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1 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
Estudos Acerca da Violência Doméstica e Familiar. 
 Lei Maria Da Penha 11.340/2006 
 
1) Contextualização e Problematização Acerca dos Direitos Humanos das 
Mulheres Vítimas de Violência Doméstica ou Familiar: 
 
 O surgimento da Teoria do Feminismo, como fator de visibilidade do 
problema. Pode ser estudado sob duas óticas o femininsmo da diferença, que 
pro sua vez, busca tratar a mulher desigualmente, em virtude de suas diferenças 
entre o gênero masculino. Já o feminismo da igualdade busca tratamento 
igualitário independentemente da condição de gênero, ou seja, preocupa-se com 
a ideia de igualdade formal e não substancial.1 
No plano internacional várias Convenções são criadas, a fim de 
disciplinarem o tema a luz do Direito Internacional, como por exemplo, a 
Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a 
Mulher em 1979. Neste mesmo sentido, A ONU instituiu o dia 8 de março o dia 
Internacional da Mulher, em 1975.2 Posteriormente, foi criado o Comitê sobre a 
Eliminação da Discriminação contra a Mulher, combatendo a violência contra a 
mulher na esfera pública ou privada, a partir da Recome/ndação n.º 19.3 
Com efeito, Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a 
Violência contra a Mulher de 1994, conhecida como a Convenção de Belém do 
Pará, fixou o conceito de violência contra a mulher e disciplinou direitos.4 
 
1 É cabível tanto o controle de constitucionalidade e convencionaldiade, em face da Lei Maria da Penha. 
Definição: é o controle exercido a fim de verificar a compatibilidade do direito interno frente aos 
Tratados que versam acerca dos Direitos Humanos. Precedente Case Law: ARELLANO E OUTROS VS. 
CHILE. CASO DOS TRABALHADORES DEMITIDOS DO CONGRESSO VS. PERU (2006), julgado 
pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. Principais consequências: impor aos Estados o controle 
de convencionalidade, o controle deverá ser ex officio, os Estados devem levar em consideração a 
interpretação dada pela Corte ao Tratado em questão e a responsabilidade Internacional do Estado. 
2 Foi criada a Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as 
Mulheres e a Violência Doméstica, em 2011. No continente africano foi criada a Carta Africana sobre os 
Direitos das Mulheres em 2003. E no Brasil, o case law Maria da Penha foi julgado pela Corte 
Interamericana, que por sua vez, deu origem a criação da Lei que leva o nome da Maria da Penha que foi 
vítima de violência doméstica pratica pelo seu cônjuge. A Corte condenou o Brasil e impôs a obrigação 
de que fosse criada uma lei para punir e prevenir a violência doméstica no país. O brasil atendendo ao 
mandamento da Corte criou a Lei 11.340/2006. 
Criação da Lei n.º 11.340/2006 
3 Artigo 1º – Para fins da presente Convenção, a expressão "discriminação contra a mulher" significará 
toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou 
anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com 
base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos 
político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo. 
4 Artigo 1º - Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou 
conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, 
tanto na esfera pública como na esfera privada. 
 
Professora: Ms. Lara Sanábria Viana 
Email: lara_sanabria@hotmail.com 
2 
 
 
 
 
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e 
prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, 
nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, 
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana 
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a 
Mulher e de outros tratados internacionais ratificados 
pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a 
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e 
proteção às mulheres em situação de violência doméstica 
e familiar. 
 
2) Finalidades Buscadas pelo Legislador: encontrando o espírito da Lei 
Maria da Penha: 
 
a) Punir e Prevenir a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
b) Assistência à mulher vítima de violência doméstica e familiar. 
c) Estabelecer medidas protetivas. 
d) Criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
 
3) Caracterizando a Violência: 
A lei não especifica o que seria, propriamente dito, o conceito de 
violência contra a mulher. Presume-se que o legislador faz referência a 
qualquer sofrimento de origem física ou psicológica que ocorra em virtude de 
relações familiares e domésticas, em face do gênero, ou seja, pela simples 
condição humana de ser mulher. Incorporado ao conceito de violência 
 
Artigo 2º - Entende-se que a violência contra a mulher abrange a violência física, sexual e psicológica: a) 
ocorrido no âmbito da família ou unidade domestica ou em qualquer relação interpessoal, quer o agressor 
compartilhe, tenha compartilhado ou não a sua residência, incluindo- se, entre outras formas, o estupro, 
maus-tratos e abuso sexual; b) ocorrida na comunidade e comedida por qualquer pessoa, incluindo, entre 
outras formas, o estupro, abuso sexual, tortura, tráfego de mulheres, prostituição forçada, seqüestro e 
assédio sexual no local de trabalho, bem como em instituições educacionais, serviços de saúde ou 
qualquer outro local; e c) perpetra ou tolerada pelo Estado ou seus agente, onde quer que ocorra. Direitos 
Protegidos 
Artigo 3º - Toda mulher tem direito a uma vida livre de violência, tanto na esfera pública como na esfera 
privada. Toda mulher tem direito ao reconhecimento, desfrute, exercício e proteção de todos os direitos 
humanos e liberdades consagradas em todos os instrumentos regionais e internacionais relativos aos 
direitos humanos. Estes direitos abrangem, entre outros: a) direitos a que se respeite sua vida; b) direitos a 
que se respeite sua integridade física, mental e moral; c) direitos à liberdade e a segurança pessoais; d) 
direito a não ser submetida a tortura; e) direito a que se respeite a dignidade inerente à sua pessoa e a que 
se proteja sua família f) direito a igual proteção perante a lei e da lei; g) direito a recurso simples e 
rápido perante tribunal competente que a proteja contra atos que violem seus direitos; h) direito de livre 
associação; i) direito à liberdade de professar a própria religião e as próprias crenças, de acordo com a lei; 
e j) direito a ter igualdade de acesso às funções públicas de seu próprio país e a participar nos assuntos 
públicos, inclusive na tomada de decisões. 
 
 
 
 
3 
 
doméstica temos a ideia representada pela unidade doméstica que, na 
verdade, representa o núcleo privado de convívio permanente entre pessoas 
marcadas por laços sanguíneos ou afetivos. 
Importante destacar, que atualmente os Tribunais Superiores admitem 
que a lei seja aplicada em favor de homens que sejam vítimas de violência 
doméstica ou familiar, pois o que se leva em consideração é a situação de 
vulnerabilidade da pessoa humana, independentemente do gênero. A mesma 
orientação vale para os transexuais e casais heterossexuais e homossexuais. 
 
 
 
 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência 
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ouomissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o 
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem 
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a 
comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por 
afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o 
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
 
 
4) Das Formas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher: 
 
 Artigo 7º da LEI: 
 
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta 
que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer 
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da 
auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas 
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante 
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, 
insulto, chantagem, ridicularização, exploração e 
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que 
lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à 
autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta 
que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de 
4 
 
relação sexual não desejada, mediante intimidação, 
ameaça, coação ou uso da força; que a induza a 
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua 
sexualidade, que a impeça de usar qualquer método 
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, 
ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, 
suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o 
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer 
conduta que configure retenção, subtração, destruição 
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, 
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos 
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas 
necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta 
que configure calúnia, difamação ou injúria. 
 
 Inciso I - A violência física pode ir desde vias de fato, homicídio etc. 
 Inciso II – crime de ameaça, ou seja, a promessa de causar-lhe um mal injusto. 
Inciso III – crime de estupro, obter relações sexuais contra a vontade da vítima. 
Inciso IV – delapidação de patrimônio, inclusive a vítima poderá judicializar 
ações na esfera civil. 
Inciso V – Moral, atingir a dignidade da pessoa humana e condições inerente aos 
direitos a personalidade da vítima, gerando o direito a indenizações. 
 
