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04 Estatuto da Crianca e do Adolescente ECA

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SESA/PR 
Técnico Administrativo 
 
 
 
 
2. Estatuto da Criança e do Adolescente –ECA: Livro I, Título II, Capítulo I; Livro II, Títulos I, II, III e 
IV.... .......................................................................................................................................................... 1 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
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professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
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Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
Prezado candidato, apenas trataremos sobre os artigos que estão sendo exigidos pelo edital. 
Enfatizamos que serão trazidos alguns comentários para melhor compreensão dos artigos. 
 
Considerações Iniciais 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº 8.069/1990, é reconhecido internacionalmente como 
um dos mais avançados Diplomas Legais dedicados à garantia dos direitos da população infanto-juvenil.1 
As crianças e adolescentes brasileiros são protegidos por uma série de regras e leis estabelecidas 
pelo país. Após anos de debates e mobilizações, chegou-se ao consenso de que a infância e a 
adolescência devem ser protegidas por toda a sociedade das diferentes formas de violência. Também 
acordou-se que todos somos responsáveis por garantir o desenvolvimento integral desse grupo. 
Em vigor desde 1990, o ECA é considerado um marco na proteção da infância e tem como base a 
doutrina de proteção integral, reforçando a ideia de "prioridade absoluta" da Constituição. 
No ECA estão determinadas questões, como os direitos fundamentais das crianças e dos 
adolescentes; as sanções, quando há o cometimento de ato infracional; quais órgãos devem prestar 
assistência; e a tipificação de crimes contra criança.2 
A doutrina de proteção integral à criança consagrada na Convenção Internacional sobre os Direitos da 
Criança e da Organização das Nações Unidas (1989) e na Declaração Universal dos Direitos da Criança 
(1959), assim como pela constituição da República Federativa do Brasil e pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente – ECA, designa um sistema em que crianças e adolescentes, até 18 (dezoito) anos de idade, 
são considerados titulares de interesses subordinados, frente à família, à sociedade e ao Estado, cujos 
princípios, estão sintetizados no caput do artigo 227 da Constituição Federal. 
A teoria de proteção integral parte da compreensão de que as normas que cuidam de crianças e de 
adolescentes devem concebê-los como cidadãos plenos, porém sujeitos à proteção prioritária, tendo em 
vista que são pessoas em desenvolvimento físico, psicológico e moral.3 
 
O ECA teve como inspiração as diretrizes fornecidas pela Constituição Federal de 1988, 
internalizando uma série de normativas internacionais, como a Declaração dos Direitos da Criança; as 
Regras mínimas das Nações Unidas para administração da Justiça da Infância e da Juventude - Regras 
de Beijing; e as Diretrizes das Nações Unidas para prevenção da Delinquência Juvenil. 
O Estatuto divide-se em 2 livros: o primeiro trata da proteção dos direitos fundamentais à pessoa em 
desenvolvimento e o segundo trata dos órgãos e procedimentos protetivos. Encontram-se os 
procedimentos de adoção (Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro II, capítulo 
II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos crimes cometidos contra crianças e 
adolescentes. 
 
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, proporcionando a eles um 
desenvolvimento físico, mental, moral e social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade 
e da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. 
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, 
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para meninos e 
 
1 Digiácomo, Murillo José, 1969- Estatuto da criança e do adolescente anotado e interpretado / Murillo José Digiácomo e Ildeara Amorim 
Digiácomo.- Curitiba .. Ministério Público do Estado do Paraná. Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Adolescente, 
2013. 6ª Edição. Disponível em: http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2013_6ed.pdf. 
2 Direitos da Infância – ECA e legislação. Disponível em: http://www.promenino.org.br/direitosdainfancia/eca-e-
legislacao?utm_source=Grants2014&utm_medium=Adwords&utm_campaign=Adwords-GrantsFT&gclid=CJutx7WT. 
3 LUZ, Wirlande da. A doutrina de proteção integral à criança. Disponível em: 
http://www.crmrr.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=21021:a-doutrina-de-protecao-integral-a-crianca&catid=46:artigos. 
2. Estatuto da Criança e do Adolescente –ECA: Livro I, Título II, 
Capítulo I; Livro II, Títulos I, II, III e IV. 
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meninas, e também aborda questões de políticas de atendimento, medidas protetivas ou medidas 
socioeducativas, entre outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados à Constituição 
da República de 1988. 
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que seja, devendo ser 
punido qualquer ação ou omissão que atente aos seus direitos fundamentais. 
 
Título II - Das Medidas de Proteção 
 
O ECA prevê a aplicação de medidas de proteção para a criança e para o adolescente se os direitos 
que lhes são reconhecidos forem ameaçados ou violados. Dispõe o art. 98 a respeito dessas hipóteses: 
a) por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
b) por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
c) em razão de sua conduta. 
 
Importante atentar-se a dois detalhes relevantes quando o assunto é ato infracional: 
a) criança não está sujeita ao regime das medidas socioeducativas, somente ao sistema das medidas 
de proteção; e 
b) o adolescente pode receber tanto a medida de proteção, quanto as medidas socioeducativas. Para 
receber também a medida de proteção, deverá o adolescente estar dentro das hipóteses previstas no art. 
98 do ECA. 
As medidas a serem aplicadas tem o caráter de mutabilidade, ou seja, podem ser aplicadas isolada ou 
cumulativamente e substituídas a qualquer tempo, a teor do art. 99 do ECA. 
Essas medidas encontram-se previstas no art. 101 e, para sua aplicação, o magistrado deve levar em 
conta dois parâmetros indicados no art. 100: 
a) necessidades pedagógicas da criança ou do adolescente; e 
b) preferência por medidas que fortaleçam os vínculos familiares e comunitários. 
As medidas cuja aplicaçãoé possível encontram-se previstas no art. 101 do ECA, em rol não taxativo, 
podendo outras serem aplicadas pelo magistrado. Vejamos quais são: 
a) encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade: trata-se de 
providência utilizada na hipótese de o menor ser encontrado em situação não adequada a ele e longe de 
seus pais; 
b) orientação, apoio e acompanhamento temporários: trata-se de importante medida utilizável em 
locais que possuem adequada equipe multidisciplinar para fortalecer os lações e vínculos familiares do 
menor; 
c) matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental: medida 
utilizável nas hipóteses de o menor não se encontrar matriculado em estabelecimento de ensino ou 
possuir baixa frequência e rendimento escolar. Tal obrigação é natural dos pais ou responsáveis, a teor 
do art. 55 do ECA, mas pode ser estabelecida como medida protetiva; 
d) inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente: medida 
tomada para as hipóteses em que a família não possui condições de subsistência; 
e) requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial: 
medida tomada nas hipóteses em que o menor não recebe o adequado tratamento que precise para sua 
recuperação; 
f) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e 
toxicômanos: medida tomada na tentativa de auxiliar o menor dependente a superar seu vício; 
g) acolhimento institucional: salutar destacar que imediatamente após o acolhimento da criança ou do 
adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento, visando à reintegração familiar, 
ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária 
competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família substituta (art. 101, §4º, 
do ECA); 
h) inclusão em programa de acolhimento familiar: a teor do §7º, do art. 101 o acolhimento familiar ou 
institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte do 
processo de reintegração familiar. Da mesma forma, estabelece que sempre que identificada a 
necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de 
promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido; 
i) colocação em família substituta. 
 
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É importante notar que as medidas previstas nas letras a a g podem ser tomadas pelo Conselho Tutelar 
(art. 136, I, do ECA), e as decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade 
judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse (art. 137 do ECA). 
 
Caso o menos possua alguma irregularidade em seu registro civil, o art. 102 do ECA determinada que 
as medidas de proteção serão acompanhadas da regularização do registro civil. Se o menor não possuir 
registro anterior, o assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elementos 
disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária. Tais registros e certidões necessários à 
regularização da situação do menor são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta 
prioridade. 
 
