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AFO - LRF (PROF. LEANDRO RAVYELLE) - Pdf gratuito

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1 
 
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO 
PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE 
PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 
 
 
 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL 
 
1. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL 
 Essa lei complementar foi um divisor na história das finanças públicas no Brasil e 
em termos de responsabilidade na gestão dos recursos públicos, tornando-se uma 
espécie de código a orientar a conduta dos administradores públicos, impondo-lhes, de 
um lado, regras e limites e exigindo prestação de contas da utilização dos recursos 
públicos, e de outro, abrindo espaço para responsabilização e aplicação de sanções 
pessoais. Em termos de abrangência, a LRF se aplica à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios, incluindo os Três Poderes e todos os seus órgãos e entidades, 
inclusive as empresas estatais dependentes. Embora existam autores que defendem a 
tese de que a LRF não se aplica a empresas estatais independentes, preferimos nos 
juntar ao professor Deusvaldo Carvalho (2010) para afirmar que a LRF se aplica 
parcialmente a essas empresas independentes. Exemplo disso é o § 1º do art. 26 e § 6º 
do art. 40. 
Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades 
de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, 
atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no 
orçamento ou em seus créditos adicionais. 
 § 1º O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive 
fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, 
as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil. 
 
 A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e 
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o 
equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre 
receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de 
receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas 
consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, 
concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. A LRF não revoga nem substitui a 
Lei no 4.320/1964, mas em caso de conflito entre essas leis prevalece o 
estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal. A LRF apresenta três objetivos 
principais: a responsabilidade na gestão fiscal, o equilíbrio entre receitas e despesas e a 
transparência fiscal. 
 
 1.1 OBJETIVOS E PRINCÍPIOS 
As bancas adotaram entendimento amplo e têm considerado válidos – como 
objetivos e como princípios – todos os principais assuntos abordados pela LRF. Além 
disso, é comum as bancas atribuírem aos termos “objetivos e princípios” os mesmos 
significados; por exemplo: posso dizer que é objetivo da LRF fortalecer a função de 
planejamento, ao mesmo tempo que posso afirmar que o planejamento é um princípio da 
LRF. A LRF deu ênfase e tornou mais clara a obrigatoriedade de elaboração do PPA por 
todos os entes da Federação, incluindo também os pequenos municípios, quando 
estabeleceu que a Lei Orçamentária Anual e a realização de despesas deveriam ter 
compatibilidade com o PPA e ampliou a obrigatoriedade de transparência nos atos 
públicos, envolvendo desde os planos, as diretrizes orçamentárias e a elaboração dos 
 
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO 
PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE 
PDF GRATUITO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF + QUESTÕES FCC 
 
 
 orçamentos, até a execução dos programas, aplicação de recursos públicos em geral e 
divulgação de resultados obtidos. Essa lei ainda exige que a divulgação desses 
documentos seja feita em linguagem simples e objetiva. A LRF apresenta três objetivos 
principais: 
 
 
 
Podem também ser considerados objetivos da LRF, entre outros: estabelecer 
normas para as Finanças Públicas; fortalecer a função de planejamento; exigir controle 
do endividamento e das despesas públicas; fomentar o aumento da eficiência e da 
arrecadação; proteger o patrimônio público, fortalecer os Órgãos de Controle e fomentar 
o controle social. Assim, para este tópico específico, leve a mais ampla interpretação e 
abordagem, ou seja, considere todos os principais assuntos trabalhados na LRF como 
sendo seus objetivos norteadores. 
Já em relação aos princípios, Paludo (2018) destaca que princípios que norteiam 
a Lei de Responsabilidade Fiscal foram inspirados, em sua maioria, nas normas da Nova 
Zelândia. São eles: 
 
Equilíbrio entre receitas e despesas, visando prevenir déficits públicos constantes. 
Limitação da dívida pública a nível prudente, passível de ser administrado com os 
recursos previstos, de forma a não comprometer os investimentos básicos necessários. 
Preservação do patrimônio público, com mecanismos de previsão e absorção de eventos 
imprevistos. 
Adoção de política tributária estável e com regras claras. 
Transparência na elaboração, execução e divulgação das leis e demais atos inerentes às 
finanças públicas, em especial os atos orçamentários. 
Controle social, incentivando a população a participar dos atos que implicam a utilização 
e prestação de contas dos recursos públicos. 
 
1.2 PLANEJAMENTO NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL 
 Segundo Paludo, em sua obra Planejamento Governamental (2ª edição - 2014 
Atlas), A importância do planejamento já havia sido destacada pela CF/1988, ao colocar 
os orçamentos anuais, as LDOs e os demais planos regionais e setoriais subordinados ao 
plano maior no âmbito governamental denominado Plano Plurianual (PPA), com 
competência, segundo o art. 165, § 1º, para estabelecer, de forma regionalizada, as 
diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de 
capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração 
continuada. A LRF deu ênfase e tornou mais clara a obrigatoriedade de elaboração do 
PPA por todos os entes da Federação, incluindo também os pequenos Municípios, 
quando estabeleceu que a Lei Orçamentária Anual e a realização de despesas deveriam 
ter compatibilidade com o PPA. 
 O planejamento é fator primordial para o cumprimento do objetivo de 
responsabilidade na gestão fiscal trazido pela LRF, contido em seu art. 1º, § 1º, que 
estabelece: “a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e 
transparente”. A gestão fiscal responsável tem, portanto, no planejamento a principal 
ferramenta para que o gestor público possa cumprir as metas e demais determinações 
a responsabilidade na gestão fiscal 
o equilíbrio entre receitas e despesas 
transparência fiscal. 
 
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO 
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 da LRF. O planejamento também permite prever antecipadamente os riscos, apontar 
medidas a serem tomadas caso esses riscos se concretizem e corrigir distorções de 
maneira mais racional proporcionando maior possibilidade de alcance dos objetivos 
estabelecidos. 
1.3 REGRA DE OURO 
 A regra de ouro foi estabelecida pela CF de 1988 e reforçada pela LRF com vistas a 
conter o excesso de operações de crédito que endividavam os entes públicos, muitas 
vezes contratadas sem critérios e para fins não relevantes, e manter o equilíbrio nas 
contas públicas. É vedada a realização de operações de crédito que excedam as 
despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou 
especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria 
absoluta". Para "quebrar" a regra de ouro, exige-se maioria absoluta (única lei em 
matéria financeira que exige maioria absoluta para suaaprovação).Cabe destacar que, 
para fins de verificação do cumprimento da regra de ouro, não serão computadas as 
despesas de capital realizadas sob a forma de empréstimo ou financiamento a 
contribuinte - ainda que por instituição financeira controlada pelo ente -, se resultar na 
diminuição do ônus deste. O "espírito" da regra de ouro consiste no seguinte: não se 
deve recorrer ao endividamento público para custear despesas correntes, que são 
despesas de custeio/ manutenção, cujos gastos não contribuem diretamente para a 
aquisição ou formação de um bem de capital (material de consumo, diárias, passagens, 
serviços em geral etc.). Assim, se o ente público recorrer ao endividamento, que seja 
para adquirir ou construir algo que possa ser utilizado durante anos por ele mesmo ou 
pela população local- que é o caso das despesas de capital, que contribuem diretamente 
para a aquisição ou construção de um bem de capital (escolas, postos de saúde, rodovias 
etc.; ou aquisição de equipamentos e materiais permanentes em geral). 
 Segundo Paludo (2018), o equilíbrio pretendido pela LRF não é o equilíbrio formal 
orçamentário, em regra obtido mediante operações de crédito, mas o equilíbrio 
autossustentável, que ultrapassa o exercício financeiro e considera apenas as receitas e 
despesas primárias. 
1.4 LDO NA LRF E SEUS ANEXOS 
É importante detalhar o conteúdo dos três anexos que a Lei de Responsabilidade Fiscal 
imputou à LDO: anexo de metas fiscais, anexo de riscos fiscais e anexo específico. A LDO 
também surgiu por meio da Constituição Federal de 1988, almejando ser o elo entre o 
planejamento estratégico (Plano Plurianual) e o planejamento operacional (Lei 
Orçamentária Anual). Sua relevância reside no fato de ter conseguido diminuir a 
distância entre o plano estratégico e as LOAs, as quais dificilmente conseguiam 
incorporar as diretrizes dos planejamentos estratégicos existentes antes da 
CF/1988.Segundo o art. 165 da CF/1988: 
“§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e 
prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de 
capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a 
elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na 
 
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 legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das 
agências financeiras oficiais de fomento”. 
 
