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Introdução à Filosofia

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Introdução à Filosofia
Prof.: Msc. João Paulo de Souza Andrade
Graduado em História – UEMG
Graduado em Filosofia – UNIMES
Especialista em História Antiga e Medieval – UNEC
Especialista em Psicanálise Clínica – UniLogos
Especialista em Dependência Química – Faveni
Mestre em Educação – UTN 
Psicólogo em formação – FAF
Especializando em Psicologia Hospitalar - Faveni
 "Não se ensina filosofia, mas a filosofar".
Kant
Filosofia
Filosofar é pensar por conta própria.
Relativizar o Absoluto
Polemizar a certeza
Questionar o inquestionável
Dogmatismo
No senso comum, o dogmático, é a pessoa que acredita ter a posse da verdade e se recusa ao diálogo, não admitindo nenhum questionamento de suas certezas.
Em Filosofia, dá-se o nome de dogmatismo à doutrina ou atitude que afirma, de forma absoluta, a capacidade humana de chegar a verdades seguras, através do uso exclusivo da razão. 
A viagem em direção à verdade
Pode-se distinguir o verdadeiro conhecimento da opinião?
Em que condições se pode alcançar a verdade?
Verdade e/ou Opinião
Opinião é a crença que se baseia em dados sensíveis e perceptíveis, mesmo quando estes parecem certos e evidentes;
Verdade é a convicção baseada em argumentações racionais, mesmo quando essas argumentações parecem em total oposição às evidências sensíveis.
Qual a tarefa da Filosofia?
A verdade pode ser ensinada?
A filosofia não ensina a verdade, mas ajuda o indivíduo a descobri-la sozinho. Não oferece soluções, mas um método para raciocinar a partir de si mesmo. 
A verdade é uma conquista pessoal e a educação é sempre auto-educação, um processo de amadurecimento interior que pode ser estimulado, mas não provocado, a partir do exterior. 
Conhece-te a ti mesmo.
Paradoxo curioso: Quando eu me aceito como sou, então eu mudo.
Carl Rogers
Bem Viver
A filosofia se preocupou em categorizar o BEM VIVER principalmente no Período Helenístico.
As principais escolas filosóficas do Período Helenístico foram o Cinismo, o Epicurismo e o Estoicismo.
Todas procuravam, basicamente estabelecer um conjunto de preceitos racionais para dirigir a vida de cada um e, através da ausência do sofrimento, chegar à felicidade e ao bem-estar.
Os Cínicos
Cinismo é o nome que recebe a corrente filosófica que foi fundada por Antístenes, discípulo de Sócrates. Os filósofos que seguiam essa corrente, recebiam o nome de cínicos e seu propósito na vida era viver na virtude, de acordo com a natureza.
O nome foi originado do grego, cuja tradução literal seria “igual a um cão”. Os cínicos eram chamados de cães.
O termo cínicos, derivado do grego que significa cão, era usado pois os cínicos negligenciavam a sociedade, higiene, família e dinheiro, entre outras coisas, de forma semelhante à um cão.
Antístenes, ex-aluno de Sócrates, foi o primeiro filósofo a definir o cinismo no final do século 5 a.C., e foi seguido por Diógenes de Sinope, que foi quem levou aos extremos lógicos o cinismo, passando a ser visto como o arquétipo de filósofo cínico. A corrente filosófica começou a espalhar-se durante a ascensão do império romano no século 1. E desapareceu ao final do século 5, apesar de que muitos filósofos afirmam que o cristianismo primitivo adotou muitas ideias ascéticas e retóricas.
Origem
Supostamente, o pensamento cínico teve origem numa passagem da vida de Sócrates: estando este a passar pelo mercado de Atenas, teria exarado o comentário:
Vejam de quantas coisas precisa o ateniense para viver...
Ao mesmo tempo demonstrava que de nada daquilo dependia. De fato, o que o filósofo propunha era a busca interna da felicidade, que não tem causas externas — aspecto o qual os cínicos passaram a defender, não somente com palavras, mas pelo modo de vida adotado.
