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Apostila Análise Demostrações Financeiras

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Prévia do material em texto

Luciano Gomes dos Reis
ANÁLISE DE
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
 
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte 
desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos 
direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Copyright Universidade Positivo 2018
Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido
Curitiba-PR – CEP 81280-330
Presidente da Divisão de Ensino 
Reitor
Pró-Reitor 
Coordenação Geral de EAD
Coordenação de Metodologia e Tecnologia
Autoria
Parecer Técnico
Supervisão Editorial
Validação Institucional
Layout de Capa
Imagem de Capa
Prof. Paulo Arns da Cunha 
Prof. José Pio Martins
Prof. Carlos Longo
Prof. Everton Renaud
Profa. Roberta Galon Silva
Prof. Luciano Gomes dos Reis
Profa. Celina Trajano de Oliveira
Bianca de Brito Nogueira
Regiane Rosa e Yohan Barczyszyn
Valdir de Oliveira
Carlos Henrique Stabile
DTCOM 
DIRECT TO COMPANY S/A
Análise de Qualidade, Edição de Texto, 
Design Instrucional, Edição de Arte, 
Diagramação, Imagem de Capa, 
Design Gráfico e Revisão Textual
Ícones
Afirmação
Contexto
Biografia
Conceito
Esclarecimento
Dica
Assista
Curiosidade
Exemplo
Sumário
Apresentação ....................................................................................................................9
O autor .............................................................................................................................10
Capítulo 1 
Demonstrações financeiras e sua utilidade para a tomada de decisão ..........................11
1.1 Obrigatoriedade e função das demonstrações contábeis ..........................................11
1.1.1 Por que elaborar demonstrações contábeis? ..........................................................................................................12
1.1.2 A nova posição da contabilidade após a Lei n. 11.638/2007 e a Lei n. 11.941/2009 ............................................12
1.1.3 O que dizem os pronunciamentos do CPC sobre a divulgação das demonstrações contábeis ..............................13
1.2 O Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício ......................14
1.2.1 Principais grupos do ativo ..................................................................................................................................... 16
1.2.2 Principais grupos do passivo ..................................................................................................................................18
1.2.3 Principais grupos do patrimônio líquido ...............................................................................................................19
1.2.4 Principais grupos do resultado .............................................................................................................................. 20
1.3 A demonstração de fluxos de caixa e a demonstração do valor adicionado ............23
1.3.1 Fluxo de caixa direto e indireto: os fluxos operacionais ..........................................................................................24
1.3.2 Fluxos de caixa de investimento e financiamento ................................................................................................ 25
1.3.3 A estrutura da DVA e a sua função social .............................................................................................................. 26
1.4 A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – 
DMPL e as Notas Explicativas ..........................................................................................28
1.4.1 A estrutura da DMPL.............................................................................................................................................. 28
1.4.2 Obrigatoriedade e necessidade de Notas Explicativas .......................................................................................... 30
1.4.3 Exemplos de Notas Explicativas publicados por S/A de capital aberto................................................................. 30
Referências ......................................................................................................................33
Capítulo 2 
Padronização das demonstrações e ajustes para fins de análise ....................................35
2.1 Motivos e justificativa para realização de ajustes e padronização ............................35
2.2 Definição de modelos para fins de padronização das demonstrações ....................37
2.2.1 Modelo de Balanço Patrimonial ............................................................................................................................ 37
2.2.2 Modelo de DRE ..................................................................................................................................................... 40
2.3 Ajustes tradicionais para padronização e análise ......................................................41
2.3.1 Ajustes nos ativos ..................................................................................................................................................41
2.3.2 Ajustes nos passivos .............................................................................................................................................. 44
2.4 Índices-padrão e aspectos de qualidade e confiabilidade 
das demonstrações financeiras .......................................................................................45
2.4.1 Parâmetros para índices-padrão ........................................................................................................................... 45
2.4.2 Aspectos de qualidade das demonstrações financeiras........................................................................................ 50
2.4.3 Aspectos de confiabilidade das demonstrações financeiras ................................................................................. 53
Referências ......................................................................................................................55
Capítulo 3 