Além dos dispositivos referentes à LDO previstos na CF/1988, veremos que a Lei 
de Responsabilidade Fiscal, aumentou o rol de funções da LDO, visando manter o 
equilíbrio entre receitas e despesas: 
 
“Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da 
Constituição e: 
I – disporá também sobre: 
a) equilíbrio entre receitas e despesas; 
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas 
hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9º e no inciso 
II do § 1º do art.31; 
e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos 
programas financiados com recursos dos orçamentos; 
f) demais condições e exigências para transferências de recursos a 
entidades públicas e privadas”. 
 
Ainda, são atribuições da LDO, consoante a LRF: 
 
conter autorização para que os municípios contribuam para o custeio de despesas 
de competência de outros entes da federação 
estabelecer exigências para a realização de transferência voluntária 
estabelecer condições para a destinação de recursos para, direta ou indiretamente, 
cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas 
dispor sobre o impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo banco central 
do Brasil, o qual serão demonstrados trimestralmente 
dispor sobre programação financeira e o cronograma de execução mensal de 
desembolso estabelecido pelo poder executivo até trinta dias após a publicação 
dos orçamentos 
estabelecer para os poderes e o ministério público critérios de limitação de 
empenho e movimentação financeira se verificado, ao final de um bimestre, que a 
realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de 
resultado primário ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais 
ressalvar as despesas que não serão submetidas à limitação de empenho 
dispor sobre a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza 
tributária da qual decorra renúncia de receita 
dispor sobre despesa considerada irrelevante, para efeitos de geração de despesa 
dispor sobre a inclusão de novos projetos na loa ou nas leis de créditos adicionais, 
após adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de 
conservação do patrimônio público 
excepcionalizar a contratação de hora extra, quando for alcançado o limite 
prudencial das despesas com pessoal, o qual é de 95% do limite previsto na LRF 
 
 
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 1.4.1 ANEXO DE METAS FISCAIS - AMF 
A LRF estabelece que integrará o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias o 
Anexo de Metas Fiscais, onde serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e 
constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário, e montante da 
dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. Apesar de 
serem estipuladas metas para três exercícios, apenas a meta para o ano seguinte é 
obrigatória – as demais são apenas metas indicativas. O anexo de metas fiscais (AMF) 
conterá ainda: 
 
avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior 
demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo 
que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três 
exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os 
objetivos da política econômica nacional 
evolução do patrimônio líquido nos últimos três exercícios, destacando a origem e a 
aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos 
 
avaliação da situação financeira e 
atuarial 
RGPS 
RPPS 
fundos 
fundo de amparo ao trabalhador 
(FAT) 
demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de 
expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado 
 
O meio utilizado para adequar o crescimento das despesas obrigatórias de caráter 
continuado às metas fiscais é a margem de expansão, obtida por meio do seguinte 
cálculo: o somatório do aumento permanente da receita mais o montante da redução 
permanente de despesa é igual ao valor da margem de expansão (limite máximo para a 
geração de novas despesas obrigatórias de caráter continuado). O art. 5º, I, da LRF, exige 
que o projeto de LOA contenha em anexo um demonstrativo da compatibilidade da 
programação orçamentária com os objetivos e metas do anexo de meta fiscal da LDO. 
Como forma de permitir o cumprimento dessas metas fiscais, o art. 9o estabelece que, se 
ao final de um bimestre for verificado que a realização da receita poderá não comportar 
o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal, os Poderes e o Ministério 
Público promoverão nos trinta dias subsequentes, mediante ato próprio e nos montantes 
necessários, limitação de empenho e movimentação financeira, de acordo com os 
critérios fixados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias. É importante ressaltar que os 
mecanismos de correção dos desvios que possam comprometer o alcance das metas são 
realizados no curso do exercício– e não somente após encerrados, visando assim maior 
eficácia das medidas adotadas. Em regra, essas medidas para o cumprimento das metas 
compreendem as seguintes ações: 
 
• Para as receitas e despesas em geral utiliza-se a limitação de empenho e 
movimentação financeira sob a nomenclatura de “contingenciamento”. 
 
• Para as despesas com pessoal têm-se tanto medidas previstas na CF/1988 (redução de 
cargos em comissão e de funções de confiança, demissão de servidores não estáveis) 
como na LRF (proibição de contratar, de conceder reajustes etc.), com prazos 
estabelecidos para a adoção das medidas e penalidades em caso de não cumprimento. 
 
 
 
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 • Para a dívida pública têm-se medidas da LRF, como proibições de contratar, e 
resoluções do Senado estabelecendo limites máximos, também com prazos estabelecidos 
e penalidades para o caso de descumprimento. 
 
Assim, as metas fiscais são estabelecidas na LDO e cumpridas na execução da 
LOA. Leve isto para a prova, pois as bancas adoram tentar te enganar. 
 
 
 
 1.4.2 ANEXO DE RISCOS FISCAIS - ARF 
Segundo Paludo (2018), segundo a LRF, a Lei de Diretrizes Orçamentárias conterá 
Anexo de Riscos Fiscais, em que serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos 
capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso 
se concretizem. Os passivos contingentes correspondem às demandas judiciais de 
grande impacto que se encontram pendentes de julgamento pelos tribunais superiores 
como STJ e STF; dívidas em geral que se encontram em processo de reconhecimento; e 
operações de garantias e aval dados pelo Poder Público. Os outros riscos são comumente 
classificados em riscos orçamentários e riscos de dívida. Os riscos Orçamentários 
encontram-se relacionados à possibilidade de estimativas de receitas e montante de 
despesas fixadas na Lei Orçamentária Anual não se confirmarem na execução dos 
orçamentos, gerando desequilíbrio negativo. A estimativa das receitas está atrelada a 
variáveis macroeconômicas que influenciam no montante de recursos arrecadados, por 
exemplo: o nível de atividade econômica, as taxas de inflação, juros e câmbio. Assim, uma 
queda no Produto Interno Bruto (PIB) provoca queda na arrecadação de tributos em 
 
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 todos os entes da Federação. As despesas fixadas na lei orçamentária podem ser 
alteradas pela criação ou ampliação de obrigações, despesas decorrentes de 
modificações na legislação, baixo crescimento do PIB (aumenta a despesa com seguro-
desemprego, por exemplo) etc. Os riscos fiscais de dívida estão mais atrelados às 
oscilações de variáveis macroeconômicas como a taxa de juros, a inflação e a variação 
cambial. Por exemplo, se a dívida estiver indexada à Selic, um aumento na taxa de juros 
estabelecido pelo Copom aumenta o nível de endividamento do Governo. 
 
 Vejamos a seguinte tabela para resumir este tópico: 
 
 
 
ANEXO DE RISCOS 
FISCAIS 
 
 
CONTEÚDO 
PASSIVOS 
CONTINGENTES 
Demandas judiciais 
Garantias e avais concedidos 
Dívidas em processo de 
reconhecimento 
OUTROS RISCOS Riscos orçamentários 
Riscos da dívida 
 
 
1.4.3 ANEXO ESPECÍFICO 
 
A LRF ainda exige que a LDO contenha um anexo específico, que acompanha a 
mensagem de envio do projeto de LDO ao Congresso Nacional. Esse anexo, de acordo 
com o art. 4º, § 4º, da LRF, deve apresentar os objetivos das políticas monetária, 
creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais 
agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subsequente. 
 
