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UNIVERSO – UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA DIREITO CARLOS ANTONIO NASCIMENTO JÚNIOR RESUMO 3º SEMESTRE – CRIMINOLOGIA RECIFE 2019 2 CARLOS ANTONIO NASCIMENTO JÚNIOR RESUMO 3º SEMESTRE – CRIMINOLOGIA Resumo do conteúdo estudado (caderno, livro e apostilas) da disciplina Criminologia, do terceiro semestre do curso de Direito. RECIFE 2019 3 CRIMINOLOGIA A CRIMINOLOGIA É a ciência que busca entender os porquês do crime... Dos criminosos... Das vítimas... É aquela que traz arraigada em seu âmago a inquietude de buscar trazer soluções para minimizar os fatores contribuintes e estimulantes à criminalidade. ETMOLOGICAMENTE A CRIMINOLOGIA vem do latim “crimino” (crime) e do grego “logos” (estudo... tratado). A CRIMINOLOGIA não estuda apenas o crime, mas também as circunstancias sociais, as vítimas, os criminosos, o prognóstico delitivo. A PALAVRA CRIMINOLOGIA FOI USADA PELA PRIMEIRA VEZ em 1883 por Paul Topinard e aplicada internacionalmente por Raffaele Garófalo em 1885, em seu livro Criminologia. A CRIMINOLOGIA VÊ O CRIME como um problema social, um verdadeiro fenômeno comunitário. A CRIMINOLOGIA SOFREU MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS em seu objeto de estudo. Antes ocupava-se apenas com o crime (Beccaria), passando pela verificação do delinquente (Escola Positiva) e após 1950 passou a estudar também as vítimas. A CRIMINOLOGIA É A MÃE E DIREITO PENAL É O PAI. Trazendo à baila o conceito patriarcal, a Criminologia busca entender e corrigir (mãe), enquanto que o Direito Penal visa punir (pai). A CRIMINOLOGIA É ciência causal profilática para minimizar fatores estimulantes à criminalidade. DIREITO PENAL É ciência normativa, de repressão social contra o delito, através de regras jurídicas coibitórias. 4 ESCOLA CLÁSSICA – 1ª FASE – EMPÍRICA OU MITOLÓGICA - ANTIGUIDADE REMOTA - A FASE EMPÍRICA/MITOLÓGICA, é a fase precedente ao termo criminologia propriamente dito. NA ANTIGUIDADE REMOTA não havia nada de concreto sobre criminologia entre os hindus, os sírios, os fenícios, os hebreus., mas já havia resquícios punitivos. O REI UR-NAMMU que antecede Hamurabi e sob o seu reinado houvera a invenção da escrita (e da cerveja), já tratava o adultério como delito, mas sem consequências se houvesse o perdão do marido. Autorizava a amputação de uma das mãos ou a venda como escravo para o filho que renegasse o próprio pai. HAMURABI dá prosseguimento aos resquícios punitivos com o famoso CÓDIGO DE HAMURABI. Neste código, surge a tão conhecida Pena de Talião “Olho por olho e dente por dente” que previa a pena para o delito equivalente ao dano causado neste. Era um princípio aplicado somente quando havia danos físicos pessoais, pois, para danos materiais, havia o ressarcimento. Havia, ainda, penalização para falso testemunhos, roubo ou receptação de produtos roubados, estupro, dentre outros. MOISÉS DA BÍBLIA e os 10 mandamentos com seus aspectos punitivos. ESCOLA CLÁSSICA – 1ª FASE – EMPÍRICA OU MITOLÓGICA - ANTIGUIDADE GREGA - ALECMÃO OU ALECMÉON, da Cretona (Século XV A.C) foi o primeiro a se dedicar ao estudo das qualidades biopsíquicas dos delinquentes. Pesquisou o cérebro humano em correlação à sua conduta. HIPÓCRATES PAI DA MEDICINA (460 – 355 A.C) e, na psicologia, o primeiro a associar o temperamento humano com a personalidade, defendia que o delito era um desvio normal da conduta humana. Defendia que todo crime é vício... Fruto da loucura e