Análise horizontal e vertical ............................................................................................57
3.1 Técnicas de análise horizontal ...................................................................................57
3.1.1 Análise horizontal do Balanço Patrimonial .............................................................................................................61
3.1.2 Análise horizontal da Demonstração de Resultados do Exercício ......................................................................... 62
3.2 Técnicas de análise vertical........................................................................................64
3.2.1 Análise vertical do Balanço Patrimonial ................................................................................................................ 64
3.2.2 Análise vertical da Demonstração de Resultados do Exercício ............................................................................. 66
3.3 Relações existentes entre as análises horizontal e vertical ........................................67
3.4 A análise horizontal e vertical da empresa Exemplo S/A .........................................68
Referências ......................................................................................................................80
Capítulo 4 
Análise por índices de liquidez ........................................................................................81
4.1 O longo prazo e o índice de liquidez geral.................................................................82
4.2 O médio prazo e o índice de liquidez corrente ..........................................................86
4.3 O índice de liquidez seca: por quenão considerar os estoques? ...............................90
4.4 O curtíssimo prazo e o índice de liquidez imediata ...................................................95
Referências ....................................................................................................................102
Capítulo 5 
Análise por índices de estrutura de capitais ..................................................................103
5.1 A participação do capital de terceiros no capital total .............................................106
5.2 A composição do endividamento e as dívidas de curto prazo ......................................111
5.3 A imobilização do capital próprio ...........................................................................114
5.4 A imobilização de recursos não correntes e 
os aspectos qualitativos do endividamento ..................................................................120
Referências ....................................................................................................................123
Capítulo 6 
Análise do desempenho da empresa ............................................................................125
6.1 O giro do ativo e o retorno sobre vendas e relações com o volume de vendas .......126
6.2 A margem líquida como um dos principais indicadores 
de desempenho empresarial ........................................................................................131
6.3 A rentabilidade do ativo e do patrimônio líquido ...................................................138
6.4 Indicadores de valor da empresa, com foco no mercado de ações .........................143
6.4.1 Valor patrimonial da empresa ..............................................................................................................................143
6.4.2 Valor de mercado da empresa ............................................................................................................................ 144
6.4.3 Por que o valor patrimonial é diferente do valor de mercado? ............................................................................145
Referências ...................................................................................................................146
Capítulo 7 
Análise da demonstração de fluxos de caixa e da DVA .................................................147
7.1 Os fluxos financeiros e econômicos..........................................................................149
7.2 Análise por índices da DFC .......................................................................................151
7.3 O valor adicionado e sua importância para questões econômicas e sociais ...........158
7.4 Análise por índices da DVA ......................................................................................162
Referências ....................................................................................................................167
Capítulo 8 
Análise de prazos médios, ciclo operacional e ciclo financeiro .....................................169
8.1 Prazos médios relativos à gestão de vendas e recebimentos ..................................170
8.2 Prazos médios relativos à gestão de compras e pagamentos ................................173
8.3 Gestão de estoques: prazos médios, estoques mínimos e máximos .....................176
8.4 Ciclo operacional e financeiro: gestão das operações com ênfase no caixa ............180
Referências ....................................................................................................................189
O objetivo desta obra é proporcionar a obtenção de conhecimentos necessá-
rios para realizar, durante sua vida profissional, a análise das informações financei-
ras disponibilizadas obrigatoriamente pelas organizações. Nos dias atuais, em que a 
informação é difundida por vários meios, especialmente pela internet, a análise de 
balanço, como é comumente conhecida essa área, passou a ser acessível a diversos 
usuários, incluindo estudantes.
Para isso, iniciaremos realizando uma apresentação das demonstrações financei-
ras, o produto final do processo contábil, que decorre dos fatos contábeis que origina-
ram os lançamentos pelo método das partidas dobradas (por intermédio de débitos e 
créditos). Na sequência, serão apresentadas as técnicas de análise das demonstrações 
financeiras, uma a uma, de forma detalhada.
Apresentação
Dedico este trabalho a todos aqueles que se 
interessam pela área de finanças. Que este 
livro seja útil e possa contribuir para uma 
formação profissional de sucesso.