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1.5 RESULTADO NOMINAL E RESULTADO PRIMÁRIO 
 Conforme a cartilha de indicadores fiscais do BACEN, o resultado nominal é o 
conceito fiscal mais amplo e representa a diferença entre o fluxo agregado de receitas 
totais (inclusive de aplicações financeiras) e de despesas totais (inclusive despesas com 
juros), em determinado período. Essa diferença corresponde à Necessidade de 
Financiamento do Setor Público (NFSP). 
 O resultado operacional corresponde ao resultado nominal excluída a parcela 
referente à atualização monetária da dívida líquida. O conceito de resultado operacional 
é relevante em países de inflação alta, uma vez que exclui o impacto da inflação sobre a 
NFSP. A função da atualização monetária é simplesmente repor a parcela do estoque da 
dívida corroída pela variação dos preços. Em países com baixa inflação, onde o fator 
 
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 correção monetária é pouco expressivo, o conceito de resultado operacional perde 
relevância e tende a ser próximo do resultado nominal. 
 O resultado primário corresponde ao resultado nominal excluída a parcela 
referente aos juros nominais (juros reais mais atualização monetária) incidentes sobre a 
dívida líquida. O resultado primário, uma vez que não considera a apropriação de juros 
sobre a dívida existente, evidencia o esforço fiscal do setor público livre da “carga” dos 
déficits incorridos no passado, já que as despesas líquidas com juros (também chamada 
carga de juros) dependem do estoque total da dívida pública e das taxas de juros que 
incidem sobre esse estoque. Se o setor público gasta menos do que arrecada, 
desconsiderando a apropriação de juros sobre a dívida existente, há superávit primário 
(Figura 1). 
 
 
 
1.6 RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - RCL 
 A receita corrente líquida é o conceito adotado pela LRF, que serve de parâmetro 
para verificação de recursos, para o cumprimento de metas em geral, e para 
estabelecimento de limites para despesas com pessoal e endividamento, compatível 
com a responsabilidade fiscal exigida por essa lei. Segundo o art. 2º, IV, da LRF, a receita 
corrente líquida corresponde ao somatório das receitas tributárias, de contribuições, 
patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras 
receitas também correntes, diminuídas de algumas deduções diferenciadas para a 
União, estados e municípios. O cálculo da receita corrente líquida é apurado somando-se 
as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as 
duplicidades. Vamos agora ver o que se exclui no cálculo da RCL nos diversos entes: 
 
 
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 EXCLUSÕES DA RCL 
UNIÃO ESTADOS E DF MUNICÍPIOS 
OS VALORES 
TRANSFERIDOS PARA 
ESTADOS E 
MUNICÍPIOS POR 
DETERMINAÇÃO 
CONSTITUCIONAL OU 
LEGAL 
AS PARCELAS 
ENTREGUES AOS 
MUNICÍPIOS POR 
DETERMINAÇÃO 
CONSTITUCIONAL, 
APENAS 
AS CONTRIBUIÇÕES DOS 
SERVIDORES PARA O CUSTEIO 
DO SEU SISTEMA DE 
PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA 
SOCIAL 
AS CONTRIBUIÇÕES 
DO SERVIDOR PARA A 
SEGURIDADE SOCIAL 
DO PROGRAMA DE 
FORMAÇÃO DO 
PATRIMÔNIO DO 
SERVIDOR PÚBLICO, E 
AS CONTRIBUIÇÕES 
PARA O PIS/PASEP 
AS CONTRIBUIÇÕES 
DOS SERVIDORES 
PARA O CUSTEIO DO 
SEU SISTEMA DE 
PREVIDÊNCIA E 
ASSISTÊNCIA SOCIAL 
AS RECEITAS 
PROVENIENTES DA 
COMPENSAÇÃO 
FINANCEIRA ENTRE O 
REGIME GERAL DE 
PREVIDÊNCIA E O 
REGIME PRÓPRIO DOS 
SERVIDORESPÚBLICOS; 
OS VALORES DO FUNDEB 
(JÁ ESTÃO INCLUÍDOS NO 
FPM, ICMS, IPI-EXP.,ITCMD, IPVA E ITR) 
 
A CONTRIBUIÇÃO DO 
EMPREGADOR, DA 
EMPRESA E DA 
ENTIDADE A ELA 
EQUIPARADA NA 
FORMA DA LEI, 
INCIDENTES SOBRE A 
FOLHA DE SALÁRIOS E 
DEMAIS 
RENDIMENTOS DE 
PESSOA FÍSICA; E A 
CONTRIBUIÇÃO DO 
TRABALHADOR E DOS 
DEMAIS SEGURADOS 
DA PREVIDÊNCIA 
SOCIAL 
AS RECEITAS 
PROVENIENTES DA 
COMPENSAÇÃO 
FINANCEIRA ENTRE 
O REGIME GERAL DE 
PREVIDÊNCIA E O 
REGIME PRÓPRIO 
DOS SERVIDORES 
PÚBLICOS 
AS RECEITAS 
PROVENIENTES DA 
COMPENSAÇÃO 
FINANCEIRA ENTRE O 
REGIME GERAL DE 
PREVIDÊNCIA E O 
REGIME PRÓPRIO DOS 
SERVIDORES 
PÚBLICOS 
OS VALORES DO 
FUNDEB (JÁ ESTÃO 
INCLUSOS NO FPE, 
ICMS, IPI-EXP., IPVA) 
OS VALORES DO 
FUNDEB 
NO CASO DO 
DISTRITO FEDERAL E 
DOS ESTADOS DO 
AMAPÁ E RORAIMA 
HÁ QUE SE EXCLUIR 
TAMBÉM AS 
DESPESAS COM 
PESSOAL 
CUSTEADAS COM 
RECURSOS 
RECEBIDOS DA 
UNIÃO 
 
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1.7 RENÚNCIA DE RECEITA 
 Para a LRF, a regra geral é a instituição, previsão e arrecadação de todos os 
tributos do ente. A renúncia de receita é medida de exceção à regra geral. Com o 
advento da CF/1988 houve aumento na carga tributária e maior participação de 
estados e municípios na repartição das receitas, principalmente pelo aumento das 
transferências de recursos através do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do 
Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Acrescente-se que esse aumento de 
receitas para estados e municípios não foi acompanhado das obrigações e encargos 
pertinentes, que permaneceram com a União. Com mais recursos – e sem as obrigações 
correspondentes – a renúncia de receitas passou a ser utilizada por estados e 
municípios, que perderam o estímulo na arrecadação de impostos de sua competência, 
por dois motivos principais: porque algumas vezes essa arrecadação representava uma 
parcela pequena comparada às receitas totais, ou porque as insuficiências de recursos 
eram atendidas mediante transferências voluntárias. O legislador constituinte já tinha 
certa preocupação com esse tema ao exigir que o Projeto de Lei Orçamentária deveria 
conter demonstrativo regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas, oriundo de 
isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e 
creditícia (§ 6º do art. 165). 
 A LRF ampliou e tornou mais claro esses conceitos e acentuou essa preocupação 
estabelecendo regras específicas. Para a LRF, a renúncia compreende anistia, remissão, 
subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de 
alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de 
tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento 
diferenciado. Anistia pode ser entendida como o benefício que visa excluir o crédito 
tributário na parte relativa à multa aplicada pelo sujeito ativo ao sujeito passivo, por 
infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concedeu; Remissão 
compreende o perdão da dívida em casos de pequeno valor, impossibilidade de 
pagamento, ou custo de cobrança maior que a dívida; Crédito presumido é aquele 
que representa uma dedução do tributo devido, outorgado pela autoridade tributária, 
na forma de crédito do tributo, e que foge da estrutura normal do sistema; Isenção é a 
dispensa legal, pelo Estado, do crédito tributário devido (Gestão Orçamentária, 
Financeira e Contratações Públicas para Municípios, ESAF,2009). 
 Embora o termo “renúncia de receitas” compreenda tanto o caráter geral como o 
específico, a preocupação da LRF é com a renúncia que beneficia alguns, apenas, em 
detrimento dos demais. Assim, a LRF estabelece regras específicas para sua concessão 
e exige transparência desses atos tanto na LDO e como na LOA.A renúncia, em regra, 
deve ser concedida mediante lei específica e eventualmente mediante convênio. 
Segundo o art. 14 da LRF, a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de 
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deve: 
 
 
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 estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que 
deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes 
atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias 
 
 
atender a pelo 
menos uma das 
seguintes condições 
demonstração de que a renúncia foi considerada na estimativa de 
receita na lei orçamentária e que não afetará as metas de resultados 
fiscais previstas na LDO* no exercício da concessão basta este 
demonstrativo* 
estar acompanhada de medidas de compensação nos dois exercícios 
seguintes, por meio do aumento de receita 
 
 
 
 Esse aumento de receita pode ocorrer sob a forma de: elevação de alíquotas, 
ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. Quando 
a medida de compensação for aumento de receita, o benefício concedido só entrará em 
vigor após implementadas as medidas para o aumento da arrecadação. O simples 
excesso de arrecadação não constitui fonte de compensação para a renúncia de 
receitas, pois ele pode ser oriundo, por exemplo, do combate a sonegação, do 
crescimento da atividade econômica, etc. 
 
