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Eletromagnetismo Eletromagnetismo Organizado por Universidade Luterana do Brasil Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas, RS 2016 Gelson Luiz Fernandes Barreto Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. ISBN: 978-85-5639-219-0 Dados técnicos do livro Diagramação: Marcelo Ferreira Revisão: Geórgia Píppi 1. Eletrostática ..............................................................................4 2. Eletrostática 2 .........................................................................26 3. Eletrodinâmica I ......................................................................45 4. Eletrodinâmica II .....................................................................64 5. Eletromagnetismo ...................................................................84 6. Ondas ..................................................................................120 7. Óptica Geométrica – i ...........................................................148 8. Óptica Geométrica – II ..........................................................184 9. Interação da radiação eletromagnética com a matéria ...........217 10. Introdução ao estudo da física moderna .............................253 Sumário Gelson Luiz Fernandes Barreto Eletrostática Gelson Luiz Fernandes Barreto Capítulo 1 2 Física 1.1 Histórico Os fenômenos elétricos estão presentes na maioria de nossas atividades. Aparelhos eletrodomésticos, maquinário industrial, meios de transporte, enfatizando a sua importância na vida atu- al do ser humano. Eles já eram conhecidos a mais de 2000 a.C. O grego Tales, de Mileto (640 - 546 a.C.), foi o primeiro a observar que, atritando-se uma substância resinosa denomi- nada âmbar com um pedaço de lã, ela adquiria a propriedade de atrair corpos leves como penas, fios de palha etc. É dela que deriva a palavra "ELETRICIDADE", pois a palavra grega correspondente para designar âmbar é "ELEKTRON". Uma das primeiras obras sobre o assunto surgiu no sé- culo XVI, com o médico e físico inglês William Gilbert (1544 – 1603), que publicou, em 1600, um extenso tratado deno- minado "De Magnete" (que significa “Sobre o Magnetismo”). No início do século XVIII, O físico francês Charles François de Cisternay Dufay (1698 – 1739), analisando experiências, concluiu que certas substâncias "conduziam" bem a eletrici- dade, enquanto outras não o faziam. Dessa maneira, esta- vam sendo estabelecidos os conceitos de "corpos condutores" e "corpos isolantes". Benjamim Franklin (1706-1790) se interessou pelo estudo dos fenômenos elétricos. Esse cientista realizou um número muito grande de experiências que contribuíram significativa- mente para o desenvolvimento da eletricidade. Capítulo 1 Eletrostática 3 Franklin enunciou a lei da “conservação da carga elétrica”, ou seja: a soma resultante das cargas dentro de uma região é constante. Em 1897, ocorre a descoberta do elétron por Joseph John Thomsom (1856 – 1940). A partir daí, ficou-se sabendo que a eletrização de um corpo acontece quando ele perde ou ganha elétrons, ficando, então, eletrizado positiva ou negativamente, respectivamente. 1.2 Carga Elétrica O conceito de carga não existe. É com um associar carga com energia, pois os corpos possuem partículas que possuem energia. Simbolicamente, usa-se para carga: Q ou q, e a unidade de medida é o COULOMB ( C ). Para as partículas elementares, próton, elétron e nêutron, tem-se: Carga ( C ) Massa ( kg) próton + 1,6 x 10-19 1,67 x 10-27 elétron - 1,6 x 10-19 9,11 x 10-31 nêutron 0 1,67 x 10-27 A carga total de um corpo pode ser dada como um múlti- plo a da carga fundamental do elétron. 4 Física Onde representa o número de elétrons, sendo sempre um número inteiro. E o módulo da carga do elétron. OBS.: Um Coulomb de carga é uma quantidade muito grande de elétrons, por isso usam-se múltiplos menores como: mC = mili.Coulomb = 10-3 C µC = micro.Coulomb = 10-6C Perguntinha: a) Quantos elétrons são necessários para obtermos um Cou- lomb de carga? b) O que você conhece que chega próximo desse número? Capítulo 1 Eletrostática 5 A eletrostática apresenta dois princípios fundamentais:  a) “Cargas elétricas de mesmo sinal se repelem, e car- gas elétricas de sinais opostos se atraem.” Figura 1-01: Diagrama de atração e repulsão. Esses processos de atração e repulsão ocorrem por meio de uma força de origem elétrica, que será analisada no próxi- mo capítulo.  b) “A carga total de um sistema isolado se mantém constante.” Ou seja, para qualquer processo elétrico dentro de um sis- tema isolado, tem-se: 6 Física A tendência dos corpos na natureza é de serem neutros, ou seja, igual número de prótons e nêutrons: Assim, a carga total do corpo é nula. E isso, para a eletrici- dade, não serve, pois não haveria transferência de partículas, de energia entre os corpos e nós não teríamos a parafernália eletrônica que dispomos hoje. Então, é necessário que os corpos sejam eletrizados, ou seja, possuam diferentes números de elétrons e de prótons: 1.3 Eletrização Todos os corpos podem ser eletrizados. Para um corpo ficar eletrizado, é necessário que, ou tiremos elétrons dele, ou colo- quemos elétrons nele. No primeiro caso, dizemos que o corpo ficou eletrizado positivamente e, no segundo caso, ficou eletri- zado negativamente. Os fenômenos de eletrização estão presentes diariamente em nossa vida. É devido à eletrização dos eletrodomésticos que se aconselha ligar um “fio terra” para descarregar a eletri- cidade que se acumula nos mesmos. Pelo fato da eletricidade Capítulo 1 Eletrostática 7 gerada pelos processos de eletrização não ter correntes elétri- cas, ela é chamada de eletricidade estática. Em dias muito secos, é comum as pessoas apertarem as mãos e levarem choques elétricos mutuamente. Também, em dias secos, principalmente nos dias frios, é comum, ao tirarmos a roupa, ouvirmos estalidos e sentirmos o corpo eletrizado. Isso se deve à eletrização de nossas roupas e do nosso corpo devido ao atrito mútuo. A umidade do ar prejudica muito a possibilidade de se ele- trizar um corpo. A água é uma substância polar, fazendo a umi- dade ser atraída por superfícies eletrizadas, neutralizando-as. 1.3.1 Atrito Tirar elétrons e colocar elétrons em um corpo é algo relati- vamente fácil. Fazemos isso a todo instante. Quando roçamos nosso corpo em nossas roupas, estamos eletrizando a nós e a nossas roupas respectivamente. De uma maneira geral, para eletrizarmos dois corpos de naturezas diferentes, basta esfregar- mos um no outro (e não é preciso muita força!). Corpos de mes- ma natureza não se eletrizam dessa maneira. A essa forma de eletrização, em que arrancamos ou doamos elétrons atritando um corpo com outro, denominamos de eletrização por atrito. A eletrização por atrito também é chamada de triboeletricidade. Não é muito fácil saber, em uma eletrização por atrito, quem doa elétrons e quem recebe elétrons. Somente com algumas atividades experimentais específicas podemos saber com que “carga” elétrica fica um corpo ou outro. Alguns experimentos 8 Física já determinaram uma ordem de triboeletrização entre algumas substâncias, e com essas substâncias constituiu-se a série tribo- elétrica, que apresentamos na tabela abaixo: Vidro Marfim Lã Madeira Papel Seda Enxofre Tabela 1-01: Série Triboelétrica Nessa tabela,a substância “de cima”, quando atritada com a substância “de baixo”, cede elétrons e fica positiva; da mes- ma maneira, a substância “de baixo” recebe elétrons e fica negativa. Por exemplo, se atritarmos vidro na lã, o vidro fica positivo e a lã fica negativa; se atritarmos a lã na seda, a lã fica positiva e a seda fica negativa, e assim por diante. Por atrito, duas substâncias diferentes, inicialmente neu- tras, ficam eletrizadas com cargas de mesmo módulo e de sinais diferentes. 1.3.2 Indução Uma vez que tenhamos um corpo previamente eletrizado, este pode se aproximar de um outro, neutro, e eletrizá-lo por influên- cia. Essa influência pode ser uma indução ou uma polarização. Capítulo 1 Eletrostática 9 Teremos indução, quando influenciamos um objeto metá- lico. Se o corpo previamente eletrizado, que chamaremos de indutor, estiver positivo, ao se aproximar de um objeto metá- lico neutro, o induzido, os elétrons-livres deste serão atraídos para a extremidade mais próxima ao corpo positivo, dividindo, então, as cargas do corpo neutro, ficando um lado positivo e outro negativo. Ver diagrama. Figura 1-02: Indução, indutor positivo. Uma vez que afastemos novamente o indutor, tudo volta ao normal no induzido, ficando este novamente com carga total nula. Se o indutor estiver negativo, ao se aproximar do induzi- do, os elétrons-livres deste serão repelidos para a extremida- de oposta ao corpo negativo, dividindo, então, as cargas do corpo neutro, ficando um lado positivo e outro negativo. Ver diagrama. Figura 1-03: Indução, indutor negativo. 