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TEMAS ESSENSIAIS A LINGUA PORTUGUESA

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Teoria e argumentação jurídica
Temas essenciais de língua Portuguesa
Teoria da comunicação
Breve panorama sobre os estudos da comunicação
Vamos começar nosso estudo sobre os temas essenciais de língua portuguesa,
retomando a história dos estudos de comunicação para que possamos entender
como surgiu a necessidade de estuda-la e como ela foi tratada ao longo do tempo até chegarmos a sua concepção atual. Para isso, vamos retomar o trabalho de Francisco Rudiger (2011), que, no livro As teorias da comunicação, aborda as diferentes teorias sobre essa importante atividade humana.
Rudiger (2011) afirma que o homem só passou a se interessar pela comunicação
enquanto objeto de estudo a partir do desenvolvimento das tecnologias de comunicação, como o telegrafo. Isso porque essas tecnologias passaram a ter efeitos diferentes sobre a sociedade e o comportamento dos indivíduos, principalmente por sua capacidade de potencializar a comunicação: as mensagens que antes eram lidas/ouvidas por poucos cada vez mais passaram a ser lidas/ouvidas por muitos. Além disso, a comunicação passou a ter um papel fundamental na constituição de territórios nacionais, ligando as suas partes e contribuindo para a constituição do aparato do Estado. Daí a preocupação e o interesse em se estudar esta atividade humana.
Assim, no início, os estudos sobre a comunicação estavam centrados na técnica, ou seja, nos meios de comunicação propriamente ditos, como se esses determinassem as trocas comunicativas entre os indivíduos. De acordo com Rudiger (2011), essa e uma ideia falsa, pois faz crer que o fenômeno da comunicação surgiu com a invenção dos seus canais ou meios, confundindo-se,
assim, os órgãos (canais) com a função (comunicar).
O primeiro grande modelo teórico da comunicação, e que foi predominante por
algum tempo, foi o modelo informacional, de Shannon e Weaver. Ele e conhecido
como modelo teórico da comunicação ou paradigma teórico da informação. Nele,
a comunicação está centrada na transmissão de informação, ou seja, todo ato
comunicativo seria uma troca de informação, sendo essa definida como “todo sinal capaz de provocar reações no comportamento de um dado sistema” (RUDIGER, 2011, p. 19). Percebemos, assim, que esse modelo está centrado numa concepção racionalista, que supervaloriza o conhecimento/a informação em detrimento de outros aspectos, o que pode ser explicado pelo fato de ele ter se derivado da teoria matemática da informação, no âmbito dos estudos de cibernética, matemática, engenharia elétrica e telecomunicações.
Concepção racionalista: postula que só se pode conhecer a realidade/a verdade por meio da razão. Nesse sentido, a racionalidade seria o instrumento necessário para o desenvolvimento do saber, por isso, nesta perspectiva, há uma primazia da objetividade e uma confiança no raciocínio matemático, considerado como inequívoco. A experiencia e os sentidos, por mais que possam contribuir para a apreensão da realidade ou do mundo que nos cerca, são capazes de produzir equívocos e de serem questionados, por isso são descartados da perspectiva racionalista.
No esquema do modelo teórico da comunicação, o comunicador envia uma mensagem ao transmissor, que transforma a mensagem em sinal, que, por sua
vez, e transmitido por meio de um canal e decodificado pelo receptor, chegando,
então, ao destinatário. Como afirma Rudiger (2011), a mensagem, nesse esquema, seria apenas um pacote de informações que se soma com o objetivo de influenciar o destinatário, de forma consciente, sempre com alguma intenção.
Esse modelo entrou em crise na década de 1970, com o avanço dos estudos de perspectiva culturalista. A principal crítica que se fazia ao modelo teórico da comunicação e que nele o comunicador e o receptor, ou seja, os sujeitos envolvidos no ato de comunicar, são coisificados, sendo tratados como pecas equivalentes aos canais (os meios técnicos pelos quais se comunica). Outra crítica e que esse modelo restringe a comunicação a função de informar, excluindo, assim, outras funções dessa atividade.
