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MARCUSCHI 2003 - Generos Textuais - Definição e Funcionalidade

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Organizadoras: 
Angela Paiva Dionisio (UFPE) 
Anna Rachei Machado (PUC-SP) 
Maria Auxiliadora Bezerra (UFPB) 
Gêneros Textuais 
& Ensino 
EDITORA LUCERNA 
Rio de Janeiro - 2002 
TEXTO OI 
Gêneros textuais: 1 
definição e funcionalidade 
Luiz Antônio Marcuschi 
1. Gêneros textuais como práticas sócio-históricas 
)a se tornou trivial a idéia de que os g~ncros textuais sao fenômenos histó-
ricos, profundamente vinculados à vida cultural c social. Fruto de trabalho 
coletivo, os gêneros conuibuem p.ua ordeMr c establliz.1f as atividades comu-
nicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivas e formas de aç.1o social 
incontornáveis em qualquer situaçAocomunlca\lva. No entanto, mesmo apre-
sentando alto poder preditlvo c Interpretativo das ações humanas em qualquer 
contexto discursivo, os gêneros n:lo ~"i o Instrumento~ c~t:m<lu<'~ c cnrijcçcciorc~ 
da aç~o criativa. Caracterizam-se como eventos textuais altamente malcáveis, 
dinâmicos e plásticos. Surgem emparelhados a necessidades c atividades sócio-
CÚiturais, bem como na relaçao com inovações tecnológicas, o que é facilmente 
perceptível ao se considerar a quantidade ele gêneros text uais hoje existen tes 
em relaçao a sociedades anteriores à comunlcaçno escrita . 
Quanto a esse último aspecto, uma simples obscrvaçao histórica do surgimento 
dos gêneros revela que, numa primeira fase, povos de cultura essencialmente 
oral desenvolveram um conjunto limitado de gêneros. Após a invenç~o da escrita 
alfabética por volta do século VIl A. C., multiplicam-se os gêneros, surgindo os 
típicos da escrita. Numa terceira f~se, a partir do século XV, os gêneros expan-
dem-se com o florescimento da cuJturi'l imprcss.t~ para, na ft~sc intermediária de 
industrialiwção inidada no século XVIII, dar lnfclo a uma grande ampliaç~o. 
Hoje, em plena fase da denominada cultum tletr6rrictl, com o telefone, o gravador, 
o rádio, a lV e, partlcularmente o computador pessoal e sua aplicaçAo mais 
notável, a irrtemtt, presendamos uma explosão de novos g~ncros e novas formas 
de comurtlcação, tanto na oralidade como na escrita. 
1 Este t~Jho. cbbondo~lmmtepu.l o prt1tnte llvro,lnC"'OJllf:. utm série de~ 
~nvoMd.l$ com gnndc dtt~lhe em um Uvto de minha autod.a (Marruschi, no pK'~). q-..;c 
Hti stttdo fin.lllz:ado tcb o título: •GbttrOS Tt..d•ls: Coruf1n,f{410 t Pnfdc•.s S«fodl!aflf-r-: .i Jtr 
lanÇiidO pcl~ Editon Corta an bfn't'. 
,-----------------Luiz Antômo Marcuschi 
2ll 
Isto é rcvclndor do fato de que os gêneros textuais surgem, situam-se c 
integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. Caracteri-
zam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais 
do que por suas p«uliaridades lingOlstlcas e estruturais. São de difícil dcfiniçao 
formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos sócio-
pragm~ticos caracterizados como práticas sócio-discursivas. Quase inúmeros 
em diversidade de formas, obtêm denomonaçOes nem sempre unlvocas e, 
assim como surgem, podem desaparecer. 
Esta colet3nea traz estudos sobre uma variedade de gêneros textuais relacio-
nados a algum melo de comunlcaçao e analisa-os em suas peculiaridades 
organizacionais e funcionais, apontando ainda aspectos de interesse para o 
trabalho em sala de aula. Neste contexto, o presente ensaio caracteriza-se como 
uma lntroduç3o geral A lnvcstigaç3o dos gêneros textuais c desenvolve uma 
batcrla de noçOes que podem servir para a compreens!o do problema geral 
envolvido. Certamente, haveria multas outras persp«tivas de análise e muitos 
outros caminhos teóricos para a dcflnlçao e abordagem da qucstao, mas tanto 
o exlguo espaço como a finalidade didática desta breve introduçao impedem 
que se faça m longas lncursócs pela bibliografia técnica hoje disponível. 
2. Novos gêneros e velhas bases 
Como afirmado, nao ~ dlffcll constatar que nos últimos dois s~culos foram 
as novas tecnologias, em especial as ligadas A ~rca da comunlcaçao, que propi• 
ciaram o surgimen to de novos gêneros textuais. Por certo, nao sao propria-
mente as tecnologias ptr se que originam os gêneros e sim a intensidade dos 
usos dessas tecnologias c suas Interferências nas atividades comunicativas 
diárias. Assim, os grandes suportes tecnológicos da comunicaçao tais como o 
r~dio, a televl s3o, o Jornal, a tevlsta, a internet, por terem uma presença 
marcante c grande centralidade nas atividades comunicativas da realidade 
social que ajuda m o criar, v3o por sua vez propiciando e abrigando gêneros 
novos bastante característicos. Daí surgem formas discursivas novas, taiscomo 
editoriais, artigos de fundo, noticias, telefonemas, telegramas, telemensagens, 
teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, cartas eletrônicas 
(t-mails), bate-papos virtuais, aulas virtuais c assim por diante. 
~uramente, esses novos gêneros nao sJo inovações absolutas, quais cria-
ções ab ovo, sem uma ancoragem em outros gêneros já existentes. O fato já fora 
notado por llakhtin (1997) que falava na 'transmutaç3o' dos gêneros e na assi-
milaçao de um g~nero por outro gerando novos. A tecnologia favorece o 
surgimento de formas inovadoras, mas n3o absolutamente novas. Veja-se o caso 
do telefonema, que apresenta similaridade com a conversaç3o que lhe pré-existe, 
Gêneros textuats: definição o funcionalidade-----------, 
mas que, pelo canal telefônico, realiza-se com características próprias. Daí a dife-
rença entre uma conversaçao face a face c um telefonema, com as estratégias que 
lhe sJo pecullarcs. O t-mail (correio eletrônico) gera mmsagens eletrônicas que 
têm nas cartas (pessoais, comerciais etc.) e nos bilhetes os seus antecessores. 
Contudo, as cartas eletrônicas s:!o gêneros novos com identidades próprias, como 
se verá no estudo sobre gêneros emergentes na mfdia virtual. 