Na renúncia de receitas somente o aumento de receitas em valor 
equivalente é aceito como medida de compensação – diferente das despesas 
obrigatórias de caráter continuado, em que a redução de despesas também é 
aceita como compensação. 
 
 Não se caracterizam renúncias de receitas as desonerações tributárias: 
 
 
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 estabelecidas em caráter geral 
relacionadas ao imposto de renda como: limite de isenção, desconto padrão e dedução por 
dependente 
alteração das alíquotas de: importação de produtos estrangeiros; exportações para o 
exterior; produtos industrializados (IPI); operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas 
a títulos ou valores mobiliários (IOF) 
cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao respectivo custo de cobrança 
relacionadas às imunidades constitucionais quando o usuário final dos bens ou serviços for a 
união, estados e municípios 
 
 
 
1.8 GERAÇÃO DE DESPESA 
 A LRF se preocupou mais em evitar a realização de despesas não autorizadas 
pelos orçamentos e não planejadas do que com a criação de novas regras. As regras 
nela contidas referem-se a uma espécie de checklist a ser feito antes de sua realização, 
em que a responsabilidade é claramente atribuída ao ordenador de despesas. Assim, 
quando a ação pública importar em criação, expansão ou aperfeiçoamento – que 
acarrete aumento da despesa – a LRF exige que esteja acompanhada de: 
 
 
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AÇÃO QUE IMPORTE EM CRIAÇÃO, 
EXPANSÃO OU 
APERFEIÇOAMENTO QUE 
ACARRETE AUMENTO DE DESPESA 
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no 
exercício em que deva entrar em vigor e nos dois 
subsequentes (contendo as premissas e 
metodologia de cálculo utilizada). 
 
 
 
declaração do 
ordenador da 
despesa de que 
o aumento tem adequação 
orçamentária e financeira com 
a lei orçamentária anual 
compatibilidade com o planoplurianual e com a lei de 
diretrizes orçamentárias 
 
Adequada com a Lei Orçamentária Anual é a despesa que possui dotação 
específica e suficiente. Se for abrangida por crédito genérico devem ser somadas todas as 
despesas da mesma espécie que compõem o programa de trabalho, realizadas e a 
realizar, a fim de que não ultrapassem os limites estabelecidos para o exercício. 
Compatível com o Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias são as despesas 
que estão em conformidade com suas diretrizes, objetivos, prioridades e metas, e que 
não ofendem nenhuma de suas disposições. A LRF dispensa a aplicação dessas regras 
quando a despesa for considerada irrelevante pela LDO. No caso da União, as últimas 
LDOs consideram irrelevante aquelas despesas cujos valores não ultrapassem os limites 
dos incisos I e II do art. 24 da Lei nº 8.666/1993 (R$ 15 mil para obras e serviços de 
engenharia e R$ 8 mil para outros serviços, compras e alienações). 
O valor para enquadramento da despesa como “irrelevante” pode ser diferente 
para os Estados, Distrito Federal e Municípios, pois depende do valor fixado em cada 
LDO. O cumprimento dessas regras, segundo a LRF, constitui condição prévia para: o 
empenho e licitação de serviços; o fornecimento de bens ou execução de obras; e a 
desapropriação de imóveis urbanos que exigem prévia e justa indenização em dinheiro. 
 
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1.9 DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁTER CONTINUADO - DOCC 
A despesa obrigatória de caráter continuado, segundo a LRF, é a despesa 
corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo, que fixa 
para o ente público a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois 
exercícios. Lembre-se: somente as despesas correntes assumidas por mais de dois 
exercícios podem ser consideradas de caráter continuado, isto é, jamais uma despesa 
de capital poderá ser enquadrada nesse conceito. 
As despesas obrigatórias de caráter continuado têm características especiais, 
pois, uma vez assumidas, “tornam-se obrigatórias no mínimo por mais de dois anos”, 
por isso a LRF exige que o ato de sua criação ou aumento atenda as regras para a 
criação de despesas e, ainda, demonstre a origem dos recursos para o seu custeio. No 
momento de sua autorização deverá ser comprovado que a sua realização não afetará a 
meta de resultado fiscal estabelecida pela LDO respectiva. Nos exercícios seguintes 
poderão ser utilizadas duas medidas de compensação: aumento permanente de receita 
ou redução permanente de despesa. Além disso, essas despesas deverão estar 
acompanhadas das premissas e metodologia de cálculo utilizadas, e, claro, ser 
compatível com as normas do PPA e da LDO. 
O aumento permanente de receita pode ser oriundo da elevação de alíquotas, da 
 
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ampliação da base de cálculo, da majoração ou criação de tributo ou contribuição. 
Quanto à redução de despesas não há regras específicas: apenas exige-se que ela seja 
feita em montante compatível com o aumento pretendido. Segundo a LRF, primeiro 
devem ser realizadas as medidas de compensação (aumento da receita ou redução da 
despesa) para depois ocorrer a execução da nova despesa continuada. A LRF considera 
aumento de despesa a prorrogação da despesa criada por prazo determinado.Nem 
todas as despesas necessitam cumprir as exigências da LRF para serem realizadas. As 
regras da LRF para a geração de despesas não se aplicam às seguintes situações: 
 
revisão geral anual da remuneração e/ou subsídio de servidores públicos. (a permissão 
de reajuste é para preservar o valor real, apenas – o reajuste para aumentar o valor do 
benefício está sujeito às regras gerais da LRF.) 
os serviços da dívida pública 
 
 
também não se aplicam as regras da LRF, quanto às 
medidas de compensação, quando a despesa for 
realizada nas áreas de saúde, previdência e 
assistência social, e se referir a 
concessão de benefício a quem 
satisfaça as condições de 
habilitação prevista na legislação 
pertinente 
expansão quantitativa do 
atendimento e dos serviços 
prestados 
reajustamento de valor do 
benefício ou serviço, a fim de 
preservar o seu valor real 
 
 
 
 
 
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Assim, de acordo com os arts. 15 a 17 da LRF, uma despesa somente pode ser 
realizada se atender simultaneamente as seguintes condições: 
 
• Demonstrar a estimativa de impacto orçamentário-financeiro no 
exercício. 
• Apresentar compatibilidade com o PPA e a LDO. 
• Tiver adequação orçamentária com a LOA (dotação suficiente). 
• Não afetar as metas fiscais estabelecidas pela LDO. 
 
Se for o caso de despesa continuada, acrescentam-se as seguintes exigências: 
 
• Deve estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que entrar em vigor e nos dois seguintes. 
• Deve demonstrar a fonte de recursos para o seu custeio. 
• Deve estar acompanhada de medida de compensação pelo aumento 
permanente da arrecadação ou pela redução de outra despesa em valor 
equivalente. 
 