10 Física Uma vez que afastemos novamente o indutor, tudo volta ao normal no induzido, ficando este novamente com carga total nula. Então, para que o induzido fique eletricamente carregado, é necessário ligá-lo a um Terra (corpo de massa maior, que pode receber ou doar elétrons, e que, na maioria das vezes, é a própria Terra); por um fio metálico, essa transferência é instantânea. Portanto, logo em seguida, pode-se desfazer a ligação. No caso do indutor negativo, os elétrons do induzido por ele são repelidos, por ele, descendo pelo fio até o Terra. Quando se desfizer o contato, ele ficará carregado positiva- mente, pois os elétrons que foram para o Terra, não terão como retornar. Figura 1-04: Eletrização por indução, com indutor negativo. Sendo o indtutor positivo, o processo é o contrário, irão su- bir elétrons do Terra para o induzido, neutralizando os prótons que foram repelidos. Após cortar o fio condutor, eles não têm como retornar. Assim, o número de elétrons fica maior que o de prótons, ficando o induzido eletricamente negativo. Capítulo 1 Eletrostática 11 Após a indução com o Terra, o induzido fica eletrizado com carga de sinal oposto ao indutor. 1.3.2.1 Polarização Teremos polarização quando o induzido não for um objeto metálico, mas um dielétrico qualquer. Nesse caso, não existem elétrons-livres para se movimentarem para as extremidades do corpo. As moléculas polarizadas da superfície do induzido é que se orientam sob influência da carga elétrica do indutor, torcen- do-se e mostrando a carga de sinal contrário. Ver diagrama. Figura 1-05 (a): Polarização, indutor positivo. Figura 1-05 (b): Polarização, indutor negativo. 12 Física 1.3.3 Contato Quando o indutor encostar tocar no induzido, teremos o que denominamos de eletrização por contato. Nessa situação, ao se encostarem, indutor e induzido, haverá uma redistribui- ção de cargas nos dois entes. Como consequência, o induzido ficará com a mesma carga do indutor. Por exemplo, se o indutor for positivo e este tocar no in- duzido, este último ficará também positivo. Se o indutor for negativo e encostar no induzido, este ficará também negativo. Geralmente, para efeitos práticos, consideram-se os cor- pos envolvidos como esferas metálicas idênticas. Esferas para ter uma distribuição uniforme de cargas metálicas para poder conduzir cargas elétricas e idênticas para ter a mesma quanti- dade de cargas. Considere duas esferas metálicas idênticas A e B, com car- gas QA e QB , respectivamente. Antes do contato, a carga total do sistema é: QTOTAL = QA + QB E, após o contato, também será: QTOTAL = QA + QB, mas com QA = QB = QA + QB 2 Capítulo 1 Eletrostática 13 Exercícios Exercícios sobre Eletrostática 1. Determine a carga elétrica da eletrosfera do átomo de chumbo ionizado positivamente com carga +4, sabendo que ele tem 82 prótons e 126 nêutrons. 2. Qual a carga do núcleo do átomo do problema anterior? 3. Qual a carga elétrica do átomo do problema anterior? 4. Um corpo está eletrizado com carga 7,2.10-7 C. Determine quantos (elétrons; prótons) esse átomo (perdeu; ganhou). 5. Um corpo recebeu 2,7 . 1018 elétrons. Determine a carga elétrica desse corpo. 6. A carga elétrica de uma substância vale -2,144 . 10-6 C. Determine o número de elétrons que essa substância (ga- nhou; perdeu). 7. Uma esfera feita de zinco possui 7 . 1017 átomos. Sabendo que cada um está ionizado com carga +2, determine a carga elétrica da esfera. 8. Sabendo que a carga elétrica de um corpo vale 8 . 10-6 C, que é formado de ferro e que existem 2,5 . 1013 átomos de ferro nesse corpo, determine o número de prótons ou elé- 14 Física trons em excesso em cada átomo de ferro (suponha todos os átomos iguais). 9. Um corpo eletrizado apresenta um excesso de 1013 elétrons. Determine o valor da carga elétrica desse corpo. 10. Um corpo é eletrizado, adquirindo uma carga elétrica po- sitiva igual a 3,2 .10-5 C. Quantos elétrons o corpo perdeu durante a eletrização? 11. Depois de eletrizado, um corpo apresenta uma carga elé- trica negativa de 0,16 . 10-18 C. Quantos elétrons o corpo (perdeu; ganhou) na eletrização? 12. Um corpo que recebeu 3,5 . 1013 elétrons deve adquirir uma carga elétrica igual a: 13. Um objeto possui uma carga elétrica igual a 10,4 . 10-6 C. Sabendo que metade dos seus átomos estão eletrizados com carga -4, determine o número total de átomos que existe nesse objeto. 14. Determine o sinal da carga elétrica de 6 esferas A, B, C, D, E e F, sabendo que: A atrai C; B repele D que atrai E; C repele E que atrai F que está carregada positivamente. 15. De posse de 4 esferas M, N, P e Q, verifica-se que: A esfera M atrai a esfera N que, por sua vez, repele P; A esfera P atrai a esfera Q que está carregada positivamen- Capítulo 1 Eletrostática 15 te. Com essas informações, determine o sinal da carga elétrica das esferas. 16. Considere quatro objetos eletrizados X, Y, Z e K. Verifica- -se que X repele Y e atrai Z. Por sua vez, Z repele K. Sa- bendo que K está eletrizado positivamente, qual o sinal da carga Y? 17. Tendo seis paralelepípedos eletricamente carregados, K, H, B, I, X e A e, sabendo-se que: K repele I que atrai X; H atrai B e repele A; B atrai I que está carregado com carga positiva. Determine o sinal das cargas elétricas de cada um dos outros paralelepípedos. 18. Duas folhas, de um mesmo tipo de papel são atritadas en- tre si. Elas ficarão eletrizadas? E se atritarmos duas barras de um mesmo plástico? Explique. 19. Levando em consideração que a tabela ao lado indica o comportamento elétrico de duas substâncias ao serem atri- tadas, ficando, sempre, a que está na parte superior ele- trizada positivamente, indique as cargas das substâncias abaixo, quando atritamos: Plexiglass Vidro Marfim Lã Madeira Papel Seda Enxofre a) lã com vidro; b) lã com seda; c) madeira com papel; d) madeira com vidro. 16 Física 20. No processo de eletrização por atrito do vidro com a seda, o número de elétrons em excesso na seda é maior, menor ou igual ao número de prótons em excesso no vidro? 21. Um pedaço de marfim é atritadocom uma folha de papel. Qual será o sinal da carga elétrica que cada um adquire? Qual deles perdeu elétrons? 22. Uma barra de plexiglass é atritada com um pedaço de lã e uma pedra de enxofre é atritada com uma folha de papel. A barra de plexiglass, após atritada, irá atrair ou repelir: a) a folha de papel; b) a pedra de enxofre. 23. Em dias secos, pode-se ouvir estalidos ao tirarmos uma blusa de lã usada em contato direto com apele. Explique por que isso acontece. 24. Para evitar a formação de centelhas elétricas, os cami- nhões transportadores de gasolina costumam andar com uma corrente metálica arrastando pelo chão ou próxima a ele. Explique. 25. Porque uma pessoa segurando uma barra metálica não consegue eletrizá-la por atrito? Capítulo 1 Eletrostática 17 26. Uma barra eletrizada negativamente é colocada próxima de um corpo metálico, como mostra a figura que segue. Para onde se deslocam os elétrons livres desse corpo me- tálico? Qual o sinal da carga que aparece em A? E em B? Como se denomina essa separação de cargas que ocorre no corpo metálico? A B 27. Suponha agora que o corpo AB seja um dielétrico (isolan- te), haverá movimento de elétrons livres no corpo AB? Des- creva o que se passa no dielétrico e diga qual carga que aparecerá em A e em B no processo. Como se denomina esse fenômeno? 18 Física 28. Considere a figura abaixo. Suponha que afastássemos o indutor (que está carregado positivamente) ou condutor (que no início está neutro) antes de desfazermos a ligação com a terra. O que ocorreria com os elétrons em excesso no condutor PQ? O condutor PQ ficaria carregado positi- vamente, negativamente ou neutro? P Q + CONDUTOR TERRA OU INDUZIDO INDUTOR 29. Três blocos metálicos, A, B e C encontram-se em contato apoiados sobre uma mesa de material isolante. Dois bas- tões, P1 e P2, eletrizados positivamente são colocados pró- ximos às extremidades dos A e C, como mostra a figura que segue. Uma pessoa (usando luvas isolantes) separa os blocos entre si e, em seguida, afasta os bastões eletrizados. Capítulo 1 Eletrostática 19 P1 + A B C + P2 isolante a) Descreva o movimento dos elétrons livres nos blocos, causado pela aproximação dos bastões P1 e P2. b) Diga qual é o sinal da carga de cada bloco após se- rem, separadas. 30. Um corpo eletrizado positivamente é aproximado da boli- nha de um pêndulo elétrico. Se a bolinha for atraída pelo corpo, podemos concluir que ela está........................... E se ela for repelida? 31. Uma esfera metálica carregada, M, é aproximada de um eletroscópio de folhas de alumínio, conforme o esquema abaixo. A carcaça metálica R do eletroscópio está em con- tato elétrico permanente com o solo. isolante M R T 20 Física Enquanto a esfera M estava muito afastada do eletroscó- pio, estabeleceu-se um contato elétrico transitório entre T e R. Qual a afirmação correta em relação a essa experiência? a) As folhas só abrirão quando M tocar em T. b) As folhas só abrirão quando M tocar em R. c) As folhas só abrirão se o contato entre T e R for mantido permanentemente. d) As folhas só abrirão se a carcaça R receber uma carga de mesmo valor, mas de sinal oposto os de M. e) As folhas abrirão à medida que M vai se aproximando de T. Capítulo 1 Eletrostática 21 Gabarito 1. 1. q = - 1,248 . 10-17 C 2. q = 1,312 . 10-17 C 3. q = 6,4 . 10-19 C 4. elétron ; perdeu N = 4,5 . 1012 é 5. q = 0,432 C 6. ganhou ; N = -1,34 . 1013 é 7. q = 0,224 C 8. x = + 2 prótons em excesso 9. q = 1,6 . 10-6 C 10. N = 2 . 1014 e 11. 1 é ; ganhou 12. 5,6 µC 13. 1,625 . 