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Fichamento: Olinda Restaurada

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE HISTÓRIA
 
 
 
 
Káryta Nunes Bento
 
 
 
Fichamento do livro: MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada - guerra e açúcar no nordeste, 1630-1654. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia
2017
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada - guerra e açúcar no nordeste, 1630-1654. Rio de Janeiro: Topbooks, 2ª edição, 1998. 470p.
A EMPRESA DA TERRA E A VITÓRIA DO MAR
“É sabido que a ocupação neerlandesa do Nordeste brasileiro consistiu episódio, colonial e remoto, da confrontação entre a Espanha e as Províncias Unidas dos Países Baixos, que passaria a história sob a designação de Guerra dos oitenta anos (1568-1648).” (p.21)
“Para compreender a história das guerras holandesas no Brasil, é indispensável, por conseguinte, não perder de vista o pano de fundo das vicissitudes politicas e militares da luta entre espanhóis e neerlandeses, imbricadas com as peripécias da guerra dos trinta anos.’’ (p.23)
“Em que termos a monarquia espanhola concebia a defesa do império colonial herdado de Castela e de Portugal? Pode-se dizer que ela terminara por adotar a concepção portuguesa, que encarava a segurança do ultramar em termos exclusivamente navais.” (p.24)
“[...] o império colonial português era eminentemente talássico.” (p.25)
“[...] não existia no Novo Mundo região mais facilmente conquistável do que a América portuguesa, onde bastava assenhorear-se dos dois ou três principais portos [...]” (p.25)
“Ao privilegiar o poder naval, a estratégia de defesa colonial atribuía a guerra terrestre papel subsidiário [...]” (p.28)
“Assim como a população colonial depende da emigração reinol e do abastecimento pela metrópole, a defesa da colônia depende do poder naval da metrópole [...]” (p.28)
“O pacto colonial implicava assim não apenas a partilha das atividades econômicas mas também a das responsabilidades de defesa, quer dizer, rateio dos seus custos. O emprego do poder naval tendia a maximizar os gastos da metrópole; a defesa local, os da colônia” (p.29)
"A estratégia lusohispana na guerra da resistencia primeiro, e a estrategia portuguesa na guerra da restauração depois, procurou, por conseguinte, combinar poder naval e a defesa local [...]" (p.29)
"A noticia da conquista de Salvador pelos holandeses chegou com um mês de antecedência a Lisboa sobre Amsterdã, prazo que fará grande diferença no desfecho do episódio [...]" (p.31)
“A crise naval foi superada por volta de 1637. Somente então é que se puderam iniciar os preparativos das duas grandes armadas, a de restauração do Norteste [...] e a dos Países Baixos [...]” (p.33)
“Devido a impossibilidade do emprego estratégico do poder naval, a resistência em Pernambuco teve de basear-se na defesa local [...] essa foi a estratégia a que se chamou na época de ‘guerra lenta’.” (p.33)
“[...] o poder naval tinha a utilização marginal de transportar reforços.” (p.33)
“Nos primeiros anos a guerra lenta revelou-se eficaz” (p.34)
“[...] pois a guerra lenta prosseguiu até o fim da resistência, mesmo depois que todo mundo estava convencido da sua ineficácia.” (p.39)
“Enquanto o interesse dominante em Portugal era de natureza paroquialmente econômica, pois os portugueses da metrópole e da colônia só desejavam reabrir as velhas linhas de comercio, linhas que incluíam o comercio com a Holanda [...]” (p.39)
“A responsabilização da família donatarial pela perda do Nordeste foi uma manobra politica de Olivares, para defender-se do subsequente ressentimento português.” (p.40)
“ A guerra da resistência transcorreu no período recrudescimento do nacionalismo português que, pontuado pelas perdas no ultramar e pelas ‘alterações de Évora (1637), culminara na restauração da independência lusitana com a ascensão ao trono do duque de Bragança (1640)” (p.44)
“Estratégia limitada à contenção do inimigo no Recife, a guerra lenta, como vimos, pressupunha a certa altura a intervenção do poder naval, reputado ao único capaz de romper o impasse.” (p.47)
