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Art. 7º Código Penal - EXTRATERRITORIALIDADE

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EXTRATERRITORIALIDADE
ARTIGO 7º - CÓDIGO PENAL
Maria Rafaela Faria
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE. Curso de Direito, Presidente Prudente – SP. 
Direito Penal - Danielle Yurie Moura da Silva
Resumo
O presente artigo tem como objetivo entender e fazer uma análise do 7º artigo do Código Penal Brasileiro, utilizando como meio didático um caso concreto para exemplificar. O caso em questão é o de dois descendentes japonese que fugiram para o Brasil após matarem um homem e tentar asfixiar uma mulher. Segundo a acusação, a máfia japonesa Yakuza foi a mandante. Os crimes ocorreram em 4 de junho de 2001, em Tóquio, tendo repercussão na imprensa do país asiático devido à violência. Eles estavam foragidos desde então, Foram capturados em 2011 por agentes que atuam na Interpol (policia internacional). Este artigo irá analisar caso a luz do Direito Penal e o artigo 7º do Código penal.
Palavras-chave: código penal – extraterritorialidade – crimes.
O crime
	Em 2011 a Polícia Federal prendeu dois homens acusados de assassinato em Tóquio, a mando da temida máfia japoneses a Yakuza. Os réus estavam foragidos havia dez anos. Foram capturados por agentes que atuam na Interpol (Polícia Internacional).
Cristiano Ito, o “Javali”, de 35 anos, foi localizado em Mogi das Cruzes e Marcelo Cristian Gomes Fukuda, de 31, em Campinas. Uma tatuagem azulada, marca da Yakuza, segundo a Polícia Federal, cobre a nuca e parte da cabeça de um dos suspeitos, “Javali”.
De acordo com a acusação, Cristiano Gonçalves Ito, o Javali, atualmente com 39 anos, e Marcelo Chrystian Gomes Fukuda, de 36, foram contratados por 3 milhões de ienes cada um (cerca de R$ 71 mil à época) para invadir a casa do comerciante japonês Yoshitaka Kawakami e matá-lo. Eles achavam que o homem estava sozinho.
Segundo o portal de noticias G1, o crime a eles atribuído aconteceu às 2h10 de 4 de junho de 2001. Três disparos foram feitos, mas Yoshitaka foi morto com dois tiros. A mulher dele, a japonesa Naomi Kawakami, estava no local e foi agredida com o cabo da arma. Os brasileiros não queriam que ela testemunhasse contra eles. Ainda tentaram asfixiá-la e ela caiu desacordada. O assassinato chocou o Japão pela violência dos matadores.
Cristiano e Marcelo fugiram do local e dois dias depois embarcaram num voo para o Brasil com a ajuda da máfia japonesa, segundo o Ministério Público (MP) de São Paulo. Os brasileiros, no entanto, não sabiam que Naomi tinha se fingido de morta e sobrevivido. Ela deu pistas à polícia japonesa, que em 2003 identificou, prendeu e condenou à prisão perpétua o mandante do assassinato: o irmão gêmeo de Yoshitaka, Ikebe Tetsuo.
Segundo Ikebe, ele contratou a Yakuza para matar o irmão porque não aceitava o fato de ter sido criado pelos avós, enquanto Yoshitaka cresceu com os pais.
Ele contratou a Yakuza, a famosa associação criminosa fundada nos idos de 1.600 e mundialmente conhecida por seus métodos sangrentos. Adotado pelos avós, Tetsuo nutria ódio incontido por Yoshitaka, razão pela qual resolveu assassiná-lo, aponta o relatório oficial.
Os dois acusados são cidadãos brasileiros, descendentes de japoneses. A polícia de Tóquio individualizou a participação de cada um no crime - Marcelo Fukuda fez os disparos contra Yoshitaka Kawakami e Javali agrediu a mulher. A polícia japonesa formou "volumoso expediente" sobre o assassinato e concluiu que a Yakuza "procurou terceiros" para a execução e a eles repassou instruções para a empreitada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo as investigações ao todo oito pessoas participaram dos crimes no Japão. Outras cinco pessoas que tiveram participação no crime, sendo três japoneses e outros dois brasileiros, foram presas no Japão e condenadas à prisão e trabalhos forçados. Todos confessaram envolvimento.