1013 átomos 14. A+ ; B+ ; C- ; D+ ; E- ; F+ 15. M + ; N - ; P - ; Q + 16. Y - 17. K+ , H+ ; B- ; I+ ; X- ; A+ 18. Não. O tamanho das moléculas deve ser diferente 19. a) - + ; b) + - ; c) + - ; d) - 20. Igual 21. Marfim 22. a) repele ; b) atrai 23. São elétrons retornando ao lugar original 24. Aterramento da carroceria 25. Dois condutores trocam elétrons permanentemente 26. Para B, + , - , livres ; indução 27. Não. Reorganização das moléculas. A + ; B - ; Polarização. 28. Retornariam ao terra Neutro. 29. A - ; B + ; C – 30. Negativa ou neutra ; + 31. e 22 Física Bibliografia GOMES, Luis Carlos, ‘Apostila de aula’, CMPA, RS, 2005. ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR- BRA, 1994. BASSALO, José Maria Filardo. Crônicas da Física. Tomo I. Be- lém: Universidade Federal do Pará, 1987. HALIDAY, D.,RESNICK, R., WALTER, J. Fundamentos de Física, Volume 3. Rio de Janeiro, RJ: LTC – Livros Técnicos e Cien- tíficos Editora S.A., 7ª edição, 2004. TIPLER, P. A., MOSCA, G., Física para Cientistas e Engenhei- ros. Volume 3. Rio de janeiro, LTC,6ª ed., 2008. SEARS, F.W., ZEMANSKY, M.W., YOUNG, H.D., FREEDMAN, R.A. Física 3. São Paulo, SP: Addison Wesley, 10ª edição, 2003. JEWETT, J.W.JR.,SERWAY, R. A. Física para Cientistas e Enge- nheiros. Volume 3. São Paulo, Cenage Learning, 8ª edição 2011. KELLER, F, J., GETTYS, W, E. ,SKOVE, M. J. Física. Volume 3. São Paulo, Markon Books. Gelson Luiz Fernandes Barreto Eletrostática 2 Gelson Luiz Fernandes Barreto Capítulo 2 24 Física 2.1 Força Elétrica A interação entre cargas elétricas de atração ou de repulsão se dá por meio de uma força de origem elétrica, Charles Augus- tin Coulomb (1736-1806), realizou inúmeras experiências nas quais identificou os fatores que influenciam a força elétrica (Fe) ou (F) entre duas cargas. Figura 2-01: Força elétrica de atração e de repulsão. Coulomb concluiu que o módulo da força era: a) O módulo é diretamente proporcional ao produto dos módulos entre as duas cargas. b) O módulo é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. Capítulo 2 Eletrostática 2 25 Assim, tem-se: Onde , indica uma proporcionalidade. Matematicamente, para ter-se uma equação no lugar de uma proporção, é necessário inserir uma constante. Então a constante determinada por Coulomb, tem a ver com o meio no qual as cargas estão inseridas. Como a con- centração de partículas do meio pode alterar o módulo da força, o meio escolhido por Coulomb, foi o vácuo, onde a constante elétrica desse meio é K0. , Sendo K0 a constante elétrica do vácuo e tem módulo , o que equivale a , onde corresponde à permissividade elétrica do vácuo e tem módulo: 26 Física Como força é uma grandeza vetorial, tem-se que: ou O vetor força entre as cargas Q1 e Q2 tem o mesmo módulo e unidade, a direção é da reta que une as duas cargas. O sentido será sempre contrário. E é aplicada em corpos diferen- tes, a carga Q1 exerce força sobre a carga Q2 , e a carga Q2 exerce uma força igual sobre a carga Q1 . Quando se tem um sistema com mais de duas cargas, de- ve-se fazer vetorialmente a força resultante entre elas.  Exemplo 2-01: Determine a força resultante sobre a carga Q3 , sendo Q1 = 3µC, Q2 = 4µC e Q3 = – 1µC , quando separadas no vácuo, as distâncias indicadas abaixo: Q1 Q3 Q230 cm 20 cm Capítulo 2 Eletrostática 2 27 A força resultante sobre a carga Q3 é:  Exemplo 2-02: Na questão anterior, determine a força resultante sobre Q1:  Exemplo 2-03: Na questão anterior, determine a força resultante sobre Q2: 28 Física O gráfico da força em função da distância é um ramo de parábola, pois, conforme a distância entre as cargas aumenta, a força e tende a ‘zero’. Gráfico 2-01: Força elétrica em função da distância. 2.2 Campo Elétrico O conceito de campo elétrico é abrangente e determina uma região no espaço onde uma carga exerce uma interaçãoelé- trica com outra. Chama-se uma carga de carga 'Q' e a outra carga de teste 'q' ou, às vezes, de puntiforme, pois o |Q| >> |q|. Portanto, ao posicionar uma carga 'q' de uma carga 'Q' , e esta sofrer al- guma ação elétrica (atração ou repulsão), pode-se concluir Capítulo 2 Eletrostática 2 29 que a carga 'q' está ao alcance da carga criadora 'Q' por- tanto, está dentro da região de campo elétrico gerado pela carga criadora. Campo elétrico é uma grandeza vetorial, denomina-se ve- tor campo elétrico E, cujo módulo pode ser expresso por: Onde F, representa a força elétrica entre as duas cargas. Sua unidade é , e, como a força é dada pela lei de Coulomb, tem-se: Assim, o E, é diretamente proporcional ao módulo 'Q' e in- versamente proporcional a quadrado da distancia entre elas. Como a carga teste não interfere no módulo do E, define-se o seu sentido em função do sinal da carga criadora. Q > 0 → Afastamento Q < 0 → Aproximação Sendo sua direção a da reta que as une. A representação do vetor E se dá por linhas de força, que são linhas imaginá- rias que saem de uma carga positiva e entram em uma carga negativa. São linhas abertas que nunca se cruzam e quanto 30 Física mais próximas, mais intenso é o módulo de E. Sendo o E tan- gente às linhas em qualquer posição. Q > 0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - q > 0 (E → F →) Q > 0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - q > 0 (E → F →) Q < 0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - q > 0 (E → F →) Q < 0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - q < 0 (E → F →) A representação do E, para cargas puntiformes, positiva ou negativa, tem um formato radial. + - Figura 2-02: Sentido do campo elétrico gerado por cargas. A representação do E, para placas uniformemente carre- gadas com sinais opostos. Capítulo 2 Eletrostática 2 31 + + + + + + + + + - - - - - - - - - E Figura 2-03: Campo elétrico entre duas placas carregadas com cargas de sinais opostos. Sendo as placas de mesmo sinal, as linhas de força seriam de repulsão.  Exemplo 2-04: Quais as características do campo elétrico gerado por uma carga Q = 4µC, em um ponto ‘p’ situado a 30 cm da mesma, no vácuo? Q p30 cm 32 Física Havendo duas ou mais cargas criadoras, determina-se o módulo resultante do E, seguindo-se as regras de operações com vetores.  Exemplo 2-05: Determine o campo resultante em um ponto 'p' situado en- tre duas cargas Q1 = 3µC , Q2 = 1µC, quando separadas no vácuo as distâncias indicadas abaixo: Q Q2p3 cm 2 cm Considerando-se um condutor eletricamente carregado, o campo elétrico gerado existe a partir da sua superfície, sendo nulo no seu interior. Capítulo 2 Eletrostática 2 33 Exercícios - I 1. Considere duas cargas positivas, q1 e q2, sendo q1 maior do que q2. Para que uma terceira carga q fique em equilí- brio quando colocada sobre a linha que una q1 e q2, sua posição deverá ser: a) entre q1 e q2, mais próxima de q1 se q for positiva; b) à esquerda de q1 se q for negativa; c) entre q1 e q2, mais próxima de q2 se q for positiva; d) entre q1 e q2, mais próxima de q1 se q for negativa. + + q1 q2 2. Observe o desenho que segue e indique para cada situação proposta, o que acontece: a) Qual o novo módulo da força F se a distância entre as cargas aumentasse para 6 m? b) Qual o novo módulo da foça F se q1 duplicasse e q2 quadruplicasse? c) Qual o novo módulo da força F se q1 duplicasse, q2 octu- plicasse e a distância entre as cargas aumentasse para 9 m? d) Qual o novo módulo da força F se a distância aumen- tasse para 27 m sem alterarmos o valor inicial das cargas? 3m F F = 24N 34 Física 3. Duas cargas elétricas com valores respectivamente iguais a q1 = 2 µC e q2 = 3 µC são colocadas no vácuo e es- tão separadas por uma distância de 2 cm uma da outra. Sabendo que a força que surge entre elas é de repulsão e com intensidade de 135 N, determine o valor da constante elétrica “k” da expressão geral da lei de Coulomb. 4. Duas esferas metálicas, uma com carga de 0,2 µC e outra com carga de – 0,1 µC, estão colocadas no vácuo e afas- tadas de 10 cm uma da outra. a) calcule a força entre elas; b) se as duas esferas forem colocadas em contato e separa- das novamente por 10 cm, qual será o novo valor da força entre elas? Será uma força de atração ou repulsão? 5. Uma carga pontual positiva, q1 = 0,23 µC é colocada a uma distância r = 3 cm de outra carga pontual negativa q2 = – 0,6 µC. a) supondo que as carga estejam no vácuo, calcule o valor da força que as carga exercem entre si; b) o valor da força que a carga q1 exerce sobre q2 é maior, menor ou igual à força que q2 exerce sobre q1? c) se multiplicássemos a carga q1 por 4 e dividíssemos q2 por 2, o que aconteceria com a força? Capítulo 2 Eletrostática 2 35 d) considerando que os valores de q1 e de q2 não tivessem sidos alterados, mas que a distância entre as cargas fosse duplicada, qual seria o novo valor da força? e) se essas cargas estivessem mergulhadas em óleo, qual seria o módulo da força entre elas? 6. Duas cargas elétricas pontuais estão separadas por uma distância de 15 cm. Altera-se a distância entre essas cargas até que a força elétrica entre elas se torne 25 vezes maior: a) A distância entre as cargas foi aumentada ou diminuída? b) Qual o novo valor da distância entre elas? 7. Colocam-se no vácuo duas cargas elétricas pontuais iguais a uma distância de 2 cm uma da outra. A intensidade da força de repulsão entre elas é de 202,5 N. Determine o valor das cargas. 