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Livro Texto Unidade I Gêneros Textuais

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Ana Lúcia Machado da Silva
Colaboradoras: Profa. Cielo Griselda Festino
 Profa. Tânia Sandroni
Gêneros Textuais
Professora conteudista: Ana Lúcia Machado da Silva
É mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e especialista em Língua 
Portuguesa pela mesma instituição. Foi professora do Ensino Básico na rede pública e na rede privada, lecionando 
Língua Portuguesa durante 20 anos. Ministra aulas de análise do discurso, gêneros textuais, semântica e pragmática, 
entre outras áreas, no curso de graduação em Letras da Universidade Paulista (UNIP), onde também é professora em 
módulos para cursos de lato sensu. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
U510.43 – 21
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586g Silva, Ana Lúcia Machado da.
Gêneros Textuais / Ana Lúcia Machado da Silva. – São Paulo: 
Editora Sol, 2021.
176 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Tipologia. 2. Gêneros. 3. Cronotopo. I. Título.
CDU 801.73
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Vera Saad
 Giovanna Oliveira
Sumário
Gêneros Textuais
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 TIPOLOGIA DE TEXTO ...................................................................................................................................... 12
1.1 O tipo narrativo ..................................................................................................................................... 12
1.2 O tipo descritivo .................................................................................................................................... 16
1.3 O tipo argumentativo ......................................................................................................................... 22
1.4 O tipo expositivo ................................................................................................................................... 25
1.5 O tipo opinativo .................................................................................................................................... 28
1.6 O tipo injuntivo ..................................................................................................................................... 29
1.7 O tipo dialogal ....................................................................................................................................... 36
2 GÊNEROS TEXTUAIS: CARACTERIZAÇÃO, FUNCIONAMENTO E CIRCULAÇÃO ......................... 43
3 PRINCÍPIO CONSTITUTIVO DO GÊNERO: O DIALOGISMO ................................................................ 55
4 SUPORTE PARA GÊNEROS TEXTUAIS ...................................................................................................... 62
Unidade II
5 HIPERGÊNERO .................................................................................................................................................. 76
5.1 Hipergênero HQ e seus gêneros ..................................................................................................... 78
6 CRONOTOPO: TEMPO-ESPAÇO COMO LEGITIMIDADE SÓCIO-HISTÓRICA DO GÊNERO ...............85
6.1 Aplicação do conceito de cronotopo na literatura ................................................................. 90
Unidade III
7 GÊNEROS TEXTUAIS NO CONTEXTO ESCOLAR ...................................................................................107
7.1 Dissertação: tipologia ou gênero? ...............................................................................................119
7.1.1 Escola conectada: gêneros multimidiáticos .............................................................................. 124
8 GÊNEROS DE MANIFESTAÇÃO POPULAR .............................................................................................131
8.1 Gênero de tradição oral: literatura de cordel .........................................................................131
8.2 Gênero de rua: grafite ......................................................................................................................151
7
APRESENTAÇÃO
Qual é o ponto central do ensino de língua? De qual conteúdo-chave devemos partir para o ensino? 
A resposta é a mesma: o texto. Afinal, todas as nossas manifestações verbais se dão como textos, e não 
como elementos linguísticos isolados. 
Alguns usos da língua – por meio da construção textual – são mais marcados e outros menos 
marcados; em alguns casos, a autoria é mais visível e, em outros, não há nem sequer a assinatura de 
seu autor; há também usos com rigidez formal da língua, mas, em outros, a língua flui com mais graça 
e espontaneidade. Por conseguinte, todo e qualquer uso da língua compõe um tipo de ação social e o 
fenômeno que enfrenta cada situação é o gênero.
O gênero insere-se em dimensões sociocomunicativas, abrangendo os atores sociais envolvidos 
e as atividades discursivas implicadas, além da própria função e organização, conteúdo e meio 
de circulação.
A noção de gênero envolve aspectos linguísticos, discursivos, sociointeracionais, históricos, entre 
outros. São ligados às atividades humanas em todas as esferas e possuem funções diversas para dar conta 
da variedade de atividades desenvolvidas no cotidiano. Para cada necessidade de ação comunicativa, as 
pessoas moldam a língua em texto como gênero. 
O texto, além do aspecto social em forma de gênero, constitui-se de aspecto mais rígido, como 
manifestação de constructo teórico-linguístico e modalidades, tais como a narração e a injunção, na 
forma de tipologia. O texto, podemos dizer, é, ao mesmo tempo, tipologia e gênero.
TEXTO
TIPOLOGIA GÊNERO
Figura 1
Cada uso da língua é, em consequência, uma produção de texto e, a cada interação com nosso 
leitor, o texto assume uma função social, tornando-se gênero. O que é certo é que cada um de nós está 
envolvido em e com o gênero textual em todas as situações comunicativas. 
Nesse contexto, os objetivos desta disciplina são:
• Propiciar melhor desempenho do aluno na leitura, intelecção e produção de textos.
• Estimular o aluno a ter senso crítico na leitura de gêneros diversificados.
• Reconhecer os diferentes gêneros textuais, justificando teoricamente as diferenças linguísticas, 
estruturais e de estilo que são peculiares aos diferentes gêneros.
8
• Aprimorar a habilidade de observação e de análise das estruturas e dos processos linguísticos em 
textos de diferentes tipologias. 
• Iniciar o aluno – futuro professor – na reflexão e no estudo de questões relevantes para o 
ensino/aprendizagem da língua portuguesa.
• Desenvolver metodologiade ensino da língua, em relação à análise, recepção e produção de texto.
Assim, para fazer esclarecimentos mais aprofundados sobre gênero, este livro-texto contém: 
• Distinção entre tipologia e gênero textual; abordagem social, juntamente com a abordagem 
bakhtiniana sobre noção de gênero; definição de suporte e seu papel relativo ao gênero.
• Apresentação de hipergênero e, como exemplo, a história em quadrinho (HQ) como hipergênero 
e os seus gêneros típicos; conceito de cronotopo, na concepção bakhtiniana e aplicação em 
texto literário. 
• O ensino de gênero textual no ensino básico, segundo Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), 
bem como exemplo de gêneros que circulam nas escolas; exemplo de manifestações de gêneros 
textuais que são populares e cuja origem é externa ao contexto escolar.
INTRODUÇÃO
Caro aluno, iniciamos nossa discussão com uma curiosidade. O que os títulos a seguir têm em comum?
• Gêneros textuais: reflexões e ensino
• Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos
• Gêneros textuais: práticas de ensino
• Análise linguística nos gêneros textuais
Acertou se respondeu “gêneros”, tópico central deste livro-texto. Nos últimos anos, ouvimos 
constantemente o termo gênero, seu vínculo com ensino de línguas e sobre como estamos envolvidos no 
cotidiano por inúmeros deles. Afinal, qual é o papel dos gêneros textuais para causar tanta repercussão? 
Temos, inclusive, mais de uma perspectiva teórica para os estudos de gêneros; muitas propostas de ensino 
com base em gênero à escolha e necessidade da clientela; mudanças ocorridas em livros didáticos de língua 
portuguesa e língua estrangeira para dar enfoque à diversidade de gêneros existentes na nossa sociedade. 
De tanto ouvir falar sobre gênero textual, você tem a impressão de conhecer quase tudo sobre o 
assunto. Afinal, o que você sabe sobre gênero textual? Faça o teste e indique os elementos que podem ser 
os caracterizadores de um gênero:
9
• gênero é um fenômeno de comunicação, que abrange não só o discurso em si, mas igualmente os 
participantes (produtor e leitor);
• tem finalidade comunicativa com propósitos compartilhados;
• possui um modelo mais ou menos típico;
• restringe-se em relação ao conteúdo, atitude e forma subjacentes a cada gênero;
• possui nomenclatura para cada exemplar (ou tipo).
O teste é 100% positivo para a confirmação a todos os caracterizadores, que são indicados por 
Swales (1990), um dos maiores pesquisadores sobre gênero textual.
De forma geral, são três abordagens teóricas de gênero: textuais, contextuais e sociais. A perspectiva 
textual examina os traços formais dos gêneros para sua classificação e descrição; a contextual identifica 
a variedade e mudança nas situações sociais dos traços textuais; e, por fim, a perspectiva social ou 
sociodiscursiva defende a ideia de que as representações de uma situação social são necessárias para a 
produção de um texto.
Neste livro-texto, conceitos, distinções, recursos linguísticos e situações sociais sobre gênero são 
discutidos e, com base nesse conhecimento, lançamos um desafio para você, caro aluno: identifique 
o gênero do texto a seguir e, na medida em que avança a leitura do livro-texto, volte e responda às 
reflexões propostas por Motta-Roth (KARWOSKI; GAYDECZKA; BRITO, 2011).
Sem barra
Enquanto a formiga
carrega comida
para o formigueiro,
a cigarra canta,
canta o dia inteiro.
A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.
Mas sem a cantiga
Da cigarra
10
Que distrai da fadiga,
Seria uma barra
O trabalho da formiga!
Fonte: Paes (1989, p. 3).
Reflexões: 
• I. Gênero do texto é: .........................
• II. Contexto:
— Qual a relevância do gênero para o contexto? Com que frequência as pessoas se engajam nesse 
gênero para interagir socialmente?
— O que se realiza por meio desse texto? Que valores/ideias são propostos? Quem escreve/fala 
para quem?
— Como a comunidade influencia ou controla os parâmetros desse gênero? Quão ritualizado 
é o gênero?
— Como se aprende a participar desse gênero? Quanto tempo/esforço se gasta para se tornar um 
participante desse gênero?
• III. Conteúdo:
— Qual é a extensão? Como é dividido?
— Qual é a informação central? A que campo semântico remete?
— Que modalidade é mais característica do gênero: narração, descrição etc.?
