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• Crimes contra a honra • Calúnia • A Constituição Federal, em seu art. 5º, X, dispõe que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Por isso, pune-se também criminalmente quem, deliberadamente, ofende a honra alheia. • Os crimes contra a honra são a calúnia, a difamação e a injúria. Cada um desses delitos tem requisitos próprios e, além de estarem descritos no Código Penal, estão também previstos em leis especiais, como o Código Eleitoral, o Militar e a Lei de Segurança Nacional. Desse modo, os tipos penais da legislação comum só terão vez se não ocorrer quaisquer das hipóteses especiais. • Sendo a honra um bem disponível, o prévio consentimento do ofendido, desde que capaz, exclui o crime. Já o consentimento dado pelo representante legal de ofendido incapaz não exclui o delito, pois a honra afetada não é a dele. • Na calúnia o agente faz uma imputação de fato criminoso a outra pessoa, ou seja, ele narra que alguém teria cometido um crime. Como a calúnia dirige-se à honra objetiva, é necessário que essa narrativa seja feita a terceiros e não ao próprio ofendido. • Não basta, ademais, que o agente chame outra pessoa de assassino, ladrão, estelionatário, pedófilo, corrupto etc., porque, em todos esses casos, o agente não narrou um fato concreto, mas apenas xingou outra pessoa — o que configura crime de injúria. • A calúnia é o mais grave dos crimes contra a honra, exatamente porque pressupõe que o agente narre um fato criminoso concreto e o atribua a alguém. • A narrativa, e não o mero xingamento, possui maior credibilidade perante aqueles que a ouvem, e daí o motivo da maior apenação. Por isso, configura calúnia dizer que João entrou em minha casa e subtraiu o toca- CD de meu carro (se for falsa a imputação), mas caracteriza mera injúria comentar simplesmente que João é ladrão. • Só existe calúnia se a imputação for falsa. Sendo verdadeira, o fato é atípico. A falsidade pode se referir: • a) à existência do fato criminoso imputado, hipótese em que o agente narra um crime que ele sabe que não ocorreu; • b) à autoria do crime, ou seja, quando o delito existiu, mas o agente, tendo ciência de que determinada pessoa não pode ter sido o seu causador, a ele atribui a responsabilidade pelo fato. • Na calúnia o agente visa atingir apenas a honra da vítima, imputando-lhe falsamente um crime perante outra(s) pessoa(s). Na denunciação caluniosa, descrita no art. 339, do Código Penal, a conduta é mais grave, pois nela o agente quer prejudicar a vítima perante as autoridades constituídas, narrando a elas que tal pessoa teria cometido um crime ou contravenção, quando, em verdade, sabe que esta é inocente. • Tipos de calúnia: • Inequívoca ou explícita: Ocorre quando a ofensa é feita às claras, sem deixar qualquer margem de dúvida em torno da intenção de ofender. • Equívoca ou implícita: Quando a ofensa é velada, sub-reptícia. O agente dá a entender que alguém teria feito alguma coisa. • Reflexa: Quando o agente quer caluniar uma pessoa, mas, na narrativa do fato, acaba também atribuindo crime a uma outra. Exceção da verdade • Só existe calúnia se a imputação for falsa. Se ela for verdadeira, o fato é atípico. A falsidade da imputação é presumida, sendo, entretanto, uma presunção relativa, vez que a lei permite que o acusado (ofensor) se proponha a provar, no mesmo processo, por meio de exceção da verdade, que sua imputação é verdadeira. • Assim, se o querelado conseguir provar a veracidade de suas afirmações, será absolvido e, caso o crime imputado seja de ação pública e ainda não esteja prescrito, o juiz deverá remeter cópia dos autos ao Ministério Público, na forma do art. 40 do Código de Processo Penal, para que referida Instituição tome as providências pertinentes - promoção de ação penal em relação ao autor da infração. • A exceção da verdade é um verdadeiro procedimento incidental, usado como meio de defesa, que deve ser apresentada no prazo da defesa prévia (se o procedimento tramitar no Jecrim, nas hipóteses em que a pena máxima da calúnia não supere dois anos), ou da resposta escrita (se a tramitação se der no juízo