8. Duas cargas elétricas (q1 e q2) se atraem com uma força F. Para quadruplicar a força entre as cargas, é necessário: a) duplicar a distância entre as cargas; b) quadruplicar a distância entre as cargas; c) dividir por dois a distância entre as cargas; d) dividir por quatro a distância das cargas; e) duplicar o valor de q1 ou de q2. 36 Física 9. Duas cargas q e Q atraem-se com força F. Dobrando-se a distância r entre ambas, a força de atração será: a) F/2 b) F/4 c) 4.F d) 2.F e) F 10. Duas esferas metálicas pequenas A e B, de massas iguais, suspensas por fios isolantes conforme indica a figura, são carregadas com cargas elétricas positivas que valem res- pectivamente Q na esfera A e 2.Q na esfera B. Sendo F1 a força exercida por A sobre B e F2 a força elétrica exercida por B sobre A, pode-se afirmar que: a) F1 = F2 b) F1 = 2.F2 c) F1 = ½.F2 d) F1 = 4.F2 e) F1 = ¼.F2 Capítulo 2 Eletrostática 2 37 11. Determine a força elétrica que surge quando duas cargas elétricas de 7 µC e outra de 3,6 µC são colocadas a 2 cm de distância uma da outra. 12. Uma carga elétrica igual a 2,5 µC é colocada a 5 cm de distância de uma outra carga Q. Determine o valor de Q sabendo que a força que surge entre elas é igual a 37,8 N. 13. Se uma força de repulsão igual a 9 430 N aparece quan- do colocamos uma carga elétrica igual a 4,1 µC a 3 mm de uma outra carga, calcule o valor da carga. 14. Quando duas cargas iguais a 8,6 µC e – 5 µC, respec- tivamente, são colocadas próximas uma da outra, surge uma força elétrica de atração igual a 430 N. Determine a distância em que essas cargas foram colocadas. 15. Um corpo com excesso de 3,125 . 1013 elétrons é colo- cado a uma distância de um outro objeto com excesso de 2,5 . 1013 prótons. Nesse instante, surge uma força elé- trica de (atração; repulsão) entre eles com intensidade de 450 N. Determine a distância (r) entre esses corpos. Gabarito 1. c 2. a) F = 6 N b) F = 192 N c) F = 42,67 N d) F = 0,29 N 3 . k = 9.109 4. a) F = 0,018 N b) F = 2,25 . 10-3 N 5. a) F = 1,38 N b) igual c) F = 2,76 N d) F = 0,345 N e) F= 0,3 N 6. a) diminui b) 3 cm 7. q = 3 . 10-6 C 8. c 9. b 10. a 11. F = 567 N 12. q = 4,2 µC 13. q = 2,3 µC 14. r = 3 cm 15. r = 2 cm ; atração 38 Física Exercícios - II 1. Uma carga elétrica puntiforme q é colocada em um ponto P de um campo elétrico E. Pode-se afirmar que: a) A intensidade do vetor campo elétrico em P depende do módulo da carga puntiforme aí colocada. b) O vetor campo elétrico em P tem sentido que depende do sinal de q. c O vetor campo elétrico em P tem mesma direção e senti- do da força, que aplica em q > 0. d) O vetor campo elétrico em P tem sentido oposto ao da força, que aplica em q > 0. e) Nada do que se afirmou é correto. 2. Em um ponto do espaço, o vetor campo elétrico tem in- tensidade 3,6 x 103 N/C. Uma carga puntiforme de 1,0 x 10–5 C colocada nesse ponto sofre a ação de uma força elétrica. Calcule a intensidade da força. 3. Determine a intensidade do vetor campo elétrico originado por uma carga puntiforme fixa Q = 10µC, em um ponto P no vácuo distante 10 cm da carga. 4. Duas cargas elétricas puntiformes Q1 = 16µC e Q2 = – 9µC estão separadas por uma distância de 7 m, no vácuo, onde k = 9 x 109 N.m2/C2. Calcule o módulo do vetor Capítulo 2 Eletrostática 2 39 campo elétrico resultante em um ponto P da reta que pas- sa pelas cargas, a 4 m da carga Q1 e 3 m da carga Q2. 5. Um elétron é abandonado em repouso em um ponto P de um campo elétrico uniforme. O elétron adquire: a) Movimento retilíneo uniforme. b) Movimento retilíneo uniformemente acelerado. c) Movimento retilíneo uniformemente retardado. d) Movimento circular uniforme. e) Fica parado. 6. Considere as afirmações: I – O campo elétrico no interior de um condutor es- férico eletrizado, seja maciço ou oco, é nulo. II – Na superfície de um condutor eletrizado em equilíbrio, o campo elétrico é normal à superfície. III – O campo elétrico originado por um condutor es- férico de raio R eletrizado com carga Q, em pontos externos à esfera, é calculado considerando que Q seja puntiforme e concentrada no centro da esfera. a) Só a I é correta. b) Só a II é correta. c) Só a III é correta. 40 Física d) Todas são corretas. e) Todas estão corretas. 7. Uma esfera metálica oca de raio R = 5,0 cm foi eletrizada com a carga de 3,0 x 10–7 C. Calcule as intensidades dos vetores campo elétrico nos pontos situados a 1,0 cm e 10,0 cm do centro da esfera. k = 9 x 109 N.m2/C2. Gabarito 1. c 2. 3,6 . 10–2 N 3. 9 . 106 N/C 4. 1,8 . 104 N/C 5. b 6. d 7. E1 = 0 ; E2 = 2,7 . 105 N/C 8. 2,7 x 10–2 J Capítulo 2 Eletrostática 2 4141 Física Bibliografia ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR- BRA, 1994. HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols. 2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª edição, 2002. SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2 e 4, Addison Wesley do do Bra sil, São Paulo, 10ª edição, 2003. KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm J., Física, Vol. 2, Ma kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª edição, 1999. TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 4ª edição, 2000. CHAVES, Alaor, Física, Vol. 2 – Eletromagnetismo, Rio de Ja- neiro: Reichmann & Af fonso Ed., 2001. Gelson Luiz Fernandes Barreto Eletrodinâmica I Gelson Luiz Fernandes Barreto Capítulo 3 Capítulo 3 Eletrodinâmica I 43 3. 1 Histórico Por muito tempo a ciência procurou construir um modelo úni- co e uniforme que explicasse todos os fenômenos da nature- za. Cada tentativa nesse sentido, porém, era desmentida por uma série de fenômenos que não se "sujeitavam" a uma única explicação. Assim, proliferavam inúmeras teorias sobre "subs- tâncias" e "fluidos", que procuravam dar conta de fenômenos particulares. Esse foi o caso dos "fluidos magnéticos", uma misteriosa entidade que explicaria o magnetismo avesso aos modelos físicos até então predominantes. A tarefa de desmis- tificá-los integrando o magnetismo aos fenômenos eletrodinâ- micos, caberia, entre outros, ao francês Ampère e ao alemão Ohm, que, além disso, estabeleceriam unidades de medidas das correntes elétricas. Filho de um abastado comerciante de seda, André Marie Ampère nasceu em 1775, dominou vastas áreas do conheci- mento humano, sobretudo a matemática e a filosofia raciona- lista de Descartes e dos enciclopedistas de sua época. Em 1793, durante a chamada Época do Terror, o pai de André Marie foi guilhotinado pelo governo revolucionário, e o jovem passou a dar aulas particulares para manter-se. De 1801 a 1803, ocupou a cátedra de física em Bourg-en-Bresse. Desse período, data sua primeira obra publicada, Considera- ções sobre a Teoria Matemática do Jogo, que lhe abriria as portas para cargos cada vez mais relevantes. Foi professor de matemática em Lyon, instrutor (e posteriormente professor) de análise matemática na Escola Politécnica de Paris, inspetor ge- 44 Física ral da Universidade de Paris e professor de filosofia da Facul- dade de Letras, muitas vezes, acumulando cargos. Em 1814, ano em que publicava Memórias sobre a Inte- gração das Equações de Derivadas Parciais, foi eleito membro da Academia de Ciências. Foi na academia que Ampère, em 1820, apresentou os primeiros trabalhos sobre o que chamaria eletrodinâmica, um novo ramo da física. Tais estudos inspiravam-se nas pesquisas do dinamarquês Hans Christian Oersted, e demonstravam ex- perimentalmente que as correntes elétricas se atraem ou se re- pelem mutuamente, como no fenômeno do magnetismo. Este, em suma, era de natureza idêntica à eletricidade e não era provocado por algo como "fluidos magnéticos". Inicialmente, Ampère explicou essa identidade entre a ele- tricidade e o magnetismo a partir da hipótese de que havia correntes elétricas na superfície dos ímãs. Mais tarde, sob a orientação de Jean Fresnel (1788-1827), abandonou essa concepção, a favor da hipótese de que tais correntes se situ- ariam não na superfície do ímã, mas em torno de cada uma de suas moléculas. Embora violentamente atacada na época, essa hipótese abriria caminho para a elaboração, nas primei- ras décadas do século XX, da moderna teoria eletrodinâmica, que estabelece a identidade entre a eletricidade e o magnetis- mo ao nível dos elétrons. As experiências de Ampère baseavam-se em aparelhagens simples. Por exemplo, ele construiu um dispositivo de apenas dois condutores elétricos paralelos, um fixo e outro móvel em torno de um eixo. Assim, pôde constatar a criação de um cam- Capítulo 3 Eletrodinâmica I 45 po magnético entre os condutores, quando estes eram atra- vessados pela corrente elétrica, o que era evidenciado pelo movimento de atração ou de repulsão do condutor móvel. Dessas observações, resultariam os quatro importantes princípios do eletromagnetismo, formulados por Ampère:  As ações de uma corrente ficam invertidas quando se inverte o sentido dela.  As ações exercidas sobre um condutor móvel por dois outros fixos, situados a igual distância em relação ao primeiro, são iguais.  A ação de um circuito fechado, ou de um conjunto de circuitos fechados, sobre um elemento infinitésimo de uma corrente elétrica é perpendicular a esse mesmo ele- mento.  