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FUNDAMENTOS DE FÍSICA AULA 1 Prof. César Chiesorin Baganha 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindos à nossa disciplina! Os conhecimentos de básicos de física possibilitam um entendimento amplo do mundo em que vivemos, e fazem com que enxerguemos o mundo à nossa volta com outros olhos. Esperamos que aproveitem esta aula. Vamos começar? CONTEXTUALIZANDO Iniciamos nosso curso introdutório de física com os conceitos gerais de física e como a física evoluiu desde a antiguidade até os dias de hoje. Vamos neste curso sobrevoar por todos os temas de física, que são importantes para serem aprendidos, e de total importância para a carreira de um físico. Espero sinceramente que você aproveite os seus estudos! Toda nova tecnologia precisa ser aperfeiçoada; por exemplo, repare como os aparelhos celulares que usamos hoje são diferentes daqueles de dez, quinze anos atrás. Muita coisa mudou, porém a principal função desse aparelho continua a mesma, que é conectar pessoas. Com o cinema é a mesma coisa, apesar das adaptações tecnológicas – sua essência ainda é entreter as pessoas. TEMA 1 – EVOLUÇÃO E IMPORTÂNCIA DA FÍSICA A física sempre fascinou o ser humano, inicialmente nos fenômenos naturais e desconhecidos, passando pelo advento da matemática como uma ciência natural, e agora com todas as descobertas tecnológicas que ela proporcionou ao homem. Assim como a história, a física evoluiu de acordo com os registros da antiguidade, passando pela idade média, moderna e contemporânea. 1.1 Idade Antiga Na Idade Antiga, os fenômenos da natureza e um pensamento voltado ao homem trouxeram as mitologias e a resposta aos fenômenos observacionais. A ira dos deuses explicava a causa de diversos fenômenos naturais. Contudo, mesmo na Idade Antiga, começaram a surgir os primeiros intelectuais, os quais hoje chamaríamos de cientistas. São eles os filósofos naturais. Entre eles estão por exemplo Tales de Mileto, que foi um dos primeiros a indagar se a água é a 3 essência geral de todas as coisas. E também Aristóteles, que estudou principalmente os efeitos e o movimento dos corpos, desenvolvendo com base em suas ideias as escolas peripatéticas. 1.2 Idade Média Com a evolução das escolas católicas, metafísica e alquimia começaram a ser desenvolvidas. Muitos freis e padres eram também matemáticos e contribuíram para a ciência natural na parte de princípios físico-químicos. 1.3 Idade Moderna A matemática de Galileu Galilei é a mais divulgada linguagem aplicada na ciência. Apresentou muitos experimentos controversos ao senso comum da época. Depois, temos Isaac Newton e outros grandes filósofos naturais. Enquanto a experimentação ganhava mais adeptos, na metodologia científica, Francis Bacon e René Descartes demonstravam a importância de se ter um rigor científico para a experimentação e a apresentação de novas ideias. As leis físicas propostas por Newton dão origem ao cálculo diferencial, as origens do que conhecemos hoje como mecânica clássica, e à gravitação universal. Os princípios de óptica de Newton também foram muito importantes para compreendermos a formação de cores e para criar alguns instrumentos ópticos. 1.4 Idade Contemporânea Após algumas reviravoltas sobre o caráter onda-partícula da luz, fenômenos físicos até então sem explicação começam a se sobressair, e uma explicação quântica torna-se ideal para entendermos a matéria. Assim surge a Física Moderna, idealizada pela teoria dos quanta de luz, proposta por Max Planck, e seguida por muitos físicos famosos da época, como Albert Einstein, Erwing Schrödinger, Niels Born, Werner Heisenberg, Louis de Broglie e Paul Dirac. Além da quantização da energia, surge um novo conhecimento sobre a relatividade entre referenciais; a velocidade da luz no vácuo torna-se uma constante universal. 4 1.5 Influência e importância A física é uma ciência muito importante e relevante em diversas áreas do conhecimento. Apesar de grande parte dos cientistas modernos terem sido julgados por seus experimentos, que iam contra os pensamentos de intelectuais e da igreja, hoje os conhecimentos de física podem ser aplicados em todas as áreas, como por exemplo nas engenharias, nas ciências da saúde, nas ciências da terra e nas ciências biológicas. Pode-se considerar a física e a matemática como precursoras das engenharias modernas desde sua forma fundamental, em virtude dos questionamentos relacionados aos comportamentos dos sólidos, aos princípios da estática e também da dinâmica, a análises de falhas e também aos critérios usados em dinâmicas de fluidos. Na área da saúde, a física atua principalmente na radiologia, e também na busca de materiais que possam ser biocompatíveis com o ser humano. No caso das ciências da terra, a física está relacionada com as evoluções físico-química da atmosfera, além da degradação e da análise dos solos e das características geofísicas de determinada área geológica. Nas ciências biológicas, a física tem um papel importante para a determinação físico- química de novas substâncias. TEMA 2 – LEI FÍSICA E MÉTODO CIENTÍFICO As leis físicas explicam os fenômenos naturais