Aspecto central no caso des~ e outros gêneros emergentes é a nova relaç3o 
que Instauram com os usos da linguagem CQmo tal. Em certo sentido, possi-
bilitam a redeflnlç3o de alguns asp«tos centrais na observaç3o da linguagem 
em uso, como por exemplo a rclaç~o entre a oralidade e a escrita, desfazendo 
ainda mais as suas fronteiras. Esses gêneros que emergiram no último século 
no contexto das mais diversas mldlas criam formas comunicativas próprias 
com um certo llibrldismo que desafia as relações entre oralidade e escrita c 
lnvlabillza de forma definitiva a vtlha visJo dicotômica ainda presente em 
muitos manuais de ensino de llngua. Esses glfneros também permitem observar 
a mi.lor lntegraç-3o entre os vários tipos de semloses: sigrÍos verbais, sons, 
imagens e formas em movimento. A linguagem dos novos gêneros torna-se 
cada vez mais plástica, assemelhando-se a uma coreografia e, no caso das 
publicidades, por exemplo, nota-se uma tend~ncla a servirem-se de maneira 
sistcm~tlca dos formatos de g~ncros l"~vios pma objet ivos novos. Como certo< 
gêneros jã têm um determinado uso e funcionalidade, seu investimento em 
outro quadro comun icativo c funcional permite enfatizar com mais vigor os 
novos objetivos. 
Quanto a este (tltlmo ~spccto, ~bom salicn t~r que embora os gêneros tex-
tuais n~o se caracterizem nem se definam por aspectos formais,,sejam eles 
estruturais ou llngOistlcos, c sim por ~spcctos sócio-comunicativos c funcionais, 
isso n3o quer dizer que estejamos desprezando a forma. Pois é evidente, como 
se verá, que em muitos casos s~o as formas que determinam o gênero c, em 
outros tantos serão os funçOes. Contudo, haverá casos em que será o próprio 
suporte ou o ambiente em que os textos aparecem que determinam o género 
presente. Suponhamos o caso de um determinado texto que aparece numa 
revista cient!flca e constitui um g~ncro denominado •arti,~o ciemi(rco•; imagi-
nemos agora o mesmo texto publicado num jornal diário e então ele seria um 
"artigo dt divulgaçlfocientf{ica•. t claro que há distinções bastante claras quanto 
aos dois gi?neros, maspara a comunidade científica, sob o ponto de vista de 
suas classificações, um trabalho publicado numa revista científica ou num jornal 
diário n3o tem a mesma dassiOcaçJo na hierarquia de valores da produç3o 
científica, embora se)a o mesmo tato. Assim, num primeiro momento podemos 
dizer que as exprcssOes •mtsrno rolo" e "mtSmo gintro" nao são automatica. 
mente equivalentes, desde que n3o estejam no llltllllO suporte. Estes aspectos 
sugerem cautela quanto a considerar o predomlnio de formas ou funçõo-..s para 
a detcrmlnaç3o e ldentiflcaç3o de um g~ncro. 
2t 
02 
,-----------------Luiz Antônio Marcuschi ~2 
3. Definição de tipo e gênero textual 
/Upecto teórico e terminológico relevante é a distinção entre duas noções 
nem sempre analisadas de modo claro na bibllograna pertinente. Trata-se de 
distinguir entre o que se convencionou chamar de tipo textual, de um lado, e 
gtlltro texntal, de outro lado. Não vamos aqui nos dedicar à observaÇilo da 
diversidade terminológica existente nesse terreno, pois Isso nos desviaria muito 
dos obJetivos da abordagem. 
Partimos do pressuposto básico de que é lmposslvel se comunicar verbal. 
mente a nõo ser por algum gênero, assim como é imposslvel se comunicar ver-
l>aimcntc a n~o ser por algum texto. Em outros termos, partimos da idéia de 
que a comunicaç~o verbal só é possível por algum gE11cro textual. Essa posiÇilo, 
defendida por Bakhtin (1997] c também por Bronckart (1999) é adotada pela 
maioria dos autores que tratam a língua em seus aspectos discursivos e 
enunciativos, e não em suas peculiaridadc.s formais. Esta vis~o segue uma noção 
de Hngua como atividade social, histórica e cognitiva. Privilegia a natureza 
funcional c interativa e não o aspecto formal c estrutural da língua. Afirma o 
caráter de indeterminação e ao mesmo tempo de atividade constitutiva da 
língua, o que equivale a dizer que a língua nlo é vista como um espelho da 
realidade, nem como um Instrumento de reprc.sentaç:lo dos fatos. 
Nesse contexto teórico, a língua é tida como uma forma de açõo social e 
histórica que, ao dizer, também constitui a realidade, sem contudo cair num 
subJetivismo ou Idealismo Ingênuo. Fugimos também de um realismo externallsta, 
mas nao nos situamos numa vlsJio subjetivista. ruslm, toda a postura teórica aqui 
desenvolvida Insere-se nos quadros da hipótese sócio-Interativa da língua. É neste 
contexto que os gêneros textuais se: constituem como ações sócio-discursivas 
para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo. 
Para uma maior compreens~o do problema da distinção entre gêneros e 
tipos textuais sem grande complicação t~cnlca, trazemos a seguir uma defi. 
nlçao que permite entender as diferenças com certa facilidade. Essa disti nção 
~fundamental em todo o trabalho com a produçllo e a compreensllo textual. 
Entre os autores que defendem uma posiçllo similar à aqui exposta estão 
Douglas Bíber (1988), john Swales {1990), Jean-Michel Adam (1990), Jean. 
Paul Bronckart (1999). Vejamos aqui uma breve dcfiniçao das duas noções: 
(a) Usamos a expressão tipo texnml para designar uma espécie de consrruÇilo 
teórica definida pela lloOITtza lillgiiísticn de sua composição (aspectos 
lexicais, sintâticos, tempos verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos 
texnmis abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: 
nmmçc1o, argumentação, exposição, descriçllo, injwrçclo. 
(b) Usamos a expressao gênero texnml como uma noção propositalmente 
vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida 
Gêneros textuais: definição e funcionalidade -----------, 
diária e que apresentam cnrnctcrfsticas s6cio-comwricativas definidas por 
conteúdos, propriedades funcionais, estilo c composição caracteristica. 
Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. 
Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: ttlt(OIItmn, sermão, carta 
comercial, carta pessoal, romance, billrett, rtportagtm jomalística, aula 
expositiva, reunião de condomfnio, uotfcia }omnlfsticn, horóscopo, r«t'illl 
culincfria, bula de remédio, lista dt compras, cnrdtfpio dt restaurante, iustnJ. 
çDtS de liSO, outdoor, inquérito policial, rest11lra, edital de co11Curso, piada, 
coHver:mção espo11tânea, corr(erência, carta elctrflllica, bate-papo por compu· 
tntfor, aulas vr'rtrmis c assim por di:mtc. 
