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1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL 1. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Essa lei complementar foi um divisor na história das finanças públicas no Brasil e em termos de responsabilidade na gestão dos recursos públicos, tornando-se uma espécie de código a orientar a conduta dos administradores públicos, impondo-lhes, de um lado, regras e limites e exigindo prestação de contas da utilização dos recursos públicos, e de outro, abrindo espaço para responsabilização e aplicação de sanções pessoais. Em termos de abrangência, a LRF se aplica à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, incluindo os Três Poderes e todos os seus órgãos e entidades, inclusive as empresas estatais dependentes. Embora existam autores que defendem a tese de que a LRF não se aplica a empresas estatais independentes, preferimos nos juntar ao professor Deusvaldo Carvalho (2010) para afirmar que a LRF se aplica parcialmente a essas empresas independentes. Exemplo disso é o § 1º do art. 26 e § 6º do art. 40. Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais. § 1º O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil. A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. A LRF não revoga nem substitui a Lei no 4.320/1964, mas em caso de conflito entre essas leis prevalece o estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal. A LRF apresenta três objetivos principais: a responsabilidade na gestão fiscal, o equilíbrio entre receitas e despesas e a transparência fiscal. 1.1 OBJETIVOS E PRINCÍPIOS As bancas adotaram entendimento amplo e têm considerado válidos – como objetivos e como princípios – todos os principais assuntos abordados pela LRF. Além disso, é comum as bancas atribuírem aos termos “objetivos e princípios” os mesmos significados; por exemplo: posso dizer que é objetivo da LRF fortalecer a função de planejamento, ao mesmo tempo que posso afirmar que o planejamento é um princípio da LRF. A LRF deu ênfase e tornou mais clara a obrigatoriedade de elaboração do PPA por todos os entes da Federação, incluindo também os pequenos municípios, quando estabeleceu que a Lei Orçamentária Anual e a realização de despesas deveriam ter compatibilidade com o PPA e ampliou a obrigatoriedade de transparência nos atos públicos, envolvendo desde os planos, as diretrizes orçamentárias e a elaboração dos 2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC orçamentos, até a execução dos programas, aplicação de recursos públicos em geral e divulgação de resultados obtidos. Essa lei ainda exige que a divulgação desses documentos seja feita em linguagem simples e objetiva. A LRF apresenta três objetivos principais: Podem também ser considerados objetivos da LRF, entre outros: estabelecer normas para as Finanças Públicas; fortalecer a função de planejamento; exigir controle do endividamento e das despesas públicas; fomentar o aumento da eficiência e da arrecadação; proteger o patrimônio público, fortalecer os Órgãos de Controle e fomentar o controle social. Assim, para este tópico específico, leve a mais ampla interpretação e abordagem, ou seja, considere todos os principais assuntos trabalhados na LRF como sendo seus objetivos norteadores. Já em relação aos princípios, Paludo (2018) destaca que princípios que norteiam a Lei de Responsabilidade Fiscal foram inspirados, em sua maioria, nas normas da Nova Zelândia. São eles: Equilíbrio entre receitas e despesas, visando prevenir déficits públicos constantes. Limitação da dívida pública a nível prudente, passível de ser administrado com os recursos previstos, de forma a não comprometer os investimentos básicos necessários. Preservação do patrimônio público, com mecanismos de previsão e absorção de eventos imprevistos. Adoção de política tributária estável e com regras claras. Transparência na elaboração, execução e divulgação das leis e demais atos inerentes às finanças públicas, em especial os atos orçamentários. Controle social, incentivando a população a participar dos atos que implicam a utilização e prestação de contas dos recursos públicos. 1.2 PLANEJAMENTO NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Segundo Paludo, em sua obra Planejamento Governamental (2ª edição - 2014 Atlas), A importância do planejamento já havia sido destacada pela CF/1988, ao colocar os orçamentos anuais, as LDOs e os demais planos regionais e setoriais subordinados ao plano maior no âmbito governamental denominado Plano Plurianual (PPA), com competência, segundo o art. 165, § 1º, para estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. A LRF deu ênfase e tornou mais clara a obrigatoriedade de elaboração do PPA por todos os entes da Federação, incluindo também os pequenos Municípios, quando estabeleceu que a Lei Orçamentária Anual e a realização de despesas deveriam ter compatibilidade com o PPA. O planejamento é fator primordial para o cumprimento do objetivo de responsabilidade na gestão fiscal trazido pela LRF, contido em seu art. 1º, § 1º, que estabelece: “a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente”. A gestão fiscal responsável tem, portanto, no planejamento a principal ferramenta para que o gestor público possa cumprir as metas e demais determinações a responsabilidade na gestão fiscal o equilíbrio entre receitas e despesas transparência fiscal. 3 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC da LRF. O planejamento também permite prever antecipadamente os riscos, apontar medidas a serem tomadas caso esses riscos se concretizem e corrigir distorções de maneira mais racional proporcionando maior possibilidade de alcance dos objetivos estabelecidos. 1.3 REGRA DE OURO A regra de ouro foi estabelecida pela CF de 1988 e reforçada pela LRF com vistas a conter o excesso de operações de crédito que endividavam os entes públicos, muitas vezes contratadas sem critérios e para fins não relevantes, e manter o equilíbrio nas contas públicas. É vedada a realização de operações de crédito que excedam as despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta". Para "quebrar" a regra de ouro, exige-se maioria absoluta (única lei em matéria financeira que exige maioria absoluta para suaaprovação).Cabe destacar que, para fins de verificação do cumprimento da regra de ouro, não serão computadas as despesas de capital realizadas sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte - ainda que por instituição financeira controlada pelo ente -, se resultar na diminuição do ônus deste. O "espírito" da regra de ouro consiste no seguinte: não se deve recorrer ao endividamento público para custear despesas correntes, que são despesas de custeio/ manutenção, cujos gastos não contribuem diretamente para a aquisição ou formação de um bem de capital (material de consumo, diárias, passagens, serviços em geral etc.). Assim, se o ente público recorrer ao endividamento, que seja para adquirir ou construir algo que possa ser utilizado durante anos por ele mesmo ou pela população local- que é o caso das despesas de capital, que contribuem diretamente para a aquisição ou construção de um bem de capital (escolas, postos de saúde, rodovias etc.; ou aquisição de equipamentos e materiais permanentes em geral). Segundo Paludo (2018), o equilíbrio pretendido pela LRF não é o equilíbrio formal orçamentário, em regra obtido mediante operações de crédito, mas o equilíbrio autossustentável, que ultrapassa o exercício financeiro e considera apenas as receitas e despesas primárias. 