Pensamento
Sua filosofia partia do princípio de que a felicidade não depende de nada externo à própria pessoa, ou seja, coisas materiais, reconhecimento alheio e mesmo a preocupação com a saúde, o sofrimento e a morte, nada disso pode trazer a felicidade. Segundo os cínicos, é justamente a libertação de todas essas coisas que pode trazer a felicidade que, uma vez obtida, nunca mais poderia ser perdida
Aliado ao discurso, também o modo de vida do cínico deveria ser conforme as ideias defendidas. Para eles a virtude reside, sobretudo, na conduta moral do homem, naquilo que lhe é intrínseco – e não nas conquistas materiais, na aparência exterior.
O mais importante representante dessa corrente foi um discípulo de Antístenes chamado Diógenes. Ele vivia dentro de um barril e possuía apenas sua túnica, um cajado e um embornal de pão. Conta-se que um dia Alexandre Magno parou em frente ao filósofo e ofereceu-lhe, como uma prova do respeito que nutria por ele, a realização de um desejo, qualquer que fosse, caso tivesse algum. Diógenes respondeu: “Desejo apenas que te afastes do meu Sol”. Essa resposta ilustra bem o pensamento cínico: Diógenes não desejava nada a mais do que tinha e estava feliz assim (apenas, no momento, gostaria que seu sol fosse desbloqueado). Não tire-me o que não pode dar-me!
Assim como a preocupação com o próprio sofrimento, a saúde, a morte e o sofrimento dos outros também era algo do qual os cínicos desejavam libertar-se. Por isso que a palavra cinismo adquiriu a conotação que tem hoje em dia, de indiferença e insensibilidade ao sentir e ao sofrer dos outros.
(Me compadeço pelo seu problema, mas não mereço sofrer por ele).
Epicurismo
O epicurismo vigora a filosofia da simplicidade, da humildade e dos prazeres da vida reduzidos ao mínimo.
O Epicurismo é uma filosofia que prega a busca pelos prazeres moderados da vida. O objetivo é o alcance da tranquilidade, da sensatez e da libertação da dependência do material.
A filosofia afirma também que entender a limitação dos prazeres e dos desejos é o segredo para a libertação do medo. Segundo este preceito, quando os desejos são demasiados, as perturbações são imensas.
O anseio pela conquista prejudica o estabelecimento de uma saúde mental, a paz corporal e a serenidade espiritual. Sendo assim, o filósofo Epicuro de Samos, estabeleceu que os prazeres maiores estava no reconhecimento das limitações.
Sendo assim, era preciso compreender que a busca pelo prazer atingia um limite. Ultrapassando-o sob ganâncias, este provocaria perturbações interiores, sendo o ápice dos incômodos pessoais.
Os preceitos do Epicurismo são os mais variados. Contudo, apresentam um mesmo fim, com o intuito principal do estabelecimento da saúde da alma.
A felicidade só será encontrada quando os prazeres mínimos forem verdadeiramente sentidos. De forma mais interna, o objetivo não seria o luxo para promover a felicidade, mas sim entender a felicidade como um luxo.
Os princípios do Epicurismo
O epicurismo é uma filosofia simples, que prega, sobretudo, a simplicidade do ser. Epicuro (341 – 269 a.C) propunha a busca pela saúde mental. Esta só poderia ser alcançada a partir do momento em que o ser enxergasse o prazer nos pormenores.
Dessa maneira, os princípios propostos por Epicuro, e seguido pelos epicuristas, seriam:
Dessa maneira, os princípios propostos por Epicuro, e seguido pelos epicuristas, seriam:
Evitar as dores, procurar os prazeres moderados e atingir a felicidade e a sabedoria;
O cultivo das amizades;
Satisfação às necessidades imediatas;
Rejeição ao medo da morte e dos deuses;
Manter-se distante da vida pública de ostentação e prestígio social;
Objetivo de atingir a ataraxia – o estado mental de conservação espiritual sem perturbações ao ser atingido pelas ações da vida;
Como alcançar a ataraxia
Alcançar a ataraxia seria o objetivo da filosofia epicurista. Para tal, o ser deveria perder totalmente o medo da morte. A morte, que para ele seria o fim/início de uma vida, não deveria porque ser temida.
Afinal, segundo Epicuro, tanto corpo como alma são apenas matéria, não havendo sensações benéficas ou maléficas na pós-vida. Por meio disso, o medo à morte não é justificado
Apesar de aceitar existência de deuses, o
epicurismo jamais pregará a proximidade deles com o mundo do homem. Segundo a filosofia, os deuses estariam afastados, como observadores, sem preocupações com o mundo habitado.