— Há dialogismo explicitamente sinalizado? Que texto pode ser considerado como mais 
representativo do contexto, do que está acontecendo?
11
GÊNEROS TEXTUAIS
Unidade I
Até o fim do século passado, o texto era estudado nas escolas segundo as três distinções: narração, 
descrição e dissertação. Essa distinção servia para o reconhecimento do texto tanto na leitura quanto 
na produção. O termo “gênero”, por sua vez, era empregado para distinguir os textos literários como 
dramático, épico ou lírico.
No entanto, desde a linguística textual e suas ramificações teóricas, a noção de texto passou a ser 
aprofundada. A discussão e a consciência crítica sobre o uso da língua em forma de texto e como ele se 
associa às situações comunicativas, sociais e interacionais resultaram em uma definição de texto que 
se diferencia da noção de tipologia de texto e da de gênero textual. 
Enfim, passamos a ter ricos paradigmas teóricos sobre:
• texto, com crescimento teórico sobre textualidade (e seus fatores) e textualização;
• tipologia, que se diferencia do gênero textual e se apresenta como sequência de texto;
• gênero, que leva à associação entre texto e a sociedade.
Os estudos sobre gênero textual cresceram muito nas primeiras décadas do século XXI, resultando 
em mais de uma vertente teórica: entre elas, há a linha bakhtiniana, cujas pesquisas, no Brasil, são 
frutíferas. Como consequência desse crescimento, o termo gênero passou a ser empregado a todo e 
qualquer texto, dentro e fora da esfera literária, tornando-o, assim, abrangente.
Outro aspecto importante sobre gênero é o suporte: o meio físico em que o texto é literalmente feito. 
Dependendo do suporte, o gênero textual pode mudar, pois, em cada suporte, ocorrem relações diversas 
entre sujeito enunciador/texto/sujeito leitor e as esferas sociais em que os sujeitos estão inseridos. 
Trataremos a seguir da tipologia textual, da definição de gênero segundo a linha teórica bakhtiniana 
e da noção de suporte.
12
Unidade I
1 TIPOLOGIA DE TEXTO
Até fins do século XX, o texto, tanto na leitura quanto na produção, era classificado como narrativo, 
descritivo ou dissertativo. No entanto, com o avanço dos estudos nas últimas décadas do mesmo século, 
passou-se a distinguir texto, tipologia e gênero. 
Marcuschi (apud DIONÍSIO; MACHADO; BEZERRA; 2002), estudioso brasileiro, foi um dos primeiros 
no país a discutir essa distinção. Para ele, tipo de texto designa uma construção teórica de natureza 
linguística (léxico, sintaxe, tempos verbais, relações lógicas) e abrange um número reduzido de categorias, 
a saber: narração, descrição, argumentação, opinião, exposição e injunção.
Observe, na sequência, o quadro histórico sobre o assunto:
Quadro 1 – Tipologia de texto
Antes Agora
Narração 
Descrição 
Dissertação 
Narração
Descrição 
Argumentação 
Opinião 
Exposição 
Injunção 
Diálogo
Observe que houve o acréscimo do tipo opinião, porque há uma pequena variação de posicionamento 
entre os estudiosos. Alguns, como Marcuschi, não reconhecem o tipo exposição; outros acrescentam 
o tipo diálogo. De forma geral, o número de tipos é bastante reduzido. Observe também, caro aluno, 
a saída da dissertação da nova tipologia. A dissertação será tratada posteriormente, com base no 
questionamento se ela é uma tipologia ou um gênero textual.
1.1 O tipo narrativo
O tipo narrativo é a forma mais antiga, surgida entre os povos antigos. Entre mitos, lendas e contos, 
ouvir e contar história é algo atávico do ser humano. Podemos dizer que a história do homem se 
confunde com a história da narrativa. Contos fantásticos e maravilhosos, fábulas, parábolas, histórias 
de suspense constituíram,durante muito tempo, a principal forma de transmissão de conhecimento e 
registro da memória dos mais diversos povos.
O texto narrativo é aquele que serve de estrutura para narrar, contar uma história, seja real, seja 
ficcional. Os gêneros textuais que têm tal estrutura são, sobretudo: o romance, o conto, a crônica 
– textos em prosa, essencialmente – mas é possível identificar a tipologia narrativa em poema. O tipo 
narrativo pode ser encontrado em conversações (uma pessoa, em uma conversa face a face com outra, 
13
GÊNEROS TEXTUAIS
pode narrar uma história acontecida com ela), mensagens on-line e em outros textos do nosso cotidiano. 
O tipo narrativo igualmente estrutura filmes, novelas televisivas, séries e games.
O principal objetivo da narração é reconstruir uma sequência de acontecimentos. O texto narrativo 
é dinâmico e pressupõe a transformação de estados e o encadeamento de ações. 
A estrutura narrativa tradicional consiste em:
• Situação inicial: começo do texto, que serve para dar o cenário da história, tal como a época e o 
local, além de apresentar a personagem.
• Complicação ou conflito: um fato que tira a personagem de sua zona de conforto ou do seu 
cotidiano; o conflito é responsável pelo desenvolvimento da história em si.
• Desenvolvimento: com base no conflito que desestrutura a vida da personagem, a história 
continua com atitudes da personagem consequentes do conflito.
• Clímax: momento de maior tensão vivido pela personagem decorrente de suas atitudes, decisões 
e/ou sentimentos.
• Desfecho: o final da história, em que há uma solução para o conflito; a solução pode ser alegre, 
dramática ou pode ocorrer o famoso happy ending.
Para que um texto seja narrativo, é preciso criar personagens (e apresentá-las) e instaurar um 
problema que determinará o conflito central, em torno do qual as personagens se relacionam 
em busca da solução. Quando a história chega ao auge, ocorre o clímax e daí em diante torna-se 
necessário apresentar a resolução do problema, que é, na verdade, o desfecho. Normalmente, um 
texto narrativo contém, ainda, uma moral, que corresponde a uma avaliação, a um juízo de valor 
implícito no texto.
 Observação
Um texto que trata de uma sucessão de fatos representa um relato, 
e não uma narrativa. Exemplo de relato: uma pessoa levanta às 6h, toma 
banho, toma café, pega a bolsa e sai para trabalhar. Não existe conflito, ou 
seja, nenhum fato para desestruturar a vida da personagem, daí não poder 
ser classificado como narrativo. 
A narrativa, além de estrutura, contém elementos fundamentais: personagens, tempo e espaço. Há 
narração quando os personagens, por meio de ações, transformam-se no tempo e no espaço determinados 
no desenvolvimento do texto. Esse conjunto constitui o que se denomina enredo.
14
Unidade I
Além de todos os elementos apresentados, é importante ressaltar que, em um texto narrativo, há 
sempre um narrador, aquele que “conta a história”. Ele assume um ponto de vista, que é demonstrado 
pelo uso da 1ª ou da 3ª pessoa. O narrador em 1ª pessoa está mais próximo dos fatos narrados e o 
narrador em 3ª pessoa mais distanciado, como se observasse “de longe” os acontecimentos. No entanto, 
o narrador de 3ª pessoa pode conhecer pensamentos e sentimentos das personagens.
O texto narrativo está muito ligado ao mundo da literatura, uma vez que narrar é contar histórias 
e a maioria delas é inventada, ficcional. Um exemplo é a fábula, a qual é um gênero textual surgido no 
Oriente e desenvolvido pelo escravo Esopo (VI a. C., na Grécia). 
Esopo inventou histórias em que os animais simbolizam o homem e suas características, tal como o 
leão, que representa a força, a raposa, a astúcia, a formiga, o trabalho e assim por diante. A finalidade 
da fábula é dar uma lição de moral por meio de narrativa de natureza simbólica vivida por animais, 
aludindo a uma situação humana. 
A seguir, temos umas das fábulas de Esopo.
As formigas e o gafanhoto
Num brilhante dia de outono, uma família de formigas se apressava para aproveitar o 
calor do sol, colocando para secar todos os grãos que haviam coletado durante o verão. 
Então, um gafanhoto faminto se aproximou delas, com um violino debaixo do braço, e 
humildemente veio pedir um pouco de comida.
As formigas perguntaram surpresas: “Como? Então você não estocou nada para passar 
o inverno? O que afinal de contas você esteve fazendo durante o último verão?”.
E respondeu o gafanhoto: “Não tive tempo para coletar e guardar nenhuma comida, 
eu estava tão ocupado fazendo e tocando minhas músicas, que nem sequer percebi que o 
verão chegava ao fim.”
As formigas encolheram seus ombros indiferentes e disseram: “Fazendo música, todo 
tempo você esteve? Muito bem, agora é chegada a hora de você dançar!”
E dando as costas para o gafanhoto continuaram a realizar o seu trabalho.
Moral da história: há sempre um tempo para o trabalho, e um tempo para a diversão.
Adaptado de: Kent (2002, p. 79).
Essa fábula é uma narrativa com fundo didático e utiliza linguagem figurada. Possui estrutura curta, 
com diálogos, e apresenta elementos da narrativa, como personagem, tempo e espaço. No final, uma 
moral é destacada. 
15
GÊNEROS TEXTUAIS
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
1. Escolha um dos modelos seguintes e desenvolva uma narrativa:
• Exatamente no momento em que cheguei ao escritório e olhei para aquela pilha de documentos 
que estavam sobre minha mesa e que teria que revisar até o dia seguinte, tudo em que pude 
pensar foi: “Por que eu?”.
• Era uma manhã quente, ensolarada e eu acordei assim que o telefone tocou. A voz do outro lado 
da linha simplesmente disse: “João, sou eu. Encontre-me na esquina de sempre em meia hora.”