1.4 LDO NA LRF E SEUS ANEXOS É importante detalhar o conteúdo dos três anexos que a Lei de Responsabilidade Fiscal imputou à LDO: anexo de metas fiscais, anexo de riscos fiscais e anexo específico. A LDO também surgiu por meio da Constituição Federal de 1988, almejando ser o elo entre o planejamento estratégico (Plano Plurianual) e o planejamento operacional (Lei Orçamentária Anual). Sua relevância reside no fato de ter conseguido diminuir a distância entre o plano estratégico e as LOAs, as quais dificilmente conseguiam incorporar as diretrizes dos planejamentos estratégicos existentes antes da CF/1988.Segundo o art. 165 da CF/1988: “§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na 4 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento”. Além dos dispositivos referentes à LDO previstos na CF/1988, veremos que a Lei de Responsabilidade Fiscal, aumentou o rol de funções da LDO, visando manter o equilíbrio entre receitas e despesas: “Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e: I – disporá também sobre: a) equilíbrio entre receitas e despesas; b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9º e no inciso II do § 1º do art.31; e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos; f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas”. Ainda, são atribuições da LDO, consoante a LRF: conter autorização para que os municípios contribuam para o custeio de despesas de competência de outros entes da federação estabelecer exigências para a realização de transferência voluntária estabelecer condições para a destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas dispor sobre o impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo banco central do Brasil, o qual serão demonstrados trimestralmente dispor sobre programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso estabelecido pelo poder executivo até trinta dias após a publicação dos orçamentos estabelecer para os poderes e o ministério público critérios de limitação de empenho e movimentação financeira se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais ressalvar as despesas que não serão submetidas à limitação de empenho dispor sobre a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita dispor sobre despesa considerada irrelevante, para efeitos de geração de despesa dispor sobre a inclusão de novos projetos na loa ou nas leis de créditos adicionais, após adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de conservação do patrimônio público excepcionalizar a contratação de hora extra, quando for alcançado o limite prudencial das despesas com pessoal, o qual é de 95% do limite previsto na LRF 5 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 6 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 1.4.1 ANEXO DE METAS FISCAIS - AMF A LRF estabelece que integrará o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, onde serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário, e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. Apesar de serem estipuladas metas para três exercícios, apenas a meta para o ano seguinte é obrigatória – as demais são apenas metas indicativas. O anexo de metas fiscais (AMF) conterá ainda: avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional evolução do patrimônio líquido nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos avaliação da situação financeira e atuarial RGPS RPPS fundos fundo de amparo ao trabalhador (FAT) demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado O meio utilizado para adequar o crescimento das despesas obrigatórias de caráter continuado às metas fiscais é a margem de expansão, obtida por meio do seguinte cálculo: o somatório do aumento permanente da receita mais o montante da redução permanente de despesa é igual ao valor da margem de expansão (limite máximo para a geração de novas despesas obrigatórias de caráter continuado). O art. 5º, I, da LRF, exige que o projeto de LOA contenha em anexo um demonstrativo da compatibilidade da programação orçamentária com os objetivos e metas do anexo de meta fiscal da LDO. Como forma de permitir o cumprimento dessas metas fiscais, o art. 9o estabelece que, se ao final de um bimestre for verificado que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal, os Poderes e o Ministério Público promoverão nos trinta dias subsequentes, mediante ato próprio e nos montantes necessários, limitação de empenho e movimentação financeira, de acordo com os critérios fixados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias. É importante ressaltar que os mecanismos de correção dos desvios que possam comprometer o alcance das metas são realizados no curso do exercício– e não somente após encerrados, visando assim maior eficácia das medidas adotadas. Em regra, essas medidas para o cumprimento das metas compreendem as seguintes ações: • Para as receitas e despesas em geral utiliza-se a limitação de empenho e movimentação financeira sob a nomenclatura de “contingenciamento”. • Para as despesas com pessoal têm-se tanto medidas previstas na CF/1988 (redução de cargos em comissão e de funções de confiança, demissão de servidores não estáveis) como na LRF (proibição de contratar, de conceder reajustes etc.), com prazos estabelecidos para a adoção das medidas e penalidades em caso de não cumprimento. 7 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC • Para a dívida pública têm-se medidas da LRF, como proibições de contratar, e resoluções do Senado estabelecendo limites máximos, também com prazos estabelecidos e penalidades para o caso de descumprimento. Assim, as metas fiscais são estabelecidas na LDO e cumpridas na execução da LOA. Leve isto para a prova, pois as bancas adoram tentar te enganar. 1.4.2 ANEXO DE RISCOS FISCAIS - ARF Segundo Paludo (2018), segundo a LRF, a Lei de Diretrizes Orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, em que serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem. Os passivos contingentes correspondem às demandas judiciais de grande impacto que se encontram pendentes de julgamento pelos tribunais superiores como STJ e STF; dívidas em geral que se encontram em processo de reconhecimento; e operações de garantias e aval dados pelo Poder Público. Os outros riscos são comumente classificados em riscos orçamentários e riscos de dívida. Os riscos Orçamentários encontram-se relacionados à possibilidade de estimativas de receitas e montante de despesas fixadas na Lei Orçamentária Anual não se confirmarem na execução dos orçamentos, gerando desequilíbrio negativo. A estimativa das receitas está atrelada a variáveis macroeconômicas que influenciam no montante de recursos arrecadados, por exemplo: o nível de atividade econômica, as taxas de inflação, juros e câmbio. Assim, uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) provoca queda na arrecadação de tributos em 8 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC todos os entes da Federação. As despesas fixadas na lei orçamentária podem ser alteradas pela criação ou ampliação de obrigações, despesas decorrentes de modificações na legislação, baixo crescimento do PIB (aumenta a despesa com seguro- desemprego, por exemplo) etc. Os riscos fiscais de dívida estão mais atrelados às oscilações de variáveis macroeconômicas como a taxa de juros, a inflação e a variação cambial. Por exemplo, se a dívida estiver indexada à Selic, um aumento na taxa de juros estabelecido pelo Copom aumenta o nível de endividamento do Governo. Vejamos a seguinte tabela para resumir este tópico: ANEXO DE RISCOS FISCAIS CONTEÚDO PASSIVOS CONTINGENTES Demandas judiciais Garantias e avais concedidos Dívidas em processo de reconhecimento OUTROS RISCOS Riscos orçamentários Riscos da dívida 1.4.3 ANEXO ESPECÍFICO A LRF ainda exige que a LDO contenha um anexo específico, que acompanha a mensagem de envio do projeto de LDO ao Congresso Nacional. Esse anexo, de acordo com o art. 4º, § 4º, da LRF, deve apresentar os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subsequente. 