 
 
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1.10 GASTOS COM PESSOAL - DESPESAS COM PESSOAL E LIMITES 
A competência da LRF para tratar dos limites para as despesas com pessoal está 
amparada no art. 169 da CF/1988, que assim dispõe 
 
“a despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos estados, 
do Distrito Federal e dos municípios não poderá exceder os limites 
estabelecidos em lei complementar”. 
O motivo dessa preocupação constitucional, e da exigência de lei complementar 
para cuidar da matéria, é que as despesas com pessoal disputam com a dívida pública 
quanto ao maior item de despesa no setor público, mas com um agravante – a dívida 
pode ser reduzida ou mesmo paga – e as despesas com pessoal perduram durante toda 
a vida do servidor e continuam com seus pensionistas. Além disso, os gastos excessivos 
com pessoal em muitos estados e municípios, na época de elaboração da LRF, eram 
superiores aos limites fixados pela lei, chegando, em alguns casos, a ultrapassar a 
própria receita corrente líquida do ente público. O propósito da LRF é a ação planejada 
e transparente, tendo o objetivo de prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar 
o equilíbrio das contas públicas. Os meios utilizados para se atingir este objetivo são o 
cumprimento de metas de receitas e despesas e obediência a limites e condições para a 
dívida pública e gastos com pessoal. 
Assim, a finalidade da LRF é disciplinar a gestão dos recursos públicos, 
atribuindo maior responsabilidade aos administradores públicos. O termo fiscal 
congrega todas as ações que se relacionam com a arrecadação e a aplicação dos 
recursos públicos. Neste caminho, as despesas com pessoal são as que mais despertam 
a atenção da população e dos gestores públicos, em razão de serem as mais 
representativas em quase todos os entes, entre os gastos realizados. A preocupação 
gerada diante do excesso de despesas com pessoal é objeto de maior detalhamento por 
meio da LRF. As despesas com pessoal são sempre despesas correntes. A LRF 
considera como despesa total com pessoal, segundo o art. 18: 
 
“o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os 
inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, 
funções ou empregos, civis, militarese de membros de Poder, com 
quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e 
vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, 
reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e 
vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos 
sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de 
previdência”. 
Incluem-se ainda nesse conceito de despesas com pessoal: auxílio- natalidade, 
auxílio-funeral, auxílio-invalidez, auxílio-creche, auxílio pré-escolar, salário-família, 
despesas de exercícios anteriores, abono de permanência do servidor ativo, sentenças 
judiciais referentes aos últimos 12 meses e a períodos futuros, além de casos especiais 
típicos de cada ente. Também serão computadas na apuração das despesas com 
pessoal, sob a denominação de “outras despesas com pessoal” os valores oriundos de 
contratos de terceirização de mão de obra – desde que se referiram à substituição de 
servidores ou empregados públicos. Essas terceirizações, em regra, estão relacionadas 
à atividade-fim do órgão/entidade, e consta cargo equivalente no plano de cargos e 
salários do ente público. 
 
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Apenas as despesas com terceirização que se referem à substituição de servidores 
ou empregados públicos são computadas como outras despesas com pessoal – as 
demais terceirizações não entram no cálculo. 
 
 
No entanto, não estão incluídos nesse conceito e não serão computadas no 
cálculo das despesas com pessoal as despesas de caráter indenizatório como auxílio-
alimentação, auxílio-transporte, auxílio-moradia, ajuda de custo e diárias. Em regra, as 
indenizações se referem a despesas eventuais realizadas no interesse do serviço e que 
não se encontram compreendidas na remuneração; são garantidas pelo poder público, 
mas não se incorporam à remuneração do servidor. De acordo com o art. 19 da LRF, 
também deverão ser excluídas do cálculo as despesas: de indenização por demissão de 
servidores ou empregados; relativas a incentivos à demissão voluntária; de indenização 
decorrente de convocação extraordinária do Congresso Nacional; decorrentes de 
decisão judicial de competência anterior ao período de apuração (anterior aos 12 
meses); com pessoal, do Distrito Federal e dos estados do Amapá e Roraima, custeadas 
com recursos transferidos pela União; com inativos, custeadas por recursos 
provenientes: da arrecadação de contribuições dos segurados; da compensação 
financeira entre o Regime Geral e o Regime Próprio de Previdência Social e das demais 
receitas arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da 
alienação de bens, direitos e ativos, e seu superávit financeiro. A apuração dessas 
despesas com pessoal obedece ao seguinte cálculo: apura-se a despesa realizada no 
mês em referência com as despesas dos onze meses imediatamente anteriores, 
considerando o regime de competência. 
 
 
 
 
 
COMPUTA NO 
CÁLCULO 
despesas com pessoal ativo 
despesas com pessoal inativo 
despesas com pensionistas 
encargos sociais e previdenciários 
auxílios: natalidade, funeral, creche, pré-escolar 
salário-família 
sentenças judiciais referentes aos últimos 12 meses 
despesas de exercícios anteriores (últimos 12 meses) 
abono de permanência 
terceirização de mão de obra – referente à substituição de 
servidores/empregados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NÃO COMPUTA NO 
CÁLCULO 
despesas de caráter indenizatório como: 
auxílios: alimentação, transporte e moradia 
ajuda de custo e diárias 
demissão de servidores ou empregados e incentivos à 
demissão voluntária 
convocação extraordinária do congresso nacional 
despesas com inativos custeadas com recursos: 
• da arrecadação de contribuições dos segurados 
• da compensação financeira entre o regime geral e o 
regime próprio de previdência social 
• das demais receitas arrecadadas por fundo 
vinculado a tal finalidade, inclusive alienação de 
bens e superávits 
 
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terceirização de mão de obra – que não se refira à 
substituição de servidores/empregados 
despesas de exercícios anteriores referentes a períodos 
anteriores aos últimos 12 meses 
sentenças judiciais – períodos anteriores aos últimos 12 
meses 
 
1.10.1 LIMITES 
Uma novidade da LRF, em relação às leis anteriores de limites para despesas 
com pessoal, é que os poderes e as três esferas de governo estão envolvidos nos limites. 
A limitação visa permitir ao gestor público que atenda as demandas da população 
como, por exemplo, saúde e educação, e não comprometa quase toda sua receita com 
pagamento de despesas com pessoal. O conceito de RCL, que vimos no tópico anterior, 
é importante porque a despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada 
no mês em referência com as dos 11 imediatamente anteriores, adotando-se o regime 
de competência. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a 
despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, 
não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: 
 
LIMITES DAS DESPESAS COM PESSOAL EM RELAÇÃO À RCL 
UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS 
50% 60% 60% 
 
Segundo o art. 20 da LRF, os limites globais serão repartidos entre os poderes e o 
Ministério Público, não podendo exceder os seguintes percentuais da receita corrente 
líquida: 
• Na esfera federal: 
• 2,5% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União; 
• 6,0% para o Judiciário; 
• 40,9% para o Executivo, destacando-se 3% para as despesas com pessoal destinadas: 
 
• ao Poder Judiciário, ao Ministério Público e à Defensoria Pública do Distrito 
Federal e dos territórios, 
• à Polícia Civil, à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros militar do Distrito 
Federal, 
• à execução de serviços públicos do Distrito Federal, por meio de fundo 
próprio. 
• 0,6% para o Ministério Público da União. 
 
• Na esfera estadual: 
• 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;* 
• 6% para o Judiciário; 
• 49% para o Executivo;* 
* O percentual de 49%* estabelecido para o Poder Executivo Estadual e o percentual de 
3%* para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado, poderão ser acrescidos e 
reduzidos em 0,4% nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios. 
 
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• 2% para o Ministério Público dos Estados. 
 
• Na esfera municipal: 
• 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, se houver; 
• 54% para o Executivo. 
 
 
Os Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, repartirão esses limites em 
sublimites para seus órgãos, de forma proporcional à média das despesas com pessoal 
verificadas nos exercícios financeiros de 1997,1998, 1999, em percentuais da receita 
corrente líquida. Esquematizando: 
 
LIMITE DE GASTOS COM PESSOAL POR PODER E ENTES 
 ∑ = 50% ∑ = 60% 
 UNIÃO ESTADOS ESTADOS COM 
TCMS (BAHIA, 
PARA E GOIÁS) 
MUNICÍPIOS 
EXECUTIVO 40,9% 
SUBDIVISÃO: 
DF + EX-
TERRITÓRIOS: 3% 
DEMAIS ÓRGÃOS E 
ENTIDADES: 37,9% 
 
 
49% 
 
 
48,6% 
 
 
54% 
LEGISLATIVO 2,5% 3% 3,4% 6% 
JUDICIÁRIO 6% 6% 6% - 
MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
0,6% 2% 2% - 
 
Cumpre destacar que, em relação ao Poder Legislativo Municipal, o art. 29-A da 
CF/1988 fixou percentuais que variam de 3,5 a 7,0% de acordo com a populaçãodo 
município – no entanto, não estão compreendidos nesses percentuais os gastos com 
inativos. Os percentuais constitucionais incidem sobre o somatório da receita tributária 
e das transferências previstas no § 5º do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente 
arrecadadas no exercício anterior – enquanto que os percentuais da LRF incidem sobre a 
RCL. 
 
