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AULA 3 O CICLO ECONÔMICO DE UMA COMPANHIA DE SEGUROS

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INTRODUÇÃO A ATUARIAL 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Michael Dias Correa 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O que leva uma empresa a assumir os riscos de outras como sua 
atividade principal? As seguradoras trabalham basicamente com essa atividade: 
garantir os direitos de outras pessoas para que elas possam desempenhar suas 
atividades de forma mais tranquila. 
No entanto, essa tarefa requer um capital mínimo, uma limitação com 
relação aos riscos assumidos e uma análise mais aprofundada das 
demonstrações contábeis, principalmente em relação aos índices econômico-
financeiros. Esses são os pontos em que nós vamos nos debruçar nesta aula. 
Estão prontos? Vamos lá! 
CONTEXTUALIZANDO 
Você já trabalhou ou conhece alguém que trabalhe ou já tenha trabalhado 
em uma empresa de seguros? Pois bem: essa é uma atividade extremamente 
rentável, mas consiste basicamente em garantir os direitos dos outros. 
Todos nós, em algum momento de nossas vidas, já nos deparamos com 
a necessidade de contratar os serviços de uma seguradora. Mas, do ponto de 
vista contábil, como são registradas e controladas as operações contábeis de 
uma seguradora? Afinal de contas, ela não possui estoques para 
comercialização nem fabrica qualquer produto para ser vendido. 
Pois bem, os seguros representam um tipo tão específico de serviço que 
há normas e regulamentos específicos só para eles. Tais normas estão vigentes 
para garantir o seu direito, o nosso direito como segurados, desde que nós 
também cumpramos o que está estabelecido no contrato, que é a apólice de 
seguro. 
Dando enfoque apenas sobre a faceta contábil e formal da atividade 
securitária, iniciamos mais uma aula com objetivo de conhecer mais os 
meandros contábeis, operacionais, formais e gerenciais dessa atividade que, a 
cada dia que passa, cresce mais no nosso país. 
TEMA 1 – O CICLO ECONÔMICO DE UMA COMPANHIA DE SEGUROS 
O ciclo econômico mostra-se tão importante para as empresas que, no 
caso de um plano malfeito em relação a ele, os prazos podem ficar tão 
 
 
3 
desfavoráveis que façam com que determinada empresa seja obrigada a sair do 
mercado. E é isso que nós começaremos a estudar agora. Vamos juntos! 
1.1 Conceito de ciclo econômico 
Para que seja analisado o ciclo econômico, é necessário que sejam 
estudados os outros ciclos de uma empresa, que são os ciclos operacional e 
financeiro. De maneira isolada, o ciclo econômico não fornece as informações 
necessárias para que uma decisão de longo prazo seja tomada corretamente. 
O ciclo econômico avalia o tempo em que, na prática, uma mercadoria 
permanece no estoque de uma empresa. Isso é relativamente simples para as 
empresas industriais e para as comerciais, mas um pouco difícil de visualizar em 
se tratando de empresas prestadoras de serviços. 
Passando para o ciclo operacional, ele corresponde ao intervalo de tempo 
entre a data da compra e o recebimento da venda efetuada. Novamente, as 
prestadoras de serviços têm tratamento distinto das indústrias e empresas 
comerciais. Na situação hipotética de uma empresa apenas vender à vista, o 
ciclo operacional e o econômico se equivalerão entre si. 
O último que devemos analisar é o ciclo financeiro, compreendendo o 
tempo entre o pagamento aos fornecedores e o recebimento das vendas 
realizadas. Pensando em um bom ciclo financeiro, ele dependerá do prazo dado 
pelos fornecedores, ou seja, quanto mais tarde forem os pagamentos aos 
fornecedores, menor será o ciclo financeiro. 
Mas, agora que sabemos como conceituar cada um dos ciclos 
apresentados, como trabalharemos o ciclo econômico nas empresas 
seguradoras? Afinal de contas, elas não trabalham com estoques, mas mesmo 
assim perfazem um ciclo econômico. 
Curiosidade 
É muito comum empresas de setores distintos trabalharem com conceitos 
ligados à administração econômico-financeira de maneira distinta. Isso ocorre 
não somente com empresas seguradoras, mas com siderúrgicas, mineradoras, 
petrolíferas e outras empresas de grande porte. 
 
 
 