• Eu tenho certeza de que todo mundo sabe o que é enfrentar uma prova para a qual você não 
estudou. Bom, o caso é que no mês passado eu estava terminando de me preparar para ir à escola…
• Um dia eu fui para a escola. No caminho eu bati minha bicicleta contra uma árvore. O que aquela 
árvore fazia ali?
• Márcia havia trabalhado até tarde naquele dia e estava realmente cansada. Tudo em que ela 
conseguia pensar era em sua casa quentinha, seu quarto, sua cama macia e no sábado de folga 
depois de uma bela noite de sono. Chegou em casa rapidamente, apesar do trânsito, tomou seu 
banho e, quando se preparava para deitar…
Exemplo 2
Complete a narrativa:
Numa noite do ano passado, eu estava a caminho de uma apresentação da minha cantora favorita. 
De repente, (.............................................)
A mulher me agradeceu e entrou de volta no seu carro e foi embora. Eu .............................................
Quando eu cheguei ao local da apresentação, no entanto, as portas estavam fechadas. Estranhei 
aquela situação e .............................................
Eu já estava quase desistindo e indo embora, quando vi .............................................
Quando tudo terminou, a mulher me levou para os camarins e então............................................. 
16
Unidade I
1.2 O tipo descritivo
O tipo descritivo é o levantamento de propriedades qualificativas dos seres concretos ou abstratos. 
Podem ser feitas a descrição topográfica, a cronológica (períodos, fases, épocas), a pessoal (desde 
aspectos físicos até características de hábitos, virtudes etc.), a pictórica (hábitos, atitudes morais de uma 
época etc.) e tantas outras. 
Pode dar sequência, por exemplo, ao gênero poema, que é marcado por uma descrição mais subjetiva: 
a visão de mundo particular do descritor. Há, também, a descrição mais objetiva, como nos gêneros 
definição e de divulgação científica, por exemplo, que desconsideram os mundos possíveis do escritor. 
A descrição objetiva segue o princípio da permanência, ou seja, destaca características essenciais 
do ser descrito.
Apesar de dar uma impressão de enumeração, a estrutura da descrição é, na verdade, de hierarquia e se 
constitui de ancoragem, aspectualização, relação, e reformulação, conforme Adam (apud WACHOWICZ; 2010).A ancoragem consiste na introdução de um tema, ou seja, do objeto a ser enfocado. A aspectualização 
opera com a divisão, seja do aspecto físico, seja do aspecto abstrato, como a motivação social 
do ser, ou das etapas do fenômeno (brincadeira, jogo etc.). A relação, por sua vez, opera com 
comparações. A reformulação retoma o tema geral para refazer e reconstruir a concepção primeira 
do tema. A sequência pode ser representada conforme ilustrado a seguir:
 ancoragem
aspectualização relação
 reformulação
Figura 2 – Sequência do tipo descritivo
A descrição opõe-se à narração pelo seu caráter estático, em que o tempo não tem importância, pois 
não há transformação de estados ou de ações, pois ela compete ao texto narrativo. Desse modo, o ponto 
de vista do sujeito observador é fundamental e depende tanto de sua posição física (em relação ao que 
descreve) quanto de sua atitude afetiva (relativa ao objeto descrito).
O texto descritivo dá base a vários gêneros textuais, podendo aparecer em: relatórios, artigos, 
manuais e outros textos técnicos ou científicos; romances, contos, poemas e outros gêneros do mundo 
literário; conversação, mensagens on-line e outros textos do cotidiano. 
Exemplo de aplicação
O espaço está no nosso dia a dia, e não só nas aulas de Geografia como categoria de análise ou nos 
mapas. Análise do espaço implica tanto a descrição de fatos e coisas quanto a reflexão sobre as relações 
entre sociedade e natureza. O espaço são pegadas, registros, fósseis que cada pessoa/sociedade deixa 
17
GÊNEROS TEXTUAIS
ao longo de sua vida. Prédios, estradas, fábricas, máquinas e quaisquer outras obras humanas podem 
ser analisadas quanto à relação sociedade-natureza. Nada acontece fora do espaço, o qual carrega uma 
carga psicológica e simbólica intrínseca. Nessa perspectiva, apresentamos uma série de gêneros textuais 
que exploram o espaço. 
Exemplo 1 
Exploração de espaço em que você está:
a) Faça uma leitura ao empregar o sentido visual do espaço onde está e responda às 
seguintes perguntas:
Como o espaço se constitui?
Como você ocupa esse espaço?
b) Participe com as pessoas de sua casa ou de seu trabalho da fita métrica humana:
Meça o espaço em que estão.
Que objetivo simbólico vocês podem dar à fita humana?
Exemplo 2
Análise descritiva:
a) Gênero: fotografia.
Figura 3 – Fotografia sobre ocupação do espaço
Faça uma descrição do espaço. Perceba a relação entre o espaço e a ação humana.
18
Unidade I
b) Gênero: letra de música.
Gostava tanto de você
Tim Maia (composição: Édson Trindade)
Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar
Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate
E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você
Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você
Fonte: Gostava... (1973).
19
GÊNEROS TEXTUAIS
Que aparente paradoxo entre o enunciador e o espaço você identifica na letra dessa música?
Que relações possíveis entre o espaço e o ser humano podem ser identificadas?
c) Gênero: crônica.
Casa para alugar
Ontem fui ver uma casa vazia, que espera seus inquilinos. Onde fica, qual o seu aluguel, isto não são 
coisas contidas no ofício da cronista. Estava toda escancarada para um sol que lampejava enviesado, 
desconcertando pelo seu absurdo de má pintura. Já era quase noite num canto do céu. E havia um 
rasgão azul cintilante, feito para clarear a casinha, que se oferecia, toda branca e nova, para quem 
quisesse e pudesse. Quando entrei – um operário cantava, outro metia a cabeça pintalgada de branco 
sob a torneira do jardim. Havia água, espaço, terra em torno, muros cercando o pequeno domínio. Muitas 
pessoas têm ido ver a casinha vazia. As mulheres ficam perturbadas por um amontoado de sonhos que 
se desencadeiam, mal elas põem os pés no pequeno terraço. “Aqui fecharei com persianas; será quase 
um jardim, para que o neném não saia. E mandarei pintar da mesma cor da parede essa tremenda barra 
de cor verde, na sala de jantar, fingindo mármore”. Depois de uma pausa, talvez ainda acrescentem:
“Este quarto será transformado em escritório, porque tem muita parede, e bem se pode nele instalar 
a grande estante de dois metros e oitenta. E neste canto do quarto cabe a cama de casal”.
A casinha será medida, considerada por uma respeitável quantidade de pessoas. Alguém se alegrará 
com o quintal, nele instalando em imaginação a casa do seu cachorro ou o galinheiro. Pessoas poéticas 
verão crescidas, aninhando as paredes, amorosas trepadeiras, assim como as begônias no terraço, mais 
as avencas e os gerânios.
Gostei de ver a casinha desalugada. Ainda não se sabe de quem será! É um palco pequeno e 
adornado, esperando por seus atores. Até a música que o operário cantarolava me parecia qualquer 
canto de apresentação, antes de uma peça, cuja primeira parte constará, talvez, da invasão de uma 
família com sua velha e seu papagaio, seu piano que não encontra parede, sua moça que reclama tudo, 
e a mãe que briga com os fornecedores. Um gato morrerá, quase, de susto, traumatizado com 
a alvura das paredes desconhecidas. A jovem achará a barra de imitação de mármore o tipo da 
coisa suburbana. O pai, vindo de uma era de casas mais enfestadas, defenderá aquela aparência 
de suntuosidade com o calor que só as discussões domésticas podem ter. Haverá um filho estudando, 
brigas sobre o horário do almoço, objetos perdidos na mudança, e o martirológio da dona da 
casa entoado por ela própria, sem que ninguém se importe com seu drama. Pode ser que a moça 
se case, que haja na salinha de barra verde uma mesa com comes e bebes. Acontecerá, quem sabe, 
em certa madrugada, riscar o escuro o choro de uma criancinha recém-nascida pungentemente 
cantando dos difíceis começos, doloridos começos de qualquer vida. Haverá alegria, haverá dívidas de 
dar nó na garganta, e festa de formatura, e discussões políticas. A casinha nova, então, terá paredes 
riscadas, gordura sobre o forro da cozinha, portas sem chave, torneiras escorrendo. Na ex-cobiçada 
pequena casa pessoas baterão portas com raiva:
20
Unidade I
“Esta casa é um inferno!”
Outras chegarão nela, já toda sabida e experimentada, como amante sem segredo, e irão diretamente 
a um canto mais fresco do terraço, ou para a profundeza de um quarto.
“Eu estava morrendo de calor (ou de cansaço). Não aguentava mais a rua.”
Terá a casinha tão perfeitamente pura, hoje, pregos caídos da parede, ladrilhos que faltam, como 
dentadura incompleta. Se passar algum tempo mais – talvez que o velho morra, e se enterre com 
a roupa feita ainda para o casamento da filha em seu caixão, que no alto será levantado, quando 
atravessar o portãozinho.
Ah, casinha que espera seus donos, branca e bonita como uma noiva menina! Estás preparada para 
teu destino. E, antes dos moradores — compactos fantasmas de vida e de morte já te povoam, eu sei.
Fonte: Queiroz (1963, p. 105).
Como o espaço é apropriado pelos seres humanos?
Por meio do espaço um mundo é criado. Relacione o espaço com o mundo criado: “seu inferno” 
e “seu paraíso”.
d) Gênero: mapa.
Figura 4 – Mapa da América do Sul
21
GÊNEROS TEXTUAIS
O mapa está dividido em países:
Como podemos explicar aos jovens que tal divisão não se deve a fatores naturais do continente?