9 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 1.5 RESULTADO NOMINAL E RESULTADO PRIMÁRIO Conforme a cartilha de indicadores fiscais do BACEN, o resultado nominal é o conceito fiscal mais amplo e representa a diferença entre o fluxo agregado de receitas totais (inclusive de aplicações financeiras) e de despesas totais (inclusive despesas com juros), em determinado período. Essa diferença corresponde à Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP). O resultado operacional corresponde ao resultado nominal excluída a parcela referente à atualização monetária da dívida líquida. O conceito de resultado operacional é relevante em países de inflação alta, uma vez que exclui o impacto da inflação sobre a NFSP. A função da atualização monetária é simplesmente repor a parcela do estoque da dívida corroída pela variação dos preços. Em países com baixa inflação, onde o fator 10 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC correção monetária é pouco expressivo, o conceito de resultado operacional perde relevância e tende a ser próximo do resultado nominal. O resultado primário corresponde ao resultado nominal excluída a parcela referente aos juros nominais (juros reais mais atualização monetária) incidentes sobre a dívida líquida. O resultado primário, uma vez que não considera a apropriação de juros sobre a dívida existente, evidencia o esforço fiscal do setor público livre da “carga” dos déficits incorridos no passado, já que as despesas líquidas com juros (também chamada carga de juros) dependem do estoque total da dívida pública e das taxas de juros que incidem sobre esse estoque. Se o setor público gasta menos do que arrecada, desconsiderando a apropriação de juros sobre a dívida existente, há superávit primário (Figura 1). 1.6 RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - RCL A receita corrente líquida é o conceito adotado pela LRF, que serve de parâmetro para verificação de recursos, para o cumprimento de metas em geral, e para estabelecimento de limites para despesas com pessoal e endividamento, compatível com a responsabilidade fiscal exigida por essa lei. Segundo o art. 2º, IV, da LRF, a receita corrente líquida corresponde ao somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, diminuídas de algumas deduções diferenciadas para a União, estados e municípios. O cálculo da receita corrente líquida é apurado somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades. Vamos agora ver o que se exclui no cálculo da RCL nos diversos entes: 11 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC EXCLUSÕES DA RCL UNIÃO ESTADOS E DF MUNICÍPIOS OS VALORES TRANSFERIDOS PARA ESTADOS E MUNICÍPIOS POR DETERMINAÇÃO CONSTITUCIONAL OU LEGAL AS PARCELAS ENTREGUES AOS MUNICÍPIOS POR DETERMINAÇÃO CONSTITUCIONAL, APENAS AS CONTRIBUIÇÕES DOS SERVIDORES PARA O CUSTEIO DO SEU SISTEMA DE PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL AS CONTRIBUIÇÕES DO SERVIDOR PARA A SEGURIDADE SOCIAL DO PROGRAMA DE FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO DO SERVIDOR PÚBLICO, E AS CONTRIBUIÇÕES PARA O PIS/PASEP AS CONTRIBUIÇÕES DOS SERVIDORES PARA O CUSTEIO DO SEU SISTEMA DE PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL AS RECEITAS PROVENIENTES DA COMPENSAÇÃO FINANCEIRA ENTRE O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA E O REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORESPÚBLICOS; OS VALORES DO FUNDEB (JÁ ESTÃO INCLUÍDOS NO FPM, ICMS, IPI-EXP.,ITCMD, IPVA E ITR) A CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR, DA EMPRESA E DA ENTIDADE A ELA EQUIPARADA NA FORMA DA LEI, INCIDENTES SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS E DEMAIS RENDIMENTOS DE PESSOA FÍSICA; E A CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHADOR E DOS DEMAIS SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL AS RECEITAS PROVENIENTES DA COMPENSAÇÃO FINANCEIRA ENTRE O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA E O REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS AS RECEITAS PROVENIENTES DA COMPENSAÇÃO FINANCEIRA ENTRE O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA E O REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS OS VALORES DO FUNDEB (JÁ ESTÃO INCLUSOS NO FPE, ICMS, IPI-EXP., IPVA) OS VALORES DO FUNDEB NO CASO DO DISTRITO FEDERAL E DOS ESTADOS DO AMAPÁ E RORAIMA HÁ QUE SE EXCLUIR TAMBÉM AS DESPESAS COM PESSOAL CUSTEADAS COM RECURSOS RECEBIDOS DA UNIÃO 12 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 13 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 1.7 RENÚNCIA DE RECEITA Para a LRF, a regra geral é a instituição, previsão e arrecadação de todos os tributos do ente. A renúncia de receita é medida de exceção à regra geral. Com o advento da CF/1988 houve aumento na carga tributária e maior participação de estados e municípios na repartição das receitas, principalmente pelo aumento das transferências de recursos através do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Acrescente-se que esse aumento de receitas para estados e municípios não foi acompanhado das obrigações e encargos pertinentes, que permaneceram com a União. Com mais recursos – e sem as obrigações correspondentes – a renúncia de receitas passou a ser utilizada por estados e municípios, que perderam o estímulo na arrecadação de impostos de sua competência, por dois motivos principais: porque algumas vezes essa arrecadação representava uma parcela pequena comparada às receitas totais, ou porque as insuficiências de recursos eram atendidas mediante transferências voluntárias. O legislador constituinte já tinha certa preocupação com esse tema ao exigir que o Projeto de Lei Orçamentária deveria conter demonstrativo regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas, oriundo de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia (§ 6º do art. 165). A LRF ampliou e tornou mais claro esses conceitos e acentuou essa preocupação estabelecendo regras específicas. Para a LRF, a renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. Anistia pode ser entendida como o benefício que visa excluir o crédito tributário na parte relativa à multa aplicada pelo sujeito ativo ao sujeito passivo, por infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concedeu; Remissão compreende o perdão da dívida em casos de pequeno valor, impossibilidade de pagamento, ou custo de cobrança maior que a dívida; Crédito presumido é aquele que representa uma dedução do tributo devido, outorgado pela autoridade tributária, na forma de crédito do tributo, e que foge da estrutura normal do sistema; Isenção é a dispensa legal, pelo Estado, do crédito tributário devido (Gestão Orçamentária, Financeira e Contratações Públicas para Municípios, ESAF,2009). Embora o termo “renúncia de receitas” compreenda tanto o caráter geral como o específico, a preocupação da LRF é com a renúncia que beneficia alguns, apenas, em detrimento dos demais. Assim, a LRF estabelece regras específicas para sua concessão e exige transparência desses atos tanto na LDO e como na LOA.A renúncia, em regra, deve ser concedida mediante lei específica e eventualmente mediante convênio. Segundo o art. 14 da LRF, a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deve: 14 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias atender a pelo menos uma das seguintes condições demonstração de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita na lei orçamentária e que não afetará as metas de resultados fiscais previstas na LDO* no exercício da concessão basta este demonstrativo* estar acompanhada de medidas de compensação nos dois exercícios seguintes, por meio do aumento de receita