4 
1.2 O ciclo econômico em empresas de seguros 
Não somente em empresas de seguros, mas em empresas prestadoras 
de serviço, de maneira geral, que não gerenciam estoques, como se identifica o 
ciclo econômico? Temos que pensar da seguinte maneira: uma indústria entrega 
a seus clientes os produtos fabricados e uma empresa comercial entrega a seus 
clientes as mercadorias adquiridas para revenda. 
Uma empresa prestadora de serviços entrega para os clientes os serviços 
contratados e, sendo mais específico em relação às empresas de seguros, elas 
entregam para os segurados o direito de utilizar os serviços descritos nas 
apólices contratadas durante a vigência do contrato. Essa é a mercadoria 
comercializada por uma empresa de seguros e é isso que deve ser considerado 
no seu ciclo econômico. 
O ideal, então, seria encurtar o período de prestação de serviços para que 
o ciclo econômico se reduzisse também. Mas aí entra outro problema para as 
empresas de seguros: se um contrato de seguro é firmado e terá a vigência de 
um ano, como encurtar esse prazo? 
Para compreender esse item melhor com relação às seguradoras, é 
importante pensar da seguinte maneira: os funcionários que trabalham na linha 
de frente de uma empresa seguradora, ou seja, comercializando os seguros, 
conseguem comercializar determinada quantia de contratos. Vamos exemplificar 
como sendo 30 contratos por mês, por funcionário. O ciclo econômico é o 
período que esse funcionário leva para conseguir comercializar um contrato. 
E se ele conseguir aumentar esse número para 45 contratos 
comercializados? Significa dizer que o ciclo econômico, o qual dispensa os 
recebimentos financeiros, foi reduzido em 50%, pois eram 30 contratos e esse 
valor subiu para 45. Uma variação de 15 unidades que, comparadas com a 
quantidade inicial, que era de 30, equivale a um aumento de 50%. Podemos 
afirmar, então, que essa situação ensejou uma redução considerável no ciclo 
econômico. 
Essa, inclusive, é a única situação em que a atividade das empresas de 
seguros se diferencia das empresas industriais, comerciais e até de outras 
prestadoras de serviços. Isso porque, quando um serviço é prestado, ele 
geralmente é feito de uma vez ou durante um intervalo curto de tempo. É só 
imaginar quando nós vamos ao cabeleireiro ou vamos ao cinema. O serviço é 
 
 
5 
prestado no momento em que estamos presentes, iniciando-se e finalizando 
enquanto ainda estamos fisicamente no estabelecimento. 
Com os seguros a situação é diferente, pois ele segue sendo prestado 
durante todo o período de vigência, normalmente de um ano. Isso deve ser 
analisado para conseguirmos identificar as particularidades em relação ao ciclo 
econômico das empresas de seguro. 
Saiba Mais 
Para que você não fique apenas imaginando como esses ciclos todos se 
comunicam, no vídeo intitulado Ciclo operacional (Costa, 2009) há uma 
explicação mais detalhada sobre os ciclos econômico, operacional e financeiro 
de uma empresa. Ficará mais clara a importância de cada um para o seu 
processo de gestão. 
TEMA 2 – ESQUEMA CONTÁBIL E SUAS LIMITAÇÕES 
As empresas de seguros possuem uma estrutura contábil única, situação 
que também ocorre com as instituições bancárias. Só que essa estrutura única 
também possui certas limitações, principalmente se compararmos tais empresas 
com as outras empresas no cenário nacional. Neste ponto, identificaremos a 
parte contábil, especificando suas limitações. Vamos lá? 
2.1 Aspectos contábeis das empresas de seguros 
A contabilidade de uma empresa de seguros é composta de dois grandes 
campos de gestão: o operacional e o financeiro. Nesse caminho são desenhados 
os sistemas de controle para que os registros contábeis das suas operações 
possam ser realizados, além de possibilitarem a análise econômico-financeira 
dessas empresas ao fim de um período, normalmente um exercíciofinanceiro. 
Como consequência dos registros contábeis, são geradas informações 
úteis para o processo decisório, as quais podem ser tanto de confecção e 
divulgação obrigatória como facultativa. Essas informações organizadas são 
denominadas livros contábeis e possuem como documentos obrigatórios o diário 
e o razão e como facultativos o livro-caixa, o livro de contas-correntes, os livros 
de apuração de impostos, entre outros que a seguradora julgar necessária a 
elaboração. 
 
 
6 
Adicionalmente, as empresas de seguros são obrigadas a realizar 
registros auxiliares em seus sistemas contábeis, sendo enquadradas nessa 
obrigação aquelas que operam nos chamados ramos elementares, como ramo 
vida, com previdência privada aberta e capitalização. 
Esses registros, além dos aspectos formais de elaboração, devem realizar 
emissão de apólices e outros documentos relacionados a prêmios a receber e 
cobranças de apólices, além de sinistros pagos e avisados. 
Se houver tais registros, também há a obrigatoriedade da escrituração de 
cosseguros recebidos e o conjunto integral dessas informações deve ser 
finalizado a cada mês por todas as seguradoras em território nacional. 
Em relação à documentação formal que deve ser obrigatoriamente 
constituída pelas empresas de seguros, estão os formulários de proposta de 
seguro, os que são emitidos antes da emissão das apólices, momento em que 
os segurados apresentam a intenção de contratar a cobertura. Essa solicitação 
pode ser aceita ou recusada pela empresa de seguros em até 15 dias. 
Outro formulário de preenchimento obrigatório é a ficha de compensação, 
a qual remete ao segurado a apólice que foi emitida juntamente com o aviso da 
cobrança bancária relativa ao prêmio contratado no momento da assinatura. 
Como os prêmios devem ser obrigatoriamente cobrados via rede bancária, antes 
desse procedimento o que era feito era a nota de seguro, a qual era remetida ao 
banco para cobrança e que era utilizada como comprovante do pagamento do 
prêmio, procedimento esse que também já era efetuado por meio da rede 
bancária. 
Por último e de envio obrigatório para a Superintendência de Seguros 
Privados (Susep) está o formulário de informações periódicas, conhecido como 
FIP, o qual tem o objetivo de informar a situação administrativa, econômica e 
financeira de uma empresa de seguros, sendo apresentada uma série de 
informações contábeis e patrimoniais a seu respeito, tais como demonstrações 
contábeis, sobre sinistros, coberturas, informações de prêmios por área 
geográfica, entre outras operações que compõem a rotina de uma empresa de 
seguros. 
Curiosidade 
Embora tenha diferenças operacionais e de registros em relação às 
operações contábeis, os artigos 128 e 129 da Circular Susep no 517 de 30 de 
julho de 2015 tratam dos detalhes tanto de operações de seguros como de 
 