Com intensidades constantes, as interações de dois ele- mentos de corrente não mudam quando suas dimensões lineares e suas distâncias são modificadas em uma mes- ma proporção. A partir dessas experiências, Ampère calculou a relação entre a força magnética e a intensidade da corrente elétrica, pela mensuração da distância entre os dois condutores (fixo e móvel) quando percorridos por eletricidade. Com esse cálculo, tornou-se possível quantificar a intensi- dadeda corrente elétrica, isto é, medir o fluxo de uma determi- nada quantidade de eletricidade em uma unidade de tempo. Em homenagem ao seu formulador, a unidade dessa medida 46 Física de intensidade da corrente elétrica receberia o nome de am- père, cujo símbolo é A. Define-se ampère como o equivalente a 1 coulomb (6,28x 1018 elétrons) por segundo. As conclusões de Ampère sobre a eletrodinâmica – apre- sentadas em várias sessões da Academia de Ciências – foram sistematizadas em Teoria Matemática dos Fenômenos Eletrodi- nâmicos, Deduzida Unicamente da Experiência, que publicou em 1827. Além desses estudos, Ampère também realizou inú- meras pesquisas sobre mecânica, matemática, geometria, óp- tica, e assim por diante. Nos últimos anos de sua vida, também passou a se dedicar à filosofia e, sob a influência da leitura do filósofo alemão Immanuel Kant, desenvolveu uma classifica- ção do conhecimento humano, de que resultaria Ensaio sobre a Filosofia das Ciências, publicado em 1834, dois anos antes de sua morte. Em suas pesquisas que conduziram à quantificação da in- tensidade da corrente elétrica, Ampère também elaborou a distinção entre esse conceito e o da tensão elétrica (que po- pularmente é denominada "voltagem"). Apesar disso, e devido à insuficiência de instrumentos disponíveis, ele não chegou a estabelecer a relação entre esses dois conceitos – o que ca- beria ao físico alemão Ohm. George Simon Ohm nasceu em Erlangen, Alemanha, em 1787. Filho de um próspero serralheiro que gostava de mate- mática, logo se revelou um habilidoso pesquisador, realizan- do experiências com instrumentos que ele próprio fabricava. Depois de estudar na Universidade de Erlangen, em 1817, passou a lecionar matemática e física no Colégio Jesuíta de Capítulo 3 Eletrodinâmica I 47 Colônia. Em 1827, publicou Teoria Matemática das Correntes Elétricas, mas o trabalho foi recebido com tanta frieza que ele se demitiu do colégio. A partir de 1833, no entanto, passou a ensinar na Escola Politécnica de Nuremberg. O reconhecimento de sua obra começaria a vir da Ingla- terra, quando a Sociedade Real de Londres lhe outorgou uma medalha (1841). Em 1849 foi-lhe confiada a cadeira de física experimental da Universidade de Munique, que ocuparia até a morte, em 1854. Em suas experiências, Ohm procurou analisar a possível relação entre a intensidade e a tensão de uma corrente elétri- ca que atravessa um condutor. Verificou que a intensidade da corrente elétrica, medida em ampères, e a diferença de poten- cial (ou tensão), medida em volts, estão relacionadas segundo uma proporção constante. Essa proporção denomina-se resis- tência elétrica. Durante muito tempo, as pesquisas sobre a eletricidade e o magnetismo desenvolveram-se de modo paralelo, sem nenhu- ma relação entre si. Segundo o modelo da estática newtonia- na, era impossível a relação entre esses dois fenômenos. Em 1820, porém, uma simples experiência, idealizada pelo físico dinamarquês Hans Christian Oersted, demonstraria a possibi- lidade de interligar os dois fenômenos: segundo suas próprias palavras, ele estendeu "uma porção retilínea de um fio (percor- rido por uma corrente produzida por uma pilha) acima de uma agulha imantada e paralelamente à sua direção". Percebeu então que "a agulha sai de sua posição, o polo que se acha sob a parte do fio conjuntivo mais próxima do polo negativo 48 Física do aparelho galvânico desvia-se para oeste... Se o fio estiver disposto horizontalmente debaixo da agulha, os efeitos serão os mesmos, a menos que sejam de sentido contrário". Comunicadas no mesmo ano na Academia de Ciências de Paris, tais conclusões foram recebidas com ceticismo. Elas, no entanto, serviram de inspiração para as investigações de Ampère, que anunciaria, tempos depois, conclusões idênticas para o mesmo público. 3.2 Corrente Elétrica (I) É definida como o fluxo orientado de elétrons livres em um condutor. Em outras palavras, é a quantidade de carga que atravessa a área da secção transversal do condutor em um intervalo de tempo. I = lim Q ∆t∆t → 0 I = Q ∆t A unidade da corrente elétrica é Ampère ( 1 A = s1 C1 ) Capítulo 3 Eletrodinâmica I 49 e– e– e– e– A Figura 3-01- Fluxo de elétrons. Essa organização do movimento dos elétrons se deve à aplicação de uma DIFERENÇA DE POTENCIAL, nas extremi- dades do condutor. DDP, significa a energia que cada carga deve receber para realizar um trabalho, ou seja, um deslocamento dentro de um condutor. DDP é medida em VOLTS (V), e também conhecida como tensão ou voltagem. O seu símbolo é U. 1V = 1J 1C 3.3 Resistência Elétrica (R) Representa a oposição à passagem dos elétrons pela estrutura da rede cristalina dos elétrons do material. 50 Física Ou seja, é a dificuldade encontrada pelas partículas (e-), para atravessarem um condutor. Quanto maior a dificuldade, mais energia eles perdem. A resistência pode ser defina pela razão entre DDP aplica- da e a corrente elétrica gerada. R = U I Isso significa que a intensidade da corrente aumenta con- forme a voltagem se eleva, mas diminui quando a resistência aumenta de valor. Seus valores são expressos em ohms, unidade de medida de resistência, assim denominada em homenagem ao cientista alemão. Então a unidade de resistência é o OHM (Ω), que significa 1V 1A . A resistência pode ser determinada levando-se em conside- ração as características do condutor, como área (A), compri- mento (L) e tipo de material (ρ). R = L A ρ Onde: L é o comprimento do condutor, A a área de sua seção transversal (a "espessura") e ρ, a sua resistividade, isto é, a resistência apresentada por unidade métrica do material de que o condutor é feito. Cada material possui um determi- nado valor de resistividade, e essa propriedade passou a ser Capítulo 3 Eletrodinâmica I 51 aplicada posteriormente na criação dos dispositivos chamados resistências, usados em aparelhos como chuveiros e ferros de passar elétricos 3.4 Potência Elétrica Uma grandeza muito importante em eletricidade é a potência elétrica, que representa a energia perdida pelos elétrons ao passarem por uma resistência em função do tempo. P = P = UI = = RI²ENERGIATEMPO U² R A unidade de potência é o W (watt), 1W = IJ1s Em eletricidade, é muito usual trabalhar o tempo em horas e a potência em kW (quilowatts), com isso, a energia elétrica pode ser medida em kWh. 1kWh = 3.6x106J Exercícios 1. Um ferro de soldar tem potência de 120 W, dimensionado para trabalhar ligado a uma fonte de 240 V. Se quisermos 52 Física ligar um fusível de proteção ao ferro de soldar, dentre os valores abaixo, devemos escolher o de: a) 0,1 A b) 0,5 A c) 1,0 A d) 5,0 A e) 13,0 A 2. Um chuveiro elétrico, ligado em 120 V, é percorrido por uma corrente elétrica de 10 A durante 10 min. Quantas horas levaria uma lâmpada de 40 W, ligada nessa rede, para consumir a mesma energia elétrica que foi consumida pelo chuveiro? a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 3. Um chuveiro elétrico de resistência R = 10Ω foi construído para trabalhar sob tensão de 110 V. Para adaptá-lo ao uso em 220 V, mantendo a mesma potência para aquecimento da água, deve-se substituir a resistência R por outra de: a) 40,0 Ω Capítulo 3 Eletrodinâmica I 53 b) 20,0 Ω c) 5,0 Ω d) 4,0 Ω e) 2,5 Ω 4. O quilowatt-hora tem dimensão de: a) potência elétrica b) quantidade de eletricidade c) potencial elétrico d) campo elétrico e) energia 5. A potência dissipada para um determinado chuveiro elétrico é da ordem de 5 000 W. Se forem cobrados R$ 0,40 pelo consumo de 1 kW.h, qual seria o custo aproximado de um banho quente de 15 min desse chuveiro? a) R$ 2,00 b) R$ 1,50c) R$ 0,25 d) R$ 0,50 e) R$ 0,05 54 Física 6. Um chuveiro elétrico é construído para a tensão de 220 V, consumindo então potência de 2,0 kW. Por engano, sub- mete-se o chuveiro à tensão igual a 110 V. Admitindo que a resistência elétrica do chuveiro permaneça invariável, a potência que ele dissipa passa a ser: a) 0,50 kW b) 1,00 kW c) 2,00 kW d) zero e) N.R.A. 7. Um fio de secção transversal constante, feito de determinado material, tem 10,0 km de comprimento e 50,0 mm² de secção transversal. Sua resistência é de 4,0 Ω. Qual é o valor, em Ω.m, da resistividade elétrica do material do qual é feito o fio? a) 2,0 . 101 b) 2,0 . 10-2 c) 2,0 . 10-5 d) 2,0 . 10-8 e) 2,0 . 10-12 8. Um fio de ferro homogêneo, de 2 m de comprimento, tem área de secção transversal de 20 cm². Sabendo que a sua Capítulo 3 Eletrodinâmica I 55 resistividade ρ é de 1,7 . 10-8 Ω.m, o valor da resistência do fio, em Ω, é de: a) 2 .10-8 b) b) 1,7 . 10-8 c) c)1,7 . 10-7 d) 2,0 . 10-5 e) e) 4 . 10-3 9. As características de um chuveiro elétrico costumam ser apresentadas assim: potência elétrica P quando ligado à tensão V. Em termos dessas grandezas, podemos dizer que a resistência elétrica (R) do chuveiro e a corrente elétrica (i) que passa através dele, quando ligado, são dadas, respec- tivamente, por: a) P/V e P.V b) V/P e P2.V c) P2/V e V/P d) V2/P e P/V e) P.V2 e P/V 10. Um chuveiro elétrico ligado a uma rede de 220 V consome 1 210 W de potência. a) Qual a intensidade de corrente elétrica utilizada pelo chuveiro? b) Qual a resistência do chuveiro? 