“Do lado lusobrasileiro, havia a considerar os prejuízos substanciais que o conflito acarretava a Coroa e ao Reino, devido à redução drástica do volume de açúcar exportado, com seus efeitos no balanço de pagamentos e na arrecadação de impostos na metrópole.” (p.47)
“[...] primeiro, modesto, reduzia-se a assegurar as comunicações marítimas entre o Reino e o Brasil [...]” (p.48)
“A segunda alternativa residia no apresto de uma armada modesta, de dez ou doze galeões que permaneceria em aguas brasileiras operando entre Pernambuco e a Bahia e defendendo a navegação portuguesa, com o que privada dos rendimentos da guerra de corso, a Companhia das índias Ocidentais teria de abandonar o Brasil” (p.48)
“A terceira opção consistia em entregar a navegação do Brasil aos dunquerquesese, vale dizer, aos corsários belgas, vassalos da monarquia espanhola, os quais, contudo, não disporiam de forças suficientes para repelir os inimigos” (p.48)
“A quarta possibilidade era obviamente a armada de restauração [...]” (p.48-49)
“Por conseguinte, nenhuma dessas fórmulas resolvia o problema fundamental, que era o da segurança da navegação pelo Brasil”. (p.49)
“[...] a guerra lenta continuaria a ser a única estratégia ao alcance do exercito luso-brasileiro, com a diferença que, desta vez, ela alcançou o objetivo de manter os holandeses encurralados no Recife e nas fortificações litorâneas [...]” (p.51)
“A estratégia do bloqueio naval era insuficiente para conquistar o Brasil.” (p.58)
“O incêndio e o saque dos pequenos portos e dos engenhos de açúcar, que eram os grandes núcleos de condensação demográfica, provariam a todos eu os soldados d’El Rei já não ofereciam proteção contra a fúria neerlandesa.” (p.63)
“A historiografia do período acentuou o papel desempenhado pelo poder naval holandês em termos estratégicos mas ignorou o seu parente pobre, o emprego tático; e, contudo, ele não foi ao menos valioso para a criação do Brasil holandês.” (p.65)
“Durante a guerra de restauração, também se pensou que o funcionamento dos engenhos era incompatível com o prosseguimento da guerra” (p.80)
“A paralisação dos engenhos era inaceitável para os produtores e mercadores” (p.80)
“As guerras holandesas e o impacto da ofensiva naval inimiga no Atlântico sul inauguraram um período de modificações estruturais no comercio português com a sua colônia americana” (p.81)
“Na realidade, a crise marítima de 1647-1648 só fez aprofundar um dos desequilíbrios fundamentais da economia portuguesa do período: a atrofia dos portos de província e a hipertrofia lisboeta” (p.85)
Em suma, esse primeiro capitulo trata a ocupação holandesa num contexto da guerra dos oitenta anos, salientando também que a Coroa praticamente não disponibilizava recursos para a defesa do Brasil, também coloca em questão a deficiência da defesa naval. O autor mostra estratégias de guerra dos lusos brasileiros, como por exemplo a Guerra lenta, que é principal para ocorrer a restauração; é colocado também a questão dos Holandeses optarem pela guerra naval e bloqueio comercial do litoral.
 GUERRA E COMÉRCIO LIVRE
“Houve uma crise do açúcar brasileiro anterior à invasão holandesa” (p.87)
“[...] a fase de crescimento da economia açucareira no Brasil teria terminado por volta de 1610, seguindo-se uma fase de estabilização ate cerca de 1629” (p.88)
“As fontes do segundo e do terceiro decênio de seiscentos permitem rastrear sintomas de crise no setor produtivo como no comercial” (p.89)
“As vésperas da ocupação holandesa, o Recife ainda era frequentado anualmente por dois ou três navios do rio da Prata, que deixavam na terra “ grande numero de mil cruzados”.” (p.90)
“Em 1628, a produção de açúcar brasileiro declinaria de uma media anual de 70.000 a 80.000 caixas para menos da metade de uma e outra cifra.” (p.92)
“Outro relatório, este de 1637, refere-se a engenhos arruinados ou paralisados há muitos anos, estragos datando ainda no período ante bellum” (p.93)
“Se a crise do açúcar precedeu a invasão holandesa, esta, por sua vez, não
acarretou de imediato a cessação das relações comerciais entre Portugal e a área sob controle luso-brasileiro, o que só se verificaria cinco anos depois” (p.94)
