993), define cenário como sendo “o conjunto formado pela descrição coerente de uma situação futura e pelo encaminhamento dos acontecimentos que permitem passar da situação de origem à situação futura”. Já Schwartz (2003), afirma que, cenário é uma ferramenta para ajudar a adotar uma visão de longo prazo num mundo de grande incerteza. Cenário é uma ferramenta para ordenar as percepções de uma pessoa sobre ambientes futuros alternativos nos quais as consequências de sua decisão vão acontecer. Ou ainda, um conjunto de formas organizadas para sonharmos eficazmente sobre nosso futuro. De forma resumida, o autor define cenário como sendo “histórias do futuro”, histórias capazes de nos ajudar a reconhecer as mudanças de nosso ambiente e nos adaptar a elas. Segundo Porter (1989) os cenários objetivam reduzir as chances de que ações adotadas para se lidar com um elemento de incerteza em uma indústria piorem involuntariamente a posição de uma empresa em relação a outras incertezas. Para Marcial e Grumbach (2005), um cenário completo é composto por seis componentes principais: um título, uma filosofia, variáveis, atores, cenas e trajetórias. O título é possuidor de uma carga tremenda, pois age como sua referência de um cenário específico, ele deve dar a ideia da lógica dos cenários, além de ser vivos e de fácil memorização. A filosofia sintetiza o movimento ou a direção fundamental do sistema considerado. As variáveis representam aspectos ou elementos relevantes do sistema ou contexto considerado, tendo em vista o objetivo do cenário. Os atores desempenham um papel importante no sistema, influenciando o comportamento das variáveis, com o objetivo de viabilizar seus projetos. A cena descreve como estão organizados ou vinculados entre si os atores e as variáveis naquele instante. E por último a trajetória é o percurso ou caminho seguido pelo sistema no horizonte de tempo considerado (SCHWARTZ, 2003). De acordo com Stollenwerk (1998) cenários classificam como globais, focalizados ou de projetos. Os cenários globais são desenvolvidos com o objetivo de __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 187 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 definir estratégias globais. Enfocam, em seu conteúdo, questões políticas, macroeconômicas, sociais e tecnológicas tanto nacionais quanto mundiais. Já os focalizados servem para definir estratégias regionais ou setoriais. E os cenários de projeto são desenvolvidos para tomada de decisão referente a investimentos que envolvam grande incerteza ou que exijam longo prazo de maturação. Marcial e Grumbach (2005), quanto à tipologia, confirma que os cenários podem ser classificados como exploratório e Normativo. Os cenários normativos são aqueles que configuram futuros desejados, e os cenários exploratórios caracterizam- se por futuros possíveis ou prováveis do sistema considerado ou de seu contexto, mediante a simulação e o desenvolvimento de certas condições iniciais. A lógica da construção de cenários é estabelecer primeiro o futuro desejado para, depois, traçar as trajetórias para alcançá-lo. A função dos cenários não é acertar os eventos futuros, mas considerar as forças que podem direcionar o futuro por determinados caminhos, auxiliando os gestores a compreender a dinâmica do ambiente de negócios, reconhecer novas possibilidades, avaliar opções estratégicas e decisões de longo prazo (SHELL INTERNATIONAL,2001). 2.3.1 Metodologia Global Business Network (GBN) A Global Business Network (GBN) é uma organização norte-americana, fundada em 1988 por Peter Schwartz, fortemente orientada a construção de cenários. Sua metodologia para desenvolvimento de cenários prospectivos baseia- se em oito etapas. A metodologia leva em consideração os “modelos mentais” dos dirigentes, que corresponde a visão de mundo adquirida, contidas de preocupações e incertezas (MORITZ et al, 2008). Marcial e Grumbach (2005) definem como questão principal o que motivou a construção dos cenários alternativos. Essas questões podem ser levantadas através de entrevistas, análises e discussões que ocorrem durante o desenvolvimento do estudo de cenários. As etapas em questão são apontadas e descritas na tabela 1, a seguir. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 188 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 Tabela 1: Fases e descrição das etapas que compõe o método descrito por Schwartz Etapa Descrição 1 - Identificação da questão principal Identificar a questão principal, ou seja, definir a questão principal do estudo, com objetivo de dar um foco específico e aprofundado. 