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Livro V (resumo) - Ética a Nicômaco - Aristóteles

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Livro V de “Ética a Nicômaco” – Aristóteles
Justiça é a disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo (homem respeitador da lei e honesto) e injustiça é a disposição que as leva a agir injustamente e a desejar o que é injusto (homem sem lei, ganancioso e ímprobo). O homem respeitador da lei é justo porque as leis visam à vantagem comum, preservando a sociedade política; a lei bem elaborada nos ordena praticar tanto atos de um homem bravo (ex: não desertar de nosso posto, não fugir) quanto os de um homem temperante (ex: não trair) e os de um homem calmo (ex: não bater em ninguém). Essa forma de justiça é uma virtude completa em relação ao nosso próximo; completa porque quem a possui pode exercer sua virtude sobre si mesmo e também sobre o seu próximo. Por isso, se diz que a justiça, entre todas as virtudes, é o “bem de um outro”, fazendo o que é vantajoso a um outro. Portanto, a justiça nesse sentido não é uma parte da virtude, mas a virtude inteira, assim como a injustiça não é uma parte do vício, mas sim o vício inteiro. Nesse sentido, isso diferencia virtude e justiça: elas são a mesma coisa, mas têm essências diferentes. Aquilo que, em relação ao nosso próximo, é justiça, como uma disposição de caráter, é virtude. 
Justiça e injustiça no sentido amplo e no sentido particular A injustiça pela deficiência moral tem um sentido particular, não podendo ser comparada com todo tipo de injustiça. Por exemplo, ser mau não é ser, necessariamente, ganancioso; mas ser ganancioso é ser mau e injusto. Já a justiça particular divide-se em espécie de distribuições de honras e de dinheiro (para manter a igualdade nas distribuições) e em outra espécie que exerce um papel corretivo nas transações (acordos) entre indivíduos; nessa última espécie há duas subdivisões: dentre as transações, algumas são voluntárias (exemplo: compras e vendas, empréstimos e depósitos, locações) e outras são involuntárias (algumas são clandestinas, como o furto, o adultério, o envenenamento, o falso testemunho, e outras são violentas, como a agressão, o sequestro, o homicídio, o roubo a mão armada, a mutilação, insultos, etc). Além do sentido amplo e do sentido particular, o justo foi dividido em legítimo e probo (honrado), e o injusto foi dividido em ilegítimo e ímprobo (obs.: tudo o que é ímprobo é ilegítimo, mas nem tudo que é ilegítimo é ímprobo).
Justiça distributiva: proporção geométrica Para que haja justiça distributiva, é necessário que as partes envolvidas recebam o que lhe é devido, pois em algumas situações não seria justo dividir igualmente, dada a desigualdade das relações e ações humanas. Assim, Aristóteles destaca que de acordo com o mérito de cada indivíduo, há proporcionalidade maior para aquele que tem mais destaque. Nesse caso, trata-se do termo justo como equitativo, um meio termo proporcional, e o injusto é o que viola a proporção. 
Justiça corretiva: proporção aritmética Tratando-se de transações voluntárias e involuntárias, é necessária a justiça corretiva, por proporção aritmética, para que a justiça permaneça. O juiz exerce a justiça corretiva, que é o intermediário entre a perda e o ganho, restabelecendo a igualdade. 
Reciprocidade Reciprocidade não se enquadra nem na justiça distributiva, nem na corretiva. A reciprocidade deve fazer-se de acordo com uma proporção e não com uma retribuição exatamente igual. Exemplo: um arquiteto não pode dar uma casa a um sapateiro em troca de um par de sapatos, pois a permuta não é igual. Assim, todas as coisas que são objetos de troca devem ser comparáveis. Foi para esse fim que se introduziu o dinheiro, o qual se torna, em certo sentido, um meio termo, visto que mede todas as coisas (quantos pares de sapatos são iguais a uma casa). Quando há proporcionalidade na troca, há reciprocidade. Daí a necessidade de que todos os bens tenham um preço marcado. Assim, a justiça se relaciona com uma quantidade intermediária (dar o que é igual de acordo com a proporção), enquanto a injustiça se relaciona com os extremos (excesso e deficiência).
Justiça política Agir injustamente não implica necessariamente ser injusto. A justiça política, por meio da lei, coloca os homens na comunidade como livres e iguais, distinguindo o justo do injusto. Na justiça política, uma parte é natural (aquela que é aceita em qualquer comunidade) e outra parte é legal (faz parte dos costumes de uma comunidade). Assim, as coisas que são justas por convenção e conveniência não são justas por natureza, mas por decisão humana e varia de acordo com cada lugar. 
Justo ou injusto: depende da voluntariedade É o caráter voluntário ou involuntário do ato que determina se ele é justo ou injusto: o homem não pode ser considerado injusto se agiu injustamente de forma involuntária, isto é, se sua ação não tinha tal intenção; já quando o homem age injustamente por escolha, voluntariamente, é um injusto de fato. 
Voluntariedade Segundo Aristóteles, nem sempre o injustiçado é culpado, pois ele poderia querer ser injustiçado. Exemplo: homem honesto que divide algo e se dá a menor parte, ele foi voluntário em seus atos.
Equidade O homem deve julgar conforme as leis e, quando necessário, nos casos particulares, usar a equidade. Isso fará com que a lei possa julgar melhor nos casos particulares. 
Os atos justos estão em consonância com alguma virtude e são prescritos pela lei. 
“Conteúdo jurídico do princípio da igualdade” – Celso Antônio Bandeira de Melo
Capítulo I: Introdução
De acordo com a Constituição, todos são iguais perante a lei, e esta não pode ser editada em desconformidade com a isonomia. A lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas instrumento regulador da vida social que necessita tratar equitativamente todos os cidadãos. Este é o conteúdo político-ideológico absorvido pelo princípio da isonomia. Segundo Aristóteles, a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. 
Capítulo II: Igualdade e os fatores sexo, raça, credo religioso
Supõe-se que a afronta à isonomia baseia-se na escolha, pela lei, de certos fatores diferenciais existentes nas pessoas. Contudo, as pessoas não podem ser legalmente descriminadas hostilmente em razão da raça, ou do sexo, ou da convicção religiosa ou em razão da cor dos olhos, da compleição corporal, etc. Mas caso a discriminação seja justificada em situações específicas e não ofender a dignidade dos indivíduos, ela pode ser aceita.

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