“[...] as comunicações com o Reino sofreram as consequências da presença naval holandesa no litoral brasileiro.” (p.94)
“Em setembro, com a chegada do verão e o inicio da safra, reanimou-se a pequena navegação de cabotagem ao longo da costa. Os holandeses redobraram a vigilância.” (p.95)
“[...] devido à premência de se utilizarem os pequenos portos que ao lado luso-brasileiro procedeu ao esforço organizado de explorar nosso litoral, o qual, entretanto, não pode ser comparado ao, que pela mesma altura, já era efetuado pela marinha neerlandesa.” (p.98)
 “A ofensiva holandesa contra o interior afetou a produção” (p.100)
“A vulnerabilidade do comercio do açúcar às vicissitudes bélicas provocou naturalmente a ampliação substancial da margem entre o preço local do produto, em baixa e o seu preço internacional, em alta [...]” (p.101-102)
“O açúcar havia cessado de funcionar como instrumento de troca, de modo que o vinho, o sol, o azeito e outros produtos do Reino tinham de ser adquidos a dinheiro, encarecendo enormemente” (p.102)
“Desde o começo da guerra, o tráfico negreiro havia sido suspenso, embora esporadicamente os holandeses ainda apressem na barra Grande um barco de Angola, com 300 africanos a bordo”. (p.103)
“Mas foram os ataques neerlandeses ao interior que permitiram ao governo do Recife estabelecer relações comerciais com a gente da terra” (p.104)
“Mas como muitos não cumprissem o ajuste, a administração neerlandesa resolveu surtar a pratica que só redundava em vantagem dos luso-brasileiros.” (p.104)
“Apesar das perdas durante a guerra de resistência, nada se fez que tivesse a importância e escopo das medidas adotadas com a criação da Companhia Geral de Comercio do Brasil (1649)” (p.105)
“As embarcações inglesas detiveram então o monopólio do transporte marítimo entre a Espanha e a França; e a presença britânica começou a fazer-se sentir nas áreas coloniais do império espanhol.” (p.110)
“A indefinição politico-militar do movimento restaurador prolongou-se até finais de 1646, ao prender sobre seu futuro a ordem real de retirar a população para a Bahia e a capitanias de baixo” (p.115)
“Com a evacuação das capitanias do norte de Pernambuco em meados de 1646, os engenhos de Itamaracá, da Paraíbas e do Rio Grande bem como os de Igaraçu ficaram desativados até o final da guerra [...]” (p.116)
“[...] a Bahia ou o Rio de Janeiro, cuja navegação também fora seriamente afetada pela preponderância holandesa no Atlântico.” (p.118)
“Na inexistência de relações comerciais com o Reino, que lhes permitissem custear a guerra, os rebeldes se veriam na contigencia de procurar romper o isolamento mediante o contrabando com a França ou com a Inglaterra, que teriam a oportunidade de se implantarem no vácuo criado pela impotência holandesa em dominar o movimento” (p.119)
“A reativação parcial do sistema produtivo e o reinicio das comunicações entre o reino e Pernambuco foram possibilitados pela perspectiva dos lucros substanciais que a região isolada pela guerra oferecia ao comerciante disposto a correr riscos” (p.122)
“A debilidade naval do Brasil holandês foi remediada, graças a conquista da Dunquerque pela aliança franconeerlandesa em setembro de 1646, o que privou o prospero corso da Zelândia, base da economia provincial, dos lucros da guerra marítima contra os mais importante centro miritimo dos Paises Baixos espanhóis” (p;123)
“[...] a proibição da exportação de açúcar brasileiro, privando os holandeses das ricas presas que faziam, os induziria a abandonar o Brasil.” (p.127)
“A solução era o estabelecimento de um sistema compulsório de comboios a cargo de companhia colonial” (p.127)
“A concessão de privilégios ao comercio estrangeiro foi, portanto, outra das faces que assumiu a luta entre os ‘valentões’ e o grupo de protoestrangeirados, cuja experiencia internacional não lhes deixava ilusões sobre a capacidade portuguesa de sustentar a guerra contra a Espanha na Europa e contra as Provincias Unidas no ultramar” (p.137)
Neste capítulo podemos perceber a dificuldade econômica que se agravou ao decorrer do tempo, além de tratar do regime de monopólio. Também é colocado em questão o financiamento das guerras.