O autor
O Professor Luciano Gomes dos Reis é Doutor em Contabilidade pela Univer-
sidade de São Paulo – USP (2008), Mestre em Administração de Empresas pela Uni-
versidade Estadual de Maringá – UEM (2004) e Graduado em Ciências Contábeis pela 
Universidade Estadual de Londrina – UEL (1997). 
Currículo Lattes: 
<lattes.cnpq.br/8989194375763920>
1 Demonstrações financeiras 
e sua utilidade para a tomada de decisão 
O que é uma demonstração financeira? E para que serve?
A legislação brasileira, desde o antigo Código Comercial, editado em 1850, deter-
mina a obrigatoriedade das demonstrações financeiras. Essa obrigatoriedade, histori-
camente, está ligada à necessidade de usuários externos (credores, bancos, governo, 
etc.) de conhecer a situação econômico-financeira das empresas. 
Por isso, neste capítulo, trataremos dessas demonstrações contábeis, que inte-
gram um dos componentes utilizados pelos gestores para a tomada de decisão nas 
organizações. Além de serem obrigatórias por lei, também podem fornecer informa-
ções úteis no processo de condução dos negócios.
1.1 Obrigatoriedade e função das demonstrações contábeis
As empresas são obrigadas a apresentar demonstrações contábeis? 
Desde o primeiro Código Comercial, editado em 1850, a legislação brasileira já 
previa a obrigatoriedade de elaboração de demonstrações de natureza contábil. 
Atualmente, todas as organizações empresariais que detêm um patrimônio devem ela-
borar essas demonstrações financeiras, obedecendo as determinações do Código Civil 
Brasileiro e da Lei n. 6.404/1976. Ou seja, as demonstrações financeiras são obrigató-
rias para as entidades, sejam elas empresas com ou sem fins lucrativos. 
A função principal das demonstrações 
contábeis é a de fornecer informações úteis aos 
tomadores de decisão. Como exemplo, pode-
mos citar uma instituição financeira que pre-
cisa decidir se vai ou não emprestar dinheiro 
a uma empresa. Ou, ainda, um investidor que 
quer saber se deve comprar ou vender a ação 
de uma empresa na bolsa de valores. 
É justamente para auxiliar esse processo de tomada de decisão que existem as 
demonstrações financeiras, pois elas fornecem informações de natureza econômica 
e financeira sob os aspectos quantitativos e qualitativos, sobre o patrimônio e as 
mudanças desse patrimônio ocorridas em um determinado período de tempo.
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Análise de demonstrAções FinAnceirAs 12
1.1.1 Por que elaborar demonstrações contábeis?
Considerando-se a existência da necessidade de informações, seja interna ou 
externa à empresa, as demonstrações financeiras podem supri-la, fornecendo, em 
poucos relatórios, um retrato de como está a situação da empresa e seu comporta-
mento, usualmente analisado nos últimos três ou cinco anos.
Outro fator que fornece razões para a elaboração das demonstrações financei-
ras é a sua obrigatoriedade legal no ordenamento jurídico brasileiro, como já foi dito. 
Todo aquele que desenvolver suas atividades sob a forma de pessoa jurídica (ou seja, 
empresa formal) deverá, obrigatoriamente, ter a sua escrituração mercantil regular – 
ou seja, a sua escrituração contábil. O produto final da escrituração mercantil são as 
demonstrações financeiras, que deverão ser elaboradas e arquivadas com a escrituração 
em um livro obrigatório denominado Livro Diário. 
Ao final do exercício social – que na maioria das empresascoincide com o ano civil –, 
as demonstrações financeiras deverão ser assinadas pelo administrador responsável pelas 
atividades empresariais, bem como pelo contabilista responsável por sua elaboração.
Exercício social é o período de 12 meses após o qual as empresas fazem um levantamento de 
seus resultados. Já o ano civil inicia-se no dia 1.º de janeiro e encerra-se em 31 de dezembro. Em 
alguns casos, como para a declaração do imposto de renda, esses períodos podem coincidir.