Proponha outra(s) possível(is) divisão(ões) para a América do Sul e explique o aspecto privilegiado 
de cada divisão.
e) Gênero: relatório.
Figura 5 – Diamante
Fórmula química
Composição:
Cristalografia:
Classe:
Propriedades ópticas:
Hábito:
Clivagem:
Dureza:
Fratura:
Brilho:
Cor:
22
Unidade I
Associação:
Propriedades diagnósticas:
Ocorrências:
Usos:
Monte um relatório sobre o caráter físico do diamante.f) Gênero: anúncio publicitário.
O anúncio publicitário aponta para outros aspectos não relativos ao caráter físico da joia anunciada. 
Assim, selecione um anúncio publicitário sobre joia e faça o que se pede a seguir:
Faça uma leitura espacial do anúncio, relacionando a joia anunciada aos aspectos político, cultural 
e econômico da sociedade.
Nessa leitura, aponta-se também para alguma forma de exclusão?
1.3 O tipo argumentativo
O tipo argumentativo – como a narração – possui uma longa tradição ocidental, uma vez que se 
pressupõe que a argumentação perpassa qualquer ato de linguagem. Esse é o tipo de texto que revela a 
intenção do sujeito de convencer e/ou persuadir “o outro” sobre a validade de uma tese, que compreende 
uma proposição (ideia proposta) a ser defendida no desenvolvimento do texto. Wachowicz (2010, p. 92) 
apresenta a sequência argumentativa no seguinte formato:
Tese anterior > Fatos > Inferências e construção de argumentos > Conclusão 
A tese anterior é a voz com a qual o texto argumentativo dialoga, sendo contrária ou a favor do 
discurso. Assim, a estrutura básica é constituída de:
• afirmação (tese, proposição);
• posicionamento: que pode demonstrar concordância ou discordância em relação a uma 
tese já existente;
• quadro de problematização: situa a argumentação em uma perspectiva (social, econômica, 
política, ideológica, religiosa etc.), direcionando o discurso do sujeito;
• formulação de argumentos: provas, raciocínio lógico, justificativas ou explicações que deem 
sustentação à tese;
23
GÊNEROS TEXTUAIS
• conclusão: resultado que se pretende com a defesa da tese pelos argumentos apresentados e sua 
pertinência e adequação ao quadro de problema. 
Os argumentos podem ser divididos em dois grupos: os que são utilizados para persuadir e os que 
servem para convencer. O primeiro grupo corresponde à argumentação retórica, que se apoia em valores, 
crenças e lugares comuns; o segundo apoia-se em fatos e verdades e é denominado argumentação 
demonstrativa pelo autor. 
Um texto argumentativo normalmente é composto dos dois tipos de argumento, os quais devem 
ser combinados na defesa da tese, tornando o texto mais coerente. No entanto, dependendo do gênero 
do texto a ser produzido, pode haver predominância de um tipo argumentativo sobre o outro. Para essa 
relação, Emediato (2007, p. 169) propõe o seguinte quadro:
Quadro 2 – Tipos de argumentação
Argumentação demonstrativa Argumentação retórica
Textos acadêmicos Textos publicitários e de marketing
Textos científicos Textos político-eleitorais
Textos jornalísticos informativos objetivos Textos religiosos e de intenção moral
Textos técnicos Textos de opinião
Há uma variedade de tipos de argumentos que podem ser utilizados na organização discursivo-textual 
do texto argumentativo, resumidos por Palma e Cano (2012), conforme descrito a seguir:
• Argumento de princípio: a justificativa é um princípio geral e a legitimidade da conclusão é 
praticamente automática; aproxima-se da dedução pura. 
• Argumento por generalização ou exemplificação: dois exemplos significativos levam à conclusão.
• Argumento por causa: a argumentação pode ocorrer no sentido causa-efeito.
• Argumento por sinal: a justificativa constitui-se numa evidência suficiente para validar a conclusão.
• Argumento por analogia: a conclusão é válida por comparação entre situações de mesmas 
características essenciais.
• Argumento por autoridade: a conclusão justifica-se por ser sustentada por pessoa confiável.
• Argumento baseado em valores e crenças compartilhadas: a conclusão decorre de valores/crenças 
invocados para a defesa da tese levantada.
• Argumento baseado em definições atribuídas a palavras e expressões: a conclusão resulta da 
categorização e rotulação das palavras utilizadas na justificativa, as quais explicitam um aspecto 
avaliativo frente aos fatos.
24
Unidade I
• Argumento baseado na análise das consequências: a conclusão é resultado de um raciocínio 
causal que une ou rejeita algo que o produtor do texto defende ou não aceita.
• Argumento baseado em afirmação estatística: a força do argumento manifesta-se por meio 
de uma percentagem específica ou por meio de termos estatísticos não numéricos (a maioria, 
alguns, nunca etc.).
• Argumento baseado em rejeição de ponto de vista contrário: consiste na recusa de posições 
contrárias à sua; parte das inconsistências apresentadas por outra pessoa.
O tipo argumentativo estrutura, entre outros, os gêneros: artigo, coluna, carta do leitor, discurso de 
defesa e acusação, resenha, editorial, ensaio, dissertação, tese, monografia. 
 Observação
Os gêneros textuais do discurso científico – artigo científico, dissertação 
(de mestrado), tese (do doutorado), comunicação (em congressos), palestra 
– estruturam-se essencialmente no tipo argumentativo. 
Exemplo de aplicação
O texto a seguir é do gênero artigo de opinião e tem base argumentativa. Após a leitura, identifique:
• tese (ideia) vigente na sociedade atual sobre a legalização da droga;
• tese defendida pelo autor a favor ou contra a legalização da droga;
• exemplo de argumento que sustenta a ideia defendida pelo autor:
A droga das drogas
Um funcionário do segundo escalão foi demitido por ter dado entrevista sobre a legalização das 
drogas. A punição não foi pelo conteúdo. Se cada funcionário, sem autorização, falar o que quiser sobre 
ações do governo, merece o afastamento da nova equipe formada pela presidente.
Mas o assunto está encravado na agenda nacional. Em Genebra, um ex-presidente tomou parte 
num congresso internacional que está discutindo a medida, ele próprio já revelou que é favorável à 
legalização. Muita gente também é, em todo o mundo.
Trata-se da única maneira de acabar com a guerra do crime organizado. Não é a produção, distribuição 
e consumo das drogas que criam um Estado dentro dos Estados. Proibidas, formam uma rede marginal 
25
GÊNEROS TEXTUAIS
que entra em permanente conflito contra a polícia e contra as próprias células de produção e distribuição. 
O consumo, embora prejudicial como o do fumo e do álcool, não é criminoso.
Malefício por malefício, o fumo pode provocar câncer. O álcool afeta o comportamento social e 
causa doenças mortais, como a cirrose. Grande parte dos acidentes de trânsito e rixas pessoais na vida 
comum tem como causa o consumo exagerado do álcool.
O exemplo da Lei Seca nos Estados Unidos provocou histórica onda de crimes, tema recorrente que até 
hoje o cinema explora.
Com as drogas liberadas e taxadas pelos governos, será tirado o pão principal do crime organizado 
em todos os seus escalões, desde os pés-sujos que traficam a droga no violento varejo, até os poderosos 
chefões que investem no atacado clandestino.
Quanto aos consumidores, com os impostos recolhidos pelos governos sobre o comércio legalizado, 
poderão ser assistidos por clínicas especializadas e campanhas bem-sucedidas como a da Aids e a do fumo.
Fonte: Cony (2010).
1.4 O tipo expositivo
O objetivo do texto expositivo é informar o leitor sobre um dado referente. Os textos expositivos 
são utilizados em discursos da ciência, da filosofia, em livros didáticos, em divulgação científica etc. 
Os textos expositivos podem, por exemplo, servir para expor a demonstração da solução de um dado 
problema ou para explicar um fenômeno.
Os textos, de forma geral, não são puros, pois se valem de diferentes tipos textuais. No caso do texto 
expositivo, quando o produtor considera como válida uma explicação, e não outra, assume um ponto de 
vista, ou seja, segue a estrutura básica da exposição, mas recorre também à argumentação. 
Esse tipo pode dar sustento aos gêneros: seminário, conferência, palestra, verbete, resumo, relatório, 
entre outros com caráter mais informativo. 
Exemplo de aplicação
O texto a seguir, que faz parte da seção Superintrigante (perguntas instigantes, respostas surpreendentes), 
traz dez verbetes na construção da resposta. Verifique-os.
Quais são os trajes típicos dos países islâmicose o que representam?
Os turbantes e túnicas usados hoje nos países árabes são quase idênticos às vestes das tribos 
de beduínos que viviam na região no século VI. “É uma roupa que suporta os dias quentes e as 
26
Unidade I
noites frias do deserto”, afirma o xeque Jihad Hassan Hammadeh, um dos líderes islâmicos no 
Brasil. A partir do século VII, a expansão do islamismo difundiu esse vestuário pela Ásia e pela 
África, fixando algumas regras. A religião não permite que os fiéis mostrem em público as “partes 
íntimas” – para os homens, a região entre o umbigo e o joelho; e, para as mulheres, o corpo 
inteiro, exceto o rosto e as mãos. Por esse motivo, as vestes não podem ter nenhuma transparência 
nem serem justas a ponto de delinear o corpo. “Essas partes só podem ser vistas pelo cônjuge e 
alguns familiares. Dentro de casa, portanto, veste-se qualquer roupa”, diz Jihad. Existem também 
normas para diferenciar a aparência feminina da masculina. Os homens não devem usar objetos 
de ouro ou seda.
Recomenda-se também que tenham barba, para distanciar-se ainda mais da estética feminina e 
assemelhar-se aos antigos profetas. Entre os religiosos xiitas, há o costume de vestir preto, em sinal de 
luto pela morte, em 680, de seu patriarca Husayn, filho de Ali, o quarto califa, que consideram sucessor 
legítimo de Maomé.