 
5) Das Formas de Prevenção na Lei Maria da Penha: 
 
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência 
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de 
um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-
governamentais, tendo por diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do 
Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas 
de segurança pública, assistência social, saúde, educação, 
trabalho e habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e 
outras informações relevantes, com a perspectiva de 
gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às 
conseqüências e à freqüência da violência doméstica e 
familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, 
a serem unificados nacionalmente, e a avaliação 
periódica dos resultados das medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos 
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a 
coibir os papéis estereotipados que legitimem ou 
exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo 
com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do 
art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; 
5 
 
Já tem MP instaurando ACP contra programas de TV que 
violam este dispositivo. 
IV - a implementação de atendimento policial 
especializado para as mulheres, em particular nas 
Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas 
de prevenção da violência doméstica e familiar contra a 
mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em 
geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de 
proteção aos direitos humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, 
termos ou outros instrumentos de promoção de parceria 
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades 
não-governamentais, tendo por objetivo a implementação 
de programas de erradicação da violência doméstica e 
familiar contra a mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e 
Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e 
dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas 
enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de 
raça ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que 
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à 
dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero 
e de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os 
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos 
humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao 
problema da violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
 
 
 
6) Das Formas de Assistência à Mulher em Condição de Vulnerabildiade: 
 
 Artigo 9º da Lei. 
 
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência 
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e 
conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei 
Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de 
Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre 
outras normas e políticas públicas de proteção, e 
emergencialmente quando for o caso. 
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da 
mulher em situação de violência doméstica e familiar no 
cadastro de programas assistenciais do governo federal, 
estadual e municipal. 
6 
 
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, para preservar sua integridade 
física e psicológica (aqui incluída a moral, sexual etc): 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora 
pública, integrante da administração direta ou indireta; 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário 
o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. 
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência 
doméstica e familiar compreenderá o acesso aos 
benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e 
tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de 
emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente 
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência 
Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos 
necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. 
 
 O atendimento a mulher vítima de violência doméstica ou familiar é 
garantido frente ao Sistema Único de Saúde (SUS). Na esfera administrativa é garantida 
a remoção da servidora pública federal vítima, ademais no âmbito celetista a 
manutenção do vínculo, por até 6 (seis) meses. Medida muito questionada, tendo em 
vista o gasto suportado pelo empregador durante esse período. 
 
Vide: 
 
 §2º, inciso II – manutenção do vínculo trabalhista, por até 06 meses. 
 
 
7) Das Medidas Protetivas da Lei Maria da Penha: 
 
 Artigos 22, 23, e 24 (IMPORTANTE): 
 
 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e 
familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz 
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou 
separadamente, asseguintes medidas protetivas de 
urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, 
com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei 
no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência 
com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das 
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre 
estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas 
por qualquer meio de comunicação; 
c) freqüentação de determinados lugares a fim de 
preservar a integridade física e psicológica da ofendida; 
7 
 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes 
menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar 
ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a 
aplicação de outras previstas na legislação em vigor, 
sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias 
o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao 
Ministério Público. 
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se 
o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos 
do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o 
juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou 
instituição as medidas protetivas de urgência concedidas 
e determinará a restrição do porte de armas, ficando o 
superior imediato do agressor responsável pelo 
cumprimento da determinação judicial, sob pena de 
incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, 
conforme o caso. 
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de 
urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, 
auxílio da força policial. 
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que 
couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da 
Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de 
Processo Civil). 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de 
outras medidas: 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa 
oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus 
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do 
agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem 
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e 
alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da 
sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular 
da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as 
seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo 
agressor à ofendida; 
II - proibição temporária para a celebração de atos e 
contratos de compra, venda e locação de propriedade em 
comum, salvo expressa autorização judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida 
ao agressor; 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito 
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da 
8 
 
prática de violência doméstica e familiar contra a 
ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório 
competente para os fins previstos nos incisos II e III deste 
artigo. 
 
As medidas elencadas nos artigos 22, 23 e 24, ambas são caracterizadas pela 
urgência. Sendo assim, devem preencher o binômio perigo da demora e aparência do 
bom direito. 
 As medidas protetivas podem ser concedidas de ofício ou a requerimento 
da vítima, sem a audiência do agressor que será posteriormente comunicado. É possível 
a substituição das medidas,quando ineficazes. 
 
 
8) Da Organização Judiciária e a Necessidade de Criação dos Juizados 
Especiais: 
 
 
 A lei impõe a criação dos Juizados Especiais como uma diretriz. É uma 
tendência no âmbito do poder judiciário, entende-se que uma justiça especializada julga 
melhor, tende a ter entendimentos uniformizados e, tecnicamente, seria mais célere, 
além de todos os atuantes estarem sensibilidades e familiarizados com a problemática. 
 
Nos Estados onde não foram criados os juizados especiais, o juiz julgará 
a infração penal e a concessão ou não das medidas protetivas de caráter cível. 
Outras ações de natureza civil poderão ser propostas na própria vara civil 
competente. 
 
 
 
9) Aspectos Processuais da Lei Maria da Penha: 
 
 
Importante lembrar, que a lei proibiu expressamente a aplicação do 
Juizado Especial Criminal, mesmo se o crime praticado pelo 
agressor for considerado de pequeno potencial ofensivo. O conceito 
de crime deve ser ampliado e, por essa razão, contempla as 
contravenções penais. 
 
Art 41º da Lei: 
 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e 
familiar contra a mulher, independentemente da pena 
prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro 
de 1995. 
 
 
 
10) Abordagem Jurisprudencial: comentário extraído do site dizer o direito: 
 
9 
 
A Lei Maria da Penha pode ser aplicada para violência praticada contra a 
cunhada? 
 
 
A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 226, § 8º: 
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a 
integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 
No mesmo sentido deste comando constitucional, o Estado Brasileiro, com o intuito de 
coibir a violência contra a mulher, assinou dois importantes tratados internacionais: 
 Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a 
Mulher; 
 Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a 
Mulher (“Convenção de Belém do Pará). 
 
A fim de regulamentar o §8º do art. 226 da CF/88 e dar maior efetividade aos 
compromissos internacionais assumidos em defesa da mulher, foi editada a Lei n.° 
11.340/2006, conhecida como “Lei Maria da Penha”. 
 
A referida Lei cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
 
Indaga-se então: 
Qual é o conceito legal de violência doméstica? 
 
Quais os casos em que é possível configurar-se violência doméstica? 
 
Violência doméstica e 
familiar contra a mulher é: 
 qualquer ação ou omissão 
 baseada no gênero 
 que cause 
 morte, 
 lesão, 
 sofrimento físico, 
 sofrimento sexual ou 
 sofrimento psicológico e 
 dano moral ou 
 dano patrimonial 
 à mulher 
 e que ocorra: 
I - no âmbito da unidade doméstica; ou 
Unidade doméstica é o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo 
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas. 
II - no âmbito da família; ou 
Família aqui deve ser compreendida como a 
comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, 
por afinidade ou por vontade expressa. 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual 
o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação. 
 
Algumas perguntas decorrentes deste conceito, que está previsto no art. 5º da Lei: 
 
1) É possível a aplicação da Lei Maria da Penha para a violência praticada por 
irmão contra irmã, ainda que eles nem mais morem sob o mesmo teto? 
SIM, é possível, com base no inciso III acima exposto. 
Ressalte-se, mais uma vez, que, para a configuração de violência doméstica não precisa, 
necessariamente, que haja coabitação (Quinta Turma. REsp 1.239.850-DF, Rel. Min. 
Laurita Vaz, julgado em 16/2/2012). 
 
10 
 
2) A Lei Maria da Penha pode ser aplicada para namorados? 
SIM. A Terceira Seção do STJ vem firmando entendimento jurisprudencial de que é 
possível a aplicação da Lei nº 11.340/2006 à agressão cometida por ex-namorado. 
Em tais circunstâncias, há o pressuposto de uma relação íntima de afeto a serprotegida, 
por ocasião do anterior convívio do agressor com a vítima, ainda que não tenham 
coabitado. 
(HC 181.217/RS, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 20/10/2011) 
 
Esta Lei pode ser aplicada a agressor que não se conforma com o término do namoro: 
Incide a aplicação da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) uma vez que a vítima 
grávida mantinha íntima relação com o agressor, que vinha praticando agressões físicas 
por não se conformar com o término do namoro, sendo ele o suposto pai. Assim, 
competente a Justiça comum para processar e julgar a questão. 
CC 92.591-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 5/12/2008. 
 