 
7 
operações de resseguros, no que concerne a planos de contas. Os códigos, 
nomenclaturas a serem utilizadas e outros detalhes estão especificados nessa 
circular (Susep, 2015). 
2.2 A prática contábil nas empresas de seguros 
As empresas seguradoras precisam atender aos critérios estabelecidos 
pelo artigo 130 da Circular Susep no 517/2015 (Susep, 2015), o qual estabelece 
que o relatório da administração, o balanço patrimonial, a demonstração do 
resultado do período, a demonstração de resultado abrangente, a demonstração 
das mutações do patrimônio líquido, a demonstração dos fluxos de caixa, as 
notas explicativas e o correspondente relatório do auditor independente sobre as 
demonstrações financeiras devem ser publicados até o dia 28 de fevereiro do 
ano seguinte ao da data-base, respeitando os critérios estabelecidos pela Lei no 
6.404 de 15 de dezembro de 1976 (Brasil, 1976). 
Para as empresas de seguros, há um plano de codificação das operações 
contábeis, o qual estabelece dois códigos a serem utilizados. O primeiro é um 
número composto por 10 algarismos, que indicam, na sequência, o que está 
descrito no Quadro 1. 
Quadro 1 – Códigos contábeis para empresas de seguros 
Sequência Descrição 
1º algarismo Classe 
2º algarismo Grupo 
3º algarismo Subgrupo 
4º algarismo Conta 
5º algarismo Subconta 
6º algarismo 1º desdobramento da subconta, se necessário 
7º algarismo 2º desdobramento da subconta, se necessário 
8º algarismo 3º desdobramento da subconta, se necessário 
9º algarismo 4º desdobramento da subconta, se necessário 
10º algarismo 5º desdobramento da subconta, se necessário 
Fonte: adaptado de Susep, 2015. 
É incumbência exclusiva da Susep a faculdade de criar a codificação que 
vá até o décimo algarismo. O código que vem na sequência, o segundo, é 
composto por quatro algarismos e indica o código do ramo, que é composto 
 
 
8 
pelos campos denominados grupo e identificador do ramo, podendo ser utilizado 
tanto nas contas patrimoniais quanto nas contas de resultado (Susep, 2015). 
Leitura Obrigatöria 
A contabilidade para seguradoras, assim como a contabilidade em geral, 
está em processo de harmonização com as normas internacionais de 
contabilidade. O artigo Contabilidade de seguradoras: estudo comparativo entre 
as normas brasileiras e as normas internacionais mostra os detalhes desse 
processo de harmonização (Souza; Silva, Lara, 2008). 
TEMA 3 – LIMITES OPERACIONAIS E LIMITES TÉCNICOS 
São várias as normatizações que regem o trabalho das empresas de 
seguro. A partir de agora nós vamos ver mais especificamente os limites 
operacionais e os limites técnicos que regem o trabalho de uma empresa desse 
ramo. Vamos caminhar juntos na busca por esses conhecimentos! 
3.1 Limites operacionais 
Uma empresa de seguros não pode atuar de maneira indiscriminada, 
arriscando-se a contrair problemas financeiros que prejudiquem a sua 
continuidade operacional. Isso é muito simples de se imaginar, pois em suas 
operações rotineiras está a garantia de patrimônios e direitos dos clientes 
segurados. Dessa maneira, há regras específicas que estabelecem limites 
operacionais para as empresas seguradoras. 
A Resolução no 321 de 15 de julho de 2015 do Conselho Nacional de 
Seguros Privados estabelece que o valor máximo de responsabilidade que uma 
empresa de seguros pode reter por contrato é de 4% do seu ativo líquido, que é 
o patrimônio líquido ajustado. Esse mesmo regramento também estabelece que 
os limites operacionais devem ser apurados com periodicidade semestral, 
calculados nos meses de fevereiro e agosto, sendo facultado o cálculo de novos 
limites para os outros meses (CNSP, 2015). 
Para tal, os valores calculados entre fevereiro e julho têm como base o 
valor do patrimônio líquido ajustado do mês de dezembro do ano anterior e os 
valores calculados entre os meses de agosto e janeiro consideram o valor do 
patrimônio líquido de junho. 
 