2 - Identificação das principais forças do ambiente local (fatores-chave) Identificação das principais forças do ambiente, também chamadas de fatores-chave. Esses fatores são as principais forças que existem no ambiente próximo que estejam relacionadas com o ramo de negócio e com a questão principal. 3 - Identificação das forças motrizes (macro ambiente) Identificação das forças motrizes, que estão ligadas ao macro ambiente que podem influenciar os fatores-chaves identificados anteriormente. Essas forças são os elementos que movem o enredo de um cenário. 4 - Ranking (classificação) por importância e incerteza Elaborado para separar os elementos predeterminados das incertezas críticas. Esses elementos são aqueles que não dependem de qualquer cadeia de evento, ou seja, sua ocorrência parece certa, não importando o cenário. Sendo assim, os elementos predeterminados devem ser isolados, porque não são determinantes para a construção de cenários. 5 - Seleção das lógicas dos cenários Esta seleção parte da análise do comportamento das variáveis classificadas como incertezas críticas, que devem ser posicionadas nos eixos ao longo dos quais os cenários serão descritos. 6 - Descrição dos cenários Consiste em detalhar cada cenário. Os cenários devem ser descritos em forma narrativa, explicando-se detalhadamente como acontece a evolução durante o período de tempo preestabelecido. 7 - Analise das implicações e opções Verifica em cada cenário, as implicações de cada decisão, as vulnerabilidades da organização e as oportunidades existentes. É preciso imaginar qual a situação da organização em cada um dos mundos descritos pelos cenários e identificar as decisões a tomar no caso de um determinado enredo ocorrer. 8 - Seleção dos principais indicadores e sinalizadores Objetiva possibilitar um monitoramento contínuo das variáveis que poderão causar impacto na instituição e de nos seus possíveis comportamentos Fonte: Marcial e Grumbach, 2005. 2.4 Segurança Pública A segurança pública é ação de responsabilidade permanente dos órgãos estatais bem como toda comunidade, com proposta de preservar os direitos a cidadania através da prevenção e controle de manifestações criminais e violentas (BRASIL, 1988; MJ, 2013; SENASP, 2013). Percebe-se, no conceito apresentado que um dos objetivos da segurança pública é prevenir e controlar manifestações da criminalidade e da violência. Assim, tal proposta requer entendimento das causas do crime e da violência. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 189 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 De acordo com Skolnick (1998), historicamente, numerosos fatores influenciaram a taxa de criminalidade, mesmo assim, relutamos em apontar uma só justificativa para crescimentos ou declínios. Os pensadores liberais frequentemente apontam para “causas nas raízes” do crime: pobreza, desigualdade, desemprego e segregação racial; enquanto os conservadores ressaltam a “pobreza moral”, ou seja, a maternidade na adolescência, uso de drogas, moral frouxa, instabilidade familiar. Afirma ainda que existam poucos crimes de rua em vizinhanças abastadas, com estabilidade educacional e familiar. E que o crime é um jogo que se concentra mais entre os jovens, sobretudo do sexo masculino. Enquanto os criminalistas e os juristas discutem a respeito das causas para o crescimento da criminalidade, existe uma coisa a respeito da qual todos eles concordam, é que a “impunidade” caracteriza o sistema de justiça penal da América Latina. Sendo esta também uma das principais causas para o aumento da criminalidade (SALAS, 1998). Para prevenir e controlar manifestações da criminalidade e de violência, governos precisam fomentar políticas públicas voltadas a segurança, que trabalhem em base da prevenção ao crime, como é feito no Brasil através do plano de Integração e Acompanhamento dos Programas Sociais de Prevenção da Violência (PIAPS). A missão do PIAPS é de “promover a interação local e, portanto, o mútuo fortalecimento dos programas sociais implementados pelos governos federal, estadual e municipal, que, direta ou indiretamente, pudessem contribuir para a redução dos fatores, potencialmente, criminógenos.” (SOARES, 2007, p.84). Além de ações preventivas, é preciso utilizar de estratégias coercitivas que incluam uma polícia presente permanente nas comunidades. A prática do policiamento comunitário tem sido implantando em todo o mundo, essa estratégia tem como foco principal a cooperação entre as organizações policiais e a sociedade civil. Podendo ser educativa como: mediação de conflitos, ajuda solidária, educação de base, rodas de conversa sobre problemas