Mas cuidado: não é qualquer namoro que se enquadra na Lei Maria da Penha: 
Como o art. 5º da Lei n.° 11.340/2006 dispõe que a “violência doméstica” abrange 
qualquer relação íntima de afeto e dispensa a coabitação, cada demanda deve ter uma 
análise cuidadosa, caso a caso. Deve-se comprovar se a convivência é duradoura ou se o 
vínculo entre as partes é eventual, efêmero, uma vez que não incide a lei em comento 
nas relações de namoro eventuais. 
(CC 91.979-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/2/2009) 
 
3) Por fim, a Lei Maria da Penha pode ser aplicada para a agressão perpetrada 
por um homem contra a sua cunhada? 
SIM. Trata-se da hipótese prevista no inciso II, considerando que a cunhada é parente 
por afinidade do agressor. 
Assim, já decidiu o STJ: 
(...) 
2. Na espécie, apurou-se que a Vítima, irmã da companheira do Acusado, vivendo há 
mais de um ano com o casal sob o mesmo teto, foi agredida por ele. 
3. Nesse contexto, inarredável concluir pela incidência da Lei n.º 11.343/06 (rectius: 
Lei n.° 11.340/2006), tendo em vista a ocorrência de ação baseada no gênero 
causadora de sofrimento físico no âmbito da família, nos termos expressos do art. 5.º, 
inciso II, da mencionada legislação. 
4. "Para a configuração de violência doméstica, basta que estejam presentes as 
hipóteses previstas no artigo 5º da Lei 11.343/2006 (Lei Maria da Penha) [...]" (HC 
115.857/MG, 6.ª Turma, Rel. Min. JANE SILVA (Desembargadora Convocada do 
TJ/MG), DJe de 02/02/2009). (...) 
(HC 172634/DF, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 06/03/2012) 
 
 
Algumas situações nas quais o STJ já reconheceu ser possível a aplicação da Lei Maria 
da Penha 
 
Um dos temas que é enfrentado com frequência pelo STJ diz respeito às hipóteses em 
que é cabível a aplicação da Lei Maria da Penha. 
 
Pensando nisso, preparei uma breve pesquisa sobre alguns casos concretos já 
enfrentados pela Corte. 
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Antes disso, vejamos algumas regras básicas: 
 
Quem pode ser sujeito ativo e sujeito passivo da violência doméstica? 
• O sujeito passivo da violência doméstica obrigatoriamente deve ser uma pessoa do 
sexo feminino (criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino). 
• O sujeito ativo pode ser pessoa do sexo masculino ou feminino. 
 
Quais são os requisitos para que haja violência doméstica? 
a) Sujeito passivo (vítima) deve ser pessoa do sexo feminino (não importa se criança, 
adulta ou idosa, desde que seja do sexo feminino); 
b) Sujeito ativo pode ser pessoa do sexo masculino ou feminino; 
c) Violência baseada em relação íntima de afeto, motivação de gênero ou situação de 
vulnerabilidade, nos termos do art. 5º da Lei. 
 
É possível a aplicação da Lei Maria da Penha mesmo que agressor e vítima não 
vivam sob o mesmo teto? 
SIM. É possível que haja violência doméstica mesmo que agressor e vítima não 
convivam sob o mesmo teto (não morem juntos). Isso porque o art. 5º, III, da Lei afirma 
que há violência doméstica em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor 
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
 
Finalmente, confira alguns casos já analisados pelo STJ envolvendo a Lei Maria da 
Penha: 
 
 
Inf. 825 do STF - Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em violência 
doméstica. Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de 
violência doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva 
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ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica 
causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o 
STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos 
crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no 
âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato 
de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade 
de pena. 
: Súmula 600 – STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º 
da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
- Inf. 499 do STJ - É possível a aplicação da Lei Maria da Penha para violência praticada por 
irmão contra irmã, ainda que eles nem mais morem sob o mesmo teto. É preciso que a relação 
existente entre o sujeito ativo e o passivo seja analisada em face do caso concreto. No caso 
julgado, segundo o STJ, o indivíduo se valeu de sua autoridade de irmão para subjugar a sua 
irmã, com o fim de obter para si o controle do dinheiro da pensão. Na hipótese, o indivíduo 
teria ido ao apartamento da sua irmã fazendo várias ameaças de causar-lhe mal injusto e 
grave, além de ter provocado danos materiais em seu carro, causando-lhe sofrimento 
psicológico e dano moral e patrimonial, no intuito de forçá-la a abrir mão do controle da 
pensão que a mãe de ambos recebe. 
Lei n. 11.340/06: Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação. 
A Lei 11.340/06 buscou proteger não só a vítima que coabita com o agressor, mas também 
aquela que, no passado, já tenha convivido no mesmo domicílio, contanto que haja nexo entre 
a agressão e a relação íntima de afeto que já existiu entre os dois. 
 
- Inf. 524 do STJ - Crime praticado por nora contra sogra. É do juizado especial criminal — e 
não do juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher — a competência para 
processar e julgar ação penal referente a suposto crime de ameaça (art. 147 do CP) praticado 
por nora contra sua sogra na hipótese em que não estejam presentes os requisitos 
cumulativos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação de vulnerabilidade. 
 
- Inf. 551 do STJ - Aplicação da Lei Maria da Penha para agressão de filha contra a mãe. É 
possível a incidência da Maria da Penha nas relações entre MÃE e FILHA. O objeto de tutela da 
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Lei é a mulher em situação de vulnerabilidade, não só em relação ao cônjuge ou companheiro, 
mas também qualquer outro familiar ou pessoa que conviva com a vítima, 
independentemente do gênero do agressor. O sujeito ativo do crime pode ser tanto o homem 
como a mulher, desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma 
relação de poder e submissão. 
- Inf. 539 - A Lei presume a hipossuficiência da mulher vítima de violência doméstica. O fato de 
a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque a situação 
de vulnerabilidade e de hipossuficiência da mulher, envolvida em relacionamento íntimo de 
afeto, revela-se ipso facto, sendo irrelevante a sua condição pessoal para a aplicação da Lei 
Mariada Penha. Trata-se de uma presunção da Lei. 
 
- Inf. 501 do STJ – Lesão corporal (qualificadora no caso de violência doméstica) - A 
qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais 
cometidas contra HOMEM no âmbito das relações domésticas. 
 
- A lei 11.340/06 somente abrange mulher (violência de gênero), mas é possível aplicar-se as 
medidas de proteção para criança, adolescente, idoso, pessoa portadora de necessidades 
especiais e enfermo (são todos vulneráveis), mesmo que homens. Neste caso, o juiz se valerá 
do seu poder geral de cautela, na forma do artigo 313, inciso III, do CPP. 
Na hipótese de uma mesma agressão ser perpetrada contra vítimas de sexos diferentes, estará 
sujeita à Lei Maria da Penha apenas a violência contra a vítima do sexo feminino. Entretanto, 
diante da conexão probatória entre os dois crimes, é possível a reunião dos processos perante 
o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Nesse caso, os institutos 
despenalizadores da Lei 9.099/95 só poderão ser aplicados em relação à infração de menor 
potencial ofensivo cometida contra a vítima do sexo masculino, vez que não se admite a 
aplicação da Lei n° 9.099/95 aos crimes e contravenções praticados com violência doméstica e 
familiar contra a mulher (Lei n° 11.340/06, art. 41). 
*NOVIDADE LEGISLATIVA: LEI Nº 13.505 DE 8 DE NOVEMBRO DE 2017. 
(ALTERA A MARIA DA PENHA!) 
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar 
de ter atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado, 
preferencialmente, por servidores do sexo feminino. 
Art. 2o A Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar acrescida 
dos seguintes arts. 10-A, 12-A e 12-B: 
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“Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento 
policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do 
sexo feminino - previamente capacitados. 
§ 1o A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha 
de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes 
diretrizes: 
I - Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua 
condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar; 
II - Garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e 
pessoas a eles relacionadas; 
III - Não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos 
âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada. 
§ 2o Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha 
de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: 
I - A inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os 
equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e 
familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; 
II - Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em 
violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; 
III - O depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e 
a mídia integrar o inquérito.” 
“Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de 
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no 
âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher 
(Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o 
atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher.” 
“Art. 12-B. (VETADO). 
§ 1o (VETADO). 
§ 2o (VETADO. 
§ 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da mulher 
em situação de violência doméstica e familiar e de seus dependentes.” 
 