 O ‘ASSENTO DE PERNAMBUCO’ E A COMPANHIA GERAL
“[...] a Coroa concluiu um ‘assento’, ou seja, em contrato com alguns grandes comerciantes de Lisboa, destinado ao abastecimento regular da capitania e ao escoamento da sua produção.” (p.139)
“Segundo os termos de contrato, os assentistas obrigavam-se a enviar a Pernambuco 12 navios por ano, 4 por quadrimestre ou 6 por semestre, com ‘mantimentos, munições, roupas e tudo que necessário para vida humada”, sendo pagos em açúcar e pau-brasil”. (p.140)
“[...] os privilégios concedidos no assento provocaram a oposição dos produtores pernambucanos e dos mercadores do Reino e da ilha da Madeira interessados no comercio da capitania rebelada.” (p.141)
“os assentistas ficariam na posição de obter o monopólio dos demais produtos exportados para Pernambuco, “pois como as pessoas que fizeram este assento são ricas e hão de carregar os vinhos nos navios que estão a sua disposição, é certo que não deixarão carregar aos demais as outras fazendas e mantimentos, ou será com tais condições que não esteja a conto o carrega-las aos que não forem interessados em dito assento.” (p.142)
“As reclamações contra os assentistas foram gerais” (p.144)
“As outras queixas de Pernambuco contra a Companhia Geral não diferiam das que se ouviam no Estado do Brasil, razão pela qual não as reiteraremos aqui” (p.151)
“[...] o principal empecilho ao comercio de Pernambuco consistia no abuso de se tomarem por meios violentos as praças dos navios, o que provocava ao retraimento dos homens de negocio. Acusação que não era infundada.” (p.156)
“A partir de 1651, há indícios de declínio da produção, embora as fontes não digam de quanto, declínio previsto por Francisco Barreto, que o atrinuia as incertezas do sistema de comboio.” (p.162)
“A documentação é silenciosa no tocante aos preços do açúcar em Pernambuco” (p.162)
“Ao passo que decrescia a fatia do bolo correspondente ao produtor, aumentava a margem de lucro do comerciante reinol ou estrangeiro” (p.163)
“ A substituição da livre navegação das caravelas pelos comboios do assento e depois da Companhia Geral, que empregavam navios de maior porte, recolocou a questão do porto melhor adaptado as novas condições.” (p.165)
“Outra consequência da substituição da navegação livre pelos comboios do assento e da Companhia Geral foi a participação dos navios ingleses e franceses.” (p.166)
“A partir de 1648, a documentação neerlandesa passa a registrar a presença de navios estrangeiros no Brasil” (p.167)
“ O afretamento de navios holandeses na carreira do Brasil e, em particular, na navegação de Pernambuco, gerou protestos no Reino em consequência dos prejuízos que acarretavam a segurança da colônia, ao levarem artilheiros exclusivamente neerlandeses, e a marinha mercante portuguesa, que não podia concorrer com fretes que eram metade dos cobrados por ela” (p.169)
Este capitulo também foca no comércio do açúcar como um financiador das Guerras holandesas, e como a alteração de valores poderiam prejudicar. Além também de colocar em foco os assentos que tinham grande desaprovação geral.
 O DEVE E O HAVER
“A descrição, mesmo superficial ou aproximativa, das finanças da resistência e da restauração requer algumas reflexões preliminares que indiquem a precariedade e limitações de uma pesquisa desta natureza” (p.170)
“Para compreender as finanças da guerra, é necessário recapitular sumariamente o sistema fiscal existente nas capitanias do norte do Estado do Brasil às vésperas da invasão batava” (p.173)
“Havia três categorias de impostos, correspondentes ao titular do direito de arrecadá-los: os tributos recolhidos pela Coroa, os percebidos pelo donatário e os cobrados pelas