 
9 
Exemplificando, se uma empresa seguradora apresentar, em 30 de junho 
de um ano, o valor de ativo total de R$ 5 milhões e um passivo total de R$ 3 
milhões, o limite operacional, ou seja, a responsabilidade máxima que ela pode 
obter em uma única apólice é de R$ 80 mil, valor que representa 4% de R$ 2 
milhões, diferença entre o ativo total e o passivo total. 
No caso de haver aumento de capital após a data de apuração dos valores 
componentes do ativo líquido, desde que integralizado na forma de dinheiro ou 
de bens disponibilizados à empresa de seguros, eles deverão ser computados 
no cálculo do limite operacional. 
Não será estabelecido limite operacional para a empresa de seguros se o 
valor dos prejuízos acumulados registrados no patrimônio líquido forem 
superiores à soma do capital realizado e das suas reservas. Tampouco será 
definido limite operacional para as seguradoras que não possuírem o capital 
mínimo exigido para operação, haja vista que possuem atividade ligada à 
garantia de direitos de terceiros. 
Leitura Obrigatória 
É importante entender com detalhes os conceitos do limite operacional.Para tanto, leia o artigo Alternativas para análise de risco e retorno dos ativos 
frente às necessidades de reservas atuariais e cobertura de passivos (Mello et 
al., 2014), publicado na Revista Brasileira de Previdência, e que fala sobre os 
riscos assumidos por empresas do ramo de seguros. 
3.2 Limites técnicos 
A mesma Resolução no 321 do CNSP (2015) define a maneira de calcular 
os limites técnicos das empresas seguradoras, assim como o fizera para os 
limites operacionais. 
Da mesma forma que os limites operacionais são definidos com base nos 
ativos líquidos de uma empresa de seguro, assim também o são os limites 
técnicos. A resolução também estabelece que a expressão limite técnico pode 
ser substituída por limite de retenção, sem prejuízo de sua interpretação por 
parte do legislador. 
Em termos operacionais, os ativos líquidos também são representados 
pelo patrimônio líquido. Mas, de maneira distinta do limite operacional, o limite 
técnico deve ser definido pelas empresas de seguros com base em cada ramo 
de seguro e com o uso de algum método que seja cientificamente comprovado 
 
 
10 
e que tenha a possibilidade de gerar resultados consistentes com a realidade 
vivida por elas. 
É estabelecido o limite de retenção de até 5% do patrimônio líquido 
ajustado sem que haja necessidade de autorização prévia da Susep. Para 
valores superiores, é necessária prévia anuência do CNSP. 
Após serem realizados os cálculos e obtidos os valores de limite técnico, 
estes devem ser encaminhados para a sede da Susep, localizada no Rio de 
Janeiro. 
Da mesma forma que o limite operacional, o limite técnico também não 
será calculado quando os prejuízos constantes no patrimônio líquido superarem 
o capital realizado mais as reservas, nem quando a empresa de seguros não 
possuir o capital mínimo exigido para a manutenção de suas atividades 
operacionais. 
Por fim, cabe à Susep o encargo de definir um limite técnico diferente para 
uma empresa de seguros em específico, desde que sejam apontadas as devidas 
justificativas que motivaram o estabelecimento de novo valor. 
Curiosidade 
Desde 2012 a Susep vem divulgando consultas públicas com a intenção 
de alterar as normas vigentes e estabelecer novos limites de retenção, sendo 
realizadas diversas atualizações em suas normas, nos últimos anos, como nos 
informa.notícia vinculada pelo Sincor-GO (2013). 
TEMA 4 – MARGEM DE SOLVÊNCIA E CAPITAL MÍNIMO 
Ainda sobre os pontos relativos à parte operacional e às normas ligadas 
diretamente a tais atividades, agora é o momento de nós vermos os detalhes 
sobre a margem de solvência e sobre o capital mínimo de uma empresa de 
seguros. São exigências adicionais, que não cancelam o que já foi visto 
anteriormente, tudo com vistas a garantir os direitos dos segurados. Pois então 
vamos ver esses dois temas, a partir de agora? 
4.1 Margem de solvência 
Com periodicidade mensal, é uma preocupação de todas as empresas de 
seguros no Brasil: a elaboração da margem de solvência. Ela corresponde à 
 
