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Histeria: Teoria Psicanalítica de Freud

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Histeria
SÃO PAULO
2019
Amanda Eliete Bonfim – RA: N193eb8
Ana Paula Ramos Pires - RA: D079CF-6
Augusto Spadari – RA: N118GB0 
Emerson Ramos dos Santos - RA: D482BC3
Gabriela da silva leite – RA: N1436D8
Giovanna Natalia Gonçalves Fogli - RA: N1930J-0
Histeria
Trabalho para a disciplina de
Teoria Psicanalítica para o curso
De psicologia apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.
Prof. Renata Toledo
SÃO PAULO
2019
Introdução
Histeria é um tipo de neurose que se caracteriza predominantemente, pela transformação da ansiedade subjacente para um estado físico. A palavra vem do termo grego “hystéra”, que significa útero. A própria palavra nos revela o caráter feminino da doença, já que era atribuída a uma disfunção uterina. Os histéricos normalmente perdem o controle, pois se encontram sob intensa pressão do pavor radical que os atinge. Ela geralmente se manifesta quando a ansiedade latente se transforma em um sintoma orgânico, ou seja, ocorre uma somatização. As pessoas que sofrem de histeria apresentam uma situação de pânico intensa, apresentada sobre a forma de sintomas físicos, como por exemplo, paralisia, cegueira, surdez, etc, perdendo assim seu autocontrole. Sigmund Freud (1856-1939) começou a pesquisar e analisar os mecanismos psíquicos da histeria, chegando à conclusão de que os distúrbios poderiam abranger os sentidos da visão, audição, paladar e olfato e variar de desde levianas sensações até a anestesia total e fortes dores agudas. Foi através de sua formação acadêmica na França, com Charcot, e seu trabalho em colaboração com Breuer, que Freud vislumbrou os fenômenos da divisão psíquica, que o levaram a descoberta do inconsciente. A sintomatologia, que ao mesmo tempo frustrou e estimulou os médicos do século XIX, foi o grande desafio para Freud, que, a partir desse quadro ainda misterioso, desenvolveu técnicas específicas para conduzir o tratamento de suas pacientes: nascia a Psicanálise, como resposta a esse desafio. A maioria dos sintomas da histeria se apresenta de forma combinada com outros tipos de distúrbios neuróticos. O procedimento catártico pressupunha que o paciente fosse hipnotizável e se baseava na ampliação da consciência que ocorre na hipnose. Tinha por alvo a eliminação dos sintomas patológicos e chegava a isso levando o paciente a retroceder ao estado psíquico em que o sintoma surgira pela primeira vez. O compromisso que se estabelece na histeria torna-se fundamental para sua compreensão; um compromisso entre a necessidade de satisfação e a necessidade de punição; há um mecanismo de conversão, no qual um sintoma psíquico se transforma em um sintoma somático. Feito isso, emergiam no doente hipnotizado lembranças, pensamentos e impulsos até então excluídos de sua consciência; e mal ele comunicava ao médico esses seus processos anímicos, em meio a intensas expressões afetivas, o sintoma era superado. A histeria encontra, então, sua importância dentre os processos psíquicos, buscando-se aprofundar o entendimento sobre a doença, com o fim de tratá-la. O método psicoterápico, defendido por Freud, é colocado como uma das ferramentas para a histeria, ao permitir que o afeto ligado à representação traumática encontre uma saída através da fala; e ao submeter a representação a processos associativos ou conscientes
O livro O homem sob a visão da teoria de Freud
A psicanálise começou tratando do problema dos sofrimentos neuróticos histéricos que o médico tentava diminuir ou eliminar, e não pela construção de um sistema teórico — seja empírico seja especulativo — sobre a organização do psiquismo humano.
A histeria é uma psiconeurose cujos conflitos emocionais inconscientes surgem na forma de uma severa dissociação mental ou como sintomas físicos (conversão), independentemente de qualquer patologia orgânica ou estrutural conhecida, quando a ansiedade subjacente é 'convertida' num sintoma físico.
“... nevralgias e anestesias de naturezas muito diversas, muitas das quais haviam persistido durante anos, contraturas eparalisias, ataques histéricos e convulsões epileptóides, que os observadores consideravam como epilepsia verdadeira...”
Sigmund Freud (1856-1939), em colaboração com Breuer, começou a pesquisar os mecanismos psíquicos da histeria e postulou em sua teoria que essa neurose era causada por lembranças reprimidas, de grande intensidade emocional. O livro ‘’ O homem” de Aluisio de Azevedo evidencia esta parte da teoria no trecho
“Coitadinha! Havia dois anos que se achava nesse estado. Pode-se, todavia, afirmar que começara a sofrer deste a fatal ocasião em que a convenceram da impossibilidade do seu casamento com Fernando.”
O trecho mostra como o abatimento da personagem e início de seus sintomas ocorreram a partir de uma situação vivida a qual lhe trouxe grande sofrimento, na qual a mesma reprimiu dentro de si, a personagem havia crescido e vivido toda sua vida crendo que se casaria com o personagem Fernando, e de repente se vê obrigada a reprimir seus desejos por ele devido descobrir que este é seu irmão, sendo este um exemplo claro de repressão.
No livro, a personagem Magda, revestindo-se dos trajes da feminilidade, vai perdendo também o controle do seu corpo, cada vez mais presa a dores e convulsões que demonstram sua fragilidade, por seus gestos descontrolados. 
A ideia central a situação da histeria no panorama da psicopatologia do século XIX, articulando à análise à pulsão sexual reprimida, que se manifesta no corpo das histéricas. Considera-se o romance naturalista O Homem de Aluísio de Azevedo como um capítulo da exposição do trauma da sexualidade no âmbito feminino. Neste sentido, ele se afina com a psicanálise como instância das tramas e dos labirintos do desejo, dos caminhos tortuosos aos quais o desejo encaminha (ou desencaminha) aqueles que desejam.
Uma antiga teoria sugeria que o útero vagava pelo corpo e a histeria era considerada uma moléstia especificamente feminina, atribuída a uma disfunção uterina, durante a história o médico da família, referência a doença de Magda à teoria platônica, segundo o qual o útero é uma fera que deve ser satisfeito em suas necessidades instintivas.
Os autores ressaltam que desde que apenas formadas, não tivessem um marido para enchê-las de filhos, todas se tornavam nervosas, desorientadas, infelizes. Isso se mostra um tanto claro no trecho: 
“... Não é coisa de cuidado; um abalo nervoso. Que idade tem ela? ... É...! mas não convém que esta menina deixe o casamento para muito tarde. Noto-lhe uma perigosa exaltação nervosa que, uma vez agravada, por interessar-lhe os órgãos encefálicos e degenerar em histeria...”
Magda apresenta minuciosamente os sintomas da histeria – as tosses nervosas, as convulsões, a irritabilidade, o tédio, os vômitos e a febre, isso se mostra claro no trecho onde relata um ataque histérico:
 “ ... explodisse a reação dos nervos. Estremeceu com um grande abalo,soltou um grito agudo e sentiu logo na boca do estômago uma pressão violenta. Era a primeira vez que lhe dava isto; acudiram-na e carregaram-na para o quarto. Ela, porém, não sossegava; o peso do estômago como que se enovelava e subia-lhe por dentro até a garganta, sufocando-a num desabrido estrangulante. Esteve assim um pouco; afinal perdeu os sentidos e começou a espolinhar-se na cama, em convulsões que duraram quase uma hora.”
A convulsão histérica representa um fenômeno ameaçador, pois apresenta um corpo indomado, signo da desordem. Essa desordem estaria intimamente ligada a um corpo submetido a leis ou regras que o comandam, podendo ele tornar-se presa de um excesso, de um arrebatamento vital, de um transbordamento do desejo.
Para Freud quando a mente se “divide” ela deixa pistas do ocorrido, mais nesta parte entra a negação. A aqueles sentimentos, situações e traumas que não podemos aceitar, estes ficam no nosso inconsciente, e este conteúdo inconsciente quando muito forte, vem a tona como sintoma. Esse excesso de presença faz com que os histéricos se afastem
do caminho da satisfação buscado na realidade e refugiando-se na atividade fantasista, num processo de introversão da libido. Cada histérico tem seu próprio teatro privado. Exemplo claro é encontrado no livro, quando Magda, após um desmaio é levada pelos braços do cavouqueiro:
 