Câmaras municipais.” (p.174)
“Os tributos de maior rendimento eram os que recaiam diretamente sobre o açúcar ou que, como a ‘imposição dos vinhos’, gravava o grupo de mais alta renda, que era o diretamente ligado à produção açucareira.” (p.178)
“Nas capitanias em guerra, o tributo despertou a reação dos senhores de engenho, lavradores de cana e comerciantes de açúcar interesses que Matias de Albuquerque desejava aplacar, seja porque acreditasse na iniquidade da medida, seja porque a reputasse impolítica” (p.182)
“Na inconveniência de aplicar a carta régia de 1631, surgiu uma verdadeira colcha de retalhos fiscal, impondo-se “novos subsídios e alguns por tão extraordinários caminhos que apenas se lhes sabe dar o nome” (p.183)
“O descontentamento agravou-se, a ponto de não se conseguir cobrar a taxa de isenção do serviço militar” (p.184)
“À presença dos soldados europeus, imputava-se também o custo da guerra, propondo-se recrutamento maciço de gente da terra, o que sairia mais barato [...]” (p.185)
“Em que medida contribuiu a Coroa para os gastos da resistência?” (p.187)
“A contribuição da Coroa fez-se sob a forma de numerário, ou de tecidos, armas e munições.” (p.187)
“Mesmo na Europa, o pagamento da soldada exclusivamente em numerário passou de ideal inatingível.” (p.188)
“No mesmo prejuízo incorria o soldado ao receber em tecidos parte do seu soldo.” (p.189)
“Desde a virada do decênio, viera-se fazendo sentir a queda abrupta no comercio com a América espanhola, o que vale dizer, o declínio acentuado do volume da prata do Potosí que chegava a Sevilha e que, através do mecanismo dos asientos, financiava o orçamento da monarquia” (p.191)
“Além das fintas e donativos e do rendimento dos impostos municipais, que não devia então produzir muito mais que 10.000 cruzados, buscaram-se outros meios de custear a guerra.” (p.195)
“Os tributos municipais também foram destinados ao orçamento militar” (p.198)
“Quando se elimina o rendimentos dos estancos régios, pode-se obter uma ideia aproximada da carga fiscal criada pela guerra de restauração” (p.199)
“Comparada à carga fiscal da resistência, que dobrara gravando uma produção que diminuía a da restauração triplicou o esforço contributivo [...]” (p.199)
“O apoio que a reação local às manobras da Companhia Geral de Comércio recebeu da parte das autoridades da capitania decorreu da mesma convicção” (p.202)
“A contribuição financeira da Coroa não podia deixar de ser substancialmente inferior à que fora dada outrora” (p.202)
“A capitulação holandesa não trará para a gente da terra o sonhado alivio fiscal” (p.205)
“Além da redução do exercito, a gente da terra reivindicava, desde 1656, a abolição dos impostos donatariais cobrados em Pernambuco e Itamaracá” (p.210)
“Na reconstrução da economia açucareira, a Coroa preferiu a extinção de impostos ou à redução da carga fiscal, a adoção de medidas parciais de incentivo” (p.210)
“Achando-se a riqueza privada tão atenuada pela guerra, devia-se buscar o progresso da terra “pelos meios da negociação [...] e não da reedificação [...] em que inutilmente se dissipam os cabedais” (p.214)
“[...] a violência se exercia não apenas contra a gente pacifica e inerme da capitania mas ate mesmo contra os detentores legítimos da força, alguns deles veteranos da guerra holandesa” (p.215)
Em suma o capitulo cinco trata de um recrutamento de tropas, colocando a dificuldade de adaptação dos mesmos, e as condições da Guerra. Também é discutido o custeamento das Guerras, as obrigações da coroa e os tributos fiscais.
É um capitulo sociomilitar.