Para uma maior visibilidade, poderíamos elaborar aqui o seguinte quadro 
slnópllco: 
TIPOS TEXTUAIS 
I. COtUlNC'IOS teóriCOS dd1nidos por propri«h· 
dos Ungubtias In~ 
Z. constllutm J.t'q,Oftlcbs lingüistias ou ~­
qDfnda.s de cnundados e 1\Jo siO te-xtos 
empíricos 
3 . .sua nomeaçlo abr~nge um con1unto llmJta. 
do de catcgoriM tt:óriea..s dete:rmlnadu por 
:aspectos lexlcals, slntA.ttcos, rt!l.ações lógtcas, 
tempo verbal; 
4. dn.lgn:~~OC.s tcór1c.l..sdos tipos: narraç.,o, argu· 
mentaç.\o, dc.salç!o, ln)unç.lio c c.xposiç:ão 
GÊNEROS TEXTUAIS 
1. re,ll~o~Ç'0(1 Unl(lúUc~.s concretas defini· 
cb.s por pr~ )Ôcio-comuniativn; 
Z. con.slltutm tu·tos nnpirkamente realiu· 
do.s CUmPflndo (unçOo em situaçôcs com uni· 
catlv"; 
3. su.a nomtJÇ~o:lbf.,ng~ um conlunto~bet· 
to e prtliiC:.l.mcntc Ilimitado de dc$-i.gnações ron-
cretu detcunlnadas peloca,lal. tslllo. conteú· 
do, compost~lo c funç:2.o: 
4. txemt>IOS de g~ncro's: tc~cfonema, scrm!ío, 
cn.rta COIUCid31, CJI1a pc$$031, romance, bilhc· 
te_ aula ~xposltlva, ftunJ3o dt.condomínio, ho· 
róscopo, rccdta cu11n:U\;,, b\lla de ftmCdio, li_s.. 
t-.a de compr:n, c:udiplo, lnstruçôts de uso, 
outdoor, lnquMto poiiC'I~I. r<'Senha, cdl1011 de 
CônC\1110, pllldil, convcrsaçSo cspontinc:a, con· 
ferb1cl.a, carta clcuOnln, bat~papo vi.rtua.l, au· 
las vlrtuah: ttc. 
Antes de analisarmos alguns gêneros textuais e algumas questões relativas 
aos tipos, seria interessante definir mais uma noç3o que vem sendo usada de 
maneira um tanto vaga. Trata-se da expressao dominio discursivo. 
(c) Usamos a expressão dom(nio discursivo para designar uma esfera ou ins. 
t5ncia de produção discursiva ou de atividade humana. Esses tlom(nios 
na o são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos 
bastante específicos. Do ponto de vista do.~ domínios, falamry.; ~m dis·"•;o 
23 
03 
.-----------------Luiz Antônio Marcuschi 
24 
jurfdico, discurso jornallstico, discurso religioso etc., já que as atividades 
furldica, fornalistica ou religiosa nao abrangem um gênero em particu-
lar, mas da o origem a vários deles. Constituem práticas discursivas den-
tro das quais podemos Identificar um conjunto de gêneros textuais que, 
~~vezes, lhe sao próprios (em certos casos exclusivos) como práticas ou 
rotinas comunicativas lnstituclonallzadas. 
Veja-se o caso das jaculat6rias, novrnas e ladainlras, que sao gêneros exclu-
sivos do domlnio religioso e nao aparecem em outtos domínios. Tome-se 
este exemplo de uma jnculnt6ria que parecia extinta, mas ê altamente praticada 
por pessoas religiosas. 
Exemplo (I) jaculat6ria (In: Rtumos o Terço. Aparecida, Editora Snntudrio, 1977, 
p.54} 
~nhora Aparcdda, mllagros.a pa<lrot"lra, s.t'de not.JI guiJI n~~ mortal c:antir-J! 
O VIrgem Apiui!'C'Ida, J.a<drlo do rt<lentor, dali almJ de$ falecida vosso podt:r e valor. 
O Virgem A~rcdda, Rei e t.(ltlrO norte, alcomç.aJ.ncn graças na vida, f.tvorecd-nos na 
mortc1 
A jaculat6ria é um g!'ncro textual que se caracteriza por um conteúdo de 
grande fervor religioso, estilo laudatório e lnvocatório (duas seqüências 
lnjuntlvas ligadas na sun formulaçao Imperativa), composiçao curta com 
poucos enunciados, vol tada para a obtençao de graças ou perdão, a depender 
da circunstância. 
Em relaçno à.s observações teóricas acima, deve-se ter o cuidado de nao 
confundir texto e discurso como se fossem a mesma coisa. Embora haja muita 
discussao a esse respeito, pode-se dizer que ttxto ~ uma entidade concreta 
realizada materialmente c corporlflcadaem algum gênero textual. Discurso é 
aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma Instância discursiva. 
Assim, o discurso se realiza nos textos. Em outros termos, os textos realizam 
discursos em situaç~s institucionais, históricas, sociais e ideológicas. Os textos 
sao acontecimentos discursivos para os quais convergem ações lingüísticas, 
sociais e cognitivas, segundo Robert de Beaugrande (1997). 
Observe-se que a dcflnlçao dada aos termos aqui utilizados é muito 
mais operacional do que formal. rusim, para a noção de tipo tutual predo-
mina a identlflcaçlo de Stqillrrcias lirrzüfsHcas típicas como norteadoras; já 
para • noçlo de zhrtro IUhtal, predominam os critérios de ação prática, 
circulação s6cio-1rist6ricn, (mrcionalidadt, corrte1ído temático, tslilo e 
composiciorrnlidode, sendo que os domfnios discursivos sao as grandes esferas 
Gêneros textuais: delinlçao e lunclonalidade -----------. 
da atividade humana em que os textos circulam. Importante ê perceber 
que os gêneros na o sao entidades formais, mas sim entidades comunicativas. 
Gêneros sao formas verbais de açao social relativamente estáveis realizadas 
em textos situados em comunidades de práticas sociais e em domínios 
discursivos especHicos. 
4. Algumas observações sobre os tipos textuais 
Em geral, a expressao •tipo dt ttxto•, muito usada nos livros didáticos e no 
nosso dia-a-dia, é equivocadamente empregada c n3o designa um tipo, mas 
sim um gintro de luto. Quando alguém diz, por exemplo, •a carta pessoal i 
um tipo de tuto in(omral", ele nao está empregando o termo "tipo de luto• de 
maneira correta c deveria evitar essa forma de falar. Uma carta pessoal que 
voei! escreve para sua mae é um gênero tutual, assim como um tditorial, Jror6s-
copo, rtctita mMica, bula de rmrMio, poema, piada, COIIvtrSaçllo casual, e11l«Vista 
jornalística, artigo cientf{ico, rwmro de 11111 artigo, prefácio de um livro. É evidente 
que em todos estes g~ncros também se está realizando tipos textuais, podeo do 
ocorrer que o mesmo g!'ncro realize dois ou mais tipos. Assim. um texto ê em 
geral tipologicamente variado (hcterog!'nco). Veja-1e o caso da cart.1 pessoal, 
que pode conter umn scqo~nctn n:urac lva (contn utna historinha), umil Mgu· 
mentaçao (argumenta em funçao de algo), uma descriçao (descreve uma sl-
tuaçao) e assim por diante. 
