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1 DIREITO PENAL PARTE GERAL Prof. ESP. MÁRCIO TADEU AULA 01. INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL................................... 03 AULA 02. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL ................................... 20 AULA 03. APLICAÇÃO DA LEI PENAL ............................................. 31 AULA 04. LEI PENAL NO ESPAÇO..................................................... 43 AULA 05. TEORIA DO CRIME ................................................................ 57 AULA 06. TEORIA DO CRIME II ........................................................... 72 AULA 07. TEORIA DO CRIME III .......................................................... 94 AULA 08. TEORIA DO ERRO E CONCURSO DE PESSOAS... 112 AULA 09. CONCURSO DE PESSOAS ............................................... 129 2 3 AULA 01 – INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL O Direito Penal é o conjunto normativo pertencente ao direito público interno, que tem por objeto ao delito, ao delinquente e à pena ou medida de segurança, para manter a ordem social mediante o respeito dos bens jurídicos tutelados pela lei. É o ramo do Direito que regula a função jurisdicional do estado em todos seus aspetos e que por tanto fixa o procedimento que se tem de seguir para obter a atuação do direito nos casos concretos, e que determinam as pessoas que devem ser submetido à jurisdição do Estado e os servidores públicos encarregados das exercer. (Devis Echandía). O Estado como ente regulatório deve ser sujeitado em seu atuar aos limites que lhe impõe a Constituição como carta magna de nosso país; por tanto, as normas ou leis que integram o direito penal substantivo não podem ser aplicadas pelo Estado de maneira arbitrária ou caprichosa, senão que sua aplicação deverá estar regulamentada, é assim, como surge o Direito Penal Adjetivo. Sob o aspecto formal, Direito Penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas. Já sob o enfoque sociológico, o Direito Penal é mais um instrumento (ao lado dos outros ramos do direito) de controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social. Funcionalistas – pessoas que buscam qual é a real função do Direito Penal (há, dentre eles, os funcionalistas sistêmicos – a missão do Direito Penal é resguardar a norma, o sistema, o direito posto, atrelado aos fins da pena – JAKOBS; e funcionalistas teleológicos – para eles, o fim do direito penal é assegurar bens jurídicos, valendo-se das medidas de política criminal - ROXIN). ROGÉRIO GRECO - A finalidade do Direito Penal é proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade. REGIS PRADO – o pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal radica na proteção de bens jurídicos – essenciais ao indivíduo e à comunidade. É político o critério de seleção dos bens a serem tutelados pelo Direito Penal; a sociedade, dia após dia, evolui. Bens que em outros tempos eram tidos como fundamentais e, por isso, mereciam a proteção do Direito Penal, hoje, já não gozam desse status. DAMÁSIO – Bem é tudo aquilo que pode satisfazer as necessidades humanas. Todo valor reconhecido pelo Direito Penal torna-se um bem jurídico. Os bens jurídicos são ordenados em hierarquia. Enfim, O Direito Penal visa a proteger os bens jurídicos mais importantes, intervindo somente nos casos de lesão de bens jurídicos fundamentais para a vida em sociedade. DIREITO PENAL MATERIAL OU SUBSTANTIVO Conjunto de normas ou leis relativas aos delitos, às penas e às medidas de segurança e com as quais conta o Estado para eliminar a presença de condutas antissociais. Ao Direito Penal Substantivo também se lhe denomina Direito Penal Material e é o que se consagra no Código Penal. Cabe mencionar que o direito penal substantivo é a parte estática ou imagem sem movimento, enquanto o direito penal adjetivo é a parte dinâmica ou imagem em movimento. DIREITO PENAL FORMAL OU ADJETIVO Direito processual ou adjetivo ou normas de procedimento é complementar do anterior e ocupa-se de regular os relacionamentos jurídicos «pondo em exercício a atividade judicial», isto é, o conjunto de normas que regem a atividade dos tribunais, as reclamações propostas ante eles, seus requisitos, ou seja, Conjunto de normas relativas à forma de aplicação das regras penais a casos particulares. 4 Direito Material: define que matar alguém é crime, passível de diferentes tipos de pena, de acordo com a gravidade e as circunstâncias na qual este crime ocorreu. Todas estas regras são definidas pelo Direito Material, nas leis quem fazem parte do Direito Penal. Direito Formal: define como o criminoso responsável pela morte de alguém será acusado e julgado, assim como define como este cidadão poderá se defender, quais são e como se desenvolvem os recursos aos quais ele recorrer. O Direito Formal não está preocupado com a matéria do crime ocorrido, em si, mas com a forma como esse crime será tratado por todas as partes judicialmente envolvidas com ele. Neste contexto, a Constituição Federal exerce duplo papel. Se de um lado orienta o legislador, elegendo valores considerados indispensáveis à manutenção da sociedade, por outro, segundo a concepção garantista do Direito Penal, impede que esse mesmo legislador, com uma suposta finalidade protetiva de bens, proíba ou imponha determinados comportamentos, violando direitos fundamentais atribuídos a toda pessoa humana, também consagrados pela Constituição. 1.1 - FONTES DO DIREITO PENAL 1.1.1 FONTES MATERIAIS As fontes materiais são também conhecidas como fontes de produção ou fontes substanciais, pois dizem respeito à gênese, à elaboração, à criação do Direito Penal. Nesse sentido, a única fonte material do Direito Penal é o Estado, órgão responsável pela sua criação, através da competência legislativa exclusiva atribuída à União pelo art. 22, I, da Constituição Federal. 1.1.2. FONTES FORMAIS As fontes formais, igualmente conhecidas como fontes de conhecimento ou fontes de cognição, dizem respeito à exteriorização, à forma pela qual o Direito Penal se faz conhecido. Assim, podem elas ser mediatas e imediatas. 1.1.2.1 FONTE FORMAL IMEDIATA A fonte formal imediata do Direito Penal é a lei penal. A norma penal não se confunde com a lei penal. A primeira traduz comportamento que é aceito socialmente, retirado do senso comum da coletividade e da noção de justiça aceita por todos. Não é regra escrita, mas, antes, regra social proibitiva, tida como normal. A sociedade, geralmente, não aceita e proibi os atos de matar, estuprar, furtar, constranger etc.A lei penal por seu turno, é a materialização da norma feita por obra do legislador, que, oriundo do seio do grupo social, deve, em tese, traduzir o senso comum de justiça em leis, elaborando-as de modo a coibir a prática de ações socialmente reprováveis. As fontes formais variam de doutrinador para doutrinador que podem ou não concordar entre si. Segundo Edgard (NORONHA, 1982, p. 45), elas se dividem em imediatas – lei – e mediatas – o costume, a equidade, a analogia, os princípios gerais do Direito. No mesmo Sentido, Capez entende que o costume é um “complexo de regras não escritas, consideradas juridicamente obrigatórias”. (CAPEZ, 2004,p.33). DAMÁSIO considera a norma penal como fonte formal imediata, pois segundo ele “a norma penal está contida na lei penal”. FERNANDO CAPEZ considera a equidade, diferentemente de Noronha, não como fonte, mas como “forma de procedimento interpretativo”. Afirma, que a analogia “não é fonte formal mediata do Direito Penal, mas método pelo qual se aplica a fonte formal imediata[...]”. Concordam os dois doutrinadores 5 que a doutrina e a jurisprudência não são fontes formais do direito, mas “formas de procedimento interpretativo”. Contrariamente a CAPEZ e NORONHA, PAULO DOURADO afirma que o costume “não tem no terreno jurídico-penal força normativa”. O Costume, para DAMÁSIO DE JESUS, “consiste no conjunto de normas de comportamento a que pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade.”. Damásio define a equidade como “a perfeita correspondência jurídica e ética das normas às circunstâncias do caso concreto a que estas se aplicam.” Ainda segundo Damásio, a analogia “consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um caso semelhante”. O doutrinador também entende que o costume “não é fonte do Direito, apesar de citada no art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil. É, pois, forma de auto integração da lei para suprir lacunas porventura existentes”. Ao que Damásio chama Costume, Capez entende como hábito. 1.2 - CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS Há dois grupos de normas penais: 1.2.1 - NORMAS PENAIS INCRIMINADORAS: Possuem a função de definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça de aplicação de uma sanção penal. É a norma penal por excelência. As normas penais incriminadoras possuem dois preceitos: 1.2.1.1.1 - PRECEITO PRIMÁRIO (preceptum iuris): Possui a função de fazer a descrição detalhada e perfeita da conduta que se procura proibir (proibitiva) ou impor (mandamental). 1.2.1.1.2 - PRECEITO SECUNDÁRIO (sanctio iuris): Possui a tarefa de individualizar a pena, cominando em abstrato. MATAR ALGUÉM – Preceito Primário Reclusão de 6 a 20 anos – Preceito Secundário 1.2.1.2 - NORMAS PENAIS NÃO INCRIMINADORAS: - Possuem algumas funções específicas, tais como: - Tornar lícitas determinadas condutas; - Afastar a culpabilidade do agente, estabelecendo causas de isenção de pena; - Esclarecer determinados conceitos; - Fornecer princípios gerais para a aplicação da lei penal; - Dessa forma, há três tipos de normas penais não incriminadoras: 6 1.2.2.1 - PERMISSIVAS: 1.2.2.1.1 - JUSTIFICANTES: - Possuem a finalidade de afastar a ilicitude/antijuridicidade da conduta. - Exemplo: artigos 23, 24 e 25 do Código Penal. Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). I - Em estado de necessidade; II - Em legítima defesa; III- Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível: Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 1.2.2.1.2 - PERMISSIVAS EXCULPANTES: - Possuem a finalidade de afastar a culpabilidade da conduta. - Exemplo: artigo 26, caput, do Código Penal. 1.2.2.1.3 - EXPLICATIVAS: - Visam esclarecer ou explicitar conceitos. - Exemplo: artigo 150, parágrafo quarto, do Código Penal: “Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade”. 1.2.2.1.4 - COMPLEMENTARES: - Fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal. - Exemplo: artigo 59 do Código Penal: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 7 I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 1.2.3 - NORMA PENAL EM BRANCO É a lei que depende de outro ato normativo para que tenha sentido, uma vez que seu conteúdo é incompleto. Pode ser classificada como homogênea (sentido lato) ou heterogênea (sentido estrito). Desta forma, a classificação homogênea é aquela cujo complemento estiver em outra lei e podemos citar como exemplo o casamento contraído com ciência de impedimento absoluto. Já a classificação heterogênea dar-se-á quando o complemento estiver em ato normativo diverso da lei, tais como, portarias, decretos, resoluções. As normas penais em branco de complementação homóloga heterovitelina têm suas respectivas normas complementares oriundas de outro ramo do direito. Diz-se heterogênea, em sentido estrito ou heteróloga, a norma penal em branco quando o seu complemento é oriundo de fonte diversa daquela que a editou. Assim, para que possamos saber se uma norma penal em branco é considerada homogênea ou heterogênea, é preciso que conheçamos, sempre, sua fonte de produção. Se for a mesma, ela será considerada homogênea; se diversa, será reconhecida como heterogênea. Quando heterogêneas, coloca-se a seguinte questão: como o complemento da norma penal em branco heterogênea pode ser oriundo de outra fonte que não a lei em sentido estrito, esta espécie de norma penal ofenderia o princípio da legalidade? Entendemos que sim, visto que o conteúdo da norma penal poderá ser modificado sem que haja uma discussão amadurecida da sociedade a seu respeito, como acontece quando os projetos de lei são submetidos à apreciação de ambas as Casas do Congresso Nacional, sendo levada em consideração a vontade do povo, representado pelos seus deputados, bem como a dos Estados, representados pelos seus senadores, além do necessário controle pelo Poder Executivo, que exercita o sistema de freios e contrapesos. 1.2.4 - NORMA PENAL EM BRANCO AO AVESSO Segundo Luiz Flavio Gomes, norma penal em branco ao avesso, é aquela cuja a complementação é necessária para o preceito secundário da norma penal, a exemplo do que ocorre com o crime de genocídio: Art. 1º, da Lei 2.889/56: Preceito primário – Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Preceito secundário – Será punido: Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso da letra c; Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas do art. 148, no caso da letra e 8 NORMA PENAL EM BRANCO X TIPO PENAL ABERTO A Norma Penal em Branco não se confunde com o Tipo Penal Aberto, aquele que não apresenta a descrição típica completa e exige uma atividade valorativa do Juiz. Nele, o mandamento proibitivo inobservado pelo sujeito não surge de forma clara, necessitando ser pesquisado pelo julgador no caso concreto. São hipóteses de crimes de tipo aberto: a) delitos culposos: neles, é preciso estabelecer qual o cuidado objetivo necessário descumprido pelo autor; b) crimes omissivos impróprios: dependem do descumprimento do dever jurídico de agir (CP, art. 13, § 2.º); c) delitos cuja descrição apresenta elementos normativos ("sem justa causa", "indevidamente", "astuciosamente", "decoro", "dignidade", "documento", "funcionário público" etc.): a tipicidade do fato depende da adequação legal ou social do comportamento, a ser investigada pelo julgador diante das normas de conduta que se encontram fora da definição da figura penal. Assim, diferenciam-se normas penais em branco e elementos normativos do tipo (c). Nestes casos, não se cuida de uma complementação do tipo por meio da aplicação de outro mandamento derivado da mesma instância ou inferior, como nas normas penais em branco, e sim da compreensão da existência ou não de violação do dever de agir ou de não agir em face de regras legais e de cultura. RESUMINDO: 1.3 - INTERPRETAÇÃO DA NORMA PENAL Buscar a interpretação de uma norma jurídica é buscar o exato sentido que essa norma quer nos transmitir. Não existe norma que careça de interpretação. Por mais clara que a norma seja, precisa ser interpretada dentro de determinado contexto. Aliás, a própria conclusão sobre a clareza de uma norma advém de um exercício intelectual denominado interpretação. 1.3.1 - ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO Quanto ao sujeito que a realiza: 1.3.1.1 - AUTÊNTICA – é a realizada pelo próprio texto legal. O legislador traz no próprio corpo da lei a interpretação que deseja ser atribuída a determinado instituto, de forma a afastar quaisquer dúvidas; 9 a) CONTEXTUAL – é realizada no mesmo momento em que é editado o diploma legal que se procura interpretar – ex.: artigo 327, do CP, que define o que é funcionário público; b) POSTERIOR – realizada pela lei, após a edição de um diploma legal anterior. Ocorre quando a alei nova tenta dirimir a incerteza ou obscuridade da lei anterior AS EXPOSIÇÕES DE MOTIVOS DOS CÓDIGOS SÃO EXEMPLOS DE INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA? Não, pois embora nos auxilie a interpretar o texto legal, a exposição de motivos não é votada pelo Congresso Nacional nem sancionada pelo Presidente da República. Assim, não sendo efetivamente uma lei, as conclusões e explicações levadas a efeito não podem ser consideradas interpretações autênticas, mas sim DOUTRINÁRIAS. 1.3.1.2 – DOUTRINÁRIA – realizada pelos estudiosos do direito, que emitem suas opiniões pessoais sobre o significado de determinado instituto; 1.3.1.3 – JUDICIAL – realizada pelos aplicadores do direito. Restringe-se à interpretação feita intra autos, ou seja, dentro do processo. Se os juízes proferem palestras, a interpretação será doutrinária. Quanto aos meios interpretativos empregados: 1.3.2.1 - LITERAL (OU GRAMATICAL) – o intérprete se preocupa somente com o sentido real e efetivo das palavras. 1.3.2.2 – TELEOLÓGICA – o intérprete busca alcançar a finalidade da lei, aquilo ao qual ela se destina regular. O método teleológico fundamentado na análise da finalidade da regra, no seu objetivo social, faz seu espírito prevalecer sobre sua letra, ainda que sacrificando o sentido terminológico das palavras. 1.3.2.3 - SISTEMÁTICA (OU SISTÊMICA) – o intérprete analisa o dispositivo legal no sistema no qual ele está contido, e não de forma isolada. Interpreta-se olhando para o todo, e não apenas para uma parte. 1.3.2.4 - HISTÓRICA – o intérprete volta ao passado, ao tempo em que foi editado o diploma que se quer interpretar, buscando os fundamentos de sua criação, o momento pelo qual atravessava a sociedade, com vistas a entender o motivo pelo qual houve a necessidade de modificação do ordenamento jurídico. Quando aos resultados: 1.3.3.1 – DECLARATÓRIA – o intérprete não amplia nem restringe o alcance da lei, apenas declara sua vontade. 1.3.3.2 – EXTENSIVA – para que se possa conhecer a amplitude da lei o intérprete necessita alargar o seu alcance, haja vista ter aquela lei dito menos do que efetivamente pretendia (lexminus dixit quamvoluit). Ex.: quando o Código proíbe a bigamia, obviamente proibiu também a poligamia. 1.3.3.3 – RESTRITIVA – o intérprete diminui, restringe o alcance da lei, uma vez que esta, à primeira vista, disse mais do que efetivamente pretendia dizer (lexplus dixit quamvoluit), buscando apreender seu verdadeiro sentido. Por exemplo, o artigo 28, I e II, determina que a emoção, a paixão ou a embriaguez voluntária ou culposa não excluem a imputabilidade, respondendo o sujeito pelo crime praticado. Esse artigo deve ser interpretado restritivamente, somente persistindo a imputabilidade, caso esses estados não sejam considerados patológicos. Afinal, se forem patológicos, aplicar-se-á o artigo 26 e não o 28. 10 1.3.4 - INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA O que justifica a interpretação analógica é a impossibilidade de o legislador prever todas as situações possíveis, similares àquelas situações já enumeradas, de maneira a demonstrar sua relevância para o direito posto. Na interpretação analógica surge primeiro uma fórmula casuística, que servirá de norte ao intérprete, e depois segue-se uma fórmula genérica. A primeira fórmula atende ao princípio da legalidade, detalhando todas as situações que quer o código regular e a segunda, por sua vez, permite que tudo aquilo que a elas sejam semelhantes possa também ser abrangido pelo mesmo artigo. Exemplo: artigo 121, §2o, inciso III, do CP: § 2º. Se o homicídio é cometido: III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; Fórmula casuística – “com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura...”; Fórmula genérica – “... ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum”. Como podemos diferenciar a interpretação extensiva em sentido estrito da interpretação analógica? Por exclusão. Qualquer processo de interpretação extensiva em que não estão presentes uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica é interpretação extensiva em sentido estrito, caso presentes, é interpretação analógica. RESUMINDO: 11 1.3.5 - INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO CONCEITO – método de interpretação mediante o qual o intérprete, de acordo com uma concepção penal garantista. Procura aferir a validade das normas mediante o seu confrontocom a constituição. A missão primeira do juiz, como guardião da legalidade constitucional, antes de julgar os fatos, é julgar a própria lei a ser aplicada, é julgar, enfim, a sua compatibilidade formal e substancial com a Constituição, para, se entender lesiva à Constituição, interpretá-la conforme a Constituição ou, não sendo isso (a interpretação conforme) possível, deixar de aplicá-la, simplesmente, declarando-lhe a inconstitucionalidade. 1.3.6 - DÚVIDAS EM MATÉRIA DE INTERPRETAÇÃO Quando, ainda que aplicados todos os métodos interpretativos possíveis, ainda subsistirem dúvidas sobre a interpretação da norma penal, deve-se resolver o conflito contra ou a favor do réu? Existem três correntes diferentes. A primeira diz que, em caso de dúvida de interpretação, esta deve pesar em prejuízo do agente (in dubio pro societate); Uma segunda corrente diz que o problema deveria ser resolvido pelo julgador, seja de forma benéfica ou prejudicial ao réu; Por fim, uma terceira corrente, em sintonia com a maioria da doutrina, preconiza que a dúvida em matéria de interpretação deve ser resolvida em benefício do agente (in dubio pro reo) RESUMINDO : 12 1.4 -CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS O conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas ou mais normas incriminadoras descrevendo o mesmo fato. Sendo assim, existe o conflito, pois mais de uma norma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma norma é aplicada à hipótese. Alguns elementos são necessários para se caracterizar a existência de conflitos de normas: a) unidade do fato, há somente uma infração penal; b) pluralidade de normas, duas ou mais normas, aparentemente, identificam o mesmo fato; c) aparente aplicação de todas as normas à espécie, a incidência de todas as normas é apenas aparente; d) efetiva aplicação de apenas uma delas, somente uma norma é aplicável, por isso o conflito é aparente. RESUMINDO: Através da aplicação dos “princípios que solucionam o conflito aparente de normas”, é possível obter a solução ao caso concreto, uma vez que, tais princípios afastam as normas incidentes e indica as normas penais que verdadeiramente é aplicável à situação, afastando as demais, e, com isso evitando o chamando bis in idem. 13 1.4.1 - Princípio da Especialidade O Princípio da Especialidade, majoritariamente, para os doutrinadores é o mais importante dos princípios utilizados para sanar o conflito aparente de normas penais. Nesse sentido, para Bittencourt os demais princípios “somente devem ser lembrados quando o primeiro não resolver satisfatoriamente os conflitos”. Para tanto, a norma especial possui todos os elementos da norma geral e mais alguns, classificados como ‘especializantes’, representando mais ou menos severidade. Entre uma norma e outra, o fato é enquadrado na norma que tem algo a mais. Com isso, o tipo penal visto como especial derroga a lei geral. Basta comparar de forma abstrata as condições dos tipos penais, para distinguir a norma geral da especial. Nesse sentindo, leciona Damásio que: “...o princípio da especialidade possui uma característica que o distingue dos demais: a prevalência da norma especial sobre a geral se estabelece in abstracto, pela comparação das definições abstratas contidas nas normas, enquanto os outros exigem um confronto em concreto das leis que descrevem o mesmo fato.” A norma especial pode descrever tanto um crime mais leve quanto um mais grave, e não é, necessariamente, mais abrangente que a geral. Exemplo: o art. 123 do Código Penal, que trata do infanticídio prevalece sobre o art. 121 do Código Penal, o qual cuida do homicídio, pois, o primeiro, além dos elementos genéricos, possui os especializantes: próprio filho; durante o parto ou logo após; e, sob a influência do estado puerperal. O infanticídio não é mais completo nem mais grave, ao contrário, é mais brando, no entanto, é especial. Portanto, a norma especial prevalece sobre a geral. Para Greco, “a norma especial afasta a aplicação da norma geral”. 1.4.2 - Princípio da Subsidiariedade De acordo com Nelson Hungria a norma subsidiária é considerada um “soldado de reserva”. Quer dizer que .Lex primaria derrogat legis subsidiariae. Na ausência da norma primária (MAIS GRAVE) aplica-se a subsidiária (MENOS GRAVE). ESPÉCIES DE SUBSIDIARIEDADE. - Expressa: Ex.: art. 132, do CP, que será aplicado somente se a conduta não constituir crime mais grave. - Tácita ou implícita: somente terá aplicação nas hipóteses de não-ocorrência de um delito mais grave que, neste caso, afastará a aplicação da norma subsidiária. Ex.: art. 311 do Código de Trânsito Brasileiro, que descreve uma espécie de crime de perigo, que é transitar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, etc. Se atropelar alguém, causando-lhe a morte, o crime será outro. A norma subsidiária descreve um grau menor de violação de um mesmo bem jurídico, ou seja, um fato menos amplo e menos grave, que definido como delito autônomo é também compreendido como parte da fase normal de execução de crimes mais grave. Assim, sendo cometido o fato mais amplo, duas normas incidirão, a que define o fato e a que descreve apenas parte dele. A norma primária, que descreve o ‘todo’, absorverá a menos ampla (a subsidiária), tendo em vista que, esta ‘cabe’ dentro da primeira. A norma primária não é especial, é mais ampla. Nélson Hungria elucida as diferenças entre este princípio e o da especialidade: “...a diferença que existe entre especialidade e subsidiariedade é que nesta, ao contrário do que naquela, os fatos previstos em uma e outra norma não estão em relação de espécie e gênero, e se a pena do tipo principal (sempre mais grave que a do tipo subsidiário) é excluída por qualquer causa, a pena do tipo subsidiário pode apresentar-se como soldado de reserva, e aplicar-se pelo residuum.” Diante disso, só há que se falar em princípio da subsidiariedade quando a norma principal for mais grave que a subsidiária. Exemplo: o crime de ameaça (art. 147, CP) cabe no de constrangimento ilegal mediante ameaça (art. 146, CP), o qual, por sua vez, cabe dentro da extorsão (art. 158, CP). 14 Vale salientar que, há casos em que tanto se pode aplicar o princípio da especialidade quanto o da subsidiariedade, exemplo, o roubo e o estupro são especiais em relação ao constrangimento ilegal, mas são mais amplos, já que este último cabe tanto num quanto no outro. Para saber qual norma incidirá, é necessário verificar qual crime foi praticado e qual foi à intenção do agente, portanto, para aplicação do princípio da subsidiariedade, é imprescindível a análise do caso concreto, sendo insuficiente a comparação abstrata dos tipos penais. ESPÉCIES: - Expressa ou explícita: a própria norma reconhece expressamente seu caráter subsidiário, admitindo incidir somente se não ficar caracterizado fato de maior gravidade. Exemplo: ao definir a lesão corporal seguida de morte, o art. 129, § 3º do Estatuto Repressivo, afirma incidir se “...as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo” - Tácita ou implícita: a norma nada diz, mas, diante do caso concreto, verifica-se sua subsidiariedade. Exemplo: mediante uso de violência, a vítima é constrangida a entregar a sua carteira ao autor. Incide aparentemente o tipo definidor do roubo (norma primária), art. 157 do CP, e o do constrangimento ilegal (norma subsidiária),art. 146 do CP, e, assim, sem que a lei nada diga, prevalece o primeiro. 1.4.3 - Princípio da Consunção Princípio segundo o qual o fato mais amplo e mais grave absorve outros menos amplos e graves, que funcionam como fase normal de preparação ou execução ou mero exaurimento. Na consunção, há uma sequência de situações diferentes no tempo e no espaço, sem recorrer às normas, comparam-se os fatos, verificando-se que o mais grave absorve os demais. Esta comparação se dá entre os fatos e não entre as normas, de maneira que, o mais completo, o ‘todo’, prevalece sobre a parte, ou seja, o fato principal absorve o acessório, sobrando apenas a norma que o regula. Destarte, não é a norma que absorve a outra, mas o fato que consome os demais, fazendo com que só reste uma norma. Exemplo: um sujeito dirige perigosamente (direção perigosa) até provocar, dentro do mesmo contexto fático, um acidente fatal (homicídio culposo no trânsito). Neste caso, a direção perigosa é absorvida pelo homicídio culposo, restando este último crime e, consequentemente, a norma que o define. Com isso, evita- se o bis in idem, pois o fato menor estaria sendo punido duas vezes. É possível verificar a consunção, mediante três hipóteses: 1.4.3.1 - - Crime progressivo: ocorre quando o agente, objetivando, desde o início, produzir o resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico. O último ato, causador do resultado pretendido, absorve todos os anteriores, que acarretaram violações em menor grau. Dessa forma, o agente responde pelo resultado mais grave. Nesta hipótese, podem ser observados os seguintes elementos: - Unidade de elemento subjetivo: desde o início, há uma única vontade; - Unidade de fato: há um só crime, comandado por uma única vontade; - Pluralidade de atos: se houvesse um único ato, não haveria que se falar em absorção; - Progressividade na lesão ao bem jurídico: os atos violam de forma cada vez mais intensa o bem jurídico, sendo os anteriores absorvidos pelo mais grave. 1.4.3.2 - Crime complexo: resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que passam a funcionar como elementares ou circunstanciais no tipo complexo, em que o fato complexo absorve os fatos autônomos. Exemplo: latrocínio (roubo+homicídio), o autor responde pelo latrocínio, ficando o roubo e o homicídio absorvidos. 1.4.3.3 - Progressão criminosa: em sentido estrito: o agente inicialmente deseja produzir um resultado, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar suas agressão produzindo uma lesão mais após o furto, o agente destrói ou vende o que furtou. A distinção do crime progressivo é que, enquanto neste, há unidade de desígnios, na progressão criminosa há pluralidade de elemento subjetivo ou vontade. 15 O princípio da consunção é aplicável quando um delito de alcance menos abrangente praticado pelo agente for meio necessário ou fase preparatória ou executória para a prática de um delito de alcance mais abrangente. Com base nesse conceito, em regra geral, a consunção acaba por determinar que a conduta mais grave praticada pelo agente (crime-fim) absorve a conduta menos grave (crime-meio). O STF decidiu que o agente que faz uso de carteira falsa da OAB pratica o crime de uso de documento falso, não se podendo admitir que esse crime seja absorvido (princípio da consunção) pela contravenção penal de exercício ilegal da profissão (art. 47 do DL nº 3.688/41). Não é possível que um crime tipificado no Código Penal seja absorvido por uma infração tipificada na Lei de Contravenções Penais. STF. 1ª Turma. HC 121652/SC, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/4/2014 (Info 743). Elementos observados: - Pluralidade de desígnios: inicialmente, o agente deseja praticar um crime, após cometê-lo, resolve praticar outro de maior gravidade, demonstrando duas ou mais vontades. - Pluralidade de fatos: existe mais de um crime, correspondente a mais de uma vontade. Embora haja condutas distintas, o agente só responde pelo fato final, mais grave, ficando os demais absorvidos. - Progressividade na lesão ao bem jurídico: a primeira sequência voluntária de atos, provoca uma lesão menos grave do que a última e, por isso, acaba por ele absorvida. Fato anterior (ante factum) não punível: o fato anterior menos grave, quando for praticado como meio necessário para a realização de outro mais grave, será por este absorvido. STJ Súmula nº 17 – 20/11/1990. Estelionato. Potencialidade Lesiva. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 16 Fato posterior (post factum) não punível: quando após a conduta, o agente pratica novo ataque contra o mesmo bem jurídico, apenas para tirar proveito da prática anterior. Há que se considerar como regra que, na aplicação do princípio de consunção, quando os crimes são cometidos em um mesmo contexto fático, têm-se a absorção do menos grave pelo de maior gravidade. 1.4.3.4 - Princípio da Alternatividade - Princípio aplicado quando a norma descreve várias formas de realização da figura típica, onde a ação de uma ou de todas configura crime. São os chamados tipos alternativos, que descrevem crimes de ação múltipla. “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar.” (Lei 11.343/2006, Lei de Drogas, art. 33, caput). O cometimento de qualquer um dos núcleos do tipo penal caracteriza o crime consumado. Se o agente ativo cometer mais de um desse núcleos reponde somente por um. É o mesmo caso do art. 122 no crime de induzir, instigar ao auxiliar o suicídio. Outro exemplo é a lei 13.260/06 (lei do Terrorismo); Art. 2o § 1o São atos de terrorismo: I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa; EXERCÍCIOS 01 – (CESPE) - Os princípios referentes à teoria do concurso aparente de tipos penais não incluem o princípio da: A) consunção. B) especialidade. C) subsidiariedade. D) proporcionalidade. 02 – (FCC) - A fonte formal direta no Direito Penal: a) Pode ser a lei e a equidade, esta somente no tocante à fixação da pena. b) Pode ser a lei, os costumes e os princípios gerais do direito. c) Pode ser a lei e a analogia in bonan partem. d) É somente a lei. 03 – (OAB) - O conflito aparente de normas penais é resolvido: a) Pelos princípios da especialidade, da subsidiariedade e da consunção, alguns autores incluindo também o princípio da alternatividade; 17 b) Pelos princípios da especialidade e da consunção, não dizendo respeito à questão o princípio da subsidiariedade, que é relativo à ação penal; c) Exclusivamente pelo princípio da especialidade; d) Pelos princípios da especialidade e da subsidiariedade. 04 – (CESPE) - Analise as proposições e assinale a única alternativa correta: I - As leis penais incriminadoras podem ser subdivididas em explicativas e permissivas. II - Em relação ao tempo do crime, a lei penal adotou a teoria do resultado. III - Na aplicação da medida de segurança, não vige os princípios da anterioridade e da retroatividade da lei mais benigna. A) Todas as proposições são verdadeiras. B) Todas as proposições são falsas. C) Apenas uma das proposiçõesé verdadeira. D) Apenas uma das proposições é falsa. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) - No que diz respeito a noções gerais aplicadas no âmbito do direito penal, julgue os próximos itens. 05 – ( ) - A jurisprudência dominante admite os crimes de perigo abstrato ou presumido, por considerar lícito ao legislador dispensar o perigo como elementar do tipo, sempre que a experiência cotidiana revelar que a ação incriminada é perigosa, demonstrando-se justificada a construção legal. 06 – ( ) - O direito penal vincula-se ao estudo dos valores fundamentais sobre os quais se assentam as bases da convivência e da paz social, dos fatos que os violam e do conjunto de normas jurídicas instauradas para proteger esses valores, mediante a imposição de penas e de medidas de segurança. 07 – ( ) - O direito penal subjetivo refere-se ao conjunto de princípios e regras que se ocupam da definição das infrações penais e da imposição de penas ou medidas de segurança. 08 – (MPE-SC/2012) – Considere as questões abaixo: I - O Direito Penal subjetivo - o direito de punir do Estado - tem limites no próprio Direito Penal objetivo. II - A integração da norma penal, visando suprir lacunas da lei, apenas é possível em relação às normas penais não incriminadoras. III - Normas penais em branco são disposições cuja sanção é determinada, porém, com indeterminação de seu conteúdo. IV - Com previsão constitucional, o princípio da reserva legal para normas penais incriminadoras é fundamental do Direito Penal, não admitindo exceções. V - Ainda que decididos por coisa julgada, a lei penal posterior aplica-se aos fatos anteriores quando, de qualquer modo, favorecer o agente. a) Apenas as assertivas I, III, IV e V estão corretas. b) Apenas as assertivas I, II, IV e V estão corretas. c) Apenas as assertivas II e III estão corretas. d)Apenas as assertivas I, II, III e IV estão corretas. e) Todas as assertivas estão corretas. 9 – ( ) - (CESPE/PM-AC/2012) - A Constituição Federal veda de forma expressa a adoção da pena de morte, salvo nos casos de guerra declarada, as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e as cruéis. 10 – (CESPE/DPE-MA/2011) - No que diz respeito às fontes do direito penal brasileiro, assinale a opção correta. a) O complemento da norma penal em branco considerada em sentido estrito provém da mesma fonte formal, ao passo que o da norma penal em branco considerada em sentido lato provém de fonte formal diversa. 18 b) A analogia, método pelo qual se aplica a lei de algum caso semelhante ao que estiver sendo analisado, é classificada como fonte formal mediata do direito penal. c) Na norma penal em branco ao avesso, o preceito secundário fica a cargo de norma complementar, que, de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, pode ser legal ou infralegal. d) As fontes materiais revelam o direito; as formais são as de onde emanam as normas, que, no ordenamento jurídico brasileiro, referem-se ao Estado. e) As fontes de cognição classificam-se em imediatas - representadas pelas leis - e mediatas - representadas pelos costumes e princípios gerais do direito. 11 – ( ) - (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) - Em matéria penal, os tratados e as convenções internacionais, após serem referendados pelo Congresso Nacional, constituem fontes imediatas do direito penal e têm eficácia erga omnes. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) - Com referência a fundamentos e noções gerais aplicadas ao direito penal, julgue os próximos itens. 12 – ( ) - A partir da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo Código Penal, é correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a aplicação concreta da pena. 13 – ( ) - Em matéria penal, os tratados e as convenções internacionais, após serem referendados pelo Congresso Nacional, constituem fontes imediatas do direito penal e têm eficácia inter partes. 14 – ( ) - O princípio da reserva legal aplica-se, de forma absoluta, às normas penais incriminadoras, excluindo- se de sua incidência as normas penais não incriminadoras. 15 – ( ) - Em regra, o fato típico não será antijurídico se for provado que o agente praticou a conduta acobertado por uma causa de exclusão de antijuridicidade. 16 – ( ) - A despeito de não haver adequação típica em relação aos crimes contra a organização do trabalho, se um indivíduo, penalmente imputável, constranger outro, mediante grave ameaça, a não celebrar determinado contrato de trabalho, tal conduta recairá, por analogia, na hipótese legal do crime de atentado contra a liberdade de trabalho. 17 – ( ) - (CESPE/DPE-RR/2013) - Em relação às fontes da lei penal e à sua interpretação, assinale a opção correta. A) A teoria subjetiva de interpretação da lei penal assevera que a natureza subjetiva da lei permite sua adaptação aos novos contextos histórico-culturais, de modo a possibilitar a aplicação da disposição legislativa a situações imprevistas ou imprevisíveis ao tempo da sua criação. B) A interpretação sistemática possui idêntica finalidade da interpretação evolutiva, uma vez que ambas possuem o escopo da correta aplicação da lei ao caso concreto, considerando apenas o sistema formado pelo conjunto de leis. C) Na atualidade, os tribunais superiores têm admitido o uso e o costume, ainda que contra legem, para ajustar as condutas previstas no tipo penal às concepções sociais dominantes, de modo a afastar a norma incriminadora que, em razão da natureza do sistema jurídico, seja desfavorável ao réu. D) Na interpretação teleológica, que busca a vontade da lei (voluntas legis) e não a vontade do legislador (voluntas legislatoris), incumbe ao jurista o dever de perseguir sempre o escopo da lei e o resultado prático que ela pressupõe realizar, observando o limite insuperável da legalidade penal. E) A moderna doutrina penal considera a jurisprudência como fonte criadora do direito, similar à lei, em razão do fator de produção normativa decorrente da obrigatoriedade que possuem as decisões dos tribunais superiores e do caráter vinculante das súmulas. 18 – ( ) - (FUNIVERSA/ASP-GO/2015) - Acerca do emprego da analogia no âmbito do Direito Penal brasileiro, assinale a alternativa correta. 19 (A) A regra é a proibição do emprego da analogia no âmbito penal, por força do princípio da reserva legal, todavia a doutrina é remansosa em admitir esse recurso quando se apresentar in bonam partem. (B) A analogia in malam partem ocorre quando se aplica, ao caso omisso, uma lei considerada prejudicial ao réu que, segundo o Código Penal, excepcionalmente, poderá ser admitida, uma vez que deverá ser salvaguardado o direito da coletividade em face do direito do agressor. (C) O Direito Penal brasileiro não admite aplicação da analogia. (D) Segundo a doutrina, analogia legal, ou legis, é aquela em que se aplica ao caso omisso um princípio geral do Direito. (E) Estabelece o Código Penal que a analogia somente poderá ser aplicada aos réus que não sejam reincidentes. 19 – ( ) - (FCC/TCM/2015) - Pedro subtraiu bem móvel pertencente à Administração pública valendo- se da facilidade propiciada pela condição de funcionário público. Pedro responderá pelo crime de peculato e não pelo delito de furto em decorrência do princípio da A) subsidiariedade. B) consunção. C) especialidade. D) alternatividade. 20 – ( ) - (OAB) - Para resolver situações de conflito aparente de normas, a parte geral do Código Penal prevê expressamente somente o princípioda: A) Concessão; B) Especialidade; C) Subsidiariedade; D) Progressão 21 – ( ) - (CESPE/PRF) - Havendo conflito aparente de normas, aplica-se o princípio da subsidiariedade, que incide no caso de a norma descrever várias formas de realização da figura típica, bastando a realização de uma delas para que se configure o crime. 22 – ( ) - (CESPE/2017) - O conflito aparente de normas é o conflito que ocorre quando duas ou mais normas são aparentemente aplicáveis ao mesmo fato. Há conflito porque mais de uma pretende regular o fato, mas é um conflito aparente, porque, com efeito, apenas uma delas acaba sendo aplicada à hipótese. Com base no texto acima e nos princípios utilizados para a solução do conflito aparente de normas penais, julgue o item seguinte. Considere que Alberto, querendo apoderar-se dos bens de Cícero, tenha apontado uma arma de fogo em direção a ele, constrangendo-o a entregar-lhe a carteira e o aparelho celular. Nessa situação hipotética, da mera comparação entre os tipos descritos como crime de constrangimento ilegal e crime de roubo, aplica-se o princípio da especialidade a fim de se tipificar a conduta de Alberto. 23 – ( ) - (CESPE/DPF) - Pela analogia, meio de interpretação extensiva, busca-se alcançar o sentido exato do texto de lei obscura ou incerta, admitindo-se, em matéria penal, apenas a analogia in bonam partem. 24 – ( ) - (CESPE/MPE-PI) - O princípio da consunção, consoante posicionamento doutrinário e jurisprudencial, resolve o conflito aparente de normas penais quando um cr ime menos grave é meio necessário, fase de preparação ou de execução de outro mais nocivo, respondendo o agente somente pelo último. Há incidência desse princípio no caso de porte de arma utilizada unicamente para a prática do homicídio. 