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FUNDAMENTOS DE FÍSICA AULA 3 Prof. César Chiesorin Baganha 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindos a mais uma aula de nossa disciplina! Os conhecimentos de básicos de física possibilitam um entendimento amplo do mundo em que vivemos, e fazem com que enxerguemos o mundo à nossa volta com outros olhos. Esperamos que aproveite esta aula. Vamos começar? CONTEXTUALIZANDO Nesta aula, vamos apresentar os princípios fundamentais da termodinâmica. O tema da termodinâmica é tão importante na física, que se alguma variável termodinâmica tiver que ser alterada, toda a física conhecida será prejudicada. A termodinâmica se baseia em análises empíricas do dia a dia; os conceitos utilizados na física macroscópica são usados por todas as pessoas. Qual a temperatura da sua região hoje? Por que você escuta um estampido no ouvido quando vai de uma região de morro a algumas centenas de metros para uma região ao nível do mar? O motor do carro trabalhando em ciclos termodinâmicos aplica essas ideias sistematicamente. TEMA 1 – TEMPERATURA E ESCALAS DE TEMPERATURA Por que a água gelada aquece e uma sopa quente resfria? A resposta para essa pergunta está no que conhecemos como equilíbrio térmico. Dois corpos interagentes estão em equilíbrio térmico quando o grau de agitação das moléculas constituintes dos dois materiais é o mesmo. Assim, os materiais tendem naturalmente a estabelecer um equilíbrio térmico entre si. Claro que, para considerar esse fato, deve-se considerar que os corpos estão isolados do meio externo, trocando calor somente entre eles. Assim, quando os corpos alcançam o equilíbrio térmico, suas temperaturas serão as mesmas. Por isso que uma sopa quente tende a esfriar e ficar na temperatura ambiente e a água gelada tende a aumentar a temperatura até chegar na temperatura ambiente. Mas por que uma mesa de mármore aparenta estar mais fria do que uma mesa de madeira, mesmo estando em equilíbrio térmico? Aguarde essa resposta para depois. Considerando um gás, pode-se pensar que a energia cinética média das suas moléculas aumenta conforme ele vai recebendo energia térmica. A energia térmica consiste na energia cinética associada ao movimento de 3 agitação térmica das moléculas de um meio. Quando um gás é aquecido por uma chama, por exemplo, ele começa a aumentar a energia cinética de suas moléculas, devido à energia térmica que lhe está sendo fornecida pela chama. Se agora o gás aquecido é deixado para interagir com um outro gás mais frio, a energia térmica que ele adquiriu começa a ser transferido para o segundo gás, de maneira que, após um tempo, os dois gases tenham o mesmo grau de agitação molecular; ou seja, fica estabelecido um equilíbrio térmico, e suas temperaturas serão as mesmas. Essa energia térmica que se propaga de um meio para o outro é chamada de calor, conforme veremos mais tarde. Apesar do grau de agitação molecular ser um parâmetro para definirmos temperatura, tentar determinar o estado em um sistema termodinâmico, analisando molécula por molécula de gás, seria um trabalho bastante grande. Por isso, é necessária uma visão macroscópica de temperatura, por meio da medida dos valores de agitação térmica molecular. Assim, é importante utilizar dados de referência para que seja possível determinar com exatidão o grau médio de agitação térmica. Por conta disso, surgem as escalas termodinâmicas. Essas escalas termodinâmicas correspondem a valores de temperatura associados a fenômenos físicos conhecidos e que podem ser reproduzíveis por pesquisadores no mundo todo. A escala de temperatura mais comum utilizada é a escala Celsius (ºC). Ela está definida de acordo com a temperatura de fusão e de ebulição da água. A fusão e ebulição correspondem a valores constantes nos quais o grau de agitação térmica da água permanece o mesmo, até a sua total transformação de fase. A diferença entre esses pontos fixos da água é marcada numa escala de 0-100, atribuindo 0ºC ao ponto de fusão da água e 100ºC o ponto de evaporação da água. Outra escala de temperatura, muito comum em países de língua inglesa, é a escala Fahrenheit, que adota o valor de 32 para o ponto de fusão do gelo e 212 para o ponto de vapor da água. O 0 ºF corresponde a um dia frio enquanto que o 100 ºF refere-se à temperatura do corpo humano. Apesar de ser possível utilizar escalas de temperatura, qualquer outro material que tenha pontos críticos estáveis de temperatura também pode ser utilizado, desde que haja uma relativa linearidade de temperatura entre os seus pontos de valor máximo e mínimo. 