comum por estar presente alguma causa de aumento que retire a competência do Juizado Especial). • O querelado pode arrolar testemunhas que venham a juízo para confirmar a veracidade da imputação. O Juiz, então, ouve as testemunhas arroladas por ambas as partes e, ao final, analisa a exceção da verdade. O ônus de provar a veracidade da imputação é do querelado, pois, como já mencionado, existe uma presunção — relativa — de que ela seja falsa. • Exceção de notoriedade do fato • O art. 523 do Código de Processo Penal prevê, ainda, a exceção de notoriedade do fato, em que o querelado, nos crimes de calúnia e difamação, visa demonstrar que apenas falou coisas que já eram de domínio público, de modo que sua fala não atingiu a honra da vítima, pois o assunto já era, anteriormente, de conhecimento geral. • XIII - Crimes contra a honra Injuria. Injúria Racial - Reflexões acerca de etnias, raça, preconceito. Disposições comuns. Exclusão do crime. retratação; • XV - Crimes contra a liberdade individual Constrangimento ilegal. Ameaça. Sequestro e cárcere privado; • XVI - Crimes contra a liberdade individual Redução a condição análoga à de escravo. Tratados internacionais sobre Direitos Humanos e tráfico de pessoas; • Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: • Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa. • O crime de difamação tutela também a honra objetiva, isto é, o bom nome, a reputação de que alguém goza perante o grupo social. De modo simplificado, honra objetiva é o que os outros pensam a respeito dos atributos de alguém. • Tal como ocorre na calúnia, a difamação pressupõe que o agente atribua à vítima um fato determinado , concreto, que, aos olhos de outrem, seja algo negativo. O que distingue os dois delitos basicamente é que, na calúnia, o fato imputado necessariamente deve ser definido como crime, enquanto a difamação é genérica, isto é, abrange a imputação de qualquer outro fato ofensivo. • Constitui difamação dizer, com o intuito de atingir a honra alheia, que um trabalhador estava embriagado enquanto prestava serviços; que um empreiteiro utilizou material de péssima qualidade em uma construção; que o empregado dorme em serviço; que o juiz não lê direito os processos que decide; que uma mulher casada está tendo relações sexuais com o vizinho; que determinada moça foi vista trabalhando como garota de programa em certa casa noturna (a prostituição em si não é crime). • A imputação de fato contravencional não está abrangida pelo tipo penal da calúnia, que se refere exclusivamente à imputação falsa de crime. Assim, comete difamação quem atribui a outrem a exploração de jogo do bicho ou a venda de bebida alcoólica para menores (que constituem atos contravencionais). • Excepcionalmente, todavia, o art. 139, parágrafo único, do Código Penal, estabelece que, se o fato é imputado a funcionário público e diz respeito ao exercício de suas funções, será cabível a exceção da verdade. De acordo com a doutrina, essa regra se justifica porque há interesse em se permitir que o autor da imputação demonstre que um funcionário público agiu de forma irregular, para que ele possa ser punido e até mesmo eventualmente desligado de suas funções. Se a exceção da verdade for julgada procedente, o querelado será absolvido. A prova da verdade nesse caso funciona como excludente específica da ilicitude do crime de difamação. • Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: • Pena — detenção, de um a seis meses. • A injúria difere totalmente dos outros crimes contra a honra porque é o únicodeles em que o agente não atribui um fato determinado ao ofendido. • Na injúria, o agente não faz uma narrativa, mas atribui uma qualidade negativa a outrem. Consiste, portanto, em um xingamento, no uso de expressão desairosa ou insultuosa para se referir a alguém. • A característica negativa atribuída a alguém, para configurar injúria, deve ser ofensiva à sua dignidade ou decoro. A ofensa à dignidade é aquela que se refere aos atributos morais da vítima. Configuram-na dizer que alguém é safado, ladrão, velhaco, vagabundo, golpista, corrupto, estelionatário, pedófilo etc. • No crime de