Já que mencionamos o caso da carta pessoal. tomçmos este breve exemplo 
de uma carta entre amigos. Aqui foram suprimidos alguns trechos e mudados 
os nomes e as siglas para nno idcntlflcaçao dos atores sociais envolvidos: 
Exemplo (2): NELFE-003 - Carta ptssoal 
Seqüências tipológícas Gênero textual: carta pessoal 
O=rttlv> ~R::;Io::•::;l::;t/.:.08::/_:t9:..:9_:t _______ _ 
lnluntlva Amlg01 A.P. 
011 
OtscrltiY.t hra str mail prt'Ciso tstou no tntu qmrto, 
acrcvmo na oaivani.nha. com um M'taOSystan 
llpdo na minlu frtnt~ (bml alto, por si.n.aJ). 
Expo•ltiV> E>IJ ligado na Man<h<t< FM ·ou rádio dos 
funkJ · N adoro funk. prindpaJmtntt com 
J'WO' l!lllrcadoi. 
Aqui nolio~oritrnodo rroo.--ne:tQ.. .. ~vott. 
costJ1 CO$tO tambtm de how~ c: <Wl« mwk. 
""' ta!dnado pcx dbcot<ml 
S<mpi< vou i K.l, 
25 
04 
,-----------------Luiz Antônio Marcuschi 
Ellposltlv.J 
N.atrJtlva 
lnfuntlva 
lnJuntiV.J 
Exposltlv• 
Exposlllw1 
Narra uva 
lnJunbYJ 
lnJunuva 
ontem me-.smo (suta-fd.ra ) eu fui t- cheguei 
quase qu.auo hor.a.s da madrugada. 
Dançar é multo bom. pdndpalmente em 
uma di.Kottca ltgal. Aqui no condomínio onde 
moro tfm muitos Jo~ns. somos todos muito 
amigos e Sempre vam<» rode» juntos. É multo 
ma.nrirol 
C. (Oi tr& vt:ta 1 X. 1.., 
Esti toc::J.ndo acora o "Me!õ da Mina Senw· 
J1'. super dtma.ls! 
Aqui ouço t.arr'lblm a Tr1.1mm&ia e RPC fM. 
E voct, qUJIS r~k>S C\Utt7 
Dtmorel um tempSo pra rtspondc:r, espero 
slnctumente que vod n.lo ot~ja chatead.l co-
migo. Eu me amanti de: vt'rdadc: em voe~ ai, 
do RKifc, pflndpalmente a galera da ET, voe-h 
ilo muito mancirml Meu maior ronho é via· 
Jar, ncar um tempo por ai, conhecer legal vocês 
•odos, sainnos juntos ... 56 que não sei ao cerco 
se vou re.1lmcnte no lnfclo de 1992.. Mas pode 
ier que di, quem iabe! / .............. / 
NJo stl ao certo u vou ou não, mas fique 
cena que !;.rei de tudo para conhecer vocés o 
mais r!pldo pouivel. rono te dizer uma cols.~? 
Adoro muito voci!s! 
AgOra. a mlnh.a rotina..: ls ~gunda.s, quartas e 
><XfM.feiJM lnlbaU>o de 8:00 lls 17 :OOh, em Bot.úog<> 
. De I:\ \'00 p.1r,, o T., mlnh.l :aula vai de 18;30 às 
10:4011. Cltt.'gO .:.qui em c;u.l quinze p;~r01 mcl.l• 
noite. EM terçasequlnw f.coOSOem F.$6dc8:00 
is 12:30h. Vou p3ra oT.; b 13:30come-çao meu 
cuno dt Franc~ {vou me formar ano qu~ vem)~ 
v:al•té 15:30h. 16:00h voud>nul.lefJCOat! 17:3011. 
l7:40h h 18:30h !aço natação {no T. também) e 
Jt~ 22:40h te.nho auLI./ ... _____ .,_J Ontem cu c 
Slmone tiztmos td:s mtsts ck namoro; 
vod sabiJ que eu estava namora.ndo? 
Elo lllOQ aqutmemo no ((llqíY<!)) (nane do 
c:cndomínio). A g\"ntt se- gosta muitO. às w:zr:s ~ 
acho qut nunca vamos tennirw. dq:loU cu acho 
que o rwnoro nao v.at duaf multo. entendt? 
O J)fobl~ ~ que dJ t multo ciumenta. 
pri:ndP~-fmtnte porque eu Ji fui afim da. a. que 
morJ aqui ta.mb&n. Ntm pouo fal.u com a 
prot<t qut: S. l.i tia com diva. 
Gêneros textuais: dehniçao e funcionalidade-------- --
f.xposlllva 
Araumt:nt~Uva 
lnJuntln 
tacho que vou terminando ... 
tscrev.a! 
Fu um favor? Diga pra M., A. P. e C. que 
t.sptrtm, n.So demoro a escrevt:r 
Adoro vocts! 
Um btll30f 
Doamjgo 
P. P. 
IS:I6h 
~ notável a variedade de seqüêndas tipológicas nessa carta pessoal, em 
que predominam descrições e exposições, o que é muito comum para esse 
gênero. Nao h~ espaço aqui para maiores detalhes, mas esse modo de análise 
pode ser desenvolvido com todos os gêneros e, de uma maneira geral, vai·se 
notar que há uma grande heterogeneidade tipológica nos gêneros textuais. 
Ponanto, entre as caraC1erfsticas básicas dos tipos textuais cst~ o fato de eles 
serem definidos por seus traçosllngüfsticos predominantes. Por isso, um tipo 
textual é dado por um conjunto de traços que formam uma seqüência e não 
um texto. A rigor, pode·se dizer que o segredo da cocs5o textual cstã precisa-
mente na habllldade demonstrada em fazer essa "costura• ou tessitura das 
seqoenclas tlpológlcas como uma armaçao de base, ou seja, uma malha infra-
estrutural do texto. Como tais, os gêneros s~o uma e.spécie de armadura comu· 
nicativa geral preenchida por seqO~nclas tlpológicas de base que podem ser 
bastante heterogêneas mas relacionadas entre sl.1 Quando se nomeia um certo 
textocomo"narratlv0 11, "dcscritlvo'1 ou Nargumcntativo", naoseestá nomC'ando 
o gênero e slm o predomlnlo de um tipo de seqüência de base. 