4 Outra escala de muito interesse para a física é a escala Kelvin. Essa escala absoluta foi determinada por Lord Kelvin, baseando-se na mudança da pressão quando um determinado gás mudava de temperatura de 0ºC para -1ºC, resfriado em volume constante. Notou que, nesse intervalo, a pressão de gás caia 1/273. Como a temperatura está relacionada com a energia cinética média das moléculas do gás, e a pressão está relacionada com a quantidade de transferências de momento que as partículas de gás fazem por unidade de tempo, Kelvin concluiu que em -273 ºC a pressão seria nula para o gás e assim as moléculas estariam em repouso. Com isso, a escala Kelvin e a escala Célsius têm a seguinte relação: 𝑇𝑇 = 𝑡𝑡 + 273. T refere-se à escala absoluta Kelvin, e t à escala em ºC. Como a escala Kelvin é uma escala absoluta, não existe o ºK, pois o grau º é devido a um intervalo dentro de uma escala. Assim, a escala Kelvin é apenas representada pelo símbolo K. Sabemos também que é muito comum converter uma escala de temperatura para outra escala. Essa mudança de escala corresponde a uma interpolação dos valores da temperatura que se quer determinar para as variações proporcionais da escala. TC 5 = T𝐹𝐹 − 329 = 𝑇𝑇𝐾𝐾 − 2735 Exercícios: Considerando a temperatura do corpo humano como 36 ºC, quanto vale essa temperatura em ºF e em K? Se o zero absoluto corresponde a -273ºC, quanto seria esse valor na escala ºF? TEMA 2 – DILATAÇÃO DOS CORPOS Um exemplo clássico da dilatação de corpos surge quando consideramos que entre os trilhos de trem existe um espaçamento para evitar que o ferro se distorça. Essa distorção poderia surgir devido ao grande aquecimento gerado pelo atrito entre as rodas do trem e os trilhos, chegando a limites de deformação do metal. Materiais colocados a uma temperatura mais baixa também tendem a contrair. Líquidos também apresentam A propriedade de dilatação. A explicação plausível para isso está no fato de que, com uma maior agitação térmica, os 5 átomos constituintes do material podem se deslocar para longe uns dos outros, dilatando o material. Geralmente, os corpos dilatam no volume, mas às vezes o interesse é observar a dilatação unidimensional, em uma dilatação linear. Na variação volumétrica, o material em análise dilata em seu volume, ou seja, ocorre uma variação de volume ∆𝑉𝑉 devido à variação da temperatura ∆𝑇𝑇. Define-se o coeficiente de dilatação volumétrica como sendo 𝛾𝛾, que corresponde ao quanto de volume foi dilatado como do volume inicial e da variação da temperatura. ∆𝑉𝑉 = 𝑉𝑉0𝛾𝛾∆𝑇𝑇 A unidade de 𝛾𝛾 é o grau recíproco [γ] = 1 ºC-1 Lembrando que ∆𝑉𝑉 = 𝑉𝑉𝐹𝐹 − 𝑉𝑉0, com 𝑉𝑉𝐹𝐹 sendo o volume final do objeto e 𝑉𝑉0 o volume inicial do objeto. No caso de uma dilatação de chapas de baixa espessura, ou de objetos isotrópicos, pode-se usar a dilatação superficial do material. Esse tipo de dilatação é bastante aplicado para a análise de chapas e a expansão deorifícios. A equação é: ∆𝐴𝐴 = 𝐴𝐴0𝛽𝛽∆𝑇𝑇 A área inicial é 𝐴𝐴0 e 𝛽𝛽 é o coeficiente de dilatação superficial da peça. Aqui também temos que: ∆𝐴𝐴 = 𝐴𝐴𝐹𝐹 − 𝐴𝐴𝑜𝑜, 𝐴𝐴𝐹𝐹 é a área final da peça. Essa equação também é válida para objetos isotrópicos. Por fim, tem-se a dilatação linear, muito importante para a determinação da dilatação de fios, cabos e barras, levando em conta apenas a variação do comprimento ∆𝐿𝐿. A equação para a dilatação linear é dada por: ∆𝐿𝐿 = 𝐿𝐿0𝛼𝛼∆𝑇𝑇 𝐿𝐿0 é o comprimento linear da barra, 𝛼𝛼 o coeficiente de dilatação linear. Também temos que: ∆𝐿𝐿 = 𝐿𝐿𝐹𝐹 − 𝐿𝐿𝑜𝑜 6 Os coeficientes de dilatação 𝛼𝛼,𝛽𝛽e 𝛾𝛾 são coeficientes característicos de cada material sólido ou líquido. Para materiais isotrópicos, pode-se utilizar a seguinte equação: 𝛼𝛼1 = 𝛽𝛽2 = 𝛾𝛾3 Exercício: uma barra de alumínio de dimensões (20 x 10 x 3) cm a 20 ºC é colocada em uma estufa cúbica de dimensões (30 x 30 x 30) cm. Se a barra é isotrópica e o coeficiente volumétrico do alumínio corresponde a 66.10-6 ºC-1, qual será a maior temperatura que