- Inf. 654 do STF - Nos locais em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, às varas criminais acumularão as 
competências cível e criminal para as causas decorrentes de violência doméstica e familiar 
contra a mulher. Esta determinação, que consta no art. 33 da Lei, não ofende a competência 
dos Estados para disciplinarem a organização judiciária local. Segundo o Relator, a Lei Maria da 
Penha não implicou obrigação, mas a FACULDADE de criação dos Juizados de Violência 
Doméstica contra a Mulher. 
 
15 
 
- Inf. 550 do STJ - Juizado da Violência Doméstica possui competência para executar alimentos 
por ele fixados. O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem competência 
para julgar a execução de alimentos que tenham sido fixados a título de medida protetiva de 
urgência fundada na Lei Maria da Penha em favor de filho do casal em conflito. 
 
- Inf. 572 do STJ - Competência para julgar ação de divórcio advinda de violência suportada por 
mulher no âmbito familiar e doméstico. A extinção de medida protetiva de urgência diante da 
homologação de acordo entre as partes não afasta a competência da Vara Especializada de 
Violência Doméstica ou Familiar contra a Mulher para julgar ação de divórcio fundada na 
mesma situação de agressividade vivenciada pela vítima e que fora distribuída por 
dependência à medida extinta. 
 
A Vara Especializada da Violência Doméstica ou Familiar Contra a Mulher possui competência 
para o julgamento de pedido incidental de natureza civil, relacionado à autorização para 
viagem ao exterior e guarda unilateral do infante, na hipótese em que a causa de pedir de tal 
pretensão consistir na prática de violência doméstica e familiar contra a genitora. STJ. 3ª 
Turma. REsp 1.550.166-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/11/2017 (Info 617). 
 
- Inf. 748 do STF - Competência para o processamento de crimes dolosos contra a vida 
praticados no contexto de violência doméstica. A Lei de Organização Judiciária poderá prever 
que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na Vara de Violência Doméstica em caso 
de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá 
usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente dito é 
que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. 
- Inf. 654 do STF - Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher 
não se aplica a Lei dos Juizados Especiais (Lei n. 9.099/95), mesmo que a pena seja menor que 
2 anos. 
- Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na 
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. 
- Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
Inf. 654 do STF - Toda lesão corporal, ainda que de natureza leve ou culposa, praticada contra 
a mulher no âmbito das relações domésticas é crime de ação penal INCONDICIONADA. 
 
16 
 
 - Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
* A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no 
âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Pet 11.805-DF, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604). Súmula 542-STJ: A 
ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência domésticacontra a 
mulher é pública incondicionada. 
- Inf. 506 do STJ- Penas restritivas de direito. Não é possível a substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos em caso de condenação por crime de lesão corporal 
previsto no art. 129, § 9º, do CP. 
- Inf. 804 do STF - Impossibilidade de penas restritivas de direito. Não é possível a substituição 
de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ao condenado pela prática do crime de 
lesão corporal praticado em ambiente doméstico (art. 129, § 9º do CP). 
 Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou 
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos. 
Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais 
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. 
Cabe substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em caso de 
contravenção penal envolvendo violência doméstica contra a mulher? (i) NÃO. Posição 
majoritária do STF e Súmula 588 do STJ. (ii) SIM. Existe um precedente da 2ª Turma do STF (HC 
131160, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016). STF. 1ª Turma. HC 137888/MS, Rel. 
Min. Rosa Weber, julgado em 31/10/2017 (Info 884). 
Antes da alteração legislativa, o STJ entendia que: 
O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha (art. 22 da 
Lei 11.340/2006) não configurava infração penal. 
 
Neste caso, o agente não poderia responder nem mesmo por crime de desobediência (art. 330 
do CP)? 
Também não. Nesse sentido: 
STJ. 5ª Turma. REsp 1.374.653-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. em 11/3/2014 (Info 538). 
STJ. 6ª Turma. RHC 41.970-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, j. em 7/8/2014 (Info 544). 
 
Por quê? 
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O STJ entende que não há crime de desobediência quando a pessoa desatende a ordem e 
existe alguma lei prevendo uma sanção civil, administrativa ou processual penal para esse 
descumprimento sem ressalvar que poderá haver também a sanção criminal. 
 
Explicando melhor: 
• Regra: se na Lei houver previsão de sanção civil ou administrativa para o caso de 
descumprimento da ordem dada, não se configura o crime de desobediência. 
• Exceção: haverá delito de desobediência se na Lei, além da sanção civil ou administrativa, 
expressamente constar uma ressalva de que não se exclui a sanção penal. 
 
Ex.1: Marcelo foi parado em uma blitz. O agente de trânsito determinou que ele apresentasse 
a habilitação e o documento do veículo, tendo Marcelo se recusado a fazê-lo. 
Marcelo não cometeu crime de desobediência porque o art. 238 do Código de Trânsito já 
prevê punições administrativas para essa conduta (infração gravíssima, multa e apreensão do 
veículo), sem ressalvar a possibilidade de aplicação de sanção penal. 
 
Ex.2: Gutemberg foi intimado para testemunhar em uma ação penal, tendo, no entanto, sem 
justificativa, deixado de comparecer ao ato processual. Gutemberg cometeu o crime de 
desobediência. O CPP determina que o juiz poderá aplicar multa e condená-lo a pagar as 
custas da diligência, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência (art. 219). 
Assim, a Lei (no caso, o CPP) prevê punições civis, ressalvando, no entanto, que elas poderão 
ser aplicadas juntamente com a condenação criminal. 
 
Ex.3: Cleôncio foi intimado para testemunhar em uma ação de indenização por danos morais, 
tendo, no entanto, sem justificativa, deixado de comparecer ao ato processual. 
Cleôncio não cometeu o crime de desobediência. O CPC prevê que a testemunha faltosa será 
conduzida coercitivamente e condenada a pagar as despesas do adiamento do ato (art. 455, § 
5º). Contudo, a Lei (no caso, o CPC) não prevê a possibilidade de tais sanções cíveis serem 
aplicadas juntamente com a punição pelo crime de desobediência. 
 
E no caso da Lei Maria da Penha? 
A Lei nº 11.340/2006 previa que o descumprimento da medida protetiva gerava consequências 
cíveis (multa) e processuais penais (prisão cautelar), mas não ressalvava a possibilidade de o 
agente responder também criminalmente. Logo, seguindo o raciocínio acima, não se podia 
condenar o agente por crime de desobediência. 
18 
 
Nesse sentido: 
(...) 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que para a caracterização do 
crime de desobediência não é suficiente o simples descumprimento de decisão judicial, sendo 
necessário que não exista previsão de sanção específica. 
2. A Lei n. 11.340/06 determina que, havendo descumprimento das medidas protetivas de 
urgência, é possível a requisição de força policial, a imposição de multas, entre outras sanções, 
não havendo ressalva expressa no sentido da aplicação cumulativa do art. 330 do Código 
Penal. 
3. Ademais, há previsão no art. 313, III, do Código de Processo Penal, quanto à admissão da 
prisão preventiva para garantir a execução de medidas protetivas de urgência nas hipóteses 
em que o delito envolver violência doméstica. 
4. Em respeito ao princípio da intervenção mínima, não há que se falar em tipicidade da 
conduta atribuída ao recorrido, na linha dos precedentes deste Sodalício. (...) 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1528271/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 13/10/2015. 
 