 
11 
comprovação da suficiência dos ativos líquidos para realizarem a cobertura das 
atividades das empresas. 
A margem de solvência deve considerar duas situações distintas, nos 
seus cálculos: 
1. a primeira é 0,2 vez o total da receita líquida dos prêmios emitidos nos 
últimos 12 meses; 
2. a segunda é 0,33 vez a média anual do total dos sinistros retidos dos 
últimos 36 meses. 
Essas duas referências de valores devem ser consideradas, pois os ativos 
líquidos devem ser suficientes para cobri-las. Nesse cálculo devem ser 
computadas as operações de todos os ramos, exceto a previdência privada e a 
vida individual. 
No cálculo a ser realizado, devem ser excluídas quaisquer operações que 
tenham ligação com as sucursais ou matrizes estabelecidas em países 
estrangeiros e quaisquer bem, direito ou obrigação que a elas estejam 
vinculados. 
Se não houver suficiência de ativos líquidos para a cobertura das 
operações, a empresa de seguros deve apresentar um plano de regularização 
de solvência, diretamente à Susep, com o objetivo de cumprir o requisito em um 
prazo máximo de 18 meses a partir do mês subsequente ao do recebimento da 
comunicação de insolvência. 
Nesse plano de recuperação, os procedimentos a serem adotados para 
que a empresa de seguros consiga se restabelecer devem ser precisamente 
evidenciados, destacando-se as informações sobre aporte de recursos 
financeiros e a análise técnica das carteiras que apresentem uma nova política 
de absorção de riscos de terceiros. 
Após a submissão do plano de recuperação à Susep, esta poderá exigir 
da empresa o fornecimento de mais detalhes, se julgar necessário, e definir o 
prazo para o cumprimento das etapas apresentadas. A margem de solvência é 
uma das referências para aumentar a efetividade das operações das empresas 
de seguro, a fim de garantir os direitos dos segurados. 
Leitura Obrigatória 
Recomendamos a leitura do texto Margem de solvência: introdução à 
discussão, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS, 2017), que versa 
exclusivamente sobre a margem de solvência para os seguros de saúde, para 
 
 
12 
que os detalhes desse assunto também possam ser analisados com mais 
profundidade. 
4.2 Capital mínimo 
Para que possam operar com tranquilidade e cumprindo integralmente as 
regras vigentes, as empresas de seguros precisam, além de todos os pontos já 
mencionados nesta aula, ter estabelecido um capital mínimo para suportar as 
suas atividades. 
Isso é válido também para as sociedades resseguradoras, para as 
sociedades de capitalização e para as entidades abertas de previdência 
complementar. Para estas entidades, mensalmente é obrigatória a 
apresentação, juntamente com as demonstrações mensais, de um patrimônio 
líquido ajustado igual ou superior ao capital mínimo. 
Por meio da Resolução no 321/2015 (CNSP, 2015), os detalhes relativos 
ao capital mínimo requerido estão evidenciados e devem ser seguidos pelas 
empresas de seguros. Essa norma estabelece, por exemplo, que as empresas 
de seguros devem apresentar, juntamente com o pedido inicial de autorização 
para operação, um capital que seja igual ou superior ao mínimo requerido. 
Para garantir que o capital mínimo seja aceito pela CNSP, as empresas 
de seguro devem integralizar em dinheiro, equivalentes de caixa ou títulos 
públicos federais o mínimo de 50% do capital total e o restante em outros ativos 
aceitos como integralizáveis. 
Se, ao fim de determinado mês, ao entregar os dados de seu patrimônio 
líquido ajustado, uma empresa de seguros não conseguir alcançar o capital 
mínimo requerido, a Susep poderá determinar que essa sociedade empresarial, 
se estiver com insuficiência de até 30%, apresente um plano corretivo de 
solvência. Essa insuficiência deve ser evidenciada semestralmente, medida nos 
meses de janeiro e julho. 
De maneira diversa, caberá ao Conselho Diretor da Susep estabelecer as 
medidas a serem adotadas em relação às empresas de seguros que 
apresentarem uma insuficiência no patrimônio líquido ajustado em relação ao 
capital mínimo requerido superior a 30%. Esse controle será efetuado com 
periodicidade mensal. 
A norma também estabelece o capital-base, que é um montante fixo de 
capital que uma empresa de seguros deve manter a qualquer tempo. O capital-
 
 
13 
base total é de R$ 15 milhões e há uma parcela fixa de R$ 1,2 milhão, sendo 
que a parcela variável é determinada de acordo com a localização geográfica de 
cada empresa de seguros. 
Para os estados da Região Norte, exceto o Tocantins, e para o Piauí, o 
Maranhão e o Ceará, a parcela variável é de R$ 120 mil; para os outros estados 
da Região Nordeste, a parcela variável é de R$ 180 mil; os estados da Região 
Centro-Oeste e o Tocantins possuem parcela variável de R$ 600 mil; para os 
estados da Região Sudeste, exceto São Paulo, a parcela variável é de R$ 2,8 
milhões; para o estado deSão Paulo, o valor é o mais alto, de R$ 8,8 milhões; e 
os estados da Região Sul possuem parcela variável de R$ 1 milhão. 
Leitura Obrigatória 
O Siscorp divulgou um material detalhado, que deve ser lido, sobre o 
capital mínimo nas empresas de seguro, intitulado Efeitos das regras de capital 
mínimo para as seguradoras (Faggion, 2008). 
TEMA 5 – PRINCIPAIS INDICADORES DO SETOR DE SEGUROS 
Em uma empresa normal, os indicadores econômico-financeiros são 
importantes para analisar não somente se a empresa está bem, considerando 
suas atividades da porta para dentro, mas também em comparação com seus 
concorrentes. Mas, em uma empresa de seguros, os índices a serem utilizados 
são um pouco diferentes, pois consideram características que apenas as 
seguradoras possuem. 
É exatamente isso que nós vamos começar a ver neste momento: os 
principais indicadores do setor de seguros. Esses indicadores nos ajudarão a 
identificar se uma empresa de seguros está bem não só interna, mas também 
externamente. Então, sem perder tempo, vamos começar? 
5.1 Análise financeira 
A partir de agora nós vamos direcionar nosso foco para as 
disponibilidades e exigibilidades de uma empresa de seguros. Vamos analisar 
tudo o que entra e tudo o que sai de recursos financeiros, leia-se caixa e 
equivalentes de caixa. Aquilo que não representa possibilidade de fluxo 
financeiro para uma seguradora está fora de questão aqui. 
 