Esse aumento de receita pode ocorrer sob a forma de: elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. Quando a medida de compensação for aumento de receita, o benefício concedido só entrará em vigor após implementadas as medidas para o aumento da arrecadação. O simples excesso de arrecadação não constitui fonte de compensação para a renúncia de receitas, pois ele pode ser oriundo, por exemplo, do combate a sonegação, do crescimento da atividade econômica, etc. Na renúncia de receitas somente o aumento de receitas em valor equivalente é aceito como medida de compensação – diferente das despesas obrigatórias de caráter continuado, em que a redução de despesas também é aceita como compensação. Não se caracterizam renúncias de receitas as desonerações tributárias: 15 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC estabelecidas em caráter geral relacionadas ao imposto de renda como: limite de isenção, desconto padrão e dedução por dependente alteração das alíquotas de: importação de produtos estrangeiros; exportações para o exterior; produtos industrializados (IPI); operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF) cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao respectivo custo de cobrança relacionadas às imunidades constitucionais quando o usuário final dos bens ou serviços for a união, estados e municípios 1.8 GERAÇÃO DE DESPESA A LRF se preocupou mais em evitar a realização de despesas não autorizadas pelos orçamentos e não planejadas do que com a criação de novas regras. As regras nela contidas referem-se a uma espécie de checklist a ser feito antes de sua realização, em que a responsabilidade é claramente atribuída ao ordenador de despesas. Assim, quando a ação pública importar em criação, expansão ou aperfeiçoamento – que acarrete aumento da despesa – a LRF exige que esteja acompanhada de: 16 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC AÇÃO QUE IMPORTE EM CRIAÇÃO, EXPANSÃO OU APERFEIÇOAMENTO QUE ACARRETE AUMENTO DE DESPESA estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes (contendo as premissas e metodologia de cálculo utilizada). declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual compatibilidade com o planoplurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias Adequada com a Lei Orçamentária Anual é a despesa que possui dotação específica e suficiente. Se for abrangida por crédito genérico devem ser somadas todas as despesas da mesma espécie que compõem o programa de trabalho, realizadas e a realizar, a fim de que não ultrapassem os limites estabelecidos para o exercício. Compatível com o Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias são as despesas que estão em conformidade com suas diretrizes, objetivos, prioridades e metas, e que não ofendem nenhuma de suas disposições. A LRF dispensa a aplicação dessas regras quando a despesa for considerada irrelevante pela LDO. No caso da União, as últimas LDOs consideram irrelevante aquelas despesas cujos valores não ultrapassem os limites dos incisos I e II do art. 24 da Lei nº 8.666/1993 (R$ 15 mil para obras e serviços de engenharia e R$ 8 mil para outros serviços, compras e alienações). O valor para enquadramento da despesa como “irrelevante” pode ser diferente para os Estados, Distrito Federal e Municípios, pois depende do valor fixado em cada LDO. O cumprimento dessas regras, segundo a LRF, constitui condição prévia para: o empenho e licitação de serviços; o fornecimento de bens ou execução de obras; e a desapropriação de imóveis urbanos que exigem prévia e justa indenização em dinheiro. 17 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 1.9 DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁTER CONTINUADO - DOCC A despesa obrigatória de caráter continuado, segundo a LRF, é a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo, que fixa para o ente público a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. Lembre-se: somente as despesas correntes assumidas por mais de dois exercícios podem ser consideradas de caráter continuado, isto é, jamais uma despesa de capital poderá ser enquadrada nesse conceito. As despesas obrigatórias de caráter continuado têm características especiais, pois, uma vez assumidas, “tornam-se obrigatórias no mínimo por mais de dois anos”, por isso a LRF exige que o ato de sua criação ou aumento atenda as regras para a criação de despesas e, ainda, demonstre a origem dos recursos para o seu custeio. No momento de sua autorização deverá ser comprovado que a sua realização não afetará a meta de resultado fiscal estabelecida pela LDO respectiva. Nos exercícios seguintes poderão ser utilizadas duas medidas de compensação: aumento permanente de receita ou redução permanente de despesa. Além disso, essas despesas deverão estar acompanhadas das premissas e metodologia de cálculo utilizadas, e, claro, ser compatível com as normas do PPA e da LDO. O aumento permanente de receita pode ser oriundo da elevação de alíquotas, da 18 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC ampliação da base de cálculo, da majoração ou criação de tributo ou contribuição. Quanto à redução de despesas não há regras específicas: apenas exige-se que ela seja feita em montante compatível com o aumento pretendido. Segundo a LRF, primeiro devem ser realizadas as medidas de compensação (aumento da receita ou redução da despesa) para depois ocorrer a execução da nova despesa continuada. A LRF considera aumento de despesa a prorrogação da despesa criada por prazo determinado.Nem todas as despesas necessitam cumprir as exigências da LRF para serem realizadas. As regras da LRF para a geração de despesas não se aplicam às seguintes situações: revisão geral anual da remuneração e/ou subsídio de servidores públicos. (a permissão de reajuste é para preservar o valor real, apenas – o reajuste para aumentar o valor do benefício está sujeito às regras gerais da LRF.) os serviços da dívida pública também não se aplicam as regras da LRF, quanto às medidas de compensação, quando a despesa for realizada nas áreas de saúde, previdência e assistência social, e se referir a concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real 19 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC Assim, de acordo com os arts. 15 a 17 da LRF, uma despesa somente pode ser realizada se atender simultaneamente as seguintes condições: • Demonstrar a estimativa de impacto orçamentário-financeiro no exercício. • Apresentar compatibilidade com o PPA e a LDO. • Tiver adequação orçamentária com a LOA (dotação suficiente). • Não afetar as metas fiscais estabelecidas pela LDO. Se for o caso de despesa continuada, acrescentam-se as seguintes exigências: • Deve estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário- financeiro no exercício em que entrar em vigor e nos dois seguintes. • Deve demonstrar a fonte de recursos para o seu custeio. • Deve estar acompanhada de medida de compensação pelo aumento permanente da arrecadação ou pela redução de outra despesa em valor equivalente. 