DEPOIS da Lei nº 13.641/2018: 
A Lei nº 13.641/2018 alterou a Lei Maria da Penha e passou a prever como crime a conduta do 
agente que descumprir medida protetiva imposta. 
 
O agente que descumprir a medida protetiva responderá por crime de desobediência (art. 
330)? 
NÃO. A Lei nº 13.641/2018 incluiu um novo crime, um tipo penal específico para essa conduta. 
Veja: 
 
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas 
nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
 
Assim, temos o seguinte cenário: 
A CONDUTA DE DESCUMPRIR MEDIDA PROTETIVA DE URGÊNCIA 
PREVISTA NA LEI MARIA DA PENHA CONFIGURA CRIME? 
Antes da Lei nº 13.641/2018: NÃO Depois da Lei nº 13.641/2018 (atualmente): SIM 
19 
 
Antes da alteração, o STJ entendia que o 
descumprimento de medida protetiva de urgência 
prevista na Lei Maria da Penha (art. 22 da Lei 
11.340/2006) não configurava infração penal. 
O agente não respondia nem mesmo por crime de 
desobediência (art. 330 do CP). 
Foi inserido novo tipo penal na Lei Maria da Penha 
prevendo como crime essa conduta: 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere 
medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
 
*#DIZERODIREITO: Comentários acerca desse tipo penal: 
Não se exige violência ou grave ameaça 
O crime do art. 24-A pode se consumar mesmo que o sujeito ativo não tenha agido com 
violência ou grave ameaça. Ex: o juiz determinou que João, acusado de violência doméstica, 
não se aproxime menos que 500m da ex-mulher. O autor do fato, arrependido, procura a 
vítima chorando e com um buquê de rosas. Ele terá cometido o crime do art. 24-A. 
Se houver violência ou grave ameaça, o agente poderá responder pelo delito do art. 24-A em 
concurso com outros delitos. Ex: se, o agente, que estava proibido de se aproximar da ex-
mulher, procura-a e a ameaça de morte, ele responderá pelo delito do art. 24-A da Lei nº 
11.340/2006 em concurso com o art. 147 do Código Penal. 
 
Tentativa 
Em tese, é possível na modalidade comissiva. Ex: o ex-marido, mesmo estando proibido de 
entrar em contato com a ex-mulher, envia-lhe uma carta, que é interceptada pela sogra. 
 
Ação penal 
A açãopenal é pública incondicionada. 
 
Habeas corpus 
Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de 
urgência (STJ. 5ª Turma. HC 298.499-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
1º/12/2015). Esse entendimento ganha força agora com a inclusão do art. 24-A à Lei Maria da 
Penha. 
 
Único crime da Lei 11.340/2006 
Ao contrário do que muitos pensam, a Lei Maria da Penha não previa crimes. Este diploma traz 
uma série de disposições processuais e também de direito civil. 
20 
 
O art. 24-A, agora inserido, é o único delito tipificado na Lei nº 11.340/2006. 
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu 
as medidas. 
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder 
fiança. 
A situação, então, passa a ser a seguinte: 
Delegado de Polícia pode conceder fiança? 
Sim, desde que para crimes cuja pena máxima prevista seja de até 4 anos. 
Exceção: o crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha tem pena máxima de 2 anos, mas não 
admite fiança concedida pela autoridade policial. 
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis. 
 
Aplica-se a Lei nº 9.099/95 para o crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha? 
A pena máxima do art. 24-A não ultrapassa dois anos, razão pela qual se trata de infração de 
menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei nº 9.099/95). Diante disso, indaga-se: é possível a da 
transação penal, da suspensão condicional do processo e dos demais benefícios da Lei nº 
9.099/95 para o autor do crime do art. 24-A da Lei nº 11.340/2006? O tema certamente gerará 
polêmica. 
 
A jurisprudência é extremamente refratária à aplicação de qualquer medida despenalizadora 
em se tratando de delitos que envolvam violência doméstica. Nesse sentido, cito, a título de 
exemplo, as súmulas 536, 542 e 588, todas do STJ: 
Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na 
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. 
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou 
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos. 
 
A exegese relativa ao art. 24-A deve seguir a mesma linha. 
 
Em suma, o Professor Márcio Cavalcante, do Dizer o Direito, tem o palpite que a interpretação 
que irá ser acolhida pelos Tribunais é no sentido de que o delito do art. 24-A da Lei Maria da 
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Penha não se sujeita às disposições da Lei nº 9.099/95 e, portanto, podemos extrair algumas 
eventuais conclusões: 
• admite-se a prisão em flagrante pela prática do crime do art. 24-A da Lei nº 11.340/2006; 
• deverá ser instaurado inquérito policial para apurar essa infração (não sendo suficiente 
termo circunstanciado); 
• é possível que seja exigida fiança para a liberdade do flagranteado. 
 
Novatio legis in pejus 
Vale ressaltar que a Lei nº 13.641/2018 é uma lei posterior mais gravosa. Isso porque, como 
vimos, antes da sua edição, entendia-se que a conduta de descumprir medida protetiva de 
urgência não era considerada crime. 
Assim, se o agente descumpriu a medida protetiva até o dia 03/04/2018, ele não cometeu 
delito. No entanto, se esse descumprimento ocorreu no dia 04/04/2018 ou em data posterior, 
o sujeito incide no crime tipificado no art. 24-A da Lei Maria da Penha. 
 
Apesar de não serem muito cobrados em prova, colocarei os demais dispositivos da 
lei, pois é sempre bom fazer a leitura completa. 
 Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a 
fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso 
da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e 
independentemente de instrução probatória. CPP/Art. 387. O juiz, ao proferir sentença 
condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. STJ. 3ª Seção. REsp 1.643.051-MS, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 621). 
- Inf. 741 do STF - Lei estadual não pode fixar prioridades na tramitação dos processos judiciais. 
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que prevê prioridade na tramitação para processos 
envolvendo mulher vítima de violência doméstica. 
A fixação de prioridades na tramitação dos processos judiciais é matéria de Direito Processual, 
cuja competência é privativa da União (art. 22, I, CF/88). 
 
 
QUESTÕES: 
(MP/MG/2015) No que diz respeito à Lei Maria da Penha, assinale a 
alternativa CORRETA: 
 a) O descumprimento de decisão do juízo criminal que defere medidas 
protetivas de urgência configura crime punível com pena de até 2 (dois) anos 
22 
 
de detenção, sendo certo que, na hipótese de prisão em flagrante, a 
autoridade policial poderá conceder fiança. 
 b) A patroa que agride a empregada doméstica que reside no local do 
emprego está sujeita às regras repressivas contidas na Lei 11.340/06. 
 c) Pode o Ministério Público propor ação penal por crimes de lesão corporal 
leve e ameaça, prescindindo de representação da vítima de violência 
doméstica. 
 d) É tido como âmbito da unidade doméstica o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, salvo as 
esporadicamente agregadas. 
(MP/MS/2018) Assinale a alternativa correta. 
 a) A pena de multa no caso de condenação por crime de dispensa de 
licitação fora das hipóteses previstas em lei (Lei n. 8.666/1993) deve seguir o 
critério bifásico previsto no Código Penal, devendo o juiz atender, 
principalmente, na fixação do valor de cada dia-multa, ao montante da 
vantagem obtida ou potencialmente aferível pelo agente. 
 b) Tratando-se de crime de menor potencial ofensivo (Lei n. 9.099/1995), 
sendo crime de ação penal pública condicionada, a composição civil ocorrida 
antes do oferecimento da denúncia acarreta a extinção da punibilidade e 
impede a ocorrência da tentativa de transação penal. 
 c) É admissível a forma tentada nos crimes de “lavagem” ou ocultação de 
bens, direitos e valores (Lei n. 9.613/1998). 
 d) O artigo 32 da Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei n. 3.688/1941), 
sob a rubrica de falta de habilitação para dirigir veículo, foi derrogado pelo 
crime de dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão 
para dirigir ou habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, previsto 
na Lei de Crimes de Trânsito (Lei n. 9.503/1997). 
 e) Nos casos de violência de gênero contra a mulher no âmbito doméstico 
(Lei n. 11.340/2006), não é possível o juízo criminal fixar indenização 
mínima por dano moral sem instrução probatória específica sobre a 
ocorrência do dano moral. 
(MP/RO/2018) Em relação à Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), 
assinale a alternativa CORRETA. 
 a) Os crimes de ameaça e de lesões corporais leves praticados no contexto 
de violência doméstica e familiar são de ação penal pública incondicionada. 
 b) A mulher pode ser sujeito ativo de crime praticado no contexto de 
violência doméstica e familiar. 
 c) A ação penal no crime de lesões corporais leves é pública condicionada, 
segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
 d) Admite-se a aplicação da suspensão condicional do processo aos autores 
de crimes praticados no contexto de violência doméstica e familiar. 
 e) As medidas protetivas de urgência vigem durante o prazo decadencial da 
representação da vítima, ou seja, 6 (seis) meses. 
 