 
14 
Serão tomados como referência todos os ativos realizáveis, tanto os de 
curto quanto os de longo prazo, assim como as obrigações circulantes e não 
circulantes, sendo representadas pelas dívidas de curto e de longo prazo de uma 
seguradora. Essa análise busca identificar a saúde financeira por meio da 
medição da liquidez de uma entidade, que também é chamada de solvência 
financeira, ou seja, o poder que uma empresa possui para pagar todas as suas 
obrigações. 
Para isso, há índices de liquidez, de solvência, de endividamento, de 
garantia de capitais de terceiros, de imobilização de capitais próprios, além da 
medição da independência financeira, do capital circulante líquido, da liquidez 
operacional e da cobertura vinculada. Por se tratar de empresas de seguros, uns 
índices detêm mais importância do que outros, sendo mais analisados aqui. 
Os índices de liquidez verificam a capacidade que uma empresa tem de 
pagar suas obrigações, tanto de curto como de longo prazo. No geral, possui 
uma importância apenas mediana em comparação com outros índices, pois é 
mais importante que se analise o perfil da dívida, ou seja, se ela tem mais 
característica de curto ou de longo prazo, do que simplesmente verificar se há 
dinheiro disponível para pagá-las imediatamente. Outro fator que reduz a 
importância geral dos índices de liquidez é que apenas se analisa o seu 
momento atualizado, sem qualquer desdobramento da dívida. De qualquer 
forma, vamos verificar um exemplo de aplicação do índice de liquidez corrente. 
BALANÇO PATRIMONIAL (valores em R$) 
Ativo Passivo 
Ativo Circulante 150.000 Passivo Circulante 100.000 
Ativo Não Circulante 300.000 Passivo Não Circulante 110.000 
 Patrimônio Líquido 240.000 
Ativo Total 450.000 Passivo Total 450.000 
A fórmula para o cálculo do índice de liquidez corrente (ILC) é a seguinte: 
ILC = Ativo Circulante / Passivo 
Circulante 
Para calculá-lo, tomamos como referência os valores de R$ 150 mil e R$ 
100 mil, ativo e passivo circulantes, respectivamente. Da relação matemática se 
extrai o valor de 1,5. Isso quer dizer que, para cada R$ 1,00 que uma seguradora 
 
 
15 
possua de obrigações no curto prazo, ela terá R$ 1,50 de ativos com liquidez no 
mesmo prazo, ou seja, até o final do exercício financeiro seguinte. 
Para esse índice, quanto maior for o valor, melhor será para as 
seguradoras, assegurando-lhe uma boa saúde financeira no curto prazo. 
Embora não seja o único índice para ser analisado, já passa uma ideia de como 
a seguradora está, em termos financeiros. 
A solvência geral é outro índice que faz a comparação dos ativos com os 
passivos, mas o faz de maneira integral, comparando todos os bens e direitos 
de uma entidade com o total de suas obrigações exigíveis. A solvência geral, 
além de evidenciar a liquidez de uma entidade, também apresenta o capital 
próprio indiretamente, pois quanto maior for a solvência geral, maior será o 
capital próprio de uma seguradora. 
O endividamento faz a comparação do total de obrigações exigíveis com 
o total de ativos de uma seguradora. Aqui nós começamos a verificar a 
interligação entre os índices, pois, conforme o endividamento aumenta, a 
solvência de uma empresa de seguros diminui e vice-versa. Uma boa gestão dos 
níveis de solvência é, por consequência, uma boa gestão de dívidas, em uma 
empresa. 
Mudando o foco para a garantia dos capitais de terceiros, tal índice 
representa o quanto uma entidade consegue cobrir de suas obrigações com 
capital próprio. É mais um índice de controle do que um índice operacional, pois 
nunca deve ser analisado isoladamente, já que o patrimônio líquido, na prática, 
não pode ser oferecido como garantia em nenhuma operação realizada por uma 
seguradora. 
A imobilização dos capitais próprios também apresenta a relação do 
patrimônio líquido, mas sua outra parte é o ativo permanente, representado pelos 
ativos que não possuem intenção de se transformarem em dinheiro para uma 
seguradora. O que sobra dessa relação evidencia a sobra de recursos que é 
direcionada para o capital de giro, uma certa espécie de independência 
financeira, que é o próximo índice que veremos. 
Pois bem, a independência financeira compara o capital próprio de uma 
seguradora com o seu ativo total, também completando a análise do 
endividamento. Quanto menor for o patrimônio líquido em relação aos ativos 
totais, maior será o endividamento de uma seguradora e menor será a sua 
independência financeira. 
 