Vestidos a rigor
O simbolismo das roupas de origem árabe varia conforme a região.
Icharb
Na maioria dos países árabes, as mulheres utilizam roupas semelhantes às túnicas masculinas e, na 
cabeça, um lenço que deixa só o rosto à mostra. O nome deu origem ao francês écharpe.
Xador
O Alcorão determina que as mulheres se vistam de forma a não atrair a atenção dos homens. Esse 
mandamento é levado ao pé da letra em países como Irã e Arábia Saudita, onde se recomenda o uso do 
xador, uma veste que envolve o corpo todo, com exceção dos olhos
Burqa
As vestes femininas são conhecidas pelos árabes como hijab, ou “cobrimento”. As partes do corpo 
que a mulher deve cobrir, no entanto, variam de acordo com o país. No Afeganistão, o Taleban instituiu 
o uso da burqa, uma versão radical do xador que cobre até os olhos
Cafia
Traje muito comum no Oriente Médio, que consiste em um pano quadrado preso por uma tira 
chamada egal (também agal, igal ou ogal). Por baixo dela, uma touca prende o cabelo. Sua origem 
remonta aos beduínos, que a utilizavam como máscara protetora contra o frio e contra tempestades de 
areia. A cor da cafia e da tira que a prende indicam o país e a região em que a pessoa nasceu. A versão 
quadriculada em preto e branco, consagrada por Yasser Arafat, é típica dos palestinos.
27
GÊNEROS TEXTUAIS
Abaia
É uma grande capa de lã. Os beduínos a carregavam em volta do corpo durante o dia e a vestiam à 
noite para se esquentar. Também a utilizavam, junto com um cajado, para improvisar uma cabana que 
os protegesse do sol.
Túnica
A principal peça do vestuário árabe é esse “vestido” de manga comprida que cobre o corpo inteiro. 
Ela costuma ser clara e larga para refletir os raios solares, fazer o ar circular e refrescar o corpo durante 
o dia. O corte e o material variam em cada país, podendo receber nomes como caftan, djellabia, 
dishdasha ou gallibia.
Cirwal
Calça larga, usada por baixo da túnica. Acredita-se que foi uma invenção dos persas, adotada pelos 
árabes a partir do século VII. É feita para permitir a liberdade de movimentos e foi muito utilizada entre 
soldados e camponeses. Deu origem à palavra “ceroula”.
Tarbush
Também conhecido como fez, trata-se de um pequeno chapéu de feltro ou pano, algumas vezes 
utilizado em conjunto com um turbante. Tornou-se muito popular durante o Império Otomano, quando 
foi incorporado ao traje oficial do governo.
Ihram
Durante as peregrinações, como as que todo muçulmano deve fazer à Meca, os fiéis ficam descalços, 
sem qualquer tipo de adorno e cobertos apenas por duas toalhas brancas. Essa veste, conhecida como 
ihram, retira do corpo todos os sinais de poder e riqueza para mostrar que todos são iguais perante Deus.
Turbante
De origem desconhecida, já era utilizado no Oriente muito antes do surgimento do islamismo. 
Consiste em uma longa tira de pano – que, às vezes, chega a 45 metros de comprimento – enrolada 
sobre a cabeça. As inúmeras formas de amarrá-lo compõem uma linguagem: o turbante indica a 
posição social, a tribo a que a pessoa pertence e até o seu humor naquele momento
Fonte: Da Redação (2016).
28
Unidade I
1.5 O tipo opinativo
O texto opinativo é muito veiculado nas esferas da política e do jornalismo. Ele serve para apresentar 
o ponto de vista do autor sobre um tema, como no exemplo a seguir.
Baleias não me emocionam
Hoje quero falar de gente e bichos. De notícias que frequentemente aparecem 
sobre baleias encalhadas e pinguins perdidos em alguma praia. Não sei se me aborrece 
ou me inquieta ver tantas pessoas acorrendo, torcendo, chorando, porque uma baleia 
morre encalhada. Mas certamente não me emociona. Sei que não vão me achar muito 
simpática, mas eu não sou sempre simpática. Aliás, se não gosto de grosseria nem de 
vulgaridade, também desconfio dos eternos bonzinhos, dos politicamente corretos, 
dos sempre sorridentes ou gentis. Prefiro o olho no olho, a clareza e a sinceridade – 
desde que não machuque só pelo prazer de magoar ou por ressentimento. Não gosto 
de ver bicho sofrendo: sempre curti animais, fui criada com eles. Na casa onde nasci 
e cresci, tive até uma coruja, chamada, sabe Deus por quê, Sebastião. Era branca, 
enorme, com aqueles olhos que reviravam. Fugiu da gaiola especialmente construída 
para ela, quase do tamanho de um pequeno quarto, e por muitos dias eu a procurei 
no topo das árvores, doída de saudade. Na ilha improvável que havia no mínimo 
lago do jardim que se estendia atrás da casa, viveu a certa altura da minha infância 
um casal de veadinhos, dos quais um também fugiu. O outro morreu pouco depois. 
Segundo o jardineiro, morreu de saudade do fujão – minha primeira visão infantil de 
um amor romeu-e-julieta. Tive uma gata chamada Adelaide, nome da personagem 
sofredora de uma novela de rádio que fazia suspirar minha avó, e que meu irmão 
pequeno matou (a gata), nunca entendi como – uma das primeiras tragédias de que 
tive conhecimento. De modo que animais fazem parte de minha história, com muitas 
aventuras, divertimento e alguma tristeza. Mas voltemos às baleias encalhadas: 
pessoas torcem as mãos, chegam máquinas variadas para içar os bichos, aplicam-se 
lençóis molhados, abrem-se manchetes em jornais e as televisões mostram tudo em 
horário nobre. O público, presente ou em casa, acompanha como se fosse alguém da 
família e, quando o fim chega, é lamentado quase com pêsames e oração. Confesso 
que não consigo me comover da mesma forma: pouca sensibilidade, uma alma de 
gelos nórdicos, quem sabe? Mesmo os que não me apreciam, não creiam nisso. Não é que 
eu ache que sofrimento de animal não valha a pena, a solidariedade, o dinheiro. Mas eu 
preferia que tudo isso fosse gasto com eles depois de não haver mais crianças enfiando 
a cara no vidro de meu carro para pedir trocados, adultos famintos dormindo em 
bancos de praça, famílias morando embaixo de pontes ou adolescentes morrendo 
drogados nas calçadas. Tenho certeza de que um mendigo morto na beira da praia 
causaria menos comoção do que uma baleia. Nenhum Greenpeace defensor de seres 
humanos se moveria. Nenhuma manchete seria estampada. Uma ambulância talvez 
levasse horas para chegar, o corpo coberto por um jornal, quem sabe uma vela acesa. 
Curiosidade, rostos virados, um sentimentozinho de culpa, possivelmente irritação: 
cadê as autoridades, ninguém toma providência? Diante de um morto humano, ou de 
29
GÊNEROS TEXTUAIS
um candidato a morto na calçada, a gente se protege com uma armadura. De modo 
que (perdão) vejo sem entusiasmo as campanhas em favor dos animais – pelo menos 
enquanto se deletarem tão facilmente homens e mulheres.
Fonte: Luft (2004).
O leitor verifica que, em texto opinativo,o autor não escreve qualquer opinião sem fundamento. 
Como esclarece Fiorin (2005, p. 112-113):
É preciso deixar bem claro que um texto opinativo não se funda apenas num 
eu acho que. Na verdade, é um texto que exige uma argumentação objetiva 
e consistente para expor um ponto de vista sobre uma dada questão. Como 
as questões que atingem os seres humanos (por exemplo, os programas de 
governo, a questão do aborto, o problema de quotas nas universidades) 
são sempre polêmicas, o texto opinativo é um pronunciamento sobre uma 
questão da vida social.
Fiorin (2005) ressalta, ainda, que não é apenas em texto opinativo que o produtor expressa sua 
posição sobre o assunto. Em todos os outros tipos de textos, há esse posicionamento; no entanto, no 
texto opinativo, o produtor dá sua opinião de forma clara.
1.6 O tipo injuntivo
O tipo injuntivo possui as seguintes características: 
• Exposição do objetivo da ação: aquilo a que se visa com a realização 
do que vem prescrito a seguir.
• Apresentação da sequência de ações a realizar para atingir um 
dado objetivo: ações que devem ser realizadas simultânea ou 
sucessivamente; há ações obrigatórias e opcionais; ações principais 
ou secundárias; ações apresentadas no imperativo ou em forma 
verbal com valor de imperativo.
• Justificativa da ação: característica opcional (FIORIN, 2005, p. 115).
O tipo injuntivo circula pelos seguintes gêneros textuais:
30
Unidade I
Quadro 3 – Tipo injuntivo e gêneros textuais
Tipologia Gêneros 
injunção 
bulas
receita culinária
panfleto promocional
rótulos (alimentos, produtos de limpeza etc.)
posologia
cartilhas
manuais
envelopes bancários 
lei
anúncio publicitário 
autoajuda (livros)
outros
Caro aluno, faça um levantamento rápido de quantos textos injuntivos estão à sua volta. Verifique, 
por exemplo, os rótulos de alimento existentes em sua casa. Será que você possui, no momento, uma 
embalagem de macarrão instantâneo? Veja se constam na embalagem sugestão e modo de preparar. 
Trata-se da sequência injuntiva e se espera que o leitor esteja apto para realizar uma dada tarefa, no 
caso, a execução da receita do macarrão. 
Observe se você possui revistas em sua casa ou local de trabalho. As revistas se tornam suporte 
para gêneros com tipologia injuntiva, como: receitas (de culinária, de produto de beleza, para manter a 
saúde), manuais de estética, horóscopos, conselhos sobre comportamento etc.