injúria contra funcionário público , referente ao desempenho de suas funções, excepcionalmente, só pode ser cometido na ausência da vítima. • É que a ofensa irrogada em sua presença constitui crime mais grave, previsto no art. 331 do Código Penal, chamado desacato . Assim, se um servidor do Poder Judiciário, quando está no cartório, na presença de seus colegas de trabalho, diz que o juiz de direito é preguiçoso para sentenciar, comete crime de injúria agravada pelo fato de a vítima ser funcionário público. • Se alguém, todavia, vai até uma sala de audiência e xinga pessoalmente o juiz, responde por desacato. • São os mesmos dos demais crimes contra honra: verbal, por escrito, gestual ou qualquer outro meio simbólico. • Despedir-se de alguém com as mãos fechadas, implica chamá-lo de sovina, pão-duro. • Dar o nome de uma pessoa a um porco de criação é uma forma simbólica de ofendê-la. Igualmente quem imprime retrato de outrem em papel higiênico, ou pendura chifres na porta de sua casa, ou serve capim em um prato para que ele coma, ou afixa um rabo na parte traseira de sua calça etc. (os exemplos são de Nélson Hungria). • É possível o concurso de crimes quando o agente, em um mesmo momento, profira várias ofensas, de caráter distinto, hipótese em que haverá concurso formal. • Suponha-se que o agente, inicialmente, narre um furto determinado, imputando-o a uma certa mulher e, ao final, refira-se a ela como “drogada”. Ele responde por calúnia e injúria. • Se o agente narrasse que ela furtou alguém durante ato de prostituição, estaria narrando dois fatos concretos ofensivos: o furto e o ato de prostituição. Nesse caso, ele responderia por calúnia e difamação. • Art. 140, § 1º — O juiz pode deixar de aplicar a pena: • I — quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; • II — no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. • Retorsão significa revide, isto é, trata-se de hipótese em que uma pessoa ofende outra imediatamente após ter sido ofendida por esta. Ambas praticaram crimes de injúria. • O fato de alguém ter feito xingamento não torna lícito o revide. • O juiz, porém, pode conceder o perdão a ambos. • Art. 140, § 2º — Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se consideram aviltantes. • Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. • Cuida-se de figura qualificada do crime de injúria, em que o agente ofende a vítima por meio de uma agressão física (violência ou vias de fato). • Para a configuração da injúria real, é preciso que a agressão perpetrada se considere aviltante (humilhante) em razão: • a) Da natureza do ato. • Raspar o cabelo da vítima, esbofeteá-la em público, cuspir em seu rosto, cavalgar a vítima, jogá-la em uma fonte de água no meio de uma festa etc. • b) Do meio empregado. • Atirar tomate podre ou ovo em pessoa que está fazendo um discurso; atirar cerveja ou bolo no rosto de alguém em uma festa etc. • “ Tosagem de cabelo da mulher, pelo marido, em um ímpeto de ciúme, configura a injúria real, constituindo o ato material do corte de cabelo a contravenção de vias de fato, com o objetivo manifesto de injuriar a vítima. Se ocorre apenas vias de fato, a contravenção é absorvida pelo delito ” (Tacrim-SP — Rel. Chiaradia Netto — RT 485/333). • Se da violência empregada para ofender resultarem lesões corporais, ainda que leves, o agente responderá pelos dois crimes. É o que dispõe expressamente o texto legal, sendo certo, ainda, que as penas devem ser somadas, já que o dispositivo diz que as sanções referentes à injúria real (detenção e multa) devem ser aplicadas “além da pena correspondente à violência”. • Assim, embora se trate de hipótese que, pelas regras da Parte Geral do Código, enquadra-se no conceito de concurso formal a mesma agressão ofende e causa as lesões, cederá vez à regra específica da Parte Especial. • Se o crime for cometido por meio de vias de fato — agressão sem intenção de lesionar, a contravenção ficará absorvida. • Art. 140, § 3º — Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: • Pena — reclusão, de um a três anos, e multa. • Essa qualificadora do crime de injúria foi originariamente introduzida no