foi, defendia a imputabilidade penal do homem insano. Observa-se, acerca da 5 imputabilidade, que o atual código penal brasileiro considera o insano como inimputável, proibindo sua prisão e normatizando a medida de segurança. PLATÃO (427 – 347 A.C) fundamentava a criminalidade em causas econômicas. Defendia que o criminoso era produto do ambiente ao qual estava inserido. Foi o primeiro a enfatizar o caráter intimidativo da pena e afirmava que “onde há gente pobre, haverá patifes, vilões, etc”. ARISTÓTELES (384 – 322 A.C) fundamentava a criminalidade em causas econômicas. Defendia que os delitos eram cometidos para possuir o supérfluo. Acreditava na forte tendência de reincidência no crime. ESCOLA CLÁSSICA – 1ª FASE – EMPÍRICA OU MITOLÓGICA - IDADE MÉDIA - MARCADA PELO FEUDALISMO E EXPANSÃO DO CRISTIANISMO. SÃO TOMAZ DE AQUINO (1226 – 1274) criou a justiça distributiva e acreditava que a pobreza geralmente era a incentivadora do roubo. Foi o primeiro a tratar acerca de crimes famélicos. SANTO AGOSTINHO defendia que a pena era uma medida de defesa social e que contribuía para a regeneração do culpado, além de implicitamente conter uma ameaça e um exemplo. Santo Agostinho traz à baila o conceito atual de pena em conformidade com a legislação brasileira em vigor. CIÊNCIAS OCULTAS aparece na transição entre idade média e idade moderna, mas não deixa de trazer à tona importantes concepções que influenciaram a criminologia, como: - ASTROLOGIA (estuda o caráter do homem através da movimentação das constelações). - OFTALMOSCOPIA (estuda o caráter do homem através de sua íris). - METOPOSCOPIA (estuda o caráter do homem através das rugas da face). 6 - QUIROMANCIA (estuda o caráter do homem através da leitura das mãos). - FISOGNOMIA (estuda o caráter do homem através dos traços fisionômicos). - DEMONOLOGIA (indivíduos possuídos pelo demônio para o cometimento de delitos). ESCOLA CLÁSSICA – 2ª FASE – PRECURSORES DE LOMBROSO O MARQUÊS DE BECCARIA (1738 – 1794) em sua obra “Dos Delitos e das Penas” passa a protestar contra o injusto, cruel e arbitrário procedimento da justiça criminal. Aborda fundamentalmente em sua obra: - ATROCIDADE DAS PENAS (Princípio da humanização das penas). - ACUSAÇÕES NÃO PODEM SER SECRETAS (Princípio da publicidade). - PENAS PROPORCIONAIS AOS DELITOS (Princípio da proporcionalidade das penas). - PENAS PREVISTAS EM LEI (Princípio da legalidade... Da anterioridade). - SOMENTE MAGISTRADOS PODEM JULGAR (Princípio da jurisdicionalidade). - NÃO SE PODE ADMITIR TORTURA DURANTE O PROCESSO (Princípio da presunção de inocência). PILARES DA ESCOLA CLÁSSICA PENA é retributiva... Aflitiva... Intimidativa... Mal que tem que ser pago com outro mal. MÉTODO baseado em diretrizes não científicas. JUIZ como pronunciador da lei. DELITO devia estar contido na norma penal abstrata, para conhecimento e temeridade de todos. DELINQUENTE era tido como um ser igual à todos, e que devia escolher, através do seu livre arbítrio cometer o crime (prazer) e arcar com o castigo (punição) ou não.