Vamos acompanhar em seguida o que prevê o ECA sobre o assunto, lembrando que a leitura 
detalhada e atenta do que prevê a legislação é essencial para a realização de uma boa prova. 
 
Título III e IV 
 
O art. 103 do ECA considera "ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal". 
Assim, o menor de 18 anos não pratica infração penal (crime), mas ato infracional. 
Adota-se um mecanismo de tipicidade remetida (ao direito penal comum), que incorpora o princípio da 
legalidade - reserva legal e anterioridade - ao sistema de responsabilidade especial do ECA (art. 5º, 
XXXIX, da CF; art. 40, n. 2, a, da Convenção sobre os Direitos da Criança - Dec. 99.710/1990). 
A substituição da doutrina da situação irregular (etapa tutelar) pela doutrina da proteção integral (etapa 
garantista - art. 1º) ensejou uma limitação do poder punitivo estatal: a possibilidade de intervenção punitiva 
por medida socioeducativa (art. 112) somente pode ser cogitada em face de uma conduta que seja 
tipificada como infração penal para os adultos. Em outras palavras, as situações de risco do art. 98 
permitem a aplicação apenas das medidas de proteção (art. 101), pois as medidas socioeducativas 
(manifestação do poder punitivo estatal) dependem da configuração de um ato infracional praticado por 
adolescente (art. 112, caput). 
 
Responsabilidade Especial 
Nos termos do art. 228 da CF, “são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às 
normas da legislação especial". Com tal norma se estabelece ao menor um modelo de responsabilidade 
especial, diferenciado do sistema que se aplica aos adultos. 
No mesmo sentido, o art. 27 do CP declara a inimputabilidade penal dos menores de 18 anos de idade. 
O art. 104, caput, do ECA, reforça que "são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos 
às medidas previstas nesta Lei". 
 
Mas o que é imputabilidade penal? Imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que 
dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de um fato punível. O conceito 
de sujeito imputável é encontrado no artigo 26, caput, do Código Penal, que trata dos inimputáveis. 
Neste contexto, podemos definir como imputável o sujeito mentalmente são e desenvolvido, capaz de 
entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
A inimputabilidade penal por idade, portanto, não significa indiferença ou impunidade, mas apenas a 
impossibilidade de imposição de sanções do direito penal comum (penas e medidas de segurança). 
O critério etário, definido por um aspecto puramente biológico (menoridade de 18 anos), determina a 
incidência do modelo de responsabilidade especial do ECA, em que somente pode ser cogitada a 
aplicação de medidas socioeducativas (art. 112, I a VI) e de proteção (art. 112, VII). 
Como se percebe, a Constituição Federal criou uma dualidade de sistemas de responsabilidade 
(resposta estatal de natureza jurídica diversa): para adultos, penas e medidas de segurança; para 
menores de 18 anos, medidas socioeducativas e de proteção, em respeito à condição peculiar de pessoas 
em desenvolvimento (art. 227, § 3°, V, da CF). 
Por isso, o modelo de responsabilidade especial do ECA não pode ser considerado um simples 
"sistema de responsabilidade penal mitigada" – que conserva sanções da mesma natureza, abrandando 
apenas os seus parâmetros de incidência, quantitativos ou qualitativos (redução da duração ou 
afastamento de algumas de suas modalidades). 
O Estatuto da Criança e do Adolescente ainda apresenta uma distinção interna nos sistemas de 
responsabilidade de crianças (menores de 12 anos) e adolescentes (12 anos completos, mas menores 
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de 18) por atos infracionais (art. 103): em caso de ato infracional praticado por criança, o art. 105 do ECA 
permite a aplicação apenas de medidas de proteção (art. 101); quando praticado por adolescente, o art. 
112 do ECA possibilita a aplicação de medidas socioeducativas (incisos I a VI) e de proteção (inciso VII). 
Em outras palavras, o ECA estabelece, para crianças, um sistema de irresponsabilidade por atos 
infracionais (nunca se sujeitam a medidas socioeducativas, mas somente a medidas de proteção, que 
não configuram "sanção"); para adolescentes, um sistema de responsabilidade especial (sujeitam-se a 
medidas socioeducativas e de proteção), denominado direito penal juvenil. 
 
Idade Sistema de Responsabilidade RespostasMaiores de 18 anos Responsabilidade penal Penas ou medida de segurança 
Adolescentes Responsabilidade especial 
Medidas socioeducativas 
(sanção) e de proteção 
Crianças Irresponsabilidade Medidas de proteção 
 
Em que momento será analisada a responsabilidade do autor do delito? 
Para a aplicação do sistema de responsabilidade especial do ECA, "deve ser considerada a idade do 
adolescente à data do fato" (art. 104, parágrafo único), ou seja, a idade do sujeito no momento da conduta 
(ação ou omissão), ainda que outro seja o momento do resultado (consumação). Trata-se de adoção da 
teoria da atividade, em consonância com o art. 4º do CP. 
Crimes permanentes (ex.: sequestro), em que a conduta se prolonga no tempo, são exceção à regra 
mencionada. Assim, se um menor inicia a pratica de um sequestro e este somente se consuma quando 
o ele atingir a maioridade este responderá como adulto pelo crime e não por ato infracional. 
 
Importante destacar que a prescrição penal também se aplica as medidas socioeducativas; nos 
termos do previsto pela Súmula 338 do STJ. E ainda, que segundo posicionamento adotado pelo STF 
também se aplica o princípio da insignificância ao ato infracional. 
Tais precedentes tem como objetivo impedir que se prossiga à estigmatização, à vitimização e à 
incriminação dos jovens, assim a legislação deve garantir que todo ato que não seja considerado um 
delito, nem seja punido quando cometido por um adulto, também não deverá ser considerado um delito, 
nem ser objeto de punição quando for cometido por um jovem. 
 
Criança Adolescente 
Menor de 12 (doze) anos 12 (doze) anos completos até menor de 18 anos 
Ato infracional Ato infracional 
Medida de proteção (art. 101, ECA) Medida socioeducativa (ex. internação) 
Aplicada pelo Juiz e Conselho Tutelar Aplicada pelo Juiz. 
 
DOS DIREITOS INDIVIDUAIS 
 
Os arts. 106 e 107 do ECA estabelecem os direitos individuais do adolescente em caso de apreensão, 
assim, designada a “prisão” dos menores de 18 (dezoito) anos. Lembrar sempre: o menor nunca será 
preso, mas sim apreendido. 
O art. 106, caput, dispõe que nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante 
de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, que seria o 
Juiz da Infância e da Juventude (art. 146 do ECA). 
A referência legal ao adolescente pode ser compreendida em função de as crianças não poderem ser 
privadas da liberdade, por não se sujeitarem a medidas socioeducativas, mas apenas a medidas de 
proteção (arts. 105 e 101). Ademais, em caso de apreensão em flagrante de ato infracional, as crianças 
serão encaminhadas diretamente ao Conselho Tutelar (art. 136, I) ou, enquanto não instalado, ao Juízo 
da Infância e da juventude (art. 262), mas nunca à autoridade policial. 
As situações de flagrância de ato infracional, que possibilitam a apreensão do adolescente, são as 
mesmas que permitem a prisão dos adultos, aplicando-se subsidiariamente ao ECA (art. 152) os arts. 302 
e 303 do CPP. 
A apreensão (prisão dos menores de 18 anos) sem flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem 
escrita da autoridade judiciária competente tipifica o crime do art. 230, caput, do ECA. 
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O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado 
acerca de seus direitos (art. 106, parágrafo único), entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado (art. 5º, LXI11 e LXIV, da CF). A inobservância das 
aludidas formalidades legais tipifica o crime do art. 230, parágrafo único, do ECA. 
A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão, de imediato, 
comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada 
(art. 107, caput). A omissão das comunicações, por parte da autoridade policial, tipifica o crime do art. 
231 do ECA. 
A par de ajustar o art. 5º, LXII, da CF ao direito da criança e do adolescente (substituição de prisão por 
apreensão, de qualquer pessoa por qualquer adolescente, de preso por apreendido), o ECA determina 
que as comunicações sejam realizadas incontinenti, em um sentido temporal ainda mais restrito que o 
contido no advérbio de modo "imediatamente". Por isso, não pode ser admitida "uma dilação de prazo na 
comunicação ao juiz competente de até 24 horas, como ocorre com a prisão de adultos. Necessário se 
faz que a comunicação seja verdadeiramente imediata, evitando-se a apreensão por tempo mais longo e 
de molde a minimizar eventuais traumas que possam ser causados aos adolescentes, muitas vezes 
irreversíveis". 
A comunicação ao Juiz da Infância e da Juventude (art. 146 do ECA) possibilita a apreciação da 
legalidade da apreensão (art. 5º, LXV, da CF); a comunicação à família do apreendido ou à pessoa por 
ele indicada possibilita a constituição de advogado, bem como a pronta liberação do adolescente pela 
autoridade policial, em face do comparecimento de qualquer dos pais ou responsável (art. 174 do ECA). 
 