25 – ( ) - (CESPE/CDP) - O direito de punir do Estado está vinculado ao direito penal substantivo, ou direito penal objetivo. 26 – ( ) - (CESPE/TJDFT) - Sob o prisma formal, crime corresponde à concepção do direito acerca do delito, em uma visão legislativa do fenômeno; sob o prisma material, o conceito de crime é pré-jurídico, ou seja, é a concepção da sociedade a respeito do que pode e deve ser proibido. 20 27 – ( ) - (CESPE/DPF) - O fato de determinada conduta ser considerada crime somente se estiver como tal expressamente prevista em lei não impede, em decorrência do princípio da anterioridade, que sejam sancionadas condutas praticadas antes da vigência de norma excepcional ou temporária que as caracterize como crime. 28 – ( ) - (CESPE/PC-AL) - As leis penais devem ser interpretadas sem ampliações por analogia, salvo para beneficiar o réu. 29 – ( ) - (CESPE/PC-TO) - Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o direito penal, da aplicação da lei penal e do concurso de pessoas, julgue o subitem. Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da intranscendência. 30 – ( ) - ( CESPE/TJ-TO) - É inconstitucional lei que preveja a condenação à morte ou à execução de trabalhos forçados, dado que a Constituição Federal de 1988 (CF) proíbe, expressamente, essas modalidades de pena. 31 – ( ) - (CESPE/DPF) - Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absorção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este absorve aquele. 01.D 02.D 03.A 04.B 05.V 06.V 07.F 08.E 09.V 10.E 11.V 12.F 13.F 14.V 15.V 16.F 17.D 18.A 19.C 20.B 21. E 22. E 23. E 24. C 25. E 26. C 27. E 28. C 29. C 30. C 31.C AULA 02 – PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Princípios são imperativos éticos extraídos do ordenamento jurídico. São normas estruturais do direito positivo, que orientam a compreensão e aplicação do conjunto das normas jurídicas. Os princípios constitucionais de direito penal são normas, extraídas da Carta Magna, que dão fundamento à construção do direito penal. 1 - Princípio da legalidade penal e seus desdobramentos O princípio básico que orienta a construção do Direito Penal, a partir da Carta Magna, é o da legalidade penal ou da reserva legal, resumida na fórmula nullum crimen, nulla poena, sine lege, que a Constituição Federal trouxe expressa no seu art. 5º, inciso XXXIX: 21 “XXXIX — não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. 2 - Princípio da tipicidade A ilicitude penal é uma ilicitude típica, ou seja, a norma penal, que define o delito, deve fazê-lo de maneira precisa; do contrário, a autoridade poderia, a pretexto de interpretar extensivamente a lei, transformar em crimes fatos não previstos no comando legal. Embora não seja expressamente descrito na CF, o princípio da tipicidade (nullumcrimen, nullapoena, sine lege certa) é uma das garantias essenciais do Estado de Direito, de modo que as leis penais vagas e imprecisas são consideras inválidas perante o ordenamento jurídico. 3 - Princípio da Individualização da Pena Junto com o princípio da legalidade, o Iluminismo trouxe, para o Direito Penal, o princípio da proporcionalidade da pena; se o indivíduo é punido pelo ato praticado, é um imperativo de justiça que a punição prevista seja proporcional ao delito, ou seja, quanto mais grave o crime, maior a pena. É a mais importante garantia do cidadão contra o arbítrio do Estado, pois só a lei (norma jurídica emanada do Parlamento), pode estabelecer que condutas serão consideradas criminosas, e quais as punições para cada crime. Mas o princípio da legalidade possui dois desdobramentos principais. Sem eles, a regra acima descrita tornar-se-ia letra morta: 4 - Princípio da anterioridade A lei, que define o crime e estabelece a pena, deve existir à data do fato. Em razão disso, proíbe-se que leis promulgadas posteriormente à prática da conduta sirvam para incriminá-la. A Constituição Federal acolheu o princípio, proibindo a retroação lei prejudicial ao acusado, ao mesmo tempo em que determina a necessária retroação da lei mais favorável, como se vê do art. 5º, inciso XL: “XL — a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. 5 - Princípio da pessoalidade ou personalidade da pena. Isso traz outra consequência importante: só se pode punir quem, através de sua conduta, contribuiu para a prática do delito. Na Antiguidade e Idade Média, a pena atingia familiares e descendentes do criminoso; atualmente, só se admite que a pena atinja o próprio autor do fato. Abre-se, na Constituição Federal, uma única exceção: aplicada pena de perdimento de bens1, ou imposta a reparação do dano, em caso de morte do condenado a execução atingirá o patrimônio deixado para os herdeiros, consoante o art. 5º, inciso XLV: “XLV — nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei estendidas até os sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. 6 - Princípio Da Humanidade ou Humanização Das Penas Também não se pode esquecer que o Direito Penal visa à ressocialização do indivíduo. Dessa forma,a proporcionalidade pura e simples corre o risco de se transformar em vingança, multiplicando a violência e o sofrimento envolvidos no processo. O réu deve ser tratado como pessoa humano, conforme os ditames da CF/88. “XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; 22 c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;” “XLVIII — a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado”. Tem-se em vista, de igual maneira, que a ciência conseguiu provar que todo indivíduo são é capaz de se ressocializar, independentemente da natureza dos atos anteriormente praticados. Tal ideia é um dos fundamentos do Direito Penal, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, e levou à erradicação da pena de morte e da prisão perpétua em quase todos os países. 7 - Princípio da proteção exclusiva de bens jurídicos - Este princípio impede que o Estado venha a utilizar o Direito Penal para proteção de bens ilegítimos. Ex.: o Direito Penal não pode proteger determinada religião. O Direito Penal protege os bens jurídicos mais relevantes para o homem. 8 - Princípio da intervenção mínima - O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário. 9 - Princípio da Insignificância ou Bagatela – É considerada Causa de Exclusão da tipicidade (atipicidade) material. É um princípio limitador do Direito Penal. Requisitos para a sua aplicação (de acordo com STF/STJ): • Nenhuma Periculosidade social da ação; • Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; • Mínima ofensividade da conduta do agente; • Inexpressividade da Lesão jurídica provocada. Importante: -nos Crimes Contra Administração Pública: *STF admite. *STJ não admite. -no Crime de Descaminho: *STF admite para débitos fiscais inferiores a R$20.000 *STJ R$ 20.000,00 O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo, não há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, 23 julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade de pena. STJ. 5ª Turma. HC 333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/04/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 318849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016 (Info 825). O STJ possui posição consolidada no sentido de que o princípio da insignificância não é aplicável aos crimes de posse e de porte de arma de fogo, por se tratarem de crimes de perigo abstrato, sendo irrelevante inquirir a quantidade de munição apreendida. STJ. 5ª Turma. HC 338153/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2016. O STJ já firmou o entendimento de que é possível a aplicação do princípio da insignificância ao delito de apropriação indébita previdenciária, desde que o total dos valores retidos não ultrapasse o valor utilizado pela Fazenda Público como limite mínimo para que sejam ajuizadas as execuções fiscais (20 mil reais). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1241697/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/08/2013. STJ. 6ª Turma. RHC 59839/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 07/04/2016. É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame. STJ. 5° Turma. AgRg no AREsp 654.321/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2015. É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816). 10 - Subsidiariedade – o Direito Penal só intervém em abstrato (tipificando comportamentos) quando ineficazes os demais ramos do direito (o Direito Penal deve ser a ultimaratio). O Direito Penal deve, portanto, interferir o menos possível na vida em sociedade, devendo ser solicitado quando os demais ramos do Direito, comprovadamente, não forem capazes de proteger aqueles bens considerados da maior importância. BITENCOURT – Se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. 24 11 - Fragmentariedade – o Direito Penal só intervém no caso concreto quando houver relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado – ***extrair-se-á daqui o princípio da insignificância. ROGÉRIO GRECO – Uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a lesividade e inadequação das condutas que os ofendem, esses bens passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo Direito Penal, originando-se, assim, a sua natureza fragmentária. MUÑOZ CONDE – O Direito Penal se limita somente a castigar as ações mais graves contra os bens jurídicos mais importantes. 12 - Non Bis In Idem - O princípio em comento estabelece, em primeiro plano, que ninguém poderá ser punido mais de uma vez por uma mesma infração penal. Mas não é só. A partir de uma compreensão mais ampla deste princípio, desenvolveu-se o gradativo aumento da sua importância. Hodiernamente, uma das suas mais relevantes funções é a de balizar a operação de dosimetria (cálculo) da pena, realizada pelo magistrado. 13 – In dubio pro réu – Na dúvida, beneficia-se o réu. EXERCÍCIOS 01 - (TJ-PB/JUIZ/2015) - Acerca dos princípios e fontes do direito penal, assinale a opção correta. A) Segundo a jurisprudência do STJ, o princípio da insignificância deve ser aplicado a casos de furto qualificado em que o prejuízo da vítima tenha sido mínimo. B) Conforme entendimento do STJ, o princípio da adequação social justificaria o arquivamento de inquérito policial instaurado em razão da venda de CDs e DVDs. C) Depreende-se do princípio da lesividade que a autolesão, via de regra, não é punível. D) Depreende-se da aplicação do princípio da insignificância a determinado caso que a conduta em questão é formal e materialmente atípica. E) As medidas provisórias podem regular matéria penal nas hipóteses de leis temporárias ou excepcionais. 02 - ( ) - A ilicitude penal é uma ilicitude típica, ou seja, a norma penal, que define o delito, deve fazê-lo de maneira precisa;do contrário, a autoridade poderia, a pretexto de interpretar extensivamente a lei, transformar em crimes fatos não previstos no comando legal. 03 - (FGV/OAB/2014) - O Presidente da República, diante da nova onda de protestos, decide, por meio de medida provisória, criar um novo tipo penal para coibir os atos de vandalismo. A medida provisória foi convertida em lei, sem impugnações. Com base nos dados fornecidos, assinale a opção correta. a) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais por meio de medida provisória, quando convertida em lei. b) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais 25 por meio de medida provisória, pois houve avaliação prévia do Congresso Nacional. c) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não é possível a criação de tipos penais por meio de medida provisória. d) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não cabe ao Presidente da República a iniciativa de lei em matéria penal. 04 - ( ) - (CESPE/AGU/2009) - O princípio da legalidade, que é desdobrado nos princípios da reserva legal e da anterioridade, não se aplica às medidas de segurança, que não possuem natureza de pena, pois a parte geral do Código Penal apenas se refere aos crimes e contravenções penais. 05 - (FGV/INSPETOR DE POLICIA/2008) - Relativamente aos princípios de direito penal, assinale a afirmativa incorreta. A) Não há crime sem lei anterior que o defina. B) Não há pena sem prévia cominação legal. C) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da anterioridade da lei penal. D) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime. E) A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente aplica- se aos casos anteriores. 06 – ( ) - (FGV/INSPETOR DE POLICIA/2008) - a lei penal não retroagirá mesmo que seja para beneficiar o réu. 07 - (FCC/TJ-MS/JUIZ/2010) - O princípio de intervenção mínima do Direito Penal encontra expressão a) nos princípios da fragmentariedade e da subsidiariedade. b) na teoria da imputação objetiva e no princípio da fragmentariedade. c) no princípio da fragmentariedade e na proposta funcionalista. d) na teoria da imputação objetiva e no princípio da subsidiariedade. e) no princípio da subsidiariedade e na proposta funcionalista. 08 - (VUNESP/TJ-SP/JUIZ/2011) - Antônio, quando ainda em vigor o inciso VII, do art. 107, do Código Penal, que contemplava como causa extintiva da punibilidade o casamento da ofendida com o agente, posteriormente revogado pela Lei n.º 11.106, publicada no dia 29 de março de 2005, estuprou Maria, com a qual veio a casar em 30 de setembro de 2005. O juiz, ao proferir a sentença, julgou extinta a punibilidade de Antônio, em razão do casamento com Maria, fundamentando tal decisão no dispositivo revogado (art. 107, VII, do Código Penal). Assinale, dentre os princípios adiante mencionados, em qual deles fundamentou-se tal decisão. a) Princípio da isonomia. b) Princípio da proporcionalidade. c) Princípio da retroatividade da lei penal benéfica. d) Princípio da ultratividade da lei penal benéfica. e) Princípio da legalidade. 09 – (FGV/OAB/2014) - Pedro Paulo, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pelo crime de descaminho (Art. 334, caput, do Código Penal), pelo transporte de mercadorias procedentes do Paraguai e desacompanhadas de documentação comprobatória de sua importação regular, no valor de R$ 3.500,00, conforme atestam o Auto de Infração e o Termo de Apreensão e Guarda Fiscal, bem como o Laudo de Exame Merceológico, elaborado pelo Instituo Nacional de Criminalística. Em defesa de Pedro Paulo, segundo entendimento dos Tribunais Superiores, é possível alegar a aplicação do a) princípio da proporcionalidade. b) princípio da culpabilidade. c) princípio da adequação social. d) princípio da insignificância ou da bagatela. 26 10- ( ) (CESPE/TJ-SE/2014) - Se o valor do tributo sonegado no contrabando de cigarros for inferior a R$ 5.000,00 deverá ser reconhecida a atipicidade da conduta, ainda que configure evidente a lesão ao erário e à atividade arrecadatória do Estado. 11 - ( ) - (IBADE/PC-AC/2017/DELEGADO/ADAPTADA) - “O suicídio é um crime (assassínio) [...]. Aniquilar o sujeito da moralidade na própria pessoa é erradicar a existência da moralidade mesma do mundo, o máximo possível, ainda que a moralidade seja um fim em si mesma. Consequentemente, dispor de si mesmo como um mero meio para algum fim discricionário é rebaixar a humanidade na própria pessoa (homo noumenon), à qual o ser humano (homo phaenomenon) foi, todavia, confiado para preservação” (KANT, Immanuel, a Metafísica dos Costumes). A extinção da própria vida já foi objeto de sancionamento penal em diversos países. Esclarece Galdino Siqueira (Tratado, tomo III, p. 68) que o direito romano punia com confisco de bens o ato de suicidar-se para fugir a uma acusação ou à pena por outro delito. A mesma pena foi aplicada em França. O confisco-segundo o autor-persistia na Inglaterra no início do século XX, desde que o suicídio não fosse efeito de uma desordem mental provada. Tendo por base o confisco de bens outrora pertencentes ao suicida - que tem herdeiros - como forma de punição penal, é correto afirmar que responsabilização de terceiros pela conduta de alguém viola o princípio penal, denominado: individualização judicial da pena. 12 - ( ) – O Princípio da Insignificância ou Bagatela é considerada Causa de Exclusão da tipicidade (atipicidade) material. É um princípio limitador do Direito Penal. 13 - (FUNCAB/PCPA/DELEGADO/2016) - Expressiva parcela da doutrina sustenta a inadequação do crime de escrito ou objeto obsceno (art. 234 do CP) para com os princípios que instruem o direito penal democrático. Um dos focos dessa inadequação reside na indevida alocação do sentimento público de pudor como objeto da tutela jurídica. Isso representa, em tese, violação ao princípio da: a) intranscendência. b) culpabilidade. c) taxatividade. d) ofensividade. e) insignificância. 14 - (FCC/SEGEP-MA/AFRE/2016) - O princípio do direito penal que possui claro sentido de garantia fundamental da pessoa, impedindo que alguém possa ser punido por fato que, ao tempo do seu cometimento, não constituía delito é a) atipicidade. b) reserva legal. c) punibilidade. d) analogia. e) territorialidade. 15 - (FAURGS/TJ-RS/2016) -Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o Direito Penal, assinale a alternativa correta. a) O princípio da insignificância refere-se à aplicação da pena, impondo, em alguns casos, o reconhecimento de causa de diminuição de pena. b) O uso da norma penal em branco heterogênea constitui situação de violação ao princípio da legalidade. c) O princípio da culpabilidade reconhece que o Estado também é responsável pelo cometimento de determinados delitos em razão das desigualdades sociais e econômicas. Tal circunstância pode ser considerada na dosimetria da pena, uma vez que o Código Penal prevê, no art. 66, uma atenuante inominada. d) A utilização da analogia pelo juiz para criar tipos penais e responsabilizar criminalmente acusados reincidentes não fere o princípio da legalidade, tendo em vista a norma inscrita no art. 1º do Código Penal. e) O princípio da pessoalidade da pena impede que a responsabilidade pela indenização do prejuízo que foi causado pelo autor do crime seja estendida aos seus herdeiros. 27 16 - (TRF/TRF-4ª/JUIZ/2016) - Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta. Com base na orientação jurisprudencial do SuperiorTribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal: I. Das várias teorias que buscam justificar o dolo eventual, sobressai a teoria do consentimento (ou da assunção), consoante a qual o dolo exige que o agente consinta em causar o resultado, além de considerá- lo como possível. A questão central diz respeito à distinção entre dolo eventual e culpa consciente, que, como se sabe, apresentam aspecto comum: a previsão do resultado ilícito. II. O direito penal brasileiro encampou a teoria da ficção jurídica para justificar a natureza do crime continuado (art. 71 do Código Penal). Por força de uma ficção criada por lei, justificada em virtude de razões de política criminal, a norma legal permite a atenuação da pena criminal, ao considerar que as várias ações praticadas pelo sujeito ativo são reunidas e consideradas fictamente como delito único. III. Embora, em rigor, o indulto só devesse ser dado – como causa, que é, de extinção de punibilidade – depois do trânsito em julgado da sentença condenatória, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal inclina-se pelo cabimento da concessão do indulto antes de a sentença condenatória transitar em julgado, desde que não mais caiba recurso de apelação. IV. A insignificância, enquanto princípio, se revela, conforme a visão de Roxin, importante instrumento que objetiva, ao fim e ao cabo, restringir a aplicação literal do tipo formal, exigindo-se, além da contrariedade normativa, a ocorrência efetiva de ofensa relevante ao bem jurídico tutelado. a) Estão corretas apenas as assertivas I e II. b) Estão corretas apenas as assertivas I e IV. c) Estão corretas apenas as assertivas II e III. d) Estão corretas apenas as assertivas III e IV. e) Estão corretas todas as assertivas. 17 - (FUNCAB/SEGEP-MA/AGEPEN/2016) - O direito penal não admite analogias incriminadoras Essa afirmativa é uma decorrência do princípio da: a) adequação social. b) responsabilidade penal pessoal. c) individualização das penas. d) legalidade. e) responsabilidade penal subjetiva. 18 - (IBEG/PROCURADOR MUNICIPAL/2016) - Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direito, por reflexo, seu direito penal há de ser legítimo, democrático e obediente aos princípios constitucionais que o informam, passando o tipo penal a ser uma categoria aberta, cujo conteúdo deve ser preenchido em consonância com os princípios derivados deste perfil político-constitucional. Assim, analisando as premissas abaixo, pode-se afirmar que: I. Não se admitem mais critérios absolutos na definição dos crimes, os quais passam a ter exigências de ordem formal (somente a lei pode descrevê-los e cominar-lhes uma pena correspondente) e material (o seu conteúdo deve ser questionado à luz dos princípios constitucionais derivados do Estado Democrático de Direito). II. Podemos, então, afirmar que do Estado Democrático de Direito parte o princípio da dignidade humana, orientando toda a formação do Direito Penal. Qualquer construção típica, cujo conteúdo contrariar e afrontar a dignidade humana será materialmente inconstitucional, posto que atentatória ao próprio fundamento da existência de nosso Estado. III. Assim, considerando a aplicação do princípio da legalidade, para a caracterização do crime de calúnia, é imprescindível a imputação falsa de fato determinado e definido na lei como crime ou contravenção penal. IV. Os princípios da legalidade e anterioridade são os principais alicerces de manutenção da segurança jurídica num Estado Democrático de Direito, pois se tratam de obstáculos à intervenção estatal na esfera de liberdade do indivíduo. É uma conquista de cunho político, uma proteção ao cidadão. Dessa forma, não poderá o Estado atuar de forma absoluta ou arbitrária, tendo o seu poder punitivo limitado ao direito positivo. 28 V. O princípio da legalidade não veda o uso da analogia in malam partem, pois se admite o emprego de analogia para normas incriminadoras, desde que haja lacunas na lei em questão e disposição legal relativa a um caso semelhante. a) Apenas as assertivas I, II e III são verdadeiras. b) Apenas as assertivas I, II e IV são verdadeiras. c) Apenas as assertivas II, IV e V são verdadeiras. d) Apenas as assertivas II, III e IV são verdadeiras. e) Apenas as alternativas II, III e V são verdadeiras. 19 - (FAURGS/TJ-RS/JUIZ/2016) - I- Em nome do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, a abolitio criminis e a lex mitior alcançam todos os fatos delitivos anteriores à sua entrada em vigor, inclusive aqueles previstos em legislação penal temporária ou excepcional. II - A lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos a bordo de embarcações e aeronaves estrangeiras de propriedade privada que estejam localizadas no mar territorial ou sobrevoando o espaço aéreo brasileiro, sendo também consideradas como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, localizadas em mar territorial ou no espaço aéreo de outro país, desde que estejam a serviço do governo brasileiro. III - Segundo dispõe o princípio da consunção, quando a concretização da prática de um crime depende direta e necessariamente da prática de uma conduta delitiva antecedente, o juiz, no momento da sentença, deve afastar o reconhecimento do concurso de infrações, aplicando ao réu apenas a pena do crime mais grave. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III. 20 - (IBEG/PROCURADOR/2016) - O princípio da legalidade é uma garantia constitucional fundamental do homem: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (CF/88, art. 5º, XXXIX e Código Penal, art. 1º). Sobre esse princípio, analise as assertivas abaixo e indique a incorreta. a) De acordo com a maioria da doutrina, há no princípio da legalidade embutidos dois princípios diferentes: o da reserva legal, reservando para o estrito campo da lei a existência do crime e sua correspondente pena e o da anterioridade, exigindo que a lei esteja em vigor no momento da prática da infração penal. b) O princípio da legalidade veda o uso da analogia in malam partem, e a criação de crimes e penas pelos costumes. c) O Estado é a única fonte de produção do direito penal, já que compete privativamente à União legislar sobre normas gerais em matéria penal, ressaltando que, excepcionalmente, lei estadual (ou distrital) poderá tratar sobre questões específicas de Direito Penal, desde que permitido pela União por meio de lei complementar. d) O princípio da legalidade não se aplica às medidas de segurança, pois não possuem natureza de pena e a parte geral do Código Penal se refere apenas aos crimes e contravenções penais. e) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 21 - (TRF/TRF-3ª/JUIZ/2016) - Sabendo que Caio, brasileiro, foi flagrado retornando ao país, portando medicamentos sem registro no órgão de vigilância sanitária competente, diga qual posicionamento resta incongruente com a lei, a doutrina e precedentes judiciais existentes: a) A situação sequer ensejaria reflexão penal, dado que a falta de registro implica apenas responsabilidade administrativa; b) Por força do princípio da proporcionalidade, tendo em vista que o bem jurídico tutelado é a saúde pública, há fundamentos para aplicar a Caio a pena prevista para o crime de tráfico de drogas; 29 c) Por força do princípio da proporcionalidade, tendo em vista que o bem jurídico tutelado é a saúde pública, se pequena a quantidadede medicamentos, há fundamentos para aplicar a Caio as medidas previstas para o porte de droga para uso próprio; d) A conduta de Caio pode ser analisada à luz do delito de descaminho. 22 - (FCC/DPE-MA/2015) - A proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição de tortura e maus- tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar sua infraestrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação e a dessocialização dos condenados são desdobramentos do princípio da a) proporcionalidade. b) intervenção mínima do Estado. c) fragmentariedade do Direito Penal. d) humanidade. e) adequação social. 23 - (FCC/TJ-SC/JUIZ/2015) - A afirmação de que o Direito Penal não constitui um sistema exaustivo de proteção de bens jurídicos, de sorte a abranger todos os bens que constituem o universo de bens do indivíduo, mas representa um sistema descontínuo de seleção de ilícitos decorrentes da necessidade de criminalizá-los ante a indispensabilidade da proteção jurídico-penal, amolda-se, mais exatamente, a) ao conceito estrito de reserva legal aplicado ao significado de taxatividade da descrição dos modelos incriminadores. b) à descrição do princípio da fragmentariedade do Direito Penal que é corolário do princípio da intervenção mínima e da reserva legal. c) à descrição do princípio da culpabilidade como fenômeno social. d) ao conteúdo jurídico do princípio de humanidade relacionado ao conceito de Justiça distributiva. e) à descrição do princípio da insignificância em sua relativização na busca de mínima proporcionalidade entre gravidade da conduta e cominação de sanção. 24 - (FCC/TJCM-RJ-SC/AUDITOR/2015) - Determinada lei dispõe: “Subtrair objetos de arte. Pena: a ser fixada livremente pelo juiz de acordo com as circunstâncias do fato". Para um fato cometido após a sua vigência, é correto afirmar que a referida lei a) fere o princípio da legalidade. b) fere o princípio da anterioridade. c) fere os princípios da legalidade e da anterioridade. d) não fere os princípios da legalidade e da anterioridade. e) é uma norma penal em branco. 25 - (FGV/DPE-RO/ANALISTA/2015) - Carlos, primário e de bons antecedentes, subtraiu, para si, uma mini barra de chocolate avaliada em R$ 2,50 (dois reais e cinquenta centavos). Denunciado pela prática do crime de furto, o defensor público em atuação, em sede de defesa prévia, requereu a absolvição sumária de Carlos com base no princípio da insignificância. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o princípio da insignificância: a) funciona como causa supralegal de exclusão de ilicitude; b) afasta a tipicidade do fato; c) funciona como causa supralegal de exclusão da culpabilidade; d) não pode ser adotado, por não ser previsto em nosso ordenamento jurídico; e) funciona como causa legal de exclusão da culpabilidade. 26 - (MPE-SP/MPE-SP/PROMOTOR/2015) -Após leitura dos enunciados abaixo, assinale a alternativa falsa: a) O princípio da legalidade tem como fundamento o princípio nullum crimen, nulla poena sine praevia lege. b) No tocante ao tempo do crime, o Código Penal Brasileiro adotou a teoria da atividade, que o considera como o momento da conduta comissiva ou omissiva. 30 c) No tocante ao lugar do crime, o Código Penal Brasileiro adotou a teoria da atividade, que o considera como o local onde ocorreu a conduta criminosa. d) Lei excepcional, por ter ultratividade, pode ser aplicada a fatos praticados durante sua vigência mesmo após sua revogação. e) A lei penal, ao entrar em conflito com lei penal anterior, pode apresentar as seguintes situações: novatio legis incriminadora, abolitio criminis, novatio legis in pejus e novatio legis in mellius. 27 - ( ) - (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGEPEN/2015) - No que se refere ao direito penal, segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante, julgue o próximo item. O princípio da insignificância deve ser analisado em correlação com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do direito penal para excluir ou afastar a própria tipicidade da conduta. 28 - (VUNESP/TJ-PA/2014) - Artigo 1.º do Código Penal Brasileiro: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” O dispositivo legal ora transcrito explicita, dentre outros, o princípio a) da insignificância. b) da intervenção mínima. c) da taxatividade. d) da culpabilidade. e) da proporcionalidade. 29 - (FCC/DPE-PB/DEFENSON/2014) - "A terrível humilhação por que passam familiares de pre-sos ao visitarem seus parentes encarcerados consiste na obrigação de ficarem nus, de agacharem diante de espelhos e mostrarem seus órgãos genitais para agentes públicos. A maioria que sofre esses procedimentos é de mães, esposas e filhos de presos. Até mesmo idosos, crianças e bebês são submetidos ao vexame. É princípio de direito penal que a pena não ultrapasse a pessoa do condenado". (DIAS, José Carlos. "O fim das revistas vexatórias". In: Folha de São Paulo. São Paulo: 25 de julho de 2014, 1o caderno, seção Tendências e Debates, p. A-3). Além da ideia de dignidade humana, por esse trecho o inconformismo do autor, recentemente publicado na imprensa brasileira, sustenta-se mais diretamente também no postulado constitucional da a) individualização. b) fragmentariedade. c) pessoalidade. d) presunção de inocência. e) legalidade. 30 - (VUNESP/TJ-SP/JUIZ/2013) - O crime de dano (CP, art. 163), norma menos grave, funciona como elemento do crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa (CP, art. 155, § 4.º, inciso I). Nesta hipótese, o crime de dano é excluído pela norma mais grave, em função do princípio da a) especialidade. b) consunção. c) subsidiariedade tácita ou implícita. d) subsidiariedade expressa ou explícita. 31 01.C 02.C 03.C 04.E 05.C 06.E 07.A 08.D 09.D 10.C 11.E 12.C 13.D 14.B 15.C 16.E 17.D 18.B 19.B 20.D 21. A 22. D 23.B 24.A 25.B 26.E 27.C 28.C 29.C 30.C AULA 03 – APLICAÇÃO DA LEI PENAL TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal Lei penal no tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Lei excepcional ou temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 3.1 – A LEI PENAL NO TEMPO A lei penal, nasce, vive e morre. A regra é tempus regitactum. 3.1.1 - Princípio da continuidade das leis As leis se sucedem no tempo, pois é da natureza humana a mudança de pensamento. Assim, o que hoje é considerado crime, amanhã pode não o ser, e vice-versa. É claro, também, que quando uma lei revoga a outra, a lei revogadora deve abordar a matéria de forma, ao menos um pouco, diferente do modo como tratava a lei revogada, caso contrário, seria uma lei absolutamente inútil. A esse fenômeno damos o nome de Princípio da continuidadedas leis. 32 A revogação, por sua vez, é o fenômeno que compreende a substituição de uma norma jurídica por outra. Essa substituição pode ser total ou parcial. No primeiro caso, temos o que se chama de ab-rogação, e no segundo caso, derrogação. A revogação, como vimos, pode ser total ou parcial. Mas pode, ainda, ser expressa ou tácita. Diz-se que é expressa quando a nova lei diz expressamente que revoga a lei anterior. Por exemplo, a lei 11.343/06(nova lei de drogas) diz em seu art. 75, que ficam revogadas as disposições contidas na lei 6.368/76. Por sua vez, a revogação tácita ocorre quando a lei nova, embora não diga nada com relação à revogação da lei antiga, trata da mesma matéria, só que de forma diferente. 3.1.2 - Tempo do crime: Para saber qual lei será aplicada ao fato criminoso, necessário precisar quando se tem por ocorrido o delito. O art. 4º do Código Penal afirma: “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. Utilizou o Código o princípio da atividade, que leva em consideração a prática da conduta, e não a ocorrência do resultado. Por exemplo: se no dia 30 de novembro alguém coloca uma bomba em um navio, e esta vem a explodir no dia 3 de dezembro, matando os passageiros, tem-se por ocorrido o crime na data em que se colocou a bomba. Tal determinação é importante, sobretudo, para fixação da maioridade penal. Se, no caso acima citado, um adolescente colocar a bomba, e no dia seguinte completar dezoito anos, terá sua responsabilidade fixada nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), e não do Código Penal. 33 3.1.3 Retroatividade e Ultratividade da Lei Penal: A função da lei é estabelecer consequências jurídicas para a ocorrência de determinados fatos. Se o Código Penal afirma, por exemplo: quem matar alguém sofrerá reclusão, de seis a vinte anos, isso significa que, ocorrendo um homicídio (fato), seu autor estará sujeito à pena ali fixada. Isso dá ao Estado o poder de, após submeter o indivíduo a julgamento, privá-lo de sua liberdade por 6 a 20 anos. Normalmente a lei passa a poder produzir seus efeitos somente em relação aos fatos que tenham lugar após sua vigência. Mas é possível que uma lei venha a estabelecer consequências jurídicas para fatos pretéritos — isso se chama retroação (de retroagir). Também é possível que uma lei, mesmo não tendo mais vigência (revogação), venha a determinar as consequências de um fato ocorrido após deixar de vigorar. Dá-se a tal procedimento o nome de ultra-ação. A Constituição Federal estabelece, para a retroação, duas regras básicas: • As leis não penais podem retroagir, mas respeitando o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito (CF, art. 5º, XXXVI)2; • As leis penais só podem retroagir para benefício do réu, atingindo, nesse caso, até mesmo a coisa julgada (CF, art. 5º., XL). A lei penal nova pode beneficiar o réu de duas formas: fazendo com que o fato deixe de ser criminoso (abolitio criminis) ou diminuindo a pena prevista para a prática do delito. Na primeira hipótese — o fato deixa de ser criminoso — nem inquérito policial poderá haver. Se houver inquérito, será arquivado. Se o processo está em curso, o réu será imediatamente absolvido (por extinção da punibilidade). Se houver condenação, a execução da pena será obstada. E se estiver o condenado cumprindo pena, esta será imediatamente extinta. Quando a lei mais recente apenas diminui a pena prevista, o juiz não a poderá fixar além do novo limite. Se já houve condenação, a pena será reduzida. Se a lei nova traz alguns benefícios ao réu, mas também reduz algumas vantagens, caberá ao juiz escolher qual delas é, no seu conjunto, mais benéfica, não podendo combinar elementos de uma ou de outra. Isso porque não cabe ao juiz criar uma lei nova, mas apenas determinar qual é a lei que está em vigor. Ocorre ultra ação da lei penal quando a lei nova cria uma modalidade criminosa que não existia na lei anterior, ou aumenta a pena prevista para o delito. Nesse caso, a lei anterior, embora revogada, continua a ser utilizada para o julgamento dos fatos que tenham ocorrido durante a sua vigência. 3.1.4 - Lei Excepcional E Temporária 34 Aparente exceção à regra ocorre com as leis excepcionais ou temporárias. Diz o art. 3º do CÓDIGO PENAL que: “A lei excepcional ou temporária, embora tenha decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência”. Isso quer dizer que a lei excepcional ou temporária ultra-agirá, mesmo que a lei nova seja mais benéfica ao acusado. Explica-se a disposição porque a lei temporária (que surge já com prazo de vigência fixado) ou a lei excepcional (cuja vigência depende da ocorrência ou duração de um determinado fato — uma lei feita para ser utilizada em caso de guerra, por exemplo) são editadas para atender a circunstâncias incomuns, que exigem, por vezes, um maior endurecimento do sistema penal. Dessa forma, os fatos ocorridos durante o período de excepcionalidade são, em si mesmos, considerados mais graves. Artigo 2º, parágrafo único do CPB. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. • Abolitio criminis – lei nova deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como ilícito penal. Atenção! Não confundam abolitio criminis com continuidade típico-normativa. Em alguns casos, embora a lei nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal, ela simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal. Por exemplo: A Lei 12.015/09 revogou o art. 214 do CP, que previa o crime de atentado violento ao pudor. Entretanto, ao mesmo tempo, ampliou a descrição do tipo penal do estupro para abranger também a prática de atos libidinosos diversos da conjunção carnal, que era a descrição do tipo penal de atentado violento ao pudor. Assim, o que a Lei 12.015/09 fez, não foi descriminalizar o Atentado Violento ao Pudor, mas dar a ele novo contorno jurídico, passando agora o fato a ser enquadrado como crime de estupro, tendo, inclusive, previsto a mesma pena anteriormente cominada ao Atentado Violento ao Pudor. Assim, 35 não houve abolitio criminis, pois o fato não deixou de ser crime, apenas passou a ser tratado em outro tipo penal. Novatio legis incriminadora – lei nova que considera crime fato que anteriormente não incriminado. Novatio legis in pejus - lei posterior, que de qualquer modo agrava a situação do sujeito, não retroagirá (art. 5º, XL, da CF). Novatio legis in mellius– lei posterior, que descriminaliza ou dê tratamento mais favorável ao sujeito. Não fere o princípio constitucional que preserva a coisa julgada (art. 5º, XXXVI, da CF), pois essa norma constitucional protege as garantias individuais e não o direito do Estado enquanto titular do ius puniendi. 3.1.5 - Lei Intermediária e Conjugação de Leis. Problema interessante surge quando há uma sucessão de leis penais, e a mais favorável não é nem a lei do tempo do fato nem a última, mas uma intermediária, isto é, uma lei que não estava vigendo nem ao tempo do fato delitivo nem no momento da solução do caso. a.1) 1ª corrente = não podeser aplicada a lei intermediária, pois a lei penal não se refere a ela expressamente, além do que não estava em vigor em nenhum momento essencial – nem do fato nem do julgamento. a.2) 2ª corrente = princípios gerais do Direito Penal intertemporal; deve-se aplicar a lei mais favorável. É possível conjugar os aspectos favoráveis da lei anterior com os aspectos favoráveis da lei posterior? b.1) O juiz faria papel de legislador, isso representaria uma 3ª lei. Portanto, para a maioria da doutrina nacional e estrangeira não aceitam essa interpretação. b.2) Frederico Marques = “se é permitido escolher o ‘todo’ para garantir tratamento mais favorável ao réu, nada impede que se possa selecionar parte de um todo em parte de outro, para atender a uma regra constitucional que deve estar acima de pruridos de Lógica Formal”. SÚMULA 501 STJ É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. SÚMULA 611 STF Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. SÚMULA 711 STF A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. A norma que altera a natureza da ação penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. STJ. 6ª Turma. HC 182714-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2012. 36 A Lei que durante o período de vacância (vacatio legis) não produz efeitos, logo, não retroage, ainda que mais benéfica a o réu! Assim, se O Anderson Brasil está cumprindo o último ano de sua pena por um determinado crime, e é publicada uma lei que prevê que este fato deixa de ser crime, mas cujo período de vacatio legis é de um ano, Anderson Brasil deverá cumprir integralmente sua pena, pois a lei nova só produzirá efeitos quando Anderson Brasil já tiver cumprido toda a pena. Resumindo: Anderson Brasil deu um azar danado! 3.1.6 - Aplicação Prática Quando aquele que pratica a conduta é menor de idade como ocorrerá a responsabilidade do agente? Nos termos do art. 4º o que interessa é quando foi realizada a ação ou omissão e não o momento do resultado, logo, se o agente praticou a conduta com 17 anos e a vítima morre em razão do disparo, mas apenas após o autor ter feito os 18 anos disso resultará a aplicação do ECA e não do Código Penal. Quando entre a data da conduta e do resultado ocorreu superveniência de lei penal gravosa o que ocorrera? Essa questão trata sobre a peculiar sucessão de leis no tempo e neste caso ocorrera a inaplicação da lei penal gravosa, pois esta não poderá retroagir. Quando a vítima tiver idade superior a 60 anos de idade podemos afirmar que foi homicídio simples? Como já mostramos, nos termos do art. 4 do CP devemos levar em consideração se a vítima tinha ou não tal idade ao tempo a conduta do infrator. Caso tivesse, o agente será responsável por homicídio com causa de aumento de pena nos termos do art. 121, §4º do CP. § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos No caso da vítima apresentar 59 anos ao tempo da conduta do autor, a pena não poderá ser aumentada em desfavor do agente. É essencial que o agente realize a conduta ao tempo em que a vítima já completou os 60 anos. O enunciado apresenta que o agente atirou na data de 2 de março de 2014 e faleceu em 2 de junho do mesmo ano, logo, a conduta ocorrera em uma data e a consumação em outra. Se ao enunciado fossem acrescidas as datas do fato e da morte, oras, o fato ocorrerá em período anterior a morte do agente e o a morosidade das investigações faz com que ocorra a prescrição. Mas, a partir de quando conta-se o prazo prescricional? Da data do conduta, do resultado? Temos que tomar muito cuidado neste caso e ficarmos atentos ao fato de que em relação a prescrição não aplicaremos o art. 4, mas, o art. 111 do CP, contando-se a prescrição da data da consumação e não da conduta. Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final. Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr 37 I - do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. EXERCÍCIOS 01 - No curso de um delito de sequestro, em que a vítima ainda se encontrava privada de sua liberdade, sobreveio nova lei penal aumentando a pena prevista no preceito secundário do tipo penal descrito no Art. 148 do CP. Nesse caso, atento (a) ao entendimento dos Tribunais Superiores acerca do tema, assinale a afirmativa correta. a) Aplica-se a lei penal mais grave, ou seja, aquela cuja entrada em vigor se deu no curso do delito. b) Aplica-se a lei penal mais benéfica, pois a lei penal não retroage, salvo em benefício do réu. c) Aplica-se a lei penal mais benéfica, com base na teoria da atividade, a qual impõe ser aplicável a lei penal vigente à época da ação/omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. d) Aplica-se, eventualmente, as duas leis combinadas, caso tal conduta importe em benefício para o agente. 02 - Sobre a aplicação da lei penal e da lei processual penal, assinale a opção incorreta. a) Os atos processuais realizados sob a vigência de lei processual anterior são considerados válidos, mesmo após a revogação da lei. b) As normas processuais têm aplicação imediata, ainda que o fato que deu origem ao processo seja anterior à entrada em vigor dessas normas. c) O dispositivo constitucional que estabelece que a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, aplica-se à lei penal e à lei processual penal. d) Lei penal que substitua outra e que favoreça o agente aplica-se aos fatos anteriores à sua entrada em vigor, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 03 - Determinado estado, membro da Federação, editou lei excepcional em 1º de março de 2011, criminalizando a conduta de utilizar telefone celular no interior de agências bancárias. Com base no fato relatado, assinale a afirmativa correta. a) Não será aplicada ao fato praticado durante sua vigência, cessadas as circunstâncias que a determinaram. b) É inconstitucional por força do princípio da culpabilidade. c) É inconstitucional porque somente a União pode legislar em matéria de direito penal. d) Poderá retroagir para alcançar fatos anteriores à sua vigência por força do brocardo in dubio pro societate. 04 – (VUNESP/FUND.CASA/2013) - Pode-se afirmar, como característica essencial da lei temporária, ser: A) decorrido o período para o qual foi promulgada, voltar a viger.38 B) previamente fixada, em termos de vigência, pelo legislador. C) excepcional como a situação fática que a deflagrou. D) excepcional como a lei posterior que a revogou. E) geral, substanciosa e irretroativa. 05 – (PMGO/SOLDADO/2013) - Sobre as hipóteses de conflitos de leis penais no tempo, verifica-se que A) a lei nova incrimina fatos antes considerados lícitos. B) a lei nova modifica o regime anterior beneficiando o sujeito. C) a lei nova suprime normas incriminadoras anteriormente existentes. D) ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime. 06 – (FCC/PGJ-CE/2013) - Sobre a aplicação da lei penal excepcional ou temporária, de acordo com o Código Penal brasileiro, é correto afirmar: A) Fere o princípio constitucional da irretroatividade da lei e deve ser declarada inconstitucional. B) Embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. C) Está restrita ao direito penal militar em tempo de guerra. D) Aplica-se ao fato praticado anteriormente à sua vigência desde que não tenha decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram. E) Não está prevista no direito brasileiro que adota o princípio da estrita legalidade. 07 – (DELEGADO/PC-PR/2013) - Quanto à eficácia temporal da Lei Penal, relacione a coluna da esquerda com a da direita. (I) Novatio legis incriminadora. (II) Novatio legis in pejus. (III) Novatio legis in mellius. (IV) Abolítio criminis. (V) Ultra-atividade. (A) Lei supressiva de incriminação. (B) Aplicável às leis temporais e excepcionais. (C) Lei nova incrimina fato anteriormente considerado lícito. (D) Lei nova modifica o regime anterior, agravando a situação do sujeito. (E) Lei nova modifica o regime anterior, beneficiando a situação do sujeito. Assinale a alternativa que contém a associação correta. a) I-C, II-D, III-A, IV-E, V-B. b) I-C, II-D, III-E, IV-A, V-B. c) I-D, II-B, III-A, IV-E, V-C. d) I-D, II-C, III-B, IV-A, V-E. e) I-D, II-C, III-E, IV-A, V-B. 08 – (FCC/2010) - Em tema de aplicação da lei penal, é INCORRETO afirmar: a) Na contagem do prazo pelo Código Penal, não se inclui no seu cômputo, o dia do começo, nem se desprezam na pena de multa, as frações de Real. b) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. c) O princípio da legalidade compreende os princípios da reserva legal e da anterioridade. d) A regra da irretroatividade da lei penal somente se aplica à lei penal mais gravosa. e) As leis temporárias ou excepcionais são autorrevogáveis e ultrativas. 09 - Tício praticou um delito, foi processado e condenado. Um dia após o trânsito em julgado da sentença condenatória, uma lei nova, mantendo a mesma descrição do fato delituoso, modificou a pena cominada para esse delito. Nesse caso, a) aplica-se sempre a lei nova, se o agente ainda não tiver cumprido a pena imposta. b) não se aplica a lei nova, por já ter ocorrido o trânsito em julgado da sentença. 39 c) aplica-se a lei nova, ainda que imponha sanção mais severa. d) aplica-se a lei nova, se for mais benéfica ao autor do delito. e) não se aplica a lei nova em razão do princípio constitucional da anterioridade da lei penal. 10 - Considere que determinado agente tenha em depósito, durante o período de um ano, 300 kg de cocaína. Considere também que, durante o referido período, tenha entrado em vigor uma nova lei elevando a pena relativa ao crime de tráfico de entorpecentes. Sobre o caso sugerido, levando em conta o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a afirmativa correta. a) Deve ser aplicada a lei mais benéfica ao agente, qual seja, aquela que já estava em vigor quando o agente passou a ter a droga em depósito. b) Deve ser aplicada a lei mais severa, qual seja, aquela que passou a vigorar durante o período em que o agente ainda estava com a droga em depósito. c) As duas leis podem ser aplicadas, pois ao magistrado é permitido fazer a combinação das leis sempre que essa atitude puder beneficiar o réu. d) O magistrado poderá aplicar o critério do caso concreto, perguntando ao réu qual lei ele pretende que lhe seja aplicada por ser, no seu caso, mais benéfica. 11 – (TRF/TRF 2ª/JUIZ/2017) - Assinale a opção correta: a) A doutrina dominante aponta que, em regra, o crime culposo admite tentativa, especialmente quando a culpa é própria. b) Se “A” determina que “B” aplique uma surra em “C”, e este, ao executar a ação, excede-se, causando a morte de “C”, o Código Penal Brasileiro determina que ambos respondam por homicídio, em decorrência da adoção do sistema monista no concurso de pessoas. c) O erro de tipo exclui a ilicitude, mas permite a punição culposa do fato, quando vencível. d) No concurso de crimes, o cálculo da prescrição da pretensão punitiva considera o acréscimo decorrente do concurso formal, material ou da continuidade delitiva. e) Se vigorava lei mais benéfica, depois substituída por lei mais grave, hoje vigente, é a lei mais grave que será aplicada ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência foi iniciada antes da cessação da continuidade. 12 – (NUCEPE/SEJUS-PI/AGEPEN/2017) - Em relação à aplicação da lei penal, marque a alternativa CORRETA. a) Não há crime sem lei ou decreto anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. b) Ninguém pode ser punido por fato que lei ou decreto posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais e civis da sentença condenatória. c) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, com exceção se houver sentença condenatória transitada em julgado. d) A lei excepcional ou temporária, uma vez decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram não se aplica ao fato praticado durante a sua vigência. e) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 13 – (IBEG/IPREV/PROCURADOR/2017) - Considerando o disposto no Código Penal brasileiro quanto à aplicação da lei penal, indique a alternativa incorreta: a) Não há crime sem lei anterior que o defina, tampouco pena sem prévia cominação legal; b) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória; c) A lei excepcional ou temporária, se decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, não retroage ao fato praticado durante sua vigência; d) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado; e) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 40 14 – (VUNESP/TJM-SP/ESCREVENTE/2017) - Nos termos previstos no Código Penal, é correto afirmar que a) se considera praticado o crime no momento do resultado. b) a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, salvo se decididos por sentença condenatória transitada em julgado. c) o dia do começo deve ser excluído no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. d) o funcionário público que se apropria, por negligência, de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,de que tem a posse em razão do cargo, ou o desvia, em proveito próprio, comete o crime de peculato-culposo. e) exigir, para outrem, indiretamente, fora da função mas em razão dela, vantagem indevida caracteriza o crime de concussão. 15 – (CESPE/PCGO/ESCRIVÃO/2016) - Considerando os princípios constitucionais e legais informadores da lei penal, assinale a opção correta. a) Por adotar a teoria da ubiquidade, o CP reputa praticado o crime tanto no momento da conduta quanto no da produção do resultado. b) A lei material penal terá vigência imediata quando for editada por meio de medida provisória, impactando diretamente a condenação do réu se a denúncia já tiver sido recebida. c) Considerando os princípios informativos da retroatividade e ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica será aplicada mesmo quando a ação penal tiver sido iniciada antes da sua vigência. d) A novatio legis in mellius só poderá ser aplicada ao réu condenado antes do trânsito em julgado da sentença, pois somente o juiz ou tribunal processante poderá reconhecê-la e aplicá-la. e) Ainda que se trate de crime permanente, a novatio legis in pejus não poderá ser aplicada se efetivamente agravar a situação do réu. 16 – (CESPE/PC-CE/ESCRIVÃO/2016) - Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor, prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço. Nessa situação hipotética, a) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus. b) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação, em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade. c) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da nova legislação, antes da cessação da permanência do crime. d) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultratividade da lei penal. e) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do princípio da irretroatividade da lei penal. 17 – (FAURGS/TJ-RS/2016) - Sobre a aplicação da lei penal, assinale alternativa correta. a) Em se tratando de crimes temporários e excepcionais, a nova lei penal mais benéfica deverá ser aplicada retroativamente em benefício do réu, desde que encerrado o período de vigência da norma especial. b) Em se tratando de crimes permanentes, a nova lei penal mais gravosa não poderá retroagir em relação aos fatos já realizados pelo agente; todavia, esta deverá ser utilizada pelo juiz no momento da prolação da sentença, caso se verifique a permanência delitiva após a sua entrada em vigor. c) Segundo dispõe a legislação penal brasileira atualmente em vigor, em obediência ao princípio do ne bis in idem, não se admite que um cidadão brasileiro venha a ser processado novamente no território nacional caso tenha praticado um crime contra o patrimônio da União ou de empresa pública em um país estrangeiro e lá tenha sido absolvido. d) Em se tratando de crimes praticados por estrangeiros contra brasileiros fora do território nacional, aquele poderá ser punido pela legislação brasileira mesmo que a conduta imputada não seja tipificada como ilícito penal no local dos fatos. 41 e) Segundo estabelece a Constituição Federal, vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores gozam de imunidade penal absoluta por todo e qualquer crime decorrente da manifestação de opiniões, palavras e votos praticado no exercício do mandato eletivo, desde que a realização da conduta delitiva tenha ocorrido nos limites territoriais do estado pelo qual foram eleitos. 18 – (IBEG/PROCURADOR/2016) - Sobre a Aplicação da Lei Penal no tempo e no espaço, analise as assertivas e assinale a alternativa correta: I- No que diz respeito à lei penal no tempo e no espaço, pode-se afirmar que a vigência de norma penal posterior atenderá ao princípio da imediatidade, não incidindo, em nenhum caso, sobre fatos praticados na forma da lei penal anterior. II - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. III – A exceção ao princípio de que a lei não pode retroagir, salvo para beneficiar o acusado, restringe-se às normas de caráter penal, não se estendendo às normas processuais penais. IV - No Brasil adota-se o Princípio da territorialidade temperada, segundo o qual a lei penal brasileira aplica-se, em regra, ao crime cometido no território nacional. Excepcionalmente, porém, a lei estrangeira é aplicável a delitos cometidos total ou parcialmente em território nacional, quando assim determinarem tratados e convenções internacionais. V – O Princípio da Territorialidade adotado no Brasil não se coaduna com o “Princípio da passagem inocente”, segundo o qual se um fato fosse cometido a bordo de navio ou avião estrangeiro de propriedade privada, que esteja apenas de passagem pelo território brasileiro, não seria aplicada a nossa lei, se o crime não afetasse em nada nossos interesses. a) Apenas as assertivas I, II e III são verdadeiras. b) Apenas as assertivas I, II e IV são verdadeiras. c) Apenas as assertivas II, IV e V são verdadeiras. d) Apenas as assertivas II, III e IV são verdadeiras. e) Apenas as alternativas II, III e V são verdadeiras. 19 – ( ) - (CESPE/TCE-RN/2015) - Pelo princípio da irretroatividade da lei penal, não é possível a aplicação de lei posterior à fato anterior à edição desta. É exceção ao referido princípio a possibilidade de retroatividade da lei penal benéfica que atenue a pena ou torne atípico o fato, desde que não haja trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 20 – ( ) - (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGEPEN/2015) - Segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, julgue o item subsequente. Segundo o disposto no Código Penal (CP), a lei posterior que, de qualquer modo, favorecer o agente se aplica aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Trata-se do princípio da novatio legis in mellius. 21 – ( ) - (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGEPEN/2015) - Segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante, as leis temporárias, diversamente das leis excepcionas, têm ultra-atividade. 22 – ( ) - (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGEPEN/2015) - Com relação ao tempo do crime, adota-se no CP a teoria da ubiquidade. 23 – ( ) - (CESPE/TRE-GO/2015) - No que concerne à lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento posterior e crime impossível, julgue o item a seguir. A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio criminis, ainda que seus elementos passem a integrar outro tipo penal, criado pela norma revogadora. 24 – ( ) - (CESPE/DPF/2014) - No que se refere à aplicação da lei penal o item abaixo apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou a viger a lei Y, que, além de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois de tais fatos, Lauro foi levado a julgamento pelo cometimento do citado delito. Nessa situação, o magistrado terá de se 42 fundamentar no instituto da retroatividade em benefício do réu para aplicar a lei X, por ser esta menos rigorosa que a lei Y. 25 – ( ) - (CESPE/TJ-SE/2014) - Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplicação de penas. Na hipótese de crime continuado ou permanente, deve ser aplicadaa lei penal mais grave se esta tiver entrado em vigor antes da cessação da continuidade ou da permanência. 26 – ( ) - (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) - No que diz respeito ao sistema penitenciário e à legislação penal e processual penal aplicada à segurança pública, julgue o item seguinte. O Código Penal brasileiro, ao tratar da competência criminal quanto ao tempo do crime, adota a teoria mista ou da ubiquidade, que considera o momento da ação ou da omissão típica, independentemente do resultado danoso. 27 – ( ) - (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) - Julgue os itens subsequentes, relativos ao direito penal. Em relação à aplicação da lei penal no tempo e no espaço, no Código Penal adotaram-se, respectivamente, as teorias da atividade e da ubiquidade. 28 – ( ) - (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) - Com relação ao crime consumado e tentado e à lei penal no tempo e no espaço, julgue os itens a seguir. Considere que uma pessoa tenha sido denunciada pela prática de determinado fato definido como crime, que, em seguida, foi descriminalizado pela lei A. Posteriormente, foi editada a lei B, que revogou a lei A e voltou a criminalizar aquela conduta. Nessa situação, a última lei deve ser aplicada ao caso. 29 – ( ) - (CESPE/PC-DF/ESCRIVÃO/2013) - Julgue os itens seguintes, relativos à teoria da norma penal, sua aplicação temporal e espacial, ao conflito aparente de normas e à pena cumprida no estrangeiro. A lei penal que, de qualquer modo, beneficia o agente tem, em regra, efeito extra-ativo, ou seja, pode retroagir ou avançar no tempo e, assim, aplicar-se ao fato praticado antes de sua entrada em vigor, como também seguir regulando, embora revogada, o fato praticado no período em que ainda estava vigente. A única exceção a essa regra é a lei penal excepcional ou temporária que, sendo favorável ao acusado, terá somente efeito retroativo. 30– ( ) - (CESPE/TCU/AUDITOR/2013) - Julgue o item a seguir elencado, que trata da lei penal no tempo e no espaço. Segundo o Código Penal Brasileiro vigente, a lei posterior que, de qualquer forma, favorecer o agente delituoso aplica-se aos fatos a ela anteriores, desde que não decididos por sentença penal condenatória transitada em julgado. 01.A 02.C 03.C 04.B 05.D 06.B 07.B 08.A 09.D 10.B 11.E 12.E 13.C 14.E 15.C 16.C 17.B 18.D 19.E 20.C 21.E 22. E 23.E 24.E 25.C 26.E 27.C 28.E 29.E 30.E 43 AULA 04 – LEI PENAL NO ESPAÇO LUGAR DO CRIME O art. 6º do Código Penal considera que o crime foi praticado “No lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir o resultado”. Optou o legislador pelo critério da ubiquidade, abrangendo a atividade (prática da ação ou omissão) e o resultado. Assim, é lugar do crime tanto o local ou locais em que o agente praticou qualquer ato de execução do crime, e o local ou locais em que ocorreu ou ocorreria o resultado. Exemplo: Se alguém é sequestrado em Goiás, levado para São Paulo e morto no Rio de Janeiro, todos esses locais serão considerados lugar do crime. Da mesma forma, se alguém, situado no Paraguai, atira contra um brasileiro, que vem a falecer em nosso território, o crime ocorreu nos dois países, podendo, inclusive, ser julgado no Brasil. 3.1 Territorialidade Chama-se territorialidade a aplicação da lei penal aos crimes praticados no território de um país, e extraterritorialidade a aplicação da lei aos delitos que tiverem lugar no estrangeiro. O CÓDIGO PENAL adotou, como regra geral, o PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE MITIGADA OU TEMPERADA, ao afirmar, em seu art. 5º: “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional” O “território nacional” abrange: A área geográfica compreendida entre o oceano e as fronteiras; O mar territorial; As ilhas oceânicas, fluviais e lacustres; e Todo o espaço aéreo correspondente à área descrita acima; Consideram-se extensão do território nacional, para os efeitos penais: As aeronaves e embarcações brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem; e As aeronaves e embarcações brasileiras, de propriedade privada, que se encontrem em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente. Por fim, aplica-se a Lei brasileira aos crimes praticados a bordo: 44 De embarcações estrangeiras, de propriedade privada, que se encontrem no mar territorial ou em porto brasileiro; e De aeronaves estrangeiras, de propriedade privada, que se encontrem sobrevoando ou em pouso no território nacional. 3.2 Extraterritorialidade Outros princípios que regem a lei penal no espaço Há os princípios complementares, os residuais e os subsidiários. São eles: o da nacionalidade, o da proteção ou defesa, o da justiça universal ou cosmopolita e o da bandeira ou representação. 1. Princípio da nacionalidade: considera que a justiça brasileira é competente para julgar uma ação penal, um crime praticado por brasileiro em território estrangeiro. Esse é o caso da nacionalidade ativa. O princípio também considera que o Estado brasileiro é competente para julgar crime cometido contra brasileiro em território estrangeiro (nacionalidade passiva). Nesse caso, prevalecerá o princípio da extraterritorialidade, que diz que vale a lei brasileira para crimes cometidos fora do seu território, ou seja, o Estado Brasileiro passa a ter competência fora de seu território. 2. Princípio da proteção ou da defesa: o Brasil se considera competente para julgar uma ação penal quando houver ofensa a um interesse nacional. Bens, serviços ou interesses da União, do Estado brasileiro. Exemplo: um crime praticado contra a embaixada brasileira na Venezuela, ou um atentado ao prédio da Caixa Econômica Federal em Buenos Aires, já que a Caixa é uma empresa do governo brasileiro. Observação: o princípio da proteção não se aplica a agências do Banco do Brasil no exterior, pois se trata de uma sociedade de economia mista, mesmo que o governo tenha mais de 50% das ações. 3. Princípio da justiça universal ou cosmopolita: é o que mais está nos debates atuais. Qualquer Estado se considera competente para julgar todo e qualquer crime, independente do autor e do local. O propósito deste princípio é universalizar a ideia de crime e punição. O crime é um fenômeno universal que deve ser combatido por todos os países sem limitação, inclusive de soberania. ² Em especial, os crimes contra a humanidade e os crimes de guerra. É por causa deles 45 que foi criado o Tribunal Penal Internacional, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, e outros tribunais internacionais. Hoje eles estão empenhados em levar a julgamento os militares brasileiros da ditadura, pelos supostos crimes de tortura. Esse esforço se deve ao fato de que no Brasil o prazo máximo de prescrição é de 20 anos, enquanto que para o TPI não há prazo determinado para o crime de tortura; aqui há garantias constitucionais, como o do limite de prazo de prescrição de crimes, e a proibição da prisão perpétua. Por isso que há uma discussão em andamento aqui no Brasil sobre a revisão da Lei de Anistia (Lei 6683/1979). Além disso, as normas do Tribunal Penal Internacional permitem a entrega de nacionais, enquanto a Constituição Brasileira a proíbe. A autores que dizem haver diferença entre entrega e extradição, o que é, na opinião do professor, incorreto; a diferença é apenas de rótulo. 4. Princípio da bandeira ou da representação: é subsidiário em relaçãoa todos os demais princípios vistos acima. Nas embarcações e aeronaves, o país competente é determinado pela bandeira hasteada no veículo. É um princípio auxiliar. Há aquela pergunta tradicionalíssima em concursos ³: era uma vez um navio com bandeira japonesa, tripulação mista de coreanos, malaios e indonésios, passageiros filipinos, navegando em águas chinesas. Ao chegar ao porto de Xangai, um tripulante planta uma bomba no navio, que vem a explodir quando este atinge águas internacionais. O passageiro atingido pelos estilhaços foi rapidamente levado para Austrália, país mais próximo naquele momento, mas morreu no hospital. Qual país terá a competência para julgar a ação penal desse fato? A resposta é: o país da bandeira, Japão, já que, numa confusão dessas, usa-se o princípio subsidiário. 5. Princípio da extraterritorialidade: a lei brasileira é aplicável a crimes praticados fora do território brasileiro. Situações há em que o Brasil se considera competente para julgar crimes cometidos fora do território nacional. Não se trata de embarcação nem aeronave, mas crimes cometidos em terra mesmo. Há dois tipos de extraterritorialidade: • Incondicionada: ocorre quando o Brasil se considera competente, independentemente de qualquer condição. É invocada em casos de crimes graves, como aqueles contra a vida ou a liberdade do Presidente da República em visita ao país estrangeiro. Crimes contra o patrimônio do Presidente não são tutelados pela extraterritorialidade incondicionada. • Condicionada: para ser invocada, precisa satisfazer condições. Crime praticado por ou contra brasileiro no exterior: o Brasil pode ser competente desde que cumpridas algumas condições. Exemplos: o autor do crime deve estar em território nacional, ou não ter sido julgado no país onde cometera o crime, e não pode ter havido prescrição. A Lei brasileira é aplicada fora do território nacional, ainda que o agente tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro, aos crimes: • Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; • Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; • Contra a Administração Pública, de uma maneira geral, por quem está a seu serviço; • De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; Também se aplica a lei brasileira, aos crimes: • Que por tratado ou convenção o Brasil tenha se obrigado a reprimir; • Praticados em aeronave ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território nacional estrangeiro e aí não sejam julgados; e 46 • Praticados por brasileiro. Nessas três hipóteses, a aplicação da lei brasileira depende da reunião dos seguintes requisitos: Entrar o agente no território nacional; Ser o fato punível também no país em que foi praticado; Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro, ou não ter aí cumprido a pena; Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. Aplica-se ainda a lei brasileira aos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro se, presentes os requisitos acima, a extradição não for pedida ou tiver sido negada, e se houver requisição do Ministro da Justiça. Como sabemos, a Lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras, mercantes ou de propriedade privada, desde que se encontrem no espaço aéreo brasileiro ou em pouso no território nacional, ou, no caso das embarcações, em porto ou mar territorial brasileiro. Contudo, a Doutrina aponta uma exceção à aplicação da lei penal brasileira neste caso. Trata-se do PRINCÍPIO DA PASSAGEM INOCENTE. Este princípio, decorrente do Direito Internacional Marítimo, estabelecido na Convenção de Montego Bay (1982), que foi assinada pelo Brasil, prevê que “Uma embarcação de propriedade privada, de qualquer nacionalidade, possui o direito de atravessar o território de uma nação, desde que não ameace a paz, a segurança e a boa ordem do Estado”. Aplicando tal princípio ao Direito Penal, a doutrina entende que se um crime for praticado a bordo de uma embarcação que se encontre em “passagem inocente”, não será aplicável a lei brasileira a este crime, desde que o crime em questão não afete nenhum bem jurídico nacional. Ex.: Um americano mata um holandês dentro de um navio argentino em situação de passagem inocente. A Doutrina estende a aplicação do princípio também às aeronaves privados em situação semelhante. ATENÇÃO! Este princípio só se aplica às embarcações ou aeronaves que utilizem o território do Brasil como mera “passagem”. Se o Brasil é o destino da aeronave ou embarcação, não há aplicação do princípio. Assim, para que possamos trabalhar com este princípio na prova, a questão deve deixar clara a situação de “passagem inocente”. 3.3 - Lei penal em relação às pessoas (imunidade Penal) Seguindo regras e convenções internacionais, o Brasil concede imunidades diplomáticas em seu território, bem como imunidades parlamentares, segundo normas de direito público interno. Estas imunidades não estão relacionadas à pessoa em si, mas são dadas em função do cargo que exercem, no que diz respeito a aplicação da lei penal no espaço, no território nacional. a) Imunidade diplomática e consular Diplomata é o funcionário encarregado de representar seu Estado perante um país estrangeiro ou organismo internacional. Cônsul é o funcionário de um Estado encarregado, em um país estrangeiro, pela proteção dos interesses de indivíduos e empresas que sejam nacionais desse mesmo seu Estado. O Cônsul, desta forma, não tem função de representação política junto às autoridades centrais do país onde reside, mas sim atua na órbita dos interesses privados dos seus compatriotas. As relações consulares são 47 consideradas independentes das relações diplomáticas, de modo que a ruptura destas últimas não acarreta, necessariamente, o fim do relacionamento consular. As atribuições, privilégios e imunidades dos diplomatas são reguladas, no plano internacional, pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 (CVRD). Já as relações consulares são reguladas, no plano internacional, pela Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963 (CVRC). Diversos países, inclusive o Brasil, unificam numa única carreira do Serviço Exterior as funções do diplomata e do cônsul. A função desempenhada pelo funcionário em dado momento, diplomática ou consular, é que determina qual Convenção (sobre relações diplomáticas ou sobre relações consulares) e qual regime de privilégios e imunidades lhe serão aplicáveis. Da mesma forma que os privilégios e imunidades diplomáticos, os privilégios e imunidades consulares não têm por finalidade beneficiar indivíduos, mas sim assegurar o eficaz desempenho das funções das repartições consulares, em nome de seus respectivos Estados. Regulados pela Convenção de Viena sobre Relações Consulares, os privilégios e imunidades consulares são distintos e menos amplos do que os concedidos aos funcionários no exercício de funções diplomáticas. Os funcionários consulares gozam de inviolabilidade física e imunidade processual penal ou civil apenas no que se refere aos atos de ofício isto é, os praticados no exercício das funções consulares. Somente podem ser detidos em caso de crime grave e com ordem judicial da autoridade competente.Já os locais consulares - isto é, os edifícios e terrenos anexos que sejam utilizados exclusivamente para as finalidades da repartição consular - são invioláveis e gozam de imunidade tributária. As autoridades locais não podem ingressar na parte dos locais consulares que a repartição consular utilize exclusivamente para as necessidades de seu trabalho, a não ser com o consentimento do chefe da repartição consular. Os arquivos e documentos consulares gozam de inviolabilidade absoluta, onde quer que estejam. A imunidade diplomática limita o princípio da territorialidade e concede privilégios a representantes diplomáticos de outros países. De acordo com a Convenção de Viena, adotada pelo Brasil, o diplomata está imune à nossa legislação penal, estando sujeito à lei do país que representa. No entanto, o Estado representado poderá renunciar a esta imunidade, dependendo do caso. Além de representantes diplomáticos, esta imunidade se estende agentes e funcionários de organizações internacionais como a ONU e a OEA, quando em serviço, incluindo seus familiares, excluindo empregados particulares. b) Imunidade parlamentar Embora, logicamente, não seja uma exceção ao princípio da territorialidade, aos membros do Poder Legislativo, para assegurar o exercício de seus cargos com liberdade e independência, a Constituição garante- lhes prerrogativas como a imunidade penal. Ela decorre da função exercida, não se estende a mais ninguém, e pode ser de duas espécies: material ou formal. A imunidade material ou absoluta (penal, civil, disciplinar e política), protege o parlamentar em razão de suas ações no exercício de seu mandato, seja por suas opiniões, palavras ou votos (CF: arts. 53, caput, 27, § 1º e 29, VIII). Ela ocorre desde a diplomação até o fim do mandato do parlamentar. A imunidade formal, relativa ou processual refere-se à prisão, processo ou prerrogativas de foro (CF: arts. 53, § 4º e 102, I, b; CPP: art. 84), ou seja, processo e julgamento (CF: art. 53, §§ 1º e 3º). Aplica-se a membros do Congresso Nacional e a deputados estaduais (CF: art. 27, § 1º), contudo, estes estão sujeitos à justiça de seu estado-membro. Os vereadores também são imunes por suas opiniões, palavras e votos, mas somente na circunscrição de seu município (CF: art. 29, VIII), e não têm imunidade processual nem direito a foro privilegiado. A imunidade material ou inviolabilidade faz com que a lei penal não incida sobre determinadas pessoas, ou seja, elas não são consideradas destinatários da lei penal. A imunidade processual ou formal resguarda o próprio Poder Legislativo, exigindo licença da Casa Legislativa para que o parlamentar seja processado. Nos crimes inafiançáveis, porém, admite-se a prisão em flagrante de delito, como para qualquer cidadão. C) Imunidade do Presidente da República O Presidente possui imunidade formal relativa à prisão, ou seja só poderá ser preso após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Ele não poderá sofrer prisões cautelares enquanto estiver na função. 48 Possui também imunidade material relativa, pois na vigência de seu mandato não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. Nesse caso, a prescrição ficará suspensa e, findo o exercício do cargo, poderá ser proposta ação penal. Essa imunidade só se aplica na esfera criminal, não alcançando as esferas civil, fiscal, política ou administrativa. Essas imunidades se aplicam ao governadores e prefeitos? Não. 3.4 - Extradição Segundo o Congresso Internacional de Direito Comparado de Haia, 1932, a extradição é “uma obrigação resultante da solidariedade internacional na luta contra o crime”, pela qual um Estado entrega a outro Estado alguém acusado ou condenado pela prática de um crime para que lá seja julgado ou cumpra pena. No Brasil, é regulada especialmente pelo Estatuto do Estrangeiro e citada pelo art. 22, XV da CF. O princípio básico que a sustenta é que o crime deve ser pago no local onde foi praticado. Além disso, de acordo com o Estatuto do Estrangeiro, a extradição deve respeitar a princípios quanto ao delito, como o da legalidade (o crime deve estar previsto em tratado ou convenção internacional), da especialidade (o extraditado não poderá ser julgado por fato diverso do que motivou a extradição), princípio da identidade da norma (o fato deve ser crime em ambos os países), e princípios quanto à pena e à ação penal, como o princípio da comutação (condicionada, pelo Brasil, a não aplicação de pena de morte, prisão perpétua ou pena corporal, que devem ser convertidas pelo país requerente em pena de privação de liberdade, para que a extradição seja aceita), princípio “non bis in idem” (não há extradição se o Brasil for igualmente competente para julgar o caso) e princípio da reciprocidade (pois convém ao Estado que sofreu o delito aplicar a pena e ao Brasil, no caso, “livrar-se” de um internacional delinquente). Cada caso, aqui, deverá atender a requisitos, como exame prévio pelo STF, incluído em um processo específico, existência de tratado ou convenção firmado com o Brasil ou oferecimento do princípio da reciprocidade, existência de sentença condenatória, o fato deve ser crime no Brasil e no Estado requerente, a pena máxima imputada ao extraditado deve ser superior a um ano de reclusão, o crime não pode ser político ou de opinião, o extraditado não pode estar sendo processado ou já absolvido no Brasil pelo mesmo crime, o Brasil deve ser incompetente para julgar a ação e o Estado requerente deve provar ser competente, o extraditado não pode ser submetido a tribunal de exceção e o extraditado deve ser estrangeiro (o Brasil não extradita brasileiros natos), além de outras limitações especiais. Deportação e expulsão São medidas administrativas que visam obrigar o estrangeiro a deixar o território nacional. A deportação é a saída compulsória de um estrangeiro para o país de sua nacionalidade, procedência ou outro que o aceite (EE: art. 58) nos casos de entrada ou estada irregular dele no país (EE: art. 57), podendo voltar ao país sob certas condições (EE: art. 64). A expulsão ocorre quando o estrangeiro atentar contra a segurança nacional, a ordem política e social, a economia popular, etc., ou quando seu procedimento for nocivo à convivência e aos interesses nacionais, em caso de fraude a fim de entrar e permanecer no país, quando não respeitar o prazo de solicitação para que deixe o país, caso se entregue à vadiagem ou mendicância ou desrespeite proibição prevista em lei para estrangeiros (EE: art. 65). A expulsão não é pena, mas uma medida policial preventiva, visando a defesa da soberania nacional, cabendo ao Presidente da República a deliberação quanto à expulsão do estrangeiro (EE: art. 66). Há ainda alguns impedimentos quanto à expulsão determinados no art. 75 do EE, bem como legislação especial (Decreto 98.961/90) que dispõe sobre expulsão de estrangeiro condenado por tráfico de drogas. 3.5 - O Tribunal Penal Internacional Há muito tempo que a humanidade tenta estabelecer uma Justiça Supranacional que seja competente para julgar crimes que atentem contra a humanidade e a ordem internacional. As primeiras tentativas datam do fim da 1ª Guerra Mundial, com o Tribunal Internacional para repressão do terrorismo (que fracassou com 2ª Guerra), e o Tribunal Internacional Militar, instituído pelas potências vencedoras da 2ª Guerra para julgar 49 responsáveis por crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade (julgando especialmente líderes da Alemanha nazista), bem como vários Tribunais Internacionais Militares também foram instituídos pela ONU para julgar crimes decorrentes dediversas guerras regionais, genocídios e lesa-majestade, mas todos eles foram considerados parciais, pois quem exercia o juízo eram os próprios vencedores das guerras, desatentando para vários processos necessários e violando, inclusive, o princípio da legalidade. A internacionalização do Direito Penal só se deu de forma adequada com a Instituição do Tribunal Penal Internacional, permanente e imparcial, capaz de julgar sem vínculos políticos e ideológicos comprometedores os crimes cometidos tanto por “vencidos” quanto por “vencedores”, não só para crimes de guerra, genocídios, mas também para crimes cometidos pelos próprios estados autoritários contra seus cidadãos. Este tribunal é regido pelo Estatuto do Tribunal Internacional, de 1998, assinado pelo Brasil em 7 de Fevereiro de 2000 e ratificado em 2002. Contudo, este tribunal somente irá intervir quando o Estado jurisdicionado não atuar para promover a investigação e a justiça nos casos em questão. Embora o Estado signatário se submeta à jurisdição deste tribunal, ele não é superior à soberania nacional, servindo, como exemplificado, ao princípio da complementariedade. No Brasil, a pena de morte e a prisão perpétua são expressamente proibidas pela Constituição Federal, ressalvando-se a pena de morte nos casos de guerra declarada (CF: arts. 5º, XLVII, a e 84, XIX). Essas garantias são protegidas como cláusulas pétreas (CF: art. 60, § 4º, IV). Por outro lado, não se ignora a importância do Tribunal Penal Internacional diante do contexto global como grande conquista da civilização contemporânea disciplinando os conflitos internacionais, especialmente contra as crescentes ameaças de grupos terroristas à ordem e paz global e a necessidade de combatê-los severamente. A previsão excepcional de penas de prisão perpétua ou de morte pelo TPI não o desqualifica nem o caracteriza como antiético ou desumano, uma vez que tais penas circunscrevem crimes inaceitáveis como genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Até mesmo o Brasil deve acatá-lo, reconhece-lo e prestigiá-lo, inclusive em respeito a tantos países reconhecidamente democráticos que o integram e aceitam em seus ordenamentos locais penas assim. Mas, por este motivo, baseado no princípio da humanidade do Direito Penal brasileiro, a legitimação constitucional da ratificação do Brasil ao Tribunal Penal Internacional ainda será algo muito difícil. 3.6 - Pena Cumprida no Estrangeiro Há situações em que os crimes cometidos fora do Brasil, ainda que já julgados no estrangeiro, serão novamente processados no Poder Judiciário brasileiro. Essa é a regra da extraterritorialidade, das hipóteses do art. 7.º do Código Penal, acima descrito. Nestes casos, quando houver nova condenação, agora pela lei brasileira, a pena cumprida no estrangeiro abaterá a pena que for imposta no Brasil, na forma deste artigo. Assim, admitindo-se que o réu seja condenado no Brasil por crime ao qual já foi processado no exterior (nas hipóteses de extraterritorialidade do art. 7.º do CP), a pena cumprida no estrangeiro detrairá a pena imposta no Brasil: Se forem idênticas as penas - a pena cumprida no estrangeiro será abatida na que restar fixada no Brasil (ex. duas privativas de liberdade). Se elas forem diversas - aquela cumprida no estrangeiro deve atenuar a pena imposta no Brasil, a critério a ser adotado pelo juiz (ex. uma pena restritiva de direitos e outra privativa de liberdade). 3.7 - Eficácia de sentença estrangeira Em determinadas hipóteses, o Brasil reconhece em seu território os efeitos da sentença proferida por outra nação. Alguns desses efeitos são incondicionais, já que não dependem de qualquer provimento judicial para que se tornem efetivos. Como exemplo tem-se: A reincidência (art. 63 do Código Penal); Detração em relação ao tempo de prisão em país estrangeiro (art. 42 do Código Penal). 50 Outros efeitos, os constantes no dispositivo em análise, só serão reconhecidos no território nacional quando a sentença condenatória estrangeira for homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme art. 105, inciso I, alínea "i" da Constituição Federal (antes da Emenda Constitucional n.º45/2004 a competência para apreciação de pedidos de homologação de sentença estrangeira era da Corte Suprema - o Supremo Tribunal Federal - STF, após, restou atribuída ao Superior Tribunal de Justiça - STJ). O objetivo da homologação da sentença deve voltar-se à pretensão de se obrigar o condenado à reparação dos danos civis, restituições e outros efeitos civis, ou, ainda, quando se pretende sujeitar o condenado à imposição de medida de segurança. Vale destacar que, para ser homologada pelo STJ, a sentença penal estrangeira deve produzir em seu país de origem a mesma eficácia que se pretende obter aqui (reparação de danos civis, restituições ou outros efeitos civil ou ainda a imposição de medida de segurança). Se não houver essa simetria de eficácias, a homologação pela corte não será possível e as pretensões civis ou de imposição de medida de segurança, em face do condenado, não serão passíveis de cumprimento no Brasil. Assim, a rigor do parágrafo único do art. 9.