sociais e sobre medidas de segurança. Como também pode ser técnica: criação de postos de policiamento, rondas a pé, vigilância sobre as ações e os criminosos (NEV, 2009). __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 190 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este trabalho buscou desenvolver um estudo na área da segurança pública do RN, através da construção de cenários prospectivos utilizando o método GBN – Global Business Network e a matriz SWOT. Portanto, trata-se de uma pesquisa, exploratória explicativa. (SEVERINO, 2007) Classifica-se também, segundo Vergara (2000, p.49), como estudo de caso por ser “circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país”. O universo desta pesquisa compreendeu os gestores da área de Segurança Pública, Defesa Civil e para Grandes Eventos do Estado do Rio Grande do Norte, a saber:Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social – SESED e a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos – SESGE. Devido à pouca disponibilidade desses gestores, optou-se por uma amostra não probabilística por tipicidade que segundo Vergara (2000, p. 51), “seleciona elementos que o pesquisador considere representativos da população-alvo.” Dessa forma a amostra representante da população alvo, compreende (02) dois gestores da área de segurança pública do Rio Grande do Norte. Os dados primários foram levantados a partir da aplicação da técnica de grupo focal, com os (02) dois gestores da área de segurança pública do Rio Grande do Norte que tratam de Megaeventos. Utilizando como questionário semiestruturado, as questões básicas propostas pelo Método de Schwartz, as quais consistem da identificação das principais forças do ambiente local (fatores-chave) e a identificação das forças motrizes (macroambiente). A coleta dos dados foi realizada em de novembro de 2012 no Centro Administrativo Estadual. Os dados secundários como tabelas e quadros foram obtidos através de análises dos dados estatísticos fornecidos pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social – SESED e através de trabalhos acadêmicos referentes a temática de estudo de cenários prospectivos. A primeira etapa, para desenvolver os cenários, foi o desenvolvimento da matriz swot da área da Segurança Pública do Rio Grande do Norte estabelecendo __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 191 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 aquilo que é de responsabilidade da empresa, e o que é uma antecipação do futuro, ou seja, o que se pode traçar a respeito de possibilidades positivas ou negativas do macro ambiente econômico. A montagem dessa Matriz SWOT da área de Segurança Pública no RN, foi realizada com base nos níveis de impactos de um ponto fraco sobre uma ameaça ou oportunidade e o impacto de um ponto forte sobre uma ameaça ou oportunidade. Para tal, atribuiu-se em uma escala de impactos de 0 a 5 em que para um impacto forte atribuiu-se 5 e quando não havia nenhum impacto, 0 Posteriormente, foi utilizada a técnica de brainstorming com os gestores de segurança pública. 4. RESULTADOS A matriz SWOT, informada na Figura 1, possibilitou vislumbrar os fatores de maior relevância para a escolha de estratégias adequadas para a área de Segurança Pública, a partir de uma avaliação crítica dos ambientes externo e interno da organização. Após a elaboração da Matriz SWOT, obteve-se uma matriz com quatro células, indicando a existência de problemas que podem ameaçar a sobrevivência, o crescimento, a manutenção e o desenvolvimento da área da segurança pública. Depois de analisar interna e externamente a área de segurança pública do RN através da Matriz Swot e de identificar as variáveis que mais causam impacto, é dada a hora de construir os cenários prospectivos para o objetivo proposto. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 192 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 Figura 1: Matriz SWOT da área de Segurança Pública no RN Fonte: Autores, 2011. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 193 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 Neste trabalho, a primeira etapa foi a definição da questão principal através das análises das entrevistas com os gestores da Segurança Pública do RN e de alguns índices de criminalidade no Rio Grande do Norte a partir do mapa da violência: Quais os cenários prospectivos da área de Segurança Pública do Rio Grande do Norte quanto à realização de Megaeventos e como a Secretaria de Segurança Pública poderá explorar favoravelmente essa situação? A segunda etapa consistiu na identificação das principais forças do ambiente localbuscando identificar os principais fatores chave que submetem negativa ou positivamente a questão principal. Os principais fatores que poderão influenciar essa área, como: Número reduzido de pessoal efetivo; Aumento do tráfico e consumo de drogas ilícitas no RN; Policiamento comunitário; Crescimento populacional; Salário Insuficiente dos Policiais Civis e Militares; Aumento da percepção de insegurança pela sociedade; Baixo uso de tecnologias da Informação e de imagens pelas polícias do RN; Imagem Negativa das polícias. Na etapa seguinte, identificação das forças motrizes, listam-se as forças motrizes do ambiente macro que influenciam diretamente os fatores-chave identificados anteriormente, é necessário fazer inter-relações entre os fatores-chave e as forças motrizes. As principais forças que poderão influenciar essa área são: Orçamento direcionado para a Segurança Pública; Força de vontade dos agentes de Segurança; Ineficiência do sistema político e judiciário; Polícia Cidadã -melhora da interação polícia/sociedade; Índice de criminalidade/violência; Uso de armas de fogo pela população; Baixa qualidade dos serviços básicos de: educação e saúde; Implementação de novas tecnologias. Na quarta etapa, buscou-se o desenvolvimento do ranking por importância e incerteza. Nesta etapa classificam-se as forças motrizes de acordo com seu o grau de importância e incerteza em relação ao ambiente futuro. Segundo Schwartz (2003) sugere deve-se selecionar duas variáveis, classificadas como mais incertas e mais importantes para facilitar a identificação da lógica dos cenários. O Ranking das Incertezas Críticas obtido é apresentado no Figura 4. Este ranking foi obtido, atribuído 1 (um) à variável com o menor grau de incerteza e 5 para a que possuir o maior grau de incerteza (escala de 1 a 5). Procedimento similar foi adotado para classificar as variáveis quanto ao grau de importância. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 194 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 Tabela 2: Classificação segundo o grau de incerteza x importância Variável Incerteza Importância Forças Motrizes X1 – Orçamento direcionado para Segurança Pública 5 4 X2 – Índice de criminalidade/violência 5 5 X3 – Força de vontade dos agentes de Segurança. 4 4 X4 – Policia Cidadã – melhora da integração polícia/sociedade 4 4 X5 – Ineficiência do sistema político e judiciário 3 4 X6 – Uso de armas de fogo pela população 3 3 X7 – Baixa qualidade dos serviços básicos de educação e saúde. 2 4 X8 – Implementação de novas tecnologias 1 5 Fonte: Autores, 2012. Segundo Schwartz (2003), a montagem de um gráfico deincerteza x importância serve para auxiliar na identificação das variáveis mais relevantes e que devem ser utilizadas na composição da lógica dos cenários, como mostra o Gráfico 1. Gráfico 1: Incerteza x Importância Fonte: Autores, 2012. As variáveis X2 que corresponde ao Índice de criminalidade/violência crescente e X1 aorçamento direcionado para a Segurança Pública, foram classificadas como as mais incertas e as mais importantes, formando assim os eixos ortogonais da matriz que facilita a identificação da lógica dos cenários. Em face ao ranking de importância e incertezas, identificam-se as variáveis classificadas como mais incertas e mais importantes, compreendendo a seleção das __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 195 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 lógicas dos cenários. As variáveis mais incertas e mais importantes são: X2: Índice de criminalidade/violência; X1: Orçamento direcionado para a Segurança Pública. Estas variáveis são apresentadas a seguir de acordo com os limites de suas escalas: (1) Estagnação - Índice de criminalidade/violência - Crescimento; (2) Baixo - Orçamento direcionado para a Segurança Pública - Alto. Essas variáveis, colocadas em dois eixos, vão caracterizar a lógica dos cenários a serem construídos, conforme etapa 5 (figura 2). Figura 2: Eixos da lógica dos cenários Fonte: Autores, 2012. Depois de definir a lógica dos cenários e identificar os fatores-chave e as forças motrizes, elaboradas nas etapas anteriores. Parte-se para a parte principal, a etapa seis, que consiste no detalhamento dos cenários, onde é possível vislumbrar quais os possíveis estados da Segurança Pública do RN em relação à realização de Megaeventos. Este foi colocado na ordem de possibilidade segundo utilização do brainstorming com os gestores da segurança pública já citados e ainda analisando a matriz SWOT. Cenário 1 – “ORDEM”: Os gestores acreditam que, apesar da constatação do crescimento da violência em todas