20 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 1.10 GASTOS COM PESSOAL - DESPESAS COM PESSOAL E LIMITES A competência da LRF para tratar dos limites para as despesas com pessoal está amparada no art. 169 da CF/1988, que assim dispõe “a despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar”. O motivo dessa preocupação constitucional, e da exigência de lei complementar para cuidar da matéria, é que as despesas com pessoal disputam com a dívida pública quanto ao maior item de despesa no setor público, mas com um agravante – a dívida pode ser reduzida ou mesmo paga – e as despesas com pessoal perduram durante toda a vida do servidor e continuam com seus pensionistas. Além disso, os gastos excessivos com pessoal em muitos estados e municípios, na época de elaboração da LRF, eram superiores aos limites fixados pela lei, chegando, em alguns casos, a ultrapassar a própria receita corrente líquida do ente público. O propósito da LRF é a ação planejada e transparente, tendo o objetivo de prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. Os meios utilizados para se atingir este objetivo são o cumprimento de metas de receitas e despesas e obediência a limites e condições para a dívida pública e gastos com pessoal. Assim, a finalidade da LRF é disciplinar a gestão dos recursos públicos, atribuindo maior responsabilidade aos administradores públicos. O termo fiscal congrega todas as ações que se relacionam com a arrecadação e a aplicação dos recursos públicos. Neste caminho, as despesas com pessoal são as que mais despertam a atenção da população e dos gestores públicos, em razão de serem as mais representativas em quase todos os entes, entre os gastos realizados. A preocupação gerada diante do excesso de despesas com pessoal é objeto de maior detalhamento por meio da LRF. As despesas com pessoal são sempre despesas correntes. A LRF considera como despesa total com pessoal, segundo o art. 18: “o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militarese de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência”. Incluem-se ainda nesse conceito de despesas com pessoal: auxílio- natalidade, auxílio-funeral, auxílio-invalidez, auxílio-creche, auxílio pré-escolar, salário-família, despesas de exercícios anteriores, abono de permanência do servidor ativo, sentenças judiciais referentes aos últimos 12 meses e a períodos futuros, além de casos especiais típicos de cada ente. Também serão computadas na apuração das despesas com pessoal, sob a denominação de “outras despesas com pessoal” os valores oriundos de contratos de terceirização de mão de obra – desde que se referiram à substituição de servidores ou empregados públicos. Essas terceirizações, em regra, estão relacionadas à atividade-fim do órgão/entidade, e consta cargo equivalente no plano de cargos e salários do ente público. 21 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC Apenas as despesas com terceirização que se referem à substituição de servidores ou empregados públicos são computadas como outras despesas com pessoal – as demais terceirizações não entram no cálculo. No entanto, não estão incluídos nesse conceito e não serão computadas no cálculo das despesas com pessoal as despesas de caráter indenizatório como auxílio- alimentação, auxílio-transporte, auxílio-moradia, ajuda de custo e diárias. Em regra, as indenizações se referem a despesas eventuais realizadas no interesse do serviço e que não se encontram compreendidas na remuneração; são garantidas pelo poder público, mas não se incorporam à remuneração do servidor. De acordo com o art. 19 da LRF, também deverão ser excluídas do cálculo as despesas: de indenização por demissão de servidores ou empregados; relativas a incentivos à demissão voluntária; de indenização decorrente de convocação extraordinária do Congresso Nacional; decorrentes de decisão judicial de competência anterior ao período de apuração (anterior aos 12 meses); com pessoal, do Distrito Federal e dos estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União; com inativos, custeadas por recursos provenientes: da arrecadação de contribuições dos segurados; da compensação financeira entre o Regime Geral e o Regime Próprio de Previdência Social e das demais receitas arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, e seu superávit financeiro. A apuração dessas despesas com pessoal obedece ao seguinte cálculo: apura-se a despesa realizada no mês em referência com as despesas dos onze meses imediatamente anteriores, considerando o regime de competência. COMPUTA NO CÁLCULO despesas com pessoal ativo despesas com pessoal inativo despesas com pensionistas encargos sociais e previdenciários auxílios: natalidade, funeral, creche, pré-escolar salário-família sentenças judiciais referentes aos últimos 12 meses despesas de exercícios anteriores (últimos 12 meses) abono de permanência terceirização de mão de obra – referente à substituição de servidores/empregados NÃO COMPUTA NO CÁLCULO despesas de caráter indenizatório como: auxílios: alimentação, transporte e moradia ajuda de custo e diárias demissão de servidores ou empregados e incentivos à demissão voluntária convocação extraordinária do congresso nacional despesas com inativos custeadas com recursos: • da arrecadação de contribuições dos segurados • da compensação financeira entre o regime geral e o regime próprio de previdência social • das demais receitas arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive alienação de bens e superávits 22 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC terceirização de mão de obra – que não se refira à substituição de servidores/empregados despesas de exercícios anteriores referentes a períodos anteriores aos últimos 12 meses sentenças judiciais – períodos anteriores aos últimos 12 meses 1.10.1 LIMITES Uma novidade da LRF, em relação às leis anteriores de limites para despesas com pessoal, é que os poderes e as três esferas de governo estão envolvidos nos limites. A limitação visa permitir ao gestor público que atenda as demandas da população como, por exemplo, saúde e educação, e não comprometa quase toda sua receita com pagamento de despesas com pessoal. O conceito de RCL, que vimos no tópico anterior, é importante porque a despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos 11 imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: LIMITES DAS DESPESAS COM PESSOAL EM RELAÇÃO À RCL UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS 50% 60% 60% Segundo o art. 20 da LRF, os limites globais serão repartidos entre os poderes e o Ministério Público, não podendo exceder os seguintes percentuais da receita corrente líquida: • Na esfera federal: • 2,5% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União; • 6,0% para o Judiciário; • 40,9% para o Executivo, destacando-se 3% para as despesas com pessoal destinadas: • ao Poder Judiciário, ao Ministério Público e à Defensoria Pública do Distrito Federal e dos territórios, • à Polícia Civil, à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros militar do Distrito Federal, • à execução de serviços públicos do Distrito Federal, por meio de fundo próprio. • 0,6% para o Ministério Público da União. • Na esfera estadual: • 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;* • 6% para o Judiciário; • 49% para o Executivo;* * O percentual de 49%* estabelecido para o Poder Executivo Estadual e o percentual de 3%* para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado, poderão ser acrescidos e reduzidos em 0,4% nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios. 23 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC • 2% para o Ministério Público dos Estados. • Na esfera municipal: • 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, se houver; • 54% para o Executivo. Os Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, repartirão esses limites em sublimites para seus órgãos, de forma proporcional à média das despesas com pessoal verificadas nos exercícios financeiros de 1997,1998, 1999, em percentuais da receita corrente líquida. Esquematizando: LIMITE DE GASTOS COM PESSOAL POR PODER E ENTES ∑ = 50% ∑ = 60% UNIÃO ESTADOS ESTADOS COM TCMS (BAHIA, PARA E GOIÁS) MUNICÍPIOS EXECUTIVO 40,9% SUBDIVISÃO: DF + EX- TERRITÓRIOS: 3% DEMAIS ÓRGÃOS E ENTIDADES: 37,9% 49% 48,6% 54% LEGISLATIVO 2,5% 3% 3,4% 6% JUDICIÁRIO 6% 6% 6% - MINISTÉRIO PÚBLICO 0,6% 2% 2% - Cumpre destacar que, em relação ao Poder Legislativo Municipal, o art. 29-A da CF/1988 fixou percentuais que variam de 3,5 a 7,0% de acordo com a populaçãodo município – no entanto, não estão compreendidos nesses percentuais os gastos com inativos. Os percentuais constitucionais incidem sobre o somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5º do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente arrecadadas no exercício anterior – enquanto que os percentuais da LRF incidem sobre a RCL. 1.10.2 CONTROLE A CF/1988 também trata do assunto despesas com pessoal. Segundo o art.169, a despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. 