º do Código Penal, a homologação postulada com base no inciso I (reparação de danos civis, restituições, etc.) Depende de requerimento da parte interessada, sendo que a formulada sob o fundamento do inciso II (imposição de medida de segurança), impõe a existência de tratado de extradição entre o Brasil e o país de origem da sentença ou requisição do Ministro da Justiça. 3.8 - Contagem de Prazo A contagem de prazos para os institutos de direito material penal (prescrição, decadência, sursis, livramento condicional) ocorre de forma diversa do modo como se contam os prazos do direito processual penal (prazo para a conclusão do inquérito policial, para oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, para a conclusão da ação penal, para interposição de recursos, etc.). Os prazos de direito penal começam sua contagem no mesmo dia em que os fatos ocorreram, independentemente de tratarem-se de dia útil ou feriado, encerrando-se também desse modo. Não se considera se são dias úteis ou não. Ex.: A prescrição do direito de promover a ação penal contra o autor do fato começa a contar no dia em que ocorreu o delito (na esfera penal a prescrição é considerada como garantia de direito material do autor). Assim, segue a contagem de prazos prevista no Código Penal. TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal Lei penal no tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Lei excepcional ou temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Tempo do crime 51 Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Territorialidade Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para osefeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Lugar do crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Eficácia de sentença estrangeira 52 Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. Contagem de prazo Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Frações não computáveis da pena Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Legislação especial Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. EXERCÍCIOS 01 – ( ) - (CESPE/TCE-SC/2016) - Em relação ao direito penal, julgue o item a seguir.No Código Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiquidade, conforme a qual o lugar do crime é o da ação ou da omissão, bem como o lugar onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 02 – ( ) - (CESPE/TJDFT/2015) - Ainda que se trate de tentativa delituosa, considera-se lugar do crime não só aquele onde o agente tiver praticado atos executórios, mas também aquele onde deveria produzir-se o resultado. 03 – ( ) - (CESPE/TCE-RN/2015) - O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido no território da República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda que o agente seja absolvido naquele país. 04 – ( ) - (CESPE/TCE-RN/2015) - Situação hipotética: João, brasileiro, residente em Portugal, cometeu crime de corrupção e de lavagem de dinheiro no território português, condutas essas tipificadas tanto no Brasil quanto em Portugal. Antes do fim das investigações, João fugiu e retornou ao território brasileiro. Assertiva: Nessa situação, a lei brasileira pode ser aplicada ao crime praticado por João em Portugal. 05 – ( ) - (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGEPEN/2015) - No que se refere ao direito penal, segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante, julgue o próximo item. De acordo com o princípio 53 da territorialidade da lei penal, se um crime for cometido dentro de um navio público brasileiro, ainda que em alto-mar, o delito deverá ser julgado pela justiça brasileira. 06 – ( ) - (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGEPEN/2015) - No que se refere ao direito penal, segundo Entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante, julgue o próximo item. Consoante o princípio da nacionalidade ou da personalidade, os crimes contra a vida ou a liberdade do presidente da República, ainda que cometidos no estrangeiro, sujeitam-se à lei brasileira. 07 – ( ) - (FUNIVERSA/SEAP-DF/AGEPEN/2015) - No que se refere ao direito penal, segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante, julgue o próximo item. Em atenção ao princípio ne bis in idem, a pena cumprida no estrangeiro deve atenuar a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela ser computada, quando idênticas. 08 – ( ) - (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) - Em matéria penal, os tratados e as convenções internacionais, após serem referendados pelo Congresso Nacional, constituem fontes imediatas do direito penal e têm eficácia erga omnes. 09 – ( ) - (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) - Em relação à aplicação da lei penal no tempo e no espaço, no Código Penal adotaram-se, respectivamente, as teorias da atividade e da ubiquidade. 10 – ( ) - (CESPE/SEGESP-AL/PAPILOSCOPIASTA/2013) - Segundo o princípio da territorialidade, se uma pessoa comete latrocínio em embarcação brasileira mercante em alto-mar, aplica-se a lei brasileira. 11 – ( ) - (CESPE/PC-DF/ESCRIVÃO/2013) - Considere a seguinte situação hipotética. Jurandir, cidadão brasileiro, foi processado e condenado no exterior por ter praticado tráfico internacional de drogas, e ali cumpriu seis anos de pena privativa de liberdade. Pelo mesmo crime, também foi condenado, no Brasil, a pena privativa de liberdade igual a dez anos e dois meses. Nessa situação hipotética, de acordo com o Código Penal, a pena privativa de liberdade a ser cumprida por Jurandir, no Brasil, não poderá ser maior que quatro anos e dois meses. 12– ( ) - (CESPE/PC-DF/ESCRIVÃO/2013) - Considere a seguinte situação hipotética. A bordo de um avião da Força Aérea Brasileira, em sobrevoo pelo território argentino, Andrés, cidadão guatemalteco, disparou dois tiros contra Daniel, cidadão uruguaio, no decorrer de uma discussão. Contudo, em virtude da inabilidadede Andrés no manejo da arma, os tiros atingiram Hernando, cidadão venezuelano que também estava a bordo. Nessa situação, em decorrência do princípio da territorialidade, aplicar-se-á a lei penal brasileira. 13 – ( ) - (CESPE/TCU/AUDITOR/2013) - Segundo a atual redação do Código Penal Brasileiro, os crimes cometidos no estrangeiro são puníveis segundo a lei brasileira se praticados contra a administração pública quando o agente delituoso estiver a serviço do governo brasileiro, salvo se já absolvido pela justiça no exterior com relação àqueles mesmos atos delituosos. 14 – ( ) - (CESPE/TCU/AUDITOR/2013) - Segundo a norma penal vigente, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido em embarcações brasileiras, sendo elas de natureza pública ou privada, salvo se essas embarcações não se encontrarem em águas internacionais. 15 – ( ) - (CESPE/DEPEN/AGEPEN/2013) - A homologação de sentença estrangeira no Brasil, nos casos em que a aplicação da lei brasileira produza na espécie as mesmas consequências, independe de pedido da parte interessada, a fim de obrigar o condenado a reparar o dano. 16 – ( ) - (CESPE/DEPEN/AGEPEN/2013) - A lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos no território nacional ainda que praticados a bordo de aeronaves estrangeiras de propriedade privada em voo no espaço aéreo correspondente, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional. 17 – ( ) - (CESPE/DEPEN/AGEPEN/2013) - A lei penal brasileira será aplicada a crime cometido contra a administração pública por servidor público em serviço, ainda que seja praticado no estrangeiro. 54 18 – ( ) - (CESPE/MPU/2013) - A homologação de sentença estrangeira para obrigar condenado à reparação de dano requer a existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença. 19 – ( ) - (CESPE/PC-BA/INVESTIGADOR/2013) - A extraterritorialidade da lei penal condicionada e a da incondicionada têm como elemento comum a necessidade de ingresso do agente no território nacional. 20 – ( ) - (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR) - Acerca da aplicação da lei penal, a hipótese de sujeição à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público, diz respeito ao princípio da nacionalidade passiva. 21 – ( ) - (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO/2013) Com base na situação hipotética apresentada, julgue os itens seguintes, a respeito da aplicação da lei penal no tempo e no espaço e dos crimes contra a vida. Como a família de Caio foi morta em outro país, a lei penal brasileira não poderia ser aplicada ao crime cometido por Mário. 22 - ( ) - (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO/2013) - Ainda que João tenha morrido posteriormente e em outro país, considera-se praticado o crime no momento em que Caio atirou contra ele. 23- ( ) - (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO/2013) - Tanto o local onde Caio atirou em João quanto o local onde João morreu podem ser considerados o lugar do crime praticado por Caio. 24 - ( ) - (CESPE/PC-AL/DELEGADO/2012) - A teoria da territorialidade temperada foi adotada pelo direito brasileiro. 25 - ( ) - (CESPE/TCE-ES/AUDITOR/2012) - A eficácia da sentença penal condenatória proferida no estrangeiro depende de homologação tanto para obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis quanto para o reconhecimento da reincidência. 26 - ( ) - (CESPE/TRE-RJ/AUDITOR/2012) - Considere que Paul, cidadão britânico domiciliado no Brasil, em visita à Argentina, tenha praticado o delito de genocídio contra vítimas de nacionalidade daquele país e fugido, logo em seguida, para o Brasil. Nesse caso, será possível a aplicação da lei penal brasileira. 27 - ( ) - (CESPE/DPF/AGENTE/2012) - Será submetido ao Código Penal brasileiro o agente, brasileiro ou não, que cometer, ainda que no estrangeiro, crime contra administração pública, estando a seu serviço, ou cometer crime contra o patrimônio ou a fé pública da União, de empresa pública ou de sociedade de economia mista. A circunstância de a conduta ser lícita no país onde foi praticada ou de se encontrar extinta a punibilidade será irrelevante para a responsabilização penal do agente no Brasil. 55 28 - ( ) - (CESPE/PC-CE/INSPETOR/2012) - Se o presidente do STF, em viagem oficial à Itália, for agredido por manifestante contrário à sua presença naquele país, resultando-lhe ferimentos graves, a essa hipótese aplicar- se-á a lei penal brasileira de forma incondicionada, com base no princípio da universalidade, ou da justiça universal. 29 - ( ) - (CESPE/TRE-ES/ANALISTA/2011) - Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o resultado. 30 - ( ) - (CESPE/TCE-ES/AUDITOR/2011) - Considere a seguinte situação hipotética. Antônio foi condenado pela prática do delito X pelo juízo da 5.ª vara criminal de Maceió, sendo certo que a condenação foi mantida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas. Transitado em julgado o decisum e iniciado o cumprimento da pena privativa de liberdade, foi publicada pelo Congresso Nacional lei ordinária reduzindo pela metade a pena cominada ao delito X. Nessa situação, compete ao juízo da 5.ª vara criminal da capital alagoana a aplicação da lei penal mais benigna. 31 - ( ) - (CESPE/PREF. IPOJUCA-PE/PROCURADOR) - A pena não passará da pessoa do condenado, mas a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens poderá ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas ilimitadamente. 32- ( ) - (CESPE/MPE-RR/PROCURADOR) - Considere a seguinte situação hipotética. Marcos cometeu crime de furto quando se encontrava em navio mercante brasileiro que navegava em águas argentinas. Nessa situação, o crime poderá ser julgado no primeiro porto brasileiro em que o navio aportar, aplicando-se o princípio da representação. 33- ( ) - (CESPE/MPE-RR/PROCURADOR) - Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada que estejam em território nacional. 34- ( ) - (CESPE/TJ-DFT/ANALISTA) - Aplica-se a lei penal brasileira ao crime praticado a bordo de aeronave estrangeira de propriedade privada, em voo no espaço aéreo brasileiro. 35- ( ) - (CESPE/DPE-CE/DEFENSOR) -Considere a seguinte situação hipotética. Peter, de nacionalidade norte-americana, desferiu cinco tiros em direção a John, também norte-americano, matando-o. O crime aconteceu no interior de uma embarcação estrangeira de propriedade privada em mar territorial do Brasil. Nessa situação, não se aplica a lei brasileira ao crime praticado por Peter. 36- ( ) - (CESPE/DPF/DELEGADO) - Laura, funcionária pública a serviço do Brasil na Inglaterra, cometeu, naquele país, crime de peculato. Nessa situação, o crime praticado por Laura ficará sujeito à lei brasileira, em face do princípio da extraterritorialidade. 37- ( ) - (CESPE/DPF/ESCRIVÃO) - Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Roraima, Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa Helena, na Venezuela. Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para processar e julgá-lo. 38 - ( ) - (CESPE/DPF/DELEGADO)- Um cidadão sueco tentou matar o presidente do Brasil, que se encontrava em visita oficial à Suécia. Nessa hipótese, o crime praticado não ficará sujeito à lei brasileira. 39 - John, cidadão inglês, capitão de uma embarcação particular de bandeira americana, é assassinado por José, cidadão brasileiro, dentro do aludido barco, que se encontrava atracado no Porto de Santos, no Estado de São Paulo. Nesse contexto, é correto afirmar que a lei brasileira: a) Não é aplicável, uma vez que a embarcação é americana, devendo José ser processado de acordo com a lei estadunidense. 56 b) É aplicável, uma vez que a embarcação estrangeira de propriedade privada estava atracada em território nacional. c) É aplicável, uma vez que o crime, apesar de haver sido cometido em território estrangeiro, foi praticado por brasileiro. d) Não é aplicável, uma vez que, de acordo com a Convenção de Viena, é competência do Tribunal Penal Internacional processar e julgar os crimes praticados em embarcação estrangeira atracada em território de país diverso. 40 - Acerca da aplicação da lei penal no tempo e no espaço, assinale a alternativa correta. a) Se um funcionário público a serviço do Brasil na Itália praticar, naquele país, crime de corrupção passiva (art. 317 do Código Penal), ficará sujeito à lei penal brasileira em face do princípio da extraterritorialidade. b) O ordenamento jurídico-penal brasileiro prevê a combinação de leis sucessivas sempre que a fusão puder beneficiar o réu. c) Na ocorrência de sucessão de leis penais no tempo, não será possível a aplicação da lei penal intermediária mesmo se ela configurar a lei mais favorável. d) As leis penais temporárias e excepcionais são dotadas de ultra-atividade. Por tal motivo, são aplicáveis a qualquer delito, desde que seus resultados tenham ocorrido durante sua vigência. 41 - Sobre a norma e a lei penal, assinale a alternativa INCORRETA: a) O princípio da retroatividade da lei penal consagra, sem exceções, a aplicação da lei penal posterior mais benéfica. b) Quanto à lei penal no tempo o Código Penal brasileiro adotou a teoria da atividade. c) Quanto à lei penal no espaço o Código Penal brasileiro adotou a teoria da ubiquidade. d) A retroatividade da lei penal mais benéfica não está limitada pela existência de trânsito em julgado de sentença. 42 – (FCC/DPE-CE/2014) - Sobre o tempo e o lugar do crime, o Código Penal para estabelecer a) o tempo do crime, adotou, como regra, a teoria da ubiquidade, e, para estabelecer o lugar do crime, a teoria da ação. b) o tempo e o lugar do crime, adotou, como regra, a teoria da ação. c) o tempo e o lugar do crime, adotou, como regra, a teoria do resultado. d) o tempo e o lugar do crime, adotou, como regra, a teoria da ubiquidade. e) o tempo do crime, adotou, como regra, a teoria da ação, e, para estabelecer o lugar do crime, a teoria da ubiquidade. 43 - ( ) - (CESPE/TJ-DFT/2015) - A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença — em decorrência do fenômeno da ultratividade — mesmo já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da consumação do crime. 44 - ( ) - (CESPE/TJ-DFT/2015) - Sob o prisma formal, crime corresponde à concepção do direito acerca do delito, em uma visão legislativa do fenômeno; sob o prisma material, o conceito de crime é pré-jurídico, ou seja, é a concepção da sociedade a respeito do que pode e deve ser proibido. 45 - ( ) - (CESPE/TJ-DFT/2015) - Ainda que se trate de tentativa delituosa, considera-se lugar do crime não só aquele onde o agente tiver praticado atos executórios, mas também aquele onde deveria produzir-se o resultado. 46 - (CESPE/TJ-DFT/2015) - Acerca da aplicação da pena e do concurso de crimes, assinale a opção correta. a) De acordo com o entendimento do STJ, o juiz, ao fixar o regime aberto ao condenado, poderá estipular, como condição especial, o cumprimento cumulativo de pena restritiva de direitos. b) Não se aplica a regra do crime continuado àquele que, após a morte do beneficiário, passa a receber, durante cinco meses, em lugar do falecido, aposentadoria por invalidez paga pelo INSS, mediante a utilização do 57 cartão magnético pertencente ao titular. c) A existência de ações penais em curso configura maus antecedentes. d) Nos moldes do recente posicionamento exarado pelo STJ, nos casos de crimes praticados com mais de uma causa de aumento de pena, será possível a utilização de uma delas como fundamento para desvalorar quaisquer das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal. e) Em razão da aplicação do concurso formal próprio, será aumentada em um quinto a pena do indivíduo que, com uma só ação, praticar crimes de roubo contra três vítimas diferentes. 47 – ( ) - (CESPE/STM/Analista/2011) - O direito penal brasileiro adotou expressamente a teoria absoluta de territorialidade quanto à aplicação da lei penal, adotando a exclusividade da lei brasileira e não reconhecendo a validez da lei penal de outro Estado. 48 - (CESPE/SEFAZ/2013) - Em relação à aplicação da lei penal, assinale a opção correta. a) Dados o princípio da territorialidade e a soberania do Estado brasileiro, a lei penal brasileira aplica-se apenas no território nacional. b) Na aplicação da lei penal, não se admite o uso da interpretação analógica, dado o princípio da legalidade. c) No que se refere à determinação do lugar do crime, o Código Penal adotou a teoria do resultado, ou seja, considera-se o lugar do crime o local onde o crime se consumou. d) quanto ao tempo do crime, o código penal adotou a teoria mista ou da ubiquidade. e) A abolitio criminis configura exceção ao princípio da irretroatividade da lei penal. 01.C 02.C 03.C 04.C 05.C 06.E 07.C 08.C 09.C 10.C 11.E 12.C 13.E 14.E 15.E 16.C 17.C 18.E 19.E 20.E 21.E 22.C 23.C 24.C 25.E 26.C 27.C 28.E 29.C 30.E 31.E 32.C 33.C 34.C 35.E 36.C 37.E 38.E 39.B 40.A 41.A 42. E 43.C 44.C 45.C 46.E 47.E 48.E AULA 05 – TEORIA DO CRIME - INTRODUÇÃO Iniciaremos nossos estudos com a definição de crime: 5.1 - Crime (Conceito Formal) É o fato típico e antijurídico que está descrito em lei, em outras palavras, é a conduta que a norma penal descreve. 5.2 -Crime (Conceito Legal) O conceito legal de crime é aquele que vem estampado na lei. Ocorre que no Brasil há divergências quanto a existência do conceito legal de crime. Alguns afirmam que o conceito se encontra no art. 1° da Lei de Introdução ao Código Penal (LICP), já outros afirmam que a LICP em seu art. 1° não conceituou o crime e sim expôs as formas de penas que deverão ser aplicadas a conduta delituosa. 58 Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. Alternativa ou cumulativamente. No Direito Brasileiro dividem-se as infrações penais em: Crimes: são cominadas penas de detenção ou reclusão; Contravenções: são punidas com prisão simples ou multa. A diferença entre crimes e contravenções também está, unicamente, na sua gravidade. Os crimes, por atingirem bens jurídicos mais importantes, são punidos de maneira mais severa. Como denominador comum entre crimes e contravenções, a doutrina costuma usar a palavra “delito”, ou mesmo “crime”, em sentido amplo. Para um leigo afirmar que ocorreu um crime pode até ser coerente, mas, esta não pode ser a sua visão.Deve-se analisar o fato e ponderar sobre cada um dos elementos já apontados, você deve olhar a conduta e se perguntar e partir de três enunciados básicos: Primeiramente se o fato ocorrido é descrito em lei, em segundo lugar se a conduta praticada é antinormativa e por último se o agente poderá ser responsabilizado pelo que fez ou se sua conduta pode ser interpretada como reprovável diante das circunstâncias. Seguem abaixo principais diferenças entre crime e contravenção penal: 59 Vale a pena ressaltar sobre a reincidência criminal: 5.3 - Crime (Conceito Material) A teoria que conceitua o crime materialmente que prevalece nos dias atuais é a do bem jurídico. Segundo esta teoria, crime é a conduta que viola o bem jurídico tutelado pela norma penal. O bem jurídico tutelado pela norma penal, também chamado de bem jurídico penal está definido por Claus Roxin como aqueles bens imprescindíveis para a convivência em sociedade. Exemplos desses bens são a vida, a liberdade, a honra, o patrimônio, etc. Portanto, materialmente falando, crime é aquela conduta que viola de forma significativa o bem jurídico penal. 5.4 - Crime (Conceito Analítico) O crime na visão analítica possui diversas definições, como o presente trabalho é voltado para concursos, traremos aqui duas correntes muito discutidas no Brasil, que é a Bipartida e a Tripartida. Crime Conceito Analítico – Corrente Bipartida A corrente que traz o conceito analítico do crime como bipartido diz que o crime é fato típico e ilicitude. Crime Conceito Analítico – Corrente Tripartida A corrente tripartida, conceitua crime analítico como fato típico, ilícito e culpável (Adotada pela doutrina majoritária). Qualquer delito possui os seguintes elementos: 1. Tipicidade: enquadramento do fato ao modelo (tipo) descrito na lei penal; 2. Ilicitude: contrariedade entre o fato e o ordenamento jurídico; 3. Culpável: praticado de forma reprovável pelo seu agente. A punibilidade, embora deva existir para que seja aplicada a pena, não é considerada elemento do delito. 5.5 - Classificação dos Crimes A doutrina costuma esboçar diversas classificações dos crimes. Tratemos das principais: Crimes próprios, impróprios e de mão-própria: nos crimes próprios, exige-se uma especial qualificação do agente, como os crimes de funcionário público, ou o infanticídio, que só pode ser praticado pela mãe; os impróprios podem ser cometidos por qualquer pessoa, a exemplo do homicídio ou do furto. Os crimes de mão-própria são aqueles que o agente tem de cometer pessoalmente, sem que possa delegar sua execução. Ex.: falso testemunho, prevaricação etc. 60 Crimes omissivos próprios (ou puros): ocorrem com a simples conduta negativa do sujeito, independente de produção de qualquer comportamento posterior (a norma traz um comportamento positivo – “ocultar”). Crimes omissivos impróprios, comissivos por omissão, espúrios, promíscuos ou comissivos impuros: é preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado. A lei atribui ao não fazer o mesmo valor: 1. Por lei, obrigação de cuidado, vigilância ou proteção; 2. Assume a responsabilidade de impedir o resultado (dever do garantidor); 3. Comportamento do agente cria risco da ocorrência do resultado. Crimes unissubjetivos e plurissubjetivos: Unissubjetivos são os delitos que podem ser praticados por uma única pessoa, embora, eventualmente, sejam cometidos em concurso de agentes. Ex.: homicídio, roubo, estupro etc. Os plurissubjetivos necessariamente têm de ser praticados por mais de uma pessoa: quadrilha ou bando, rixa, bigamia etc. Crime habitual: Constituído por atos que, praticados isoladamente, são irrelevantes para o Direito Penal, mas, cometidos de forma reiterada, passam a constituir um delito. Por exemplo: quem tira proveito da prostituição alheia, de maneira eventual, não comete o delito de rufianismo; mas, se existe habitualidade na prática desses atos, constituir-se-á o crime. Outros exemplos: exercício ilegal da medicina, curandeirismo, manter casa de prostituição etc. Crimes de ação única e de ação múltipla: Nos de ação única, o tipo penal só descreve uma forma de conduta: matar, subtrair, fraudar; os tipos de ação múltipla descrevem variadas formas. No art. 122, pratica- se o delito induzindo, instigando ou auxiliando a prática do suicídio. Qualquer das modalidades de conduta é incriminada. Crimes unissubsistentes e plurissubsistentes: Se a conduta não pode ser fracionada, como na ameaça ou na injúria, em que o crime é praticado por um único ato, diz-se que o delito é unissubsistente. Como consequência, a tentativa é impossível. A maioria dos delitos, entretanto, é plurissubsistente, pois o sujeito ativo pode dividir a conduta em vários atos (homicídio, roubo, peculato), daí a possibilidade de haver tentativa. Crimes de dano e de perigo: Quando o tipo penal descreve a efetiva lesão ao bem jurídico, o crime é de dano: homicídio, furto, lesão corporal etc. Mas o tipo penal pode exigir apenas que o bem jurídico seja exposto a perigo, como no caso da omissão de socorro, do porte ilegal de arma, da direção perigosa. Distinguem-se os delitos de perigo em: crimes de perigo concreto, quando a lei exige seja o perigo comprovado, como na direção perigosa; ou crimes de perigo presumido, em que a lei considera haver perigo, independentemente de prova, a exemplo da omissão de socorro ou do porte ilegal de arma. Crimes simples e complexos: Quando o tipo penal descreve uma conduta em que apenas um bem jurídico é lesionado ou ameaçado de lesão, o crime será simples: homicídio (vida), furto (patrimônio) etc. Mas existem crimes em que mais de um bem jurídico é atingido ou exposto a perigo, e o tipo penal reúne elementos de outros crimes, formando um crime novo: roubo (furto + lesão corporal ou ameaça), extorsão mediante sequestro (extorsão + sequestro) etc. Crimes materiais, formais e de mera conduta. Nos materiais, o tipo penal descreve a conduta e o resultado (homicídio, roubo, peculato); nos formais, descreve-se a conduta mas não se exige que o resultado seja atingido (crimes contra a honra, extorsão); já nos de mera conduta inexiste resultado possível (violação de domicílio, desobediência). Estudaremos melhor essas três espécies de crimes quando tratarmos do resultado. Crime culposo e doloso – Vejamos o que descreve o Código Penal: Art. 18 - Diz-se o crime: 61 Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único- Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente Crime instantâneo: o momento consumativo é definido. Admite tentativa. Ex.: homicídio. Crime permanente: A conduta se prolonga no tempo por vontade do agente, admitindo o flagrante a qualquer momento. A cada dia que se passa, fala-se do mesmo crime. Admite-se a tentativa a partir da cessação da permanência (art. 111 do CÓDIGO PENAL). Ex.: sequestro. Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa, não se exigindo qualidade especial do sujeito ativo. Exemplos: roubo, furto. Crime próprio: exige uma qualidade específica do sujeito ativo. Ex.: No peculato o crime é praticado por servidor público. Importante: O art. 30 do Código Penal afirma a admissão da coautoria e participação de pessoas sem a qualidade específica tipo penal. Crime transeunte: é o que não deixa vestígios. Crime não transeunte:é o que deixa vestígios e exige-se exame de corpo de delito, sem o qual não poderá haver condenação. Crime profissional: é o crime habitual visando lucro. Ex.: exercício ilegal da medicina, com cobrança. Crime de atentado: é o crime em que consumação e tentativa possuem a mesma sanção. Assim é porque se adotou a teoria subjetiva ou voluntarista para a sua punição, levando em consideração a intenção do agente. Ex.: No crime de evasão de preso mediante violência (art. 352) pune-se a conduta na forma tentada. Crime à distância (ou de espaço máximo): a conduta ocorre em um país e o resultado em outro. Crime plurilocal: a conduta ocorre em uma Comarca e o resultado em outra, mas no mesmo país. Crime de forma livre: é o crime que se executa de qualquer forma. Ex.: homicídio. Crime de forma vinculada: só ocorre se praticado da forma descrita no tipo. Ex.:perigo de contágio de doença venérea (art. 130 do CÓDIGO PENAL), que exige o contato sexual. Crimes preterdolosos: crime preterdoloso é um crime misto, em que há dolo no antecedente e culpa no consequente. Antecedente é a conduta que é dolosa, por dirigir-se a um fim típico, e consequente é o resultado que sobrevém por culpa do agente, uma vez que não era pretendido pelo agente, razão pela qual não admite tentativa. O delito de lesão corporal seguido de morte constitui o chamado crime preterdoloso, havendo dolo no antecedente e culpa no consequente. O agente quis apenas lesionar, não sendo o resultado morte aceito ou querido, vindo a ocorrer por culpa, destacando-se que a “essência da culpa está toda na previsibilidade” (Carrara), sendo “imperativo que o autor obre com previsibilidade para que se lhe possa imputar a circunstância de agravamento na reação penal” (Mayrink). 62 Previsível é o fato cuja superveniência não escapa à perspicácia comum, não se podendo afastar do que seria imaginável pelo chamado homem médio (previsibilidade objetiva), também admitindo parte da doutrina que a previsibilidade deve ser estabelecida conforme a capacidade de previsão de cada indivíduo, sem que para isso se tenha de recorrer a nenhum termo médio (previsibilidade subjetiva), posição defendida por Zaffaroni. Crime Impossível - O crime impossível também é chamado de tentativa inidônea, tentativa inadequada ou quase morte. Podemos afirmar que crime impossível é aquele que, pela ineficácia total do meio empregado ou pela improbidade absoluta do objeto material, é impossível de se consumar. Ou seja, é uma causa geradora de atipicidade, pois descreve um crime cuja ação é impossível de se realizar (art. 17 do CP). a) Ineficácia absoluta do meio: O meio empregado ou instrumento utilizado para a execução do crime jamais o levarão à consumação. Ex.: Utilizar um palito de dente para matar uma pessoa adulta. OBS: Se a ineficácia for relativa, teremos um caso de tentativa de não de um crime impossível. b) Improbidade absoluta do objeto material: A pessoa ou coisa sobre que recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. Ex.: Utilizar uma arma de fogo para matar um cadáver. OBS: Se a improbidade for relativa será tentativa! Teorias relativas à punibilidade ou não do crime impossível A) Sintomática: Se o agente demonstrou periculosidade, deve ser punido; B) Subjetiva: Deve ser punido porque relevou vontade de delinquir; C) Objetiva: Não é punido porque objetivamente não houve perigo para a coletividade, podendo ser pura ou temperada; D) Objetiva Pura: É sempre crime impossível se for absoluta. Quando relativa, há tentativa; E) Objetiva Temperada: Só é crime impossível se forem absolutas. Quando relativas, há tentativa. Nosso CP adotou a Teoria Relativa Objetiva Temperada! Crimes De Plástico - Essa expressão ganhou notoriedade depois de ter sido cobrada no concurso de Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul. correspondem as condutas que só são consideradas como relevantes para fins de tipificação penal em um delimitado momento histórico e a luz das peculiaridades de determinadas sociedades. Em outras palavras, os crimes de plástico são aquelas condutas que normalmente não era objeto de tipificação do ordenamento jurídico mas que passam a ser consideradas como crimes como forma de promover a tutela de uma situação específica ou de dar uma resposta para a coletividade. Um exemplo que clareia essa modalidade de crime é a conduta de invasão de dispositivo informático alheio, tipificado ao teor do artigo 154-A do CP, que passou a ser considerado crime após a repercussão social de fatos ocorridos com uma conhecida atriz de televisão. Crimes Naturais - Que são aquelas condutas que sempre foram consideradas como crimes independentemente do momento histórico ou do ordenamento jurídico observado. Logo, percebe-se que o homicídio, por exemplo, sempre foi considerado como crime, desde os primórdios do Direito Penal, seja no Brasil ou fora dele, sendo considerado um crime natural. Crime permanente - É aquele crime que a sua consumação se estende no tempo. Ex.: Se um sequestro está em andamento, com a vítima colocada em cativeiro, havendo a entrada em vigor, de uma lei nova, aumentando consideravelmente as penas para tal delito, aplica-se de imediato a norma prejudicial ao agente, pois o delito está em plena consumação. 63 Crime continuado - Quando o agente pratica várias condutas, implicando na concretização de vários resultados, terminando por cometer infrações penais de mesmas espécies, em circunstancias parecidas de tempo, lugar e modo de execução, aparentando que umas são meras continuações de outras. Em face disso aplica-se a pena de um só dos delitos. Portanto se uma lei nova tiver vigência durante a continuidade, deverá ser aplicada ao caso, prejudicando ou beneficiando. Sumula 711 do STF: "A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado e permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência". De acordo com a Teoria Mista, adotada pelo Código Penal, mostra-se imprescindível, para a aplicação da regra do crime continuado, o preenchimento de requisitos não apenas de ordem objetiva — mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução — como também de ordem subjetiva — unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos. STJ. 6ª Turma. HC 245156/ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 15/10/2015. Se reconhecida a continuidade delitiva específica entre estupros praticados contra vítimas diferentes, deve ser aplicada exclusivamente a regra do art. 71, parágrafo único, do Código Penal, mesmo que, em relação a cada uma das vítimas, especificamente, também tenha ocorrido a prática de crime continuado. STJ. 6ª Turma. REsp 1471651-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/10/2015 (Info 573). No caso de crime continuado, o art. 71 do CP prevê que o juiz deverá aplicar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3. O STJ entende que, em regra, a escolha da quantidade de aumento de pena deve levar em consideração o número de infrações praticadas pelo agente com base na seguinte tabela: O critério para o aumento no crime continuado é o número de crimes praticados: 2 crimes — aumenta 1/6 3 crimes — aumenta 1/5 4 crimes — aumenta 1/4 5 crimes — aumenta 1/3 6 crimes — aumenta 1/2 7 ou mais — aumenta 2/3 Porém, nem sempre será fácil trazer para os autos o número exato de crimes que foram praticados, especialmente quando se trata de delitos sexuais. É o caso, por exemplo, de um padrasto que mora há meses ou anos com a sua enteada e contra ela pratica constantemente estupro de vulnerável. Nessas hipóteses, mesmo não havendo a informaçãodo número exato de crimes que foram cometidos, o juiz poderá aumentar a pena acima de 1/6 e, dependendo do período de tempo, até chegar ao patamar máximo. Assim, constatando-se a ocorrência de diversos crimes sexuais durante longo período de tempo, é possível o aumento da pena pela continuidade delitiva no patamar máximo de 2/3 (art. 71 do CP), ainda que sem a quantificação exata do número de eventos criminosos. STJ. 5ª Turma. HC 311146-SP, Rel. Min. Newton Trisotto (Desembargador convocado do TJ-SC), julgado em 17/3/2015 (Info 559). Crime Vago - é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade sem personalidade jurídica, ou seja, uma comunidade inteira e não apenas uma pessoa. É o que ocorre no caso da poluição de um rio e o tráfico de drogas, por exemplo. 64 EXERCÍCIOS 01 – ( ) - (CESPE/TRF5ª/2013/ADAPTADA) – Crime profissional consiste na prática de ações com intenção de lucro, como é o caso, por exemplo, do curandeirismo, enquanto o crime habitual consiste na reiteração da mesma conduta reprovável, como um meio usual de sobrevivência, como, por exemplo, o rufianismo. 02 – ( ) - (CESPE/TRF5ª/2013/ADAPTADA) – O condutor de veículo automotor que, por imprudência, colidir em veículo dirigido por uma gestante, causando-lhe lesões corporais de natureza leve, responderá criminalmente por sua conduta, incidindo, na aplicação da pena, a circunstância agravante de ter sido o crime praticado contra mulher grávida. 03 – ( ) - (CESPE/TJ-CE/2014/ADAPTADA) – Todo crime qualificado pelo resultado é um crime preterdoloso. 04 – ( ) - (CESPE/TJ-RR/2013/ADAPTADA) – O denominado crime impossível ocorre apenas na hipótese de absoluta ineficácia, no que se refere à produção do resultado desejado, do meio de execução utilizado pelo agente. 05 – ( ) - (CESPE/TJ-RR/2013/ADAPTADA) – Caracteriza-se crime preterdoloso ou preterintencional caso o agente cause um resultado mais grave que o desejado, em virtude da inobservância do cuidado objetivo necessário, inclusive na modalidade tentada. 06 – ( ) - (CESPE/TJ-RR/2013/ADAPTADA) – Em se tratando de crimes materiais, formais e de mera conduta, é possível a aplicação dos institutos da desistência voluntária e do arrependimento posterior. 07 – ( ) - (CESPE/TJ-RR/2013/ADAPTADA) – O denominado crime impossível ocorre apenas na hipótese de absoluta ineficácia, no que se refere à produção do resultado desejado, do meio de execução utilizado pelo agente. 08 – ( ) - (FCC/2012/ADAPTADA) – Não pode haver participação em contravenção. 09 – ( ) - (FCC/2012/ADAPTADA) – É possível a participação em crime omissivo puro. 10 – ( ) - (FCC/MPE-SE/2013) - Excluídas as situações normativas do Art. 64 do Código Penal, não é tecnicamente reincidente o agente que, nessa ordem sucessiva, tenha cometido no Brasil ilícitos penais com a natureza de A) crime doloso e crime culposo. B) crime em geral e contravenção penal. C) contravenção penal e crime em geral. D) contravenção penal e contravenção penal. E) crime culposo e crime doloso. 11 – (FUNCAB/PCPA/DELEGADO/2016) - Por teoria da ratio essendi entende-se o(a): 65 a) estruturação do direito penal sob o princípio da intervenção mínima, que orientará iniciativas político- criminais pelo prisma da ultima ratio. b) ingresso pelo agente nos atos executórios de um crime, quando este se posta, de acordo com sua idealização, em atividade imediata e diretamente coligada à realização do tipo. c) possibilidade de punição da punição da participação em sentido estrito quando o agente da conduta principal é um adolescente-infrator, bastando que este aja de forma típica e antijurídica. d) concepção da culpabilidade como uma relação psicológica entre o autor e o fato por ele praticado, de sorte que dolo e culpa, para a teoria, são espécies de culpabilidade. e) fusão entre dois substratos do conceito analítico de crime, a saber, a tipicidade e a antijuridicidade, sendo aquela reconhecida como a razão de ser desta; assim, o crime é composto pelo fato antijurídico (injusto) e pela culpabilidade. 12 – (VUNESP/TJ-RJ/JUIZ/2016) - Assinale a alternativa que indica a teoria do Direito Penal que está intimamente ligada à seguinte ideia: “a estruturação do Direito Penal não deve se basear em uma realidade ontológica, devendo ser mitigada a função do bem jurídico como pressuposto e critério norteador para a intervenção penal". a) Constitucionalista. b) Clássica. c) Finalista. d) Funcionalista. e) Garantista. 13 – (FMP/MPE/PROMOTOR/2015) - Considere as seguintes assertivas em relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica: I – O sistema penal brasileiro admite a responsabilidade penal das pessoas jurídicas para os crimes ambientais e contra a ordem tributária. II – A responsabilidade penal da pessoa jurídica segue a teoria do concurso necessário, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, devendo o Ministério Público denunciar a pessoa natural e a pessoa jurídica, sob pena de inépcia da peça acusatória. III – A responsabilização penal da pessoa jurídica, na esteira do entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, é autônoma e independe da responsabilização da pessoa natural, em uma quebra de paradigma em relação à anterior interpretação sobre o artigo 3º da Lei n.º 9.605/98. IV – A responsabilidade penal das pessoas jurídicas é inconstitucional, pois viola o princípio da culpabilidade, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. V – A culpabilidade da pessoa jurídica está fundada no descumprimento dos deveres e obrigações de organização e funcionamento da empresa. Quais das assertivas acima estão corretas? a) Apenas a I e II. b) Apenas a III e V. c) Apenas a II e IV. d) Apenas a I e III. e) Apenas a II e V. 14 – (CESPE/TCU/PROCURADOR/2015) - Em relação aos elementos do crime, assinale a opção correta. a) Na sistemática brasileira penal, o erro de proibição inevitável afasta a ilicitude da conduta. b) De acordo com a teoria adotada pelo CP, em regra, a consciência da ilicitude é requisito essencial do dolo. c) O crime culposo, considerando-se o seu elemento subjetivo, não admite a participação, seja dolosa, seja culposa. d) A embriaguez culposa é causa excludente de culpabilidade. e) A aferição de um resultado classificado a título subjetivo de preterdolo exige a constatação efetiva da previsibilidade subjetiva. 15 – (MPE-SP/MPE-SP/PROMOTOR/2015) - Após a leitura dos enunciados abaixo, assinale a alternativa correta: 66 I- A teoria finalista, no conceito analítico de crime, o define como um fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade pressuposto da pena. II- A teoria clássica, no conceito analítico de crime, o define como um fato típico, antijurídico e culpável. III- A teoria clássica entende que a culpabilidade consiste em um vínculo subjetivo que liga a ação ao resultado, ou seja, no dolo ou na culpa em sentido estrito. IV- A teoria finalista entende que, por ser o delito uma conduta humana e voluntária que tem sempre uma finalidade, o dolo e a culpa são abrangidos pela conduta. V- A teoria finalista entende que pode existir crime sem que haja culpabilidade, isto é, censurabilidade ou reprovabilidade da conduta, inexistindo, portanto, a condição indispensável à imposição e pena. a) Somente o II e o III são verdadeiros. b) Somente o I e o IV são verdadeiros. c) Somente o I, IV e V são verdadeiros. d) Somente o I e II são verdadeiros. e) Todos são verdadeiros. 