as regiões do Rio Grande do Norte, o __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 196 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 aumento significativo do orçamento para a segurança pública resultaria num aumento de agentes, melhoria nos equipamentos e melhora da estrutura geral da segurança pública fazendo com que os agentes de segurança pública estivessem preparados para agir como fosse necessário assegurando assim o bom andamento do evento, porém podendo haver algum infortúnio resultante do aumento da criminalidade. Cenário 2 – “SÍTIO”: Como o nome sugere, o estado de sítio seria o pior cenário apresentado no estudo que reflete o aumento da criminalidade e da violência, associado ao baixo investimento do Estado na segurança pública. Este cenário aponta para a falência do sistema de planejamento governamental, podendo levar o Estado a sérias crises de gestão com o consequente aumento do risco não só à realização de Megaeventos como também à qualidade de vida de seus habitantes. As estratégias a serem propostas apontam para a percepção da urgente do aumento do orçamento de forma a repor o tempo perdido e ações de urgência para o aumento da repressão da criminalidade com práticas como para o aumento do sistema de Inteligência e repressão ao tráfico de drogas e ainda o policiamento ostensivo nas áreas em que a mancha criminal mais crítica. Cenário 3 – “SUCESSO”: O aumento da verba para segurança pública aliada estagnação do crescimento da criminalidade no Rio Grande do Norte, constituem uma situação ideal que sejam realizados os Megaeventos e ainda trazer os legados sociais que esses Megaeventos trazem como no caso analisado a melhoria substancial na segurança pública. É importante a formulação de políticas públicas de Segurança, para dar a continuidade nos trabalhos posteriores e ainda para que esse maior aporte de verbas e de projetos de melhoria da qualidade vida dos habitantes possam reduzir a sensação de medo e de insegurança das pessoas. Os gestores pensam que adotando as medidas corretas tanto no campo operacional quanto no campo político o RN poderá conseguido reduzir de forma significativa os indicadores de criminalidade e realizar com sucesso qualquer Megaevento que por ventura venha surgir. Cenário 4 - “ATENÇÃO”: Estagnando tanto o crescimento da criminalidade e da violência no Rio Grande do Norte associado com a falta de investimento do poder público, esse cenário apresenta um quadro preocupante para os gestores. A estagnação do crescimento da criminalidade e da violência, em função da __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 197 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 constatada falta de investimento do Estado em segurança pública, poderá voltar a expandir tornando-se um relevante problema governamental. Se não houver uma política de incremento no orçamento voltado à segurança pública o curso natural de aumento da criminalidade devido aos diversos fatores sociais podem fazer com que medidas mais drásticas tenham que ser tomadas para que um Megaevento seja realizado Passada a fase de construção dos cenários, recorre-se à questão principal para verificar, conforme etapa sete, as implicações de cada cenário com base nas decisões, as vulnerabilidades e as oportunidades existentes. A avaliação procura identificar a solução mais adequada a ser tomada em cada cenário e também se as estratégias necessitam ser revisadas. Marcial e Grumback (2005) dizem que é preciso imaginar qual a situação da organização em cada um dos mundos descritos pelos cenários e identificar as decisões a tomar no caso de um determinado enredo ocorrer. Cenário 1 - “ORDEM”: No ambiente proposto há um crescimento tanto do orçamento para a segurança pública quanto da criminalidade e violência no RN. Neste cenário as decisões a serem tomadas têm impacto mediano, visto que esse cenário tem uma expectativa importante de ocorrer sendo ainda o de maior probabilidade, visto as prospecções analisadas. Neste cenário a Secretaria de Segurança Pública deve adotar as estratégias de: formulação de políticas para o melhor aproveitamento do capital investido, melhoria da capacidade de inteligência das polícias através do aumento de investimentos na área, aumentar a utilização de tecnologias da Informação e de imagens pelas polícias Civis e Militares possíveis com a implementação dos Centros de Comando de Controle; aumentar consideravelmente o efetivo de todos os agentes de segurança pública e intensificar o policiamento comunitário realizando as práticas de polícia-cidadã, melhorando a interação da polícia com a sociedade; e