Perspectiva culturalista: em um estudo de perspectiva culturalista, a
cultura e o fator primordial capaz de explicar todo e qualquer fenômeno social. Na Antropologia, e o conceito pelo qual a cultura de uma sociedade constitui realidade objetiva, de natureza coletiva, com especificidade própria, oposta ao controle individual ou social, de modo que os fatos e elementos que determinam a cultura devem ser apreendidos em seu contexto geral. (AULETE DIGITAL, 2016, [spp.]) Para o modelo cultural, a Comunicação não é uma troca de informações, mas sim uma troca simbólica, por meio da qual os homens expressam pensamentos, sentimentos, valores etc. Ele considera ainda que esses sujeitos, participantes da Comunicação, tem diferentes graus de cultura, condições sociais, crenças, profissões etc., o que também influencia na Comunicação. Outra crítica que o modelo cultural faz ao modelo teórico e que esse seria unidirecional e instrumental, uma vez que a informação seria simplesmente transmitida pelo comunicador e recebida pelo destinatário, o que não corresponde a verdadeira natureza da Comunicação, que e essencialmente dialógica, interativa.
Comunicação e linguagem
Sem linguagem não ha Comunicação. Não estamos falando aqui da linguagem
verbal, mas sim de toda e qualquer linguagem. As abelhas, por exemplo, se comunicam por certos códigos, assim como outros animais. Nos, mesmo sendo os únicos seres capazes de utilizar uma linguagem verbal, também utilizamos outros tipos de linguagem, por exemplo, quando piscamos para alguém ao contarmos uma mentira ou fazermos uma brincadeira, ou ainda apenas olhamos para alguém em uma conversa para sinalizar um julgamento sobre o que uma terceira pessoa está falando.
A ideia de que a linguagem tem diferentes funções (e não só informacional, como propunha o modelo teórico da Comunicação) foi difundida por Roman Jakobson em seu trabalho Linguística e poética, publicado, originalmente, em 1960. Nele, para defender a necessidade de se dedicar ao estudo da poesia de uma forma mais ampla, Jakobson distingue a poética como uma das funções da linguagem. Para isso, retoma o modelo triado o da linguagem, de Karl Buhler (1934), segundo o qual a linguagem seria dotada de três funções: representação, apelo e expressão. Além de substituir o nome dessas funções por referencial, expressiva e conativa, respectivamente, Jakobson (2003) acrescentou outras três funções ao modelo: metalinguística, poética e fática.
Para tratar dessas seis funções, o autor parte do seguinte modelo comunicativo:
Contexto
Remetente/Mensagem/Destinatário
Contato
Código
Nesse modelo, o remetente transmite uma mensagem, utilizando um código em um contexto específico, por meio de um canal físico ou psicológico, ao destinatário. A partir dele, Jakobson (2003) defende que em todo ato comunicativo um desses elementos terá maior relevância, ou seja, cada elemento determina uma função diferente da linguagem. Dessa forma, a linguagem teria uma função específica quando a mensagem está centrada no remetente; outra função quando a mensagem se centra no código; outra, ainda, quando ela está centrada no contexto, e assim por diante. Elas também podem ser vistas como recursos utilizados na Comunicação. Vejamos a seguir cada uma dessas funções:
1. Função emotiva: também chamada de “expressiva”, centra-se no remetente
e visa uma expressão direta da atitude de quem fala em relação aquilo de que está falando para suscitar a impressão de uma certa emoção. Um exemplo seria as interjeições ("Puxa!", "Ai!", "Hum..." etc.), que, para Jakobson, seriam o estrato mais puro da linguagem.
2. Função referencial: também chamada de “denotativa” ou “cognitiva”, centrasse no contexto e visa transmitir informações, sendo, portanto, determinada pela noção de verdadeiro/falso.
3. Função conativa: também chamada de “apelativa”, centra-se no destinatário e visa influencia-lo ou persuadi-lo. Um exemplo e o uso do imperativo e do vocativo.
4. Função poética:
está centrada na mensagem; e aquela em que a mensagem
se volta para si mesma, pois com ela procura-se sempre a melhor forma ou uma
forma mais literária ou rebuscada de se transmitir uma mensagem.