Por isso, Epicuro sempre ressalta que o homem não deverá temer aos deuses tão afastados. Eles podem, no entanto, servir de inspiração para a vida serena, benéfica e de felicidade por meio do básico.
Ele acreditava que a filosofia deveria cuidar do indivíduo como se fosse uma espécie de “medicina da alma”, isto é, ser uma fonte de pensamentos de caráter curativos e libertadores.
Reflexões Epicuristas
- As almas pequenas na sorte se desenvolvem, nas adversidades regridem.
- O homem sereno busca serenidade para si e para os outros.
- A vida do justo não é perturbada pelas inquietações, mas a vida do injusto é cheia delas.
- Toda amizade tem por base o proveito próprio.
- As pessoas terminam sua vida como se tivessem acabado de nascer.
- Não faça nada que teu vizinho não possa saber.
- Não devemos pedir aos deuses o que podemos realizar.
“ A quem não basta pouco, nada basta.”
Epicuro
Estoicismo
O Estoicismo ou Escola Estoica é uma doutrina filosófica fundamentada nas leis da natureza, que surgiu na Grécia no século IV a.C. (por volta do ano 300), durante o período denominado helenístico (III e II a.C.).
Foi fundada pelo filósofo grego Zênon de Cítion (333 a.C.- 263 a.C.), e vigorou durante séculos (até III d. C.) tanto na Grécia, quanto em Roma. O termo “Estoicismo” surge da palavra grega “stoá”, que significa pórtico, locais de ensinamentos filosóficos.
O estoicismo, corrente que enfatizava sobre a paz de espírito e considerava a autossuficiência seu maior objetivo, esteve baseada na filosofia de influência platônica (referente aos ideais do filósofo grego Platão) e no “Cinismo”, ou seja, uma corrente filosófica donde a "virtude" é considerada suficiente para atingir a felicidade. Além disso, a escola estoica influenciou o desenvolvimento do Cristianismo.
Fases do Estoicismo
O estoicismo está dividido em três períodos, a saber:
Estoicismo Antigo (stoá antiga): período mais focado na doutrina ética. Os maiores representantes do período foram os filósofos Zênon de Cítion, Cleantes de Assos e Crisipo de Soli.
Estoicismo Helenístico Romano (stoá média): período mais eclético, donde se destacaram os filósofos Panécio de Rodes, Posidônio de Apameia e Cícero.
Estoicismo Imperial Romano (stoá nova): de cunho mais religioso, sendo seus principais representantes os filósofos Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio.
Epicteto
Serenidade é um termo que pode ser definido de várias maneiras; uma delas é a capacidade de não se desesperar diante de situações adversas.
Segundo Epicteto, o homem encontra a serenidade quando se ocupa exclusivamente daquilo que depende dele e aceita com docilidade todo o resto.
Escravo que se tornou filósofo e que escreveu um dos livros fundamentais do pensamento estóico, Epicteto defendia a retidão de caráter, a tranquilidade sob as agruras da vida e o desapego em relação às riquezas e paixões.
Sêneca
A filosofia estoica de Sêneca recebeu considerável influência não só de Zenão de Cítio, mas também de vários pensadores clássicos como Platão, Pitágoras, Sócrates e Aristóteles, bem como de poetas famosos, como Virgílio.
A doutrinação pedagógica presente na escola do Estoicismo encontrou similaridades nas atribuições de Sêneca, que propôs um modelo de educação individual. Segundo ele, a chave da formação se radica no esforço pessoal do indivíduo para se educar, mais ou menos como proporia Immanuel Kant, bem mais tarde. Nesse esforço particular pela educação, a vontade é o fator preponderante para que um homem educado seja qualificado como bom.
“Aquilo que pode fazer de ti um homem de bem existe dentro de ti. Para seres um homem de bem, só precisas de uma coisa: a vontade.”
As paixões, irresistíveis aos mortais, são consideradas pelos estoicos como desobediências à razão. Os estoicos acreditam que o homem deve desapegar-se de sua irracionalidade desvairada e seguir a natureza, deixando-se levar pelo destino e conservando o exercício da serenidade em qualquer circunstância que esteja ao seu controle. Esse estilo de vida ascético, que beira o impossível, era um dos motes de Sêneca e todos os estoicos, tão moralmente rigorosos.