16 – (CESPE/TJ-SE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS EDEREGISTROS/2014) - Com relação à classificação e às teorias do crime, assinale a opção correta. a) O dever jurídico de evitar o resultado existente no crime omissivo impróprio deve obrigatoriamente decorrer de uma imposição legal direta que determine cuidado e vigilância em relação à vítima. b) Segundo a teoria do funcionalismo racional teleológico, a função do direito penal é promover a proteção subsidiária de bens jurídicos, de modo que o que é tratado como delito deve corresponder aos anseios sociais. c) Para a vertente do funcionalismo sistêmico, a função do direito penal não se limitaria à reafirmação da autoridade do direito ou o dever de obediência às normas, já que tem viés voltado para a ação em si, e não para o resultado. d) O crime de porte ilegal de arma de fogo é crime de perigo em que o risco figura como elementar do tipo. e) Para que se caracterize crime omissivo próprio, é necessário que o agente tenha ocasionado o resultado naturalístico em decorrência de um não fazer que figure como elementar do tipo. 17 – (CESPE/TJ-SE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DEREGISTROS/2014) - A respeito da teoria do crime, assinale a opção correta. a) É causa de exclusão da culpabilidade o fato de a conduta ser praticada por meio de coação física irresistível. b) A tipicidade conglobante resulta da análise de normas de caráter estritamente penal, dada a exigência da subsunção da conduta à lei penal. c) No direito penal brasileiro, adota-se a teoria subjetiva para o regramento do crime impossível, o que significa que o agente não responde, inclusive pela tentativa, diante da impossibilidade da consumação do crime em razão da ineficácia absoluta do meio ou da absoluta impropriedade do objeto. d) Em se tratando de crime culposo, se estiver ausente a previsibilidade do resultado devido às aptidões pessoais do agente, ficará excluída a culpabilidade, haja vista a análise subjetiva do dever de cuidado. e) Segundo a teoria da imputação objetiva, é necessário avaliar se o incremento do risco surge como decorrência do dolo do agente — de acordo com os princípios do risco permitido —, o que afasta a responsabilidade pelo resultado produzido pela culpa, se previsto o tipo penal. 18 – Prevalece na doutrina o conceito de crime como sendo um fato típico, ilícito e culpável. Acerca destes requisitos do crime, assinale a afirmativa correta. a) A coação moral resistível exclui a culpabilidade, enquanto a coação física exclui a conduta e, assim, o fato típico. b) O Código Penal vigente reconhece o estado de necessidade exculpante como causa de exclusão da ilicitude. c) Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado dolosamente. d) A legítima defesa, o estado de necessidade, o exercício regular de direito, o estrito cumprimento de um dever legal e o consentimento do ofendido são causas de exclusão de ilicitude, podendo o último, em alguns casos, excluir a própria tipicidade. e) A embriaguez culposa completa exclui a culpabilidade. 19 – (MPE-GO/MPE-GO/PROMOTOR/2013) - Marque a alternativa errada: 67 a) Zaffaroni, Alagia, Slokar e Nilo Batista aduzem que "a inevitável seletividade operacional da criminalização secundária e sua preferente orientação burocrática (sobre pessoas sem poder e por fatos grosseiros e até insignificantes) provocam uma distribuição seletiva em forma de epidemia, que atinge apenas aqueles que têm baixas defesas perante o poder punitivo". De acordo com essa concepção, o Direito Penal estaria mais vocacionado ao combate dos crimes do colarinho azul. b) a diferença apresentada entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida e enfrentada pelos órgãos formais de repressão (Ministério Público, Judiciário e Policia), nos crimes socioeconômicos, é chamada de cifra dourada. c) a outra face da teoria da culpabilidade pode ser identificada como a culpabilidade às avessas, por meio da qual defende-se a possibilidade de reprovação penal mais severa no tocante aos crimes praticados por pessoas dotadas de elevado poder econômico, e que abusam desta vantagem para a execução de delitos. d) a práxis tem demonstrado o quão corriqueiras e de difícil elucidação são as condutas consistentes em dispensar ou inexigir licitação, fora das hipóteses previstas em lei, e frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. Assim, com vistas a conferir maior efetividade às investigações desses delitos previstos na Lei n° 8.666/93, sem prejuízo de outras medidas cautelares menos gravosas, a prisão temporária dos investigados poderia ser utilizada com mais frequência, desde que necessária e adequada a cada caso. 20 – (MPE-MG/MPE-MG/PROMOTOR/2013) São criações doutrinárias diretamente relacionadas à punição na sociedade do risco, EXCETO: a) Direito de Intervenção. b) Direito Penal de duas velocidades. c) Direito Penal secundário. d) Direito Penal funcional. 21 – (FUMARC/PC-MG/ANALISTADAPC-DIREITO/2013) Em relação à interpretação da norma penal, é CORRETO afirmar: a)O Direito Penal veda o uso da interpretação analógica em desfavor do réu. b) O resultado da interpretação da norma penal necessariamente será declarativo. c) A interpretação autêntica vincula o entendimento dos demais intérpretes e operadores do Direito Penal. d) A interpretação gramatical ou literal é a única admitida em matéria penal em relação às normas penais incriminadoras. 22 – (MPE-MS/MPE-MS/PROMOTOR/2013) Considere as seguintes proposições, I. O Direito Penal do Inimigo, idealizado por Gunther Jakobs, pode ser entendido como um Direito Penal de quarta geração. Na sua concepção inimigo é aquele que afasta de modo permanente da norma. Segundo esta teoria, não deve ser ao criminoso conferido o status de cidadão. II. Segundo Hans Welzel, o Direito Penal tipifica somente condutas que tenham certa relevância social; caso contrário não poderiam ser delitos. Welzel desenvolve, a partir dessa ideia, o princípio da adequação social. III. Com introdução de considerações axiológicas e materiais, o neokantismo substituiu o método puramente jurídico-formal do positivismo. O modelo neokantista possui o mérito de ter demonstrado que toda realidade traz em seu bojo um valor preestabelecido, permitindo a constatação de que as normas jurídicas, como um produto cultural, possuem como pressupostos valores prévios, e o próprio intérprete que, por mais que procure adorar certa neutralidade, não estará imune a maior ou menor influência desses valores. IV. Claus Roxin aborda a Teoria da Imputação Objetiva sob a concepção de um funcionalismo radical, entendendo que o Direito Penal tem como função essencial a reafirmação da norma, visando fortalecer as expectativas de quem a obedece. São corretas: a) Somente as proposições I e II. b) Somente as proposições III e IV. c) Somente as proposições I, II e IV. d) Somente as proposições II e III. 68 e) Somente as proposições I, II e III. 23 – (UEG/PCGO/AGENTE/2013) - Sobre o sujeito da infração penal, tem-se que: a) Nos denominados crimes vagos, não se faz possível determinar o sujeito passivo. b) A pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo nos crimes contra o sistema financeiro, tendo em vista a regulamentação legal. c) Os crimes de concurso necessário são aqueles que necessitam da participação de mais de um autor, todos imputáveis. d) Sujeito passivo do crime e prejudicado pelo crime sempre se reúnem na mesma pessoa. 24 – (CESPE/TRF5REGIÃO/JUIZFEDERAL/2013)No que se refere à teoria e à aplicação do direito penal, assinale a opção correta. a) O condutor de veículo automotor que, por imprudência, colidir em veículo dirigido por uma gestante, causando-lhe lesões corporais de natureza leve, responderá criminalmente por sua conduta, incidindo, na aplicação da pena, a circunstância agravante de ter sido o crime praticado contra mulher grávida. b) Crime profissional consiste na prática de ações com intenção de lucro, como é o caso, por exemplo, do curandeirismo, enquanto o crime habitual consiste na reiteração da mesma conduta reprovável, como um meio usual de sobrevivência, como, por exemplo, o rufianismo. c) Na hipótese de tentativa irreal ou supersticiosa, o agente não responde pelo crime pretendido porque sua intenção não basta para ofender o bem jurídico visado, sendo a tentativa impunível e, conforme o caso, o crime impossível ou o delito putativo. d) Não pode alegar, em sua defesa, estado de necessidade o indivíduo que tem o dever legal ou contratual de enfrentar o perigo. e) Será reduzida de um a dois terços a pena do condenado pelo crime de latrocínio que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime, na localização da vítima e na recuperação total ou parcial do produto do crime. 25 – (CESPE/TJ-RO/ANALISTAPROCESSUAL/2012) A respeito do iter criminis e do momento de consumação do delito, assinale a opção correta. a) A tentativa, uma norma de extensão temporal, não se enquadra diretamente no tipo incriminador; faz-se necessária uma norma que amplie a figura típica até alcançar o fato material. b) A tentativa perfeita ou crime falho é aquela na qual o agente interrompe a atividade executória e não consuma o crime por circunstâncias alheias à sua vontade. c) O crime de extorsão se consuma com a obtenção da indevida vantagem econômica por parte do agente. d) A tentativa de homicídio se distingue do delito de lesões corporais dolosas pela gravidade da ofensa à integridade física da vítima. e) O crime tentado é punido da mesma forma que o crime consumado, pois o que vale é a intenção do agente. 26 – (ESAF/CGU/ANALISTADEFINANÇASECONTROLE/2012) Marque a opção correta. a) Quanto ao Lugar do crime, o Direito brasileiro adotou a Teoria da Atividade segundo a qual o Lugar do delito é aquele em que se verificou o ato executivo. b) O princípio da irretroatividade da lei penal é corolário do princípio da anterioridade da lei penal e limita-se às normas penais de caráter material. c) O Código Penal Brasileiro adotou, em relação ao dolo, a Teoria da Representação, segundo a qual para a existência do dolo é suficiente a representação subjetiva ou a previsão do resultado como certo ou provável. d) Os crimes comissivos por omissão são objetivamente descritos com uma conduta negativa, não se exigindo um resultado naturalístico. e) O conceito analítico de crime, segundo a Teoria Tripartite, crime é fato típico, antijurídico, culpável e punível. 27 - Sobre a teoria finalista da ação, é INCORRETO afirmar: 69 a)A partir do conceito ôntico de ação final, trata injusto de maneira objetiva, quer dizer, o injusto é atribuído a uma pessoa em virtude do desvalor do resultado final. b) O tipo constitui um indício de antijuridicidade, característica que remonta à fase anterior ao neokantismo. c) Confere à norma penal a função primária de proteção dos valores ético-sociais. d) ode ser apontada como precursora da moderna teoria da imputação objetiva, ao evidenciar a ilicitude como contrariedade a uma “norma de determinação” (perspectiva ex ante). 28 – (FUNDEP/MPE-MG/PROMOTOR/2011) Sobre a evolução do conceito de bem jurídico, cuja “criação não é apenas produto de uma elaboração jurídica pura, mas também de um contexto político e econômico”, é INCORRETO afirmar que: a) a noção positivista de bem jurídico parte da ideia de que o bem jurídico se reduz a um elemento da própria norma, porque somente a lei expressa os objetos jurídicos ao encerrar a vontade declarada do Estado. b) a visão neokantiana exprime o bem jurídico como um valor que se identifica com a própria finalidade da norma, considerando-o como elemento de todos os pressupostos do complexo cultural de que emana o direito. c) tanto na visão positivista quanto na visão neokantiana, o bem jurídico é visto como um pressuposto formal da incriminação, trabalhando com os dados existentes na ordem jurídica, sem questioná-los. d) na visão funcionalista, o bem jurídico é visto na perspectiva dos valores ético-sociais elementares, relativos à pessoa, ao patrimônio, à família e ao Estado, negando-se o fim de estabilidade da norma como instrumental à manutenção do sistema. 29 – (CESPE/TRF5REGIÃO/JUIZFEDERAL/2011) No que concerne à teoria geral do crime, assinale a opção correta. a) O fato de o agente estar sendo vigiado por fiscal de estabelecimento comercial, assim como a existência de sistema eletrônico de vigilância, impede de forma completamente eficaz a consumação do delito pretendido, de modo a se reconhecer caracterizado crime impossível, pela absoluta eficácia dos meios empregados. b) Em relação à punibilidade do chamado crime impossível, adota-se no CP a teoria sintomática, segundo a qual só haverá crime impossível quando a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto jurídico forem absolutas; sendo elas relativas, fica caracterizada a tentativa. c) Quanto à punição na modalidade tentada de crime, adota-se no CP a teoria subjetiva, segundo a qual a tentativa, por produzir mal menor, deve ser punida de forma mais branda que o crime consumado, reduzindo-se de um a dois terços a pena prevista. d) Não se admite desistência voluntária em relação à prática de delito unissubsistente, admitindo-se arrependimento eficaz apenas com relação à prática de crimes materiais. Para beneficiar-se dessas espécies de tentativa qualificada, que, por si sós, não beneficiam os partícipes, o agente deve agir de forma voluntária, mas não necessariamente de forma espontânea. e) Segundo a jurisprudência do STJ, tratando-se de delito de apropriação indébita, a devolução da coisa que não seja de pequeno valor, desde que antes do recebimento da denúncia, afasta o dolo, ainda que haja controvérsia sobre a existência de devolução parcial, não devendo tal fato ser considerado como mero arrependimento posterior. 30 – (CESPE/MPE-RO/PROMOTORDEJUSTIÇA/2010) Assinale a opção correta com relação às teorias do direito penal. a) De acordo com a tipicidade conglobante, devem-se analisar outros elementos além daqueles previstos no tipo penal para que o fato seja considerado típico. Essa abordagem tem por fundamento o modelo clássico do finalismo, que, se afastando da teoria indiciária, adota o modelo da teoria dos elementos negativos do tipo. 70 b) De acordo com a teoria constitucionalista do delito, crime é fato típico, antijurídico e punível. A culpabilidade, fundamento para a aplicação da pena, não é requisito do crime. c) De acordo com a teoria do funcionalismo moderado, o crime é composto por três requisitos: tipicidade, antijuridicidade e punibilidade, e este último requisito compreende culpabilidade e necessidade concreta da pena. d) Segundo a teoria finalista, a culpabilidade é puro juízo de reprovação do crime, ou seja, nem puramente psicológica, como na teoria neokantista, nem psicológica e normativa, como na teoria causalista. e) Segundo a teoria do funcionalismo moderado, caso um lutador de boxe mate o adversário no ringue, o fato deverá ser considerado atípico, umavez que o agente somente comete fato materialmente típico se criar riscos proibidos pelo direito; tal posicionamento contraria a doutrina tradicional, que caracteriza o fato como exercício regular de direito. 31 – ( ) - (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2015) Acerca da aplicação da lei penal, do conceito analítico de crime, da exclusão de ilicitude e da imputabilidade penal, julgue o item que se segue. A legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude da conduta, mas não é aplicável caso o agente tenha tido a possibilidade de fugir da agressão injusta e tenha optado livremente pelo seu enfrentamento. 32 - ( ) - (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Quanto às penas, à tipicidade, à ilicitude e aos elementos e espécies da infração penal, julgue os itens a seguir. Na legislação pátria, adotou- se o critério bipartido na definição das infrações penais, ou seja, estas se subdividem em contravenções penais e crimes ou delitos, inexistindo diferença conceitual entre as duas últimas espécies. 33 - ( ) - (CESPE/CD/2014) - Partindo da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo Código Penal, é correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a aplicação concreta da pena. 34 - ( ) - (CESPE/STF/ANALISTAJUDICIÁRIO/2013) - Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte Geral do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir. A teoria finalista adota o conceito clássico de ação, entendida como mero impulso mecânico, dissociado de qualquer conteúdo da vontade. 35 - ( ) - (CESPE/DPF/DELEGADO/2013) No que se refere à teoria geral do crime, julgue o próximo item. Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato). 36 - ( ) - (CESPE/DPF/DELEGADO/2013) No que se refere à teoria geral do crime, julgue o próxima item. Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato). 37 - ( ) - (CESPE/TJ-DFT/TECNICOJUDICIÁRIO/2013) Considera-se crime toda ação ou omissão típica, antijurídica e culpável. 38 - ( ) - (CESPE/TCU/AUDITORFEDERAL/2011) Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue os itens a seguir. Na doutrina e jurisprudência contemporâneas, predomina o entendimento de que a punibilidade não integra o conceito analítico de delito, que ficaria definido como conduta típica, ilícita e culpável. 71 39 - ( ) - (CESPE/STM/ANALISTAJUDICIÁRIO/2011) Os crimes omissivos próprios são previstos em tipos penais específicos e dependem da ocorrência de resultado para a sua consumação. 40 - ( ) - (CESPE/ABIN/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA/2010) No Código Penal brasileiro, adota-se, em relação ao conceito de crime, o sistema tricotômico, de acordo com o qual as infrações penais são separadas em crimes, delitos e contravenções. 41 - ( ) - (CESPE/DPE-AL/DEFENSOR PÚBLICO/2009) Todo crime tem resultado jurídico, porque sempre agride um bem tutelado pela norma. 42 - ( ) - (CESPE/DPF/AGENTE/2009) Os crimes comissivos por omissão - também chamados de crimes omissivos impróprios - são aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação. 43 - ( ) - (CESPE/DPE-ES/DEFENSOR PÚBLICO/2009) A tentativa incruenta não é punível, pois considera-se que o agente não iniciou a fase executória do iter criminis. 44 - ( ) - (CESPE/DPE-ES/DEFENSOR PÚBLICO/2009) A apresentação de documento falso à autoridade incompetente, após exigência desta, não configura o crime de uso de documento falso. Julgue os itens subsequentes quanto a prisão em flagrante, prova e inquérito policial. 45 - ( ) - (CESPE/DPF/AGENTE/2009) Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Lucas foi denunciado por infringir o art. 121, § 2.º, inciso II (homicídio qualificado por motivo fútil), do CP, por ter disparado arma de fogo contra Mauro, levando-o a óbito. Na denúncia, consta que Lucas e seu irmão Carlos estavam em um bar na comarca de Pacajus, onde, em dado momento, Carlos discutiu com Mauro. A discussão acabou resultando em luta corporal. O dono do bar afirmou que a discussão se deu porque Carlos se recusou a pagar uma bebida para Mauro; Lucas acudiu o irmão e Mauro, estando sozinho, foi embora, mas retornou, minutos depois, com uma faca do tipo peixeira na mão. O dono do bar afirmou que chegou a trancar a porta, tentando evitar a tragédia, mas a vítima conseguiu arrombá-la, ntrou nobar e partiu para cima de Carlos com a peixeira em riste. O depoente viu que Lucas sacou um revólver e atirou duas vezes, atingindo Mauro na altura do tórax. Vendo-o caído, Lucas fugiu do local e escondeu-se em uma mata, onde foi encontrado doze horas depois, ainda com a arma do crime. A vítima foi socorrida no hospital municipal e, no dia seguinte, foi transferida para o Hospital Geral de Fortaleza, onde, devido à gravidade dos ferimentos, faleceu depois de ser submetida a cirurgia. Considerando a situação hipotética acima descrita, julgue os itens subsequentes. 46 – ( ) - (CESPE/TJ-CE/ANALISTA JUDICIÁRIO/2008) Considera-se que o crime foi praticado em Pacajus, onde ocorreu a ação, ou em Fortaleza, onde se produziu o resultado, de acordo com a teoria da ubiquidade, adotada pelo CP. Acerca do direito penal e do direito processual penal, julgue os itens : 47 – ( ) - (CESPE/MPE-RR/OFICIAL DE PROMOTORIA/2008) A diferença entre crime e contravenção penal consiste na aplicação de pena de reclusão ao primeiro e, ao segundo, pena de detenção ou multa. 72 48 – ( ) - (CESPE/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/2008) Cada um dos itens subsequentes apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no Código Penal. Enrico, com intenção de matar seu irmão Lauro, ficou escondido atrás de uma moita, esperando o momento em que a vítima sairia de seu trabalho, com direção à residência de ambos. No horário de costume, ao ver uma pessoa trajando roupas semelhantes às que Lauro usava e acreditando que tal pessoa era seu irmão, efetuou dois disparos contra essa pessoa, em região letal, o que ocasionou o imediato óbito. Posteriormente, todavia, Enrico constatou que Lauro ainda não havia saído do trabalho e que a pessoa morta era um colega de trabalho de Lauro, desconhecido do autor do fato. Nessa situação, ocorreu erro sobre a pessoa, o qual não isenta Enrico de pena. Não se consideram as condições e qualidades da vítima efetiva, mas sim as da vítima virtual, ou seja, o irmão do agente, de modo que ficará Enrico sujeito à circunstância agravante de ter cometido o crime contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. Julgue os itens a seguir, relativos aos crimes contra a administração pública. 49 – ( ) - (CESPE/TRT16REGIÃO/ANALISTAJUDICIÁRIO/2005) Para o sistema causal-naturalista de Liszt- Beling, a parte externa do delito, ou seja, o injusto penal, era objetivo, sendo que na sua parte interna — a culpabilidade — é que deviam ser aferidos os elementos subjetivos do agente, ou seja, dolo e culpa. 01. F 02. F 03. F 04. F 05. F 06. F 07. F 08. F 09.V 10.C 11-E 12-D 13-B 14-C 15-E 16-B 17-D 18-D 19-D 20-D 21-C 22-E 23-A 24-C 25-A 26-B 27-A 28-D 29-D 30-E 31-E 32-C 32-E34-E 35-C 36-C 37-C 38-C 39-E 40-E 41-C 42-C 43-E 44-C 45-C 46-C 47-E 48-C 49-C AULA 06 – TEORIA DO CRIME: FATO TÍPICO, CONDUTA, RESULTADO Na aula passada vimos: Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. Agora, veremos qual o conceito doutrinário de crime. O que é crime? (Concepção Doutrinária) CRIME - Fato Típico, Ilícito e Culpável. Qualquer delito possui os seguintes elementos: 4. Tipicidade: enquadramento do fato ao modelo (tipo) descrito na lei penal; 73 5. Ilicitude: contrariedade entre o fato e o ordenamento jurídico; 6. Culpável: praticado de forma reprovável pelo seu agente. A punibilidade, embora deva existir para que seja aplicada a pena, não é considerada elemento do delito. Concepção Bipartida Para esta corrente, crime é todo "fato típico e ilícito", logo, a culpabilidade não faz parte do conceito analítico de crime, sendo então apenas um pressuposto de aplicação da pena. Essa linha de raciocínio é seguida pelos doutrinadores como: Damásio de Jesus, Celso Delmanto, Júlio Fabbrini Mirabete, Fernando Capez, Renê Ariel Dotti, entre outros. Por esta concepção soa uma lacuna, isto é, torna o conceito analítico de crime incompleto, ao cogitar que a culpabilidade não faz parte deste. Logo, é muito mais correta a análise concomitante da tipicidade, ilicitude e culpabilidade. Assim, esta teoria (tripartida ou tripartite) é admitida pela maioria da doutrina, que será vista a seguir. Concepção Tripartida Esta concepção, certamente aparenta ser a mais coerente, tendo em vista que não somente a tipicidade e ilicitude são pressupostos da pena, mas também a culpabilidade, no entanto, ambas colaboram para que o agente seja responsabilizado ou não pelo delito praticado. Partindo para o lado histórico, percebe-se que a concepção tripartida, sugira com Beling, que ao criar o conceito de tipo, passou-se a integrar no conceito estratificado de crime, como se vê na obra de Fernando Galvão e Rogério Greco; "A inicial estruturação analítica bipartida pelo critério objetivo subjetivo sofreu constantes revisões. Com Beling, tomou a forma tripartida, através da introdução do conceito de tipo. 6.1 – ELEMENTOS DO FATO TÍPICO São elementos do fato típico: Conduta; Resultado; Nexo Causal e Tipicidade. Estudaremos nesta aula os dois primeiros elementos: Conduta e Resultado. 6.2 - CONDUTA Conduta é a ação ou omissão consciente, voluntária, dolosa ou culposa. Conforme defini Luiz Flávio Gomes: 6.2.1 - Crimes de Ação (Crime Comissivo) – crime comissivo exige uma atividade concreta do agente, uma ação, isto é, o agente faz o que a norma proíbe (Ex.: matar alguém mediante disparos). 6.2.2 - Crime de Omissão (crime omissivo) - O crime omissivo distingue-se em próprio e impróprio (ou impuro). 74 6.2.3 – Crime Omissivo Próprio - é o que descreve a simples omissão de quem tinha o dever de agir (o agente não faz o que a norma manda. Exemplo: omissão de socorro – CP, art. 135). Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 6.2.4 – Crime Omissivo Impróprio - Crime omissivo impróprio (ou comissivo por omissão) é o que exige do sujeito uma concreta atuação para impedir o resultado que ele devia (e podia) evitar. Exemplo: guia de cego que no exercício de sua profissão se descuida e não evita a morte da vítima que está diante de uma situação de perigo. O agente responde pelo crime omissivo impróprio porque não evitou o resultado que devia e podia ter evitado. Relevância da Omissão Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Veja-se que a lei fala em “dever de agir”. Nos crimes omissivos próprios não existe o dever de agir e o omitente não responde pelo resultado, mas apenas porque não agiu. Entenda-se: na omissão de socorro com resultado morte, o omitente não responde pela morte, mas pela omissão de socorro. Quando existe o dever jurídico de impedir a produção do resultado? Quando advém de um mandamento legal específico. Quando o sujeito, de outra maneira, tornou-se garantidor da não-ocorrência do resultado. Quando um ato precedente determina essa obrigação (CP, art. 13, Parágrafo 2º). Por outro lado, no crime comissivo por omissão (ou omissivo impróprio), o agente garantidor tem o dever de agir, por isso na sua omissão responde pelo resultado que deveria ter evitado. É a mãe que tem o dever de cuidar do filho que brinca na piscina; se ela se omite em socorrê-lo (podendo fazê-lo) responde pela morte se ela ocorrer. 6.2.1 - Conduta Dolosa Art. 18 - Diz-se o crime: Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; Dolo é a vontade de praticar o crime agindo com consciência, ou seja, o dolo tem consciência e vontade ou ainda assunção de risco quanto a ocorrência de um resultado. Em termos gerais, para o concurso basta-nos saber as teorias adotadas por nosso condigo penal, quais seja A Teoria Da Vontade (que expressa o que chamamos de dolo direto, pois é a vontade livre e consciente 75 de realizar um crime) e A Teoria Do Assentimento Ou Consentimento (não é necessário a vontade de praticar um crime, basta que exista consentimento com assunção do risco de ocorrência, exprime o que chamamos de dolo eventual). Dolo Direto: Por exemplo A quer matar B e o faz, logo temos consciência e vontade de realização de um resultado. Obs.: Na doutrina em geral temos a divisão do dolo em direto de 1º grau e direto de 2º grau Conforme define Luiz Flavio Gomes, dolo de primeiro grau é o dolo direto (o agente prevê determinado resultado, dirigindo sua conduta na busca de realizar esse mesmo resultado). O dolo de segundo grau, por sua vez, configura-se quando o agente produz resultado paralelo ao visado, pois necessário à realização deste. Vejamos um exemplo de Rogério Greco: quero matar meu desafeto que está no avião, para tanto, coloco uma bomba no avião que, ao explodir, vai matar meu desafeto e todo mundo que estiver lá dentro. Com relação ao meu desafeto, agi com dolo de primeiro grau; com relação aos demais passageiros, eu agi com dolo de segundo grau. A morte dos demais passageiros é o resultado paralelo necessário para eu alcançar a minha primeira necessidade,que é a morte do meu desafeto. Dolo Indireto - Há duas espécies de dolo indireto: dolo alternativo e dolo eventual. No dolo alternativo, o agente prevê pluralidade de resultados e dirige sua conduta na busca de realizar qualquer um deles indistintamente. Exemplo: o agente quer praticar lesão corporal ou homicídio indistintamente. O agente tem a mesma vontade de um ou de outro. No dolo eventual, o agente prevê pluralidade de resultados, dirige sua conduta na busca de realizar um deles, porém assume o risco de produzir os demais. A intenção do agente se dirige a um resultado, aceitando, porém, outro também previsto e consequência possível da sua conduta. Exemplo: O agente quer ferir (lesão corporal), mas aceita a possibilidade de um homicídio acontecer. Nas palavras do professor Luiz Flávio Gomes: “No dolo eventual o agente prevê pluralidade de resultados, quer um deles, mas assume o risco de produzir o outro também. Por outro lado, no dolo alternativo, o agente prevê a pluralidade de resultados, mas busca um ou outro”. 6.2.2 - Conduta Culposa Art. 18 - Diz-se o crime: Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Culpa é a inobservância de um dever de cuidado objetivo, isto é culpa, portanto não confunda o conceito com as modalidades de culpa que são respectivamente: imprudência (culpa na forma ativa), negligência (culpa na forma omissiva) e imperícia (culpa na forma omissiva ou comissiva). Culpa, é o comportamento voluntário desatencioso, voltado a um determinado objeto, lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, não desejável, mas previsível e que poderia ter sido evitado. Ou seja, a culpa pode se dar através da imprudência (agir sem cautela ou com precipitação ou insensatez), da negligência (descuido ou desatenção nos casos em que exige o contrário) ou da imperícia (falta de conhecimento necessário ou incapacidade para o exercício de determinado ofício ou profissão). Culpabilidade costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito, não podendo ser tratado como elemento do crime, pois é um pressuposto para a imposição de pena, por ser um juízo de valor 76 sobre o autor da infração penal. Não tem como estar dentro do crime (elemento) e fora (juízo externo de valor) ao mesmo tempo. Por isso culpa e culpabilidade são elementos independentes. Como regra geral no Brasil, o delito previsto em lei só pode ser punido quando praticado dolosamente. Para que seja punido culposamente deve haver expressa previsão normativa nesse sentido. Assim, caso se pratique de forma culposa um delito previsto apenas na modalidade dolosa, estará afastada a tipicidade da conduta, já que a conduta do autor não se amoldou perfeitamente ao tipo penal previsto em lei. Esse é o espírito da norma prevista no parágrafo único do artigo 18 do Código Penal brasileiro. A culpa consciente ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo com a sua habilidade. Exemplo clássico: Motorista de ambulância que, uma vez em situação de emergência trafega em alta velocidade e acredita fielmente, por sua perícia que não vai atropelar logo a frente e a atropela. Na culpa inconsciente, o agente não prevê o resultado, que, entretanto, era objetiva e subjetivamente previsível. São os casos em que o agente age com imperícia, imprudência ou negligência. Imperícia é quando alguém que deveria dominar uma técnica não a domina. É o caso do médico que erra na hora de suturar um paciente. Depois de seis anos estudando medicina, ele deveria saber suturar. Se não sabe, é imperito. Negligência é quando aquele que deveria tomar conta para que uma situação não aconteça, não presta a devida atenção e a deixa acontecer. É o caso da mãe que deveria tomar conta do neném quando está dando banho nele, vai atender o telefone e o neném acaba se afogando. Ela não queria e nem assumiu o risco de matá-lo, mas não tomou conta o suficiente para evitar sua morte. Imprudência é quando a pessoa que não toma os cuidados que uma pessoa normal tomaria. É a pessoa que, ao dar marcha ré com o carro, esquece de olhar para trás e acaba atropelando alguém. Como a separação entre imprudência, negligência e imperícia é, às vezes, muito tênue, a lei não faz diferenciação entre essas três. Todas são consideradas formas culposas de agir. Quando estamos lendo uma lei penal, temos que tomar cuidado para diferenciar o dolo da culpa. Primeiro, porque as punições contra as modalidades dolosas são bem mais severas, pois o agente quis o resultado e, segundo, porque a regra é que todo delito é punido apenas na forma dolosa (eles não são punidos quando a pessoa o cometeu sem querer). Apenas quando a lei diz especificamente que aquele crime também é punido na modalidade culposa é que ele poderá ser punido mesmo se o agente não o quis cometer ou não assumiu tal risco. É o caso do homicídio, por exemplo. O art. 121 do Código Penal diz que quem matar alguém será sentenciado entre 6 e 20 anos de prisão. Como ela não falou nada, deduz-se que essa punição é para a modalidade dolosa. Mas no §3º do mesmo artigo ela diz: “se o homicídio é culposo – detenção de 1 a 3 anos”. Apenas porque ela disse que o homicídio também é punível na modalidade culposa é que existe o homicídio culposo. Já o art. 155, por exemplo, diz que quem furtar será apenado com 1 a 4 anos de reclusão. Como não há menção à modalidade culposa, ninguém pode ser condenado por furto se pegou um bem móvel sem querer e o levou para casa. Nas palavras de Rogério Sanches são ainda espécies da culpa: Culpa consciente, com previsão ou ex lascivia: o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo com a sua habilidade (mais que previsibilidade, existe previsão). Culpa inconsciente, sem previsão ou ex ignorantia: o agente não prevê o resultado, que, entretanto, era previsível. Neste caso, qualquer outra pessoa, naquelas circunstâncias, poderia prever a ocorrência daquele resultado. Culpa própria ou culpa propriamente dita: é aquela em que o agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa por negligência, Culpa imprópria ou culpa por equiparação, por assimilação, ou por extensão: é aquela em que o agente, por erro evitável, imagina certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude do seu comportamento (discriminante putativa). Provoca 77 intencionalmente determinado resultado típico, mas responde por culpa por razões de política criminal. Anuncia o art. 20, § 1º, do CP: “Discriminantes putativas. § 1º – É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”. Consciência Vontade Dolo direto Prevê o resultado Quer o resultado Dolo eventual Prevê o resultado Não quer, mas assume o risco Culpa consciente Prevê o resultado Não quer, não assume risco e pensa poder evitar Culpa inconsciente Não prevê o resultado (que era previsível) Não quer e não aceita o resultado 6.3 - TEORIAS REFERENTES A CONDUTA 6.3.1. - Teoria Naturalista ou Causal da Ação Foi concebida no século XIX, no Tratado de Franz Von Liszt. Para os defensores dessa teoria, ficar vinculado literalmente ao texto legalera mais seguro. Interpretar a lei seria muito arriscado, não se podia dar margens a interpretações. Portanto, a única interpretação possível do texto legal era a literal, devia-se seguir à risca a junção do fato à norma. Para essa teoria, pratica fato típico aquele que pura e simplesmente der causa ao resultado, independente de dolo ou culpa na conduta do agente, elementos esses que, segundo essa teoria, serão analisados apenas na fase de averiguação da culpabilidade, ou seja, não pertencem à conduta. Para saber se o agente praticou fato típico ou não, deve-se apenas analisar se ele foi o causador do resultado, se praticou a conduta descrita em lei como crime, não se analisa o conteúdo da conduta, a intenção do agente na ação, trabalha-se com o mero estudo de relação de causa e efeito. Crime, para essa teoria, é fato típico, antijurídico e culpável, pois o dolo e a culpa, que são imprescindíveis para a existência do crime, pertencem à culpabilidade, logo esta deve fazer parte do conceito de crime para os seguidores dessa teoria. Exemplo: Imagine uma pessoa que, ao sair de um bar, dirija-se ao depósito para retirar seu guarda- chuva e, por engano, retira guarda-chuva alheio. Para a teoria causal da ação essa pessoa praticou fato típico (furto), visto que subtraiu para si coisa alheia móvel. Mesmo que tal pessoa não tenha agido com dolo, praticou fato típico, ou seja, a conduta descrita em lei como crime. 6.3.2 - Teoria Finalista da Ação Hans Welzel foi o grande defensor dessa teoria que surgiu entre 1920 e 1930, diante das constatações neoclássicas. Pela corrente neoclássica, também denominada neokantista, foi possível determinar elementos subjetivos no próprio tipo penal e não somente na culpabilidade. É a teoria adotada pelo nosso Código Penal, será típico o fato praticado pelo agente se este atuou com dolo ou culpa na sua conduta, se ausente tais elementos, não poderá o fato ser considerado típico, logo sua conduta será atípica. Ou seja, a vontade do agente não poderá mais cindir-se da sua conduta, ambas estão ligadas entre si, devendo-se fazer uma análise de imediato no “animus” do agente para fins de tipicidade. Segundo esta teoria, dolo e culpa estão na conduta (responsabilidade subjetiva). Assim, sujeito ativo da conduta pode ser pessoa física ou jurídica. 78 No caso de Pessoa Jurídica, esta responde excepcionalmente nos casos de: Crimes Ambientais: CF/88, Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Crimes Contra Ordem Financeira e Contra Economia Popular: CF/88, Art. 173, § 5º. A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Obs.01: Sujeito Passivo do Crimes: É o titular do bem jurídico protegido pela lei penal viola por meio da conduta criminosa. Pode ser denominado de vítima ou de ofendido, e divide-se em duas espécies: 1) Sujeito passivo constante, mediato, formal, geral, genérico ou indireto: é o Estado, pois a ele pertence o direito público subjetivo de exigir o cumprimento da legislação penal. Figura como sujeito passivo de todos os crimes, pois qualquer violação da lei penal transgride interesse a ele reservado pelo ordenamento jurídico. Exemplo: em um crime de homicídio, ainda que a vítima direta seja a pessoa privada da sua vida, o Estado também foi ofendido, haja vista que a ele convém que não sejam praticados crimes. 2) Sujeito passivo eventual, imediato, material, particular, acidental ou direto: é o titular do bem jurídico especificamente tutelado pela lei penal. Exemplo: o proprietário do carro subtraído no crime de furto. O Estado sempre figura como sujeito passivo constante. Além disso, pode ser sujeito passivo eventual, tal como ocorre nos crimes contra a Administração Pública. Obs.02: A pessoa jurídica pode ser vítima de diversos delitos, desde que compatíveis com a sua natureza. Obs.03: Há diversos crimes que podem ser praticados contra incapazes, e inclusive contra o nascituro, como é o caso do aborto. Obs.04: É possível existência de sujeito passivo indeterminado. É o que ocorre nos Crimes Vagos, aqueles que têm como vítima um ente destituído de personalidade jurídica. Importante frisar os elementos que integram a culpabilidade que, para a teoria adotada pelo Código Penal, são: Imputabilidade, Potencial consciência da ilicitude e Exigibilidade de conduta diversa. 79 Não presente algum desses elementos, estará isento de pena o agente, ou seja, praticou crime, mas não é culpável, e, portanto, não lhe é aplicada a sanção. Veremos mais detalhadamente este tópico na aula sobre culpabilidade. 6.3.3 - TEORIA SOCIAL DA AÇÃO Defendida por Hans-Heinrich Jescheck, a teoria social da ação tem como fundamento a relevância da conduta perante a sociedade. Para essa teoria, não basta saber se a conduta foi dolosa ou culposa para averiguação do fato típico, mas, também, fazer uma análise de tal comportamento e classificá-lo como socialmente permitido ou não. Se a conduta do agente for considerada social, ou seja, aceita pela sociedade, será atípica. Tal teoria não foi concebida pela nossa legislação, entretanto, não se deixa de avaliar a sociabilidade da ação, podendo esta ser utilizada pelo magistrado como critério de fixação da pena base, com fundamento no artigo 59 do Código Penal. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Excludentes da Conduta: Uma vez que a conduta para o direito penal e consciente e voluntária, não é considerado conduta: a) movimentos reflexos: ataque epiléptico do qual resulta uma dada lesão a terceiro, um descarga elétrica que obriga-nos a uma distensão muscular abrupta da qual resulta lesão a terceiro. b) estado de inconsciência: sonambulismo e a hipnose. c) coação física (vis absoluta ou violência absoluta): Nesta última forma de exclusão da conduta , que não se deve confundir com a coação moral irresistível (vis compulsiva). Coação Física Irresistível são excludentes da conduta por falta de voluntariedade do agente (força maior), que nada mais é do que uma força ''estranha'' proveniente da ação de um terceiro. Um exemplo clássico é o do gerente bancário, que acaba por colocar suas digitais do cofre da agência, pois está sendo coagido fisicamente pelo assaltante. Já na Coação Moral Irresistível a vontade do agente não é eliminada, mas viciada. Nesse caso, o agente foi moralmente constrangido na prática da infração. Como exemplo: a mãe que é coagida a subtrair uma bolsa pelo indivíduo que ameaça o seu filho de morte, caso esta não venha a realizar a conduta (subtrair a bolsa de um terceiro), seu filho será morto. Portanto, deve-se observar não o terreno da tipicidade nessa situação, mas o da culpabilidadena conduta diversa inexigível. A mãe poderia ter outra conduta a não ser subtrair a bolsa? A resposta é não. Ou ela praticava o ato ou seu filho morreria. Assim, entende-se que a Coação Moral Irresistível exclui a Culpabilidade por conduta diversa inexigível. COAÇÃO FÍSICA (VIS ABSOLUTA) Exclui o fato típico COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (VIS COMPULSIVA) Exclui a culpabilidade 80 Estas excludentes estudaremos nas próximas aulas de forma mais detalhada. 6.4 - RESULTADO O resultado é a consequência, o efeito da ação do agente. Necessariamente é obrigatório que essa conduta seja humana e voluntária, caso contrário, não será considerado um fato típico, apenas um evento, pois, este último é qualquer acontecimento (um pássaro voando, um raio). No entanto, de acordo com Damásio de Jesus, ambas as expressões Evento e Resultado se equivalem. Tipos de resultado: Modificação Física – crime de dano: o resultado é a destruição de um objeto Modificação Fisiológica – homicídio: o resultado é a morte; lesão corporal: o resultado é a perda de um membro Modificação Psicológica – injúria: o resultado é a percepção de uma palavra ofensiva por parte de uma pessoa. Crime possui dois tipos de objetos: Objeto Jurídico - bem tutelado (homicídio – a vida perdida) Objeto Material – sobre o que recai a conduta (homicídio- o corpo do “de cujus”). Daí, existem duas classificações de resultado, a saber: Naturalístico e Jurídico. No Brasil, adota-se a Teoria do Resultado Naturalístico. Nesta teoria o resultado é uma consequência da conduta que traz a modificação do mundo exterior. Por exemplo, no homicídio, o corpo da vítima é o resultado perceptível ao mundo exterior; no furto, a vítima possuía o bem. Na Teoria Normativa, sempre vai existir um crime e um resultado. Na Teoria Naturalística, sempre vai existir um crime, mas nem sempre vai existir um resultado. Esta que o Brasil adota. Nem todo crime possui resultado naturalístico, somente resultado jurídico, ou seja, ameaça ao bem tutelado, ou seja, não produz um resultado naturalístico. Por exemplo, o crime de violação de domicílio, pois, este crime se caracteriza somente pelo fato do agente entrar e permanecer em casa alheia sem autorização. A doutrina classifica três espécies de crimes: a) Crimes Materiais - São os crimes de resultados, ou seja, consumam-se com o resultado naturalístico. Exemplo: Homicídio, Estupro, etc.: b) Crimes Formais - A lei prevê um resultado mas não exige que ele ocorra para que haja a consumação do crime, ou seja, o resultado naturalístico não é relevante, pois o crime se consuma antes. Exemplo: extorsão mediante sequestro, pois o resultado é a obtenção de uma vantagem econômica, no entanto, a consumação do crime ocorreu no momento que houve o sequestro; c) Crimes De Mera Conduta - Totalmente sem resultado previsto na lei, pois, o resultado naturalístico não ocorre. Exemplo: violação de domicílio, crime de desobediência. Em suma, a consumação não está ligada ao resultado. Existem crimes com resultado e estes se consumam com o resultado, porém existem crimes que não tem resultado e estes se consumam com a conduta. O crime que se consuma com o resultado é o crime material, enquanto que o crime formal e de mera conduta se consumam sem este resultado. Teoria Jurídica ou Normativa - explica que o resultado da conduta é a lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal. Entendem os seus seguidores que delito sem evento constituiria conduta irrelevante para o Direito Penal, pois o que tem importância é a lesão jurídica, e não qualquer consequência natural da ação. Para os normativistas, porém, o resultado é elemento do delito. 