24 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (...) § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. Assim, todos os entes estão sujeitos aos limites de despesas com pessoal previstos em lei complementar. Além disso, o § 2º determina que decorrido o prazo estabelecido na Lei Complementar, ou seja, na LRF, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: I – se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; II – se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. O inciso I determina que para aumentar as despesas com pessoal deve haver dotação na LOA suficiente para atender as despesas já existentes e ainda aos novos acréscimos. Isso deve ser prévio, ou seja, antes de o aumento ser efetivamente colocado em prática. O inciso II determina que para aumentar as despesas com pessoal deve haver autorização específica na LDO. Entretanto, para apenas esse inciso II, há uma ressalva: as empresas públicas e as sociedades de economia mista não exigem autorização específica na LDO para aumentar suas despesas com pessoal. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos para as despesas com pessoal será realizada ao final de cada quadrimestre. Além disso, ainda conforme a LRF: É nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão. Vale ressaltar que, de acordo com a CF/1988, a regra é que o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, com algumas ressalvas constitucionais, nas quais não se inclui a redução consensual dos respectivos vencimentos. Ressalta-se que a CF/1988 veda a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. 25 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 1.10.3 LIMITES MÁXIMOS Compete aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão e alertá-los quando constatarem que o montante da despesa total com pessoal ultrapassar 90% do limite (limite de alerta).Se a despesa total com pessoal exceder a 95% do limite (limite prudencial), são vedados ao Poder ou órgão que houver incorrido no excesso: VEDAÇÕES APLICADAS NOS CASOS DE ULTRAPASSAGEM DO LIMITE PRUDENCIAL REGRA EXCEÇÃO concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices criação de cargo, emprego ou função alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança contratação de hora extra salvo no caso das situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias e no caso de convocação extraordinária do congresso nacional (relembro que a emenda constitucional 50/2006 vedou o pagamento de parcela indenizatória em razão de convocação do congresso nacional (não mais permitida conforme a própria constituição federal por meio de emenda constitucional). Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão, ultrapassar os limites definidos (limite ultrapassado), sem prejuízo das medidas previstas no limite prudencial (citadas acima), o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois Limite de alerta > 90% do limite Limite prudencial > 95% do limite Limite ultrapassado > 100% do limite 26 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da CF/1988.Continuando, para o cumprimento dos limites estabelecidos com base no que estudamos na LRF, a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios adotarão as seguintes providências (são os §§ 3º e 4º do art. 169 da CF/1988): • Redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança. • Exoneração dos servidores não estáveis. • Exoneração de servidor estável, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal (Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação desse dispositivo). O servidor que perder o cargo fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá: • Receber transferências voluntárias, ressalvadas as destinadas à saúde, à educação e à assistência social. • Obter garantia, direta ou indireta, de outro ente. • Contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal. 1.10.4 EXCEÇÕES AOS PRAZOS P/ REDUÇÃO DAS DESPESAS COM PESSOAL Estas são as exceções aos prazos do art. 23 da LRF para a redução das despesas com pessoal: Aplicação imediata: as restrições são aplicadas imediatamente se a despesa total compessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão. Suspensão: na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos estados e municípios; e em caso de estado de defesa ou de sítio decretado na forma da constituição, enquanto perdurar a situação, serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas no artigo. Duplicação: já em caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual ou superior a quatro trimestres, os prazos do artigo serão duplicados. Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real acumulada do PIB inferior a 1%, no período correspondente aos quatro últimos trimestres. Nessa hipótese, continuarão a ser adotadas as medidas previstas no limite prudencial. 27 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC Com relação ao retorno das despesas aos respectivos limites, temos: 1.11 DÍVIDA PÚBLICA E OPERAÇÕES DE CRÉDITO A responsabilidade na gestão fiscal inclui a obediência aos limites de endividamento e demais condições para realização de financiamentos públicos via operações de crédito, ainda que por antecipação de receita orçamentária. Para a LRF, a dívida pública consolidada ou fundada é o montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses, e ainda, as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento. Os títulos de responsabilidade do Banco Central serão incluídos na dívida pública consolidada da União, enquanto que os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento serão computados na dívida consolidada apenas para fins de aplicação de limites. Vejamos os conceitos de dívida consolidada trazidos pelas legislações: LEI Nº 4.320/64 A dívida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos. (art. 98) DECRETO Nº 93.872/86 A dívida fundada ou consolidada compreende os compromissos de exigibilidade superior a 12 (doze) meses contraídos mediante emissão de títulos ou celebração de contratos para atender a desequilíbrio orçamentário, ou a financiamento de obras e serviços públicos, e que dependam de autorização legislativa para amortização ou resgate. (art. 115, §2º) 28 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC Assim, vejamos os itens que não compõem a Dívida Consolidada: Precatórios Anteriores a 05/05/2000 Insuficiência Financeira Depósitos Restos a Pagar Processados de Exercícios Anteriores Antecipações de Receita Orçamentária - ARO Vejamos agora o que compõem a Dívida Consolidada (conforme Manual de Demonstrativos Fiscais): Dívida Mobiliária Dívidas contratuais (internas e externas) Precatórios posteriores a 05/05/2000, inclusive, vencidos e não pagos Demais dívidas A dívida flutuante corresponde aos passivos financeiros exigíveis em prazo inferior a doze meses, que não necessitam de autorização para o seu pagamento, porque já foram autorizados pelo poder legislativo e resta apenas o seu pagamento, ou porque se referem a dispêndios extraorçamentários. A dívida flutuante refere-se à dívida interna, de curto prazo, e compreende os restos a pagar (excluídos os