5. Função fática: está centrada no contato, visa prolongar ou interromper a Comunicação para verificar se o canal funciona, atrair a atenção do interlocutor ou confirmar se ela continua. Por exemplo: “Ei, você está me ouvindo?”.
6. Função metalinguística: está centrada no código, visando utilizar o código
para falar do próprio código. E importante destacar o que Jakobson (2003) afirma sobre o papel das funções da linguagem na Comunicação. De acordo com o autor, dividir a linguagem nessas seis funções não significa que cada ato comunicativo utilize apenas uma delas. Na verdade, os atos comunicativos geralmente são permeados por mais de uma função, contudo há sempre uma que prevalece sobre a outra. Ele dá o exemplo de uma pessoa que, de alguma forma, expressa sua raiva por alguém. A função que predomina nesse ato comunicativo e a emotiva, mas a referencial também está presente, uma vez que a pessoa também está informando alguém sobre a raiva que está sentindo.
A divisão da linguagem nessas funções serve, na verdade, apenas para se definir métodos e recortes de análise. No caso de Jakobson, sua proposta tinha o objetivo de mostrar a importância de se estudar a poética como uma função da linguagem, e não apenas como uma manifestação cultural; logo, seria importante estudar não só o aspecto literário dos textos poéticos, mas também a sua interface com a Linguística. Afinal, a poesia e um dos usos possíveis da linguagem, uma de suas funções.
Apesar de Jakobson manter a perspectiva de língua como código e de traçar um
modelo comunicativo que não contempla a dialogia e o dinamismo das interações comunicativas, ele introduziu um importante elemento a este modelo: o sujeito falante, que, intencionalmente, escolhe a função da linguagem com a qual deseja se expressar.
ATIVIDADE DE FIXAÇÃO
1. A comunicação é uma atividade desempenhada pelo homem desde
quando ele desenvolveu a linguagem, há séculos atrás. No entanto seu
estudo só começou a ser desenvolvido de forma sistemática recentemente,
em meados do século XIX.
O que teria motivado o início dos estudos sobre comunicação?
a) A passagem da Idade Média para a Idade Moderna.
b) O declínio da Igreja Católica e o avanço das instituições universitárias.
c) A invenção de novas tecnologias para a comunicação, como o telégrafo.
d) O desenvolvimento de novos estudos em antropologia.
e) A criação de aparatos estatais, como repartições públicas.
2. No início dos estudos de comunicação, predominou, por muito tempo,
o modelo teórico da comunicação ou paradigma informacional.
Nesse modelo, o que caracteriza a mensagem e qual é a sua função?
a) A mensagem é um conjunto de trocas simbólicas e sua função é
influenciar o destinatário.
b) A mensagem é um conjunto de informações e sua função é influenciar
o destinatário.
c) A mensagem é um conjunto de informações e sua função é ensinar
algo ao destinatário.
d) A mensagem é um conjunto de trocas simbólicas e sua função é
emocionar o destinatário.
e) A mensagem é um conjunto de informações e sua função é emocionar
o destinatário.
3. Jakobson foi um dos primeiros teóricos da linguagem a se debruçar
sobre o estudo da comunicação. Seu modelo retoma aspectos essenciais
do modelo informacional, mas traz algumas diferenças.
Quais são os elementos que constituem o esquema comunicativo de
Jakobson e a que conceito esse esquema deu origem?
a) O esquema é composto por: remetente, contexto, destinatário,
mensagem, contato e código. Ele deu origem ao conceito de funções da
linguagem.
b) O esquema é composto por: comunicador, transmissor, canal, receptor,
destinatário, mensagem, sinais emitidos, fonte de ruído e sinais recebidos.
Ele deu origem ao conceito de funções da linguagem.
c) O esquema é composto por: remetente, contexto, destinatário,
mensagem, contato e código. Ele deu origem ao conceito de informação.
d) O esquema é composto por: comunicador, transmissor, canal, receptor,
destinatário, mensagem, sinais emitidos, fonte de ruído e sinais recebidos.
Ele deu origem ao conceito de informação.
e) O esquema é composto por: locutor, contexto, interlocutor, mensagem,
meio e código. Ele deu origem ao conceito de funções da

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