81 Conclusão: Crime se consuma com a conduta ou com o resultado 6.5 - ITER CRIMINIS Descreve Cleber Masson que o iter criminis ou caminho do crime, corresponde às etapas percorridas pelo agente para a prática de um fato previsto em lei como infração penal. Descreve Cezar Roberto Bitencourt, como em todo ato humano voluntário, no crime a ideia antecede a ação é o pensamento do homem que se inicia o movimento delituoso, e a sua primeira fase é a ideação e a resolução criminosa. Há um caminho que o crime percorre, desde o momento que germina, como ideia, no espirito do agente, até aquele em que se consuma no ato final. A esse itinerário percorrido pelo crime, desde o momento da concepção até aquele em que ocorre a consumação, chama-se iter criminis e compõe-se de uma fase interna (cogitação) e de uma fase externa (atos preparatórios, executórios e consumação), ficando fora dele o exaurimento, quando se apresenta destacado da consumação. O autor Damásio de Jesus nos ilustra um exemplo em que o agente, com intenção de matar a vítima (cogitação), adquire um revólver e se posta de emboscada à sua espera (atos preparatórios), atirando contra ela (execução) e lhe produzindo a morte (consumação). É na verdade o iter criminis o caminho a ser percorrido pelo crime a qual antecede o fato criminoso, ou seja, o agente antes de praticar o delito ele passa por uma series de etapas em que depois de realizadas, logo então é concretizado o delito pelo autor. São fases do iter criminis: COGITAÇÃO; PREPARAÇÃO; EXECUÇÃO; CONSUMAÇÃO (CONDUTA OU RESULTADO); EXAURIMENTO. 6.5.1 - Cogitação Leciona Fernando Capez que na cogitação não existe ainda a preparação do crime, o autor apenas mentaliza, planeja em sua mente como vai ele praticar o delito. Nesta etapa não existe a punição do agente, pois o fato dele pensar em fazer o crime não configura ainda um fato típico e antijurídico pela lei, sendo irrelevante para o direito penal. Enquanto encarcerada nas profundezas da mente humana, a conduta é um nada, totalmente irrelevante para o direito penal. Somente quando se rompe o claustro psíquico que a aprisiona, e materializa-se concretamente a ação, é que se pode falar em fato típico. 6.5.2 - Preparação Segundo o ilustre Fernando Capez, é a prática dos atos imprescindíveis à execução do crime. Nesta fase ainda não se iniciou a agressão ao bem jurídico, o agente não começou a realizar o verbo constante da definição legal (núcleo do tipo), logo o crime ainda não pode ser punido. Segundo Bitencourt, a preparação constitui os chamados atos preparatórios, os quais são externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva; arma-se dos instrumentos necessários à pratica da infração penal, procura o local mais adequado ou a hora mais favorável para a realização do crime. O agente na preparação ele usa dos meios indispensáveis para a prática da infração penal, municiando-se dos meios necessários para se 82 chegar a concretização do ilícito penal. É o caso por exemplo do agente comprar uma arma de fogo, para a prática futura de um crime de homicídio. Cleber Masson explica que, em casos excepcionais, é possível a punição de atos preparatórios nas hipóteses em que a lei optou por incriminá-los de forma autônoma. São os chamados crimes-obstáculo. É o que se dá com os crimes de fabrico, fornecimento, aquisição, posse ou transporte de explosivos ou gás toxico, ou asfixiante (CP, art. 253), incitação ao crime (CP, art. 286), associação criminosa (CP, art. 288) e petrechos para a falsificação de moeda (CP, art. 291), entre outros. 6.5.3 – Execução Atos de execução são aqueles que se dirigem diretamente à prática do crime, isto é, a realização concreta dos elementos constitutivos do tipo penal. Cleber Masson descreve que a fase da execução, ou dos atos executórios, é aquela em que se inicia a agressão ao bem jurídico, por meio da realizaçãodo núcleo do tipo penal. O agente começa a realizar o verbo (núcleo do tipo) constante da definição legal, tornando o fato punível. Segundo o autor, o ato da execução deve ser idôneo e inequívoco. O ato idôneo é o que se reveste de capacidade suficiente para lesar o bem jurídico penalmente tutelado e o ato inequívoco é o que se direciona ao ataque do bem jurídico, almejando a consumação da infração penal e fornecendo certeza acerca da vontade ilícita, tendo como exemplo um disparo de arma de fogo efetuado na direção da vítima é inequívoco para a pratica de um homicídio, diferente de um disparo efetuado para o alto. É no ato executório que se inicia a ofensa ao bem jurídico penalmente protegido pelo direito penal. Nesta etapa, o agente age com o dolo de agressão ao bem da vítima, realizando a conduta do núcleo do verbo, ou seja, praticando o fato típico e antijurídico do crime, momento este que a sua conduta passa a ser reprovado pela lei e com isto, tendo a sua punição. Se encontram dentro da execução: Tentativa; Desistência Voluntária; Arrependimento Eficaz; Crimes Impossível e Arrependimento Posterior. 6.5.3.1 – Tentativa Art. 14 - Diz-se o crime.... Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. A tentativa sempre ocorre por circunstâncias alheias a sua vontade do agente, e nunca de forma voluntária. Existem vários tipos de tentativas: Perfeita, acabada ou crime falho - pratica todos os atos de execução Imperfeita ou inacabada – parte dos atos de execução Branca ou incruenta – não atinge a vítima Vermelha ou cruenta - atinge a vítima Pena da tentativa – 1/3 ou 2/3 a menos que o crime consumado. Não admitem tentativa as seguintes infrações penais: 83 1) Contravenções penais (art. 4º, da LCP) que estabelece não ser punível a tentativa. Exemplo: Vias de Fato. 2) Crimes culposos nos tipos culposos, existe uma conduta negligente, mas não uma vontade finalísticamente dirigida ao resultado incriminado na lei. Não se pode tentar aquilo que não se tem vontade livre e consciente, ou seja, sem que haja dolo. Exemplo: Homicídio Culposo 3) Crimes habituais são aqueles que exigem uma reiteração de condutas para que o crime seja consumado. Cada conduta isolada é um indiferente para o Direito Penal. Exemplo: Rufianismo. 4) Crimes omissivos próprios o crime estará consumado no exato momento da omissão. Não se pode admitir um meio termo, ou seja, o sujeito se omite ou não se omite, mas não há como tentar omitir-se. No momento em que ele devia agir e não age, o crime estará consumado. Exemplo: Policial que presencia crimes de furto e não age quanto tem o dever de agir. 5) Crimes unissubsistentes são aqueles em que não se pode fracionar a conduta. Ou ela não é praticada ou é praticada em sua totalidade. Deve-se ter um grande cuidado para não confundir esses crimes com os formais e de mera conduta, os quais podem ou não admitir a tentativa, o que fará com que se afirme uma coisa ou outra é saber se eles são ou não unissubsistentes. Exemplo: Injúria Verbal (pois a escrita admite tentativa). 6) Crimes preterdolosos são aqueles em que há dolo no antecedente e culpa no consequente. Ex. lesão corporal seguida de morte. Havendo culpa no resultado mais grave, o crime não admite tentativa. 7) Crimes de atentado são aqueles em que a própria tentativa já é punida com a pena do crime consumado, pois ela está descrita no tipo penal. Ex. art. 352 do CP evadir-se ou tentar evadir-se. A vontade do agente é importante na caracterização da tentativa, pois, se seu agir foi interrompido por sua própria iniciativa, a tentativa não se caracteriza, sendo o caso, então, de desistência voluntária ou de arrependimento eficaz. No crime culposo não se cogita a hipótese de tentativa. Como regra, o Código Penal, em seu art. 14, II, adotou a teoria objetiva quanto à punibilidade da tentativa, pois, malgrado semelhança subjetiva com o crime consumado, diferencia a pena aplicável ao agente doloso de acordo com o perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Nessa perspectiva, jurisprudência do STJ adota critério de diminuição do crime tentado de forma inversamente proporcional à aproximação do resultado representado: quanto maior o iter criminis percorrido pelo agente, menor será a fração da causa de diminuição. STJ. 5ª Turma. HC 226359/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/08/2016. 6.5.3.2. - Desistência Voluntária Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. A desistência voluntária, prevista na primeira parte do artigo ("... desiste de prosseguir na execução..."), ocorre no curso da ação criminosa promovida pelo delinquente. Nessas situações a desistência do autor não pode ser motivada por embaraços que encontrou no curso da ação criminosa, que, pelo impedimento que causariam à consumação do crime, fizeram-no desistir da conduta. Nesta situação deve se considerar a figura da tentativa, já que foram circunstâncias alheias à sua vontade que provocaram a desistência. 84 A desistência voluntária também é conhecida pela doutrina como TENTATIVA ABANDONADA. Tentativa Arrependimento Eficaz Responde com de diminuição de pena de um a dois terços da pena do crime consumado Responde pelos atos que praticou “Eu quero mais não posso”. “Eu posso mais não quero”. Desistência Voluntária Arrependimento Eficaz O agente por vontade própria para os atos executórios O agente faz todos os atos executórios e reverte o resultado. Exemplo: O agente possui uma pistola .40 com 16 munições e dá dois tiros e para voluntariamente a execução. Responde por lesão corporal e não por Tentativa de Homicídio Exemplo: Eu dou três tiros em alguém. Me arrependo e presto socorro. Se os médicos conseguem salvar a sua vida, houve um arrependimento eficaz. Eu vou responder por lesão corporal, que são os atos até então praticados. Agora, se a vítima morrer, foi um arrependimento ineficaz. 6.5.3.3. - Arrependimento Eficaz Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. O arrependimento eficaz, mencionado na segunda parte do artigo 15 ("... impede que o resultado se produza..."), verifica-se em momento posterior aos atos de execução perpetrados pelo autor, mas antes de o delito se consumar. Arrependimento Eficaz Arrependimento Posterior Antes da Consumação Após a Consumação O instituto do arrependimento eficaz e da desistência voluntária somente são aplicáveis a delito que não tenha sido consumado. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1549809/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 02/02/2016. É possível arrependimento eficaz em crime formal? Em crime formal ou de mera conduta, quando você esgota a execução, haverá a consumação. Não existe arrependimento eficaz em crime formal. O arrependimento eficaz só é cabível em crimes materiais, pois nestes a execução está separada do resultado. 6.5.3.4- Arrependimento Posterior 85 Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente,a pena será reduzida de um a dois terços. Nesse caso, quando o agente repara o dano ou restitui a coisa, a redução da pena, na etapa de sua dosimetria, é obrigatória. Embora a reparação do dano e a restituição da coisa possam dar a entender que se tratam de situações próprias dos crimes contra o patrimônio, o teor da norma alcança também outros delitos alheios à tutela de tal bem jurídico, sendo amplamente aplicável desde que a conduta inicial do autor venha desassistida de alguma violência ou grave ameaça. Novamente, aqui, não se compreende a aplicação de tal causa de diminuição quando o autor do fato é coagido a reparar o dano ou restituir a coisa, seja pela autoridade policial ou por terceiros. O ato de arrependimento do autor deve também ocorrer antes do recebimento da denúncia ou queixa. Após, será uma circunstância atenuante genérica, na forma do artigo 65, inciso III, "b", do Código Penal. O arrependimento posterior se estende ao coautor e ao participe. A causa de diminuição de pena relativa ao artigo 16 do Código Penal (arrependimento posterior) somente tem aplicação se houver a integral reparação do dano ou a restituição da coisa antes do recebimento da denúncia, variando o índice de redução da pena em função da maior ou menor celeridade no ressarcimento do prejuízo à vítima. STJ. 6ª Turma. HC 338840/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/02/2016. O benefício do arrependimento posterior comunica-se aos coautores e partícipes que não tenham participado da restituição da coisa ou da reparação do dano. Assim, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa de diminuição de pena do arrependimento posterior, prevista no art. 16 do CP, estende-se aos demais coautores. STJ. 6ª Turma. REsp 1187976-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 7/11/2013 (Info 531). Exceções ao arrependimento posterior: 1) Estelionato – 171, §2º, VI - Cheque sem Fundos Só Correntista (conta encerrada – 171 básico). § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Fraude no pagamento por meio de cheque VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. SÚMULA 554 – STF O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. Jurisprudência posterior ao enunciado ● Súmula 554: inaplicabilidade aos crimes de estelionato na sua forma prevista no artigo 171, caput, do Código Penal "1. Inviável a pretendida aplicação analógica do art. 34 da Lei 9.249/95, obstada pelos princípios da legalidade e da especialidade, sendo certo que a analogia pressupõe uma lacuna involuntária. 86 2. A Súmula nº 554 do Supremo Tribunal Federal não se aplica ao crime de estelionato na sua forma fundamental: 'Tratando-se de crime de estelionato, previsto no art. 171, 'caput', não tem aplicação a Súmula 554-STF' (HC nº 72.944/SP, Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ 8/3/96). A orientação contida na Súmula nº 554 é restrita ao estelionato na modalidade de emissão de cheques sem suficiente provisão de fundo, prevista no art. 171, § 2°, inc. VI, do Código Penal (Informativo n° 53 do STF). 3. A reparação do dano antes da denúncia é tão-somente uma causa de redução da pena, nos termos do art. 16 do Código Penal, e não uma causa de excludente de culpabilidade. 4. Não cabe acolher a prescrição da pena de multa considerando que mesmo no estelionato privilegiado (art. 171, § 1º, do CP) possível é a aplicação de pena de detenção em substituição à de reclusão ou a diminuição de um a dois terços (art. 155, § 2º, do CP). Entendendo o Juiz de aplicar a pena de multa, então, poderá no mesmo ato conhecer a prescrição. 5. Habeas corpus denegado. Ordem concedida de ofício para que o Juízo aprecie a impetração com base no art. 171, § 1º, do Código Penal." (HC 94777, Relator Ministro Menezes Direito, Primeira Turma, julgamento em 5.8.2008, DJe de 19.9.2008) ● Pagamento do cheque sem fundos antes de recebida a denúncia extingue a punibilidade, após a denúncia mantém-se o prosseguimento da ação penal 2) Peculato Culposo – Art. 312, § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta 6.5.3.5 - Crimes Impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Também chamado pela doutrina de quase crime, tentativa inidônea, inadequada ou crime oco. Aqui inicia-se a execução não se chega a consumação. Pode ser por: Meio Ineficaz – Exemplo: revolver de brinquedo para matar alguém Objeto Impróprio – Exemplo: tiro em cadáver. E M E N T A. "CRIME IMPOSSÍVEL - FURTO - AUSÊNCIA DE BENS A SUBTRAIR - EXECUÇÃO INIDÔNEA - INIDONEIDADE ABSOLUTA DO OBJETO - CARACTERIZAÇÃO DA CONDUTA ATÍPICA - RECURSO PROVIDO. Restando comprovado a impropriedade absoluta do objeto, não há falar-se em tentativa, mas sim em crime impossível. Inteligência do art. 17 do Código Penal. (Tribunal de Justiça de Mato Grosso - Relator convocado composta pelo Dr. Adilson Polegato de Freitas - Primeira Câmara Criminal. Recurso de Apelação Criminal n.º 10049/2006 - Classe I - 14 - Comarca de Tangará da Serra) “. TJ-MT’’. A teoria adotada pelo direito pátrio é a Teoria Objetiva Temperada ou Moderada, onde exige que o meio empregado pelo agente e o objeto sobre o qual recai a conduta seja absolutamente inidôneos para produzir a finalidade e o resultado buscado. Se o meio e o objeto for relativo, aplica-se o instituto da TENTATIVA. SÚMULA 145 STF Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. 87 A Súmula diz respeito ao Delito De Ensaio, Delito de Experiência, Delito Putativo ou Flagrante Temperado. Trata-se também do Flagrante Provocado ou Preparado, que constitui Crime Impossível. Nesse caso o agente é induzido a execução de um crimes, sem a sua consumação. Não Confundir: Flagrante Provocado com Flagrante Forjado. Flagrante Forjado é Crime de Abuso de Autoridade, é o caso de Prova Plantada 6.5.4 - Consumação Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; A consumação se dá quando o agente pratica todas as elementares que compõe o crime. Exemplo: no crime de homicídio o crime se consuma quando a vítima morre devida a provocação de outra pessoa. Conforme esclarece Cristiano Rodrigues, a consumação dá-se quando o crime se completa, quando o agente realizou e alcançou tudo que o legislador considerou proibido e para o qual se estabeleceu a sanção em abstrato, sendo que isto ocorre da seguinte formas: Com a concreta produção do resultado naturalístico, previsto na lei, ou seja, quando se materializa uma lesão no mundo real (crimes materiais), Com a completa realização da conduta formalmente proibida, independentemente da materialização, produção do resultado naturalístico que está previsto (crimes formais). No exato momento em que a conduta é praticada, sem previsão de resultado. (Crimes de mera conduta). Agravação pelo resultado Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. Atos em que o resultado extrapola a vontade do agente só o responsabilizam penalmente quando forem praticados ao menos culposamente, ao menos quando ele agiu sem observar um dever de cuidado, atuando com imprudência, negligência ou imperícia. Uma responsabilizaçãoque extrapola a órbita do dolo e da culpa, por sua vez, torna-se objetiva, por escapar, inclusive, da previsibilidade do resultado, que na hipótese de culpa não é almejado, muito embora previsível. A responsabilidade objetiva, contudo, é rejeitada pela norma penal, que aceita apenas o dolo ou a culpa. Sobre os crimes preterdolosos, encontrados de forma esparsa no Código Penal, caracterizam-se eles por preverem uma conduta inicial dolosa e um resultado adicional culposo, que justifica o agravamento da sanção. Um exemplo clássico é a lesão corporal seguida de morte (art. 129, §. 3.º, do Código Penal), na qual se pode falar em dolo na lesão corporal e culpa no evento morte. Ainda que este último não tenha sido o objetivo pretendido pelo autor, está previsto como resultado culposo, razão pela qual incide responsabilidade penal sobre ele. 6.5.5 – Exaurimento Denominado de crime exaurido ou crime esgotado, é o delito em que, posteriormente à consumação, subsistem efeitos lesivos derivados da conduta do autor. É o caso do recebimento do resgate no crime de extorsão mediante sequestro, desnecessário para fins de tipicidade, eis que se consuma com a privação da liberdade 88 destinada a ser trocada por indevida vantagem econômica. No terreno da tipicidade, o exaurimento não compõe o iter criminis, que se encerra com a consumação. . EXERCÍCIOS 01 – (MPE-RJ/PROMOTOR/2017) - A respeito dos crimes omissivos impróprios, ou comissivos por omissão, assinale a alternativa INCORRETA. a) São de estrutura típica aberta e de adequação típica de subordinação mediata. Só podem ser praticados por determinadas pessoas, embora qualquer pessoa possa, eventualmente, estar no papel de garante. Neles, descumpre-se tão somente a norma preceptiva e não a norma proibitiva do tipo legal de crime ao qual corresponda o resultado não evitado. b) Se o médico se obriga a realizar determinado procedimento em um paciente, mas resolve viajar e deixa seu compromisso nas mãos de um colega, que assume esse tratamento, ele responde penalmente pelas lesões que resultem de erro de diagnóstico deste outro médico. c) Quem, sabendo nadar, por brincadeira de mau gosto, empurra o amigo para dentro da piscina, por sua ingerência, estará obrigado a salvá-lo, se necessário, para que o fato não se transforme em crime de homicídio, no caso de eventual morte por afogamento. d) Na forma dolosa, os crimes omissivos impróprios não exigem que o garante deseje o resultado típico. e) Se o garante, apesar de não haver conseguido impedir o resultado, seriamente esforçou-se para evitá-lo, não haverá fato típico, doloso e culposo. Nos omissivos impróprios, a relação de causalidade é normativa. 02 - (VUNESP/DELEGADO/2014) - “X” estaciona seu automóvel regularmente em uma via pública com o objetivo de deixar seu filho, “Z”, na pré-escola, entretanto, ao descer do veículo para abrir a porta para “Z”, não percebe que, durante esse instante, a criança havia soltado o freio de mão, o suficiente para que o veículo se deslocasse e derrubasse um idoso, que vem a falecer em razão do traumatismo craniano causado pela queda. Em tese, “X” A) responderá pelo crime de homicídio culposo com pena mais severa do que a estabelecida no Código Penal, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro. B) responderá pelo crime de homicídio culposo, entretanto, a ele poderá ser aplicado o perdão judicial. C) não responde por crime algum, uma vez que não agiu com dolo ou culpa. D) responderá pelo crime de homicídio doloso por dolo eventual. E) responderá pelo crime de homicídio culposo em razão de sua negligência. 03 - Paulo, sabendo que seu desafeto Pedro não sabia nadar e desejando matá-lo, jogou-o nas águas, durante a travessia de um braço de mar. Todavia, ficou com pena da vítima, mergulhou e a retirou, antes que se afogasse. Nesse caso, ocorreu A) desistência voluntária. B) arrependimento eficaz. C) crime tentado. D) crime putativo. E) crime impossível. 04 - (FGV/DP-DF/2014) - Jorge pretendia matar sua irmã, Ana, para passar a ser o único beneficiário de herança que ambos receberiam. No dia do crime, Jorge fica à espreita enquanto Ana sai da garagem 89 em seu carro. Ocorre que, naquele dia não era Ana que estava ao volante, como ocorria diariamente, mas sim seu namorado. Ana se encontrava no banco do carona. Jorge sabia que sua irmã sempre dirigia seu próprio carro e, assim, tinha certeza de que estaria mirando a arma na direção de Ana, ainda que não conseguisse enxergar o interior do veículo devido aos vidros escuros. Jorge atira no veículo, mas o projétil atinge o namorado de Ana, que vem a falecer. É correto afirmar que Jorge praticou: a) o crime de tentativa de homicídio doloso qualificado contra Ana e de homicídio culposo contra o namorado de Ana. b) apenas um crime de homicídio doloso qualificado, mas não incidirá na hipótese a circunstância agravante em razão de ser Ana sua irmã, uma vez que foi o namorado desta última quem veio a falecer. c) o crime de tentativa de homicídio doloso qualificado contra Ana e de homicídio qualificado contra o namorado de Ana. d) apenas um crime de homicídio doloso qualificado, e a pena a ser aplicada ainda será agravada pelo fato de Ana ser sua irmã. e) apenas o crime de homicídio culposo contra o namorado de Ana. 05 - Um funcionário público apropria-se de valores particulares, dos quais tinha posse em razão do cargo, em proveito próprio. Posteriormente, acometido por um conflito moral, arrepende-se e, antes do recebimento da denúncia, por ato voluntário, restitui os valores indevidamente apropriados e repara totalmente os danos decorrentes de sua conduta. De acordo com o Código Penal, a hipótese será de: a) causa de inadequação típica pelo arrependimento eficaz. b) desistência voluntária com exclusão da tipicidade. c) arrependimento posterior que Extingue a punibilidade. d) circunstância atenuante genérica pela reparação eficaz do dano. e) causa de diminuição de pena pelo arrependimento posterior. 06 – ( ) - (CESPE/Administração – PM-DF/2010) - A violação do dever de cuidado é um componente normativo dos tipos penais culposos, sendo necessárias, para a caracterização desses tipos penais, a ocorrência do resultado danoso e a necessária relação entre o descumprimento e o dano. 07– ( ) - (CESPE/OAB/2009) - A conduta culposa poderá ser punida ainda que sem previsão expressa na lei. 08– ( ) - (CESPE/OAB/2009) - Caracteriza-se a culpa consciente caso o agente preveja e aceite o resultado de delito, embora imagine que sua habilidade possa impedir a ocorrência do evento lesivo previsto. 09– ( ) - (CESPE/Procurador-BACEN/2009) - Caso um renomado e habilidoso médico, especializado em cirurgias abdominais, ao realizar uma intervenção, esqueça uma pinça no abdome do paciente, nesse caso, tal conduta representará culpa por imperícia, pois é relativa ao exercício da profissão. 10– ( ) - (CESPE/Analista Judiciário/TRE-BA/2010) - O exaurimento de um crime pressupõe a ocorrência de sua consumação. 11 - (CESPE/PC–PB/2009) - Um indivíduo, portador do vírus da AIDS, manteve regularmente relações sexuais com sua namorada, com a intenção de matá-la por meio do contágio da doença. A namorada não tinha conhecimento do estado patológico de seu parceiro. Dias após, foi constatado, por meio de exames médicos e laboratoriais, que houve efetivamente a transmissão do vírus, apesar de os efeitos da doença ainda não terem se manifestado, não impedindo, portanto, o desempenho das atividades cotidianas da pessoa infectada. Nessa situação hipotética, o indivíduo portador do vírus: A) nãocometeu ilícito penal, uma vez que se trata de crime impossível. B) cometeu tentativa de homicídio. C) cometeu o crime de perigo para a vida ou saúde de outrem. D) cometeu o crime de perigo de contágio venéreo. E) cometeu o crime de perigo de contágio de moléstia grave. 90 12– ( ) - (CESPE/OAB/2009) - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza responderá pelo crime consumado com causa de redução de pena de um a dois terços. 13– ( ) - (CESPE/OAB/2009) - A desistência voluntária e o arrependimento eficaz, espécies de tentativa abandonada ou qualificada, passam por três fases: o início da execução, a não consumação e a interferência da vontade do próprio agente. 14 – ( ) - (CESPE/OAB/2009) - Crimes de mera conduta e formais comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o resultado naturalístico pode ser evitado. 15 – ( ) - (CESPE/OAB/2009) - A natureza jurídica do arrependimento posterior é a de causa geradora de atipicidade absoluta da conduta, que provoca a adequação típica indireta, de forma que o autor não responde pela tentativa, mas pelos atos até então praticados. 16 – ( ) - (CESPE/OAB/2009) - O crime de homicídio não admite tentativa branca. 17– ( ) - (CESPE/Procurador-BACEN/2009) - Em crimes cometidos sem violência ou grave ameaça a pessoa, a pena será reduzida de um a dois terços se, por ato voluntário do agente, for reparado o dano ou restituída a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa. 18 – ( ) - (CESPE/Analista/TRE-MA/2009) - Tentativa imperfeita ocorre quando o agente pratica todos os atos de execução, mas não chega a atingir a vítima. 19 – ( ) - (CESPE/MPU/2010) - No sistema penal brasileiro, o arrependimento posterior, a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são causas obrigatórias de diminuição de pena, previstas na parte geral do Código Penal, exigindo-se, para sua incidência, que o fato delituoso tenha sido cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa. 20 – (FCC/2011/TCE-SP/ PROCURADOR) - Para a doutrina finalista, o dolo integra a A) culpabilidade. B) tipicidade. C) ilicitude. D) punibilidade. 21 - (FCC/2011/TCM/BA/PROCURADOR) - A disposição legal contida no art. 13, parágrafo segundo do CP, segundo a qual a omissão apresenta valor penal quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado, corresponde corretamente à ideia ou ao conceito de A) causalidade normativa. B) possibilidade de punição superveniente de causa independente ao delito. C) causalidade entre a omissão e o resultado naturalístico. D) desnecessária conjugação do dever legal e possibilidade real de agir. E) regra aplicável somente aos crimes omissivos próprios. 22 – (CESPE/TJ-CE/2014) - A respeito da inimputabilidade penal, do erro, da desistência voluntária, do arrependimento eficaz, do crime impossível e da relevância da omissão, assinale a opção correta. A) Crime impossível e delito putativo são considerados pela doutrina como expressões sinônimas. B) Aquele que causa um acidente e, sem justo motivo, deixa de socorrer a vítima, que falece no local, comete crime de omissão de socorro. C) De acordo com o entendimento do STJ, aquele que pratica um crime no mesmo dia em que tenha completado dezoito anos é considerado inimputável. D) Aquele que porta carteira nacional de habilitação falsa, acreditando ser ela um documento legítimo, não pratica o delito de uso de documento falso, uma vez que incide em erro de tipo acidental. 91 E) O agente que tenha desistido voluntariamente de prosseguir na execução ou, mesmo depois de tê-la esgotado, atue no sentido de evitar a produção do resultado, não poderá ser beneficiado com os institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz caso o resultado venha a ocorrer. 23 – ( ) - (FURMARK/ADVOGADO/2016/ ADAPTADA) - A tentativa é punida mesmo quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 24 – ( ) - (FURMARK/ADVOGADO/2016/ ADAPTADA) - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. 25 – ( ) - (FURMARK/ADVOGADO/2016/ ADAPTADA) - Considera-se crime tentado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. 26 – ( ) - (FURMARK/ADVOGADO/2016/ ADAPTADA) - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, responde nas mesmas penas aplicáveis ao crime consumado. 27 – ( ) - (VUNESP/TJM-SP/JUIZ/2016/ ADAPTADA) - Um dos critérios apontados pela doutrina para diferenciar a omissão própria da omissão imprópria é o tipológico, segundo o qual, havendo norma expressa criminalizando a omissão, estar-se-ia diante de uma omissão imprópria. 28 – ( ) - (VUNESP/TJM-SP/JUIZ/2016/ ADAPTADA) - Nos termos do Código Penal, possui posição de garantidor e, portanto, o dever de impedir o resultado, apenas quem, por lei, tem a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. 29 – ( ) - (VUNESP/TJM-SP/JUIZ/2016/ ADAPTADA) - A ingerência, denominação dada à posição de garantidor decorrente de um comportamento anterior que gera risco de resultado, não está positivada no ordenamento brasileiro, tratando-se de uma construção dogmática. 30 – ( ) - (VUNESP/TJM-SP/JUIZ/2016/ ADAPTADA) - O crime praticado por omissão, segundo o Código Penal, é apenado de forma atenuada ao crime praticado por ação. 31 – ( ) - (VUNESP/TJM-SP/JUIZ/2016/ ADAPTADA) - segundo o Código Penal, a omissão imprópria somente terá relevância penal se, além do dever de impedir o resultado, o omitente tiver possibilidade de evitá- lo. 32– ( ) - (CESPE/TRE-GO/JUIZ/2015) - A mãe que, apressada para fazer compras, esquecer o filho recém- nascido dentro de um veículo responderá pela prática de homicídio doloso no caso de o bebê morrer por sufocamento dentro do veículo fechado, uma vez que ela, na qualidade de agente garantidora, possui a obrigação legal de cuidado, proteção e vigilância da criança. 33 ( ) – (VUNESP/DPE-MS/2014/ADAPTADA) - o Código Penal Brasileiro adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais, segundo a qual tudo o que contribui para o resultado é considerado causa, exceto a concausa relativamente independente, mesmo que venha a interferir no resultado. 34( ) – (VUNESP/DPE-MS/2014/ADAPTADA) - os crimes comissivos por omissão são aqueles em que o agente deixa de fazer o que estava obrigado e, por isso, acaba produzindo o resultado. 35 ( ) – (VUNESP/DPE-MS/2014/ADAPTADA) - exclusivamente de acordo com o entendimento majoritário da doutrina, é possível a coautoria nos crimes de mão própria mesmo se o coautor não ostentar os moldes da figura incriminadora. 36 ( ) – (VUNESP/DPE-MS/2014/ADAPTADA) - o crime de desobediência, previsto pelo art. 330 do Código Penal, por ter como objeto jurídico a administração pública e o cumprimento de suas ordens, não admite a transação penal contida na Lei n.º 9.099/95. 92 37 – ( ) – (FCC/TJ-CE/2014/JUIZ/ADAPTADA) - Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles cuja consumação se protrai no tempo, enquanto perdurar a conduta. 38 – ( ) – (FCC/TJ-CE/2014/JUIZ/ADAPTADA) - Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles em que a relação de causalidade é normativa. 39 – ( ) – (FCC/TJ-CE/2014/JUIZ/ADAPTADA) - Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles praticados mediante o “não fazer” o quea lei manda, sem dependência de qualquer resultado naturalístico. 40 – ( ) – (FCC/TJ-CE/2014/JUIZ/ADAPTADA) - Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles que se consumam antecipadamente, sem dependência de ocorrer ou não o resultado desejado pelo agente. 41 – ( ) – (FCC/TJ-CE/2014/JUIZ/ADAPTADA) - Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles que o agente deixa de fazer o que estava obrigado, ainda que sem a produção de qualquer resultado. 42 – ( ) – (CESPE/SEGESP-AL/2013) - O crime omissivo próprio admite tentativa. 43 – ( ) – (CESPE/PC-DF/2013/ESCRIVÃO) - É possível, do ponto de vista jurídico-penal, participação por omissão em crime comissivo. 44 – ( ) – (CESPE/STF/ANALISTAJUDICIÁRIO/2013) Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte Geral do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir. A teoria finalista adota o conceito clássico de ação, entendida como mero impulso mecânico, dissociado de qualquer conteúdo da vontade. 45 – ( ) – (CESPE/DPF/DELEGADO/2013) No que se refere à teoria geral do crime, julgue o próximo item. Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato). 46 – ( ) – (CESPE/DPF/DELEGADO/2013) No que se refere à teoria geral do crime, julgue o próximo item. Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato). 47 – ( ) – (CESPE/TJ-DFT/TECNICOJUDICIÁRIO/2013) A respeito do direito penal, julgue os itens que se seguem. Considera-se crime toda ação ou omissão típica, antijurídica e culpável. 48 – ( ) – (CESPE/TCU/AUDITORFEDERAL/2011) Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue os itens a seguir. Na doutrina e jurisprudência contemporâneas, predomina o entendimento de que a punibilidade não integra o conceito analítico de delito, que ficaria definido como conduta típica, ilícita e culpável. 49 – ( ) – (CESPE/STM/ANALISTAJUDICIÁRIO/2011)Com relação ao direito penal, julgue os itens subsecutivos. Os crimes omissivos próprios são previstos em tipos penais específicos e dependem da ocorrência de resultado para a sua consumação. 50 – ( ) – (CESPE/ABIN/OFICIALTÉCNICODEINTELIGÊNCIA/2010).Em relação à aplicação da lei penal e aos diversos aspectos do crime, julgue os itens seguintes. No Código Penal brasileiro, adota-se, em relação ao conceito de crime, o sistema tricotômico, de acordo com o qual as infrações penais são separadas em crimes, delitos e contravenções. 93 51– ( ) – (CESPE/DPE-AL/DEFENSOR/2009)Julgue os itens seguintes, acerca do fato típico e de seus elementos. Todo crime tem resultado jurídico, porque sempre agride um bem tutelado pela norma. 52– ( ) – (CESPE/DPF/AGENTE/2009) Acerca da tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade, Julgue os itens a seguir. Os crimes comissivos por omissão - também chamados de crimes omissivos impróprios - são aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação. 53– ( ) – (CESPE/DPF/AGENTE/2009) Julgue os itens subsequentes quanto a prisão em flagrante, prova e inquérito policial. Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. 54– ( ) – (CESPE/DPE-ES/DEFENSOR/2009)Com relação a direito penal, julgue os seguintes itens. A tentativa incruenta não é punível, pois considera-se que o agente não iniciou a fase executória do iter criminis. 55– ( ) – (CESPE/DPE-ES/DEFENSOR/2009) No que se refere a crimes contra a fé pública e contra a administração pública, julgue os itens que se seguem. A apresentação de documento falso à autoridade incompetente, após exigência desta, não configura o crime de uso de documento falso. Lucas foi denunciado por infringir o art. 121, § 2.º, inciso II (homicídio qualificado por motivo fútil), do CP, por ter disparado arma de fogo contra Mauro, levando-o a óbito. Na denúncia, consta que Lucas e seu irmão Carlos estavam em um bar na comarca de Pacajus, onde, em dado momento, Carlos discutiu com Mauro. A discussão acabou resultando em luta corporal. O dono do bar afirmou que a discussão se deu porque Carlos se recusou a pagar uma bebida para Mauro; Lucas acudiu o irmão e Mauro, estando sozinho, foi embora, mas retornou, minutos depois, com uma faca do tipo peixeira na mão. O dono do bar afirmou que chegou a trancar a porta, tentando evitar a tragédia, mas a vítima conseguiu arrombá-la, entrou no bar e partiu para cima de Carlos com a peixeira em riste. O depoente viu que Lucas sacou um revólver e atirou duas vezes, atingindo Mauro na altura do tórax. Vendo-o caído, Lucas fugiu do local e escondeu-se em uma mata, onde foi encontrado doze horas depois, ainda com a arma do crime. A vítima foi socorrida no hospital municipal e, no dia seguinte, foi transferida para o Hospital Geral de Fortaleza, onde, devido à gravidade dos ferimentos, faleceu depois de ser submetida a cirurgia. 56– ( ) – (CESPE/TJ-CE/ANALISTA/2008) Considerando a situação hipotética acima descrita, julgue os itens subsequentes. Considera-se que o crime foi praticado em Pacajus, onde ocorreu a ação, ou em Fortaleza, onde se produziu o resultado, de acordo com a teoria da ubiquidade, adotada pelo CP. 57– ( ) – (CESPE/MPE-RR/OFICIALDEPROMOTORIA/2008) Acerca do direito penal e do direito processual penal, julgue o item a seguir: A diferença entre crime e contravenção penal consiste na aplicação de pena de reclusão ao primeiro e, ao segundo, pena de detenção ou multa. 58– ( ) – (CESPE/TJ-DFT/ANALISTA/2008) Cada um dos itens subsequentes apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no Código Penal. Enrico, com intenção de matar seu irmão Lauro, ficou escondido atrás de uma moita, esperando o momento em que a vítima sairia de seu trabalho, com direção à residência de ambos. No horário de costume, ao ver uma pessoa trajando roupas semelhantes às que Lauro usava e acreditando que tal pessoa era seu irmão, efetuou dois disparos contra essa pessoa, em região letal, o que ocasionou o imediato óbito. Posteriormente, todavia, Enrico constatou que Lauro ainda não havia saído do trabalho e que a pessoa morta era um colega de trabalho de Lauro, desconhecido do autor do fato. Nessa situação, ocorreu erro sobre a pessoa, o qual não isenta Enrico de pena. Não se consideram as condições e qualidades da vítima efetiva, mas sim as da vítima virtual, ou seja, o irmão do agente, de modo que ficará Enrico sujeito à circunstância agravante de ter cometido o crime contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. 59– ( ) – (CESPE/TRT5REGIÃO/ANALISTA/2005) Julgue os itens a seguir, relativos aos crimes contra a administração pública. Para o sistema causal-naturalista de Liszt-Beling, a parte externa do delito, ou seja, o 94 injusto penal, era objetivo, sendo que na sua parte interna — a culpabilidade — é que deviam ser aferidos os elementos subjetivos do agente, ou seja, dolo e culpa. 01.B 02.C 03.B 04.D 05.E 06.V 07.F 08.F 09.F 10.V 11.B 12.F 13.V 14.F 15.F 16.F 17.V 18.F 19.F 20.B 21.A 22.E 23.F 24.V 25.F 26.F 27.F 28.F 29.F 30.F 31.V 32.F 33.F 34.V 35.F 36.F 37.F 38.V 39.F 40.F 41.F 42.F 43.V 44.E 45.C 46.C 47.C 48.C 49.E50.E 51.C 52.C 53.C 54.E 55.C 56.C 57.E 58.C 59.C AULA 07 – NEXO CAUSAL, TIPICIDADE, ILICITUDE E CULPABILIDADE . 7.1 - NEXO CAUSAL Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Superveniência de causa independente § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Nexo Causal ou nexo de causalidade é o elo de ligação entre conduta e resultado Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (Von Buri) Esta teoria também é chamada de Teoria da Conditio Sine Qua Non. Foi adotada pelo artigo 13 do Código Penal. Sendo assim, todos os fatos que antecederam o resultado se equivalem, desde que indispensáveis à sua ocorrência, sendo considerados causa do resultado. Para verificarmos se o fato antecedente deu causa ao resultado, basta aplicarmos o Processo Hipotético de Eliminação de Thyrén. Nesse caso, adotaremos o seguinte procedimento: Supressão mental do fato em análise; Verificar se mesmo assim houve aquele resultado. SIM: Não há relação de causalidade. NÃO: Há relação de causalidade. Contudo, a teoria possui falhas, aliás muito criticadas: 1) Teremos uma regressão ao infinito, tendo em vista que praticamente tudo poderá ser considerado causa de um determinado resultado. Podemos citar o exemplo da mãe do assassino! Se ela não tivesse tido o seu filho, ele não teria sido assassino (pois não teria nascido) e, com isso, o crime não ocorreria. Da mesma forma, se o fabricante de armas não tivesse produzido a pistola, a mesma não teria sido adquirida pelo assassino e o crime não teria ocorrido. Por tudo isso, podemos perceber que a referida teoria gera uma responsabilização penal infinita. 