1.1.2 A nova posição da contabilidade após a Lei n. 11.638/2007 
e a Lei n. 11.941/2009 
Com a publicação da Lei n. 11.638/2007, e posteriormente da Lei n. 11941/2009, 
tivemos uma grande mudança na legislação contábil. Alguns pontos relativos à elabo-
ração e divulgação das demonstrações contábeis foram alterados substancialmente, 
modificando alguns itens da Lei n. 6.404/1976. É importante ficar bem claro que a 
Lei 6404/1976 não foi revogada, mas alterada em alguns pontos pelos dispositivos da 
Lei n. 11.638/2007. 
Dentre as alterações promovidas pela nova legislação, destaca-se a mudança no 
artigo 177 da Lei n. 6.404/1976, especificamente no parágrafo 5º, que informa a necessi-
dade de se elaborar as demonstrações contábeis de acordo com os padrões internacionais. 
A partir da publicação dessa lei, portanto, as normas contábeis – em especial as 
emitidas pelo CFC mediante resoluções que aprovam os pronunciamentos do Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis (CPC) – iniciaram o processo de harmonização entre 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 13
as normas nacionais e internacionais de contabilidade, emitidas pelo International 
Accounting Standard Board (IASB). 
O International Accounting Standard Board ou Comitê de Normas Internacionais de Contabili-
dade é uma entidade privada e independente, com sede em Londres e constituída por mais de 
140 entidades do mundo todo. Foi criada em 1973 para a análise e emissão de padrões interna-
cionais de contabilidade. 
Nesse sentido, em alguns aspectos, as formas de reconhecimento e mensuração 
de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas foram alteradas para que 
uma demonstração financeira elaborada no Brasil estivesse de acordo com os padrões 
internacionais de contabilidade, como no caso de uma empresa contratar arrendamen-
tos mercantis (ou seja, operações de leasing).
1.1.3 O que dizem os pronunciamentos do CPC sobre a divulgação das 
demonstrações contábeis
Atualmente, as normas para divulgação das demonstrações contábeis encon-
tram-se reguladas pelo Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) – Apresentação das 
Demonstrações Contábeis, que estabelece as bases de apresentação das demonstra-
ções. Seu principal objetivo é possibilitar a comparação das informações apresentadas 
com as de outros períodos da mesma entidade. Também permite realizar uma compa-
ração com outras entidades, auxiliando a tomada de decisões.
Se observarmos os objetivos do CPC 26 (R1), veremos que, por intermédio dessa 
norma, é possível realizar as análises e comparar o desempenho econômico-financeiro 
de empresas diversas, uma vez que são estabelecidos os requisitos mínimos a respeito 
do conteúdo, bem como são fornecidas as diretrizes da estrutura das demonstrações. 
Destacamos que a referida norma é de utilização para as empresas em geral, mas não 
se aplica às pequenas e médias empresas, que possuem suas regras determinadas pelo 
Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas.
Para aprofundar seus conhecimentos a respeito das normas para apresentação das demons-
trações contábeis, sugerimos a leitura completa do CPC 26 (R1) e do Pronunciamento Técnico 
PME, ambos disponíveis no endereço eletrônico do CPC.
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 14
1.2 O Balanço Patrimonial e a 
Demonstração de Resultados do Exercício
O Balanço Patrimonial é a mais importante demonstração contábil. Atualmente, 
as disposições a respeito da sua estrutura e forma de apresentação são reguladas pela 
Lei n. 6.404/1976, complementada pelos pronunciamentos emitidos pelo CPC.
O Balanço Patrimonial é considerado uma demonstração estática, pois apresenta 
o saldo das contas de natureza patrimonial em uma determinada data. Essas contas 
são divididas em três grupos bem distintos: ativo, passivo e patrimônio líquido.