Internação provisória 
O art. 108 disciplina a internação provisória (processual ou cautelar) - conhecida ainda como 
"atendimento acautelatório para adolescentes em conflito com a lei" -, que consiste na possibilidade de 
internação (privação da liberdade) do adolescente infrator antes da sentença (art. 186, § 4°). 
Sob o aspecto funcional, guarda similitude com a prisão preventiva aplicada aos adultos (arts. 311a 
316 do CPP), dada sua feição de medida cautelar pessoal. 
A internação provisória, no entanto, por incidir sobre adolescentes infratores (condição peculiar de 
pessoas em desenvolvimento: art. 227, §3°, V, da CF), possui limites temporais mais rigorosos, podendo 
ser determinada pelo prazo máximo de 45 dias (art. 108, caput), que coincide com aquele estabelecido 
para a conclusão do procedimento de apuração de ato infracional, quando internado provisoriamente o 
adolescente (art. 183). A superação dos 45 dias (excesso de prazo) acarreta a ilegalidade da internação 
provisória e impõe a liberação do adolescente, tipificando ainda o crime do art. 235 do ECA. 
Diante de tais considerações, a internação provisória poderia ser assim estruturada: 
1. Pressupostos: cabimento da medida socioeducativa de internação (art. 122): ato infracional 
cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa (I) ou reiteração no cometimento de outras 
infrações graves (II); 
2. Requisitos: Fumus commissi delicti (fumaça de cometimento do crime) e periculum libertatis 
(quando a liberdade do acusado oferece perigo) - art. 108, parágrafo único: 
a) fumus commissi delicti: indícios suficientes de autoria e materialidade (art. 108, parágrafo único); 
b) periculum libertatis: necessidade imperiosa da medida (art. 108, parágrafo único), revelada pela 
presença de algum dos fundamentos da prisão preventiva (art. 312 do CPP), aplicados subsidiariamente 
(art. 152): garantia da ordem pública; garantia da ordem económica; conveniência da instrução criminal; 
assegurar a aplicação da lei penal; garantia da segurança pessoal do adolescente (art. 174), que 
reputamos inconstitucional. 
A internação provisória não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional (art. 185, caput). 
Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser 
imediatamente transferido para a localidade mais próxima (§1°). Sendo impossível a pronta transferência, 
o adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e 
com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de 
responsabilidade (§2°). O descumprimento do prazo para transferência enseja a liberação do 
adolescente, tipificando ainda o crime do art.235 do ECA. 
 
Em resumo, nos termos dos artigos 106 a 109 do ECA, são direito do adolescente infrator: 
- privação da liberdade: 
a) flagrante de ato infracional; 
b) ordem judicial 
- não pode ser transportado em locais fechados das viaturas policiais; 
- o adolescente tem direito de que seja identificada a autoridade responsável pela sua apreensão; 
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- a apreensão do adolescente deve ser comunicada a família e ao juiz; 
- o adolescente civilmente identificado não será submetido à identificação compulsória, salvo se houver 
dúvida quanto a sua identidade. 
 
Internação Provisória: 
- decretada pelo juiz 
- cabe: indícios de autoria e materialidade + necessidade da internação 
- prazo: até 45 (quarenta e cinco) dias. IMPRORROGÁVEL 
- cumpre em um estabelecimento apropriado (Ex.: Fundação Casa); 
- os 5 (cinco) primeiros dias podem ser cumpridos numa cela comum, desde que separada dos adultos. 
 
GARANTIAS PROCESSUAIS 
 
O art. 110 do ECA reproduz a garantia do devido processo legal, contida no art. 5°, LIV, da CF: 
"Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal". 
Em seguida, o art. 111 do ECA especifica outras garantias, a saber: 
a) pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente 
(art. 184, § 1°); 
b) igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir 
todas as provas necessárias à sua defesa. O direito de o adolescente produzir provas na audiência em 
continuação (art. 186, § 4°) foi reconhecido no enunciado da Súmula 342 do STJ: "No procedimento para 
aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do 
adolescente". 
c) defesa técnica por advogado (arts. 5°, LV, e 133 da CF). O art. 207, caput, esclarece que "nenhum 
adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será 
processado sem defensor". 
Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, 
constituir outro de sua preferência (§ 1°). A ausência do defensor não determinará o adiamento de 
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só 
efeito do ato (§ 2º). Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de defensor nomeado ou, 
sendo constituído, tiver sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária 
(§ 3°). 
d) assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei (arts. 5°, LXXIV, e 134 da 
CF). O art. 141, caput, garante o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao 
Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. A assistência judiciária gratuita 
será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado (§ 1°). As 
ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e 
emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé (§ 2°). 
e) direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente (arts. 179, caput, e 186, caput, do 
ECA); 
O direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento. O 
art. 184, § 2º esclarece que, se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará 
curador especial ao adolescente durante a audiência de apresentação e a audiência em continuação (art. 
186, §4°). 
 
Em resumo, são garantias processuais do adolescente infrator: 
- devido processo legal: o juiz não pode dispensar as demais provas do processo em razão da 
confissão do adolescente (Súmula 342 do STJ); 
- defesa técnica: caso não tenha advogado constituído, será nomeado um defensor dativo; 
- assistência judiciária gratuita; 
- igualdade processual 
- ser ouvido pessoalmente pelo juiz 
- solicitar a qualquer tempo a presença dos pais ou responsável. 
 
MEDIDA SOCIOEDUCATIVAS 
 
A natureza das medidas socioeducativas é mista: é aflitiva, mas sua essência é pedagógica. Não tem 
natureza criminal. É socioeducativa, visa a proteção social através da impressão de um processo 
pedagógico, como sugere o termo. 
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As medidas socioeducativas são aplicadas, em regra, por sentença judicial em que se reconheça a 
prova da autoria e da materialidade do ato infracional. As exceções são as medidas aplicadas por força 
de remissão e a medida de advertência que, em relação à autoria, bastam indícios (art. 114 do ECA). 
Assim, a autoridade competente para a aplicação de medidas socioeducativas é o Juiz da Infância e 
da Juventude, por se tratar de atividade tipicamente jurisdicional. 
O STJ sedimentou essa orientação no enunciado da Súmula 108: "A aplicação de medidas 
socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz". 
Para aplicação e dosimetria das medidas socioeducativas na forma do art. 112 e parágrafos do ECA, 
leva-se em conta as circunstâncias e a gravidade do ato infracional e a capacidade do adolescente de 
cumprir a medida. 
As circunstâncias são os aspectos que gravitam em torno do ato infracional e influenciam na sua 
reprovabilidade social. São exemplos as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, as agravantes e 
atenuantes dos arts. 61, 62, 65 e 66 do CP, e as causas de aumento e diminuição de pena das partes 
geral e especial. 
A gravidade do ato infracional poderá ser mensurada não só pela pena estabelecida no preceito 
secundário da norma incriminadora, mas também pelos elementos compositivos do tipo penal que 
corresponde ao ato infracional. 
Por fim, leva-se em conta a capacidade de o adolescente cumprir a medida, que se avalia através do 
exame de sua personalidade e pelo seu entorno social. 
Conjugados tais elementos (circunstâncias + gravidade + capacidade do adolescente), busca-se a 
aplicação da medida socioeducativa mais adequada. 
A medida pode ser aplicada isolada ou cumulativamente e seus objetivos estão previstos de modo 
especial na Lei do SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo), n° 12.594/12, 
notadamente no art. 1° e no art. 35 e ss, que tratam da execução das medidas socioeducativas (§ 2°, art. 
1°, da Lei do SINASE: objetivos das medidas socioeducativas). 
 