Após pedido das autoridades japonesas, a Interpol e a Polícia Federal (PF) prenderam Cristiano e Marcelo em 4 de outubro de 2011. Os dois estavam no interior de São Paulo. Cristiano foi encontrado em Mogi das Cruzes e Marcelo em Campinas.
Em depoimentos, eles confessaram os crimes em Tóquio. Disseram ainda que só receberam metade do valor combinado pela execução.
Como os brasileiros foram detidos no Brasil por um crime cometido no Japão, e não há acordo de extradição entre os países, eles foram processados por homicídio qualificado e tentativa de assassinato e foram julgados por esses crimes em território brasileiro.
Os fatos
A acusação afirma que, Ikebe procurou Urayama Tetsuji, da Yakuza, para matar Yoshitaka. Urayama então chamou Kanesaka Masafumi, também ligado à máfia japonesa, para ajudar. Para não deixar rastros do crime, este achou melhor que o crime fosse feito por um estrangeiro, que poderia fugir do Japão em seguida. Kanesaka pediu para o brasileiro Marcos Yura, o Valti, encontrar quem poderia assassinar o irmão de Ikebe. Combinaram o valor de 3 mil ienes pelo serviço. Marcos então contratou os brasileiros Denis Yuji, Cristiano e Marcelo.
Denis foi acusado no Japão de ter levado Cristiano e Marcelo de carro até a casa das vítimas, que dormiam. Além dessas sete pessoas citadas acima pelo MP, Shimura Yashiro também participou do crime por ter levado Kanesaka a Tóquio e emprestado seu celular para ele falar com o grupo criminoso.
A Yakuza foi fundada por volta do ano 1.600. É conhecida mundialmente como a mais famosa organização criminosa do Japão. Tráfico de drogas, extorsões, prostituição, pornografia são algumas das suas atividades.
O julgamento
Sete jurados no Brasil decidiram que a dupla brasileira é culpada pelos crimes. O promotor José Carlos Cosenzo, representante do MP responsável por acusar Cristiano e Marcelo, esperava que os brasileiros fossem condenados e que recebessem penas máximas de prisão. Pela lei brasileira, ninguém pode ficar detido mais de 30 anos. José Carlos Cosenzo recebeu os mais de 20 volumes do processo diretamente do Japão, segundo ele:
"Os réus são confessos e o trabalho da investigação japonesa, em colaboração com as autoridades brasileiras, conseguiu identificar os culpados pelos crimes”
Durante o julgamento, os dois brasileiros confessaram que mataram o comerciante e que receberam da Yakuza, a máfia japonesa, a pistola usada no crime. O crime ocorreu em junho de 2001, em Tóquio.
Cristiano deu detalhes do crime. Segundo Cristiano, eles não sabiam que a mulher da vítima estava na casa. A mulher do comerciante sobreviveu e ajudou a polícia a chegar ao mandante do crime: o irmão gêmeo do comerciante que tinha ciúmes da boa relação que o outro irmão tinha com os pais.
Representantes do consulado japonês, em São Paulo, também poderão estar presentes no plenário durante o júri. Como apenas uma testemunha de defesa deverá falar, a sentença do juiz deverá ser conhecida no mesmo dia. As demais testemunhas já haviam sido ouvidas pela Justiça do Japão.
O julgamento durou 11 horas. Os jurados consideraram culpados, os réus Cristiano da Silva Severo Ito e Marcelo Cristian Gomes Fukuda, acusados de assassinar um comerciante japonês e tentar matar a mulher dele, a mando da máfia japonesa Yakuza. Marcelo foi condenado a 23 anos e 7 meses de prisão. Cristiano a 22 anos e 1 mês.