(MP/PE/2017) Tendo em vista que a violênciadoméstica contra a mulher 
ainda é um problema social grave no Brasil, apesar da sua redução com o 
advento da Lei Maria da Penha, assinale a opção correta com relação aos 
crimes advindos da prática de violência contra a mulher no âmbito doméstico 
e familiar. 
 
23 
 
 a)O feminicídio, homicídio praticado contra a mulher em razão do seu sexo, 
consiste na violência doméstica e familiar ou no menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher, com hipóteses de aumento de pena por 
circunstâncias fáticas específicas. 
 b) O processamento de crimes praticados em situação de violência 
doméstica se dá por meio de ação penal de iniciativa pública incondicionada, 
segundo entendimento do STF. 
 c) O crime de estupro é processado por meio de ação penal de iniciativa 
pública condicionada à representação, da qual a vítima pode retratar-se 
mesmo após o oferecimento da denúncia. 
 d) Os crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher estão 
taxativamente elencados na Lei Maria da Penha. 
 
 
Olá amigos do Dizer o Direito, 
 
Foi publicada hoje (04/04/2018) mais uma novidade legislativa. 
 
Trata-se da Lei nº 13.641/2018, que altera a Lei Maria da Penha e torna crime 
a conduta do autor da violência que descumpre as medidas protetivas de 
urgência impostas pelo juiz. 
 
Vamos entender melhor o tema com um exemplo: 
Maria decidiu se separar de João. Este, contudo, continuou a procurá-la 
insistentemente e a fazer ameaças caso ela não reatasse o relacionamento. 
Diante disso, Maria procurou a Delegacia pedindo que fossem tomadas 
providências. 
A autoridade policial lavrou o boletim de ocorrência e enviou um expediente ao 
juiz com o pedido de Maria para que João não se aproximasse mais dela (art. 
12, III, da Lei nº 11.340/2006). 
O juiz deferiu o pedido da ofendida e determinou, como medidas protetivas de 
urgência, que João mantivesse distância mínima de 500 metros de Maria e não 
tentasse nenhum contato com ela por qualquer meio de comunicação (art. 22, 
III, “a” e “b”). 
Na decisão, o magistrado consignou ainda que, em caso de descumprimento de 
quaisquer das medidas impostas, seria aplicada ao requerido multa diária de R$ 
100, conforme previsto no § 4º, do art. 22 da Lei nº 11.340/2006. 
João foi regularmente intimado. Apesar disso, uma semana depois procurou 
Maria em seu local de trabalho, fazendo novas ameaças. 
 
Quais consequências poderão ser impostas a João pelo 
descumprimento da medida protetiva? 
• a execução da multa imposta; e 
• a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP). 
 
João também poderia ser processado criminalmente? A conduta de 
descumprir medida protetiva de urgência configura crime? 
A questão tem que ser analisada antes e depois da Lei nº 13.641/2018. 
 
ANTES da Lei nº 13.641/2018: NÃO 
Antes da alteração legislativa, o STJ entendia que: 
O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da 
Penha (art. 22 da Lei 11.340/2006) não configurava infração penal. 
24 
 
 
Neste caso, o agente não poderia responder nem mesmo por crime de 
desobediência (art. 330 do CP)? 
Também não. Nesse sentido: 
STJ. 5ª Turma. REsp 1.374.653-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. em 
11/3/2014 (Info 538). 
STJ. 6ª Turma. RHC 41.970-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, j. em 7/8/2014 (Info 
544). 
 
Por quê? 
O STJ entende que não há crime de desobediência quando a pessoa desatende 
a ordem e existe alguma lei prevendo uma sanção civil, administrativa ou 
processual penal para esse descumprimento sem ressalvar que poderá haver 
também a sanção criminal. 
 
Explicando melhor: 
• Regra: se na Lei houver previsão de sanção civil ou administrativa para o 
caso de descumprimento da ordem dada, não se configura o crime de 
desobediência. 
• Exceção: haverá delito de desobediência se na Lei, além da sanção civil ou 
administrativa, expressamente constar uma ressalva de que não se exclui a 
sanção penal. 
 
Ex.1: Marcelo foi parado em uma blitz. O agente de trânsito determinou que ele 
apresentasse a habilitação e o documento do veículo, tendo Marcelo se 
recusado a fazê-lo. Marcelo não cometeu crime de desobediência porque o art. 
238 do Código de Trânsito já prevê punições administrativas para essa conduta 
(infração gravíssima, multa e apreensão do veículo), sem ressalvar a 
possibilidade de aplicação de sanção penal. 
 
Ex.2: Gutemberg foi intimado para testemunhar em uma ação penal, tendo, no 
entanto, sem justificativa, deixado de comparecer ao ato processual. 
Gutemberg cometeu o crime de desobediência. O CPP determina que o juiz 
poderá aplicar multa e condená-lo a pagar as custas da diligência, sem prejuízo 
do processo penal por crime de desobediência (art. 219). Assim, a Lei (no caso, 
o CPP) prevê punições civis, ressalvando, no entanto, que elas poderão ser 
aplicadas juntamente com a condenação criminal. 
 
Ex.3: Cleôncio foi intimado para testemunhar em uma ação de indenização por 
danos morais, tendo, no entanto, sem justificativa, deixado de comparecer ao 
ato processual. Cleôncio não cometeu o crime de desobediência. O CPC prevê 
que a testemunha faltosa será conduzida coercitivamente e condenada a pagar 
as despesas do adiamento do ato (art. 455, § 5º). Contudo, a Lei (no caso, o 
CPC) não prevê a possibilidade de tais sanções cíveis serem aplicadas 
juntamente com a punição pelo crime de desobediência. 
 
E no caso da Lei Maria da Penha? 
A Lei nº 11.340/2006 previa que o descumprimento da medida protetiva 
gerava consequências cíveis (multa) e processuais penais (prisão cautelar), 
mas não ressalvava a possibilidade de o agente responder também 
criminalmente. Logo, seguindo o raciocínio acima, não se podia condenar o 
agente por crime de desobediência. 
Nesse sentido: 
25 
 
(...) 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que para a 
caracterização do crime de desobediência não é suficiente o simples 
descumprimento de decisão judicial, sendo necessário que não exista previsão 
de sanção específica. 
2. A Lei n. 11.340/06 determina que, havendo descumprimento das medidas 
protetivas de urgência, é possível a requisição de força policial, a imposição de 
multas, entre outras sanções, não havendo ressalva expressa no sentido da 
aplicação cumulativa do art. 330 do Código Penal. 
3. Ademais, há previsão no art. 313, III, do Código de Processo Penal, quanto à 
admissão da prisão preventiva para garantir a execução de medidas protetivas 
de urgência nas hipóteses em que o delito envolver violência doméstica. 
4. Em respeito ao princípio da intervenção mínima, não há que se falar em 
tipicidade da conduta atribuída ao recorrido, na linha dos precedentes deste 
Sodalício. (...) 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1528271/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
13/10/2015. 
 