Para concluir essas observações sobre os tipos textuais, vejamos a sugest~o 
de Wcrllch (1973), que propõe uma matriz de critérios, partindo de estruturas 
llngüistlcas tlplcas dos enunciados que formam a base do texto. Werlich toma 
a base temática do texto representada ou pelo título ou pelo início do texto 
como adequada à formulaçao da tlpologla. Assim, são desenvolvidas as cinco 
bases temáticas textuais ti picas que dar3o origem aos tipos textuais (o que foi 
utilizado acima para a segmentaçao das seqüências observadas na carta acima 
analisada). Vejamos Isto na figura abaixo: 
• tsu fumo pos11Jodcf<ndl4.l rt<mt<m<nl< umbfm por J<•n-Ml<hd Adom (1999)qu< Julgo .., • unidade 
•ttn)•multohtt~pmsu~comoumamlkbdtfincüísda. Tn'-"st.poúdt:um.~m'tid.ldt 
camunic:Jtiva que f Q)ftSinaÍd.l com wWllda coc•~,.b<OI'\Sbtuid.as pebs sr~ ?'-!."'F"-"· 
27 
05 
r----------------- Lutz Anlomo Marcuscht 28 
Tipos tcxtuajs sc&rundo Wcrlich (1973) 
Bases temáticas 
1. Descritiva 
2. Narrôltlv.'l 
3. E.xposlllva 
4. Argumcntatlva 
S. lnjunllva 
Exemplos 
'Sobre a mel<!havia milhares 
de vidros." 
'""'Os pa,ss.1gclre» aterrissaram 
em Nova York no mdo da nol· 
te."" 
(a) "'"Um:~ p:ute do cérebro é o 
concx. "" 
(b)"'"'Octrcbrotcm lO milhões 
de nwrónlos"". 
""A Õbsc.s.sâo com a durllbillda· 
de nas Ali~ nAo ~permanente."" 
•"'parei"", ... 'seja raz.oivel!'"' 
Traços lingüísticos 
E.$tc tipo de cnuncfado tcxtuJI 
tem umn c.stnuura .dmples com um 
vctbo estático no presente ou 11'11· 
poerCcito, um complemento e uma 
lndicaç.1o circunstancial de lugar 
l!ste tipo de cnunclndo textual 
tem um verbo de mudança 1)0 p:u-
sado, um dm.mstandal de u~mpo e 
lugar. Por sua rcfcr~nela tcmporJI c 
loc::al, este enunciado é designado 
comocnundado Indicativo de ação. 
Em (a) temos uma b\lsc textual dc-
nomln:'ld;) de exposição sintética pelo 
processo dt~ composlçM. ApMccc um 
sujclto, um predicado (no prcsrntc) 
c um complemento com urn gmpo 
nominal. TraUHC de um enunCiado 
de idcntlflc3ç.'lodc fenômenos.. 
E.m {b) temos um.) base textual 
denominada de expo,iÇ'~O analitl· 
c., pelo processo de decomposição. 
Também é um;~ estl\ltur3 com um 
sujeito, um verbo da f:amilla do ver· 
bo ttr (ou vtrbos<omo: ''contém' ', 
··comhte", "compreende") e um 
complemento que e~tabc:lcce com 
o sujeito uma relaçllo ~rle·todo. 
Trat<Hl' de um enunciado de IIS.l• 
ç:\o de fc:n6merlOS- . 
Tcm·se aqui uma forma verbal 
com o vtrbo ~r no pre~rHC t um 
complemento (que nocuo ê um ad· 
lcclvo). Tf~t:. .sc de um cnurlcl:ldO de 
~tribulç.1o t.lc qv.lll(l.ldc. 
Vem representada por um vctbo 
no imperativo. Estes s.\o os tnund· 
ados incitadore.sà ação. futes textos 
podem .sofler certas rnodltic<~Çó-c.s 
~ lgntrlc.ntlv.u na forma e usumh 
por exemplo a configuraç,,o mais 
longa onde o Imperativo é substl· 
tuído por um "deve". Por exem-
plo; ''Todos os br~slltlros na idade 
de 18 ~nos do sexo masculino de· 
vem romp.1recer ao exército p.ua 
ali .uarem·s~.·· 
Gêneros textuais: definição e funcionalidade----------
Um elemento central na organizaçao de textos narr<~tivos ~a scq(•~ncia 06 
tempora l. já no caso de textos descritivos predominam as seqüências de loca. 
lizaçi!o. Os textos expositivos apresentam o predomínio de seqüências anall· 
ticas ou ent~o explicitamente explicativas. Os textos argumentalivos se ctao 
pelo predomínio de scqliências con traslivas explícitas. Por fim, os textos injun· 
tivos apresentam o predomínio de seqüências imperativas. 
Se voltarmos agora ao exemplo (2) da carta pessoal apresentada acima, 
veremos que cada uma daquelas scqOi!ncias lá identificadas realiza os tmços 
lingüísticos aqui apresentados. Não é difícil tomar os gêneros textuais e analisá· 
los com esses critérios, identificando-lhes as seqüências. Para o caso do ensino, 
pode-se chamar a atençao da dificuldade que existe na organização das se· 
qúênclas tipológicas de base, já que elas n~o podem ser simplesmente justa· 
postas. Os alunos apresentam dificuldades precisamente nesses pontos e não 
conseguem realizar as relações entre as seqüências. E os diversos gêneros 
.;., 
seqiienclarn bases llpológicas diversas. 
5. Observações sobre os gêneros textuais 
Como já lembrado, os gênerost~xtuais na o se caracterizam como formas estru-
turais estáticas c definidas de uma vez por todas. llakhtin 119971 dizia que'" 
g~ncros eram tipos Nrelativamcntccstávcis'' de cnuncioKios clabor;Jdos pcl<~s m<1is 
diversas esferas daatívidade humana. São multo mais famílias de textos com uma 
série de semelhanças. Eles são eventos lingüísticos, mas n5o se definem por carac-
tcristicas lingü!sticas: caracterizam.se, como já dissemos, enquanto atividades socio· 
discursivas. Sendo os gêneros fenômenos sócio-históricos e culturalmente sensf. 
veis, n5o há como fazer urna lista fechada de todos os gêneros. Existem estudos 
feitos por lingüistas alemães que chegoram a nomear mais de4000 gêneros, o que 
à primeira vista pmcce um exagero (Veja-se Adamzik, 1997). Daí a desistência 
progressiva de teorias com prctcns~o a uma classificação geral dos gêneros. 
Quando dominamos um gênero textual, não dominamos uma forma lin· 
gliística c sim uma rorma de realizar lint,'\llstlcamcntc objetivos específicos em 
situaçocs sociais particulares. Pois, como afirmou Uronckart (1999:103), "a apro-
priação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção 
prática nas atividades comunicativas humanas~~, o que permite dizer que os gl. ... 
neros textuais opcram1 em certos contextos~ como formas de lcgilimnçi'io 
discursiva, já que se situam numa relação sócio-histórica com fontes de produção 
que lhes d~o sustentaç~o muito além da justificatíva individual. 