 
 
 1.10.2 CONTROLE 
A CF/1988 também trata do assunto despesas com pessoal. Segundo o art.169, a 
despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos 
municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. 
 
 
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Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos 
em lei complementar. 
(...) 
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste 
artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente 
suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. 
 
Assim, todos os entes estão sujeitos aos limites de despesas com pessoal 
previstos em lei complementar. Além disso, o § 2º determina que decorrido o prazo 
estabelecido na Lei Complementar, ou seja, na LRF, serão imediatamente suspensos 
todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios que não observarem os referidos limites. 
 
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de 
cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a 
admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da 
administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo 
poder público, só poderão ser feitas: 
I – se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções 
de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; 
II – se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, 
ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. 
 
O inciso I determina que para aumentar as despesas com pessoal deve haver 
dotação na LOA suficiente para atender as despesas já existentes e ainda aos novos 
acréscimos. Isso deve ser prévio, ou seja, antes de o aumento ser efetivamente colocado 
em prática. O inciso II determina que para aumentar as despesas com pessoal deve 
haver autorização específica na LDO. Entretanto, para apenas esse inciso II, há uma 
ressalva: as empresas públicas e as sociedades de economia mista não exigem 
autorização específica na LDO para aumentar suas despesas com pessoal. A verificação 
do cumprimento dos limites estabelecidos para as despesas com pessoal será realizada 
ao final de cada quadrimestre. Além disso, ainda conforme a LRF: 
 
É nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com 
pessoal expedido nos 180 dias anteriores ao final do mandato do 
titular do respectivo Poder ou órgão. 
 
Vale ressaltar que, de acordo com a CF/1988, a regra é que o subsídio e os 
vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, com 
algumas ressalvas constitucionais, nas quais não se inclui a redução consensual dos 
respectivos vencimentos. Ressalta-se que a CF/1988 veda a transferência voluntária de 
recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos 
Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de 
despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos estados, do Distrito Federal e dos 
municípios. 
 
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1.10.3 LIMITES MÁXIMOS 
 
Compete aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total 
com pessoal de cada Poder e órgão e alertá-los quando constatarem que o montante da 
despesa total com pessoal ultrapassar 90% do limite (limite de alerta).Se a despesa total 
com pessoal exceder a 95% do limite (limite prudencial), são vedados ao Poder ou órgão 
que houver incorrido no excesso: 
 
VEDAÇÕES APLICADAS NOS CASOS DE ULTRAPASSAGEM DO LIMITE PRUDENCIAL 
REGRA EXCEÇÃO 
concessão de vantagem, aumento, reajuste 
ou adequação de remuneração a qualquer 
título 
salvo os derivados de sentença judicial ou 
de determinação legal ou contratual, 
ressalvada a revisão geral anual, sempre na 
mesma data e sem distinção de índices 
criação de cargo, emprego ou função 
alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa 
provimento de cargo público, admissão ou 
contratação de pessoal a qualquer título 
ressalvada a reposição decorrente de 
aposentadoria ou falecimento de servidores 
das áreas de educação, saúde e segurança 
 
 
 
 
contratação de hora extra 
salvo no caso das situações previstas na lei 
de diretrizes orçamentárias e no caso de 
convocação extraordinária do congresso 
nacional (relembro que a emenda 
constitucional 50/2006 vedou o pagamento 
de parcela indenizatória em razão de 
convocação do congresso nacional (não 
mais permitida conforme a própria 
constituição federal por meio de emenda 
constitucional). 
 
Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão, ultrapassar os limites 
definidos (limite ultrapassado), sem prejuízo das medidas previstas no limite 
prudencial (citadas acima), o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois 
Limite de 
alerta
> 90% 
do limite
Limite 
prudencial
> 95% 
do limite 
Limite 
ultrapassado
> 100% 
do limite 
 
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quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre 
outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da CF/1988.Continuando, 
para o cumprimento dos limites estabelecidos com base no que estudamos na LRF, a 
União, os estados, o Distrito Federal e os municípios adotarão as seguintes 
providências (são os §§ 3º e 4º do art. 169 da CF/1988): 
• Redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e 
funções de confiança. 
• Exoneração dos servidores não estáveis. 
• Exoneração de servidor estável, desde que ato normativo motivado de 
cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade 
administrativa objeto da redução de pessoal (Lei federal disporá sobre as normas 
gerais a serem obedecidas na efetivação desse dispositivo). O servidor que perder o 
cargo fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de 
serviço. O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado 
extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou 
assemelhadas pelo prazo de quatro anos. 
Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, 
o ente não poderá: 
• Receber transferências voluntárias, ressalvadas as destinadas à saúde, à 
educação e à assistência social. 
• Obter garantia, direta ou indireta, de outro ente. 
• Contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao 
refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com 
pessoal. 
 
1.10.4 EXCEÇÕES AOS PRAZOS P/ REDUÇÃO DAS DESPESAS COM PESSOAL 
 
Estas são as exceções aos prazos do art. 23 da LRF para a redução das despesas 
com pessoal: 
 
 
Aplicação imediata: as restrições são aplicadas imediatamente se a despesa total compessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos 
titulares de Poder ou órgão. 
 
Suspensão: na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, 
no caso da União, ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos estados e 
municípios; e em caso de estado de defesa ou de sítio decretado na forma da 
constituição, enquanto perdurar a situação, serão suspensas a contagem dos prazos e 
as disposições estabelecidas no artigo. 
 
Duplicação: já em caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto Interno 
Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual ou superior a quatro 
trimestres, os prazos do artigo serão duplicados. Entende-se por baixo crescimento a 
taxa de variação real acumulada do PIB inferior a 1%, no período correspondente aos 
quatro últimos trimestres. Nessa hipótese, continuarão a ser adotadas as medidas 
previstas no limite prudencial. 
 
 
 
 
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Com relação ao retorno das despesas aos respectivos limites, temos: 
 
 
 
1.11 DÍVIDA PÚBLICA E OPERAÇÕES DE CRÉDITO 
A responsabilidade na gestão fiscal inclui a obediência aos limites de 
endividamento e demais condições para realização de financiamentos públicos via 
operações de crédito, ainda que por antecipação de receita orçamentária. Para a LRF, a 
dívida pública consolidada ou fundada é o montante total, apurado sem duplicidade, 
das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, 
contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para 
amortização em prazo superior a doze meses, e ainda, as operações de crédito de prazo 
inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento. Os títulos de 
responsabilidade do Banco Central serão incluídos na dívida pública consolidada da 
União, enquanto que os precatórios judiciais não pagos durante a execução do 
orçamento serão computados na dívida consolidada apenas para fins de aplicação de 
limites. Vejamos os conceitos de dívida consolidada trazidos pelas legislações: 
 
LEI Nº 
4.320/64 
A dívida fundada compreende os compromissos de exigibilidade 
superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio 
orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos. (art. 98) 
 
DECRETO Nº 
93.872/86 
A dívida fundada ou consolidada compreende os compromissos de 
exigibilidade superior a 12 (doze) meses contraídos mediante emissão 
de títulos ou celebração de contratos para atender a desequilíbrio 
orçamentário, ou a financiamento de obras e serviços públicos, e que 
dependam de autorização legislativa para amortização ou resgate. (art. 
115, §2º) 
 
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Assim, vejamos os itens que não compõem a Dívida Consolidada: 
 
Precatórios Anteriores a 05/05/2000 
Insuficiência Financeira 
Depósitos 
Restos a Pagar Processados de Exercícios Anteriores 
Antecipações de Receita Orçamentária - ARO 
 
Vejamos agora o que compõem a Dívida Consolidada (conforme Manual de 
Demonstrativos Fiscais): 
 