Código Penal pela Lei n. 9.459/97, mas a sua parte final, referente a vítimas idosas ou deficientes, foi inserida pelo Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003). • A 1ª parte do dispositivo, que trata da ofensa referente à raça, cor, etnia, religião ou origem, conhecida como injúria “racial”, merece esclarecimento no sentido de ser diferenciada do crime de racismo do art. 20 da Lei n. 7.716/89, também introduzido pela Lei n. 9.459/97. • Com efeito, o crime de injúria, como todos os demais crimes contra a honra, pressupõe que a ofensa seja endereçada a pessoa determinada ou, ao menos, a um grupo determinado de indivíduos. • Assim, quando o agente se dirige a uma outra pessoa e a ofende fazendo referência à sua cor ou religião, configura-se a injúria qualificada. • O crime de racismo, por meio de manifestação de opinião, estará presente quando o agente se referir de forma preconceituosa indistin- tamente a todos os integrantes de certa raça, cor, religião etc. • Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qual quer dos crimes é cometido: • I — contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; • II — contra funcionário público, em razão de suas funções; • III — na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria; • IV — contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. • Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica se a pena em dobro. • Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível: • I — a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; • II — a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; • III — o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. • Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. • O texto legal elenca algumas hipóteses e diz que elas “não constituem • injúria ou difamação puníveis”, verifica-se que tais regras têm natureza jurídica de causas especiais de exclusão da ilicitude, não constituindo, portanto, infração penal. • Ressalve-se que as excludentes não incidem sobre o crime de calúnia. • Em juízo, a excludente alcança as partes propriamente ditas (autor e réu), bem como assistentes, litisconsortes, terceiros intervenientes, inventariantes etc. • Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. • Como no crime de injúria não há imputação de fato determinado, o legislador excluiu a possibilidade de a retratação extinguir a punibilidadeem tal delito. Assim, eventual retratação não beneficia o autor de crime de injúria . • Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las, ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. • Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: • Pena — detenção, de três meses a um ano, ou multa. • A liberdade das pessoas de fazer ou não fazer o que bem lhes aprouver, dentro dos limites legais. • Cuida-se de complemento à regra inserta no art. 5º, II, da Constituição Federal, segundo a qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei ”. • Grave ameaça é a promessa de mal grave a ser causado no próprio agente ou em terceiro que lhe é querido. • Dessa forma, comete o delito a pessoa de proporções físicas avantajadas que manda a vítima franzina mudar de assento em um estádio de futebol pois, caso contrário, irá agredi-la. • Igualmente constitui crime dizer para a mãe que irá matar o filho dela, caso ela vá a uma festa. • A doutrina salienta que, ao contrário do que ocorre no crime de ameaça, no constrangimento ilegal não é necessário que o mal prometido à vítima seja injusto, bastando que a pretensão do agente seja ilegítima. • Existe ainda uma forma genérica de cometer o crime de constrangimento ilegal, consistente no emprego de qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima para que ela faça ou deixe de fazer algo, como, por exemplo, o emprego de soníferos, calmantes ou de hipnose. Tal forma é conhecida também por “violência imprópria”. • Art. 146, § 1º — As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. • Art. 146, § 2º — Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. • Art. 146, § 3º — Não se compreendem na disposição deste artigo: • I — a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida. • II — a coação exercida para impedir suicídio. • Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave. • Pena — detenção, de um a seis meses, ou multa. • Parágrafo único. Somente se procede mediante representação. • O mal prometido deve ser grave, devendo, portanto, se referir à promessa de dano a bem jurídico relevante para a vítima, como a vida, a integridade física, o patrimônio, a honra etc. Ex.: ameaçar a vítima de morte, ameaçar desfigurar seu rosto, dizer que vai colocar fogo no carro dela, falar que irá estuprá-la da próxima vez que se encontrarem etc. • É ainda necessário que o mal prometido seja injusto , ou seja, contrário ao direito, pois, se o mal prometido for permitido pela legislação, o fato será atípico, como, por exemplo, dizer que vai despejar o inquilino que não paga os aluguéis, falar que vai protestar o cheque não honrado, anunciar que irá demitir empregado etc. • Não há crime quando o agente roga uma praga à vítima dizendo, por exemplo, “tomara que você morra logo” ou “se Deus quiser você terá um infarto”. • É que, nesses casos, o agente não prometeu um mal cuja concretização dependa dele de algum modo. • Crime de sequestro ou cárcere privado. • Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: • Pena — reclusão, de um a três anos. • A doutrina costuma distinguir sequestro de cárcere privado sustentando que, no primeiro, a vítima é deixada em lugar aberto com possibilidade de considerável movimentação, porém, sem poder deixar aquele local. • Ex.: em uma chácara, em uma praia deserta. • No segundo, a vítima é privada da liberdade em local fechado (trancada em um quarto ou no porta malas de um carro). • No primeiro caso, há enclausuramento e, no último, confinamento. • Art. 147 – Ameaça – Crimes contra a liberdade pessoal. • A ameaça se diferencia do constrangimento ilegal (art. 146 do CP), porque neste o agente busca uma conduta positiva ou negativa da vítima e aqui, na ameaça, o sujeito ativo pretende tão somente atemorizar o sujeito passivo. • Sujeito ativo – Qualquer pessoa; Sujeito passivo – Pessoa com capacidade de entendimento. • Trata-se de CRIME SUBSIDIÁRIO, constituindo meio de execução do constrangimento ilegal, extorsão, etc. • A ameaça tem que ser verossímil, por obra humana, capaz de instituir receio, independente de causar ou não dano real a vítima. • Trata-se de CRIME FORMAL, não sendo necessário que a vítima sinta-se ameaçada. • Consuma-se a ameaça no instante em que o sujeito passivo toma conhecimento do mal prenunciado, independentemente de sentir-se ameaçado ou não (crime formal). Contudo, é possível a TENTATIVA, quando a ameaça é realiza por escrito. • Só é punível a título de dolo. O delito exige ânimo calmo e refletido, excluindo-se o dolo no caso de estado de ira e embriaguez (jurisprudência dominante). • A ação penal é pública, porém somente se procede mediante REPRESENTAÇÃO. • Art. 148 – Sequestro e Cárcere Privado • Sujeito ativo e sujeito passivo: Qualquer pessoa. • É CRIME PERMANENTE. • O consentimento do ofendido exclui o crime. Ex: retiro espiritual. • SEQUESTO X CÁRCERE PRIVADO: No sequestro a vítima tem maior liberdade de locomoção (vítima presa numa fazenda). Já no cárcere privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade num recinto fechado (dentro de um quarto ou armário). • DENTENÇÃO X RETENÇÃO: Na detenção priva-se a vítima da liberdade, levando ela para algum lugar. Já na retenção impede-se a vítima de sair de um determinado lugar. • A DURAÇÃO DA PRIVAÇÃO DA LIBERDADE É IRRELEVANTE, mas se superior a 15 dias agrava a pena. • O crime só é punido a tipo de DOLO. • São delitos MATERIAIS e PERMANENTES, uma vez que o tipo descreve a conduta e o resultado. • É possível a TENTATIVA. • A AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA. • Na causa de aumento (§1º, II) relativo à internação da vítima, deve existir o DOLO DE SEQUESTRAR camuflando o sequestro com a internação. • É necessário distinguir o DOLO DE SEQUESTRAR, da conduta relacionada aos Arts. 22 e 23 da Lei 3.688/41 (contravenções penais) relativo à contravenção conhecida como INTERNAÇÃO IRREGULAR. • Sequestrar para