 
DEPOIS da Lei nº 13.641/2018: SIM 
A Lei nº 13.641/2018 alterou a Lei Maria da Penha e passou a prever como 
crime a conduta do agente que descumprir medida protetiva imposta. 
 
O agente que descumprir a medida protetiva responderá por crime de 
desobediência (art. 330)? 
NÃO. A Lei nº 13.641/2018 incluiu um novo crime, um tipo penal específico 
para essa conduta. Veja: 
 
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas 
de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
 
Assim, temos o seguinte cenário: 
 
 
A conduta de descumprir medida protetiva de urgência 
prevista na Lei Maria da Penha configura crime? 
Antes da Lei nº 13.641/2018: 
NÃO 
Depois da Lei nº 13.641/2018 
(atualmente): SIM 
Antes da alteração, o STJ entendia que 
o descumprimento de medida protetiva 
de urgência prevista na Lei Maria da 
Penha (art. 22 da Lei 11.340/2006) 
não configurava infração penal. 
O agente não respondia nemmesmo 
por crime de desobediência (art. 330 
do CP). 
Foi inserido novo tipo penal na Lei 
Maria da Penha prevendo como crime 
essa conduta: 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial 
que defere medidas protetivas de 
urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 
(dois) anos. 
 
Vejamos algumas características sobre o crime do art. 24-A da Lei 
Maria da Penha: 
 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas 
de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
26 
 
 
Sujeito ativo 
Comete este delito a pessoa que descumpre a medida protetiva de urgência 
imposta com base na Lei Maria da Penha. 
 
Homem ou mulher 
Aqui cabe uma interessante observação: ao contrário do que muitos imaginam, 
o autor da violência doméstica não precisa ser necessariamente um homem. 
Assim, existem casos de violência doméstica praticados por mulheres. Ex: filha 
contra mãe (STJ HC 277.561/AL). 
A exigência é de que a vítima seja mulher, mas o agressor pode ser homem ou 
mulher. 
Isso significa que o sujeito ativo do crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha 
pode ser homem ou mulher. É o caso, por exemplo, da nora que agride a 
sogra. Se o juiz impuser que a nora não se aproxime da sogra e a nora 
descumprir essa ordem, responderá prelo crime do art. 24-A. 
 
Partícipes 
O indivíduo poderá responder por este delito, na qualidade de partícipe, mesmo 
sem ser o autor da violência doméstica. 
Ex: o juiz determina que João mantenha distância mínima de 500 metros de 
Maria (sua ex-esposa) e não tente nenhum contato com ela por qualquer meio 
de comunicação (art. 22, III, “a” e “b”). O irmão de João, mesmo sabendo 
dessa proibição, envia para Maria, pelo seu número do whatsapp, um áudio do 
agressor no qual ele tenta a reconciliação com a vítima. 
 
Sujeito passivo 
O sujeito passivo é o Estado. A vítima mediata ou secundária é o juiz que 
expediu a ordem. 
Muita atenção porque a vítima do crime do art. 24-A não é a vítima da violência 
doméstica. 
 
Tipo objetivo 
 
Descumprir: consiste em desobedecer, ou seja, não atender, não cumprir a 
decisão judicial. 
 
Ação ou omissão: vale ressaltar que esse crime poderá ser praticado mediante 
conduta comissiva (ex: aproximar-se da vítima mesmo havendo uma proibição) 
ou omissiva (ex: não pagar os alimentos provisórios fixados pelo juiz como 
medida protetiva). 
 
Decisão judicial: deve-se entender em sentido amplo, abrangendo tanto 
decisões interlocutórias como eventualmente uma sentença ou acórdão no qual 
seja fixada a medida protetiva. A decisão pode ser de 1ª instância ou de 
Tribunal (colegiada ou monocrática). 
 
Medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha: 
As medidas protetivas de urgência estão previstas nos arts. 22 a 24 da Lei nº 
11.340/2006. 
Esse rol é exemplificativo e o juiz poderá aplicar outras medidas não 
expressamente listadas na Lei Maria da Penha. 
Vale ressaltar, no entanto, que o crime do art. 24-A somente se verifica se o 
agente descumprir uma medida protetiva prevista na Lei nº 11.340/2006. Se o 
27 
 
sujeito descumprir medida protetiva atípica, ou seja, não prevista 
expressamente na Lei Maria da Penha, não haverá o crime do art. 24-A. 
 
Reserva de jurisdição 
Importante esclarecer que apenas o juiz (ou Tribunal) pode impor as medidas 
protetivas de urgência. A autoridade policial ou o membro do Ministério Público 
não gozam dessa possibilidade. 
 
Desobediência 
O art. 24-A é um tipo especial de desobediência (art. 330 do CP). 
 
Tipo subjetivo 
O crime é punido a título de dolo. 
O dolo, no caso, consiste na vontade livre e consciente de descumprir decisão 
judicial que defere medida protetiva de urgência baseada na Lei Maria da 
Penha. 
Obviamente, para que haja o crime, é indispensável que o agente saiba da 
existência da decisão judicial deferindo a medida protetiva. 
Não há crime se o sujeito age com culpa. Ex: vai a uma festa de aniversário de 
amigos em comum e ali encontra a ex-mulher sendo que havia uma ordem de 
não aproximação. 
 
Inexigibilidade de conduta diversa 
Uma das medidas protetivas de urgência previstas na Lei é a “prestação de 
alimentos provisionais ou provisórios” à mulher (art. 22, V). 
Se o agente não cumpre essa medida em virtude de impossibilidade econômica, 
não poderá ser punido pelo crime do art. 24-A, considerando que se trata de 
hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, que consiste em causa 
excludente de culpabilidade. 
 
Consumação 
A medida protetiva pode consistir em uma ordem para que o agente faça 
alguma coisa ou para que não faça (não adote determinado comportamento). 
Desse modo, o crime se consuma no momento em que o agente faz a conduta 
proibida na decisão judicial (ex: entra em contato com a ex-mulher, mesmo 
isso tendo sido proibido) ou, então, no instante em que termina o prazo que 
havia sido fixado para que o sujeito adotasse determinado comportamento (ex: 
juiz fixou o prazo de 24h para que o agressor deixasse a casa; após isso, sem 
cumprimento, o crime já terá se consumado). 
 
Não se exige violência ou grave ameaça 
O crime do art. 24-A pode se consumar mesmo que o sujeito ativo não tenha 
agido com violência ou grave ameaça. Ex: o juiz determinou que João, acusado 
de violência doméstica, não se aproxime menos que 500m da ex-mulher. O 
autor do fato, arrependido, procura a vítima chorando e com um buquê de 
rosas. Ele terá cometido o crime do art. 24-A. 
Se houver violência ou grave ameaça, o agente poderá responder pelo delito do 
art. 24-A em concurso com outros delitos. Ex: se, o agente, que estava 
proibido de se aproximar da ex-mulher, procura-a e a ameaça de morte, ele 
responderá pelo delito do art. 24-A da Lei nº 11.340/2006 em concurso com o 
art. 147 do Código Penal. 
 
Tentativa 
28 
 
Em tese, é possível na modalidade comissiva. Ex: o ex-marido, mesmo estando 
proibido de entrar em contato com a ex-mulher, envia-lhe uma carta, que é 
interceptada pela sogra. 
 
Ação penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Habeas corpus 
Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida 
protetiva de urgência (STJ. 5ª Turma. HC 298.499-AL, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 1º/12/2015). Esse entendimento ganha força 
agora com a inclusão do art. 24-A à Lei Maria da Penha. 
 
Único crime da Lei 11.340/2006 
Ao contrário do que muitos pensam, a Lei Maria da Penha não previa crimes. 
Este diploma traz uma série de disposições processuais e também de direito 
civil. 
O art. 24-A, agora inserido, é o único delito tipificado na Lei nº 11.340/2006. 
 
 
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou 
criminal do juiz que deferiu as medidas. 
 