Além dos numerosos textos injuntivos em ambientes privados, existem muitos outros de ambientes 
públicos, disponíveis para a população, como as leis. Exemplificamos com o código de trânsito:
CODIGO DE TRANSITO BRASILEIRO
CAPÍTULO III
DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA
Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:
I – abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o 
trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a 
propriedades públicas ou privadas;
31
GÊNEROS TEXTUAIS
II – abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, 
depositando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando 
qualquer outro obstáculo.
Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor 
deverá verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos 
equipamentos de uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de 
combustível suficiente para chegar ao local de destino.
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, 
dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação 
obedecerá às seguintes normas:
I – a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-se as exceções 
devidamente sinalizadas;
II – o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal 
entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, 
considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da 
circulação, do veículo e as condições climáticas;
III – quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem 
de local não sinalizado, terá preferência de passagem:
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver 
circulando por ela;
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;
c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor;
[…] (BRASIL, 1997).
No caso do código de trânsito, vemo-nos obrigados a cumprir os comandos do código e a sua não 
realização acarreta punição conforme a lei estabelecida. 
Os anúncios publicitários são os gêneros de texto injuntivo por excelência devido ao seu forte caráter 
apelativo, mesmo aqueles que não têm função promocional de venda de produtos. 
Podemos usar o exemplo dado na prova do Enem, de 2011:
32
Unidade I
QUESTÃO 100
Figura 6
O anúncio publicitário está intimamente ligado ao ideário de consumo quando 
sua função é vender um produto. No texto apresentado, utilizam-se elementos 
linguísticos e extralinguísticos para divulgar a atração “Noites do Terror”, de 
um parque de diversões. O entendimento da propaganda requer do leitor 
(a) a identificação com o público-alvo a que se destina o anúncio.
(b) a avaliação da imagem como uma sátira às atrações de terror.
(c) a atenção para a imagem da parte do corpo humano selecionada 
aleatoriamente.
(d) o reconhecimento do intertexto entre a publicidade e um dito popular.
(e) a percepção do sentido literal da expressão “noites do terror”, equivalente 
à expressão “noites de terror” (INEP, 2011).
O enunciado dessa questão do Enem não possui comando explícito para o aluno-leitor. Por exemplo, 
não há verbo no imperativo “faça”, “responda”, “analise” ou outro comando. De maneira indireta, espera-se 
que o aluno leia o enunciado, procure interpretar o texto apresentado e selecione uma das alternativas. Em 
síntese, os enunciados de questões de exercícios – em provas, livros didáticos etc. – têm forma injuntiva. 
A sequência injuntiva caracteriza-se, segundo Rosa (2003), por três fases:
1ª) exposição do objetivo acional, ou seja, o que deve ser alcançado sob a orientação de um 
plano de comandos;
2ª) apresentação de comandos, os quais são dispostos em uma sequência de ações a ser executada;
3ª) justificativa, que implica motivo para o leitor seguir os comandos.
33
GÊNEROS TEXTUAIS
Rosa (2003, p. 34) apresenta um esquema para a sequência injuntiva, exposto a seguir:
Sequência injuntiva
Plano de execução ordenada Plano de execução não ordenada
e e... e/ou e/ou...
Tempo 1/ 
Ação 1
Tempo 2/ 
Ação 2... 
Tempo n/
Ação n
Ação 1 Ação 2... Ação n
e/ou e/ou
3ª Fase: justificativa 3ª Fase: justificativa
Resultado final = objetivo virtualmente atingido
1ª Fase: exposição do objetivo acional
2ª Fase: apresentação dos comandos
Figura 7 – Sequência do tipo injuntivo
Em geral, para atingir o objetivo acional, o leitor precisa realizar a grande maioria dos comandos de 
acordo com a ordem processual hierárquica. Dependendo da habilidade ou da experiência do leitor, é 
possível que um ou outro passo possa ser desenvolvido fora de ordem ou substituído. 
Os comandos obrigatórios podem se apresentar como eventuais ou alternativos. Os comandos 
eventuais precisam ser realizados devido à necessidade da prática da ação requerida. Os alternativos levam 
o leitor à escolha de ações. Por exemplo, frente a uma receita culinária, o leitor precisa seguir os comandos 
obrigatórios, como “bata a clara em neve”, e escolher uma das sugestões, em vez de maçã no bolo, o leitor 
pode substituir por banana. No segundo caso, a ação dependerá do leitor. 
Os comandos podem ser realizados em tempo simultâneo, quando todas as ações são feitas ao 
mesmo tempo, ou em tempo sucessivo, quando cada ação depende cronologicamente da outra. 
Por fim, há o aspecto linguístico do texto injuntivo. Dependendo do texto, o leitor pode encontrar 
o discurso da incerteza, marcado por expressões como: talvez,provavelmente, quem sabe etc. No caso 
do texto injuntivo, o leitor depara-se com o discurso da certeza, que não tem marcas da subjetividade, 
uma vez que as afirmações independem de quem as enuncia. No discurso da certeza, as verdades são 
categóricas e inquestionáveis, sem emprego de verbos de opinião e crença, que denotam dúvida como: 
achar, crer, acreditar e pensar. Tal discurso confere credibilidade ao texto.
34
Unidade I
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
Leia a receita e depois anote se os comandos acionais estão em tempo sucessivo ou simultâneo. 
Sabão em barra
Ingredientes:
• 5 litros de óleo de cozinha usado
• 2 litros de água fervendo
• 200 ml de amaciante
• 1 quilo de soda cáustica em escama
Preparo:
Colocar a soda em escamas no fundo de um balde. Em seguida, adicionar a água fervendo e mexer 
até diluir a soda. Acrescentar o óleo e mexer. Misturar bem o amaciante. Jogar a mistura numa fôrma e 
cortar as barras de sabão somente no dia seguinte.
Fonte: Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio (s.d.). 
Exemplo 2 
O texto a seguir está dividido em duas partes para facilitar a leitura. Em que consiste a segunda parte 
no que diz respeito à tipologia textual? Justifique. 
Como fazer compras pela internet com segurança?
Entre todas as facilidades que a web oferece está a compra pela internet. Além de poder fazer os 
pedidos no conforto de casa, evitar filas e poder pesquisar os melhores preços, a rede facilita que você 
encontre exatamente o serviço ou produto desejado.
E, apesar do que muitos acreditam, fazer compras pela internet está cada vez mais seguro. Há 
diversos mecanismos para verificar a idoneidade das lojas on-line, reduzindo os riscos de cair em golpes 
e de ter os seus dados acessados por quem não deve.
Antes de fazer uma compra pela internet, é necessário que você saiba que cada loja virtual conta 
com características diferentes. Ainda assim, o passo a passo da compra é basicamente o mesmo. Na 
página, basta encontrar o produto desejado e clicar em “Comprar” ou “Adicionar ao carrinho”. Feito isso, 
35
GÊNEROS TEXTUAIS
você será direcionado para o preenchimento de um cadastro, onde a loja solicitará informações como 
nome completo, CPF, endereço e e-mail.
Com o cadastro pronto, você será direcionado para efetuar o pagamento. Em geral, as lojas virtuais 
aceitam pagamento por cartão de crédito, débito ou boleto bancário. Você deverá selecionar a opção 
mais conveniente.
Após a conclusão da compra, a loja emitirá um e-mail com a confirmação da compra e o número 
do pedido. São essas as informações que você deverá ter em mãos caso haja qualquer problema com 
a compra. Após a chegada do produto na sua casa, você pode pedir a troca ou o reembolso no período 
de 7 dias úteis.
Dicas de segurança para fazer compras pela internet
Agora que você já conhece o passo a passo para fazer compras pela internet, é necessário conhecer 
alguns mecanismos para fugir de fraudes e reduzir os riscos de cair em roubadas.
Escolha sites confiáveis
Assim como se faz em lojas físicas, faça compras em lojas virtuais de confiança. Veja se seus amigos 
ou familiares conhecem o site e busque indicações de outros compradores. Dê preferência a lojas que 
têm popularidade entre o público.
Verifique se o site é seguro
Antes de fazer um pedido, verifique se o site conta com o ícone de um cadeado na barra de endereço 
do navegador. Não digite suas informações em páginas que não tenham o ícone.
Confira se o site disponibiliza canais de atendimento
Um dado importante para verificar se uma loja virtual é confiável é a disposição de canais 
de atendimento ao cliente. Confira se o site fornece informações como CNPJ, endereço, telefone 
e contato do SAC.
Verifique a reputação do site
Outra dica valiosa na hora de fazer compra pela internet é verificar se há muitas queixas contra a loja. 
Para isso, você pode acessar o Reclame Aqui ou recorrer ao Procon e a outros órgãos de defesa do consumidor.
Desconfie de preços muito baixos
Assim como acontece nas lojas físicas, em geral os produtos mantêm uma média de preço nas lojas 
on-line. Se você se deparou com uma oferta que foge muito do padrão, desconfie da idoneidade do site 
e da veracidade das informações.
36
Unidade I
Não revele a senha do cartão de crédito
Como você pôde ver no passo a passo de como fazer compra pela internet, as lojas virtuais não 
pedem a senha do cartão de crédito. Por isso, não forneça esse tipo de informação, principalmente se 
solicitada por e-mail.
Não utilize computadores públicos para fazer compras pela internet
Para aumentar a segurança na hora de comprar pela internet, evite fazer compras e fornecer seus 
dados em computadores públicos. As máquinas podem conter vírus e causar transtornos, como o roubo 
de suas informações.