\ 7 A ESCOLA CLÁSSICA TINHA O CRIMINOSO COMO um ser que pecou, que optou pelo mal embora pudesse ter escolhido o bem. ESCOLA POSITIVA A ESCOLA POSITIVA SURGIU em conjunto com o desenvolvimento de outras ciências sociais como a psicologia, a sociologia, a antropologia, a psiquiatria. COMEÇA A PRIORIZAR OS INTERESSES SOCIAIS em relação aos interesses individuais (necessidades da burguesia no final do século XIX – nova ordem social). SURGE AMEAÇANDO as classes perigosas. NÃO ADMITE que o homem age com livre arbítrio para o cometimento do delito. DEFORMAÇÕES CONGÊNITAS são apontadas como o motivador à prática delitiva. BUSCA METÓDICA EMPÍRICA desvencilhando das noções de religião e noções místicas.ESCOLA POSITIVA – CÉSARE LOMBROSO BASE TEÓRICA INICIAL – Ativismo – retrocesso atávico ao homem primitivo. BASE TEÓRICA SEGUNDA – Desenvolvimento psíquico – Comportamento semelhante à criança. BASE TEÓRICA ÚLTIMA – Agressividade explosiva do epilético. LOMBROSO ERA UM RESPEITADO MÉDICO. Em 1885 obteve grande sucesso e reconhecimento cientifico no 1º congresso de antropologia criminal que ocorrera em Roma. Lombroso estava em constante pesquisa e evolução científica. Seu livro O Homem Delinquente lançado em 1876, começou com 252 páginas e em 1896 já 8 alcançava 1903 páginas. Ele inovou o método empírico de estudo, fazendo intensas pesquisas qualitativas e quantitativas de campo. Efetuou mais de 400 autópsias e fez mais de 6 mil análises de delinquentes vivos. Para ele, os criminosos e não criminosos se distinguiam pelas anomalias que os criminosos apresentavam, as quais Lombroso chamava e classificava como Tara. No começo de suas observações, Lombroso dizia que entre 65% e 75% das vezes, os criminosos eram natos. Com o amadurecimento de seus estudos, esta percentagem caiu para 40% e depois passa para 30%. ESCOLA POSITIVA – CÉSARE LOMBROSO – TARA ANATÔMICA - FOSSETAS OCCIPITAL MEDIANA (crânio pequeno). - MAXILAR INFERIOR PROCIDENTE (mandíbula grande). - MOLARES MUITO GRANDES (dentuço). - ORELHAS DE ABANO. - FARTAS SOBRANÇELHAS. - DESSIMETRIA CORPORAL. - GRANDE ENVERGADURA DOS BRAÇOS E DOS PÉS. ESCOLA POSITIVA – CÉSARE LOMBROSO – TARA FISIOLÓGICA - DALTONISMO. - MANCINISMO. - INSENSIBILIDADE À DOR (tatuagens). - PRECOCIDADE SEXUAL ESCOLA POSITIVA – CÉSARE LOMBROSO – TARA PSICOLÓGICA - VAIDADE. - AÇÕES IMPULSIVAS. - TENDÊNCIAS ALCOÓLICAS. - NEGLIGÊNCIA. - USO DE GÍRIAS. - CRUELDADE. - INSTABILIDADE. 9 Lombroso e suas taras começam a ficar obsoletos, na medida em que se comprovava que muitos criminosos não se identificavam em nenhuma de suas taras. ESCOLA POSITIVA – ENRICO FERRI FERRI CLASSIFICOU AS CAUSAS DOS DELITOS EM 3: BIOLÓGICAS (endógenas). FÍSICAS (exógenas). SOCIAIS (exógenas). Ele negou o livre arbítrio e adotou a razão de punir como sendo um tipo de defesa social. Pregava que a prevenção era mais eficaz do que a repressão. FERRI CLASSIFICOU OS CRIMINOSOS EM 5: CRIMINOSO NATO – A expressão “CRIMINOSO NATO” surge com Ferri. Ele considerava tal criminoso como desprovido de senso moral, pois possuía ferocidade animalesca e, dessa forma, era capaz de cometer quaisquer delitos. CRIMINOSO LOUCO – O qual deveria ser tratado de acordo com o grau da psicopatia. CRIMINOSO OCASIONAL – O qual possuía menor periculosidade e deveria sofrer penas alternativas. CRIMINOSO HABITUAL – Que fazia do crime sua profissão. CRIMINOSO PASSIONAL – Para os quais deveria haver diminuição das penas. 10 ESCOLA POSITIVA – RAFAEL GARÓFALO TRAZIA UM CONCEITO SOCIOLÓGICO DE CRIME, para satisfazer as exigências de universalidade que a criminologia deveria respeitar para justificar o qualitativo da ciência. TEMIBILIDADE OU PERICULOSIDADE eram defendidas como forma de concessão da intervenção penal (medida de segurança). FAZ SURGIR A TRÍPLICE PREOCUPAÇÃO DA CRIMINOLOGIA que é o foco no criminoso, no delito e na pena. DEFENDIA A IDEIA DE LOMBROSO DE DELITO NATURAL. DEFENDIA A PENALIZAÇÃO PELA DEFESA SOCIAL e não pela punição individualizada. DEFENDIA A PENA DE MORTE para o criminoso grave, o qual apresentava anomalia psicológica permanente, incapacitando-o de se reintegrar à sociedade. PILARES DA ESCOLA POSITIVA PENA COMO MEIO DE DEFESA SOCIAL, como estudo da pessoa delinquente, a fim de promover a sua cura e reeducação. CRIMINOSO ESTUDADO COM ÊNFASE NAS INFLUÊNCIAS INTERNAS, mas sem desprezar, todavia, deixando em segundo plano as influências externas. O CRIME É um fenômeno social. MÉTODO empírico/experimental. 