A expressão "gênero" sempre esteve, na tradiç~o ocidental, especialmente 
ligada aos gêneros literários, mas já não é mais assim, como lembm Swillcs 
(1990:33), ao di~er que "hoje, gênero é facilmente usado para referir uma cate· 
goria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, ~om ., :•rn 
,.------- ----------Luiz Antônio Marcuschi 30 
a:ptraçOes liter~rias". É assim que se usa a noçao de gênero em Etnografia, 
Sociologia, Antropologia, Folclore, Retórica t, evidentemente, na Ungüística. 
Os gêneros não são entidades naturais como as borboletas, as pedras, os 
rios e as estrelas, mas são artefalOs culturais construidos historicamente pelo 
ser humano. Nao podemos defini-tos mediante certas propriedades que lhe 
devam ser necessárias e suficientes. Assim, um gênero pode não ter uma deter-
minada propriedade e ainda continuar sendo aquele gênero. Por exemplo, 
uma carta pessoal ainda é uma carta, mesmo que a autora tenha esquecido 
de assinar o nome no final e s6 tenha dito no Inicio: "querida mamae". Uma 
publlclcladc pode ter o formato de um poema ou de uma lista de produtos 
em oferta; o que conta é que divulgue os produtos e estimule a compra por 
parte dos clientes ou usuários daquele produto. A titulo de exemplo, obser-
ve-se este artigo de opinião da Folha de sao Paulo, que, embora escnto na 
forma de um poema, continua sendo um arllgo de opinião: 
Exemplo (3) NELFE - 350-artigo de opiniao 
Um novo José 
Josias de SoU?a 
C.lmajosk. 
A fot~ n!lo começou. 
il luz; nao actndeu, 
a noite na.o c.squcntou. 
o M•lan nno amoleceu, 
mas se voltar a pergunta: 
t agora Jost? 
Diga: ora Orummond, 
,:agora Camdes.sus. 
Conllnu:t sem mulher, 
continu.1 $Cm dlsa.uso, 
contlnu.a sem carinho, 
ainda n.lo pode beber, 
olndl n.IO pode funur, 
aupir .tlnocla nJo poc:k:. 
a nolt< alndl f Iria. 
o dia .tlndl n.lo veio, 
o rbo .t1nd.t n.\0 \'tio, 
nlo vdo alOO.a a utOpia. 
o Malan tem miopi.t, 
m.u nem tudo acabou, 
nem tudo (ugiu, 
nem tudo moCou. 
Se volf3r a pergunta: 
E ~gora José? 
Olg;~: or1, Otummond. Agora fMI. 
~ vocf grltuw. 
se voce gemesse, 
se voe~ dofml~. 
se voe~ ca.nmse, 
se voe~ morresse ... 
O Mal:~n nada f.ula, 
m1.s IA hA quem Caç-a. 
Alndll s6, no escuro, 
qu.111 bithO-dO·OtalO, 
.tlnda. sc:m l~gonJa., 
ainda sc:m J»rede nua. 
pu.t se mcostar, 
ainda sem av&lo prtto. 
Que fuJa a plop<. 
voot alndl martha..J<>s8 
Se voltar 1. pagunt.t: 
)OS<!, pm ond<l 
Dig.t: on Orununond. 
por que: t.1nta d'ivld.l? 
ElementJr, elementJr, 
sigo pu WMhlflilon 
e, por favor, poct.11, 
nlo me chame de Josê. 
Me ch11mc Joscph. 
l'onte: Folha de sao Pauto, caderno I, pág. 2-Oplnlilo, 04/!0/!999 
Gêneros textuais: definição e funcionalidade -----------, 
Aspecto Interessante no texto acima ~que ele apresenta uma configuração 
hlbrida, tendo o formato de um poema para o gênero artigo de opinião. Isso 
configura uma estrututa inter-gêneros de natureza altamente híbrida e uma 
retaçJo tntertcxtual com alusão ao poema e ao poeta autor do poema no qual 
se Inspira e do qual extrai elementos: "E agorajosé", de C. rios Drummond de 
Andrade. Essa característica pode ser analisada de acordo com a sugestão de 
Ursula Flx (1997:97}, que usa a expressao"lntertextualidade inter-generos• 
J>ara designar o aspecto da hibridizaçâo ou mescla de gêneros em que um gên('ro 
assume a função de outro. Esta violaçao de cnnones subvertendo o modelo 
global de um gênero poderia ser visuallzada num diagrama tal como este: 
INTERTEXTUALIDAOE TIPOLÓGICA 
Funç5o do .~;:êntro A 
/ 
a~d~opini1o 
/ 
J:orma do 
gêntro A 
rorma do 
gê'nuo U 
/ 
poema 
/ 
Funç.fio do g~nero U 
A ques~o da intertextualidade inter-gi'neros evidencia-se como uma mescla 
de funções c formas de gêneros diversos num dado gênero e deve ser 
distinguida da qucs~o da heterogeneidade tlpol6glca do gênero, que diz res-
peito ao fato de um gênero realizar várias scqO~ncías de tipos textuais (por 
exemplo, o caso da carta pessoal citada). No exemplo acima, temos um gênero 
funcional (artigo de opinião) com o formato de outro (poema). Em princípio, 
Isto n~o deve trazer dificuldade interpretativa, fá que o predomínio da funçao 
supera a forma na determinaçao do gênero, o que evidencia a plasticidade e 
dlnamlcldade dos gêneros. 
Resumidamente, em reJaç:io aos gêneros, temos: 
(I) lntertcxtualidade inter-gêneros = um gênero com a funçao de outro 
(2) heterogeneidade tlpológica ,. um gênero com a presença d• v~.r!os tipvs 
31 
07 
32 
O exemplo do artigo de opinião analisado é um caso para a situação (1) da 
hibridizaçao textual com inter-gêneros; já a carta pessoal analisada anterior-
mente é um exemplo para (2), com uma heterogeneidade tipol6gica muito 
grande. No geral, este segundo caso é mais comum que o primeiro. Contudo, 
se tomarmos alguns gêneros, veremos que eles são mais propensos a uma 
intertextualidade inter-gêneros. Veja, por exemplo, a publicidade que se carac-
teriza por operar de maneira particularmente produtiva na subversão da ordem 
genérica lnstitulda, chamando atenção para a venda de um produto. 