Mantenha o antivírus atualizado
Para se manter protegido de ameaças virtuais é fundamental manter um antivírus instalado e 
atualizado no computador ou smartphone. O software será capaz de detectar tentativas de invasão 
e evitar ataques ao dispositivo.
Adaptado de: Neves (2018).
1.7 O tipo dialogal
O diálogo é tipo de texto em cuja situação comunicativa os interlocutores coatuam diretamente em 
uma sequência temática imprevisível. Associado à oralidade, o diálogo apresenta aspectos linguísticos e 
comunicacionais diferentes da escrita. Segundo Wachowicz (2010, p. 87), nessa diferença entre oralidade 
(fala) e escrita,
• a oralidade faz uso de elementos extralinguísticos, como gestos e 
caretas, ao passo que a escrita fica restrita a sinais gráficos do sistema 
convencional ortográfico;
• a fala explora elementos prosódicos e de entonação, enquanto a 
escrita atém-se a tentativas de sua representação;
• a fala tende a construir frases mais curtas em comparação às frases 
longas da escrita;
• vale-se de redundância enquanto a escrita prima pela concisão;
• a oralidade possui flutuação temática, ao contrário da rigidez 
construída pela escrita;
37
GÊNEROS TEXTUAIS
• a fala possui a presença do interlocutor, enquanto a escrita não o 
pressupõe presente; em muitos casos, ele é inclusive projetado como 
interlocutor ideal;
• a fala aprende-se naturalmente, ao passo que a escrita passa pela 
aprendizagem artificial da escola.
O diálogo é um tipo de texto que dá base ao gênero conversação. Contudo, aplica-se, também, 
ao monólogo, porque este se constitui como diálogo interiorizado, em que um “eu” locutor prevê 
um “eu” ouvinte.
No tipo dialogal, duas sequências distinguem-se. A sequência fática é referente à abertura e 
fechamento do diálogo e a sequência transacional é a constituição do corpo da interação. A sequência 
dialogal pode ser esquematizada da seguinte maneira:
Quadro 4
Sequência fática 
de abertura Sequência transacional
Sequência fática 
de encerramento
Sequência semanticamente 
encadeada
Sequência pragmaticamente 
encadeada
Uma das características relevantes desse tipo textual é o tópico conversacional, isto é, o tema 
constituinte do texto. A temática não é a mesma do início ao fim de um diálogo, contudo essa variação 
faz parte desse tipo de texto e é organizada por algum tipo de ligação, estabelecida principalmente 
pelos interlocutores, na troca de turnos.
Vejamos um exemplo de conversação a seguir. Antes, porém, é preciso esclarecer que a conversa foi 
gravada e reproduzida conforme as normas de transcrição de análises de textos orais: os locutores são 
identificados como L1 e L2 e as ocorrências de fala são marcadas por sinais, como:
Quadro 5
Sinal Ocorrência 
... pausa
[ superposição ou simultaneidade de vozes
: : prolongamento de vogal ou consoante
/ truncamento
? interrogação
maiúscula Entonação fática
38
Unidade I
L1. se eu não fizer direito as minhas visitas ou se eu passar três quatro dias 
interrompendo meu serviço porque estou cansado.., evidentemente
[
L2. ganhará menos
L1. vou faturar menos vou ganhar menos
L2. lógico
L1. e eles baseados em :: ... em estatísticas em previsões eles podem mais ou 
menos saber comoo indivíduo está se comportando...
[
L2. então eles têm um certo controle sobre você certo?
L1. é um controle existe ...
L2. eles têm uma.., o quanto normalmente você deveria produzir... 
se trabalhasse ...
L1. Ah sim
L2. aquele tempo
L1. baseado evidentemente em estatísticas em:: casos anteriores ...
L2. certo ...
L1. e tudo mais não existe aquela aquela rigiDEZ aquele controle di/ diário 
(PRETI, 1994, p. 15).
O trecho desse diálogo é equilibrado, pois é conversa simétrica. Cada locutor dá o ritmo da conversa 
de maneira espontânea do evento de fala, mostrando-se à vontade para ter a palavra com pergunta, 
afirmativa, avaliação etc. 
Verificamos que os locutores L1 e L2 assumem tanto o papel de falante quanto de ouvinte e elaboram 
o texto conversacional. O texto, por sua vez, acontece em um contexto específico e extralinguístico, 
abrangendo o momento, o imediatismo, as circunstâncias do evento e, inclusive, os próprios participantes 
e os laços que os unem. Em outras palavras, consiste em uma conversação natural, tal como ocorre 
espontaneamente no dia a dia, face a face, cujos falantes interagem ao mesmo tempo e no mesmo espaço.
39
GÊNEROS TEXTUAIS
Um aspecto importante sobre esse tipo textual é a recriação de um diálogo em texto escrito. 
A conversação faz parte da oralidade, ocorrendo de maneira natural tanto em manutenção ou mudança 
temática, o entorno dos interlocutores faz parte da conversação, gestos e expressões fisionômicas 
acompanham – em complemento ou reforço – o tópico conversacional, palavras vagas são empregadas, 
mas explicadas pelo contexto. Na escrita, tais características são “construídas” apenas pelas palavras, ou 
seja, a interação é sustentada pelo escritor, e não pelos interlocutores, há necessidade maior de manter 
o tópico conversacional para não dar impressão de texto incoerente, fatores extralinguísticos (como 
um gesto, por exemplo) são apagados ou explicitados por meio de palavras, as convenções da escrita 
precisam ser seguidas, como a noção de parágrafo, pontuação e ortografia. Além disso, características 
típicas da oralidade – repetições, palavra pela metade entrecortada com outra palavra, hesitação, pausas, 
truncamentos – são apagadas no texto escrito ou reconstruídas de maneira artificial com minimização 
em suas ocorrências. 
Para exemplificar como o contexto é fundamental em um diálogo, reproduzimos um texto 
famoso a seguir: 
A vaguidão específica
“As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica.”
Richard Gehman
— Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte. 
— Junto com as outras? 
— Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer 
fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia. 
— Sim senhora. Olha, o homem está aí. 
— Aquele de quando choveu? 
— Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo. 
— Que é que você disse a ele? 
— Eu disse pra ele continuar. 
— Ele já começou? 
— Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse. 
40
Unidade I
— É bom? 
— Mais ou menos. O outro parece mais capaz. 
— Você trouxe tudo pra cima?
— Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora 
recomendou para deixar até a véspera. 
— Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão 
atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite. 
— Está bem, vou ver como (FERNANDES, 2005).
Somente o contexto da conversação pode especificar os termos “lá fora”, “coisa”, “no lugar do 
outro dia”, “o homem está aí”, “tudo” e tantos outros empregados no texto. Primeiramente, a interação 
é estabelecida entre as personagens Maria e Senhora, cujo conhecimento é compartilhado entre 
elas. Segundo, as marcas de lugar são retomadas por meio de vetores “lá”, “pra cima” etc., os quais 
são identificados pelos falantes no contexto comunicacional. O contexto situacional do diálogo é 
constituído por mais de um locutor, que reconhece os sentidos construídos ao relacionar os tópicos 
conversacionais ao entorno. 
Existem, portanto, diferenças entre as condições reais de uma conversação oral e as escritas de 
um diálogo romanesco, cinematográfico, teatral ou de história em quadrinhos. No esclarecimento 
de Adam (2011, p. 247), “a imitação da conversação oral leva a formas dialogais escritas que não 
poderíamos confundir com a oralidade autentica”. Goffman (apud ADAM, 2011, p. 247) confirma: 
As enunciações não se encontram localizadas nos parágrafos, mas em 
turnos de fala que são outras tantas ocasiões temporárias de ocupar 
alternativamente a cena. Os turnos são, eles próprios, naturalmente, 
emparelhados sob formas de intercâmbios bipartidos. Os intercâmbios estão 
ligados entre si em sequências marcadas por uma certa tematicidade. Uma 
ou mais sequências temáticas formam o corpo de uma conversação.
Nessa perspectiva, percebemos a dificuldade que um escritor literário, por exemplo, tem para 
aproximar seus textos dialogais da realidade da conversação oral e espontânea. 
41
GÊNEROS TEXTUAIS
 Saiba mais
A área da linguística que desenvolve estudos sobre o gênero conversação 
é a análise da conversação. No Brasil, essa área foi abundantemente 
construída pelo Projeto Nurc/SP (Norma Urbana Culta do Estado de São 
Paulo), organizado pelo pesquisador Dino Preti. Desse Projeto, foi publicada 
uma série de obras, também organizadas por Preti, que trazem profunda 
e variada perspectiva de estudo sobre a conversação, inclusive análises 
referentes aos diálogos construídos em textos ficcionais. Entre os títulos 
dessa série, constam: 
PRETI, D. (org.). Análise de textos orais. São Paulo: Humanitas, 1994.
PRETI, D (org.). Interação na fala e na escrita. São Paulo: Humanitas, 2002.
PRETI, D (org.). O discurso oral culto. São Paulo: Humanitas, 1999.
PRETI, D. (org.). Oralidade em diferentes discursos. São Paulo: 
Humanitas, 2006.
Exemplo de aplicação
Exemplo 1 
Acompanhe dois diálogos durante alguns minutos; um deles face a face e outro virtual. 
a) Anote o tópico conversacional, ou seja, será que houve a manutenção de apenas um tema ou 
ocorreu mudança de tema? 
Diálogo face a face.
Diálogo em plataforma virtual. 
b) Observe a alternância de papéis – falante e ouvinte. Será que houve alternância? 
Diálogo face a face.
Diálogo em plataforma virtual. 
c) A alternância de papéis relaciona-se com a simetria ou a assimetria entre os interlocutores. Como 
ocorreu a relação entre os interlocutores? Discuta o poder que se forma entre eles.