11 ESCOLA SOCIOLÓGICA DEFENDE QUE O CRIME É um produto do meio social. FATORES EXÓGENOS (externos) eram efetivamente os mais importantes como ocasionadores de um crime (combate à teoria Lombrosiana). SOCIOLOGIA CRIMINAL SURGIU em meados do século XIX e, além de Ferri da escola positiva, teve a influência de: AUGUSTO COMTE (1798 – 1857) que deu ênfase ao positivismo na sociologia. Afirmava que “A palavra positivo designa o real em oposição ao quimérico”. ADOLPHE QUETELET (1796 – 1874) foi o criador da SOCIOLOGIA CIENTÍFICA, dando origem a ESTATÍSTICA CRIMINAL. A ESCOLA SOCIOLÓGICA ENTENDIA QUE A BASE DA FORMAÇÃO DO CRIME dava-se por fatores sociais e situacionais, que exercem influência no chamado por ele de “homem médio”, levando-o a cometer crime. QUETELET FORMULOU OS 3 PRINCÍPIOS DE QUE o delito é um fenômeno social. Que os delitos ocorrem, ano após ano, com total precisão. Que os fatores que influenciam no cometimento do crime são a miséria, o analfabetismo e o clima. COM ISSO, QUETELET CRIOU A CONHECIDA COMO “LEIS TÉRMICAS DE QUETELET” QUE DIVAGA ACERCA DO COMETIMENTO DE CRIME X CLIMA. 1. INVERNO – Comete-se mais delitos contra a propriedade, já que nessa época são maiores as necessidades para a sobrevivência do homem. 2. VERÃO – Comete-se mais delitos contra a pessoa, devido a maior influencia das paixões humanas, provocada pelo aquecimento solar. 3. PRIMAVERA – Comete-se maios delitos sexuais, pela exacerbação da atividade sexual dessa época. 12 TAL QUAL LOMBROSO, QUETELET acaba assim criando suas próprias “taras”, pois fundamentado na estatística, traça a periodicidade, frequência e constância dos crimes, mas baseia-se em suas leis térmicas e, ainda, considera que: IDADE – 25 anos (auge da força física e paixões do homem). GÊNERO – Mulheres (fragilidade) – cometem mais crimes contra o patrimônio. Os homens cometem mais crimes contra as pessoas. PROFISSÃO – Profissionais liberais – crimes contra as pessoas enquanto que a classe trabalhadora cometia mais crimes contra o patrimônio. DOUTRINAS SOCIAIS QUE PREVALECEM NA ESCOLA SOCIOLÓGICA 1. TEORIA ANTROPOSSOCIAL que passa a relacionar os princípios de Lombroso com os princípios sociais. ALEXANDER LACASSGNE (1843 – 1924) defendia que o criminoso pode nascer com predisposição ao crime (o meio social vai influir para o cometimento do crime). CONCEITO DE CRIMINOSO NATO (DE FERRI) PARA O CONCEITO DE PREDISPOSTO. CÉREBRO POSSUI 3 ÁREAS, QUAIS SEJAM: a) ZONA FRONTAL – área das faculdades intelectuais. Quando perturbada, surgia o louco. b) ZONA PERIETAL – volitivas – delinquência ocasional. c) ZONA OCCIPTAL – indivíduo predisposto ao crime. LACASSANE CONCLUIA ASSIM QUE quanto maior fosse a desorganização social, maior seria a criminalidade. Concluía também que se o meio fosse propício, os delinquentes não se desenvolveriam. Dizia que “A sociedade tem os criminosos que 13 merecem, sendo estes como micróbios que se desenvolvem em um ambiente favorável.
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