“O rapaz passou um dos braços na cintura de Magda e com o outro a suspendeude mansinho pelas curvas dos joelhos, chamando-a toda contra o seu largo peito nu. Ela soltou um longo suspiro e, na inconsciência de síncope, deixou pender molemente a cabeça sobre o ombro do cavouqueiro [...]. Achava-semuito bem no tépido aconchego daquele corpo de homem; toda ela se penetrava no calor vivificante que vinha dele; A aquele calor de carne sã era uma esmola atirada à fome do seu miserável sangue. “(AZEVEDO, 2000, p. 71)
A encenação de um desejo alucinado pode ser analisada no livro. Se os sonhos de Magda representam o duplo de sua vida rotineira, a ela também se opõe e denunciam seu caráter absurdo e opressor, na medida em que refletem uma sociedade também absurda e repressora. Se Freud destaca o valor da verdade psíquica dos sonhos e sua função de realizar os desejos, no romance de Aluísio de Azevedo, elas aparecem no sentido de um desejo que não pode se manifestar socialmente.
Conclusão
Este estudo mapeou superficialmente as manifestações corporais da histeria que se mostram evidentes nas crises histéricas e no desejo sexual insatisfeito de Magda, personagem central da obra O Homem de Aluizio de Azevedo e nos trouxe conhecimentos a respeito de um, entre muitos outros, transtorno mental e de comportamento, o transtorno dissociativo (ou conversivo), a antiga neurose histérica ou histeria de conversão. 
Além da aproximação do tema sobre o mal do século XIX – a histeria – e seus sintomas nas manifestações corporais da personagem Magdá, como desmaios, tremores, falta de apetite, sonhos, analisamos a insatisfação sexual feminina, que levou a personagem a produzir sintomas histéricos. O interesse de Aluisio em abordar a insatisfação feminina pela via da histeria nos levou a fazer este estudo da personagem histérica, onde de fato o corpo fala pelo acúmulo de sensações e desejos frustrados.
Torna-se possível para Magda ser desejada e amada na atmosfera psíquica do sonho. Seus sonhos são produtos de um imaginário criador de fantasias relacionadas com uma sexualidade que se direciona na busca de sensações e desejos não realizados. 
Se na vida real de Magda, tudo é perda, no sonho a perda é reparada pela recuperação do objeto amado. O que era ferida e doença cura-se e cicatriza-se, através do remédio do amor, vivido no sonho. 
	
Bibliografia
Sigmund Freud, volume II, Estudos sobre a histeria (1893 – 1895)
O Homem, Aluisio de Azevedo. ( http://noticias.universia.com.br/net/files/2015/4/11/o-homem-aluisio-azevedo.pdf )

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