utilizar-se dos protocolos para unificar as ações em caso do efetivo aumento da criminalidade resulte em alguma ação criminosa grave. Cenário 2 - “SÍTIO”:Neste cenário de o aumento da criminalidadee violência aliado à falta de investimentos por parte do Estado, é o cenário mais catastrófico para a Secretaria de Segurança Pública do RN, podendo se observar que as decisões a serem implementadas têm um peso maior, pois apesar de não ser a mais __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 198 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 extensa a probabilidade de concretização das previsões é a que incorre em maiores prejuízos. As estratégias devem ser adotadas em caráter urgente principalmente no aumento do orçamento para que haja uma batalha efetiva contra o aumento da criminalidade. Cenário 3 - “SUCESSO”:O cenário de estagnação da criminalidade e violência e ainda aumento do orçamento destinado à segurança pública, constata-se que o conjunto de decisões a serem implementadas nessa suposição tem um impacto baixo, já que esse cenário tem uma expectativa menor de ocorrer, apesar de ser a situação ideal para a realização de Megaeventos. No cenário supracitado a Secretaria de Segurança Pública do RN deve formular políticas para o melhor aproveitamento do capital investido, ainda desenvolver projetos de prevenção contra violência/criminalidade e monitorar os índices de criminalidade, atuando de forma preventiva. Cenário 4 - “ATENÇÃO”: Em um ambiente de falência dos dois fatores, a estagnação da violência e o baixo orçamento destinado à segurança pública. As decisões a serem tomadas de caráter remoto, já que essa alternativa é a mais difícil de ocorrer em todos os cenários. Para este cenário as estratégias a serem adotadas deverão ser direcionadas para a manutenção do efetivo e soluções alternativas como o empenho em campanhas de conscientização da sociedade para que consiga manter estagnada a violência. Além disso, oferecer treinamentos e capacitação de forma barata para os agentes de segurança pública. A última etapa do processo de construção de cenários prospectivos (seleção dos principais indicadores e sinalizadores) tem como objetivo definir os indicadores, com base nos cenários já construídos, que possibilitem o monitoramento contínuo das variáveis que causam impacto na área da Segurança Pública do Rio Grande do Norte. Sendo os indicadores propostos: Número de apreensões de drogas; Crescimento do número de mandados cumpridos; Crescimento do número de prisões de criminosos em flagrante delito; Crescimento do número de condenações de criminosos; Redução dos índices de criminalidade em geral; Efetivo dos agentes de segurança pública pelo número de habitantes do estado; Investimentos em equipamentos; Investimentos em melhora dos sistemas de informação e inteligência; Redução da sensação de insegurança pela sociedade. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 199 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Propor estratégias vencedoras que possam contribuir para a melhoria da gestão estratégica para a segurança pública no RN foi o objetivo geral do trabalho, e para respondê-lo procurou-se identificar as correlações e os impactos das variáveis ambientais externas da matriz SWOT (representadas pelas ameaças e oportunidades) sobre as variáveis internas (apresentadas na matriz SWOT pelas forças e fraquezas). Conhecendo essas variáveis, foram elaborados cenários prospectivos que projetam o futuro da segurança pública no contexto da gestão estratégica para a realização de Megaeventos no estado do Rio Grande do Norte. A análise SWOT apontou problemas que podem ameaçar os fatores das ações estratégicas (a sobrevivência, a manutenção, o crescimento e o desenvolvimento) a serem adotadas para que se consiga realizar um Megaevento com o melhor dos cenários prospectivos construídos (Cenário 3 – SUCESSO). Com os resultados oriundos das pesquisas e entrevistas, pode-se concluir que em face da segurança pública o Rio Grande do Norte não está preparado para realizar um Megaevento hoje, no entanto caminha para uma melhora considerável em sua capacidade de gestão em Megaeventos e uma conscientização do poder público da importância do investimento na segurança pública que fazem com que os cenários sejam mais favoráveis e aprazíveis à sociedade e que estudos estratégicos sejam realizados por parte do poder público para que permitam melhorar o conhecimento sobre a área, representa um novo desafio para um estado com tanto potencial para a realização de Megaeventos como o RN sendo assim ao mesmo tempo uma contribuição