56 Física 11. Um chuveiro elétrico de 220 V dissipa uma potência de 3,6 kW. a) Qual o custo de um banho de 20 min de duração se a tarifa é de R$ 0,18 por kW.h? b) Desejando dobrar a variação de temperatura da água, mantendo constante a sua vazão, qual deve ser a nova resistência do chuveiro? 12. Um condutor linear com 10 ohms de resistência é per- corrido por uma corrente elétrica de 2,0 A durante 2,0 s. Calcular, em joules, a quantidade de energia produzida. 13. Os valores nominais de um resistor são 10 Ω e 40 W. Isso significa que, utilizado nas condições especificadas pelo fabricante, ele deve ser submetido a uma tensão, em volts, e a uma corrente, em ampères, respectivamente, de: a) 400 e 8 d) 20 e 2 b) 40 e 4 e) 10 e 4 c) 40 e 2 14. Uma lâmpada é fabricada com as seguintes especifica- ções: 120 V - 60 W. Nesse caso, a resistência da lâmpada, quando submetida à tensão nominal, vale: a) 0,50 Ω b) 2,00 Ω c) 1,2 . 102 Ω Capítulo 3 Eletrodinâmica I 57 d) 2,4 . 102 Ω e) 4,8 . 102 Ω 15. Duas lâmpadas incandescentes, cujas especificações são 40 W - 120 V e 200 W - 120 V, apresentam, quando em funcionamento normal, resistências elétricas respectiva- mente iguais a R40 e R200. Quanto vale a razão 2 r ? a) 0,20 b) 0,50 c) 5,00 d) 0,40 e) 2,00 16. Um resistor de resistência elétrica r, quando ligado a uma ddp igual a 220 V, dissipa 1 000 W. Para que outro resis- tor, ligado a 110 V, dissipe 2 000 W, deve ter resistência elétrica: a) 2r b) r c) 2 r d) r 4 e) r 8 17. Se uma lâmpada de potência 100 W permanecer ligada durante 5 horas por dia, ao fim de 30 dias, o consumo de energia elétrica correspondente será de: a) 15 W.h b) 150 W.h 58 Física c) 15 kW.h d) 150 kW.h e) 1 500 kW.h 18. Sabe-se que: I – a corrente elétrica que atravessa um fio condutor é inversamente proporcional à resistência elétrica do fio. II – a resistência elétrica de um fio condutor é inver- samente proporcional à área de sua secção reta. Baseado nessas informações, resolva os itens a e b abaixo. a) Como a corrente de um fio condutor está relacionada com área da secção reta do fio? b) Se a corrente que atravessa um fio de 1 mm de raio é 5 A, qual será a corrente que atravessa um fio do mesmo material, de mesmo comprimento e raio igual a 2 mm, submetido à mesma diferença de potencial. 19. Sabe-se que a resistência elétrica de um fio cilíndrico é diretamente proporcional ao seu comprimento e inversa- mente proporcional à área de sua secção reta? a) O que acontece com a resistência do fio quando tripli- camos o seu comprimento? b) O que acontece com a resistência do fio quando dupli- camos o seu raio? Capítulo 3 Eletrodinâmica I 59 20. A resistência elétrica de um fio com 300 m de comprimento e 0,3 cm de diâmetro é de 12 Ω. Determine a resistência elétrica de um fio de mesmo material, mas com diâmetro de 0,6 cm e comprimento de 150 m. a) 1,5 Ω b) 3 Ω c) 6 Ω d) 12 Ω e) 24 Ω Gabarito 1. b 2. e 3. a 4. e 5. d 6. a 7. d 8. c 9. d 10. a) 5,5 A ; b) 40 Ω 11. a) R$ 0,216 ; b) 6,72 Ω 12. 80J 13. d 14. d 15. a 16. e 17. c 18. a) i∝ ; b) i = 20 A 19. a) aumenta 3 x b) diminui 4 x 20. 1,5 Ω 60 Física Bibliografia AXT, R. O papel da experimentação no ensino de ciências. In MOREIRA, M.A. e AXT, R. Tópicos em ensino de Ciências, Sagra editora, Porto Alegre, 1991. MOREIRA, M.A. O professor pesquisador como instrumento de melhoria ao ensino de ciências. In: MOREIRA, M.A. e AXT, R. Tópicos em Ensino de Ciências, Sagra editora, Porto Alegre, 1991. VILLANI, A. Idéias espontâneas e ensino de física. In: Ensino de Fí- sica: dos fundamentos à prática. Vol 1, SE/SP - CENP- 1988. ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR- BRA, 1994. HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols. 2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª edição, 2002. SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2 e 4, Addison Wesley do do Bra sil, São Paulo, 10ª edição, 2003. KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm J., Física, Vol. 2, Ma kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª edição, 1999. TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 4ª edição, 2000. CHAVES, Alaor, Física, Vol. 2 – Eletromagnetismo, Rio de Ja- neiro: Reichmann & Af fonso Ed., 2001. Gelson Luiz Fernandes Barreto Eletrodinâmica II Gelson Luiz Fernandes Barreto Capítulo 4 62 Física 4.1 Classificação de corrente Elétrica Pode-se classificar a corrente quanto a sua forma e ao seu sentido. 4.1.1 Quanto à forma pode ser:  4.1.1.1 Corrente contínua (CC): É a corrente que mantém a mesma intensidade do fluxo, mesma direção e sentido. A maioria dos equipamentos eletrônicos residências funcio- na com corrente continua. i t Figura 4-01 Corrente Contínua. A área desse gráfico fornece a quantidade de carga que passa pelo condutor no intervalo de tempo. As fontes de corrente contínua, são todos os tipos de pilhas e de baterias. Capítulo 4 Eletrodinâmica II 63  4.1.1.2 Corrente Alternada (CA): É a corrente que oscila em um intervalo de tempo inverten- do sua fase e variando o seu módulo. Figura 4-02 Corrente Alternada. A fonte de corrente alternada é a própria rede a elétrica, com uma frequência 60 Hz, ou seja, oscila sessenta vezes por segundo. 4.1.2 Quanto ao sentido forma pode ser:  4.1.2.1 Corrente Real: Representa o movimento dos elétrons livres do condutor de um potencial menor, para um maior, ou seja, contra o sentido do campo elétrico estabelecido. 64 Física  4.1.2.2 Corrente Convencional: Representa o movimento dos “prótons” do condutor de um potencial maior, para um menor, ou seja, a favor do senti- do do campo elétrico estabelecido. Na prática, os prótons não se movem, essa convenção pode ser feita pelo fato de o próton e o elétron possuírem o mesmo módulo de carga. Então se pode fazer a analogia de que quando um elétron se deslocaem um sentido e um próton se desloca em sentido oposto. O sentido da corrente elétrica adotado no Brasil é o con- vencional, ou seja, do positivo para o negativo. 4.2 Circuito Elétrico É qualquer dispositivo que permite a passagem de corrente elé- trica. Deve conter, no mínimo, uma bateria (para fornecer ener- gia), uma resistência (para dissipar energia), e fios de conexão. Figura 4-03 Circuito elétrico. Capítulo 4 Eletrodinâmica II 65 4.3 Associação de resistores: Geralmente, tem-se que trabalhar com mais de uma resistên- cia, então temos que associá-las (somá-las): 4.3.1 Associação de resistores em Série: A corrente possui somente um caminho a percorrer. Todos os elétrons que entram no circuito tem que passar por todos os resistores. I R1 R2 R3 A B Figura 4-04 Circuito série. Onde: • R1, R2 e R3, resistências. • A, polo positivo da bateria. • B, polo negativo da bateria. As características de um circuito assim são: 66 Física A corrente em todos os resistores é a mesma. O potencia total do circuito é a soma das quedas dos potenciais em cada resistência. E a resistência total ou equivalente é soma das resistências parciais. 4.3.2 Associação de resistores em Paralelo: A corrente possui dois ou mais caminhos para percorrer. A corrente que vinha por um único caminho, ao chegar em um nó se divide, inversamente proporcional às resistências dos caminhos a percorrer. R1 R3 I A R2 B Figura 4-05 Circuito em paralelo. Capítulo 4 Eletrodinâmica II 67 A corrente total é a soma de cada correte que passa em cada resistor. O potencia total do circuito é igual em todas as resistências, pois cada uma está ligada diretamente à bateria. E a resistência total ou equivalente é soma dos inversos das resistências parciais. Quando se tem apenas duas resistências, a resistência equivalente pode ser dada, por: Quando se tem várias resistências iguais, a resistência equivalente pode ser dada, por: Onde n, é o número de resistores. 68 Física “Sempre em paralelo, a resistência equivalente é menor do que a menor resistência que participa da soma.” 4.3.3 Associação de resistores em Mista: Quando uma associação apresentar partes em série e par- tes em paralelo, simultaneamente. Para chegar à resistência equivalente, deve-se iniciar a resolver pela parte que apresenta resistores com as mesmas características; em série a mesma corrente e em paralelo a mesma diferença de potencial. E não importa a posição deles no circuito. Figura 4-06 Circuito misto. Para esse exemplo, deveríamos resolver R1 e R2 em parale- lo, assim como R4 e R5 também em paralelo. A soma dos deles deve se somar em série com R3. Capítulo 4 Eletrodinâmica II 69 Uma fácil maneira de resolver essas questões é tentar fazer uma tabela, com valores de resistência parciais e equivalente, com as correntes, voltagens e potências. Exemplo resolvido 01: No circuito abaixo, temos três lâmpadas ligadas a uma ba- teria de 100 V. Sendo R1 = 120 Ω; R2= 240 Ω e R3= 120 Ω, complete a tabela. R( Ω ) I (A) U (V) P(W) R1 120 0,5 60 30 R2 240 1/6 40 20/3 R3 120 1/3 40 40/3 RAB 200 0,5 100 50 Exemplo resolvido 02: Três lâmpadas iguais são ligadas em série; quando se apli- ca uma certa d.d.p. a essa combinação, a potência consumida é 120 W. Que potência seria dissipada se a mesma d.d.p. fosse aplicada a essas lâmpadas caso elas estivessem ligadas em paralelo? 