 GENTE DE GUERRA
“O estudo da demografia regional no período holandês é também complicado pelo fato de que a guerra provocara uma redistribuição populacional mediante deslocamentos inter e intrarregionais.” (p.219)
“Os deslocamentos populacionais ocorreram sempre em detrimento da região” (p.221)
“O provável, contudo, é que em vez de marchar para o norte, eles tenham seguido para o sul” (p.221)
“Durante a guerra de restauração, a decisão de concentrar a população para repelir a ofensiva holandesa causou, como vimos, a evacuação dos habitantes do Rio Grande, Paraíba e Itamaracá e, em Pernambuco mesmo, da área ao norte de Olinda” (p.222)
“Para que se tenha uma ideia da insuficiência dos meios que dispunha a Coroa em caso de ataque inimigo ou mesmo de um levante geral da indiada, basta dizer que, pela mesma época, em Salvador, capital da América portuguesa, havia apenas três companhias, num total de 252 soldados” (p.223)
“Em julho de 1631, o exercito era composto sobretudo das milícias rurais [...]” (p.228)
“A causa da deserção milícias devera-se ao pouco caso com que haviam sido tratados a partir da chegada dos contingentes portugueses, castelhanos e napolitanos do conde de Bagnuolo” (p.227)
“Na esteira da restauração portuguesa de 1640, não mais se dispunha dos contingentes castelhanos e italianos do Rei católico [...]” (p.230)
“Em 1652, os efetivos restauradores não passavam de 3.000 soldados” (p.232)
“[...] na restauração como na resistência, as autoridades neerlandesas tenderam a raciocinar em termos do recrutamento potencial [...]” (p.234)
“Nos começos da guerra da restauração, quando os neerlandeses já dispunham de experiencia da terra, ainda chegaram a falar em um exercito restaurador de 8.000 soldados” (p.235)
“Enquanto o setor açucareiro absorvia a quase totalidade da população escrava, era no setor de subsistência que se encontrava a maioria da população livre, Sobre ela incidiu o peso do recrutamento local [...]” (p.236)
“O comando luso-brasileiro timbrou em seguir uma politica de escrupuloso respeito à propriedade escrava” (p.238)
“Via-de-regra, porém, a propriedade servil foi respeitada” (p.239)
“Do lado luso-brasileiro como do lado neerlandês, não havia consenso acerca da utilidade militar dos índios, que se revelaram tão infensos a disciplina da guerra quanto a rotina da produção açucareira” (p.242)
“Como os luso-brasileiros, os neerlandeses recorreram ao braço indígena sem serviços auxiliares [...]” (p.244)
“O que mais impressionou os holandeses foi, contudo, a agilidade e a mobilidade dos naturais do país” (p.245)
“Iniciada a guerra da restauração, 33% dos efetivos da Companhia estavam impossibilitados de prestar serviço” (p.255)
“É certo que, nos primeiros meses da insurreição restauradora, as autoridades holandesas descreviam com incisivo desprezo as tropas reunidas por Fernandes Viera.” (p.259)
“É certo que a documentação neerlandesa relativa ao Nordeste referia-se a uma população empobrecida por sete anos de guerra [...]” (p.265)
Este capitulo aborda principalmente o abastecimento de tropas, e como a guerra atingiu socialmente a população, como praticavam uma monocultura na agricultura, foi fácil entender como esse conflito tão longo deteriorou o abastecimento local. 
 MUNIÇÃO DE BOCA
“Graças ao milho americano, que se generalizou no norte de Portugal pela mesma época, operando uma verdadeira revolução ecológica e econômica no pais, é que se pode paliar o problema da escassez do trigo.” (p.268)
“É bem conhecida a resistência que os hábitos alimentares opõem a mudança, devido inclusive as suas conotações simbólicas de statu e de especialização do paladar de classe ou de estamento.” (p.269)
“Outro aspecto da persistência dos hábitos alimentares do Reino, consistiu na aclimatação, já no primeiro século de colonização de vegetais europeus e não apenas do Oriente” (p.273)
“Com a invasão holandesa, os problemas de abastecimento não se fizeram esperar, antecedendo a chegada dos primeiros reforços enviados a Lisboa” (p.277)
“A produção de mantimentos para a tropa não ofereceu jamais uma alternativa a mao-de-obra escrava subempregada nos engenhos [...]” (p.2790
“Mesmo a lavoura de subsistência nos da na Paraíba uma impressão de maior variedade, graças inclusive ao relevo de milho” (p.282)
“O esforço de guerra luso-brasileiro de 1645 e 1654 não se ressentiu apenas da desorganização produzida nas áreas de lavoura de subsistência durante o anterior
conflito” (p.295)
“Ao longo da guerra de restauração, a alimentação do soldado luso-brasileiro so fez piorar” (p.307)
“Deflagrado o movimento restaurador, verificou-se que os roçados da ilha não conseguiam alimentar sequer o contingente de índios de Goiana [...]” (p.315)
“A fome do Recife de 1646 demonstrara o grau de dependência a que a revolta luso-brasileira reduziria o Brasil holandês” (p.316)