Desenquadrar o produto de seu enquadre normal é uma forma de enquadrá-
lo em novo enfoque, para que o vejamos de forma mais nltida no mar de 
ofertas de produtos. 
testa possibilidade de operaçao e maleabilldade que dá aos g~neros enorme 
capacidade de adaptaçno e ausência de rigidez e se acha perfeitamente de acordo 
com Mlller (1984:15 1}, que considera o gênero como •açao social", lembrando 
que uma defmição retoricamente com ta de gênero "não deve centrar-se na subs-
tância nem na forma do discurso, mas na ação em que ele aparece para reallzar-
sc".l'.stc aspecto vai ser central na designação de muitos gêneros que são deOnldos 
basicamente por seus propósitos (funções, intençOcs, interesses) c não por suas 
formas. Contudo, voltamos a frisar que isto nao significa eUmlnar o alto poder 
organiZador das formas composidonais dos gêneros. O próprio Bakhtin (1997) 
indicava n Nconstruç:fo composiclonal", ao lado do .,conteúdo tcmáUcoN c do 
"cslllo" como as três características dos gêneros. 
De igual modo, para Eija Vcntola {1995:7), os "gêneros são sistemas 
semióticos que geram estruturas particulares que em última instânda ~o cap-
tadas por comportamentos lingilisticos mediante os registros•. Enquanto resul-
tado convencional numa dada cultura, os g~neros se definiriam como •açOes 
retóricas tipificadas baseadas em situações recorrentes• (MIIIer, 1984:159). As 
formas tornam-se convencionais e com isto genMcas precisamente em virtude 
da recorr~ncia das situações em que são investidas como açOes retóricas típicas. 
os gêneros são, em última análise, o reflexo de estruturas sociais recorrentes e 
típicas de cada cultura. Por isso, em princípio, a variaÇão cultural deve trazer 
conseqO~ndas significativas para a variaÇão de gêneros, mas este é um aspecto 
que somente o estudo intercultural dos gêneros poderá decidir. 
6. Gêneros textuais e ensino 
Tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou noutro 
gênero textual, um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros textuais 
é importante tanto para a produç~o oom para a compreen~o. Em certo sentido, 
é esta Idéia básica que se acha no centro dos PCN (Parâmetros Curriculares 
\J~oiCIV.> U .. llo•V•.u .J. VI,. IUII ... "'"' C I ... II.,. ,..,,, .. ,, .... U'-\. - - -----------, 
Nacionais), quando sugerem que o trabalho com o texto deve ser feito na base 
dos gêneros, sejam eles orais ou escritos. E esta é taml*m a proposta central dos 
ensaios desta coletânea de textos que pretende mostrar como analisar e tratar 
alguns dos g~neros mais praticados nos diversos meios de comunicação. 
As observaçOcs teóricas expostas n~o s6 visam a esclarecer conceitos como 
taml*m a apontar a diversidade de possibilidades de observaç.~o dos gêneros 
textuais. Por certo, não estamos aqui em condições de nos dedic.11mos a todos os 
problemas envolvidos, mas é possivellndicar alguns. Em especial seria bom ter 
em mente a questão da relaÇão oralidade e escrita no contexto dos gêneros tex-
tuais, pois, como sabemos, os gêneros distribuem-se pelas duas modalidades 
num continuo, desde os mais informais aos mais formais e em todos os contextos 
e situações da vida cotidiana. Mas há alguns gêneros que só s.1o recebidos na 
rorrna oral apesar de terem sido produl.ldos originalmente na rorma c..'icrita, como 
o caso das notícias de televisão ou rádio. Nós ouvimos aquelas noticias, mas elas 
foram escritaS e são Udas (oraUzadas) pelo apresentador ou locutor. 
Assim, é bom ter cautela com a Idéia de gêneros orais c escritos, pois essa 
distinção(! complexa c deve ser fci tn com clarcz~a. Vcj;,-sc o <;;1)0 :1ci ma ci t;Hio 
das jaculatórias, novenas c ladainhas. Embora todas tenham sido cS<:ritos, 
seu uso nas atividades religiosas é sempre oral. Ninguém reza por escrito e 
sim oralmente. Por isso ditemos que oramos e nao que escrevemos a Deus. 
Tudo o que estamos npontando ne-ste momento deve-se no f<lto de o~ 
eventos a que chamamos propriamente gêneros textuais serem artefatos 
lingüistlcos concretos. Esta circunstincia ou característica dos g~neros torn•-
os, como já vimos, fenOmenos bastante heterog~neos e por vezes híbridos 
em relaç3o ~forma e aos usos. Dal dizer-se que os gnneros são modelos comu· 
nicativos. Servem, multas vezes, para criar uma expectativa no interlocutor c 
prepali-lo para uma determinada reaçao. Operam prospectiva mente, abrindo 
o caminho da compreensao, como muito bem frisou Bakhtln (1997). 
Muitas vezes, em situações orais, os interlocutores discutem a respeito do 
gênero de texto que cstao produzindo ou que devem produzir. Trata-se de 
uma negoclaçao tlpol6gica. Segundo observou o lingüista alem3o Hugo Steger 
(1974), as deslgnaçOes sugeridas pelos falantes n3o são suficientemente uni-
tárias ou claras, nem fundadas em algum critério geral para serem consistentes. 
Em relaçao a isso, lembra a lingüista alemli Ellzabeth Giilich (1986) que os 
Interlocutores seguem em geral três critérios para designarem seus textos: 
a) canal/ meio de comunicaçno: (telefonema, carta, telegrama) 
b) critérios fom•ais: (conto, discussão, debate, contrato, ata, poema) 
c} natureza do conteúdo: (piada, prefádo de livro, receita culinária, bula 
de remédio) 
33 
08 
:.~I 
-- __ .. ·-· ... ............. . 
Contudo, 1550 nao chega a oferecer crlténos p~ra formar uma classífícaçlio 
nem constituir todos os nomes. Para Douglas Olbcr (1988), por exemplo, os 
gêneros slo geralmente determinados com base nos objetivos dos falantes e 
na natureza do tópico tratado, sendo assim uma questão de uso e não de 
forma Em suma, pode-se dizer que os gêneros textuais fundam-se em crit~rios 
externos (sócio-comunicativos c discursivos), enquanto os tipos textuais fun-
dam·se em crítMos internos (lingulstlcos c formais). 
FJizabcth Gülích (1986) observa que as sltuaçOes e os contextos em que os 
falantes ou escritores designam os gêneros textuais s~o em geral aqueles em 
que parece relevante dcsign~-los para chamar a ntençao sobre determinadas 
regras vigentes no caso.É assim que ouvimos pessoas dizendo: "nessa rcu-
nl3o n3o cabe uma piada, mas deixem que cu conte uma para descontrair 
um pouco". Ou então ouvimos alguém dlz.cr: "Culnno n:lodesconfia e discursa 
até na hora de tomar uma cervela". Por outro lado, notamos que hâ casos 
Institucionalmente marcados que exigem, no inicio, a designação do gênero 
de texto e a informaç3o sobre suas regras de desenvolvimento. Este é o caso 
de uma tomada de depoimento na justiça, em que o juiz I~ as regras e cxpOc 
direitos e deveres de cada indivíduo. 