relevante para a consolidação da gestão pública no estado. Problemas relacionados à falta de investimento, área de inteligência e de polícia técnica fraca, que é um das melhores armas para lidar com o desenvolvimento tecnológico utilizado pela criminalidade, associado ao baixo efetivo e pouca valorização dos agentes de segurança pública relacionada à ausência de uma política de recursos humanos que contemplem não somente a questão salarial, mas também uma completa política de valorização e desenvolvimento dos recursos humanos, além do baixo uso de equipamentos operacionais atualizados são fatores que poderão dificultar a realização do melhor cenário prospectivo, chamado no estudo elaborado de Cenário 3 – SUCESSO. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 200 GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 Hodiernamente a utilização de cenários prospectivos é para todos os pesquisadores um fator imprescindível, contribuindo de forma decisiva para melhorar o conhecimento das questões relacionadas com o futuro e permitem antecipação e a melhoria do processo estratégico por parte dos gestores. Partindo desse pressuposto este trabalho representa uma contribuição às práticas estratégicas gerenciais no âmbito público em busca da vantagem competitiva da gestão pública de segurança pública. Ao que cabe a aplicação de modelos teóricos o presente trabalho pode contribuir para a implantação desses modelos teóricos no âmbito da administração pública no estado do Rio Grande do Norte. Face às conclusões e a partir dos resultados obtidos, busca-se apresentar algumas recomendações para a execução de estratégias vencedoras que contribuam para a consecução dos cenários prospectivos elaborados. 1 - Aplicar os resultados obtidos pela análise SWOT como fomento para a efetuação das ações estratégicas necessárias para alcançar os objetivos propostos; 2 - Executar ações estratégicas a fim de superar as fraquezas identificadas pela análise SWOT; 3 - Empregar a potencialidade das forças internas como instrumento de neutralização das ameaças e aproveitamento das oportunidades identificadas na análise SWOT; 4- Melhorar o processo de aprendizagem da análise do ambiente, por parte dos gestores, buscando utilizar ferramentas de prospecção para melhorar o monitoramento e gestão das ameaças e oportunidades originadas da incerteza ambiental crescente; 5 - O desenvolvimento de outros estudosque contemplem a metodologia de prospecção e as perspectivas de transformação que podem ser reveladas com o emprego desta metodologia no âmbito da segurança pública; 6 - Implantar ferramentas de decisão estratégica, a partir da modelagem de cenários prospectivos, apoiadas pela Tecnologia da Informação, utilizando-se de métodos estatísticos para formulação de planos de ação e 7 - Habilitar os gestores nas competências de construção de cenários prospectivos. 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Segundo dados do FBSP (2012) publicados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2011 a união reduziu em 21,26% o volume de investimentos no setor em relaç... Nesse contexto, a segurança pública é uma das situações que tem preocupado a sociedade, fazendo-a questionar, em tempos de Megaeventos como Copa do Mundo, quanto é capacidade governamental em prover segurança aos usuários. Considerando a relevância e importância da Segurança Pública, somada às demandas emergentes face a Copa do Mundo de 2014, que terá como uma das cidades sede Natal, a capital do Rio Grande do Norte, este estudo consiste em um análise da gestão estratég... Para tanto, o presente trabalho contemplará um estudo de caso na área de segurança pública do RN com uma abordagem mais específica quanto a realizações desses megaeventos, através da construção de cenários prospectivos utilizando o método GBN – Global... O estudo é importante uma vez que lança luz nos debates de segurança pública e os megaeventos esportivos que serão realizados nos estados brasileiros. Além de ser importante para a gestão estratégica da área, uma vez que o estudo foi realizado com as ... O artigo está dividido em cinco seções, em que a primeira seção trata da introdução, a segunda seção versa sobre a revisão literária, onde são apresentados os conceitos importantes para esta pesquisa, a terceira seção apresenta os procedimentos metodo... 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.3 Cenários Prospectivos 2.4 Segurança Pública 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4. RESULTADOS 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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