Dívida Mobiliária 
Dívidas contratuais (internas e externas) 
Precatórios posteriores a 05/05/2000, inclusive, vencidos e não pagos 
Demais dívidas 
 
A dívida flutuante corresponde aos passivos financeiros exigíveis em prazo 
inferior a doze meses, que não necessitam de autorização para o seu pagamento, 
porque já foram autorizados pelo poder legislativo e resta apenas o seu pagamento, ou 
porque se referem a dispêndios extraorçamentários. A dívida flutuante refere-se à 
dívida interna, de curto prazo, e compreende os restos a pagar (excluídos os serviços 
da dívida), os serviços da dívida a pagar, os depósitos, e os débitos de Tesouraria 
(ARO's). 
Dívida pública mobiliária é a dívida pública representada por títulos emitidos 
pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, estados e municípios. Essa dívida 
decorre exclusivamente da emissão de títulos da dívida pública (integra a dívida 
consolidada, lembre-se). O refinanciamento da dívida mobiliária compreende emissão de 
títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária, apenas – os 
juros não são passíveis de refinanciamento. Com o advento da LRF não é mais possível 
refinanciar juros da dívida – eles devem ser obrigatoriamente pagos com recursos do 
superávit primário (receitas primárias menos despesas primárias). Vejamos o que traz a 
LRF: 
O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao término 
de cada exercício financeiro, o montante do final do exercício anterior, somado ao 
das operações de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e efetivamente 
realizadas, acrescido de atualização monetária. (art. 29, §4º) 
 
Concluímos então que a despesa com juros e encargos ficam de fora do 
refinanciamento da dívida. 
Segundo a LRF, operação de crédito (que compõe a dívida consolidada) é o 
compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e 
aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores 
provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras 
operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros. O conceito de 
operação de crédito foi bastante ampliado pela LRF, que equipara a essas operações de 
crédito a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, e 
ainda, as antecipações de receitas ou postergações de despesas como: a captação de 
recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador 
ainda não tenha ocorrido; o recebimento antecipado de valores de empresas (salvo 
lucros e dividendos, na forma da lei); a assunção direta de compromisso, confissão de 
dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, 
mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito (salvo quanto a empresas estatais 
 
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dependentes); e a assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com 
fornecedores para posterior pagamento de bens e serviços. A LRF ampliou esse conceito 
de operação de crédito baseada na essência comum dessas operações, qual seja: geram 
um passivo que aumenta o endividamento e a dívida consolidada ou correspondem a 
riscos diferidos no tempo que podem gerar cobrança de juros e demais encargos 
financeiros. Vejamos os requisitos para a realização de operações de crédito (O ente 
interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e 
jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da 
operação e o atendimento das seguintes condições – art.32, §1º): 
 
existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, 
em créditos adicionais ou lei específica 
inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, 
exceto no caso de operações por antecipação de receita 
observância dos limites e condições fixados pelo senado federal 
autorização específica do senado federal, quando se tratar de operação de crédito 
externo 
atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da constituição (regra de ouro) 
observância das demais restrições estabelecidas na LRF 
 
Com relação às vedações sobre as operações de crédito, a LRF traz o seguinte: 
 
É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação, 
diretamente ou por intermédio defundo, autarquia, fundação ou empresa estatal 
dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que 
sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída 
anteriormente. 
 
Assim, não se admite que a União tome empréstimos com o Banco do Brasil ou 
Caixa Econômica Federa, sob nenhuma hipótese, uma vez que a própria União controla 
essas estatais. Entretanto, o BB e a CEF podem emprestar dinheiro a Estado ou 
Município desde que seja pra pagar despesa de capital ou que seja para renovar dívida 
anteriormente contraída com esta mesma instituição financeira que emprestou (BB/CEF, 
como mencionei). 
Vocês já devem ter se perguntado o que é Contragarantia, acredito. 
Contragarantia é uma contrapartida oferecida pelo ente federativo que irá receber uma 
garantia, de forma que seja em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida, e 
que abranja o ressarcimento integral dos custos financeiros decorrentes da cobertura de 
eventual inadimplemento. (Conceito retirado do demonstrativo de garantias e 
contragarantias) 
As operações de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) são 
empréstimos tomados junto a instituições financeiras para atender à insuficiência de 
caixa durante o exercício financeiro. A seguir, trago o texto atualizado da LRF com 
relação às operações de crédito. As bancas cobram o texto de lei nesse tópico. Atente 
para o fato de uma mudança que tivemos em 2017, em que 
 
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‘’o prazo de validade da verificação dos limites e das condições e da 
análise realizada para a concessão de garantia pela União será de, no 
mínimo, 90 (noventa) dias e, no máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a 
critério do Ministério da Fazenda.’’ 
 
Segundo Giovanni Pacelli (2018), é importante compreender o cenário que 
antecede a contratação de uma ARO, vejamos: 
 
Inicialmente, após a publicação da programação orçamentária e financeira na fase de 
execução da LOA, pode ocorrer de o ente não alcançar a meta bimestral de arrecadação; 
Como medida subsequente, o ente contingencia as despesas primárias discricionárias. 
Porém, a frustração de arrecadação foi de tal maneira que o ente teria que contingenciar 
despesas obrigatórias, que é vedado; 
Temos então uma insuficiência de caixa. 
 
 
 
Recomendo a leitura na íntegra dos seguintes artigos, pois são cobrados na 
sua literalidade nas provas: 
 
Das Operações de Crédito 
Subseção I 
Da Contratação 
 
Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e 
condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação, 
inclusive das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente. 
 
§ 1º O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de 
seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse 
econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições: 
 
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I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da 
lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica; 
 
II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes 
da operação, exceto no caso de operações por antecipação de receita; 
 
III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal; 
 
IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de 
crédito externo; 
 
V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição; 
 
VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei Complementar. 
 
§ 2º As operações relativas à dívida mobiliária federal autorizadas, no texto da 
lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão objeto de processo simplificado que 
atenda às suas especificidades. 
 
§ 3º Para fins do disposto no inciso V do § 1º, considerar-se-á, em cada exercício 
financeiro, o total dos recursos de operações de crédito nele ingressados e o das 
despesas de capital executadas, observado o seguinte: 
 
I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas sob a forma de 
empréstimo ou financiamento a contribuinte, com o intuito de promover incentivo 
fiscal, tendo por base tributo de competência do ente da Federação, se resultar a 
diminuição, direta ou indireta, do ônus deste; 
 
II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I for concedido por 
instituição financeira controlada pelo ente da Federação, o valor da operação será 
deduzido das despesas de capital; 
 
III -(VETADO) 
§ 4º Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e do Banco 
Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o registro eletrônico 
centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e externa, garantido o acesso 
público às informações, que incluirão: 
 
I - encargos e condições de contratação; 
 
II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada e mobiliária, 
operações de crédito e concessão de garantias. 
 
§ 5o Os contratos de operação de crédito externo não conterão cláusula que 
importe na compensação automática de débitos e créditos. 
 
 
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§ 6o O prazo de validade da verificação dos limites e das condições de que trata 
este artigo e da análise realizada para a concessão de garantia pela União será de, 
no mínimo, 90 (noventa) dias e, no máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério 
do Ministério da Fazenda. (Incluído pela Lei 
Complementar nº 159, de 2017) 
 
Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de crédito com ente da 
Federação, exceto quando relativa à dívida mobiliária ou à externa, deverá exigir 
comprovação de que a operação atende às condições e limites estabelecidos. 
 
§ 1º A operação realizada com infração do disposto nesta Lei Complementar 
será considerada nula, procedendo-se ao seu cancelamento, mediante a devolução 
do principal, vedados o pagamento de juros e demais encargos financeiros. 
 
§ 2º Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso dos recursos, será 
consignada reserva específica na lei orçamentária para o exercício seguinte. 
 
§ 3º Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortização, ou constituída a 
reserva, aplicam-se as sanções previstas nos incisos do § 3º do art. 23. 
 