Se as paixões são desequilíbrios da ordem, Sêneca propõe o gerenciamento das emoções, a neutralidade de espírito; em suma, uma vida de complacência em que o homem passa vontade, ao mesmo tempo em que é guiado pela vontade de bem e virtude.
O pensador muito falou sobre a relação entre felicidade, riqueza e pobreza.
“Não é pobre quem tem pouco, mas quem deseja mais. Queres saber qual a justa medida das riquezas? Primeiro, aquilo que é necessário; segundo, aquilo que é suficiente.”
Sêneca não abnegava dos bens materiais, mas sustentava a noção de que muitos homens são consumidos por suas posses. Criticava os avaros e aqueles dominados pela luxúria. Para ele, a riqueza é meio e não fim da vida feliz.
A função do filósofo estoico, como Sêneca, consiste em ajudar as pessoas a obter a tranquilidade e felicidade que tanto procuram. Essa filosofia deve curar os males da alma, e não somente definir em que eles consistem.
Da tranquilidade da alma
No tratado Da Tranquilidade da Alma, Sêneca infere sobre aquilo que leva um homem à paz interior que tanto almeja.
Sobre a brevidade da vida
Em Sobre a Brevidade da Vida, Sêneca escreve com muita propriedade sobre o aproveitamento da vida, questões existenciais, a relação entre tempo de vida e tempo vivido, e a consciência da mortalidade.
“Deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer.”
Da felicidade
Por fim, em Da Felicidade Sêneca argumenta que a felicidade se constrói a partir da virtude, da razão, da moderação e da harmonia com a natureza.
Todas as pessoas têm uma coisa em comum: querem ser felizes.
Sêneca aponta que uma das causas de infelicidade é dedicar-se com prioridade às aparências ao invés de se voltar para a beleza interior.
Sentido da vida e vazio existencial
Qual o sentido da vida? Para que vivemos? Como devemos viver? São questões que fazemos, de tempos em tempos, em nossa existência. Nem sempre encontramos respostas, pois há muitos caminhos possíveis. 
Por um bom tempo dedicamos parte de nossa vida a um estudo ou a uma profissão, adquirimos bens materiais ou estabelecemos uma família. Porém, quando paramos para refletir sobre o que estamos fazendo de nossa vida, sentimos que há algo que nos falta.
Quando vivemos todo o tempo focados em atividades corriqueiras, vamos perdendo o contato com nós mesmos. Seguimos por tantas direções que esquecemos de perceber o que nos faz sentido. Seguir caminhos já estabelecidos pode nos gerar, a longo prazo, uma sensação de vazio existencial.
A sensação de vazio é como um espaço faltoso, um lugar que deveria ser preenchido com algo, mas está vazio. Conforme pautamos nossa vida em valores externos aos nossos, evitamos o contato com a nossa existência e adotamos um sentido já pronto e definido por outros.
Na concepção existencialista, o sentido da vida não é algo pronto ou dado, mas algo construído, escolhido ou encontrado. A vida não tem sentido em si, viver é absurdo e arriscado. Portanto temos de escolher ou criar sentidos para a nossa vida.
Como escolhemos e criamos o sentido para nossa vida, somos também responsáveis pelas escolhas que fazemos. Mas, como escolher um sentido para nossa vida? Como fazemos para decidir? Existe uma escolha melhor e outra pior?
Vivemos todo o tempo fazendo escolhas e tendo experiências. Nossa existência depende da escolha ou criação de um sentido para ela. Seja qual for o sentido que escolhemos ou criarmos ele nos servirá como referência e direção para nossa jornada pessoal.
 “O desespero mais comum é não escolher, ou não podermos ser nós mesmos. Mas a forma mais profunda de desespero, é escolhermos ser outra pessoa, ao invés de nós mesmos.”
(Kierkegaard) 
Não adianta estar de acordo com as normas, com os padrões ou caminhar pelas estradas mais “perfeitas” se ao longo dessa estrada enxergamos tão somente a sombra da nossa existência. Precisamos compreender que se somos feitos de histórias, então, cada um é uma história diferente, em que algumas se dão em poesia, outras se dão em prosa, mas cada um tem a necessidade de contar a sua própria história e, consequentemente, viver enxergando o que somos no que fazemos e o que fazemos no que somos, pois, lembrando mais uma vez Galeano, somos todos foguinhos, com vontade de por meio do nosso fogo iluminar noites escuras, aquecer corpos gelados e incendiar almas dormentes.

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