1º) Em série: Tem-se uma resistência R, para cada lâmpada, o que nos dá uma resistência equivalente de 3R. 70 Física 2º) Em paralelo, tem-se a resistência equivalente: R/3 Exercícios 1. São associados em paralelo dois resistores, de 100 Ω e de 50 Ω, respectivamente. A resistência equivalente será: a) 20 Ω b) 25 Ω c) 33,3 Ω d) 250 Ω e) 150 Ω 2. Na figura abaixo, estão representados dois resistores, R1 e R2, de valores diferentes, ligados à mesma diferença de Capítulo 4 Eletrodinâmica II 71 potencial ∆UAB associados em paralelo (I) e em série (II). Podemos afirmar que: R1 R2 R1 R2 (I) (II) a) corrente que passa por R1 é maior em (I); b) corrente que passa por R2 é maior em (II); c) tensão em R1 é menor em (I); d) tensão em R2 é maior em (II); e) resistência equivalente em (I) é maior. 3. A figura abaixo representa um trecho de circuito elétri- co. A diferença de potencial entre as extremidades do circuito é 2 V. Determine os valores de i e R, respectiva- mente, para a associação. i = 3 A 2Ω R a) 1 A e 4 Ω b) 2 A e 8 Ω c) 3 A e 6 Ω d) 4 A e 4 Ω e) 6 A e 4 Ω 72 Física 4. Um resistor de 5 Ω e um resistor de 20 Ω estão associados em série. A essa associação, é aplicada uma d.d.p. de 100 V. Calcule: a) a resistência equivalente da associação; b) a intensidade da corrente do circuito; c) a tensão em cada resistor. 5. O circuito esquematiza três pilhas de 1,5 V cada, ligadas em série às lâmpadas L1 e L2. A resistência elétrica de cada uma das lâmpadas é de 15 Ω. Desprezando-se a resis- tência das pilhas, qual é a corrente elétrica que passa na lâmpada L1? pilhas L1 L2 a) 0,05 b) 0,10 c) 0,15 d) 0,30 e) 0,45 6. Dois resistores idênticos são associados em série. Se, ao serem percorridos por uma corrente de 2 A produzem, no total, uma queda de potencial de 252 V, qual o valor, em ohms, da resistência de cada um desses resistores? Capítulo 4 Eletrodinâmica II 73 7. Um resistor sujeito à tensão U1 = 3,0 V é percorrido por corrente i1 = 1,5 A. Outro resistor sujeito à tensão U2 = 6,0 V é percorrido por corrente i2 = 2,0 A. Calcule a cor- rente que percorrerá o circuito quando os dois resistores forem ligados em série e os terminais da associação forem sujeitos à tensão ∆U = 15,0 V. 8. Dois resistores R1 = R e R2 = 3.R são ligados em série. Se a tensão elétrica entre as extremidades dos terminais é 120 V, determine a voltagem que passa pelo resistor R2. a) 30 V b) 40 V c) 60 V d) 90 V e) 120 V 9. A resistência equivalente à associação de resistores da figura é: R R R R a) 4.R b) 2.R c) R d) R/2 e) R/4 74 Física 10. Tem-se duas lâmpadas incandescentes com as seguintes características: Lâmpada A: 110 V - 100 W Lâmpada B: 110 V - 200 W Associando-se as duas lâmpadas em série e ligando-as a uma tomada de 220 V, pode-se afirmar que: a) ambas queimam imediatamente; b) ambas queimam após certo tempo; c) a queda de tensão na lâmpada A será maior que na lâmpada B; d) elas brilham mais intensamente; e) o brilho de ambas será menor. 11. Dois resistores iguais estão ligados em série a uma tomada de 110 V e dissipam ao todo 550 W de potência. Observe as figuras abaixo. Capítulo 4 Eletrodinâmica II 75 R R R R 110 V 220 V A potência total dissipada por esses mesmos resistores, se são ligados em paralelo a uma tomada de 220 V, é igual a: a) 550 W b) 4 400 W c) 1 100 W d) 2 200 W e) 8 800 W 12. A resistência equivalente à associação da figura abaixo é: 76 Física R RR R R a) 5.R b) 3.R c) 2,5.R d) 1,2.R e) 0,8.R 13. Para que as associações de resistores ao lado tenham a mesma resistência equivalente, o resistor R deve valer: 3 Ω 6 Ω 6 Ω R 3Ω 6Ω 6 Ω R a) 3 Ω b) 6 Ω c) 9 Ω d) 12 Ω e) 15 Ω 14. Dispõe-se de três resistores de resistências de 300 Ω, uti- lizando os três resistores, para obtermos a maior potência possível, devemos associá-los da seguinte forma: a) dois em paralelo, ligados em série com o terceiro;b) os três em paralelo; c) dois em série, ligados em paralelo com o terceiro; Capítulo 4 Eletrodinâmica II 77 d) os três em série; e) N.R.A. 15. Dispõe-se de vários resistores iguais, de resistência R = 1 Ω. a) Faça um esquema mostrando o número mínimo de re- sistores necessários e a maneira como eles devem ser asso- ciados para se obter uma resistência equivalente de 1,5 Ω. b) Mostre o esquema de outra associação dos resistores disponíveis que também tenha uma resistência equivalente de 1,5 Ω. 16. Um fio homogêneo tem resistência R. Divide-se o fio em quatro partes iguais, que são soldadas como mostra a fi- gura. A resistência dessa associação será: a) 4.R b) 3.R c) R/3 d) R/4 e) 5.R/8 78 Física 17. A resistência do resistor equivalente da associação abaixo vale: R R R R R a) 2.R b) R c) R 2 d) R 3 e) R 4 18. No esquema da figura abaixo, temos que R1 = 3 Ω e R2 = R3 = R4 = R5 = R6 = 6 Ω. Qual a resistência equivalente entre A e B? R1 = 3 Ω R2 R5 R6 R3 R4 a) 2 Ω b) 4 Ω R1 = 3 Ω c) 6 Ω d) 8 Ω e) 10 Ω 19. A figura representa o trecho AB de um circuito elétrico, em que a diferença de potencial entre os pontos A e B é de 30 V. A resistência equivalente desse trecho e as correntes nos ramos i1 e i2 são, respectivamente: Capítulo 4 Eletrodinâmica II 79 5 Ω 15 Ω 30 Ω i2 i1 a) 5 Ω; 9,0 A; 6,0 A b) 12 Ω; 1,0 A; 1,5 A c) 20 Ω; 1,0 A; 1,5 A d) 50 Ω; 1,0 A; 1,5 A e) 600 Ω; 9,0 A; 6,0 A 20. Submete-se a associação de resistores representada abai- xo a uma diferença de potencial de 20 V. Os valores das correntes i1, i2 e i3 são, em ampères, respectivamente: 200 Ω 800 Ω 40 Ω i1 i2 i3 a) 0,08; 0,02; 0,10 b) 0,02; 0,08; 0,10 c) 1,0; 0,025; 0,50 d) 1 12 ; 1 42 ; 0,50 e) 0,08; 0,8; 1 52 Gabarito 1. c 2. b 3. e 4. a) 25 Ω ; b) 4 A c) 20 V ; d) 80 V 5. c 6. 63 Ω e 63 Ω 7. 3 A 8. d 9. c 10. e 11. e 12. d 13. d 14. b 15. Desenho 16. e 17. c 18. d 19. b 20. a 80 Física Bibliografia ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR- BRA, 1994. HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols. 2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª edição, 2002. SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2 e 4, Addison Wesley do do Bra sil, São Paulo, 10ª edição, 2003. KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm J., Física, Vol. 2, Ma kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª edição, 1999. TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 4ª edição, 2000. CHAVES, Alaor, Física, Vol. 2 – Eletromagnetismo, Rio de Ja- neiro: Reichmann & Af fonso Ed., 2001. Gelson Luiz Fernandes Barreto Eletromagnetismo  Eletromagnetismo é o ramo da Física que estuda as inte-rações elétricas e magnéticas em conjunto. Gelson Luiz Fernandes Barreto Capítulo 5 82 Física 5.1 Magnetismo Magnetismo é a propriedade de certos materiais atraírem pe- daços de ferro. 5.1.1 Imãs São pedaços de metais ferrosos que têm a propriedade de se atraírem ou repelirem mutuamente e de atraírem pedaços de ferro. As observações desses fenômenos magnéticos são muito antigas. Esses materiais ferrosos, hoje denominados de magnetita (Fe3O4), eram muito comuns na região da Ásia conhecida por Magnésia, e o grego Tales de Mileto, no sé- culo VI a.C., foi um dos primeiros a fazer observações dos fenômenos magnéticos. Os ímãs podem ser naturais (permanentes) ou artificiais (temporários). Em qualquer ímã, por menor que ele seja, existem duas regiões distintas onde suas propriedades magnéticas se ma- nifestam mais intensamente. Essas regiões são denominadas polos magnéticos do ímã. Quando um ímã está livre para girar em torno do seu cen- tro de gravidade, em um plano horizontal, um dos seus polos aponta sempre para próximo do Norte geográfico da Terra. Esse polo é chamado polo norte magnético do ímã. O outro polo, que aponta para próximo do polo Sul geográfico da Ter- ra, é chamado polo sul magnético do ímã. Capítulo 5 Eletromagnetismo 83 Figura 5-01 Polos de um imã. 5.1.2 Princípio Fundamental “Polos magnéticos de mesmo nome se repelem enquanto polos magnéticos de nomes diferentes se atraem.” Figura 5-02 (A) Atração. Figura 5-02 – (B) Repulsão. 5.1.3 A Terra A Terra, devido ao núcleo de ferro liquido, pode ser con- siderada um grande ímã em cujo Norte geográfico se situa o 84 Física seu polo Sul magnético e em cujo Sul geográfico está o polo Norte magnético. Figura 5-03 A Terra, como um imã. 5.1.4 Inseparabilidade Constata-se, experimentalmente, que é impossível isolar os polos de um ímã. Ou seja, quando dividimos um imã, em cada pedaço sempre haverá um polo norte e um polo sul. Capítulo 5 Eletromagnetismo 85 Figura 5-04 A Inseparabilidade dos polos. 5.2 Campo Magnético Chama-se campo magnético a região do espaço modificada pela presença de um ímã, de um condutor percorrido por uma corrente elétrica ou de um corpo eletrizado em movimento. O vetor indução magnética caracteriza a intensidade, a dire- ção e o sentido do campo magnético em um ponto do espaço. A unidade de indução magnética no S.I. é o tesla (T), sendo Linhas de indução são linhas que permitem uma visualiza- ção do campo magnético. Têm as seguintes características: 86 Física  a) são tangentes ao vetor indução magnética em cada ponto;  b) são orientados no sentido desse vetor;  c) são sempre fechadas, isto é, não têm fontes nem sor- vedouros;  d) a densidade das linhas de indução permite avaliar a in- tensidade do campo magnético em determinada região. 