95 2) Não conseguiremos definir a causa nas situações de causalidade cumulativa, que são os fatos que, isoladamente, teriam plenas condições de produzi-lo. Sendo assim, se Mévio e Tício ministram, de forma independente, uma dose mortal de veneno a Maria, na mesma comida, não teremos como saber quem foi o responsável pela morte de Maria. Se suprimirmos mentalmente a conduta Tício, ainda assim o resultado terá ocorrido. Assim, com esses dois problemas da Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (Teoria da Conditio Sine Qua Non), a doutrina percebeu que seria necessário passar por um segundo filtro, que é, justamente, a análise do dolo e da culpa. - Dessa forma, saberemos se há “nexo de causalidade” no caso concreto, ao utilizarmos as duas teorias, que se complementam: Teoria da Conditio Sine Qua Non + Análise do Dolo ou da Culpa Vale lembrar: Crime de mera conduta - não possui resultado. Crime formal - o resultado é mero exaurimento Crimes omissivos próprios ou omissivos puros – para sua caracterização, basta a inação do agente, independe também de resultado Crimes materiais – tem resultando naturalístico. Portanto, há de se falar em nexo causal somente para esta modalidade de crimes Teoria da Causalidade Adequada: Teoria também adotada pelo Código Penal, porém, somente em uma hipótese muito específica. Trata-se da hipótese de concausa superveniente relativamente independente que, por si só, produz o resultado. Define causa como a condição NECESSÁRIA e ADEQUADA a determinar a produção de um evento. A conduta é adequada quando é idônea a gerar o efeito. Exemplo: não há relação de causalidade entre acender uma lareira e o incêndio na casa, pois para incendiar uma casa não basta que acendamos uma lareira. Teoria da Relevância Jurídica: Define causa como a condição relevante para o resultado. O juízo de relevância deve ser entendido, a princípio, como englobador da adequação. Irrelevante é tudo o que é imprevisível para o homem prudente, situado no momento da prática da ação. Só é causa relevante o objetivamente previsível. MEZGER afirma, ainda, que a relevância jurídica deve ser analisada de acordo com a interpretação teleológica dos tipos. Exemplo: se uma pessoa jogar um balde de água em uma represa completamente cheia, fazendo romper o dique e causando uma inundação, não poderia ser penalmente responsabilizado, pois sua conduta não pode ser considerada relevante ao ponto de ser-lhe imputada uma infração penal. Teoria da Imputação Objetiva Criada na Alemanha, 1927, não adotada pelo BRASIL, não se vê dolo nem culpa, se baseia no risco proibido, ou não tolerado. O resultado decorra logicamente da conduta. Na teoria da imputação objetiva existe um conceito fundamental sobre o qual se ergue: o risco permitido, de modo que "permitido o risco, isto é, sendo socialmente tolerado, não cabe a imputação; se, porém, o risco for proibido, caberá, em princípio, a imputação objetiva do resultado" (BITTENCOURT). Portanto, para que o resultado seja imputado a alguém, ele deve ser efeito de um risco proibido criado pelo agente, cuja conduta deve ser socialmente inadequada. Superveniência Causal ou Concausa CAUSA DEPENDENTES – se insere dentro da linha de desdobramento causal, do nexo causal, e de alguma maneira gera o resultado CAUSAS INDEPENDENTES – NÃO se insere dentro da linha de desdobramento CAUSAL, está fora do nexo causal, mas produz o resultado. CONCAUSAS são circunstâncias que atuam paralelamente à conduta do agente em relação ao resultado. As concausas podem ser: absolutamente independentes e relativamente independentes. 96 1) Concausas Absolutamente Independente – totalmente alheia a conduta do agente. Podem ser preexistente, concomitante e superveniente. Nos três casos o agente responde pela tentativa (Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (Von Buri) também chamada de Teoria da Conditio Sine Qua Non) Preexistente: quando a causa efetiva é anterior à concorrente; Exemplo: Thalisson atirou contra Proto, às 20:00h, mas às 18:00h Proto já estava envenenado, chegando a óbito em razão deste e venenamento. Por qual crime Thalisson responderá? Por ser uma causa absolutamente independente preexistente, responderá por tentativa de homicídio. Concomitante: quando a causa efetiva ocorre ao mesmo tempo que a concorrente; Exemplo: Às 22:00h, Thalisson está envenenando Proto. Na mesma hora entra uma quadrilha no local do crime e mata Proto. Por qual crime Thalisson responderá? Por ser uma causa absolutamente concomitante, Thalisson responderá por homicídio na forma tentada e os sujeitos que integram a quadrilha pelo crime de homicídio consumado. Superveniente: quando a causa efetiva é posterior à concorrente. Exemplo: Às 21:00h Thalisson deu veneno para Proto. Às 22:00h, caiu um lustre na cabeça de Proto, o qual morreu em razão de traumatismo craniano. Neste caso, por ser causa absolutamente superveniente, Thalisson, que ministrou o veneno, vai responder por tentativa de homicídio. Se suprimirmos a conduta de cada um destes agentes (nos três exemplos), o resultado morte ainda assim teria ocorrido da mesma forma. Logo, a conduta de Thalisson não é considerada causa. 2) Concausas Relativamente independente Preexistente (o agente responde pelo resultado): quando a causa efetiva é anterior à concorrente. Exemplo: Leles desfere golpes de faca contra um hemofílico. Como ele já era portador dessa doença, a causa é relativamente independente preexistente. Leles responderá pelo crime de homicídio consumado. Ressalte-se que, nesse caso, é imprescindível que ele o agente saiba que a vítima era hemofílica. Outro Caso : Leles resolve matarLustozinha, e coloca em seu copo com suco determinada dose de veneno. Ao mesmo tempo, Yuri faz a mesma coisa. Leles e Yuri querem a mesa coisa, mas não se conhecem nem sabem da conduta um do outro. Lustozinha ingere a bebida e acaba falecendo. A perícia comprova que qualquer das doses de veneno, isoladamente, não seria capaz de produzir o resultado. Porém, a soma das duas doses produziu o resultado. Assim, Leles responde por homicídio consumado, pois sua conduta foi causa da morte e mesmo se considerar sua dose isolada ele teve a intenção de produzir o resultado morte de Lustozinha. Concomitante (o agente responde pelo resultado): quando a causa efetiva ocorre ao mesmo tempo que a concorrente. Exemplo: Leles desfere um tiro contra Lustozinha, este, vendo que a bala vem em sua direção sofre uma ataque cardíaco. Por qual crime responde Leles? Por ser uma causa relativamente independente concomitante, responderá por crime de homicídio consumado. Superveniente :quando a causa efetiva é posterior à concorrente. Aqui, trabalha-se com o art. 13, §1º, do Código Penal. 1) "por si só" produz o resultado (Teoria da Causalidade Adequada): a causa efetiva sai da linha de desdobramento da causa do risco concorrente (diante de uma causa efetiva imprevisível). Exemplo: Guedes sofre um tiro, daí necessitou ir ao hospital. Lá o teto cai e em razão desse evento a vítima morre. Quem deu o tiro, responderá por tentativa. 2) "não por si só" produz o resultado mas a causa superveniente se agrega ao desdobramento natural da conduta do agente e ajuda a produzir o resultado: (Teoria dos Equivalentes Causais): Exemplo: Guedes sofre um tiro, que submeteu-se a uma cirurgia, oportunidade em que ocorreu um erro médico e em razão desse evento a vítima morre. Erro médico é "não por si só". Quem deu o tiro responde pelo crime consumado. Nas causas relativamente independentes não mais se aplica a causalidade simples, mas sim a Teoria da Causalidade Adequada. Somente haverá imputação do resultado ao agente se, no conjunto das causas fosse sua conduta, consoante as regras de experiência comum, a mais adequada para a provocação do resultado concorrente. Art.13, § 1º do CP - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 7.2 - TIPICIDADE 97 Fato típico, em um conceito formal, é a descrição de uma conduta considerada proibida, para qual se estabelece uma sanção. Um fato típico é aquele que se adequa a essa descrição (tipo é igual a modelo). Para Zafaroni o tipo penal é um instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes (por estarem penalmente proibidas). Ou seja: a) O tipo pertence à lei – é na lei que encontramos os tipos penais: na parte especial do CP e nas leis especiais. b) O tipo é logicamente necessário, porque sem o tipo nos poríamos a averiguar a antijuridicidade e a culpabilidade de uma conduta que, na maioria dos casos, resultaria sem relevância penal alguma. c) O tipo é predominantemente descritivo, porque os elementos descritivos são os mais importantes para individualizar uma conduta e, dentre eles, o verbo tem especial significação, pois é precisamente a palavra que gramaticalmente serve para conotar uma ação. Não obstante, os tipos, às vezes, não são absolutamente descritivos, porque ocasionalmente recorrem a conceitos que remetem ou são sustentados por um juízo valorativo jurídico ou ético, chamados de elementos normativos do tipo penal. Não se deve confundir o tipo com a tipicidade. O tipo é a fórmula que pertence à lei, enquanto a tipicidade pertence à conduta. Um fato típico é uma conduta humana, por isso prevista na norma penal. Tipicidade é a qualidade que se dá a esse fato. Tipo penal é o próprio artigo da lei. Fato típico é inerente a norma penal. Típica é a conduta que apresenta característica específica de tipicidade (atípica a que não apresenta); tipicidade é a adequação da conduta a um tipo; tipo é a fórmula legal que permite averiguar a tipicidade da conduta. O juiz comprova a tipicidade comparando a conduta particular e concreta com a individualização típica, para ver se adéqua ou não a ela. Este processo mental é o juízo de tipicidade que o juiz deve realizar. Tipicidade Formal e Tipicidade Conglobante (ZAFARONI) Tipicidade formal – enquadramento da conduta à norma. Tipicidade conglobante - surge quando comprovado, no caso concreto, que a conduta praticada pelo agente é considerada antinormativa, isto é, contrária à norma penal, e não imposta ou fomentada por ela, bem como ofensiva a bens de relevo para o Direito Penal (tipicidade material). Com isso, seria incoerente e contraditório, que dentro de um mesmo ordenamento jurídico existisse uma norma que autoriza um comportamento, enquanto outra norma, dentro do mesmo sistema, proíbe formalmente o mesmo comportamento por ela admitido. Nesse sentido, bem exemplifica André Estefam (Idem, p. 195) ao afirmar que '' não teria sentido, dentro dessa perspectiva, afirmar que a conduta do médico que realiza uma cirurgia no paciente viola a norma penal do art. 129 do CP (não ofenderás a integridade corporal alheia) e, ao mesmo tempo atende ao preceito constitucional segundo o qual a saúde é um direito de todos (não é lógico dizer que ele viola uma norma e obedece a outra, ao mesmo tempo)``. No caso de Insignificância, exclui-se a tipicidade material. 7. 3 - EXCLUDENTES DE ILICITUDE Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 98 Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Excludentes de Ilicitude, podem ser discriminadas como: Discriminantes; Justificantes; Justificativas ou Causas de Justificação. Exemplo de Excludente Legal de Ilicitude: Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 7.3.1 - Estado de Necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 1) Perigo deve ameaçar direito próprio ou de terceiro. Terceiro só para bem indisponível (vida) disponível só com autorização do terceiro. Perigo Atual- acontecendo; Perigo Iminente - Prestes a ocorrer (doutrina); 2) Perigo não causado voluntariamente pelo agente. Só o doloso, se culposo pode alegar estado de necessidade; 3) Inexistência do deverlegal de enfrentar o perigo (proporcionalidade); 4) Inevitabilidade do comportamento - não há outro meio de proteger no bem; 5) Razoabilidade do Sacrifício - homem médio. 6) Elemento Subjetivo- O agente tem que estar consciente de que está sobre uma excludente. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) TEORIAS: UNITÁRIA – todo estado de necessidade é justificante (adotada pelo Código Penal). DIFERENCIADORA – Código Penal Militar – Art.39 e 43 Estado de Necessidade Justificante – bem sacrificado menor que o salvo Estado de Necessidade Exculpante – bem de igual ou maior que o salvo. 99 Observação: existe estado de necessidade real contra estado de necessidade real. 7.3.2 - Legitima Defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Repulsa a Agressão Injusta Comudus dicessos - saída mais cômoda ELEMENTOS OBJETIVOS: 1) Agressão Injusta - ato de ser humano contrária ao direito, inclusive inimputável. Não existe legítima defesa real contra legítima defesa real; existe legítima defesa real contra legítima defesa putativa; existe legítima defesa putativa contra legítima defesa putativa . 2)Agressão Atual- acontecendo ou Agressão Iminente - Prestes a ocorrer Agressão passada - vingança 3)Legitima defesa própria ou de terceiro- Terceiro só para bem indisponível (vida) disponível só com autorização do terceiro. O médico que empregar os meios necessários para que se possa salvar a vida do paciente, deverá usar os meios necessários cabíveis para cada ocasião, esse estará diante de um exercício regular de um direito, pois o médico fez um juramento que é de salvar vidas, lembrando também que o médico deverá ser habilitado para a sua função. Aqueles que praticam esportes de violência tais como boxe, vale-tudo, futebol americano, que se emprega de violência física, e que sofra de lesão corporal, poderão estar defesos de um exercício regular de um direito. Se ficar claro que o esportista ignorou as regras da competição, poderá ele responder a conduta, de forma dolosa ou culposa. Responde pelo excesso - intensificação desnecessária de uma situação inicialmente justificada. 7.3.3 - Estrito Cumprimento do Dever Legal Agentes públicos e particulares que possuem função pública; Em outras palavras, a lei não pode punir quem cumpre um dever que ela impõe. Exemplo clássico de estrito cumprimento de dever legal é o do policial que priva o fugitivo de sua liberdade, ao prendê-lo em flagrante. Nesse caso, o policial não comete crime de constrangimento ilegal ou abuso de autoridade, por exemplo, pois que ao presenciar uma situação de flagrante delito, a lei obriga que o policial efetue a prisão do respectivo autor. 7.3.4 - Exercício Regular de um Direito Qualquer pessoa pode alegar; O médico que empregar os meios necessários para que se possa salvar a vida do paciente, deverá usar os meios necessários cabíveis para cada ocasião, esse estará diante de um exercício regular de um direito, pois o médico fez um juramento que é de salvar vidas, lembrando também que o médico deverá ser habilitado para a sua função. Aqueles que praticam esportes de violência tais como boxe, vale-tudo, futebol americano, que se emprega de violência física, e que sofra de lesão corporal, poderão estar defesos de um exercício regular de um direito. Se ficar claro que o esportista ignorou as regras da competição, poderá ele responder a conduta, de forma dolosa ou culposa. Responde pelo excesso - intensificação desnecessária de uma situação inicialmente justificada. Ofendículos Segundo Mirabete, "são aparelhos predispostos para a defesa da propriedade (arame farpado, cacos de vidro em muros, etc) visíveis e a que estão equiparados os 'meios mecânicos' ocultos (eletrificação de fios, de maçanetas de 100 portas, a instalação de armas prontas para disparar à entrada de intrusos, etc" . Quanto à natureza jurídica dos ofendículos, a doutrina é divergente no tema. O pernambucano Aníbal Bruno entende que a utilização de ofendículos é um exercício regular de direito (BRUNO, Aníbal. Direito Penal- Parte Geral, t. II, p.9. 1984). Diversamente, Nelson Hungria os tratava como sendo uma Legítima Defesa Preordenada. Por fim, há uma teoria mista, que é a majoritária, onde no momento em que os ofendículos são instalados, ocorre um exercício regular de direito; porém, uma vez acionado, temos a legítima defesa preordenada. 7.3.5 - Consentimento do Ofendido (descriminante supralegal) Se elementar do crimes (violação de domicílio) - excludente de tipicidade; 1) Consentimento sem vício, fraude ou coação; 2) Consentimento implícito ou explicito; 3) Capacidade para consentir (18 anos); 4) Bem disponível (patrimônio) - por isso não se permite Pacto de Morte; 5) Antes ou durante a prática da conduta, após não aproveita o agente; 6) Consentimento revogável a qualquer momento (antes ou durante); 7) Conhecimento do consentimento. 7. 4 –CULPABILIDADE OU IMPUTABILIDADE É um elemento do crime, o juízo de reprovação social incidente sobre o autor do fato. Teorias: 7.4.1 - Teria causal naturalista ou psicológica da culpabilidade O delito era dividido sobre dois aspectos sendo um externo e outro interno. Nos quais o aspecto externo seria ação típica e antijurídica, e o interno seria a culpabilidade, sendo atribuída a essa somente elementos anímicos puramente subjetivos. Para essa teoria a culpabilidade seria o lugar para abordar os elementos subjetivos dolo e culpa, uma vez que eram considerados as únicas espécies de culpabilidade., 7.4.2 - Teoria normativa ou psicológico-normativa A culpabilidade deixa de ser mero vinculo psicológico do agente ao fato e passa a ser tratada como um juízo de censura ou reprovação pessoal. Agora mais que os elementos subjetivos dolo e culpa, para que o agente pudesse ser punido deveria se observar nas condições que tal estivesse inserido podia exigi-lo pratica de conduta conforme o direito. A estrutura da culpabilidade passa a ter novos contornos, ficando com o seguintes conteúdos; a) Imputabilidade: possibilidade de ser responsabilizar aguem a prática de determinado fato típico; b) Dolo e culpa: dolo = vontade mais consciência, e culpa vontade defeituosa; c) Exigibilidade de conduta diversa: não atua com culpa a pessoa a quem não era razoável exigir uma conduta diversa da realizada; 7.4.3 - Teoria Finalista da ação adotada pelo nosso Código Penal a culpabilidade passa nesse momento a ser constituída pela: a) Imputabilidade; b) Potencial consciência sobre a ilicitude do fato; c) Exigibilidade de conduta diversa; 7.4.4 - Teoria Social da ação 101 não basta saber se a conduta foi dolosa ou culposa para averiguação do fato típico, mas, também, fazer uma análise de tal comportamento e classificá-lo como socialmente permitido ou não. Se a conduta do agente for considerada social, ou seja, aceita pela sociedade, será atípica. Os críticos à teoria social alegam que esta implica num risco à segurança jurídica, pois caberia ao magistrado decidir se tal conduta é típica ou não de acordo com os costumes. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE 1º ELEMENTO - IMPUTABILIDADE Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramenteincapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Imputável é todo aquele que tem a dupla capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (entender e querer) Inimputável- não tem capacidade de entender o caráter ilícito do fato, portanto não cumprem pena, e sim Medida de Segurança - Sentença Absolutória Imprópria (Para a aplicação de medida de segurança exige-se a prática de fato típico e periculosidade do sujeito, devendo o juiz ficar atento à análise da existência do fato e de sua autoria, visando a pretensão executória, para então reconhecer a possibilidade de absolver na hipótese do artigo 26 e aplicar a medida de segurança. A sentença absolutória imprópria impõe um óbice à liberdade, seja na forma detentiva ou restritiva, o que difere das sentenças absolutórias próprias, que, no caso, não aconselham a pretensão punitiva d Semi-imputável - pena reduzida ou medida de segurança (sistema Vicariante - ao semi- imputável será aplicada a pena reduzida de 1/3 a 2/3 ou a medida de segurança, conforme seja mais adequado ao caso. Art. 26. Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. Obs: o STF possui julgados afirmando que a medida de segurança deverá obedecer a um prazo máximo de 30 anos, fazendo uma analogia ao art. 75 do CP, e considerando que a CF/88 veda as penas de caráter perpétuo (STF. 1ª Turma. HC 107432, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/05/2011). Excludentes de imputabilidade: Doença mental – não tem capacidade de querer ou entender, por anomalia psíquica ou mental. Exemplo:. Dependentes químicos. Desenvolvimento mental incompleto - Menores de 18 anos (idade), silvícolas não adaptados (inadaptação social). Desenvolvimento mental retardado - idade cronológica incompatível com a idade psicológica . oligofrênicos, com Q.I. reduzido, débil, imbecis ou idiotas. 102 Critério Biopsicológico (exceto menor de dezoito) - regra - juiz solicita Incidente de insanidade mental (Perícia); Requisito causal – doença mental em desenvolvimento; Requisito consequencial – retirada total ou parcial da capacidade de entendimento;. Requisito cronológico – tempo da ação ou omissão / capacidade de querer ou entender. Critério Biológico apenas para menor de 18 anos; capacidade de querer ou entender Requisito causal – doença mental desenvolvimento; Requisito consequencial – presumido; Requisito cronológico – tempo da ação ou omissão Embriaguez Intoxicação aguda e transitória; Fases – exitação,,depressão e sono; 1 - Embriaguez Não Acidental- sempre responde pelo crime (responsabilidade objetiva). Aplica-se a Teoria Action Libero In Causa ( a causa da liberdade em ação); Dolosa ou voluntária - quer beber Culposa - descuido Embriaguez Completa - tira todo entendimento Embriaguez Incompleta – tira parte do entendimento 2 - Embriaguez Acidental Caso fortuito ou força maior Embriaguez Acidental Completa - retira todo entendimento do agente – exclui a culpabilidade. Não se Submete aos sistemas biológico ou biopsicológico; Embriaguez Acidental Incompleta – retira parte do entendimento do agente - reduz a pena de 1/3 a 2/3. 3 - Embriaguez Preordenada - o agente se embriaga para praticar o crime (criar coragem) - agravante genérica. 4 - Embriagues Patológica - dependentes químico alcoólatras, equipara-se a doença mental Emoção e a Paixão Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão; No caso de domínio (reação imediata) de violenta emoção, logo em seguida injusta provocação da vítima , teremos uma diminuição da pena (crime privilegiado, arts.121 e 129). Atenuante Genérica (Art.65) - cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência (reação mediata- nexo) de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima. 103 2º Elemento - POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE possibilidade do agente prever de acordo como a sua cultura, costumes, crenças, se sua conduta é correta ou não. Excludente da potencial consciência da ilicitude - erro de proibição escusável. Erro de proibição ocorre quando o agente realiza uma conduta que imagina ser lícita. Ele supõe ser lícita uma conduta que é proibida pelo direito. Como a doutrina costuma dizer, o objeto do erro não está na lei, nem no fato, mas sim na relação de contrariedade entre o fato e a lei. Veja que não se está dizendo que o agente cometeu uma conduta contrária ao direito porque desconhecia a lei. O que este não sabe é que sua ação é infringe uma norma. Exemplo :um holandês que vem fazer turismo no Brasil e imagina ser aqui permitido, assim como é na Holanda, o uso de maconha. Este é um caso de erro de proibição. O estrangeiro pensa que no Brasil o consumo daquele entorpecente é lícito. No entanto se equivoca quanto ao conteúdo proibitivo da norma. Qual a diferença entre previsibilidade objetiva (elemento da culpa) e a potencial consciência da ilicitude (elemento da culpabilidade)? Previsivilidade objetiva – homem médio prever o resultado (crime culposo) - sem ela não há crime culposo (atipicidade). 3º Elemento - EXIGILIDADE DE CONDUTA DIVERSA expectativa social de uma conduta diferente da adotada pelo agente; Excludente - inexigilidade de conduta do agente. INEXIGILIDADE DE CONDUTA DIVERSA Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Coação moral irresistível- grave ameaça irresistível – coator, coagido, vitima; Coação Física - exclui a conduta (excludente de tipicidade); Coação Moral resistível – atenuante genérica (diminuição de pena). Obediência Hierárquica Só relações de direito público; Ordem; Superior, subordinado; Ilegalidade da Ordem; Aparente legalidade; Se ordem legal - estrito cumprimento do dever legal. 104 A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na escala hierárquica sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta. Do mesmo modo, também não permite a condenação de um agente com base em conjecturas. Assim, não é porque houve irregularidade em uma licitação estadual que o Governador tenha que ser condenado criminalmente por isso. STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/10/2017 (Info 880). A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: João assumiu o cargo de Governador do Estado e deu sequência a uma obra pública de macrodrenagem que já estava sendo executada desde o seu antecessor.O Ministério Público denunciou o Governador anterior e também João pela prática de peculato-desvio (art. 312 do CP). O MP argumentou que João, ao assumir o cargo de Governador, deu sequência às irregularidades da obra e que ele estava ciente das graves infrações administrativas e penais que a envolviam. Isso porque tais irregularidades seriam notórias. Assim, pela teoria do domínio do fato, eletambém deveria ser condenado. Por outro lado, a defesa de João sustentou que a responsabilidade penal é pessoal, não podendo o réu ser responsabilizado por atos de terceiros, no caso, o antigo Governador e seus Secretários de Estado, responsáveis pelo processo licitatório da obra. A tese da defesa foi acolhida pelo STF? SIM. O STF afirmou que não havia provas suficientes da autoria delitiva. Apesar de reconhecer a existência da materialidade do crime, uma vez que ficou demostrada a existência de desvios e superfaturamento, o STF considerou que não foi demonstrada a autoria dos fatos atribuída a João. Ao contrário do que afirma o MP, as irregularidades apontadas na denúncia não possuem o caráter de notoriedade. As inconsistências verificadas no planejamento e execução do projeto exigiriam, para conhecimento leitura de documentos assinados na gestão anterior e a análise de pareceres técnicos. Não são, por isso, fatos públicos e notórios ao ponto de se dizer que João soubesse obrigatoriamente das irregularidades. Quanto ao argumento do MP de que o réu detinha ou deveria deter conhecimento dos fatos, o Ministro afirmou que não se adequa ao caso a teoria do domínio do fato, já que “só tem o domínio do fato quem tem o conhecimento dele”. A mera invocação da condição do chefe do Executivo estadual, sem a descrição de determinado comportamento típico que o vincule concreta e subjetivamente à pratica criminosa, não constitui fator suficiente para permitir uma condenação criminal. Excludente Supra legal de culpabilidade (Inexigibilidade de conduta diversa) Se durante o excesso não era possível que o sujeito agisse de outra forma, por estar movido por sentimento de pavor, medo, ou outro sentimento capaz de lhe tirar a capacidade de autodeterminação, aquela conduta autônoma não pode ser culpável. Assim, pode-se considerar o excesso, nesse caso chamado exculpante, como causa supralegal de exclusão da culpabilidade, em razão da inexigência de conduta diferente. 105 EXERCÍCIOS 01 –( ) - (MPE/Promotor de Justiça/2017/ADAPTADA) - Alfredo e Ricardo disputam o único salva-vidas durante o naufrágio de um barco, provocado dolosamente por Alfredo. Ricardo, desconhecendo que Alfredo foi o causador do naufrágio, para alcançar a posse exclusiva do salva-vidas, termina por matá-lo. Neste caso, Ricardo teria atuado justificadamente, em estado de necessidade defensivo. E, se houvesse uma terceira pessoa na embarcação, também inocente na provocação do naufrágio, que com ele disputasse o mesmo salva-vidas, se a matasse para salvar a própria vida, Ricardo teria feito em estado de necessidade agressivo, excludente da ilicitude. 02 – (NUCEPE/SEJUS-PI/Agente Penitenciário) - Em relação a exclusão da ilicitude é CORRETO afirmar: a) Não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade. b) O agente, em qualquer das hipóteses de exclusão da ilicitude não pode responder pelo excesso doloso ou culposo. c) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo futuro, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. d) Pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. e) Entende-se em legítima defesa putativa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, somente a direito seu. 03 – ( ) - (FAURGS/TJ-RS/JUIZ/2016/ADAPTADA) - Tipicidade conglobante (antinormatividade) é a comprovação de que a conduta legalmente típica está também proibida pela norma, o que se obtém desentranhando o alcance dessa norma proibitiva conglobada com as demais disposições do ordenamento jurídico. 04 – ( ) - (FAURGS/TJ-RS/JUIZ/2016/ADAPTADA) - Tipicidade legal é a individualização que a lei faz da conduta, mediante o conjunto dos elementos descritivos e valorativos (normativos) de que se vale o tipo legal. 05 – (IBFC/2017/POLICIA CIENTIFICA-PR) - Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito Penal e ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa correta sobre a legítima defesa. a) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem b) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente ou não dos meios de que dispuser, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem c) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio e não de outrem d) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente ou não dos meios de que dispuser, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio e não de outrem e) Entende-se em legítima defesa quem, usando dos meios de que dispuser, repele injusta agressão ou persegue quem a praticou, atual ou iminente, a direito próprio e não de outrem 106 06 – (CONSULPLAN/TRF/2017) - O sonambulismo exclui o seguinte elemento do crime: a) Fato típico. b) Punibilidade. c) Culpabilidade. d) Antijuridicidade. 07 – (MPE/RS/2017) - De acordo com o Código Penal Brasileiro, quanto à imputabilidade penal e quanto ao crime e seus aspectos, assinale a alternativa correta. a) O crime é doloso quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. b) Entende-se em legítima defesa quem repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. c) O estrito cumprimento do dever legal é causa legal de exclusão da ilicitude. d) É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação, relativamente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. e) A embriaguez completa, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de feitos análogos, exclui a imputabilidade penal. 08 – ( ) - (CESPE/PC-GO/ESCRIVÃO/2016/ADAPTADO) - O crime é doloso quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 09 – ( ) - (CESPE/PC-GO/ESCRIVÃO/2016/ADAPTADO) -Entende-se em legítima defesa quem repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 10 – ( ) - (CESPE/PC-GO/ESCRIVÃO/2016/ADAPTADO) -O estrito cumprimento do dever legal é causa legal de exclusão da ilicitude. 11 – ( ) - (CESPE/PC-GO/ESCRIVÃO/2016/ADAPTADO) -É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação, relativamente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 12 – ( ) - (CESPE/PC-GO/ESCRIVÃO/2016/ADAPTADO) -A embriaguez completa, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de feitos análogos, exclui a imputabilidade penal. 13– (NUCEPE/SEJUS-PI/Agente Penitenciário) - Marque a alternativa CORRETA. MÉVIO adentrou numa residência subtraindo vários objetos de valor, mas ao sair colocou fogo na casa e trancou todos os moradores, caso a) os vizinhos quebrem as portas da casa para salvar os moradores, eles praticam a legítima defesa. b) os vizinhos quebrem as portas da casa para salvar os moradores, agem em estado de necessidade, pois o perigo era atual. c) os vizinhos quebrem as portas da casa para salvar os moradores, não respondem pelo excesso doloso ou culposo. d) os vizinhos quebrem as portas da casa para salvar os moradores, eles praticam apenas o crime de dano simples. e) os vizinhos quebrem as portasda casa para salvar os moradores, eles praticam apenas o crime de violação de domicilio. 14 – (FCC/SEGEP/2016) - NÃO há crime quando o agente pratica o fato típico descrito na lei penal a) mediante coação irresistível ou em estrita obediência a ordem de superior hierárquico. b) por culpa, dolo eventual, erro sobre os elementos do tipo e excesso justificado. c) somente em estado de necessidade e legítima defesa. 107 d) mediante erro sobre a pessoal contra a qual o crime é praticado, em concurso de pessoas culposo e nos casos de excesso doloso. e) em estado de necessidade, legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal e no exercício regular de direito. 15 - (FCC/2013/ASSEMBLEIA LEGISLATIVA-PB/PROCURADOR) - O parágrafo único do art. 14 do Código Penal pune a tentativa, caracterizando-se como norma de extensão da a) tipicidade. b) desistência voluntária. c) culpabilidade formal. d) culpabilidade material. e) reprovação social. 16 - (FCC/2013/TCE-SP/AUDITOR) - A respeito da relação de causalidade, é INCORRETO afirmar: a) Se o evento resultou de causa absolutamente independente, o agente por ele responde a título de culpa. b) Concausa é a confluência de uma causa na produção de um mesmo resultado, estando lado a lado com a ação do agente. c) A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado, imputando-se, porém, os fatos anteriores a quem os praticou. d) O Código Penal brasileiro considera causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. e) O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 17 - Acerca das causas excludentes de ilicitude e extintivas de punibilidade, assinale a afirmativa incorreta. a) A coação moral irresistível exclui a culpabilidade, enquanto que a coação física irresistível exclui a própria conduta, de modo que, nesta segunda hipótese, sequer chegamos a analisar a tipicidade, pois não há conduta penalmente relevante. b) Em um bar, Caio, por notar que Tício olhava maliciosamente para sua namorada, desfere contra este um soco no rosto. Aturdido, Tício vai ao chão, levantando-se em seguida, e vai atrás de Caio e o interpela quando este já estava saindo do bar. Ao voltar-se para trás, atendendo ao chamado, Caio é surpreendido com um soco no ventre. Tício praticou conduta típica, mas amparada por uma causa excludente de ilicitude. c) Mévio, atendendo a ordem dada por seu líder religioso e, com o intuito de converter Rufus, permanece na residência deste à sua revelia, ou seja, sem o seu consentimento. Neste caso, Mévio, mesmo cumprindo ordem de seu superior e mesmo sendo tal ordem não manifestamente ilegal, pratica crime de violação de domicílio (Art. 150 do Código Penal), não estando amparado pela obediência hierárquica. d) O consentimento do ofendido não foi previsto pelo nosso ordenamento jurídico-penal como uma causa de exclusão da ilicitude. Todavia, sua natureza justificante é pacificamente aceita, desde que, entre outros requisitos, o ofendido seja capaz de consentir e que tal consentimento recaia sobre bem disponível. 18 - Em relação às causas de exclusão de ilicitude, assinale a opção incorreta. a) Um bombeiro em serviço não pode alegar estado de necessidade para eximir-se de seu ofício, visto que tem o dever legal de enfrentar o perigo. b) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. c) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. d) Considera-se causa supralegal de exclusão de ilicitude a inexigibilidade de conduta diversa. 19- Com relação às causas excludentes de ilicitude (ou antijuridicidade), assinale a opção correta. a) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar-se de perigo atual ou iminente que não provocou por sua vontade ou era escusável. 108 b) Supondo o agente, equivocadamente, que está sendo agredido, e repelindo a suposta agressão, configura-se a legítima defesa putativa, considerada na lei como caso sui generis de erro de tipo, o denominado erro de tipo permissivo. c) Agem em estrito cumprimento do dever legal, policiais que ao terem de prender indiciado de má fama, atiram contra ele para dominá-lo d) O exercício regular do direito é compatível com o homicídio praticado pelo militar que, em guerra externa ou interna, mata o inimigo. 20 - Em matéria penal, são causas excludentes da antijuridicidade de conduta, EXCETO: A) O estado de necessidade. B) O erro inevitável sobre a ilicitude do fato. C) O exercício regular de direito. D) O estrito cumprimento de dever legal. 21 - ( ) - (CESPE/2013/TJ-RN/JUIZ/ADAPTADA) - Tendo sido adotada a teoria da actio libera in causa pelo Código Penal, é permitida a exclusão da imputabilidade do agente se a embriaguez não acidental for completa e culposa. 22 - ( ) - (CESPE/2013/TJ-RN/JUIZ/ADAPTADA) - ) A responsabilidade penal independe da imputabilidade do agente. 23 - ( ) - (CESPE/2013/TJ-RN/JUIZ/ADAPTADA) - A inimputabilidade por doença mental que retira do agente toda a capacidade de entendimento do caráter ilícito do fato é causa de diminuição da pena. 24 – ( ) - (CESPE/2013/AGU/PROCURADOR FEDERAL) - Julgue os itens seguintes, acerca da prescrição, da reabilitação e da imputabilidade. O CP prevê uma redução de pena para aquele que, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não seja inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, circunstância que enseja uma menor reprovabilidade da conduta do agente comprovadamente naquelas condições. Tem-se, nesse caso, a denominada semi-imputabilidade, também nominada pelos doutrinadores como responsabilidade penal diminuída. 25 – ( ) - (CESPE/2013/AGU/ PROCURADOR FEDERAL) - Acerca de aspectos diversos do direito penal direito processual penal, julgue os itens a seguir. Para ser aceita como excludente de culpabilidade, a coação física ou moral tem de ser irresistível, inevitável e insuperável. 26 – ( ) - (CESPE/2013/ PC-DF/AGENTE) - Em relação ao direito penal, julgue os próximos itens. A embriaguez completa pode dar causa à exclusão da imputabilidade penal, mas não descaracteriza a ilicitude do fato. 27 – ( ) - (CESPE/2013/SEGESP-AL/PAPILOSCOPISTA) - Se uma pessoa, de forma voluntária, embriagar- se completamente com o objetivo de matar seu desafeto e, no instante do ato, estiver incapaz de entender o caráter ilícito do fato, estará, por essa razão, isenta de pena. 28 – ( ) - (CESPE/2013/SEGESP-AL/PAPILOSCOPISTA) - Se uma pessoa cometer determinado fato definido como crime e alegar que o fez em estrita obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal, a sua culpabilidade será excluída diante da inexigibilidade de outra conduta. 29 – ( ) - (CESPE/2013/TRF/JUIZ FEDERALADAPTADA) - Todo erro penalmente relevante relacionado a uma causa de exclusão da ilicitude é erro de proibição indireto. 30 – ( ) - (CESPE/2013/TRF1/JUIZ FEDERAL/ADAPTADA) - O erro de tipo evitável isenta de pena o agente. 109 31 - (FAUEL/CÂMARA DE MARIA HELENA – PR/ADVOGADO/2017) - De acordo com o Código Penal, “o resultado, de que depende a existência do crime, somente éimputável a quem lhe deu causa”. Ainda de acordo com o Código Penal, considera-se causa: a) A ação ou omissão, mesmo que incapaz de causar o resultado previsto no tipo penal. b) A ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. c) A ação ou omissão imaginada pelo sujeito, mesmo que sem efetiva materialização ou exteriorização. d) Apenas a ação pode ser considerada causa, pois a omissão não pode gerar resultado penalmente punível. 32 – ( ) - (CESPE/Analista Judiciário/TRE-MT/2010) - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena e, nesse caso, não se consideram, para fins de aplicação da pena e definição do tipo, as condições ou qualidades da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime, mas sim as da vítima real. 33. (CESPE/PC – PB/2009) - Um indivíduo, portador do vírus da AIDS, manteve regularmente relações sexuais com sua namorada, com a intenção de matá-la por meio do contágio da doença. A namorada não tinha conhecimento do estado patológico de seu parceiro. Dias após, foi constatado, por meio de exames médicos e laboratoriais, que houve efetivamente a transmissão do vírus, apesar de os efeitos da doença ainda não terem se manifestado, não impedindo, portanto, o desempenho das atividades cotidianas da pessoa infectada. Nessa situação hipotética, o indivíduo portador do vírus: A) não cometeu ilícito penal, uma vez que se trata de crime impossível. B) cometeu tentativa de homicídio. C) cometeu o crime de perigo para a vida ou saúde de outrem. D) cometeu o crime de perigo de contágio venéreo. E) cometeu o crime de perigo de contágio de moléstia grave. 34. (CESPE/PC-DF/2005) - Entre as alternativas abaixo, é correto afirmar que os ofendículos excluem: a) o nexo causal; b) a culpabilidade; c) a imputabilidade; d) a ilicitude; e) a culpa. 35 – ( ) - (CESPE/Polícia Federal/2009) - Para que se configure a legítima defesa, faz-se necessário que a agressão sofrida pelo agente seja antijurídica, Contrária ao ordenamento jurídico, configurando, assim, um crime. 36 – ( ) - (CESPE/OAB/2009) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 37 – ( ) - (CESPE/OAB/2009) - Considera-se causa supralegal de exclusão de ilicitude a inexigibilidade de conduta diversa. 38 – ( ) - (CESPE/OAB/2009) - Um bombeiro em serviço não pode alegar estado de necessidade para eximir- se de seu ofício, visto que tem o dever legal de enfrentar o perigo. 39 – ( ) - (CESPE/OAB/2009) - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 40 – (FMP/DPE-PA/Defensor Público Substituto) - A é esfaqueada por B, sofrendo lesões corporais leves. Socorrida e medicada, A é orientada quanto aos cuidados a tomar, mas não obedece à prescrição 110 médica e em virtude dessa falta de cuidado, o ferimento infecciona, gangrena, e ela morre. Assinale a alternativa CORRETA. a) B responde pelo resultado morte, visto se tratar de causa superveniente absolutamente independente. b) B responde pelo ato de lesão praticado, visto se tratar de causa concomitante relativamente independente. c) B responde pelo resultado morte, visto se tratar de causa concomitante absolutamente independente. d) B responde pelo resultado morte, visto se tratar de causa preexistente relativamente independente. e) B responde pelo ato de lesão anteriormente praticado, visto se tratar de causa superveniente relativamente independente, que por si só produziu o resultado. 41 - (VUNESP/2013/TJ-SP/JUIZ) - Conforme o disposto no artigo 14, parágrafo único, do Código Penal, “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”.O critério de diminuição da pena levará em consideração a) a motivação do crime. b) a intensidade do dolo. c) o iter criminis percorrido pelo agente. d) a periculosidade do agente. 42 - De acordo com o Código Penal, a execução iniciada de um crime, que não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente, caracteriza o(a) a) arrependimento eficaz. b) arrependimento posterior. c) tentativa. d) crime frustrado. e) desistência voluntária. 43 - (VUNESP/2013/ PC-SP/PAPILOSCOPISTA) - Aquele que assume o risco de produzir um resultado criminoso comete crime movido por a) culpa. b) imprudência. c) dolo. d) imperícia. e) negligência. 44 - (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA) - Aquele que pratica fato típico para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, atuou em a) legítima defesa putativa e, portanto, não cometeu crime. b) estado de necessidade e, portanto, terá a pena diminuída de 1 (um) a 2 (dois) terços. c) legítima defesa e, portanto, não cometeu crime. d) estado de necessidade e, portanto, não cometeu crime. e) legítima defesa e, portanto, terá a pena diminuída de 1 (um) a 2 (dois) terços. 