serviços da dívida), os serviços da dívida a pagar, os depósitos, e os débitos de Tesouraria (ARO's). Dívida pública mobiliária é a dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, estados e municípios. Essa dívida decorre exclusivamente da emissão de títulos da dívida pública (integra a dívida consolidada, lembre-se). O refinanciamento da dívida mobiliária compreende emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária, apenas – os juros não são passíveis de refinanciamento. Com o advento da LRF não é mais possível refinanciar juros da dívida – eles devem ser obrigatoriamente pagos com recursos do superávit primário (receitas primárias menos despesas primárias). Vejamos o que traz a LRF: O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetária. (art. 29, §4º) Concluímos então que a despesa com juros e encargos ficam de fora do refinanciamento da dívida. Segundo a LRF, operação de crédito (que compõe a dívida consolidada) é o compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros. O conceito de operação de crédito foi bastante ampliado pela LRF, que equipara a essas operações de crédito a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, e ainda, as antecipações de receitas ou postergações de despesas como: a captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido; o recebimento antecipado de valores de empresas (salvo lucros e dividendos, na forma da lei); a assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito (salvo quanto a empresas estatais 29 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC dependentes); e a assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para posterior pagamento de bens e serviços. A LRF ampliou esse conceito de operação de crédito baseada na essência comum dessas operações, qual seja: geram um passivo que aumenta o endividamento e a dívida consolidada ou correspondem a riscos diferidos no tempo que podem gerar cobrança de juros e demais encargos financeiros. Vejamos os requisitos para a realização de operações de crédito (O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições – art.32, §1º): existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por antecipação de receita observância dos limites e condições fixados pelo senado federal autorização específica do senado federal, quando se tratar de operação de crédito externo atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da constituição (regra de ouro) observância das demais restrições estabelecidas na LRF Com relação às vedações sobre as operações de crédito, a LRF traz o seguinte: É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação, diretamente ou por intermédio defundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente. Assim, não se admite que a União tome empréstimos com o Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federa, sob nenhuma hipótese, uma vez que a própria União controla essas estatais. Entretanto, o BB e a CEF podem emprestar dinheiro a Estado ou Município desde que seja pra pagar despesa de capital ou que seja para renovar dívida anteriormente contraída com esta mesma instituição financeira que emprestou (BB/CEF, como mencionei). Vocês já devem ter se perguntado o que é Contragarantia, acredito. Contragarantia é uma contrapartida oferecida pelo ente federativo que irá receber uma garantia, de forma que seja em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida, e que abranja o ressarcimento integral dos custos financeiros decorrentes da cobertura de eventual inadimplemento. (Conceito retirado do demonstrativo de garantias e contragarantias) As operações de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) são empréstimos tomados junto a instituições financeiras para atender à insuficiência de caixa durante o exercício financeiro. A seguir, trago o texto atualizado da LRF com relação às operações de crédito. As bancas cobram o texto de lei nesse tópico. Atente para o fato de uma mudança que tivemos em 2017, em que 30 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC ‘’o prazo de validade da verificação dos limites e das condições e da análise realizada para a concessão de garantia pela União será de, no mínimo, 90 (noventa) dias e, no máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério do Ministério da Fazenda.’’ Segundo Giovanni Pacelli (2018), é importante compreender o cenário que antecede a contratação de uma ARO, vejamos: Inicialmente, após a publicação da programação orçamentária e financeira na fase de execução da LOA, pode ocorrer de o ente não alcançar a meta bimestral de arrecadação; Como medida subsequente, o ente contingencia as despesas primárias discricionárias. Porém, a frustração de arrecadação foi de tal maneira que o ente teria que contingenciar despesas obrigatórias, que é vedado; Temos então uma insuficiência de caixa. Recomendo a leitura na íntegra dos seguintes artigos, pois são cobrados na sua literalidade nas provas: Das Operações de Crédito Subseção I Da Contratação Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente. § 1º O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições: 31 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica; II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por antecipação de receita; III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal; IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito externo; V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição; VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei Complementar. § 2º As operações relativas à dívida mobiliária federal autorizadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades. § 3º Para fins do disposto no inciso V do § 1º, considerar-se-á, em cada exercício financeiro, o total dos recursos de operações de crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas, observado o seguinte: I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta ou indireta, do ônus deste; II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I for concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Federação, o valor da operação será deduzido das despesas de capital; III -(VETADO) § 4º Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão: I - encargos e condições de contratação; II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias. § 5o Os contratos de operação de crédito externo não conterão cláusula que importe na compensação automática de débitos e créditos. 32 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC § 6o O prazo de validade da verificação dos limites e das condições de que trata este artigo e da análise realizada para a concessão de garantia pela União será de, no mínimo, 90 (noventa) dias e, no máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério do Ministério da Fazenda. (Incluído pela Lei Complementar nº 159, de 2017) Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de crédito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobiliária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação atende às condições e limites estabelecidos. § 1º A operação realizada com infração do disposto nesta Lei Complementar será considerada nula, procedendo-se ao seu cancelamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento de juros e demais encargos financeiros. § 2º Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso dos recursos, será consignada reserva específica na lei orçamentária para o exercício seguinte. § 3º Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortização, ou constituída a reserva, aplicam-se as sanções previstas nos incisos do § 3º do art. 23. § 4º Também se constituirá reserva, no montante equivalente ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, consideradas as disposições do § 