A prisão e julgamento dos brasileiros teve repercussão na imprensa do Japão. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, cinco jornais japoneses entraram em contato para pedir informações sobre o julgamento: NHK, Jiji Press, Nikkey Shinbun, Yomiuri Shinbun e Kyodo News. 
O mandante foi condenado à prisão perpétua pela Justiça japonesa. Dois dias depois do assassinato.
Extraterritorialidade
O 7º artigo do Código Penal diz que ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II - os crimes:
b) praticados por brasileiro;
2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoadono estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
Ou seja, o crime cometido em outro país, contra brasileiro ou por brasileiro, é da competência da Justiça brasileira.
O artigo 7º, do Código Penal, cuida do denominado princípio da territorialidade da lei penal brasileira. De acordo com referido princípio em determinadas hipóteses aplicar-se-á a lei brasileira, embora o crime tenha sido cometido no estrangeiro.
As hipóteses são expressamente previstas na lei penal, ante seu caráter excepcional, já que a regra é a territorialidade da lei, prevista no artigo 5º, do mesmo Código (Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.). Em verdade, são hipóteses em que fictamente considera-se que houve extensão do território nacional.
A extraterritorialidade descreve situações em que a lei brasileira se aplica a fatos que não foram praticados dentro do território nacional, mas que ainda assim o direito de julga-los se reserva ao Brasil.
Por conta da soberania nacional, não é permitido a qualquer país promover atos processuais em outra nação com a finalidade de apurar algum crime lá cometido. O que se tem no artigo do Código Penal brasileiro é o Brasil, dentro de seu território, realizando atos processuais tendentes a examinar a prática de um crime, desses do rol de possibilidades permitidas no presente artigo, ocorrido em outro país
A competência para que o Brasil julgue o agente que tenha praticado o crime no exterior, é plena
Conclusão
Fazendo uma análise dos fatos mencionados acima entende-se que tendo o país o dever de obrigar seu nacional a cumprir as leis, permite-se a aplicação da lei brasileira ao crime por ele cometido no estrangeiro. Trata o dispositivo da aplicação do princípio da nacionalidade ou da personalidade ativa.
O direito brasileiro não admite a extradição de brasileiros (natos ou naturalizados). Isso é consequência do preceito constitucional que nega a extradição, mas que não pode levar a ficar impune o brasileiro que delinquir no estrangeiro. Extradição é a entrega, por parte de um Estado a outro, de um indivíduo acusado ou condenado, com a finalidade de submetê-lo a processo ou à execução da pena.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	Brasileiros serão julgados em SP por matar no Japão a mando da Yakuza. Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/09/brasileiros-serao-julgados-em-sp-por-matar-no-japao-mando-da-yakuza.html Acesso em: 20.03.2019
 	Presos brasileiros que matavam para a máfia japonesa. Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/10/presos-brasileiros-que-matavam-para-a-mafia-japonesa.html Acesso em: 20.03.2019
	Brasileiros a mando da Yakuza são condenados a 20 anos de prisão. Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2016/12/brasileiros-mando-da-yakuza-sao-condenados-20-anos-de-prisao.html Acesso em: 21.03.2019
	Brasil. Vade Mecum. 15 ed. São Paulo: Revista Dos Tribunais, 2018.
GOMES, Luiz Flávio. SOUSA, Áurea Maria Ferraz. Crime praticado por brasileiro em outro país: Caso de Extraterritorialidade da Lei Penal Brasileira. Disponível em: https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1763798/crime-praticado-por-brasileiro-em-outro-pais-caso-de-extraterritorialidade-da-lei-penal-brasileira Acesso em: 21.03.2019
 ROMANO, Rogério Tadeu. A extraterritorialidade condicionada e temperada. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/43448/a-extraterritorialidade-condicionada-e-temperada Acesso em: 21.03.2019
	SIQUETTO, Paulo Roberto. Artigo 7º Disponível em: https://www.direitocom.com/codigo-penal-comentado/artigo-7o-11 Acesso em: 22.03.2019

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