fim libidinoso (§ 1º, V) abrange homem ou mulher, uma vez que o tipo “rapto” foi revogado pela lei 11.106/05. • OBS.: O tipo diz respeito ao fim libidinoso. E esgota-se na finalidade. Contudo, se o agente praticar o ato sexual, responderá em concurso material de crimes: Sequestro + Estupro. Neste caso, aplicar-se o sequestro do caput, sem o aumento de pena pelo fim libidinoso para que não incorra em bis idem. • Preliminarmente quem sequestra não quer matar, já que se sequestra pessoa viva. Contudo, se a pessoa for maltratada e não morrer (§ 2º) a pena será de 2 a 8 anos. Já se a morte for culposa a pena será menor do que os maus tratos (incoerência). • Art. 149 – Redução a Condição Análoga à de Escravo • Também conhecido, como CRIME DE PLÁGIO – sujeição de uma pessoa ao domínio de outra. • Embora o agente não prenda a vítima diretamente, ele cria condições adversas para que ela não manifeste a sua vontade. • O consentimento do ofendido é IRRELEVANTE, uma vez que a situação de liberdade do homem constitui interesse preponderante do Estado. • Trata-se de crime PERMANENTE, só é punível a título de DOLO. • Admite-se a TENTATIVA. • Não confundir este tipo com o do art. 203 – relativoa frustração de direitos trabalhistas. Isso não é exatamente o mesmo que reduzir a condições análogas a de escravo. • Já o §2º, II não se relaciona com o crime de racismo previsto na lei 7716/89. • AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. • Art. 148 – Sequestro e Cárcere Privado • Sujeito ativo e sujeito passivo: Qualquer pessoa. • É CRIME PERMANENTE. • O consentimento do ofendido exclui o crime. Ex: retiro espiritual. • SEQUESTO X CÁRCERE PRIVADO: No sequestro a vítima tem maior liberdade de locomoção (vítima presa numa fazenda). Já no cárcere privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade num recinto fechado (dentro de um quarto ou armário). • DENTENÇÃO X RETENÇÃO: Na detenção priva-se a vítima da liberdade, levando ela para algum lugar. Já na retenção impede-se a vítima de sair de um determinado lugar. • A DURAÇÃO DA PRIVAÇÃO DA LIBERDADE É IRRELEVANTE, mas se superior a 15 dias agrava a pena. • O crime só é punido a tipo de DOLO. • São delitos MATERIAIS e PERMANENTES, uma vez que o tipo descreve a conduta e o resultado. • É possível a TENTATIVA. • A AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA. • Na causa de aumento (§1º, II) relativo à internação da vítima, deve existir o DOLO DE SEQUESTRAR camuflando o sequestro com a internação. • É necessário distinguir o DOLO DE SEQUESTRAR, da conduta relacionada aos Arts. 22 e 23 da Lei 3.688/41 (contravenções penais) relativo à contravenção conhecida como INTERNAÇÃO IRREGULAR. • Sequestrar para fim libidinoso (§ 1º, V) abrange homem ou mulher, uma vez que o tipo “rapto” foi revogado pela lei 11.106/05. • OBS.: O tipo diz respeito ao fim libidinoso. E esgota-se na finalidade. Contudo, se o agente praticar o ato sexual, responderá em concurso material de crimes: Sequestro + Estupro. Neste caso, aplicar-se o sequestro do caput, sem o aumento de pena pelo fim libidinoso para que não incorra em bis idem. • Preliminarmente quem sequestra não quer matar, já que se sequestra pessoa viva. Contudo, se a pessoa for maltratada e não morrer (§ 2º) a pena será de 2 a 8 anos. Já se a morte for culposa a pena será menor do que os maus tratos (incoerência). • Art. 149 - Redução a Condição Análoga à de Escravo • Também conhecido, como CRIME DE PLÁGIO – sujeição de uma pessoa ao domínio de outra. • Embora o agente não prenda a vítima diretamente, ele cria condições adversas para que ela não manifeste a sua vontade. • O consentimento do ofendido é IRRELEVANTE, uma vez que a situação de liberdade do homem constitui interesse preponderante do Estado. • Trata-se de crime PERMANENTE, só é punível a título de DOLO. • Admite-se a TENTATIVA. • Não confundir este tipo com o do art. 203 – relativo a frustração de direitos trabalhistas. Isso não é exatamente o mesmo que reduzir a condições análogas a de escravo. • Já o §2º, II não se relaciona com o crime de racismo previsto na lei 7716/89.
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