42
Unidade I
Exemplo 2 
Acompanhe durante alguns minutos um programa televisivo, seja uma novela, uma série ou um 
desenho animado. Compare as sequências dialogais do programa com as sequências reais à sua volta. 
A seguir, alguns aspectos que podem ser usados na comparação.
Quadro 6
Marcas da oralidade
(hesitação, repetição, 
truncamento, 
entonação fática etc.)
Troca de turnos 
(troca de papel: 
falante e ouvinte)
Tópico 
conversacional 
(manutenção ou 
mudança temática)
Contexto situacional
(aspectos extralinguísticos: 
momento, espaço, 
relações sociais)
Contexto interacional
(expressões faciais, 
gestos, postura, 
atitudes corporais etc.)
Diálogo ficcional
Diálogo real
Exemplo 3 
Quanto mais contemporâneo é o escritor literário, mais ele quer aproximar os diálogos da realidade 
linguística em seus textos. Selecione um trecho literário de duas obras de épocas bem diferentes (por 
exemplo, uma obra do século XIX e uma atual) e faça a comparação da construção do diálogo. 
Observações: 1) Os textos selecionados precisam ser da mesma língua para uma justa comparação. 
2) Muitos autores atuais usam gíria e a variação popular da língua. Não confunda registro da língua 
(formal, informal, gíria etc.) com a sequência dialogal na comparação entre os textos. 
Na apresentação de cada tipo de texto, seguida de aplicação, confirmamos que os tipos textuais 
são constructos linguísticos, como define Marcuschi (apud DIONÍSIO; MACHADO; BEZERRA; 2002), mas 
também verificamos que os tipos são consideradossequenciais. Nesse sentido, cada tipo é uma base 
textual com uma característica central. Por exemplo, a base narrativa define-se por uma sequência 
temporal, enquanto a descrição é definida pela sequência de localização. Já os textos expositivos 
apresentam sequências analíticas ou explicativas, enquanto os textos argumentativos têm sequências 
contrastivas explícitas e os textos injuntivos apresentam predomínio de sequências imperativas.
Os tipos textuais são, então, uma sequência. Para o linguista Adam (2011, p. 205), sequência é uma 
estrutura, ou seja, 
• uma rede relacional hierárquica: uma grandeza analisável em partes 
ligadas entre si e ligadas ao todo que as constituem;
• uma entidade relativamente autônoma, dotada de uma organização 
interna que lhe é própria, e, portanto, numa relação de dependência 
com o conjunto mais amplo do qual faz parte [o texto]. 
43
GÊNEROS TEXTUAIS
Percebemos também que, apesar de um tipo ser predominante em um determinado gênero, na verdade, 
o texto apresenta uma heterogeneidade tipológica. Os gêneros essencialmente narrativos, como o romance 
e o conto, possuem momentos de outros tipos: o descritivo na caracterização de uma personagem ou de 
uma paisagem; o opinativo no ponto de vista de uma personagem ou do narrador; e assim por diante. 
Entre tantos exemplos, no século XIX, surgiu o romance de tese, que atrela narrativa com a argumentação 
devido ao desenvolvimento de uma tese filosófica ou de outra área. Um dos dez melhores romances 
do século XX, Doutor Fausto, de Thomas Mann, tem base em questões filosóficas e psicanalíticas. 
O gênero de autoajuda, por sua vez, é do tipo injuntivo, mas, para levar o leitor a seguir as orientações, 
muitos autores recorrem ao tipo narrativo e criam uma história que serve de cenário para tal orientação. 
Ao tratar dos tipos textuais, então, precisamos considerar a sua heterogeneidade na concretização de um 
gênero. Logo, podemos afirmar que em um texto ocorre uma variedade de sequências tipológicas, as 
quais dão base ao texto como um todo.
Conseguimos tipificar os textos e diferenciá-los da noção de gênero. A seguir, trataremos do gênero.
2 GÊNEROS TEXTUAIS: CARACTERIZAÇÃO, FUNCIONAMENTO E CIRCULAÇÃO
Quando tratamos de gênero textual, o nome Mikhail Bakhtin é rapidamente lembrado! Foi um 
filósofo da linguagem, russo, do começo do século XX, e fez parceria com Voloshinov e Medvedev, os 
quais participaram do grupo Círculo de Bakhtin. 
 Saiba mais
Círculo de Bakhtin é constituído pelos estudos do filósofo da linguagem 
Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-1975) e pela produção de intelectuais 
de diferentes áreas sobre linguagem e dialogismo. Para conhecer mais, 
indico as obras da brasileira Beth Brait, que analisa pontos essenciais do 
pensamento bakhtiniano. Entre as obras, há a seguinte:
BRAIT, B. Bakhtin e o Círculo. São Paulo: Contexto, 2009.
Bakhtin trouxe profundas e relevantes contribuições para o estudo do texto, porém, devido ao 
distanciamento político-cultural entre os países ocidentais e orientais, somente nas últimas décadas do 
século XX os linguistas do mundo ocidental “descobriram” as obras de Bakhtin. 
Na passagem do século XIX para o XX, o formalismo russo caracteriza a análise nos elementos 
estritamente literários, sem relacionar, por exemplo, o texto literário com a sociedade. Além disso, o 
formalismo russo subjugava a literatura em prosa, considerando-a menor e, assim, valorizava a poesia. 
O Círculo de Bakhtin, à época, contestou fortemente esse posicionamento e trabalhou conceitos da 
linguagem e categorias de análise ao propor o estudo do uso da língua em diferentes contextos sociais. 
Além disso, baseou-se em textos literários, em especial no gênero romance. Ressaltamos, contudo, que 
Bakhtin ampliou seu objeto de estudo para textos cotidianos, científicos e institucionais. 
44
Unidade I
Em sua análise sobre a linguagem, Bakhtin (BRAIT, 2005) recorreu ao romance, principalmente de 
Dostoiévski (1821-1881), por verificar a existência de vozes nos romances, as quais expressam as ideias 
e o ponto de vista do mundo das personagens. 
 Observação
Fiódor Dostoiévski é o notório autor literário de obras como Os irmãos 
Karamázov e Crime e castigo. Escritor russo, ele nasceu em 1821 e faleceu 
em 1881, passando a fazer parte da literatura universal.
Esse estudioso verifica que muitas práticas de linguagem cotidianas são encontradas nos romances 
e inova as pesquisas ao propor a classificação dos gêneros de acordo com o uso da linguagem. O autor 
consegue distinguir, então, dois gêneros: o primário e o secundário. O gênero primário caracteriza-se 
pela espontaneidade, típica da linguagem cotidiana, e o gênero secundário é representado por textos 
culturais mais elaborados, como os literários escritos. 
O gênero primário – caracterizado como simples – abrange o diálogo cotidiano, a carta, a reunião 
familiar, a reunião social, entre outros gêneros, que constituem uma comunicação verbal espontânea 
e uma relação imediata entre a realidade existente e a realidade do enunciado. O secundário, por sua 
vez, caracteriza-se por sua complexidade e abrange gêneros como o romance, o texto científico, o texto 
legislativo, a carta oficial, entre outros tantos que emergem de circunstâncias diversificadas daquelas 
dos gêneros primários, tais como da relação não concomitante entre os interlocutores e da absorção 
de gêneros primários, que são integrados e transformados, nos e pelos gêneros secundários, durante o 
processo de formação desses gêneros.
Com base nessa distinção apresentada por Bakhtin, exemplificamos gênero primário a seguir.
... nós vimos que ela assinala... como disse o colega aí... a elevação da sociedade 
burguesa... e capitalista... ora... pode-se já ver nisso... o que é uma revolução... uma revolução 
significa o quê? Uma mudança... de classe... em assumindo o poder... você vê, por exemplo... 
a Revolução Francesa... o que ela significa? Nós vimos... você tem uma classe que sobe... 
e outra classe que desce...não é isso? A burguesia cresceu... ela ti/ a burguesia possuía... o 
poder... econômico... mas ela não tem prestígio social... nem poder político... então... através 
desse poder econômico da burguesia... que controlava o comércio... que tinha nas mãos 
a economia da França... tava nas mãos da classe burguesa... que crescera... desde o século 
quinze... com a Revolução Comercial... nós temos o crescimento da burguesia... essa burguesia 
quer... quer... o poder... ela quer o poder político... ela quer o prestígio social... ela quer entrar 
em Versalhes... então nós vamos ver que através... de uma Revolução... ela vai... de forma 
violenta... ela vai conseguir o poder... isso é uma revolução porque significa a ascensão de 
uma classe e a queda de outra... mas qual é a classe que cai? É a aristocracia... tanto que... o 
Rei teve a cabeça cortada... não é isso? caiu... o poder das classes privilegiadas e uma nova 
45
GÊNEROS TEXTUAIS
classe subiu ao poder... você diz... por exemplo... que a Revolução Russa de dezessete... é uma 
verdadeira revolução... por quê? porque significa... a ascensão duma classe nova... que tem 
o poder... ou melhor... que assume o poder... o proletariado
Fonte: Callou (1991, p. 104-105).
A conversação é considerada o maior gênero primário existente. Trata-se de um gênero que acontece 
no cotidiano em todas as esferas sociais. 
Veja a seguir um exemplo do gênero secundário.
Eu não quisera habitar uma república de nova instituição, por muito boas que fossem as 
leis que pudesse ter, de medo de que, constituído o governo de outra maneira, talvez, que 
não a exigida pelo momento, não convindo aos novos cidadãos, ou os cidadãos ao novo 
governo, ficasse o Estado sujeito a ser abalado e destruído quase desde o seu nascimento; 
porque a liberdade é como esses alimentos sólidos e suculentos, ou esses vinhos generosos, 
próprios para nutrir e fortificar os temperamentos robustos a eles habituados, mas que 
inutilizam, arruínam, embriagam

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