Assim, contar piadas fora de lugar é um caso de Inadequação ou violação 
de normas sociais relativas aos gêneros textuais. Isso quer dizer que não há só 
a questão da produçAo adequada do gênero, mas também um uso adequado. 
E.m na o é uma qucsrao de etiqueta social apenas, mas é um caso de adequação 
tlpológlca, que diz respeito A relação que deveria haver, na produção de cada 
g~ncro textual, entre os seguintes aspectos: 
na tu reza da informaçao ou do conteúdo veiculado; 
• nível de linguagem (formal, informal, dialetal, culta etc.) 
• tipo de situação em que o gênero se situa (públlca, privada, corriqueira, 
solene etc.) 
• relaçao entre os participantes (conhecidos, desconhecidos, nível social, 
formaç~o etc) 
• natureza dos objetivos das atividades desenvolvidas 
t provável que esta relação obedeça a parJmetros de relativa rigidez em virtu· 
de das rotinas sodais presentes em cada contexto cultural e soda!, de maneira 
que sua Inobservância pode acarretar problemas. Assim, numa reuniao de 
negócios, por exemplo, um empresário que se pusesse a cantar o Hino Nacional 
seria considerado um tanto esquisito e talvez pouco confiável para uma parceria 
de negódos. Ou alguém que, durante um culto c no melo de uma oração, come-
çasse a esbravelar contra o sacerdote ou o pastor nno la ser bem-visto. Neste 
ueneros textua1s: oehmçao e lunc,onalldadc -------------, 35 
sentido, os indicadores aqui levantados scrv1ri<lm p.,r~ idcntincar as condiç(.'"M:l 
de •dequaçlo genérica na produçAo dos g~ncros, especialmente os orais. 
Considerando que os gêneros Independem de deci>Oes individuais e não 
slo facilmente manipuláveis, eles operam como geradores de expectativas de 
compreens:to mútua. Gêneros textuais n.lo s.1o fnlto de invenções individuai~, 
mas formas wclalmente m<Jturadas em prátiC.1S comunicativas. ~ta cril t;un· 
bém a posição central de Bakhtin (1997) que, como vimos, tratava os gêneros 
como atividades enunciativas •relativamente estáveis". 
No ensino de uma maneira geral, c em .S:lli'l de aula de modo particular, 
pode-se tratar dos gêneros na perspectiva oqul anallsada e levar os alunos a 
produzirem ou analisarem eventos lingüfsticos os mais diversos, tanto escritos 
como orais, e ldentiricarem as caractcrfstlcas de gi!ncro em cada um. É um 
excrclclo que, além de instrutivo, taml*m permite praticar a produção textual. 
Veia-se como seria produtivo pôr na mao do aluno um jornal diário ou uma 
revista semanal com a seguinte tarda: "ldentiOque os gêneros textuais •qui 
presentes e diga quais slo as suas caractcrlstlcas centrais em termos de con· 
teíido, composlçAo, estilo, n!vel lingulstico e propósitos•. É evidente que 
essa tarefa pode ser reformulada de multas maneiras, de acordo com os inte· 
resses de cada situaç3o de ensino. Mas é de se cspc13r que por mais modesta 
que seja a análise, ela será sempre muito promissora. 
7. Observações finais 
Em conclusão a estas obscrvaçOes sobre o tema em pauta, pode-se dizer 
que o trabalho com gêneros textuais~ uma extraordinária oportunidade de 
se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos no dio·a-dia. Pois 
nada do que fizermos lingtiisticamentc estará fora de ser feito em algum gê· 
ncro. Assim, tudo o que fizermos llngOistlcamcntc pode ser tratado em um 
ou outro gênero. E há muitos gêneros produzidos de maneira sistemática c 
com grande lncldênda na vida diária, merecedores de nossa atençao. Inclusive 
c talvez de maneira fundamental, os que aparecem nas diversas mídias hoje 
existentes, sem excluir a mídia virtual, t3o bem conhecida dos internautas 
ou navegadores da Internet. 
A relevância maior de tratar os gêneros textuais acha-se particularmente 
situada no campo da Ungüística Aplicada. De modo todo especial no ensino 
de língua, lá que se ensina a produzir textos c n~o a produzir enunciados 
soltos. Assim, a Investigação aqui trazida é de Interesse aos que trabalham c 
militam nessas áreas. Uma análise dos manuais de ensino de língua portu· 
gucsa mostra que hâ uma relativa vMicclade de g~ncros textual< p1c~•ntrs 
nessas obras. Contudo, uma observaç3o mais atenta e qualificada ''· , <J. ' que 
09 
36 ,------ ---------- -"''- ·····'"'·"- ··· ~· ....... ....... .. 
a es~a variedade nao corrcsponde uma realidade analítica. Pois os gêneros 
que aparecem nas seçOcs centralsc básicas, analisados de maneira aprofundada 
sao sempre os mesmos. Os demais gêneros nguram apenas para •enfeite" e 
até para distraçao dos alunos. sao poucos os casos de tratamento dos gêneros 
de maneira sistemática. Lentamente, surgem novas perspectivas e novas abor-
dagens que Incluem até mesmo aspectos da oralidade. Mas ainda não se tratam 
de modo sistemático os gêneros orais em geral. Apenas alguns, de modo parti-
cular os mau formais, sao lembrados em suas características básicas. 
No entanto, nao é de se supor que os alunos aprendam naturalmente a 
produzir os diversos gêneros escritos de uso diário. Nem é comum que se 
aprendam naturalmente os gêneros orais mais formais, como bem observam 
Joaquim Dolz e Bernard Schneuwly (1998). Por outro lado, é de se indagar se 
há gêneros textuais Ideais para o ensino de língua. Tudo indica que a resposta 
seja nao. Mas é provável que se possam Identificar gêneros com dificuldades 
progressivas, do nível menos formal ao mais formal, do mais privado ao mais 
público e assim por diante. 
Enfim, vale repisar a Idéia de que o trabalho com gêneros será uma forma 
de dar conta do ensino dentro de um dos vetores da proposta oficial dos 
Par.imctros Curriculares Nacionais que insistem nesta perspectiva. Tem-se a 
oportunidade de observar tan to a oralidade como a escrita em seus usos cul-
turais mais autênticos sem forçar a criação de gêneros que circulam apenas 
no universo escolar. Os trabalhos incluídos neste livro buscam oferecer su-
gestões bastante claras c concretas de obscrvaçao dos gêneros textuais na 
perspectiva aqui sugerida c com algumas variações teóricas que cada autor 
dos textos adota em funçao de seus interesses c de suas sugestões de trabalho. 
No conjunto, a diversidade de observações deverá ser um benefício a mais 
para quem vier a usufruir dessas análises. 
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