Modelo de Balanço Patrimonial em 31/12/20X1 e 31/12/20X2 (em milhares de reais)
ATIVO 31/12/20X1 31/12/20X2
Circulante
Caixa e equivalentes de caixa 8.000 4.000
Clientes 6.000 7.000
Despesas antecipadas 810 759
Tributos a recuperar – 35
Total do Ativo Circulante 14.810 11.794
Não Circulante
Realizável a longo prazo
Depósitos judiciais 2.200 1.000
Imobilizado
Máquinas e equipamentos 5.500 4.000
(–) depreciação (100) (50)
Intangível
Softwares 7.000 6.000
Total não circulante 14.600 10.950
TOTAL DO ATIVO 29.410 22.744
Modelo de Balanço Patrimonial em 31/12/20X1 e 31/12/20X2 (em milhares de reais)
PASSIVO 31/12/20X1 31/12/20X2
Circulante
Fornecedores 7.000 5.000
Empréstimos 7.000 6.000
Impostos e taxas a recolher 610 559
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 15
PASSIVO 31/12/20X1 31/12/20X2
Obrigações sociais trabalhistas 200 235
Total do Circulante 14.810 11.794
Não Circulante
Financiamentos 2.000 1.000
Total Não Circulante 2.000 1.000
Patrimônio Líquido
Capital 7.200 5.000
Reserva de Lucros 5.400 5.050
Total PL 12.600 10.050
TOTAL DO PASSIVO E PL 29.410 22.744
No ativo são apresentadas as contas que representam os recursos controlados pela 
entidade – oriundos de transações passadas – e dos quais se espera que resultem futu-
ros benefícios econômicos. Anteriormente, o conceito era mais simples: eram os bens 
e direitos de propriedade da empresa. Entretanto, com a evolução dos eventos econô-
micos, a Ciência Contábil teve que se adaptar, apresentando nas demonstrações não 
somente aquilo que é de propriedade da organização, mas tudo que esteja sob o con-
trole dela. 
O exemplo mais claro desse tipo de ativo, em que a essência deve ser conside-
rada sobre a forma jurídica do fato contábil, é o caso do denominado arrendamento 
mercantil financeiro. Nesse tipo de arrendamento, que normalmente ocorre quando 
a entidade adquire um bem de longa duração (veículo, aeronave, etc.), entende-se 
que a essência do evento econômico é a de um financiamento de longo prazo, e não a 
de um arrendamento mercantil (equiparado à operação de aluguel de um bem). Dessa 
forma, mesmo que o documento do bem em questão registre como proprietária a 
empresa arrendadora, a empresa arrendatária deve registrar o bem como um ativo, 
bem como o respectivo financiamento.
Considera-se arrendamento mercantil quando o proprietário de um bem (arrendador), normal-
mente móvel, cede a outra pessoa (arrendatária) o uso da posse direta do objeto do contrato, 
por prazo certo e determinado – ou seja, seria uma operação similar ao aluguel (BRASIL, 1974).
Portanto, quando se fala de um ativo de uma organização, deve-se ter em mente 
que nesse grupo estão registrados bens e direitos sobre os quais a entidade detém 
controle. Outra questão diz respeito ao resultado que se espera do ativo: que ele possa 
trazer resultados para empresa, seja direta ou indiretamente. 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 16
A partir do momento em que um ativo não puder mais trazer benefícios econômi-
cos à entidade, ele não representará mais um ativo. Uma máquina, em pleno funciona-
mento, traz benefícios econômicos. O que não ocorre com um equipamento de 
informática que esteja obsoleto e não seja mais utilizado pela empresa.
Já no passivo são representadas todas as 
obrigações da empresa, ou seja, as dívidas dela 
com terceiros, como fornecedores de bens e 
serviços, funcionários da empresa, impostos e 
instituições financeiras. Já o patrimônio líquido 
representa a diferença entre o que a entidade 
tem (seus ativos) e suas dívidas (seu passivo), ou 
seja, corresponde ao saldo residual. 
Hipoteticamente, se uma entidade vendesse todos os seus bens e direitos pelos 
valores avaliadosa valor contábil e liquidasse todas as dívidas, o valor restante, ou 
seja, aquele que seria restituído aos sócios, seria o do patrimônio líquido. Por isso, o 
patrimônio líquido também é conhecido como capital próprio. O total do ativo deverá, 
por convenção contábil, ser igual à soma do passivo e do patrimônio líquido. No caso 
do chamado patrimônio líquido negativo, ou seja, quando o passivo é maior do que a 
soma dos ativos, ele é somado ao ativo com o nome de passivo a descoberto.
