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Resenha sobre o filme: The Dreamers / Os sonhadores

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Os Sonhadores
Direção, roteiro e edição: Bernardo Bertolucci
Produção : Gilbert Aldair, Bernardo Bertolucci
Elenco: Eva Green, Louis Garrel, Michael Pitt ,Robin Renucci, Anna Chancellor
Direção de Fotografia: Fabio Cianchetti
Gênero: Drama.
País: França, Reuno Unido, Itália.
Duração: 139 Minutos.
Ano: 2004.
Antes de fazer cinema,Bernardo estudou na Universidade de Roma onde ficou popularmente conhecido como poeta. Em 1961 trabalhou como assistente de direção no filme Accattone, de Pier Paolo Pasolini. Em 1962, dirigiu La commare secca, mas obteve reconhecimento apenas em seu segundo filme, Antes da revolução, em que já demonstrava seu estilo político e comprometido com seu tempo. Em 1967, escreveu o roteiro de Era uma vez no oeste, um dos melhores filmes de Sérgio Leone, já nos Estados Unidos, dirigiu O conformista (1970), que chegou a ser indicado para o Oscar de melhor roteiro. Em 1972, a sua primeira obra-prima, O último tango em Paris, escandalizou o mundo e deu a Bertolucci mais uma chance de concorrer ao Oscar, desta vez como diretor. Depois de fazer 1900, um filme monumental e muito ambicioso, Bertolucci partiu para o drama intimista em La Luna.
Poucos cineastas demonstram tanta versatilidade, mantendo sempre sua marca autoral. Bertolucci é um cineasta ousado, que gosta de movimentos de câmara sofisticados, roteiros inteligentes e não tem medo de experimentar, mesmo quando trabalha com grandes orçamentos
Matthew é um estudante americano que está alocado em Paris de 1968. Ano de muitas manifestações no cinema. Lá conhece dois irmãos franceses (gêmeos, segundo eles) e os três começam a viver experiências sexuais visivelmente eróticas entre si. De imediato vem o pensamento de incesto, libidinosas práticas, homossexualidade. No entanto, mais do que isso, e, além disso, vale frisar que a poética desses acontecimentos é somente um plano secundário para o que o autor quer insinuar, mas não respondendo a seus leitores. Com Theo e Isabelle, o estudante é recebido numa nova atmosfera de desejos e concepções sobre o prazer do descobrimento, deixando para trás, por um momento, suas antigas e conservadoras inquietações.
Dentre os três personagens centrais, Isabelle é a mais interessante. Quando apresentada ao espectador, é tão reveladora e complexa quanto os dois rapazes. Complexidade essa maximizada nos atos seguintes, reportando aos que assistem dúvidas sobre sua consciência frágil e doce, a sóbria e por vezes patológica sonhadora condição psicológica. Doçura e devaneio. Já Theo é um bom traço de política no texto, discutindo com Matthew sobre as incapacidades e congruências de se lutar contra a repressão, munido pela violência e pelas ideologias destronadas pelos regimes da França dos anos 60. A década das revoluções culturais, da nova música, do cinema de autor, da sexualidade e do grito do povo. 
Assistir a Os Sonhadores é aprender mais e mais sobre cinema. Ser um passageiro no navio de emoções e prazeres do diretor italiano que viaja com sua câmera com os suaves planos-sequência, pelos quartos e corredores da bela casa desenhada como um espaço que respira desejo e contradições. Nesse ambiente, o trio de amigos que inicialmente experimentaram uma nova forma de conhecer um ao outro, evolui para o que se poderia chamar de "triângulo amoroso contemplativo". Eles chegam a um nível tão íntimo que sofrem as consequências de se dar abertura ao outro, revelando aos seus o lado mais profundo e enigmático de cada um. 
Mesmo assim, ainda que mergulhados um dentro da mente do outro, como indivíduos simbióticos, os três se tornam dois. Theo e Isabelle são únicos: são apenas o Um, e não há nada que os faça separar. Enquanto que Matthew é apenas um secundário, sem nenhuma interferência significativa neles.
Bernardo Bertolucci não quer provar nada, apenas insistir que o leitor desenvolva suas próprias interpretações dos personagens, das proposições sobre política, poder e cultura. As cenas não contem nenhum pudor: vaginas e pênis são mostrados livremente, a fim de desnudar a sociedade de seus preceitos entendidos como corretos, mesmo diante de tanta corrupção e a doença da igualdade de direitos entre os indivíduos que a compõe. Muita música, muito sexo, e muita filosofia para apresentar outro lado do prazer, dos desejos e do saber sonhar com algo, mesmo que vá contra um amigo ou contra uma nação; neste último caso, complacente com a situação, acredita Theo, uma verdadeira obra de arte filosófica e atemporal.

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