3º do art. 32 33 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 34 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 1.12 ANTECIPAÇÃO DE RECEITA ORÇAMENTÁRIA - ARO Quando se tratar de Antecipação de Receita Orçamentária (ARO), o art. 38, § 2º, da LRF e a Resolução no 43/2002 do Senado Federal estabelecem que essas operações somente podem ser efetuadas mediante a abertura de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil. Compete ao Banco Central do Brasil manter sistema de acompanhamento e controle do saldo do crédito aberto e aplicaras sanções cabíveis no caso de inobservância dos limites. Além de cumprir as exigências referentes às contratações de operações de crédito, as AROs encontram-se sujeitas ainda às seguintes regras: somente podem ser realizadas a partir do décimo dia do início do exercício somente poderão ser realizadas através de leilão eletrônico devem ser liquidadas com juros e demais encargos até o dia dez de dezembro de cada ano não podem ser cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação, prefixada indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir Além disso, a LRF estabelece que essa operação estará proibida enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada, e no último ano de mandato do Presidente, governador ou prefeito municipal. Atente que, para efeitos da regra de ouro, as ARO’s liquidadas dentro do prazo permitido, não afetarão o cálculo das operações de créditos. 35 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 1.13 LIMITES PARA DÍVIDA PÚBLICA E OPERAÇÕES DE CRÉDITO O estabelecimento de limites para a dívida pública em geral e operações de créditos internas e externas, é competência do Congresso Nacional e do Senado Federal. Coube, pois, a LRF atuar de forma complementar, estabelecendo algumas regras gerais e condições, bem como prazos para enquadramento aos limites e/ou para recondução a eles. Assim, a lei de responsabilidade exige que esses limites e condições guardem coerência com suas normas e com os objetivos da política fiscal; apresentem estimativas do impacto de sua aplicação em cada uma das três esferas de governo; apresentem razões se forem diferenciados por esfera de governo; tenham metodologia de apuração dos resultados primário e nominal; sejam fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera de governo; e que a verificação do cumprimento da dívida consolidada seja efetuada ao final de cada quadrimestre. Ao Congresso Nacional compete estabelecer limites para o montante da dívida mobiliária federal, apenas. O Senado, por sua vez, possui competência para: • Estabelecer limites globais para o montante da dívida consolidada da União, estados e municípios. • Estabelecer limites globais e condições para as operações de crédito externa e interna de todos os entes da Federação, e ainda, autarquias e entidades controladas pela União. • Estabelecer limites globais e condições para a dívida mobiliária dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Esses limites foram estabelecidos pelas Resoluções do Senado nos 40 e 43/2001, e48/2007. De acordo com a Resolução no 40/2001 do Senado, o limite máximo da dívida consolidada para os estados é de 200% da RCL anual, e para os municípios é de 120% da RCL anual. Para a União não foram estabelecidos limites máximos. A Resolução no 43/2001 do Senado estabelece os seguintes limites máximos para a contratação de Operações de Crédito: 16% da RCL anual tanto para estados como para municípios. Em se tratando da União, a Resolução no 48/2007 estabeleceu esse limite em 60% da RCL.A mesma Resolução no 43/2001 também estabeleceu limites máximos para o pagamento dos Serviços da Dívida, compreendendo (amortização, juros e encargos): 11,5% da RCL anual tanto para estados como para municípios. Em se tratando da União não foram estabelecidos limites. Ainda com base na Resolução no 43/2001, foram estabelecidos os limites máximos para a contratação de Antecipação de Receita Orçamentária – ARO: 7,0% da RCL anual tanto para estados como para municípios. Em se tratando da União não foram estabelecidos limites. E a União, até o momento, sem limites para a sua dívida. O Projeto de Resolução do Senado 84/2007, de relatoria do senador José Serra, que estabelece limite para a dívida consolidada da União, tramita, tramita, mas não se converte em lei. E poucos estudiosos se debruçam sobre o assunto. De acordo com José Maurício Conti, a dívida pública, poucos notam, é uma questão extremamente relevante sob o ponto de vista federativo. Não é fácil conciliar a autonomia federativa dos entes subnacionais com a plena gestão da respectiva dívida, ao mesmo tempo em que é preciso manter um rígido controle do endividamento e evitar descontrole das contas. Vê- se a dificuldade que está sendo enfrentada por vários estados da federação, cujo destaque negativo é o Rio de Janeiro, obrigando a legislação financeira a criar regras às pressas para contornar a verdadeira falência em que se encontra e estabelecer um regime de recuperação fiscal. Uma questão difícil para os estudiosos de Direito Financeiro, Constitucional, Teoria do Estado e de Finanças Públicas, cujo enfrentamento é urgente. Vejamos abaixo os limites estabelecidos por Resolução do Senado (exceto a dívida mobiliária da União, que deve ser definida por Resolução do Congresso Nacional): 36 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC OBJETO LIMITES MÁXIMOS DÍVIDA CONSOLIDADA – UNIÃO FEDERAL (DESDE 2016) NÃO HÁ DÍVIDA CONSOLIDADA – ESTADOS E DF 200% da RCL DÍVIDA CONSOLIDADA – MUNICÍPIOS 120% da RCL OPERAÇÃO DE CRÉDITO – UNIÃO 60% da RCL (definido por resolução do Senado Federal) OPERAÇÃO DE CRÉDITO – ESTADOS E DF 16% da RCL (definido por proposta do Presidente da República com posterior Resolução do Senado Federal) OPERAÇÃO DE CRÉDITO – MUNICÍPIOS 16% da RCL SERVIÇOS DA DÍVIDA – UNIÃO NÃO HÁ SERVIÇOS DA DÍVIDA – ESTADOS E DF 11,5% da RCL SERVIÇOS DA DÍVIDA – MUNICÍPIOS 11,5% da RCL AROS – UNIÃO FEDERAL NÃO HÁ AROS – ESTADOS E DF 7% (definido por resolução do Senado Federal) AROS – MUNICÍPIOS 7% (definido por resolução do Senado Federal) CONCESSÃO DE GARANTIA – UNIÃO 60% da RCL (definido por resolução do Senado Federal) CONCESSÃO DE GARANTIA – ESTADOS E DF 22% da RCL (definido por resolução do Senado Federal) CONCESSÃO DE GARANTIA - MUNICÍPIOS 22% da RCL (definido por resolução do Senado Federal) Atente para as seguintes dicas: Esses percentuais não estão expressos na LRF, diferentemente do que ocorre com os percentuais expressos para os gastos com pessoal Com exceção do limite da dívida mobiliária da União, que deve ser definida pelo Congresso Nacional, os demais percentuais são definidos pelo Senado Federal, 1.14 DESPESAS COM SEGURIDADE SOCIAL Nenhum benefício ou serviço relativo à Seguridade Social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, atendidas ainda as exigências do art. 17, o qual trata das despesas obrigatórias de caráter continuado. A Seguridade Social compreende o benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas. No entanto, é dispensada da compensação por aumento permanente de receita ou pela redução permanente de outras despesas se o aumento de despesa decorrer de: I – concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente; II – expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados; III – Reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real. 37 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC É dispensado da compensação referida no art. 17 (dentre outros, o aumento permanente de receita e a redução permanente de despesa) o aumento de despesa decorrente de reajustamento de valor do benefício ou serviço, a
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