1.2.1 Principais grupos do ativo
A primeira classificação do ativo em grupos ocorre em função do seu grau de 
liquidez, ou seja, no momento em que se espera que tais ativos sejam transformados 
em dinheiro. A Lei n. 6.404/1976 e suas atualizações determinam que os ativos cujo 
prazo de recebimento seja até o término do exercício social seguinte serão classifica-
dos como ativo circulante. Já os ativos cujo prazo para recebimento ou transforma-
ção em dinheiro ocorra após o término do exercício social seguinte serão classificados 
como ativo não circulante. 
A legislação brasileira não determina quais são os grupos do ativo circulante, mas 
os contadores, usualmente, utilizam a mesma classificação, seguindo sempre a ordem 
de realização em função da liquidez dos ativos:
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Análise de demonstrAções FinAnceirAs 17
Ativo circulante
Disponível
Créditos a receber (clientes)
Estoques
Outros créditos a receber (impostos a recuperar, adiantamentos, etc.)
Despesas do exercício seguinte pagas antecipadamente
Fonte: IUDÍCIBUS et al., 2012. (Adaptado).
Como observado, a ordem elencada segue a lógica da liquidez: a empresa pos-
sui estoques que serão vendidos, possivelmente a prazo, e se transformarão em dupli-
catas a receber. Após o recebimento das duplicatas, os valores serão convertidos em 
dinheiro, disponível para a empresa no caixa ou na sua conta bancária.
Já o ativo não circulante possui grupos distintos, determinados na legislação, con-
forme a seguir:
Ativo não circulante
Realizável a longo prazo
Investimentos
Imobilizado
Intangível
Fonte: IUDÍCIBUS et al.,2012. (Adaptado).
No subgrupo realizável a longo prazo são classificados os ativos destinados 
à venda cujo prazo de conversão em dinheiro ocorra após o término do exercício 
seguinte. Já no subgrupo investimentos são classificados os investimentos de natureza 
permanente, ou seja, ativos que não são destinados à venda, como, por exemplo, as 
ações de outras empresas (controladas e coligadas) e obras de arte. 
No subgrupo imobilizado são registrados todos os ativos tangíveis, ou seja, que 
possuam substância física, de natureza permanente e que sejam utilizados nas ativida-
des da empresa, como por exemplo instalações físicas e equipamentos. Por sua vez, no 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 18
subgrupo intangível estarão registrados os ativos que não possuem substância física, 
como os direitos de exploração de marcas e patentes industriais, bem como o fundo 
de comércio adquirido. 
Fundo de comércio é como são chamados os direitos intangíveis que usualmente não são regis-
trados na contabilidade, tais como o ponto comercial, a clientela da empresa, tecnologias de-
senvolvidas etc. Eles somente podem ser registrados quando uma empresa vende para outra 
empresa estes direitos. 
1.2.2 Principais grupos do passivo
Da mesma forma que no ativo, as obrigações da entidade registradas no passivo 
são classificas como circulante e não circulante. O critério para classificação de um pas-
sivo como circulante ou não circulante é o prazo de sua exigibilidade, ou seja, o prazo 
que a empresa tem para cumprir essa obrigação. Por exemplo, se o vencimento de 
uma dívida ocorrer até o término do exercício social seguinte, pertencerá ao passivo 
circulante; se ocorrer após o término do exercício social seguinte, deverá ser registrada 
como não circulante.
Com relação aos subgrupos, o critério de classificação deverá ser o grau de exi-
gibilidade – ou seja, as contas que vencem primeiro, serão apresentadas primeiro. Os 
principais grupos do passivo, tanto circulante quanto não circulante, são os seguintes:
Passivo circulante (ou não circulante, dependendo do prazo de exigibilidade)
Obrigações com pessoal
Salários e Encargos Sociais
Empréstimos e financiamentos
Provisões
Obrigações fiscais
Fornecedores
Outras obrigações
Fonte: IUDÍCIBUS et al., 2012. (Adaptado).
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 19
Como observamos no quadro descritivo, todas as dívidas da entidade com tercei-
ros estarão representadas nesses subgrupos. Por essa razão, o total do passivo de uma 
entidade também é conhecido como capital de terceiros.