Possibilidade de cumulação e substituição de medidas socioeducativas (art. 113) 
O art. 113 estende a aplicação dos arts. 99 e 100 ao Capítulo IV, do Título III, do Livro II, do ECA, que 
regula as medidas socioeducativas. 
O art. 99 possibilita a aplicação isolada ou cumulativa das medidas de proteção, bem como a 
substituição delas a qualquer tempo. 
A incorporação do art. 99 ao regime jurídico das medidas socioeducativas suscita divergência a 
respeito da amplitude da aludida regra: a possibilidade de cumulação/substituição alcança as medidas 
socioeducativas ou continua relacionada apenas com as medidas de proteção porventura aplicadas ao 
adolescente infrator (art. 112, VII)? 
 
Posição ampliativa: a possibilidade de cumulação/substituição alcança as medidas socioeducativas. 
A cumulação (art. 99, primeira parte) pode se dar com medidas socioeducativas, desde que haja 
compatibilidade (por exemplo: obrigação de reparar o dano com liberdade assistida), bem como com 
medidas de proteção que lhes sejam conjugadas (arts. 112, VII, e 101,1 a VI). Trata-se da possibilidade 
de "adoção simultânea e conjunta de qualquer das medidas socioeducativas ou protetivas". 
A substituição pode ocorrer entre quaisquer medidas socioeducativas, como forma de progressão 
(passagem para outra mais branda) ou regressão (passagem para outra mais severa) da medida em 
execução, considerada a ordem crescente de severidade contida no art.112, I a VI. 
Assim, iniciado o cumprimento da medida aplicada no juízo de mérito da ação socioeducativa 
(processo de conhecimento), transfere-se ao juízo da execução a competência para, a qualquer tempo, 
substituir a medida inicial (arts. 113 e 99). Em caso de regressão, a substituição deve ser antecedida da 
oitiva do adolescente (Súmula 265 do STJ). 
Olympio Sotto Maior afirma que "optou o legislador do Estatuto por não revestir as decisões 
determinantes da aplicação de medidas protetivas ou socioeducativas com o manto da coisa julgada. Em 
razão disso e objetivando a estrita adequação às necessidades concretas do adolescente (levando-se 
em conta as mutações imanentes ao seu processo de desenvolvimento), poder-se-á proceder à 
substituição da medida anteriormente imposta, alterando-se, assim, o conteúdo de qualquer sentença" 
Em igual sentido: "Se o adolescente, no curso do cumprimento de medida socioeducativa de liberdade 
assistida, comete novo ato infracional equiparável ao delito de roubo, pode o juízo da execução, em 
atendimento ao disposto nos arts. 99, 100 e 113 do ECA, substituir a medida imposta pela medida 
socioeducativa de internação por prazo indeterminado, não se constituindo tal ato judicial em ofensa aos 
postulados da coisa julgada e da legalidade (Precedentes). (...)" (STJ, 5.3 T., HC 44.529/SP, rei. Min. 
Felix Fischer, j. 15.09.2005, DJ 10.10.2005). 
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. 8 
 
Posição restritiva: a possibilidade de cumulação/substituição continua relacionada apenas com as 
medidas de proteção porventura aplicadas ao adolescente infrator (art. 112, VII). 
Em igual sentido: "As medidas específicas de proteção, referidas nos arts. 99 e 100 do ECA, são as 
alinhadas nos incisos I a VIII do art. 101 do mesmo Estatuto, as quais poderão ser aplicadas isolada ou 
cumulativamente (mais de uma dentre as oito), bem como substituídas (uma por outra ou mais de uma 
por outras, mas sempre dentre as oito). É certo que o art. 101 admite outras medidas além das oito 
específicas, mas da mesma natureza e mesmos objetivos, isto é, pedagógicas e que 'visem ao 
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, o que torna incabível a determinação de internação, 
por constituir medida socioeducativa privativa da liberdade e não medida específica de proteção (...)" 
(STF, 2ª T., HC 74.715, j. 18.03.1997, rei. Min. Maurício Corrêa, DJ 16.05.1997). 
A substituição das medidas socioeducativas não pode ocorrer livremente, mas apenas (a) como forma 
de progressão da medida em execução (passagem para outra mais branda), considerada a ordem 
crescente de severidade contida no art. 112,1 a VI; ou (b) entre medidas socioeducativas em meio aberto 
(restritivas de direitos) - obrigação de reparar o dano (art. 116, parágrafo único), prestação de serviços à 
comunidade e liberdade assistida (art. 112, II a IV) -, como forma de dar concreção ao comando legal de 
que "a medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias 
e a gravidade da infração" (art. 112, § 1.°). 
Assim, afigura-se ilegal a substituição de medida socioeducativa em meio aberto, aplicada no juízo de 
mérito da ação socioeducativa (processo de conhecimento), por uma privativa de liberdade com prazo 
indeterminado (art. 122,1 e II). Tal procedimento implicaria desvio de execução: "Decorre isso do fato de 
que o Estado afirmou ser desnecessária a privação de liberdade para sancionamento daquele caso 
quando de seu julgamento, fixando o limite de sua ação socioeducativa em face do ato infracional 
praticado pelo adolescente". 
Diferentemente do sistema penal comum (adultos), a substituição da medida socioeducativa não 
implica simples modificação do regime de cumprimento (da mesma pena), mas significa a aplicação de 
uma resposta estatal de natureza diversa daquela definida no juízo de mérito da ação socioeducativa 
(processo de conhecimento). Ademais, não se pode admitir que uma regra infraconstitucional (art. 99 do 
ECA) possa afastar a garantia constitucional da coisa julgada (art. 5.°, XXXVI). 
O STF igualmente repudia a denominada "internação-substituição", fundada nos arts. 113 e 99 do 
ECA: "Penal - Habeas corpus - ECA – Regime de semiliberdade - Prática de novo ato infracional: furto -
Medida de internação- Inaplicabilidade- 8.069/90, arts. 101,112, VII, 113e 122.1-Compete ao juízo de 
mérito da ação socioeducativa, após o procedimento de apuração do ato infracional no qual sejam 
asseguradas as garantias do contraditório e da ampla defesa, a aplicação das medidas de internação 
previstas nos incisos I e II do art. 122 do ECA. II - Não há falar em 'internação-substituição, com 
fundamento no art. 113 do ECA, dado que a substituição somente é aplicável quanto às medidas 
específicas de proteção. Precedentes. III - HC deferido" (STF, 2ªT.,HC85.503,rei. Min. Carlos Velloso,j. 
21.06.2005, DJ 26.08.2005). 
Ainda: "Infância e Juventude - Menor - Ato infracional - Representação - Procedência - Regime de 
semiliberdade - Execução socioeducativa – Nova apreensão por ato infracional grave - Instauração de 
outra representação – Nova medida de semiliberdade-Substituição consequente do primeiro regime por 
internação sem prazo determinado - Aplicação extensiva do art. 113 do ECA (Lei 8.069/90) - 
Inadmissibilidade - HC deferido - Inteligência dos arts. 110,111 e 122 do ECA. Não é lícito, sobretudo em 
processo de execução socioeducativa, substituir medida de semiliberdade, imposta em processo de 
conhecimento, por internação sem prazo determinado, à conta de novo ato infracional do adolescente" 
(STF,1ª T„ HC 84.682, j. 22.03.2005, rei. Min. Cezar Peluso, DJ 01.07.2005). 
O descumprimento reiterado e injustificado de uma medida socioeducativa em meio aberto poderia 
ensejar apenas a internação-sanção (regressão), limitada ao prazo de 3 meses (art. 122, III e § 1.°) - 
sempre antecedida da oitiva do adolescente (Súmula 265 do STJ). 
Em qualquer caso, a internação-sanção resta absolutamente proibida quando a medida socioeducativa 
em meio aberto houver sido aplicada em remissão, pois dela não pode decorrer medida privativa da 
liberdade (art. 127), nem mesmo por meio de regressão (art. 122, III), sob pena de se admitir uma forma 
indireta de privação da liberdade sem o devido processo legal (art. 110). 
Isso porque, "mesmo em se admitindo que no curso do processo de execução se assegurará o 
contraditório e a ampla defesa (em face da prova do descumprimento injustificado e reiterado), a aplicação 
de medida privativa de liberdade implicará a subtração do direito de defesa do fato originário da sanção, 
do próprio ato infracional". Em sede de Juizados Especiais Criminais, o STF rechaçou um comportamento 
processual equivalente, consistente na conversão da transação penal descumprida em pena privativa de 
liberdade. 
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. 9 
Por derradeiro, analisaremos a (im)possibilidade de se restabelecer medida socioeducativa privativa 
de liberdade com prazo indeterminado, depois de operada a sua progressão (substituição por outra mais 
branda) para medida em meio aberto. Duas posições: 
a) impossibilidade: depois de operada a progressão para o meio aberto, seria adequada apenas a 
aplicação da internação-sanção – limitada ao prazo de 3 meses (art. 122, III e § 1.°) -, em face do 
descumprimento reiterado e injustificável da medida em execução, e não mais o restabelecimento da 
medida socioeducativa privativa de liberdade com prazo indeterminado (art. 122, I e II). Trata-se de um 
"descumprimento dos compromissos assumidos e estabelecidos como condição para a substituição" 
(progressão); 
b) possibilidade: pode ser cogitada a substituição de medida socioeducativa em meio aberto por 
medida privativa de liberdade com prazo indeterminado, desde que esta hajasido aplicada ao 
adolescente no juízo de mérito da ação socioeducativa (processo de conhecimento), porque então "o 
descumprimento da nova medida será resolvido nos limites do título executivo" 
 