poderá ser colocada na estufa, de modo que o alumínio alcance as extremidades do forno? Considere que as faces da peça serão planas, ou seja, a barra não ficará inclinada no interior do forno. O alumínio funde em 660ºC. Ele fundirá primeiro ou irá encostar nas paredes do forno primeiro? TEMA 3 – CALOR ESPECÍFICO, SENSÍVEL E LATENTE O calor específico “c” de materiais é uma grandeza física que relaciona a quantidade de calor necessária para uma grama de água aumentar a sua temperatura de 14,5 para 15,5 ºC no nível médio dos mares. Mas, por conveniência, o calor específico pode ser tratado como a quantidade de calor necessária para elevar em 1 ºC a temperatura de uma grama de massa do material em análise. Este refere-se a uma propriedade da matéria, assim como são os calores sensíveis e os calores latentes. O calor sensível é atribuído a uma elevação da temperatura do material (ou diminuição), enquanto que o calor latente é a quantidade de calor necessária para que uma determinada quantidade da substância mude sua fase física. O calor pode ser considerado como a energia térmica em trânsito. Um corpo aquecido transfere calor para um corpo de menor temperatura até que os dois corpos fiquem com temperaturas iguais. Assim, diz-se que o corpo mais quente espontaneamente emite calor para o corpo mais frio. Trata-se de um processo espontâneo do meio. Refrigeradores fazem com que o calor seja removido de dentro do compartimento da câmara fria por um processo não espontâneo. 7 3.1 Calor sensível O calor sensível é o aumento da energia térmica de um material por meio de uma fonte de calor (chama de fogão, maçarico), de modo a aumentar a sua temperatura. Assim, por exemplo, se aquecermos uma quantidade de água da temperatura ambiente (20 ºC) até cerca de 80 ºC, a quantidade de calor que a água vai receber será responsável pelo aumento da temperatura. Esse é o calor sensível. A equação matemática que descreve o calor sensível é dada por: 𝑄𝑄 = 𝑚𝑚. 𝑐𝑐.∆𝑇𝑇 Temos que Q é a quantidade de calor necessária para aquecer a substância de massa inicial 𝑚𝑚 e calor específico 𝑐𝑐, com uma variação de temperatura ∆𝑇𝑇. Vejamos um exercício: Deseja-se aquecer 100 g de água da temperatura ambiente para a temperatura de 96 ºC para fazer um chá. Sabendo que o calor específico da água vale c=1cal/g.ºC, calcule a quantidade de calor ( em calorias) necessária para aquecer esta proporção de água. Exercício: Usando a quantidade de calor do exercício anterior, sabendo que 1 cal= 4,18 J, qual é a quantidade de calor em Joules necessária para o aquecimento da água? 3.2 Calor latente O calor latente é a quantidade de energia térmica que é fornecida a um material por meio de uma fonte de calor (chama de fogão, maçarico) de maneira a promover uma transição de fase completa desse material sem que haja mudança na sua temperatura. Por exemplo, um bloco de gelo a 0 ºC, sendo aquecido irá converter o gelo em água líquida, o que corresponde a uma transição de fase, porém a temperatura do gelo durante essa mudança de fase permanecerá em 0 ºC até que todo o gelo derreta. A quantidade de calor absorvida para ser realizada essa transição de fase é conhecida como calor latente. A equação do calor latente é dada por: 𝑄𝑄 = 𝑚𝑚𝐿𝐿 8 𝑄𝑄 é a quantidade de calor trocada para fazer a mudança de fase total de um material com massa 𝑚𝑚 e 𝐿𝐿 é o calor latente desse material. Exercício: O calor latente de fusão do gelo é de Lf = 80 cal/g , ou seja, 80 calorias devem ser cedidas por grama de gelo para que ele derreta. Assim, qual a quantidade de calor necessária para transformar 10 gramas de gelo a 0ºC em 10 gramas de água a 0ºC ? Exercício: O calor latente de vaporização da água é Lv = 540 cal/g. Assim, a quantidade de calor necessária para evaporar 1 grama de água é 540 cal. Desse modo, qual é a quantidade de calor necessária para evaporar 100 gramas de água a 100 ºC? Da mesma maneira que a quantidade de calor necessária para a fusão do gelo é de 80 cal/g, a quantidade de calor que deve ser retirada do sistema para transformar água líquida em gelo é de -80 cal/g. O mesmo vale para a quantidade de calor necessária para realizar a condensação do vapor de água em água líquida. Este calor de condensação corresponde a -540 cal/g. Exercício: Qual é a quantidade de calor necessária para condensar 500g de vapor de água em água líquida a 100 ºC ? Considerar que o ponto de ebulição da água é 100 ºC. A capacidade térmica de um material, ou capacidade calorífica de um material, corresponde à quantidade de calor que a substância pode absorver por meio de uma variação da temperatura. 