 
16 
Abordando mais a fundo o conceito de independência financeira, temos o 
capital circulante líquido, que é o capital de giro próprio, aquela parcela dos 
ativos de curto prazo que são, de fato, da empresa. Deve ser feita a comparação 
simples dos ativos e dos passivos de curto prazo. Se os ativos forem maiores, 
dizemos que o capital circulante líquido é positivo e os índices de liquidez estão, 
no mínimo, satisfatórios. Se ativos e passivos forem iguais, o que é 
extremamente hipotético, dizemos que o capital circulante líquido é nulo. Por fim, 
se ativos são superados pelos passivos, podemos dizer que o capital circulante 
líquido é negativo e os índices de liquidez não estão em bons níveis. 
A liquidez operacional, para uma seguradora, é muito importante, pois 
apresenta o grau de liquidez nos chamados créditos operacionais com seguros 
no ativo circulante e os débitos operacionais com seguros no passivo circulante. 
É uma espécie de índice de liquidez exclusivo das seguradoras e é mais 
abrangente, pois apresenta as relações de uma seguradora não somente com 
os segurados, mas também com outras seguradoras, resseguradoras e com 
seus agentes ou correspondentes. 
Por último e também mais específico para as empresas de seguro está a 
cobertura vinculada, que mensura o nível do comprometimento das aplicações 
de uma seguradora que são apresentadas como garantia para cobertura das 
provisões técnicas que ela possua. Na prática, as seguradoras procuram sempre 
manter o nível de cobertura vinculada em níveis baixos, garantindo suas 
atividades operacionais com mais tranquilidade. 
Curiosidade 
O texto Mercado de seguros regulados pela Susep: desempenho em jan./dez. 
de 2015 ([2017?]), do website Tudo sobre Seguros, apresenta várias 
informações sobre o desempenho das seguradoras no Brasil. É uma excelente 
fonte de dados históricos, mostrando a evolução desse setor tão importante na 
economia nacional. 
5.2 Análise econômica 
A última análise a ser considerada na nossa aulaé a econômica, a qual 
leva em conta o capital investido nas empresas de seguro, além do seu volume 
monetário de receitas, o qual é proveniente dos prêmios de seguros recebidos 
durante determinado período. 
 
 
17 
Como índices econômicos, podem ser citadas as margens bruta, líquida 
e operacional, além da taxa de retorno do capital próprio, das retenções própria 
e de terceiros e da sinistralidade. Outros índices são os custos de 
comercialização e administrativo, o prêmio-margem, o resultado patrimonial e os 
índices combinado e combinado amplo. Vamos ver todos esses mais 
detalhadamente a partir de agora. 
Muito usadas em qualquer tipo de empresa, as margens também são 
utilizadas em empresas de seguros. A margem bruta faz a relação do resultado 
bruto com os prêmios de seguros obtidos; a margem operacional faz a relação 
das operações de seguros com os prêmios de seguros obtidos. Por último, a 
margem líquida já relaciona o lucro líquido do exercício com os prêmios de 
seguros obtidos. 
Muito parecida com a margem líquida, a taxa de retorno dos capitais 
próprios relaciona o lucro líquido com o patrimônio líquido médio, considerando 
a média aritmética do período atual e do imediatamente anterior. É com ela que 
os acionistas verificam como está a rentabilidade dos capitais investidos. 
A primeira retenção, a própria, indica em que nível ocorre a retenção 
própria em uma seguradora, considerando como base o total de prêmios de sua 
emissão. Esse índice de retenção indica a política de retenção de riscos, 
indicando mais ou menos operações de cosseguros e resseguros. 
A segunda retenção, a de terceiros, apresenta os riscos não assumidos 
em cada apólice, desde que tenham sido repassados ao IRB ou a empresas 
congêneres, e relaciona os prêmios de sua própria emissão com os prêmios que 
foram cedidos a terceiros. 
A sinistralidade é a relação entre o total de sinistros retidos e os prêmios 
obtidos com os seguros. É o valor que sobra de receita de prêmio para a 
cobertura de despesas administrativas e de comercialização. 
O primeiro custo a ser analisado, o de comercialização, relaciona as 
despesas de comercialização com os prêmios de seguros obtidos. Ele indica 
quanto sobra para fazer face às despesas administrativas e com sinistros. 
O custo administrativo relaciona as despesas administrativas com os 
prêmios de seguros obtidos e complementa o custo de comercialização em 
termos informacionais, pois indica como está a política das áreas administrativa 
e comercial de uma empresa de seguros. 
 