Medidas Em Espécie 
São elas (art. 112, incisos I a VI, do ECA): 
- advertência; 
- obrigação de reparar o dano; 
- prestação de serviços à comunidade; 
- liberdade assistida; 
- semiliberdade; e, 
- internação. 
 
1. Advertência e Obrigação De Reparar o Dano 
A advertência e a obrigação de reparar o dano, previstas, respectivamente, nos artigos 115 e 116 do 
ECA, serão executadas pelo próprio juiz do conhecimento. 
A advertência é a admoestação verbal reduzida a termo, aplicada pelo juiz diretamente ao adolescente. 
Pode ser acumulada com outras medidas (art. 114 do ECA: indício de autoria). 
A obrigação de reparar o dano deve recair sobre o adolescente e é pertinente sempre que o ato 
infracional gerar prejuízo ao ofendido. Se sua aplicação for dificultosa ou impossível, deve ser substituída 
por outra. 
 
2. Prestação de Serviços à Comunidade 
Trata-se da realização de tarefas gerais, a título gratuito, pelo período máximo de 6 meses e jornada 
máxima de 8 horas semanais, que podem ser cumpridas aos finais de semana e feriados, se necessário. 
O adolescente não pode ser submetido a tarefas que impossibilitem o seu estudo ou o exercício de 
atividade laborativa. Não pode também realizar tarefas perigosas, insalubres, penosas, noturnas ou que 
prejudique sua formação moral (Art. 117 do ECA). 
A prestação de serviços à comunidade, assim como a liberdade assistida e as medidas privativas de 
liberdade, serão executadas em processo de execução próprio e autônomo, nos termos do art. 35 e 
seguintes da Lei do SINASE. 
 
3. Liberdade Assistida 
A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 6 (seis) meses, em que o adolescente será 
acompanhado, orientado e auxiliado por um "orientador designado pelo juiz". O orientador de liberdade 
assistida deverá promover socialmente o adolescente, promover a sua matrícula e sua frequência escolar, 
bem como a sua profissionalização e inserção no mercado de trabalho. 
A liberdade assistida poderá ser revogada, prorrogada ou substituída, ouvidos o MP, o defensor e o 
orientador, decidindo o juiz fundamentadamente. 
A substituição da liberdade assistida por medida privativa de liberdade carece de procedimento 
contraditório e não poderá ocorrer se a liberdade assistida tiver sido aplicada por força de remissão ou se 
o caso não se enquadra nas hipóteses do art. 122 do ECA. Enfim, a liberdade assistida só será substituída 
se for demonstrada, de modo inequívoco, a sua inadequação. 
Não se confunde a substituição da liberdade assistida com a aplicação da chamada "internação 
sanção" ou "internação coerção", prevista no inciso III do art. 122 do ECA. Nesta modalidade, o 
adolescente está descumprindo, de modo reiterado e injustificado, medida anteriormente imposta, que é 
a medida adequada, e pode vir a ser internado por até 3 (três) meses. É imprescindível o contraditório. 
 
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. 10 
Aplicada a medida socioeducativa de liberdade assistida, o Juiz da Infância e da Juventude deve 
designar pessoa capacitada para acompanhar o caso (orientador), a qual poderá ser recomendada por 
entidade ou programa de atendimento (art. 118, §1°). 
 
4. Semiliberdade 
Trata-se de medida privativa de liberdade. As regras da internação e seus princípios se aplicam, no 
que couber, à semiliberdade. 
A medida de semiliberdade pode ser aplicada desde o início ou como progressão da internação para 
o meio aberto (art. 120 do ECA). 
A aplicação (originária ou derivada) da semiliberdade "implica necessariamente na possibilidade de 
realização de atividades externas, vedada determinação em sentido contrário" (Munir Cury et al, Estatuto 
da Criança e do Adolescente anotado, p. 109). Em igual sentido: "O art. 120 do ECA possibilita a prática 
de atividades externas pelo menor sob o regime de semiliberdade, sem necessidade de autorização 
judicial. A restrição imposta pelo magistrado, no sentido de que as visitas aos familiares devam ser 
realizadas de maneira progressiva e condicionada, constitui constrangimento ilegal, especialmente 
quando desprovida de fundamentação. O regime de semiliberdade constitui típica medida de caráter 
socioeducativo, devendo ser priorizado o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. 
Inteligência dos arts. 19 da Lei 8.069/90 e 227 da Constituição Federal. Ordem concedida." (STF, 2.a T., 
HC 88.639, j. 03.10.2006, rei. Min. Joaquim Barbosa, DJ 24.11.2006). 
A esta medida, se aplicam as regras de execução pertinentes à medida de internação. 
 
5. Internação 
Trata-se de medida privativa de liberdade, que é regida por três princípios: excepcionalidade, 
brevidade e condição peculiar do adolescente de pessoa em desenvolvimento. 
 
Princípio da Excepcionalidade: a internação é medida residual, não devendo ser aplicada se houver 
outra mais adequada, eis que é privativa de liberdade. Desta forma, além de conjugar os critérios gerais 
referentes às circunstâncias, gravidade e capacidade do adolescente, será preciso, ainda, enquadrar o 
fato nas situações previstas no inciso I ou II do art. 122 do ECA. Esses incisos do art. 122 são 
interpretados restritivamente, pois são regidos pelo Princípio da Legalidade. 
No inciso I permite-se a internação quando o ato infracional for cometido com violência ou grave 
ameaça contra a pessoa. Ex.: roubo, homicídio, extorsão, etc. 
Pelo inciso II, é possível internar quando o adolescente reiterar a prática de "outras infrações graves". 
"Outras infrações graves", para a doutrina, são os crimes punidos com reclusão sem violência ou grave 
ameaça contra a pessoa. Ex.: tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo, furtos, receptações, etc. 
Para parte da doutrina, "reiterar" é o mesmo que reincidir, embora o termo "reiterar" pareça ser mais 
amplo do que reincidir. Reincidência é um conceito técnico definido na parte geral do Código Penal. Para 
reiterar, basta a prática sucessiva de atos infracionais, devidamente comprovada nos autos do processo 
ou por sentença condenatória de outro processo anterior, sem a preocupação com os requisitos técnicos 
do instituto da "reincidência". Para internar por este inciso, admite-se também a reiteração genérica, já 
que a lei não exige que se reitere pelo mesmo ato. 
 