§ 4º Também se constituirá reserva, no montante equivalente ao excesso, se não 
atendido o disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, consideradas as 
disposições do § 3º do art. 32 
 
 
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1.12 ANTECIPAÇÃO DE RECEITA ORÇAMENTÁRIA - ARO 
Quando se tratar de Antecipação de Receita Orçamentária (ARO), o art. 38, § 2º, 
da LRF e a Resolução no 43/2002 do Senado Federal estabelecem que essas operações 
somente podem ser efetuadas mediante a abertura de crédito junto à instituição 
financeira vencedora em processo competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central 
do Brasil. Compete ao Banco Central do Brasil manter sistema de acompanhamento e 
controle do saldo do crédito aberto e aplicaras sanções cabíveis no caso de 
inobservância dos limites. Além de cumprir as exigências referentes às contratações de 
operações de crédito, as AROs encontram-se sujeitas ainda às seguintes regras: 
 
somente podem ser realizadas a partir do décimo dia do início do exercício 
somente poderão ser realizadas através de leilão eletrônico 
devem ser liquidadas com juros e demais encargos até o dia dez de dezembro de cada ano 
não podem ser cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação, prefixada 
indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir 
 
Além disso, a LRF estabelece que essa operação estará proibida enquanto existir 
operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada, e no último ano de 
mandato do Presidente, governador ou prefeito municipal. Atente que, para efeitos da 
regra de ouro, as ARO’s liquidadas dentro do prazo permitido, não afetarão o 
cálculo das operações de créditos. 
 
 
 
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1.13 LIMITES PARA DÍVIDA PÚBLICA E OPERAÇÕES DE CRÉDITO 
O estabelecimento de limites para a dívida pública em geral e operações de 
créditos internas e externas, é competência do Congresso Nacional e do Senado Federal. 
Coube, pois, a LRF atuar de forma complementar, estabelecendo algumas regras gerais e 
condições, bem como prazos para enquadramento aos limites e/ou para recondução a 
eles. Assim, a lei de responsabilidade exige que esses limites e condições guardem 
coerência com suas normas e com os objetivos da política fiscal; apresentem estimativas 
do impacto de sua aplicação em cada uma das três esferas de governo; apresentem 
razões se forem diferenciados por esfera de governo; tenham metodologia de apuração 
dos resultados primário e nominal; sejam fixados em percentual da receita corrente 
líquida para cada esfera de governo; e que a verificação do cumprimento da dívida 
consolidada seja efetuada ao final de cada quadrimestre. Ao Congresso Nacional 
compete estabelecer limites para o montante da dívida mobiliária federal, apenas. O 
Senado, por sua vez, possui competência para: 
 
• Estabelecer limites globais para o montante da dívida consolidada da União, estados e 
municípios. 
• Estabelecer limites globais e condições para as operações de crédito externa e interna 
de todos os entes da Federação, e ainda, autarquias e entidades controladas pela União. 
• Estabelecer limites globais e condições para a dívida mobiliária dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios. 
Esses limites foram estabelecidos pelas Resoluções do Senado nos 40 e 
43/2001, e48/2007. De acordo com a Resolução no 40/2001 do Senado, o limite 
máximo da dívida consolidada para os estados é de 200% da RCL anual, e para os 
municípios é de 120% da RCL anual. Para a União não foram estabelecidos limites 
máximos. A Resolução no 43/2001 do Senado estabelece os seguintes limites máximos 
para a contratação de Operações de Crédito: 16% da RCL anual tanto para estados 
como para municípios. Em se tratando da União, a Resolução no 48/2007 estabeleceu 
esse limite em 60% da RCL.A mesma Resolução no 43/2001 também estabeleceu 
limites máximos para o pagamento dos Serviços da Dívida, compreendendo 
(amortização, juros e encargos): 11,5% da RCL anual tanto para estados como para 
municípios. Em se tratando da União não foram estabelecidos limites. Ainda com base 
na Resolução no 43/2001, foram estabelecidos os limites máximos para a contratação 
de Antecipação de Receita Orçamentária – ARO: 7,0% da RCL anual tanto para estados 
como para municípios. 
Em se tratando da União não foram estabelecidos limites. E a União, até o 
momento, sem limites para a sua dívida. O Projeto de Resolução do Senado 
84/2007, de relatoria do senador José Serra, que estabelece limite para a dívida 
consolidada da União, tramita, tramita, mas não se converte em lei. E poucos estudiosos 
se debruçam sobre o assunto. De acordo com José Maurício Conti, a dívida pública, 
poucos notam, é uma questão extremamente relevante sob o ponto de vista federativo. 
Não é fácil conciliar a autonomia federativa dos entes subnacionais com a plena gestão 
da respectiva dívida, ao mesmo tempo em que é preciso manter um rígido controle do 
endividamento e evitar descontrole das contas. Vê- se a dificuldade que está sendo 
enfrentada por vários estados da federação, cujo destaque negativo é o Rio de Janeiro, 
obrigando a legislação financeira a criar regras às pressas para contornar a verdadeira 
falência em que se encontra e estabelecer um regime de recuperação fiscal. Uma 
questão difícil para os estudiosos de Direito Financeiro, Constitucional, Teoria do 
Estado e de Finanças Públicas, cujo enfrentamento é urgente. Vejamos abaixo os limites 
estabelecidos por Resolução do Senado (exceto a dívida mobiliária da União, que deve 
ser definida por Resolução do Congresso Nacional): 
 
 
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OBJETO LIMITES MÁXIMOS 
DÍVIDA CONSOLIDADA – UNIÃO FEDERAL 
(DESDE 2016) 
NÃO HÁ 
DÍVIDA CONSOLIDADA – ESTADOS E DF 200% da RCL 
DÍVIDA CONSOLIDADA – MUNICÍPIOS 120% da RCL 
 
OPERAÇÃO DE CRÉDITO – UNIÃO 60% da RCL (definido por resolução 
do Senado Federal) 
OPERAÇÃO DE CRÉDITO – ESTADOS E DF 16% da RCL (definido por proposta do 
Presidente da República com posterior 
Resolução do Senado Federal) 
OPERAÇÃO DE CRÉDITO – MUNICÍPIOS 16% da RCL 
 
SERVIÇOS DA DÍVIDA – UNIÃO NÃO HÁ 
SERVIÇOS DA DÍVIDA – ESTADOS E DF 11,5% da RCL 
SERVIÇOS DA DÍVIDA – MUNICÍPIOS 11,5% da RCL 
 
AROS – UNIÃO FEDERAL NÃO HÁ 
AROS – ESTADOS E DF 7% (definido por resolução do Senado 
Federal) 
AROS – MUNICÍPIOS 7% (definido por resolução do Senado 
Federal) 
 
CONCESSÃO DE GARANTIA – UNIÃO 60% da RCL (definido por resolução 
do Senado Federal) 
CONCESSÃO DE GARANTIA – ESTADOS E DF 22% da RCL (definido por resolução 
do Senado Federal) 
CONCESSÃO DE GARANTIA - MUNICÍPIOS 22% da RCL (definido por resolução 
do Senado Federal) 
 
Atente para as seguintes dicas: 
 
Esses percentuais não estão expressos na LRF, diferentemente do que ocorre com os 
percentuais expressos para os gastos com pessoal 
Com exceção do limite da dívida mobiliária da União, que deve ser definida pelo 
Congresso Nacional, os demais percentuais são definidos pelo Senado Federal, 
 
1.14 DESPESAS COM SEGURIDADE SOCIAL 
Nenhum benefício ou serviço relativo à Seguridade Social poderá ser criado, 
majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, atendidas ainda as 
exigências do art. 17, o qual trata das despesas obrigatórias de caráter continuado. A 
Seguridade Social compreende o benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência 
social, inclusive os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos 
pensionistas. No entanto, é dispensada da compensação por aumento permanente de 
receita ou pela redução permanente de outras despesas se o aumento de despesa 
decorrer de: 
 
I – concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na 
legislação pertinente; 
II – expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados; 
III – Reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real. 
 
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É dispensado da compensação referida no art. 17 (dentre outros, o aumento 
permanente de receita e a redução permanente de despesa) o aumento de despesa 
decorrente de reajustamento de valor do benefício ou serviço, a

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