O Capitulo tem um enfoque principal na crise de abastecimento que atingiu a população durante a guerra, e como essa falta de alimentos prejudicou os soldados e população naquela época, colocando que nem mesmo os soldados neerlandeses tinham uma alimentação favorável
 GUERRA DE FLANDERS E GUERRA DO BRASIL
“A guerra de sitio constituía o privilegio daquelas regiões de grandes planícies, como os mesmos Paises Baixos ou Lombardia, que eram também os pontos quentes do equilíbrio de poder europeu” (p.319)
“As guerras holandesas comportaram bem mais do que acomodação da arte militar europeia as condições, do Nordeste açucareiro” (p.322)
“A engenharia militar também proporciona um caso interessante dessa interação entre tecnologia e arte militar europeias, de um lado e as condições físicas e humanas do Norteste, do outro.” (p.338)
“Muito se debateu a questão das armas mais apropriadas a guerra do Brasil” (p.343)
“Essa preferencia pela espada explica que os soldados se desfizessem de suas armas de fogo, que, dada a escassez do ferro em Pernambuco, vendiam por bom preço a ferreiros e serralheiros” (p.344)
“Ainda no tocante as armas de fogo, caberia assinalar que as tropas holandesas utilizaram, ao contrario dos seus inimigos, granadas disparadas de morteiros” (p.347)
“O exame das armas utilizadas na guerra do Brasil não poderia ignorar evidentemente os apetrechos indígenas, em consequência mesmo do emprego de regimentos de índios e negros” (p.348)
“A influencia da cultura militar dos indígenas exerceu-se não no tocante ao equipamento militar mas a assimilação de suas táticas” (p.349)
“O acordo concluído entre holandeses e luso-brasileiros (1633) para obstar as atrocidades aceitou o uso da emboscada, ´revendo apenas que o prisioneiro fosse igualmente beneficiado pelo principio da concessão do quartel, embora pudesse perder as armas e o que mais levasse, salvo as vestimentas” (p.362)
“Nos começos do século XVIII, a diferenciação ou especialização de funções conseguiu impor-se” (p.380)
Nesse capitulo podemos ver que o autor fala sobre a influencia das táticas de guerra indígenas, das armas e também a posição militar do Brasil em relação a Europa, também as técnicas de guerrilha utilizada e suas diferenças.
 A QUERELA DOS ENGENHOS
“Num total de 149 engenhos de açúcar existentes [...] vale dizer, quase a metade, foram abandonados pelos seus proprietários, confiscados e vendidos pelo governo neerlandês [...]” (p.384)
“Os vazios criados pelo abandono dos engenhos foram preenchidos por particularidades holandeses, judeus e luso-brasileiros, graças a revenda a longo prazo financiada pela Companhia” (p.386)
“O conflito em torno dos engenhos não constituiu o único aspecto da desorganização do sistema de propriedade ao tempo da ocupação holandesa, apenas o mais significativo social e economicamente” (p.387)
“O tratado de trégua concluído em 1641 entre Portugal e os Paises Baixos, pôs a pá de cal nas veleidades de recuperação ou indenização dos engenhos por via de negociação” (p.395)
“A preparação do levante de 1645, não foi tampouco estranha a necessidade de aliviar a Bahia da carga fiscal decorrente do sustento da gente de guerra de Pernambuco, que dava azo a intermináveis quereles entre autoridades municipais, funcionários régios e oficiais do exercito” (p.403)
“Visto deste ângulo, o levante de 1645 teria constituído não apenas uma revolta de devedores mas também uma rebelião de colaboracionistas dispostos a matarem dois coelhos de uma so cajada [...]” (p.405)
“A relação entre confisco de engenhos e endividamento luso-brasileiro é particularmente visível no pequeno grupo que empreendeu o levante de 1645 e que fez a guerra de restauração.” (p.406)
“Para satisfazer o comercio da metrópole, os negociantes recifenses passaram, por sua vez, a exigir satisfação dos mercadores do interior, que se viram obrigados a executar seus devedores luso-brasileiros” (p.414)
“Quando a negociações relativas a capitulação dos neerlandeses no Recife [...] o problema dos engenhos veio a tona no contexto dos bens moveis e imóveis, pertencentes aos súditos das Províncias Unidas.” (p.423)
“A capitulação holandesa no Recife deu inicio a nova fase na historia da querela” (p.423)
“A partir da capitulação holandesa, El Rei já não podia adiar a recompensa por serviços prestados na guerra do Brasil” (p.442)
“Em Olinda como em outras vilas do antigo Brasil holandês, a situação dos terrenos e casas assemelhava-se antes a dos engenhos” (p.446)
Em suma o capitulo coloca em foco o conflito de interesses dos proprietários de engenho confiscados. Além do mais o autor explica como foi que resultaram as lutas contra os holandeses em Pernambuco.

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