45 – (VUNESP/2002/SEFAZ-SP/AGENTE FISCAL DE RENDAS) - São causas de exclusão da ilicitude: a) a legítima defesa, o exercício regular de direito e a coação irresistível. b) a obediência hierárquica, a coação irresistível e a desistência voluntária. c) o arrependimento eficaz, o arrependimento posterior e o estrito cumprimento do dever legal. d) o estado de necessidade, a obediência hierárquica e a desistência voluntária. e) o exercício regular de direito, o estrito cumprimento do dever legal e o estado de necessidade. 111 46 - (VUNESP/2012/DPE-MS/DEFENSOR PÚBLICO) - Com relação ao crime culposo, assinale a alternativa correta. a) Imprudência é uma omissão, uma ausência de precaução em relação ao ato realizado. b) Na culpa consciente, o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível. c) O resultado involuntário trata de elemento do fato típico culposo. d) Na culpa imprópria, o resultado não é previsto, embora seja previsível. 47 - (VUNESP/2010/MP-SP/ANALISTA DE PROMOTORIA) - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza a) só responde pelos atos já praticados. b) não comete crime, pois tem afastada a ilicitude da ação. c) beneficia-se pela causa de diminuição de pena do arrependimento posterior. d) é punido com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. e) terá pena reduzida de um a dois terços, mas, desde que, por ato voluntário, tenha reparado o dano ou restituído a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa. 48 - Quanto à teoria do crime, marque a alternativa correta. a) A superveniência de causa relativamente independente não exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado. b) O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe deu causa. c) A omissão não é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. d) Salvo disposição em contrário, não se pune a tentativa. 49 - (VUNESP/2007/OAB-SP/EXAME DE ORDEM) - Pretendendo matá-lo, Fulano coloca veneno no café de Sicrano. Sem saber do envenenamento, Sicrano ingere o café. Logo em seguida, Fulano, arrependido, prescreve o antídoto a Sicrano, que sobrevive, sem qualquer sequela. Diante disso, é correto afirmar que setrata de hipótese de a) crime impossível, pois o meio empregado por Fulano era absolutamente ineficaz para obtenção do resultado pretendido. b) tentativa, pois o resultado não se consumou por circunstâncias alheias à vontade de Fulano. c) arrependimento posterior, pois o dano foi reparado por Fulano até o recebimento da denúncia. d) arrependimento eficaz, pois Fulano impediu voluntariamente que o resultado se produzisse. 50 - (FCC/2014/TRT 18 /JUIZ) - É causa de exclusão da tipicidade, a) a insignificância do fato ou a sua adequação social, segundo corrente doutrinária e jurisprudencial. b) o erro inevitável sobre a ilicitude do fato. c) a coação moral irresistível. d) a não exigibilidade de conduta diversa. e) a obediência hierárquica. 51 - Mediante um disparo com arma de fogo, o agente produziu na vítima um ferimento. Por considerar que o disparo fosse suficiente para causar a morte da vítima, o agente cessou sua ação. Recolhida a um hospital, a vítima morreu pela ingestão de uma substância tóxica, que ao invés do medicamento prescrito, lhe ministrou inadvertidamente uma enfermeira. As lesões sofridas pela vítima inicialmente não lhe causariam morte, sendo esta causada exclusivamente pela ingestão da substância tóxica. Na hipótese, assinale a alternativa CORRETA. a) O agente da agressão responderá por lesões corporais e a enfermeira, por homicídio culposo. b) O agente da agressão responderá por homicídio doloso consumado e a enfermeira, por homicídio culposo. c) O agente da agressão responderá por homicídio doloso tentado e a enfermeira, por homicídio culposo. d) O agente da agressão e a enfermeira responderão por homicídio consumado em concurso de pessoas. 112 01.V 02.A 03.V 04.V 05.A 06.A 07.C 08.F 09.F 10.V 11.F 12.F 13.B 14.E 15.A 16.A 17.B 18.D 19.B 20.B 21.F 22.F 23.F 24.V 25.F 26.V 27.F 28.V 29.F 30.F 31.B 32.F 33.B 34.D 35.F 36.V 37.F 38.V 39.V 40.E 41.C 42.C 43.C 44.D 45.E 46.C 47.A 48.B 49.D 50.A 51.C AULA 08 – TEORIA DO ERRO E CONCURSO DE CRIMES A regra para esta aula é a seguinte: ERRO DE TIPO (ESSENCIAL) - Excludente de tipicidade; ERRO DE PROIBIÇÃO – Excludente de culpabilidade. Antes de estudarmos as discriminantes Putativas (erro de tipo e erro de proibição), vamos entender concurso de crimes para melhor compreensão do conteúdo. Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. O concurso material de crimes acontece quando o agente comete dois ou mais crimes mediante mais de uma ação ou omissão. Ele pode ser tanto homogêneo, quando os crimes cometidos são idênticos (dois homicídios simples, por exemplo), ou heterogêneo, quando os crimes são de natureza diversa (Um homicídio qualificado e lesões corporais). Esta distinção em homogêneo e heterogêneo é apenas doutrinária, não importando na forma de aplicação da pena. Havendo concurso material, a forma de aplicação das penas será o cúmulo material, que é aquele onde as penas dos Diversos crimes são somadas umas às outras, não havendo benefício ao agente. Desta forma, o agente que mediante duas condutas, cometeu o crime de furto simples e recebeu pena de quatro anos de reclusão, e um 113 homicídio qualificado, tendo recebido pena d e doze anos de reclusão, terá as penas destes crimes somadas para questões de cumprimento. Em caso as espécies de penas não sejam iguais, cumpre-se primeiro a mais grave, assim, a reclusão deve ser cumprida primeiro que a detenção. Apesar dos prazos prescricionais serem considerados individualmente para cada crime, o mesmo não acontece com a aplicação das penas restritivas de direitos, que só são permitidas, caso em um dos crimes seja permitida a concessão do sursis (suspensão condicional da pena). Mas caso sejam aplicadas, as penas restritivas serão cumpridas simultaneamente quando compatíveis, ou sucessivamente, quando houver incompatibilidade entre as mesmas. Com relação à suspensão condicional do processo, a regra é que seja feito o somatório das penas, se a mínima for igual ou inferior a um ano, esta será possível. Portanto, a aplicação não é individual. 8.2 - CONCURSO IDEAL OU FORMAL DE CRIMES Art. 70 1ª parte - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. Art. 70 2ª parte - As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Chamado de concurso material benéfico) O Concurso formal é aquele em que o agente mediante uma única ação ou omissão, comete dois ou mais crimes. Este pode se dividir em formal próprio ou impróprio. No próprio ou perfeito, era querido apenas um resultado, mas por erro na execução ou por acidente, dois ou mais são atingidos. É o exemplo do assassino que atira em seu inimigo, mas por ocasião o disparo além de atingi-lo, também atinge outra pessoa. Neste caso é utilizado o sistema da exasperação, que é quando apenas a pena de um dos crimes é aplicada se forem iguais, ou a maior deles se diversos, sendo em qualquer dos casos elevada de um sexto até metade. No impróprio ou imperfeito, o agente mediante uma única ação ou omissão produz mais de um resultado, tendo vontade de produzi-los ou sendo indiferente quanto a estes, neste caso, acontece o que a doutrina chama de desígnios autônomos, que é quando se quer todos os resultados produzidos, mesmo a título de dolo eventual. Para que não torne benéfica a prática de mais de um crime por uma única ação, no concurso formal impróprio, é utilizado o sistema de cúmulo material das penas, o mesmo que é utilizado no concurso material. Havendo apenas a soma das penas aplicadas aos diversos crimes. Ainda no caso do concurso formal, quando as penas aplicadas por o sistema de exasperação superarem as que por ventura fossem aplicadas por o sistema do cúmulo material, para que o apenado não saia prejudicado, sua pena será computada como se desta forma fosse, este é o chamado cúmulo material benéfico. Exemplificando, caso o agente cometa um homicídio simples e uma lesão corporal em concurso formal próprio, sua pena seria a do homicídio (por ser maior) acrescida de um terço até metade, o que poderia, dependendo do aumento aplicado, ser maior que a do homicídio e das lesões corporais somadas. Assim caso a pena aplicada pelo sistema da exasperação seja maior que a que fosse aplicada pelo cúmulo material, este será o aplicado. Em termos práticos é extremamente relevante perceber a diferença existente entre a situação de concurso formal perfeito ou imperfeito no tocante à fixação da reprimenda. No concurso formal perfeito o juiz aplica uma só pena, se idênticas, ou a maior, quando não idênticas, aumentadade um sexto até a metade. Prevalecerá o sistema da exasperação da pena. Já no concurso formal imperfeito as penas são somadas, apesar de ser concurso formal as penas são aplicadas como no concurso material, sendo aplicado o sistema da cumulatividade das penas. 114 O aumento de pena no concurso formal deve ser fundamentado pelo juiz, devendo, segundo a maioria dos doutrinadores, ser aplicado levando em consideração o número de vítimas ou a quantidade de crimes praticados. Para a aplicação da suspensão condicional do processo, é necessário que se faça primeiro o cálculo da pena com o acréscimo de um terço até metade, para só assim fixar os novos limites mínimos. 1º Quem mata duas pessoas com duas ações terá as penas somadas em concurso material. 2º Quem quer matar uma pessoa, mas acaba atingindo outra, respondera pelo concurso formal próprio, pois não poderemos dar a ele uma reprimenda idêntica àquele que quer matar duas pessoas. 3º Se algum “espertalhão” quiser praticar um concurso formal quando na verdade queria atingir as duas vítimas, temos que assegurar que esse indivíduo não será beneficiado, pois na prática a sua conduta é tão abjeta quanto daquele que executa uma pessoa por vez. Logo somaremos as penas. Este é o concurso formal impróprio. Imagine que você acaba de realizar um crime X e Y com uma só ação ou omissão do qual resulte dois resultados. Pelo primeiro crime você foi condenado a 8 anos e pelo segundo a 2 meses. Qual é o concurso pelo qual você deverá responder? Concurso formal, material ou crime continuado? É claramente um caso de concurso formal. Próprio ou impróprio? Bem, se o enunciado não fez referência a vontade de praticar os dois crimes, então é próprio e isso significa que vamos aumentar a pena de 1/6 até a 1/2. Está certo esse raciocínio? Antes de tudo de uma lida no parágrafo único do art. 70. Nele está o que a doutrina chama de concurso material benéfico. O concurso material não beneficiará o agente. Os concursos que devem ser encarados como benefícios são, o formal e a continuidade delitiva (crimes continuado). Enfim, todavia, sejamos técnicos, se afirmarmos que o concurso formal deve beneficiar sempre o agente quer dizer que sua aplicação, ou seja, a soma da pena cominada à fração de um sexto até a metade não pode superar a soma das penas que em tese é típico da aplicação do concurso material. Veja o caso, se aplicarmos o aumento da metade a pena maior de 8 anos, teremos uma pena de 12 anos. Estamos aplicando aqui o concurso formal, mas se somarmos as penas de 8 anos de dois meses, teremos um valor muito abaixo de 12 anos sendo cristalino que aqui, ao que nos parece o concurso formal alcançou efeito pior que o que poderia ser alcançado pelo concurso material. Nada mais oportuno que aplicarmos, então, o concurso material de modo a beneficiar o agente. A isto damos o nome de concurso material benéfico. 8.3 – CRIMES CONTINUADO OU CONTINUIDADE DELITIVA Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se 115 diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art.75 deste Código. O crime continuado ou continuação delitiva está definido no art. 71 do Código Penal, este se dá quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, em condições de tempo, lugar, e utilizando de modos de execução parecidos, comete crimes de mesma espécie, sendo que os subsequentes devem ser havidos em continuação do primeiro. Esta forma de concurso de crimes foi adotada por ficção jurídica, já que são vários crimes que a lei adota como crime único para questões de punibilidade. Por crimes de mesma espécie, não há necessidade de serem idênticos, bastando que o bem jurídico atingido no seu cometimento sejam os mesmos. Este não é um entendimento pacífico, alguma parte da doutrina entende que apenas crimes que fazem parte de um mesmo dispositivo legal (artigo de lei) seriam da mesma espécie, como um homicídio simples e um qualificado, por exemplo. As condições necessárias que envolvem o tempo, o lugar, o modo de execução, assim como outras semelhantes, não devem ser analisadas individualmente, devendo o julgador fazer uma concepção conjunta das mesmas, não sendo imprescindível a presença de todas, sendo a conclusão obtida a partir de cada caso concreto. Com relação a forma de cálculo das penas, o sistema utilizado é o da exasperação, só que com um maior aumento que no concurso formal próprio, podendo variar de um terço a dois terços. Existe também a figura do crime continuado específico, que está contida no parágrafo único do art. 71 do Código Penal, em que a pena pode ser aumentada até o triplo. Para que se configure esta figura específica, é necessária a multiplicidade de vítimas, a conduta dolosa em todos os casos, e a utilização de violência ou grave ameaça contra a pessoa. O percentual de aumento em ambos os casos deve ser baseado no número de crimes ou de vítimas. E, da mesma forma que no concurso formal próprio, as penas aplicadas pelo sistema da exasperação não podem superar as que seriam aplicadas pelo cúmulo material, portanto, caso seja ultrapassado o limite, será aplicado o cúmulo material benéfico. Exemplo de crime continuado o padrasto que estupra a enteada por anos, o assaltante que rouba celulares de cinco vítimas em menos de uma hora. MULTAS NO CONCURSO DE CRIMES Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente (geralmente os termos distinta e integralmente são substituídos nas provas, portanto cuidado). DIFERENÇA ENTRE CRIME CONTINUADO E CONCURSO MATERIAL TJ-MG - Apelação Criminal APR 10083130008788001 MG (TJ-MG) Data de Publicação: 09/05/2014 Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL - SENTENÇA QUE RECONHECE A CONTINUIDADE DELITIVA ENTRE VÁRIOS CRIMES DE FURTOS - RECURSO MINISTERIAL – APLICAÇÃO DA REGRA DO CRIME CONTINUADO E DO CONCURSO MATERIAL DE CRIMES. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Conforme entendimento sedimentado no Superior Tribunal de Justiça, para o reconhecimento do crime continuado, necessário que o lapso temporal entre os delitos seja inferior a 30 dias. 2. Na hipótese, os delitos foram perpetrados em 20/07/2012, 20/10/2012, 22/10/2012, 28/12/2012, 28/12/2012, 30/03/2013 e 31/05/2013. Portanto, constata-se a inexistência do 116 requisito objetivo temporal entre a primeira ação perpetrada pelo apelante Cléberson e a última, porquanto praticadas em intervalo de tempo superior a 30 dias. Dessa forma é inviável o reconhecimento do crime continuado entre todas as ações, conforme procedeu o ilustre Juiz sentenciante, mas é possível seja reconhecido o concurso material entre elas posteriormente. 3. Em outras palavras, atendidos os requisitos legais, entendo possível o reconhecimento da continuidade delitiva em relação às ações praticadas por Cléberson em 20/10/2012 e 22/10/2012, bem como também entre os dois furtos por ele praticados em 28/12/2012. A diferença reside no lapso temporalentre as condutas: Se maior de 30 dias caracteriza Concurso Material de Crimes. Se menor de 30 dias é Crime Continuado. CRIME PERMANENTE - É aquele cujo momento da consumação se prolonga no tempo por vontade do agente, como acontece no crime de sequestro, previsto no artigo 148 do Código Penal, que se consuma com a retirada da liberdade da vítima, mas o delito continua consumando-se enquanto a vítima permanecer em poder do agente (exemplo, cárcere privado). 8.4 - DISCRIMINANTES PUTATIVAS a) O que é uma descriminante putativa? A descriminante é uma causa que exclui ou a ilicitude ou a culpabilidade. O termo putativo restas ser esclarecido e significa “imaginado”. É quando imaginamos que ocorre algo que na verdade não está ocorrendo ou interpretamos mal a lei a ponto de achar que diante do fato que praticamos estamos sendo abrangidos por alguma descriminante. b) Quais as espécies de descriminantes putativas? Existem duas espécies: As descriminantes putativas por erro de tipo: Para explicar essa descriminante pensemos no que diz o Código Penal sobre a legítima defesa. Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Após lermos o dispositivo, é fácil perceber que precisamos estar em legítima defesa para sermos abrangidas e beneficiados por essa causa excludente de ilicitude. Todavia, o legislador sabe o quanto somos falhos e o quando o homem em sociedade pode sofrer equívocos e como o Direito Penal almeja imputar responsabilidade ou afasta-la dentro de certa justeza e proporcionalidade, o legislador imaginou três tipos de questão: 1ª questão: Manuel quer atirar em Ricardo e este diante do claro risco de morte, consegue enfiar uma faca no peito de Manuel que vem a morrer. Conclusão para este caso: Oras, o legislador simplesmente pensou que aqueles que sofrem um risco tem o direito de salvaguardar-se, o mesmo ocorrendo com aquele que bate brutalmente na cabeça de um ofensor que tenta roubar-lhe os pertences. Nos dois casos, temos que beneficiar os agentes causadores do resultado, pois, o seu fato apesar de típico, não pode ser ilíc ito, eram vítimas que se defendiam ou defendiam o próprio patrimônio 117 . 2ª questão: Manuel quer atirar em Ricardo, mas desiste e no momento que vira as costas Ricardo com raiva da situação e receio de que se repita, o mata. Conclusão: Neste caso o legislador percebeu uma diferença cristalina entre aquele que tenta defender- se, ou age em defesa do próprio patrimônio, ou ainda age em defesa de terceiro, daquele que sem correr qualquer risco iminente age e ofende a integridade, ou a vida alheia, vejamos que Ricardo deixa de ser vítima que reage para ser um autor que ofende claramente não podendo o Direito Penal ser refúgio de condutas abjetas. 3ªquestão: Manuel não quer atirar em Ricardo, mas odeia. Ricardo sabe a razão de Manuel o odiar, enfim, casou-se com a ex namorada do mesmo. Em um dia caminhando por local ermo se depara com Manuel que passa por ele em caminho inverso, todavia, percebe segundo depois uma mudança na rota de Manuel que começa a segui-lo. Na medida em que Ricardo acelera o passo, Manuel faz o mesmo. Ao final é alcançado, se vira e percebe que Manuel está com as mãos para trás, momento em que ao analisar o movimento abrupto de Manuel, saca uma arma e da cabo da vida daquele que o considerava um inimigo. Enfim Manuel morre. Já no chão Ricardo o olha em suas mãos e vê uma carta envolta por um envelope com o título “me desculpe”. Conclusão: Perceba que o legislador aqui foi preciso em conceber a nossa realidade como suscetível de impressões desajustadas, pois, existem determinados receios e medos que apesar de não serem concretos, por ser justificados, ou no mínimo compreendidos e neste caso o agente deve ser beneficiado, pois não atirou por atirar, atirou por correr um risco presumido mas que diante do fato narrado é justificável. A isso o legislador deu o nome de descriminante putativa por erro de tipo. Por que por erro de tipo? Pela simples razão e que ele imagina que o fato exige que se defenda, é um erro obre fato que é um pressuposto para a ocorrência das excludentes. Em síntese o agente não sabe o que está fazendo, pois se eu em atiro em alguém que esta desarmado, pensando-o como meu algoz e de fato ele nada carrega, então eu não sei que estou atirando em alguém que não quer me fazer mal algum, eu apenas imagino que estou atirando em um celerado que quer me fazer mal. As descriminantes putativas por erro de proibição: Aqui temos inicialmente o mesmo raciocínio. Mas, agora, o indivíduo que imagina estar correndo algum risco, não imagina que o fato é concreto, quando não o é. De fato a situação ensejadora de uma eventual descriminante ocorreu, mas o agente tem uma falsa percepção dos limites da causa de justificação. Sejamos mais claros. Aqui o agente sabe exatamente o que faz. Por exemplo: “Quando um oficial de justiça vai fazer uma penhora e o executado imagina que é uma penhora injusta, indiferente a decisão judicial reagindo por se imaginar em legitima defesa. Este erro não surge por imaginar fato que não ocorre (descriminante putativa por erro de tipo), mas por saber que um fato concreto é ocorrente, mas que a qualidade de tal fato (a penhora) pode ser mitigada pois tem a seu favor a legitima defesa diante de injusta agressão, ou seja, a agressão existe, mas é justa apesar do agente imaginá-la justa. Erro sobre elementos do tipo Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Descriminantes putativas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. Erro determinado por terceiro § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Erro sobre a pessoa 118 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Erro sobre a ilicitude do fato Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. O erro se refere a uma ignorância, o erro de tipo se refere a uma ignorância sobre um fato, ou seja, o agente não sabe o que faz, praticando um fato por não captar corretamente o evento ao seu redor. Exemplo muito usual é o que alguém vai até um estacionamento de um grande hipermercado buscar o próprio carro, o abre, dirige-o para fora do estacionamento e posteriormente é parado pela polícia que afirma que o veículo em questão foi furtado. Oras, temos que nos perguntar. O motorista não achava que dirigia o próprio carro? Se o agente queria pegar o próprio carro, então ele não subtraiu coisa alheia móvel, certo? Há possibilidade do agente justificar tal fato? Um dos efeitos de sermos seguidores do chamados finalismo é que a responsabilidade do agente apenas surge de acordo com a sua intenção, portanto, como já sabido temos sempre que questionar: Qual a finalidade do agente? A partir da resposta vamos saber se o mesmo pode ou não ser responsabilizado e pelo o que. Hápossibilidade do agente ser responsabilizado? Gostaria que você se colocasse no lugar desse agente e ponderasse sobre se diante das mesmas condições (encontrar carro, do mesmo modelo, marca, cor e ano) você faria o mesmo. Se a sua resposta foi positiva quer dizer que é possível você afirmar que qualquer pessoa nas mesmas condições incorreria em erro e portanto é justificável tal fato. Sendo justificável o legislador escolheu afastar nesses casos o dolo e a culpa, elementos sem os quais não existe uma conduta que possa sofrer reprimenda penal pois seu consequente é a exclusão do fato típico. O erro de tipo incide sobre dados da realidade que constam como elementares do tipo penal (por exemplo: no furto há referência a “coisa alheia” enquanto de fato a pessoa pegou coisa que achava ser “coisa própria”) sendo classificado neste ponto como erro de tipo essencial. 8.4.1 - ERRO DE TIPO ESSENCIAL Se eu te perguntasse uma característica sua sem a qual você deixa de existir o que me responderia? Se você questionar alguém profundamente religioso, talvez ele diria que sem a alma ele deixa de existir total ou parcialmente. É isto que ocorre em relação ao erro de tipo essencial, pois a essência do crime são aquelas estruturas (elementares) que estão expressas nos artigos descritos no Código Penal. Por exemplo: no homicídio temos o “matar alguém”, logo a essência do artigo 121 é que se mate alguém, se retirarmos o substantivo alguém do art. 121 estaremos amputando do tipo penal um dado que a ele é essencial e sem o qual não existira. É o caso do exemplo citado acima, o agente não “subtraia coisa alheia móvel”, sem o termo “alheio” não temos um dado que é essencial para que o art. 155 exista. Outro exemplo é o homem que vai caçar em local distante e se depara com uma moita que é movimentada abruptamente, ao imaginar que se tratava de animal bravio atira, constatando posteriormente que se tratava de um homem. O agente mata alguém, mas imagina se tratar de animal. Ele erra em relação a um dado essencial do tipo, “alguém”, sem o qual o tipo penal não poderia existir. Conclusão, temos um erro de tipo essencial que quando justificável afasta dolo e culpa (excluindo o fato típico), e quando não podemos justificá-lo afasta apenas o dolo admitindo responsabilidade por crime 119 culposo se o tipo penal permitir. 8.4.2 - ERRO DE TIPO ACIDENTAL São espécies de erro acidental: a) erro sobre o objeto - ERROR IN OBJETO; b) erro sobre a pessoa - ERROR IN PERSONA; c) erro na execução – ABERRATIO ICTUS; d) resultado diverso de pretendido – ABERRATIO CRIMINIS Outra modalidade de erro é o erro de tipo acidental, que não atua retirando do tipo penal algo sem o qual ele não existiria, mas apenas, amputa do mesmo um dado que não é essencial. Para exemplificarmos basta pensarmos naquilo que chamamos de aberratio ictus, ou erro na execução, é o caso de você querer matar o seu pai com um tiro, mas você é péssimo de pontaria e erra atingindo a pessoa ao lado de seu pai. Você será responsabilizado? Bem, o erro de tipo sempre exclui o dolo se for essencial, e neste caso ele é acidental, então você será certamente responsabilizado, pois você matou alguém. Perceba que não a erro sobre uma elementar do tipo, ou seja, um dado essencial inserto no caput, você sabe exatamente o que estava fazendo, neste caso o agente responde como se tivesse atingido a pessoa que pretendia (o pai), ou seja, você responde por homicídio com aumento de pena. Simplesmente quando o erro de tipo é acidental o agente sempre continuará ser responsável, não excluindo dolo e nem sequer a culpa. Erro sobre a pessoa: João quer matar o próprio pai, mas, confunde-o com outra pessoa, neste caso, um erro desses não beneficia de modo algum o agente, pois a confusão quanto ao objeto material (o objeto sobre o qual recai a conduta do agente- confunde o pai com outra pessoa) não interfere na essência do crime, por isso este erro difere do erro de tipo essencial. Erro sobre o objeto: Leles quer roubar um relógio por imaginar se tratar de relógio de ouro. Assim o faz, um dia depois descobre que o relógio era de plástico e apenas foleado a ouro. Mais, uma vez a confusão sobre o objeto material (o relógio) não interfere na essência do crime, portanto, não há benefício para o agente. Aberratio ictus: Paulo Ventura aponta uma arma para seu inimigo e efetua o disparo letal contra Anderson Brasil, mas por má pontaria alveja terceiro, Jerferson, que vem a morrer. Paulo Ventura responderá por crime de homicídio doloso consumado, levando-se em conta, para efeito de aplicação da pena, as circunstâncias e condições pessoais da vítima visada, ou seja, responde como se tivesse atingido Anderson Brasil. De acordo com o art. 73 do CP há duas espécies de Aberratio ictus: a) com unidade simples ou resultado único (primeira parte), e b) com unidade complexa ou resultado duplo (segunda parte). Erro na execução - Vejamos o que descreve o artigo 73 do código penal: Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 120 O erro na execução com resultado único se produz quando o desvio no golpe faz com que a conduta atinja outra pessoa, diversa da pretendida, a qual não sofre qualquer lesão (o exemplo acima formulada trata dessa hipótese). Dar-se-á, no entanto, a aberratio com resultado duplo se o agente atingir a vítima pretendida e o terceiro, por acidente ou erro na execução. Vejamos o exemplo proporcionado por Estefam: Uma pessoa envia “carta com pó letal, se, ao abri-la, o destinatário (A) estivesse ocasionalmente acompanhado de alguém (B), que, junto com ele, respirasse-o, provocando a morte de ambos, teríamos uma situação em que o homicida pretendia matar A, mas produziu o óbito de A e B (este, por acidente). De acordo com o art. 73, parte final, do CP, o sujeito responderá pelas duas mortes, em concurso formal (ou ideal) de crimes (CP, art. 70). Vale dizer, atribuir-se-ão a ele os crimes de homicídio doloso (com relação a A) e homicídio culposo (no tocante a B), cometidos em concurso formal. É importante registrar que a imputação da morte de B, no exemplo formulado, pressupõe seja previsível que ele pudesse se fazer acompanhar de alguém no momento da abertura da correspondência. Se, por qualquer razão, demonstrar-se que era imprevisível (para uma pessoa de mediana prudência e discernimento) o fato de que A poderia estar acompanhado no exato momento da abertura da carta, o homicida somente responde pela morte deste (ex.: A mora sozinho, não tem empregado e quase nunca recebe visitas, o que fez o agente supor que estaria só ao receber a missiva); caso contrário, ser-lhe-ia imputada uma morte sem dolo ou culpa (ou seja, haveria um caso de responsabilidade penal objetiva, o que é inadmissível à luz do princípio da culpabilidade).” Analise as situações de possível ocorrência quando o assunto é Aberratio ictus com resultado duplo; confiram-se: Imaginemos que uma pessoa saque arma de fogo e, com intenção letal, dispare contra seu desafeto (X), atingindo-o e também a um terceiro (Y): Ocorrendo a morte de ambos, haverá dois crimes, um homicídio doloso consumado (X) e outro culposo (Y), em concurso formal. Resultando somente lesões corporais em ambos, haverá uma tentativa de homicídio (X), em concurso formal com lesões corporais culposas (Y). Dando-se a morte de X elesões corporais em Y, ter-se-ão um homicídio doloso consumado e lesões corporais culposas, em concurso ideal (ou formal). Verificando•-se lesões corporais em X e a morte de Y, imputar•-se•-á ao atirador um homicídio doloso consumado (Y), em concurso ideal (ou formal) com uma tentativa de homicídio (X). Aberratio criminis: Reinaldo quer quebrar o vidro da janela de um vizinho, seu desafeto, contudo, erra o alvo e atinge o vizinho que passava pelo local. Neste caso de acordo com o artigo 74 primeira parte do Código Penal, o agente responde pelo resultado produzido, ou seja, pela lesão e como não tinha queria causa- la respondera na forma culposa. (Nesta parte, muito cuidado, o tipo penal sempre deverá ser verificado para constatação de admissão de forma culposa, caso não admita, não haverá responsabilidade penal). Resultado diverso do pretendido: Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Concurso Formal: Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Assim como o aberratio ictus, o aberratio criminis existe com o resultado único (descrito acima), como também resultado duplo. Neste último imagine que o autor acerte o vidro da casa do vizinho, mas que também 121 acerte o vizinho dentro da casa, nesse caso aplica-se o concurso formal, respondendo pelo dano doloso e por lesão corporal culposa em concurso de agentes. Aberratio Causae: André que matar o amigo pois este lhe deve dinheiro. O chama para conversar um pouco e ambos caminham em direção a uma ponte. De lá André empurra o amigo esperando que o mesmo morra afogado, mas, na queda a vítima bate a cabeça em uma pedra e vem a falecer por traumatismo craniano e não por afogamento. Por se tratar de um erro acidental o agente responderá pelo crime, muito embora a cadeia causal resulte de morte pretendida por via diversa (o autor queria morte por afogamento e por um desvio causal não esperado a vítima morre por traumatismo). Note que apesar da causalidade pretendida não ter sido configurada quem desencadeou o fato foi André que respondera pelo homicídio doloso consumado. Mas, perg untemos, respondera pela qualificadora asfixia pretendida por meio do afogamento? Claro que não, pois apensar de pretender atingir tal resultado, na realidade a morte originou-se do traumatismo. Erro De Proibição O erro de proibição não é um erro sobre dado essencial, ou acidental do tipo penal, mas um erro que atinge a compreensão sobre a ilicitude de uma conduta, ou seja, diferente do erro de tipo o agente sabe o que faz, mas não sabe que o que faz é proibido. Exemplo: Mylena, doméstica e dedicada ao pai que tem uma doença degenerativa, extremamente comovida com pai em situação clinica irremediável, vê seu ente querido pedindo para morrer. Ocorre que Mylena se depara com uma notícia no jornal dizendo que a eutanásia havia sido liberada o que a faz agir de conformidade com o que acredita ser legal. Posteriormente o jornal se retrata e disse tratar-se de equívoco, mas, Mylena já havia agido. Qual a consequência para Mylena? Enfim, se o seu erro era justificável, ou seja, qualquer pessoa com as mesmas características socioculturais incorreria no mesmo erro, ela será isenta de pena, do contrário, se injustificável sua pena será diminuída de 1/6 a 1/3. Diferente do erro de tipo, o erro de proibição recai sobre a culpabilidade. EXERCÍCIOS 01 – (MPE-MG/2017) - Sobre causas de exclusão de ilicitude, de isenção de pena e sobre o erro, assinale a alternativa CORRETA: a) Que o direito penal reconhece a legítima defesa sucessiva e também a recíproca. b) Que a coação física irresistível é causa de isenção de pena. c) Que o erro, quanto aos pressupostos fáticos, se vencível, permite o tratamento do crime como culposo. d) Que é condição para o reconhecimento da legítima defesa que ao agente não seja possível furtar-se à agressão ao seu direito. 02 – (FGV/OAB/2016) - Wellington pretendia matar Ronaldo, camisa 10 e melhor jogador de futebol do time Bola Cheia, seu adversário no campeonato do bairro. No dia de um jogo do Bola Cheia, Wellington vê, de costas, um jogador com a camisa 10 do time rival. Acreditando ser Ronaldo, efetua diversos 122 disparos de arma de fogo, mas, na verdade, aquele que vestia a camisa 10 era Rodrigo, adolescente que substituiria Ronaldo naquele jogo. Em virtude dos disparos, Rodrigo faleceu. Considerando a situação narrada, assinale a opção que indica o crime cometido por Wellington. a) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro na execução. b) Homicídio consumado, considerando-se as características de Rodrigo. c) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro sobre a pessoa. d) Tentativa de homicídio contra Ronaldo e homicídio culposo contra Rodrigo. 03 – (VUNESP/TJ-PA/JUIZ/2017) - “X”, policial militar, reside com sua família em local extremamente violento. De madrugada, é acordado por alguém tentando arrombar a porta de sua casa. Assustado, pede para sua mulher, igualmente em pânico, que não saia do quarto, e caminha para a entrada da casa onde grita insistentemente para que o suposto ladrão vá embora, avisando-o de que, caso contrário, irá atirar. A advertência é em vão, e a porta se abre aos olhos de “X” que, após efetuar o primeiro disparo, percebe que acertou “Z”, seu filho, que, embriagado, arrombou a porta. Na hipótese apresentada, vindo “Z” a falecer em razão dos disparos, “X” a) será isento de pena, pois agiu em erro de tipo invencível. b) praticou o crime de homicídio doloso consumado. c) será isento de pena, pois agiu em erro de tipo causado por outrem. d) praticou o crime de homicídio culposo consumado. e) praticou o crime de homicídio culposo tentado. 04 - Assinale a alternativa correta sobre aberratio ictus, que ocorre quando o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, em vez de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa. a) O agente responde como se tivesse praticado o crime contra a pessoa que pretendia ofender. b) Não é possível ocorrer a aberratio ictus numa causa justificativa. c) No caso de ser também ofendida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do concurso material. d) As expressões aberratio ictus e aberratio criminis são sinônimas. 05 - Aberratio ictus e aberratio criminis são: a) expressões diversas utilizadas para se referir ao mesmo instituto. b) institutos diferentes e há aberratio criminis quando o agente, em vez de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa. c) institutos diferentes e há aberratio ictus quando, por erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido. d) institutos diferentes e há aberratio criminis quando, por erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido. 06 - Se o agente atua por erro plenamente justificável pelas circunstâncias e supõe que se encontra em situação de perigo, haverá: a) Estado de necessidade putativo. b) Estado de necessidadereal. c) Legítima defesa putativa. d) legítima defesa real. 07 - Jaime, brasileiro, passou a morar em um país estrangeiro no ano de 1999. Assim como seu falecido pai, Jaime tinha por hábito sempre levar consigo acessórios de arma de fogo, o que não era proibido, levando-se em conta a legislação vigente à época, a saber, a Lei n. 9.437/97. Tal hábito foi mantido no país estrangeiro que, em sua legislação, não vedava a conduta. Todavia, em 2012, Jaime resolve vir de férias ao Brasil. Além de matar as saudades dos familiares, Jaime também queria apresentar o país aos seus dois filhos, ambos nascidos no estrangeiro. Ocorre que, dois dias após sua chegada, Jaime foi preso em flagrante por portar ilegalmente acessório de arma de fogo, conduta descrita no Art. 14 da Lei n. 10.826/2003, verbis: “Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, 123 ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.Nesse sentido, podemos afirmar que Jaime agiu hipótese de: a) erro de proibição direto. b) erro de tipo essencial. c) erro de tipo acidental. d) erro sobre as descriminantes putativas. 08- (TJ-MT/2014) - Em matéria de erro jurídico-penal, é correto dizer que o erro de tipo essencial: a) Sempre exclui o dolo. b) Sempre exclui o dolo e a culpa. c) Sempre exclui a culpabilidade. d) Atenua a culpabilidade. e) Exclui a culpabilidade, desde que pressentes certos requisitos. 09 –(FCC/DPE-AM/2015) - Em matéria de erro jurídico-penal, é correto dizer que o erro de proibição inevitável: a) Sempre exclui o dolo. b) Sempre exclui o dolo e a culpa. c) Sempre exclui a culpabilidade. d) Atenua a culpabilidade. e) exclui a culpabilidade, desde que pressentes certos requisitos. 10 - (TJ-PR/2014) - Quanto à isenção de pena, assinale a alternativa incorreta: a) É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. b) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. c) O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um a dois terços. d) O desconhecimento da lei é inescusável. 11- (FGV/OAB/2014) - Eslow, holandês e usuário de maconha, que nunca antes havia feito uma viagem internacional, veio ao Brasil para a Copa do Mundo. Assistindo ao jogo Holanda x Brasil decidiu, diante da tensão, fumar um cigarro de maconha nas arquibancadas do estádio. Imediatamente, os policiais militares de plantão o prenderam e o conduziram à Delegacia de Polícia. Diante do Delegado de Polícia, Eslow, completamente assustado, afirma que não sabia que no Brasil a utilização de pequena quantidade de maconha era proibida, pois, no seu país, é um habito assistir a jogos de futebol fumando maconha. Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a principal tese defensiva. a) Eslow está em erro de tipo essencial escusável, razão pela qual deve ser absolvido. b) Eslow está em erro de proibição direto inevitável, razão pela qual deve ser isento de pena. c) Eslow está em erro de tipo permissivo escusável, razão pela qual deve ser punido pelo crime culposo. d) Eslow está em erro de proibição, que importa em crime impossível, razão pela qual deve ser absolvido. 12 – (PMMG/2013) - Um cidadão A adquire uma residência situada ao lado de uma rede de esgoto, sendo invadida, diariamente, no período noturno, pela fresta inferior da porta de sua cozinha, por ratos e camundongos. O sujeito se arma com um pedaço de madeira e, nos dias que se seguem, sempre por volta das 22h, com as luzes apagadas, obtém sucessivos êxitos na captura e morte desses roedores. Certo dia, na mesma hora de sempre, um vizinho do cidadão A, no intuito de depositar um convite de casamento nessa residência, passa sua mão direita por baixo da porta, a fim de depositar o envelope, momento em que recebe uma paulada no dorso do membro, provocando lesão corporal grave. Com o impacto, o vizinho bem intencionado deu um grito, causando uma reação de espanto no cidadão A, que ato contínuo, ascendeu as luzes da casa e abriu a porta, constatando que havia confundido a mão do infrator com um roedor. A polícia foi chamada, sendo o fato esclarecido e encerrado na delegacia. O Delegado 124 que recebeu a ocorrência, liberou todos, haja vista ter sido evidenciado que o proprietário da residência, cidadão A, agiu amparado pela excludente de: a) erro de tipo. b) erro de proibição. c) exercício regular do direito. d) legítima defesa. 13 – ( ) - (MPE-SC - 2016 - MPE-SC - Promotor de Justiça) - O erro sobre elementos constitutivos do tipo penal, essencial ou acidental, em todas as suas formas, exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 14 (NUCEPE/SEJUS-PI/2017) - Em relação ao direito penal, quanto ao erro, marque a alternativa CORRETA. a) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime não exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. b) É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornar ia a ação legítima. Há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. c) Não responde pelo crime o terceiro que determina o erro. d) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado isenta de pena. e) O desconhecimento da lei é inescusável. 15 – (MPE-PR/PROMOTOR/2016) - Mévio, lenhador, está trabalhando já há mais de 12 horas cortando árvores com seu afiado machado. Quando passa para a árvore seguinte, sofrendo uma ilusão de ótica pelo seu cansaço, confunde as pernas de seu amigo Lupércio com o tronco de uma árvore, desferindo contra ele vigoroso golpe de machado, lesionando-o. Neste caso, pode-se dizer que Mévio agiu: a) Em estado de erro de proibição psiquicamente condicionado; b) Em estado de erro de tipo psiquicamente condicionado; c) Em estado de erro de proibição indireto; d) Em estado de erro de tipo permissivo; e) Com dolo eventual. 16 – ( ) - ( MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2016) - O erro sobre elementos constitutivos do tipo penal, essencial ou acidental, em todas as suas formas, exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 17 – (FAURGS/TJ-RS/ACESSOR JUDICIÁRIO) - Considere as afirmações abaixo sobre a teoria do delito. I-A coação irresistível, desde que física, exclui o fato típico em relação ao coagido. II - O erro de tipo inevitável sobre os elementos objetivos do homicídio (art. 121, CP) e o erro de tipo evitável sobre elementos objetivos do crime de aborto provocado pela gestante (art. 124, CP) afastam a possibilidade de responsabilização criminal de seus autores. III - O erro relativo à pessoa, sendo acidental, não isenta de pena, não se considerando na apreciação do fato concreto as condições da vítima que o agente pretendia atingir, mas sim as condições daquela efetivamente atingida. Quais estão corretas? A) Apenas I. b)Apenas II. c)Apenas III. d) Apenas I e II. e)I, II e III. 18 – (VUNESP/TJ-RJ/JUIZ SUBSTITUTO/2016) - Assinale a alternativa que contém a assertiva correta no que diz respeito aos dispositivos relativos ao erro previstos no Código Penal. 125 a) Magnus, policial, adultera, sem autorização legal, sinal identificador de um veículo automotor a fim de que seja utilizado em investigação criminal,