 
18 
O prêmio-margem é a relação entre os prêmios de seguros obtidos e o 
patrimônio líquido, buscando a evidenciação de eventuais problemas ligados à 
solvência da seguradora, no futuro. Não devemos esquecer que o patrimônio 
líquido, embora sofra ajustes, é a base para a medida da margem de solvência, 
já analisada no Tema 4. 
O resultado patrimonial faz uma análise das operações que não estão 
ligadas com as atividades principais de uma seguradora, pois relaciona 
resultados com empresas coligadas, controladas e com aluguéis de imóveis, 
quando aplicáveis. Mostra quanto do lucro de uma empresa depende dessas 
atividades extras, relacionando tais resultados com o lucro líquido. Quando o 
resultado patrimonial é negativo, sabe-se que o resultado geral foi reduzido por 
causa dessas perdas. 
Os dois últimos índices econômicos, o combinado e o combinado amplo, 
mostram praticamente a mesma informação, mas o resultado patrimonial é que 
provoca a diferença entre os dois. 
A relação dos dois é feita com a soma dos valores retidos de sinistros, das 
despesas administrativas e de comercialização, sendo que o combinado 
relaciona as receitas e despesas apenas com os resultados operacionais, sendo 
as receitas representadas pelos prêmios de seguros obtidos. 
O índice combinado amplo, além de fazer a relação das despesas com os 
prêmios de seguros obtidos, também considera como receitas os resultados 
patrimoniais, os quais não possuem ligação com a atividade operacional de uma 
empresa de seguros. 
Saiba Mais 
A revista Apólice, especializada em operações securitárias, publicou uma 
reportagem com os resultados obtidos pelas principais empresas seguradoras 
durante o ano de 2016 (Seguradoras, 2017), sendo uma ótima fonte de leitura 
para aqueles que querem entender mais esse mercado tão dinâmico, que é o 
mercado de seguros. 
TROCANDO IDEIAS 
Os aspectos formais de uma empresa de seguros não representam mera 
burocracia para os gestores. Eles são, de fato, mecanismos de proteção tanto 
para a sociedade empresarial quanto para seus clientes. 
 
 
19 
No formato de wiki, que é um texto que sempre é complementado e 
melhorado, vamos discutir sobre o que você identificou, após a apresentação 
dos conceitos, que falta para que o controle das atividades de seguro se 
tornarem ainda mais garantidoras dos direitos do cidadão. 
Vamos lá! A sua contribuição ajudará outras pessoas a entenderem 
melhor os aspectos contábeis das empresas de seguros. 
NA PRÁTICA 
No decorrer desta aula você conseguiu identificar que os aspectos 
contábeis das empresas de seguro se diferem um pouco dos aspectos 
apresentados por uma empresa que não seja do setor securitário. 
Seja pela quantidade de normas específicas ou pelos regramentos mais 
genéricos, como de estruturação de demonstrações contábeis, os seguros 
possuem algumas particularidades que os diferem de outras atividades 
operacionais. 
Aponte, no mínimo, duas diferenças nos aspectos contábeis ligadas à 
atividade securitária em relação àqueles presentes nas empresas não 
securitárias. 
Passos para a resolução do problema 
Você deve apresentar aspectos únicos que influenciem os registros e as 
operações contábeis das empresas seguradoras. Há vários desses aspectos, os 
quais devem ser evidenciados, de preferência, com alguns detalhes sobre as 
diferenças entre as atividades securitárias e as não securitárias. 
Resolução do problema 
Diferenças: 
1. As vendas das seguradoras são denominadas prêmios de seguros e não 
receitas brutas com vendas, mantendo a mesma localização na 
demonstração do resultado do exercício. 
2. Periodicamente, as seguradoras devem enviar um relatório para a Susep 
evidenciando a estrutura do seu patrimônio e a sua compatibilidade com as 
operações, haja vista que garantias aos segurados precisam ser 
comprovadas. Isso não ocorre em empresas não securitárias, as quais não 
 
 
20 
necessitam apresentar a nenhum organismo governamental condições 
financeiras de quitar as obrigações com seus fornecedores, por exemplo. 
3. Há um patrimônio líquido mínimo para a operação das empresas de 
seguros, fator não obrigatório para empresas de outros setores, exceto as 
instituições financeiras. Esse valor mínimo depende da unidade da 
federação em que a seguradora esteja instalada, separando ainda uma 
parcela fixa e outra variável consideradas como mínimas. 
4. Índices financeiros específicos, com variáveis não aplicáveis a nenhuma 
outra atividade, como capacidade de cobertura para apólices, quantidade 
relativa de cosseguros e resseguros assinados, os quais mostram a saúde 
financeira de uma seguradora. 
FINALIZANDO 
Os aspectos contábeis de uma empresa de seguros são importantes tanto 
do ponto de vista operacional quanto do ponto de vista estratégico, pois existem 
as normas aplicadas a todas as empresas presentes no mercado, mas há 
também as regras aplicáveis especificamente às seguradoras. 
Não somente as regras contábeis, mas também os índices econômico-
financeiros e as regulamentações sobre a formação do capital e os riscos que 
devem ser assumidos por uma seguradora são pontos importantes de serem 
aprendidos. 
Trabalhar com índices é uma tarefa árdua, que requer muito estudo e 
conhecimento do setor em que se trabalha, mas, uma vez que você esteja nesse 
mercado, é apenas uma questão de tempo para que esse conhecimentoprático 
faça parte da sua rotina, ajudando-lhe no processo de gestão de uma empresa 
de seguros. 
 
 
21 
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