com base em experimentos, intuição, métodos empíricos, ou por meio da descrição de modelos matemáticos que podem prever a natureza desses fenômenos. Na Antiguidade, as leis da física estavam muito baseadas nos sentidos do ser humano, sendo provenientes da intuição. Na Idade Moderna, a ciência começa a ser mais rigorosa, devido à formação do método científico. O método científico consiste em algumas regras que devem ser aplicadas para validar determinada teoria física, podendo ser reproduzido por outros pesquisadores. Francis Bacon foi filósofo e estadista; acreditava que o método científico deveria estabelecer uma ideia experimental qualitativa e intuitiva dos fenômenos naturais. René Descartes também era filósofo, matemático e cientista natural, e acreditava que, para estabelecer uma verdade científica, deveríamos usar a razão, a lógica matemática e o reducionismo. Tendo por base as ideias desses dois pensadores modernos, o 5 método científico moderno está fundamentado na questão-problema, nas informações requeridas para chegar à questão problema, na proposição de hipóteses e na análise de experimentos; a partir disso, chega a conclusões para validar ou não determinado pensamento científico TEMA 3 – RAMOS DA FÍSICA E SUAS APLICAÇÕES Ao longo da história, a física foi se ramificando, e algumas noções foram expandidas. O caráter eletromagnético juntou forças e os experimentos de física moderna abriram novas teorias e perspectivas sobre o futuro da física e da tecnologia. No que concerne ao período em que vivemos, a física está presente em praticamente tudo. Estamos mergulhados na física, desde a conceituação mais básica e simples, até os mecanismos de alta tecnologia. A física é a ciência natural que trata os fenômenos, desde os astronômicos até os microscópios. Com base no estudo da matéria e na energia e das relações espaço-tempo, foi possível ao homem viajar no espaço, além de criar o computador e todos os equipamentos modernos usados hoje em dia. Basicamente, a física se divide em física clássica e física moderna. Na física clássica, estão presentes os conceitos de mecânica clássica, termodinâmica, mecânica de fluidos, eletromagnetismo e mecânica ondulatória. A física moderna envolve conceitos da mecânica quântica e mecânica relativista. A mecânica clássica tem por fundamentos o movimento, as forças envolvidas em determinado corpo, sendo usada principalmente nas engenharias, como por exemploem aplicações da construção civil e no desenvolvimento de máquinas e mecanismos. Também usamos parte da mecânica clássica para explicar conceitos de astronomia. Na termodinâmica, são apresentados os conceitos fundamentais de temperatura e calor, além da desordem do sistema dado pela entropia. Além desses conceitos, surge a aplicação da física térmica no desenvolvimento de máquinas térmicas: termoquímica e mecânica estatística. A mecânica de fluidos baseia-se em fluidos escoando e estáticos, que podem explicar desde o funcionamento de turbinas em hidroelétricas até a aerodinâmica de automóveis. No eletromagnetismo, são abordados os conceitos da eletricidade e magnetismo, que são de interesse em eletrônica, eletrotécnica e tecnologia da informação. As propriedades elétricas do cérebro são de interesse da neurociência e também se prestam ao estudo de 6 partículas subatômicas. A ondulatória refere-se a uma grande área da física, da qual seguem princípios para o entendimento de oscilações em instrumentos de percussão e sopro, além de elucidar a vibração de equipamentos e a natureza onda-partícula da luz e do elétron. No caso da física moderna, a mecânica quântica se baseia nos princípios fundamentais da matéria no nível atômico, na produção de sistemas quânticos e no estudo físico-químico de materiais importantes para as ciências de materiais. A relatividade geral traz uma análise mais abrangente do espaço, e caracteriza uma outra coordenada, conhecida como espaço-tempo. A partir dela, foi possível construir satélites, GPS (Global Positioning System) e a engenharia espacial. TEMA 4 – SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES, NOTAÇÃO CIENTÍFICA E ORDEM DE GRANDEZA Com o avanço da física e da matemática ao longo do tempo, pesquisadores do mundo todo começaram a desenvolver seus próprios modelos matemáticos, com base em unidades de medida comuns na sua região de origem. Um exemplo de unidade de medida comum é o metro, o ºC, mas também existem a polegada in, o grau Fahrenheit ºF, e outras unidades, como o galão (que era uma unidade de volume), a jarda (referente a uma medida de distância), a libra (referente a uma unidade de força). O problema desses modelos e unidades de medida diferenciadas é que nem sempre eram simples de serem reproduzidas por outros pesquisadores, ou as unidades não tinham equivalentes de um sistema de medidas para outro. Muitas unidades referiam-se a medidas do corpo humano, o que já apresentava uma incerteza grande, pois de um indivíduo para o outro existem diferenças. Para tentar padronizar os sistemas de unidades escritos em artigos e em rótulos, surge o Sistema Internacional de Unidades SI. O SI corresponde a um acordo de diversos