As medidas protetivas de urgência da Lei nº 11.340/2006 não são exclusivas do 
processo penal. Isso significa que podem ser aplicadas em processos cíveis, 
independentemente da existência de inquérito policial ou processo criminal 
contra o suposto agressor. 
A Lei Maria da Penha foi editada com o objetivo de ampliar os mecanismos 
jurídicos e estatais de proteção da mulher vítima de violência doméstica. 
A referida Lei não se preocupa apenas com o viés da punição penal do 
agressor, sendo voltada também para a prevenção da violência, fornecendo, 
para tanto, instrumentos de natureza civil e administrativa. 
Desse modo, para que a Lei consiga atender seus propósitos de prevenção, é 
possível que sejam determinadas medidas judiciais de natureza não criminal, 
mesmo porque a resposta penal estatal só é desencadeada depois que, 
concretamente, o ilícito penal é cometido, muitas vezes com consequências 
irreversíveis, como no caso de homicídio ou de lesões corporais graves ou 
gravíssimas. 
Vale ressaltar que a definição de violência doméstica presente na Lei engloba 
situações que nem constituem crime, comoo caso de “sofrimento psicológico”, 
“dano moral”, “diminuição da autoestima”, “manipulação” etc. Assim, fica ainda 
mais claro que a Lei não tem objetivos exclusivamente penais. 
Foi isso que decidiu o STJ: 
(...) 1. As medidas protetivas previstas na Lei n. 11.340/2006, observados os 
requisitos específicos para a concessão de cada uma, podem ser pleiteadas de 
forma autônoma para fins de cessação ou de acautelamento de violência 
doméstica contra a mulher, independentemente da existência, presente ou 
potencial, de processo-crime ou ação principal contra o suposto agressor. 
2. Nessa hipótese, as medidas de urgência pleiteadas terão natureza de 
cautelar cível satisfativa, não se exigindo instrumentalidade a outro processo 
cível ou criminal, haja vista que não se busca necessariamente garantir a 
eficácia prática da tutela principal. "O fim das medidas protetivas é proteger 
direitos fundamentais, evitando a continuidade da violência e das situações que 
a favorecem. Não são, necessariamente, preparatórias de qualquer ação 
29 
 
judicial. Não visam processos, mas pessoas" (DIAS. Maria Berenice. A Lei Maria 
da Penha na justiça. 3 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012). (...) 
STJ. 4ª Turma. REsp 1419421/GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 
11/02/2014. 
 
Confirmando essa natureza e a fim de que não houvesse dúvidas quanto à 
tipificação, o legislador previu expressamente que também haverá o crime do 
art. 24-A se o sujeito descumprir medida protetiva imposta em processo cível. 
 
 
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial 
poderá conceder fiança. 
 
Fiança é... 
- uma caução em dinheiro ou outros bens (garantia real) 
- prestada em favor do indiciado ou réu 
- para que ele possa responder o inquérito ou o processo em liberdade 
- devendo cumprir determinadas obrigações processuais 
- sob pena de a fiança ser considerada quebrada 
- e ele ser preso cautelarmente. 
 
A fiança pode ser fixada isoladamente ou em conjunto com outras medidas 
cautelares previstas no art. 319 do CPP, a fim de que seja evitada a prisão 
preventiva. 
 
A fiança pode ser concedida: 
• Durante o inquérito policial; 
• No curso do processo criminal, enquanto não tiver transitado em julgado a 
sentença condenatória (art. 334). 
 
Como regra geral, quem concede a fiança? 
A fiança poderá ser concedida pelo(a): 
Delegado de Polícia Autoridade judiciária 
• Em até 24 horas após a prisão em 
flagrante. 
• Desde que a pena máxima prevista 
seja de até 4 anos. 
• A qualquer momento (durante o IP ou 
no curso do processo), mesmo que não 
se trate de prisão em flagrante. 
• Não importa a pena prevista. 
 
Assim, em regra, se a pessoa for presa em flagrante e o crime tiver pena 
máxima de 4 anos, o próprio Delegado poderá arbitrar fiança e o flagranteado 
será solto. Vale mencionar que não importa se o crime é punido com detenção 
ou reclusão. Tanto faz. Sendo a pena de até 4 anos, a autoridade policial tem 
legitimidade para arbitrar a fiança. 
Por outro lado, se o crime tiver pena superior a 4 anos, o flagranteado deverá 
requerer a concessão da fiança ao juiz, que decidirá o pedido em até 48 horas. 
Essa regra encontra-se prevista no art. 322 do CPP: 
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de 
infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) 
anos. 
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que 
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. 
 
Exceção 
30 
 
A Lei nº 13.641/2018, ao incluir esse § 2º, criou uma exceção à regra do art. 
322 do CPP. Isso porque o § 2º proíbe que o Delegado de Polícia conceda fiança 
para o crime do art. 24-A a despeito desse delito ter pena máxima de 2 anos. 
 
A situação, então, passa a ser a seguinte: 
Delegado de Polícia pode conceder fiança? 
Sim, desde que para crimes cuja pena máxima prevista seja de até 4 anos. 
Exceção: o crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha tem pena máxima de 2 
anos, mas não admite fiança concedida pela autoridade policial. 
 
 
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções 
cabíveis. 
 
Como vimos, o descumprimento de medida protetiva pode ensejar: 
• a execução da multa eventualmente imposta; e 
• a decretação da prisão preventiva do autor. 
 
O que este § 3º explicita é que tais consequências continuam acontecendo 
mesmo agora com a existência de um tipo penal específico para essa conduta. 
 
QUESTÕES FINAIS 
 
Aplica-se a Lei nº 9.099/95 para o crime do art. 24-A da Lei Maria da 
Penha? 
A pena máxima do art. 24-A não ultrapassa dois anos, razão pela qual se trata 
de infração de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei nº 9.099/95). Diante 
disso, indaga-se: é possível a da transação penal, da suspensão condicional do 
processo e dos demais benefícios da Lei nº 9.099/95 para o autor do crime do 
art. 24-A da Lei nº 11.340/2006? 
O tema certamente gerará polêmica. 
Particularmente, penso que deveria ser possível a aplicação das medidas 
despenalizadoras para o sujeito que praticar o crime do art. 24-A. 
Devemos relembrar que o réu que pratica violência doméstica ou familiar 
contra mulher não pode ser beneficiado com transação penal ou com suspensão 
condicional do processo. Isso porque a suspensão condicional do processo e a 
transação penal estão previstas na Lei nº 9.099/95 e a Lei Maria da Penha 
expressamente proíbe que se aplique a Lei nº 9.099/95 para os crimes 
praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher. Veja: 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a 
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 
de setembro de 1995. 
 
Ocorre que o art. 24-A pode ser praticado sem violência contra a mulher. Desse 
modo, não vislumbro óbice à aplicação da Lei nº 9.099/95 para os autores 
deste delito. 
Apesar disso, penso que essa posição não há de prevalecer. 
A jurisprudência é extremamente refratária à aplicação de qualquer medida 
despenalizadora em se tratando de delitos que envolvam violência doméstica. 
Nesse sentido, cito, a título de exemplo, as súmulas 536, 542 e 588, todas do 
STJ: 
Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não 
se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. 
 
31 
 
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de 
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher 
com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a 
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
 
A exegese relativa ao art. 24-A deve seguir a mesma linha. 
 
Vale ressaltar, ainda, que a intenção do legislador, ainda que não expressa, 
parece ter sido a de não considerar o crime do art. 24-A como sendo infração 
de menor potencial ofensivo e de exclui-la do âmbito de incidência da Lei nº 
9.099/95. Digo isso por conta do § 2º do art. 24-A, que preconiza o seguinte: 
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá 
conceder fiança. 
 
Desse modo, implicitamente o legislador afirmou que é possível a prisão em 
flagrante no caso do crime do art. 24-A. Além disso, esse mesmo permitiu que 
o juiz exija fiança do sujeito que praticou o novo delito da Lei Maria da Penha. 
Assim, o § 2º do art. 24-A claramente determina que não se aplica o art. 69, 
parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, que diz: 
Art. 69 (...) 
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for 
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele 
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso 
de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu 
afastamento