Princípio da Brevidade: a internação deve ser cumprida pelo menor tempo possível, eis que implica 
na supressão do direito à liberdade do indivíduo. A internação será fixada por prazo indeterminado, 
devendo ser reavaliada no máximo a cada 6 (seis) meses. 
O prazo máximo de internação será de 3 (três) anos, considerada a sentença condenatória como 
marco inicial, embora o tempo de privação de liberdade processual deva ser considerado nesses prazos 
do ECA. 
A sentença de internação, de certo modo, impede nova sentença de internação por fato passado, ou 
seja, anterior à primeira sentença. Todavia, se a nova sentença refere-se a fato posterior, o prazo de 3 
(três) anos terá como marco inicial a nova sentença. 
O tempo de privação de liberdade em eventual processo criminal também deve ser computado nos 
prazos de privação de liberdade do ECA, desde que não aproveitados no processo penal. De qualquer 
forma, em razão do ato infracional, o indivíduo pode permanecer em medida de internação até os 21 
(vinte e um) anos de idade, quando a liberação será compulsória. 
Se o adolescente está cumprindo medida de internação ou outra medida qualquer e, ao completar 18 
(dezoito) anos de idade, comete infração penal e vem a ser processado criminalmente, o juiz da infância 
e juventude poderá extinguir o processo socioeducativo, nos termos da nova lei do SINASE (Sistema 
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. 11 
Nacional de Atendimento Socioeducativo), desde que verifique que o processo socioeducativo e a medida 
a ser aplicada, ou já em processo de execução, seja inadequada (§ 1° do art. 46 da Lei do SINASE). 
Por outro lado, se sobrevier pena de reclusão ou detenção a ser cumprida em regime fechado ou 
semiaberto em execução provisória ou definitiva, a medida socioeducativa deve ser extinta, nos termos 
do art. 46, III, da Lei do SINASE. 
Será extinta também a medida, nos termos do art. 46 pré-falado, nos casos de morte do adolescente, 
pelo cumprimento da medida com realização de sua finalidade ou pela superveniência de doença grave 
que torne impossível o cumprimento da medida. 
 
Princípio da Condição Peculiar do Adolescente de Pessoa em Desenvolvimento: o adolescente, 
submetido a medida de internação, deverá ser destinatário de ações e serviços que propiciem sua 
evolução como pessoa humana, nos termos dos artigos 123 e 124 do ECA, de modo a atender aos 
princípios catalogados nos incisos I a IX do art. 35 da Lei do SINASE (12.594/12). 
No cumprimento da medida, cuida-se de atender o PIA - Plano Individual de Atendimento, elaborado 
pela entidade responsável pela execução da medida em conjunto com o adolescente e a sua família (art. 
53 da Lei do SINASE). O PIA será submetido ao juízo das execuções para homologação judicial, 
manifestando-se previamente o MP e o defensor. 
A entidade de atendimento que não observar as regras legais da internação poderá ser destinatária 
das penalidades do art. 97 do ECA e submetida a procedimento de apuração previsto nos arts. 191 a 193 
do ECA, que corre na Vara da Infância e Juventude, nos termos do art. 148, V, do ECA. 
 
Em síntese: 
 
Advertência 
- atos infracionais menos graves; 
- admoestação verbal. 
Obrigação de reparar 
- atos infracionais com reflexos patrimoniais; 
- só aplica quando o menor puder reparar o dano 
e não seus pais. 
Prestação de Serviços à Comunidade 
- prazo máximo de 6(seis) meses; 
- até 8(oito) horas semanais, aos sábados, 
domingos, feriados ou outro dia que não 
prejudique o estudo e o trabalho. 
Liberdade Assistida 
- prazo mínimo de 6(seis) meses; 
- juiz pode prorrogar este prazo, revogar ou 
converter em outra medida; 
- juiz nomeará um orientador para acompanhar o 
adolescente (verificar sua vida escolar, inseri-lo no 
mercado de trabalho ou em políticas assistenciais, 
devendo ainda fazer relatórios periódicos para o 
juiz). 
Semiliberdade 
- dois casos: 
a) depois da internação como forma de 
progressão; 
b) de forma autônoma, como a primeira escolha 
do juiz 
- aplicam-se as mesmas regras da internação, 
mas as atividades externas são obrigatórias, 
independentemente de ordem judicial; 
 
Internação 
- não possui prazo previamente determinado, pois 
o objetivo é recuperar o adolescente; sendo que 
quando esta ocorrer ele será colocado em 
liberdade; 
- a cada 6 (seis) meses pelo menos o adolescente 
deve ser reavaliado, para saber se já se 
recuperou; 
- prazo máximo é de 3(três anos); 
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- aos 21(vinte e um) anos de idade ocorre a 
liberação compulsória; 
- é a última medida a ser aplicada, só ocorre 
quando as outras medidas não podem ser 
aplicadas; 
- é vedada a incomunicabilidade; 
- juiz pode suspender as visitas, até mesmo dos 
pais ou responsáveis se isso for nocivo ao 
adolescente; 
- as atividades externas são possíveis, salvo se 
houver determinação judicial (juiz determina que 
não saíra do estabelecimento penal) 
 
REMISSÃO 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) estabeleceu a figura da remissão sob duas 
modalidades, sendo uma de atribuição do Ministério Público (art. 126 caput) e outra de competência do 
juiz (arts. 126, Parágrafo único e 127). 
A primeira só é cabível quando ainda não iniciado o procedimento judicial para apuração do ato 
infracional. A remissão aí tem sentido de exclusão do procedimento, quer dizer, abdicação do direito-
dever de representação. Uma espécie de perdão concedido pelo Ministério Público. 
A segunda, de competência exclusiva do Poder Judiciário implica, necessariamente, no início do 
procedimento e tem o condão de suspender ou extinguir o processo, podendo neste caso, aí sim, incluir, 
eventualmente, a aplicação de medida prevista em lei, com as exceções cogitadas pelo próprio art. 127 
do ECA, ou seja, exceto a colocação em regime de semiliberdade e internação. 
Assim, o disposto no art. 127, quanto à inclusão de outras medidas socioeducativas, não se aplica à 
remissão concedida pelo Ministério Público, mas apenas ao juiz, depois de iniciado o procedimento, via 
representação. Essa assertiva é extraída de interpretação sistemática do Estatuto da Criança e do 
Adolescente e, ainda, considerando os princípios da norteadores da jurisdição. 
Coerentemente, o art. 148, II do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece entre a competência 
da Justiça da Infância e da Juventude, a concessão da remissão como forma de suspensão ou extinção 
do processo; já o art. 201, I, diz ser da atribuição do Ministério Público, conceder remissão como forma 
de exclusão do processo. 
Ora, se se propõe a aplicação de medida socioeducativa com a remissão concedida pelo Ministério 
Púbico, por vias oblíquas não está havendo exclusão do processo, eis que o cumprimento da medida de 
prestação de serviço à comunidade, por exemplo, ou outra exige acompanhamento do Juízo da Infância 
e Juventude, inocorrendo exclusão do processo propriamente dito. A inclusão na remissão, de outra 
medida socioeducativa, portanto, é dada somente à autoridade judiciária, como forma de extinção ou 
suspensão do processo. 
 