𝐶𝐶 = 𝑄𝑄 ∆𝑇𝑇 � 𝐽𝐽 𝐾𝐾 � É dada em Joules /Kelvin ou calorias/ ºC. TEMA 4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR Como já mencionamos anteriormente, o calor se transfere de um corpo mais quente para um corpo mais frio. Mas ainda não falamos sobre os mecanismos que viabilizam a troca de calor entre corpos, que serão tratados neste tema. A Figura 1 apresenta os três mecanismos possíveis de transferência de calor que são conhecidos. 9 Figura 1 – Mecanismos de transferência de calor Crédito: udaix/Shutterstock. Os mecanismos de trocas de calor são: condução, convecção e radiação térmica. Determinar os mecanismos de trocas de calor é de fundamental importância em várias áreas da engenharia e das físicas, pois muitas estruturas e isoladores são montados para reduzir ao máximo essas trocas, evitando perdas térmicas do meio. A eficiência de refrigeradores e caldeiras é um exemplo da necessidade de se conhecer bem como o calor se propaga. 4.1 Condução térmica A Figura 2 apresenta um caso específico de condução térmica. Na figura, é possível identificar uma chama aquecendo a ponta do bastão. Devido à condutividade térmica do bastão, o calor se propaga ao longo da barra até que toda ela esteja com a mesma temperatura. Microscopicamente, as moléculas da barra estão vibrando mais intensamente quando próximas da chama. A vibração começa a perturbar as moléculas vizinhas que estão em vibração menor. Assim, essas vibrações moleculares vão se propagando ao longo da barra. Por isso, para haver condução térmica, o material deve garantir contato entre as 10 moléculas. Materiais metálicos apresentam coeficientes de condução térmica maiores do que os isolantes, e assim o calor propaga mais facilmente entre eles. Por isso que, para o preparo de algumacomida que precise ser misturada constantemente, uma colher de pau é mais indicada do que uma colher de metal. Para reduzir o efeito da condução térmica, é necessário o uso de camadas isolantes. Essas camadas são eficientes para evitar que as vibrações entre as moléculas se propaguem. Figura 2 – Condução térmica Crédito: Fouad A. Saad/Shutterstock. 4.2 Convecção térmica A Figura 3 apresenta um exemplo de convecção térmica. Figura 3 – Convecção térmica Crédito: Fouad A. Saad/Shutterstock. 11 Na convecção térmica, as partículas de fluido ou de gás são aquecidas e sofrem um empuxo do meio, fazendo com que subam, enquanto as partículas mais afastadas da fonte de calor preenchem o espaço ocupado pelas primeiras partículas, gerando uma corrente de convecção térmica. Neste caso, há um transporte de massas. Apesar de muito se falar sobre convecção térmica em líquidos, ela é muito importante para diversos estudos envolvendo trocas de calor na superfície da pele, nas geladeiras frigoríficas e em sistemas colocados sobre fluidos em movimento. 4.3 Radiação A Figura 4 apresenta o sol como um exemplo de transferência de calor por radiação. Figura 4 – O sol, exemplo de transferência de calor por radiação Crédito: ESB Professional/Shutterstock. O sol é um excelente exemplo de transferência de calor por radiação, pois a luz solar chega até nós sem que necessariamente haja um meio material para se propagar, diferentemente da condução e da convecção. A radiação emitida pelo sol tem energia suficiente para aquecer a superfície da Terra, com intensidades variando de região para região. Para além do exemplo do sol, sabe- 12 se que qualquer corpo aquecido emite radiação. Para evitar a transferência de calor por radiação, é comum colocar superfícies altamente refletoras na região da luz do infravermelho. Outros exemplos de isolantes térmicos são os calorímetros, garrafas térmicas, roupas e cobertores. Exercício: Pesquise e explique o funcionamento de uma garrafa térmica no sentido de evitar as trocas de calor. TEMA 5 – ENERGIA INTERNA A energia interna “U” de uma substância é uma grandeza macroscópica que consiste em vários efeitos microscópicos somados, como a energia cinética das moléculas, os potenciais térmicos E os efeitos vibracionais e rotacionais, todos eles relacionados com a temperatura do corpo. Apesar disso, a energia interna de um corpo não é medida de maneira direta, mas sim por variação dessa energia. 