países para padronizar as unidades a serem usadas na ciência. Assim, padrões reais de grandezas físicas primitivas fundamentais foram construídos e servem de referência para a calibração de equipamentos de medição usados ao redor do mundo. Ao todo existem sete grandezas físicas primitivas fundamentais, que são a base para determinar todas as outras grandezas físicas. Por exemplo, as grandezas físicas primitivas “comprimento” e “tempo” são ditas fundamentais pois elas não dependem de outra; e são primitivas, pois caracterizam um 7 conceito físico primitivo. O quadro a seguir apresenta as sete grandezas primitivas fundamentais e suas respectivas unidades de medida no sistema internacional. Quadro 1 – Grandezas físicas primitivas fundamentais e suas unidades no SI Grandezas Unidades SI Comprimento m (metro) Massa kg (quilo) Tempo s (segundo) Corr. Elétrica A (ampere) Int. Luminosa cd (candela) Temperatura K (kelvin) Quant. Matéria mol Essas grandezas físicas primitivas apresentam um padrão real ou um modelo teórico para explicar o valor da unidade. Por exemplo, o valor de 1 kg é calibrado com o valor físico de uma massa construída no instituto de pesos e medidas de Paris. Já a definição de metro corresponde ao comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo. O tempo de 1 segundo por sua vez é baseado na emissão radioativa de um núcleo de Césio 133. Com base nessas grandezas físicas primitivas, são construídas as outras grandezas físicas, como velocidade, aceleração e pressão. 4.1 Notação científica Devido ao fato de ser muito comum trabalhar com valores de medidas fundamentais de ordens de grandeza muito grandes ou muito pequenas, convenciona-se na ciência a utilização da notação científica. Vejamos alguns exemplos do uso da notação científica. Quando o sistema se refere a potências de 10, é comum usar a seguinte notação: 2200000 = 2,2 x 106 0,0000051 = 5,1 x 10-6 Transforme para notação científica os seguintes valores: 10 = 100 = 8 153 = 250000000= 0,1= 0,000345 Com base no valor da potência de 10, pode-se utilizar os prefixos do quadro a seguir. Quadro 2 – Prefixos na unidade de medida POTÊNCIA PREFIXO SÍMBOLO 103 quilo k 102 hecto h 101 deca da 10-1 deci d 10-2 centi c 10-3 mili m Vejamos alguns exemplos do uso de prefixos na notação científica: 10 km = 10 x 103 m 80 kg = 80 x 103 g 20 cm = 20 x 10-2 m Agora, atribua o prefixo para a notação científica dos seguintes valores: 10 m = 100 A = 153 K = 250000000 m = 0,1 m = 0,000345 mol = Outro tipo de medida que pode ser interessante em um cálculo físico é a ordem de grandeza da medida. A ordem de grandeza corresponde a um valor qualitativo de quão grande ou pequeno o valor envolvido na medida é. Não importa o numeral, mas sim a potência de 10 relacionada ao sistema. Por exemplo, a massa de um cachorro é da ordem de quilos (103 g). 9 TEMA 5 – GRANDEZAS DIRETAMENTE E INVERSAMENTE PROPORCIONAIS Muitas relações entre duas grandezas físicas têm certa proporcionalidade em física. Enquanto uma grandeza cresce, a outra cresce também, ou diminui proporcionalmente. Devido à recorrência desse tipo de relação em física, é importante estudar as grandezas que são diretamente ou inversamente proporcionais. 5.1 Grandeza diretamente proporcional Uma relação entre duas grandezas “A” e “B” é dita diretamente proporcional quando o quociente entre elas é igual a uma constante. Por exemplo, o número de laranjas para fazer suco de laranjas. A tabela a seguir traz um exemplo de grandezas diretamente proporcionais. Quanto maior o número de laranjas, maior será a quantidade de suco. Tabela 1 – Grandeza diretamente proporcional LARANJAS SUCO (L) RAZÃO 7 1 7 14 2 7 21 3 7 28 4 7 Aumentando o número de laranjas, aumenta-se a quantidade de suco. A razão entre a quantidade de "Suco (L) " /"Laranjas" = Constante. Logo, Suco (L) ∝ Nº de Laranjas. O gráfico da quantidade de suco como função do número de laranjas é uma reta, conforme mostra o Gráfico 1. Gráfico 1 – Quantidade de suco em função do número de laranjas 10 5.2 Grandeza inversamente proporcional Duas grandezas A e B são ditas inversamente proporcionais quando o produto entre elas é igual uma constante: Por exemplo, o número de operários em uma obra e valor recebido por cada um. A tabela abaixo mostra um exemplo de grandeza inversamente proporcional, pela relação entre o valor recebido por operário como função do número de funcionários, considerando um produto da empresa constante de 10000. Tabela 2 – Grandeza inversamente proporcional Operários Valor Produto 1 10000 10000 2 5000 10000 4 2500 10000 8 125010000 O valor recebido é proporcional a ∝ 1/(Número de operários); ou seja, o valor por operário é menor de acordo com a quantidade de funcionários que a empresa tem. O gráfico da grandeza inversamente proporcionais corresponde a uma hipérbole. Gráfico 2 – Valor recebido por funcionário como função do número de funcionários 11 FINALIZANDO Iniciamos nossa disciplina de introdução a física com uma visão geral do curso, e já apresentamos alguns conceitos relacionados às grandezas físicas. Espero que tenham aproveitado.
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