Sem prejuízo, a remissão pode ser classificada de três formas: 
1. quanto ao "momento procedimental" para a sua concessão: 
a) remissão pré-processual: concedida antes de iniciado o processo para apuração de ato infracional, 
pelo Ministério Público, como forma de exclusão do processo (art. 126, caput); 
b) remissão processual: concedida depois de iniciado o processo, pelo Juiz da Infância e da Juventude, 
como forma de suspensão ou extinção do processo (art. 126, parágrafo único). 
 
2. quanto ao "sujeito" que a concede: 
a) remissão ministerial: concedida pelo Ministério Público, antes de iniciado o processo para apuração 
de ato infracional, como forma de exclusão do processo (art. 126, caput); 
b) remissão judicial: concedida pelo Juiz da Infância e da Juventude, depois de iniciado o processo, 
como forma de suspensão ou extinção do processo (art. 126, parágrafo único). 
 
3. quanto à sua "forma" ou "efeitos": 
a) remissão como forma de exclusão do processo: concedida antes de iniciado o processo para 
apuração de ato infracional, pelo Ministério Público (art. 126, caput); 
b) remissão como forma de suspensão do processo: concedida depois de iniciado o processo, pelo 
Juiz da Infância e da Juventude (art. 126, parágrafo único); 
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c) remissão como forma de extinção do processo: concedida depois de iniciado o processo, pelo Juiz 
da Infância e da Juventude (art. 126, parágrafo único). 
 
Em síntese: 
 
ECA MOMENTO SUJEITO 
FORMAS ou 
EFEITOS 
Art. 126, caput 
Antes de iniciado o 
processo 
Ministério Público Exclusão do processo 
Art. 126, parágrafo 
único 
Depois de iniciado o 
processo 
Juiz 
Suspensão ou 
extinção do processo 
 
DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL 
 
A aplicação das medidas elencadas pelo artigo 129, incisos I ao VII do ECA é de competência do 
Conselho Tutelar, conforme disposição do art. 136, II. Caso no município não tenha sido instalado o 
conselho, a atribuiçãoé da autoridade judiciária. 
Essas medidas serão aplicadas ocorrendo as hipóteses previstas no art. 98, sempre que os direitos 
reconhecidos da criança e do adolescente forem ameaçados ou violados em razão de ação ou omissão 
da sociedade ou do Estado, ou por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, em razão da conduta 
do menor. 
No inciso I está previsto como medida aplicável aos pais ou responsável o encaminhamento a 
programa oficial ou comunitário de proteção à família. Essa medida decorre do direito da criança e do 
adolescente ao convívio familiar e comunitário, primando-se para que sejam mantidos em sua família 
natural, e que essa seja obrigatoriamente incluída, na hipótese do art. 23, em programas oficiais de 
auxílio. 
Os incisos II – IV trazem as medidas inseridas no art. 101, II, V, VI, inclusão em programa oficial ou 
comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a 
tratamento psicológico ou psiquiátrico ou encaminhamento a cursos ou programas de orientação, que são 
providências a serem adotadas pelo Conselho Tutelar, entendendo que o menor está em situação de 
risco exposto a familiar(es) com problemas relacionados nestas medidas. 
Quanto a obrigação descrita no inciso V, de matricular o filho e acompanhar sua frequência e 
aproveitamento escolar, preceito normativo do art. 55 incidindo a falta, omissão ou abuso dos pais ou 
responsável, cabe ao Conselho aplicar a medida do art. 101, III, determinando que os pais ou 
responsáveis efetuem matrícula e controlem a frequência obrigatórias de seus filhos em estabelecimento 
oficial de ensino fundamental. 
 
O inciso VI impõe a obrigação dos pais ou responsável de encaminhar a criança ou adolescente a 
tratamento especializado, nos casos em que a criança ou adolescente necessitem de tratamento 
especializado. Este inciso requer que existam políticas sociais efetivas que permitam o nascimento e 
desenvolvimento sadio ao menor, conforme preceito do art. 7° do estatuto. O art. 86 prevê, da mesma 
forma, política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, através de um conjunto articulado 
de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, para as criança ou adolescente que dele necessitem, com mais forte razão para que os pais 
que não podem custear o tratamento especializado que seus filhos necessitem recebam do Estado a 
assistência. 
Cabe lembrar que as normas acima citadas não são programáticas, e constituem prerrogativas 
exigíveis pelos pais ou responsável, comunidade, Ministério Público, à criança e ao adolescente que 
necessite de tratamento especial. 
A medida de advertência aplicável aos pais ou responsável, também de atribuição do Conselho de 
aplicar, deve servir como oportunidade de refletir sobre suas atitudes e cuidados que vem dispensando a 
seus filhos ou tutelado. É admoestação verbal reduzida a termo e assinada, de caráter pedagógico, e visa 
uma mudança de atitude dos pais em relação ao processo educativo que dispensa ao filho menor. 
 
Lembrando o caráter transitório da guarda previsto no art. 35, a perda da guarda somente pode ocorrer 
por decisão da autoridade judiciária fundamentada, após oitiva do Ministério Público, num processo com 
contraditório e ampla defesa, instaurado e com tramitação delineada nos moldes dos arts. 155 a 163, 
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aplicando-se subsidiariamente a legislação processual. Trata-se de sanção aplicada ao pai ou 
responsável pelo menor, que pode ser aplicada após a advertência ou de pronto, conforme a gravidade 
da ação ou omissão do detentor. 
Ainda, o dispositivo em comento trata da destituição da tutela que deve observar o procedimento de 
remoção do tutor do Código de Processo Civil e subsidiariamente as disposições do estatuto referente a 
perda e suspensão do poder familiar, arts. 164 e 155 ss. 
O art. 155 do ECA estabelece que o procedimento de suspensão ou destituição do poder familiar inicia-
se por provocação do Ministério Público, ou por quem tem legítimo interesse. 
 
O Código Civil estabelece no art. 1.637 que se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando 
aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, 
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus 
haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. O parágrafo único dispõe que suspende-
se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em 
virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. 
A destituição ou perda do poder familiar ocorre por ato judicial (Código Civil, 1.635), tem o 
procedimento dos art. 155 e 163 do ECA, nos casos em que o pai ou a mãe castigar imoderadamente o 
filho, deixar o filho em abandono, praticar atos contrários à moral e aos bons costumes, incidir, 
reiteradamente, nas faltas previstas no artigo 1.637 que trata da suspensão do poder familiar, conforme 
a redação do art. 1.638. 
O art. 22 desta lei estabelece que aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos 
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as 
determinações judiciais. 
Também, o art. 23 aduz que a falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente 
para a perda ou a suspensão do poder familiar. 
O art. 24 expõe que a perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em 
procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de 
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. 
 
A família, primeira das instituições convocadas pelo art. 227, caput, da CF, para defesa dos direitos 
infanto-juvenis é, por força do art. 226, da mesma Carta Magna, considerada a “base da sociedade” e, 
como tal, destinatária de “especial proteção”, por parte do Estado (lato sensu), que deverá ser 
proporcionada “na pessoa de cada um dos que a integram”. O ECA procura dar efetividade a este 
comando constitucional, prevendo medidas específicas voltadas à orientação, apoio e, se necessário, 
tratamento aos pais ou responsável de crianças e adolescentes. 
 
A aplicação das medidas elencadas por esse dispositivo é de competência do Conselho Tutelar, 
conforme disposição do art. 136, II. Caso no município não tenha sido instalado o conselho, a atribuição 
é da autoridade judiciária. 
Essas medidas serão aplicadas ocorrendo as hipóteses previstas no art. 98, sempre que os direitos 
reconhecidos da criança e do adolescente forem ameaçados ou violados em razão de ação ou omissão 
da sociedade ou do Estado, ou por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, em razão da conduta 
do menor. 
 
As medidas destinadas aos pais ou responsável devem ser aplicadas em conjunto com as medidas de 
proteção do art. 101, do ECA, tendo sempre a perspectiva de fortalecer vínculos familiares (cf. art. 100, 
caput, segunda parte, do ECA) e permitir que a criança ou adolescente seja “resgatado” no seio de sua 
família. 
 