5.2.1 Experiência De Oersted O físico Hans Christian Oersted provou experimentalmente que um fio condutor percorrido por uma corrente elétrica é capaz de provocar deflexões da agulha de uma bússola colo- cada nas suas proximidades. A experiência de Oersted provou que uma corrente elétri- ca produz efeitos magnéticos e que, portanto, os fenômenos elétricos e magnéticos estão fortemente relacionados entre si, constituindo dois aspectos diferentes do comportamento das cargas elétricas. Podemos constatar experimentalmente os seguintes fatos, que constituem manifestações de fenômenos eletromagnéticos.  a) Certos minérios de ferro e algumas outras ligas metá- licas se atraem ou repelem mutuamente, além de atraí- rem pequenos pedaços de ferro. Capítulo 5 Eletromagnetismo 87  b) Um fio condutor percorrido por corrente elétrica exer- ce forças sobre partículas eletrizadas leves em movimen- to nas suas proximidades.  c) Dois fios condutores percorridos por corrente elétrica, quando próximos um do outro. 5.3 Campo Magnético Gerado por uma Corrente Elétrica O campo magnético gerado por uma corrente elétrica em um fio pode ser dado por: 5.3.1 Campo Magnético Gerado por fio Condutor Dado um condutor longo, percorrido por uma corrente elétrica nas suas proximidades, a corrente produz um campo magnético em um ponto P cujo vetor indução magnética tem as seguintes características: 88 Física Figura 5-05 Campo magnético em um fio condutor. Módulo: Direção: perpendicular ao plano formado pelo fio e pela reta perpendicular ao fio que contém o ponto P. Sentido: dado pela “regra da mão direita”. Coloque o po- legar no sentido da corrente e com os demais dedos segure o fio em um movimento circular. Os dedos indicam o sentido do campo magnético. As linhas de indução nesse caso são círculos concêntricos com o fio. A permeabilidade magnética do vácuo é uma constante, emunidades do S.I., vale µ0 = 4 . π . 10 -7 T.m A Capítulo 5 Eletromagnetismo 89 5.3.2 Campo Magnético Gerado por uma Espira Quando o fio tiver um formato geométrico, temos uma es- pira circular, triangular, retangular ou quadrada. Intensidade da indução magnética no centro de uma espira circular Intensidade da indução magnética no centro de uma espira Figura 5-06 Campo magnético em uma espira circular. Pela regra da mão direita, a corrente no sentido anti-horá- rio, o campo magnético aponta para cima do plano a partir do centro da espira, saindo. O que caracteriza o polo Norte magnético. Sendo a corrente no sentido horário, o campo estaria en- trando no ponto ‘O’, no centro, o que representa o polo Sul magnético. 90 Física 5.3.3 Campo Magnético Gerado por um Solenoide Quando o fio for enrolado em torno de um pedaço de fer- ro, tem-se um solenoide. Figura 5-07 Campo magnético em um solenoide. Intensidade da indução magnética no interior de um solenoide: Onde N, é o número de Espiras (voltas) e , o comprimen- to. A razão N/ , é denominada densidade de espiras. O campo magnético de um solenoide se comporta como o de um imã em forma de barra. Um solenoide muito longo per- corrido por uma corrente elétrica constante produz um campo magnético uniforme em seu interior, com linhas de indução paralelas ao eixo do solenoide, exceto nas proximidades das bordas. Nos pontos exteriores ao solenoide, o campo é nulo. Capítulo 5 Eletromagnetismo 91 5.4 Força Magnética Pode analisar a força magnética, sobre uma carga, sobre um fio percorrido por uma corrente elétrica e entre dois fios. 5.4.1 Força Magnética sobre uma carga A força magnética ( ) que age sobre uma partícula eletri- zada com carga positiva q, quando a partícula se move, com velocidade v, na região de um campo magnético de indução . A força tem as seguintes características: Módulo: Fm = B . q . v . sen θ Figura 5-08 Força magnética em uma carga. Direção: da perpendicular ao plano determinado por v→ e B → ; Sentido: dado pela regra da mão direita ⇒ Polegar = Velocidade da carga; Indicador = Campo magnético; palma = Força magnética; 92 Física Fig. 5-09 Regra da mão direita. O ângulo θ, é entre o campo magnético e a velocidade. Obs.: Caso a carga seja negativa, deve-se inverter o sentido de uma das grandezas acima. Analisaremos o movimento de uma carga em um campo magnético uniforme para três situações: 1. θ = 0°: aquela em que a velocidade da carga é paralela ao campo ⇒ a partícula realiza um movimento retilíneo uniforme, devido ao fato de ser nula a força magnética, se nenhuma outra força estiver agindo sobre ela; 2. θ = 90°: aquela em que a velocidade da carga é per- pendicular ao campo ⇒ nesse caso, a força magnética atua como uma força centrípeta, forçando a partícula a realizar um movimento circular uniforme, ou seja, a des- Capítulo 5 Eletromagnetismo 93 crever uma trajetória circular com velocidade de módulo constante, de raio; 3. 0° < θ < 90°: aquela em que a velocidade da carga não é nem perpendicular e nem paralela ao campo ⇒ aqui a velocidade da partícula é decomposta em dois vetores, sen- do um deles paralelo ao campo e outro perpendicular. A composição desses vetores, obrigam a partícula a descrever um movimento helicoidal com o raio dado pela componen- te perpendicular do vetor velocidade e o passo dado pela componente paralela do vetor velocidade ao campo. Observação: o selecionador de velocidades é um dispositivo que tem por finalidade a obtenção de partículas eletrizadas que penetram em certa região com velocidades preestabele- cidas. As velocidades dependem apenas das intensidades do campo elétrico e do campo magnético produzidos no dispo- sitivo. Quando a força elétrica é anulada pela for magnética, tem-se uma trajetória retilínea com: sitivo. Quando a força elétrica é anulada pela for magnética, 5.4.2 Força sobre um fio condutor Quando um elemento de corrente elétrica percorre um condutor, o cálculo da força magnética que age é dado por: Fm = B. I . sen θ 94 Física Figura 5-10 Força magnética em um condutor. Onde: I é a corrente elétrica, em A. é o comprimento do fio, em m. θ é o ângulo entre o fio, campo magnético. A direção e o sentido dados pela regra da mão direita, basta trocar a velocidade pela corrente elétrica (convencional), assim a força será sempre perpendicular à palma da mão e saindo. 5.4.3 Força entre dois fios condutores Dado um condutor longo, percorrido por uma corrente elétrica nas proximidades e paralelamente a um elemento de corrente, constata-se experimentalmente que o elemento de corrente fica sujeito à ação de uma força que apresenta as seguintes características:  a) A força é de atração se os sentidos da corrente que percorre o condutor e do elemento coincidem e de re- pulsão quando esses sentidos são opostos. Capítulo 5 Eletromagnetismo 95  b) A intensidade da força é diretamente proporcional ao produto da intensidade da corrente que percorre o con- dutor pelo módulo do elemento de corrente e inversa- mente proporcional à distância que os separa.  c) Um elemento de corrente é equivalente ao produto de uma carga em movimento pela sua velocidade (vetorial).  d) Quando dois fios condutores, longos e retilíneos, si- tuados no vácuo, a uma distância de 1 m um do outro, são percorridos por correntes elétricas de intensidades iguais, a intensidade da corrente que percorre cada um desses condutores será de 1 A se eles se atraírem ou repelirem com uma força, por metro de condutor, de intensidade igual a 2 . 10-7 N/m. Onde: I1 e I2 é a corrente elétrica nos fios 1 e 2, em A. é o comprimento dos fios (igual para ambos), em m. r é o raio, a distância entre o fios, em m. 96 Física 5.5 Indução eletromagnética A indução eletromagnética é o fenômeno que consiste no apa- recimento de uma corrente elétrica em uma espira quando há movimento relativo entre a espira e um ímã. A corrente que, nessas condições, aparece na espira, recebe o nome de cor- rente induzida. Aparecerá uma corrente induzida em um circui- to sempre que houver variação do fluxo da indução magnética a partir da área limitada pelo circuito, seja pela variação da intensidade B da indução, ou pela variação da área ou do ângulo que B faz com a normal à área no decurso do tempo. 5.5.1 Fluxo Magnético O módulo do fluxo da indução magnética através de uma superfície aberta é igual ao número de linhas de indução que atravessam a superfície. O módulo do fluxo da indução mag- nética através de uma superfície fechada é nulo. Φ = B.A.cos θ Onde: Φ é o fluxo, em Weber (Wb). B é o campo em Tesla (T). A é a área da superfície, em m2. θ é o ângulo entre a Normal da superfície e o campo magnético. Capítulo 5 Eletromagnetismo 97 Figura 5-11 Fluxo magnético. 5.5.2 Indução – Lei de Faraday A lei de Faraday, referente à indução de uma f.e.m.(ddp) () em um circuito, pode ser assim enunciada: “Toda vez que o fluxo magnético através da área limitada por um circuito variar com o decorrer do tempo, será induzida nesse circuito uma força eletro-motriz”. Onde: ε é a fem(ddp), em Volts (V). ∆Φ é a variação do fluxo, em Wb. ∆t é intervalo de tempo, em s. Uma barra metálica que se move com velocidade cons- tante dentro de um campo magnético, ficará sob ação de uma força magnética. A força provoca um deslocamento de 98 Física cargas, devido a indução magnética, gerando nas extremi- dades uma ddp: ε = Bv Onde: ε é a fem(ddp), em Volts (V). é o comprimento da barra, em m.
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