5.1 Trabalho termodinâmico Para se ter uma noção da termodinâmica da energia interna, é preciso falar sobre o princípio de conservação da energia, e para isso é necessário entender a noção de trabalho em um processo termodinâmico. A definição de trabalho é dada por: 𝑊𝑊 = �⃗�𝐹 ∙ ∆𝑥𝑥����⃗ Para um sistema termodinâmico, no qual existe uma distribuição de pressão sobre um volume, temos: 𝑊𝑊 = 𝑝𝑝 ∙ ∆𝑉𝑉 Temos que 𝑝𝑝 é a pressão do sistema ou sobre o sistema e ∆𝑉𝑉 é a variação de volume sofrida pelo sistema. Para ilustrar essa definição de trabalho, considere a figura a seguir, que mostra uma expansão e uma compressão gasosa por meio de um cilindro com embolo. 13 Figura 5 – Expansão (cima) e contração (baixo) de gás por um embolo. No caso da Figura 5, a expansão gasosa se dá por um aumento do volume do gás, que vence a pressão externa. Dessa maneira, o gás fez um trabalho contra a pressão externa e aumentou o seu volume. Isso corresponderia a um trabalho termodinâmico positivo. Já no caso de a pressão reduzir o volume do gás, como apresentado na Figura, a contração do volume mostra que foi feito um trabalho sobre o gás. Assim, esse trabalho é negativo. Resumindo: • Expansão (∆𝑉𝑉 > 0 e 𝑊𝑊 > 0) • Compressão (∆𝑉𝑉 < 0 e 𝑊𝑊 < 0) Apesar de citar aqui um gás, o mesmo é valido para sólidos. Exercício: determine o trabalho realizado sobre um gás confinado em um cilindro com embolo que está forçando o sistema a uma pressão constante de 50 kPa. O volume inicial do gás era 2 cm3, e passou para um volume final de 1 cm3 ? O trabalho é positivo ou negativo? Lembrar que 1 cm3=10-6m3. Considerando que o trabalho pode ser positivo ou negativo, o trabalho termodinâmico diminui a energia do sistema ou aumenta a energia do sistema. 14 O sistema do embolo, por exemplo, pode não estar isolado termicamente, então existe também a possibilidade de uma transferência de calor por condução, convecção ou radiação, pois t pode estar entrando no sistema ou saindo do sistema. Com isso, a conservação da energia mostra que a quantidade de calor sobre o sistema subtraída do trabalho realizado pelo sistema é igual à variação da energia interna desse sistema. ∆𝑈𝑈 = 𝑄𝑄 −𝑊𝑊 Esse balanço de energia do sistema é conhecido como primeira lei da termodinâmica. Exercício: Considere que um gás no interior de um cilindro fechado por embolo é comprimido com pressão constante de 100 Pa. Isso faz com que seu volume diminua de 1m3 para 0,1m3. O sistema não é isolado; permite que exista uma troca de calor com o meio externo, de forma que o gás está recebendo uma quantidade de calor de 500 J. Determine a variação da energia interna do gás. Solução: ∆𝑈𝑈 = +500 − �100. (0,1 − 1)� = 500 + 90 = 590 𝐽𝐽 Com base na primeira lei da termodinâmica, existe a conservação da energia em um sistema termodinâmico; porém, sabe-se da lei zero que o calor passa espontaneamente do corpo mais quente para o mais frio, e outra grandeza deve ser considerada para essa espontaneidade dos processos termodinâmicos. A Entropia “S” do sistema termodinâmico é a grandeza termodinâmica que relaciona a qualidade da energia térmica disponível no sistema com a desordem associada a ele; está associada à estatística termodinâmica. De acordo com o conceito de entropia, a desordem termodinâmica tende a aumentar com o passar do tempo. Com base nela, é possível explicar que a desordem de um sistema termodinâmico não pode diminuir espontaneamente, e que a entropia do universo sempre aumenta. ∆𝑆𝑆 ∆𝑡𝑡 > 0 Impede-se assim que o fluxo do calor ocorra do corpo com menor para o de maior temperatura. 15 FINALIZANDO Nesta aula, abordamos os princípios fundamentais da termodinâmica. Descrevemos de forma abrangente todos os princípios de termodinâmica encontrados em livros-texto de física básica de nível médio. Claro que uma análise complementar é necessária; contudo, as definições e conceitos mostrados já formam uma pequena base para essa área tão importante da física e das engenharias.
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