No inciso I está previsto como medida aplicável aos pais ou responsável o encaminhamento a 
programa oficial ou comunitário de proteção à família. Essa medida decorre do direito da criança e do 
adolescente ao convívio familiar e comunitário, primando-se para que sejam mantidos em sua família 
natural, e que essa seja obrigatoriamente incluída, na hipótese do art. 23, em programas oficiais de 
auxílio. 
Os incisos II – IV trazem as medidas inseridas no art. 101, II, V, VI, inclusão em programa oficial ou 
comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a 
tratamento psicológico ou psiquiátrico ou encaminhamento a cursos ou programasde orientação, que são 
providências a serem adotadas pelo Conselho Tutelar, entendendo que o menor está em situação de 
risco exposto a familiar (es) com problemas relacionados nestas medidas. 
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No que diz respeito à obrigação descrita no inciso V, de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua 
frequência e aproveitamento escolar, preceito normativo do art. 55 incidindo a falta, omissão ou abuso 
dos pais ou responsável, cabe ao Conselho Tutelar aplicar a medida do art. 101, III, determinando que os 
pais ou responsáveis efetuem matrícula e controlem a frequência obrigatórias de seus filhos ou pupilos 
em estabelecimento oficial de ensino fundamental. 
 
O inciso VI impõe a obrigação dos pais ou responsável de encaminhar a criança ou adolescente a 
tratamento especializado, nos casos em que a criança ou adolescente necessitem de tratamento 
especializado. Este inciso requer que existam políticas sociais efetivas que permitam o nascimento e 
desenvolvimento sadio ao menor, conforme preceito do art. 7° do estatuto. O art. 86 prevê, da mesma 
forma, política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, através de um conjunto articulado 
de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, para as criança ou adolescente que dele necessitem, com mais forte razão para que os pais 
que não podem custear o tratamento especializado que seus filhos necessitem recebam do Estado a 
assistência. 
 
Cabe lembrar que as normas acima citadas não são programáticas, e constituem prerrogativas 
exigíveis pelos pais ou responsável, comunidade, Ministério Público, à criança e ao adolescente que 
necessite de tratamento especial. 
 
A medida de advertência aplicável aos pais ou responsável, também de atribuição do Conselho de 
aplicar, deve servir como oportunidade de refletir sobre suas atitudes e cuidados que vem dispensando a 
seus filhos ou tutelado. É admoestação verbal reduzida a termo e assinada, de caráter pedagógico, e visa 
uma mudança de atitude dos pais em relação ao processo educativo que dispensa ao filho menor. 
 
Lembrando o caráter transitório da guarda previsto no art. 35, a perda da guarda somente pode ocorrer 
por decisão da autoridade judiciária fundamentada, após oitiva do Ministério Público, num processo com 
contraditório e ampla defesa, instaurado e com tramitação delineada nos moldes dos arts. 155 a 163, 
aplicando-se subsidiariamente a legislação processual. Trata-se de sanção aplicada ao pai ou 
responsável pelo menor, que pode ser aplicada após a advertência ou de pronto, conforme a gravidade 
da ação ou omissão do detentor. 
Ainda, o dispositivo em comento trata da destituição da tutela que deve observar o procedimento de 
remoção do tutor do Código de Processo Civil e subsidiariamente as disposições do estatuto referente a 
perda e suspensão do poder familiar, arts. 164 e 155 ss. 
O art. 155 do ECA estabelece que o procedimento de suspensão ou destituição do poder familiar inicia-
se por provocação do Ministério Público, ou por quem tem legítimo interesse. 
 
O Código Civil estabelece no art. 1.637 que se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando 
aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, 
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus 
haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. O parágrafo único dispõe que suspende-
se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em 
virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. 
 
A destituição ou perda do poder familiar ocorre por ato judicial (Código Civil, 1.635), tem o 
procedimento dos art. 155 e 163 do ECA, nos casos em que o pai ou a mãe castigar imoderadamente 
o filho, deixar o filho em abandono, praticar atos contrários à moral e aos bons costumes, incidir, 
reiteradamente, nas faltas previstas no artigo 1.637 que trata da suspensão do poder familiar, 
conforme a redação do art. 1.638. 
 
O art. 22 desta lei estabelece que aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos 
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as 
determinações judiciais. 
 
Também, o art. 23 aduz que a falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente 
para a perda ou a suspensão do poder familiar. 
 
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O art. 24 expõe que a perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em 
procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de 
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. 
 
O art. 227, § 4° da CRFB/88 estabelece que a lei punirá severamente o abuso, a violência e a 
exploração sexual da criança e do adolescente. 
Nenhuma espécie de violência pode ser admitida em face da criança ou adolescente, nem física nem 
psicológica. 
A definição de maus tratos é a do art. 136 do Código Penal, que estabelece como tal expor a perigo a 
vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, 
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a 
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. Esta definição 
deve ser vista em cotejo com as disposições civis em relação a maus tratos que fundamentam a perda e 
destituição do poder familiar. 
 
A interpretação do alcance do termo “maus-tratos”, a que se refere o dispositivo, deve ir além do 
enquadramento penal do tema, também abrangendo graves abusos ou privações de ordem emocional ou 
psíquica, que tornem desaconselhável o convívio com o agressor. 
 
O art. 18 do ECA estabelece que é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, 
pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. 
Muitas formas de violência podem caracterizar opressão ao menor, tendo em vista seu sistema intelectivo 
em desenvolvimento. Em razão disso, a definição de opressão deve ser a mais ampla possível e deve 
ser analisada em cada caso que a criança ou adolescente seja vítima de sofrimento injustificado, 
decorrente do poder ou autoridade exercida sobre este. 
Ainda, o art. 5° desta lei prevê que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer 
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. 
A autoridade judiciária através de medida liminar pode afastar o agressor da moradia comum nas 
hipóteses de maus-tratos, opressão ou abuso sexual. Essa medida concedida na liminar é temporária e 
visa impedir que o agressor tenha acesso à criança e ao adolescente. Na medida cautelar de afastamento 
constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente 
dependentes do agressor. 
Em qualquer caso, a criança ou adolescente vítima deverá receber a devida assistência psicológica, 
na perspectiva de evitar ou minimizar possíveis traumas decorrentes da violência sofrida, valendo neste 
sentido observar o disposto no art. 39, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, de 1989. 
 
Em seguida acompanhe os artigos que estão sendo exigidos para sua prova: 
 
( ) 
Título II 
Dos Direitos Fundamentais 
Capítulo I 
Do Direito à Vida e à Saúde 
 
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de 
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimentosadio e harmonioso, em 
condições dignas de existência. 
 
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher 
e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao 
parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único 
de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária. (Redação dada pela 
Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre 
da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher. 
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
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§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-
nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros 
serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período 
pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. 
§ 5º A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que 
manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se 
encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período 
do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar 
saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de 
vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 
2016) 
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural 
cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos 
médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as 
consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (Incluído pela 
Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se 
encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias 
e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de 
ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao 
aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. 
§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais 
ou coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção 
e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável, de forma contínua. (Incluído 
pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano 
ou unidade de coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e 
particulares, são obrigados a: 
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de 
dezoito anos; 
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão 
digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; 
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do 
recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; 
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e 
do desenvolvimento do neonato; 
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe. 
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do 
adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a 
ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, 
de 2016) 
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, 
em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada pela 
Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, 
órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para 
crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas. 
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira infância 
receberão formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento 
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psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 
2016) 
 
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia 
intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo 
integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente. 
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e 
de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar 
da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, 
de 2014) 
§ 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão 
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. 
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em 
seu componente especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os 
demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima 
prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação 
de violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede 
e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para 
a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de 
educação sanitária para pais, educadores e alunos. 
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. 
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes,

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