1.2.3 Principais grupos do patrimônio líquido 
O patrimônio líquido, também conhecido como capital próprio, representa os 
recursos investidos pelos sócios ou acionistas, bem como os recursos oriundos dos 
resultados das operações da organização. Após a apuração do resultado da entidade 
em um determinado período contábil, os lucros ou prejuízos apurados são transferidos 
da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) para o patrimônio líquido.
Aos usuários (aqueles que farão uso das informações), o patrimônio líquido 
deverá ser apresentado de acordo com o determinado pela legislação vigente, divi-
dindo-se nos seguintes grupos:
Patrimônio líquido
Capital social Reservas de lucros
Reservas de capital Prejuízos acumulados
Ajustes de avaliação patrimonial Ações em tesouraria
Fonte: IUDÍCIBUS et al., 2012. (Adaptado).
Observamos que cada grupo tem uma função bem definida. O capital social e as 
reservas de capital são oriundos de aporte dos sócios ou acionistas. Os ajustes de ava-
liação patrimonial, em sua maioria, são provenientes de ajustes efetuados em elemen-
tos patrimoniais, oriundos de processos de fusão, cisão ou incorporação. As reservas 
de lucros destinam-se a preservar uma parcela dos lucros para utilização futura, de 
acordo com determinações previstas em estatuto ou aprovadas em assembleia, não 
sendo, portanto, distribuídas aos sócios ou acionistas.
Por exemplo, quando uma empresa rea-
liza um processo de incorporação de outra, ou 
seja, adquire outra organização, ela pode ava-
liar os ativos e passivos a valor justo, que em 
algumas situações, pode ser o valor de mer-
cado. Um terreno, por exemplo, que esteja 
registrado na contabilidade da empresa incor-
porada por R$ 100.000,00, mas que tenha ©
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Análise de demonstrAções FinAnceirAs 20
valor de mercado de R$ 300.000,00, em um processo de incorporação, terá seu valor 
ajustado em R$ 200.000,00, sendo que esta diferença ficará registrada na seção 
Ajustes de Avaliação Patrimonial. 
No caso dos prejuízos superarem os lucros, eles serão apresentados no grupo 
de prejuízos acumulados. Já as ações em tesouraria representam as ações da própria 
empresa que, por razões diversas, são adquiridas pela entidade sob determinadas con-
dições, tais como operações de resgate, reembolso ou amortização de ações, previstas 
no artigo 30 da Lei n. 6404/1976. Ambos os grupos (prejuízos acumulados e ações em 
tesouraria) possuem natureza devedora, ou seja, são redutoras do patrimônio líquido.
1.2.4 Principais grupos do resultado 
A demonstração de resultado do exercício apresenta as contas de resultado. Para 
fins de elaboração e divulgação das informações, a legislação prevê alguns grupos nos 
quais as receitas e despesas devem ser ordenadas. Veremos que grupos são esses.
O primeiro grupo é a receita operacional bruta. Nele são alocadas as receitas 
oriundas das atividades da empresa. As contas mais comuns são ganhos de venda de 
mercadorias, de venda de produtos e de serviços, dependendo da atividade desenvol-
vida pela companhia.
Na sequência, são apresentadas as deduções da receita bruta. Nesse grupo são 
classificados os impostos incidentes sobre vendas, as deduções e abatimentos. As contas 
mais comuns desse grupo são ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoriase 
Serviços) sobre vendas, ISS (Imposto Sobre Serviços), PIS (Programas de Integração 
Social) sobre faturamento, Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade 
Social), devoluções de vendas e abatimentos sobre vendas. Subtraindo da receita opera-
cional bruta as deduções da receita bruta, tem-se a receita operacional líquida das vendas 
de mercadorias, produtos e serviços. Esse resultado deverá ser demonstrado na DRE.
Logo abaixo da receita operacional líquida, 
são apresentados os custos das vendas. Nesse 
grupo serão alocados os custos necessários 
para a obtenção das receitas correspondentes. 
Dependendo do ramo de atividade da empresa 
podemos ter nesse grupo: custo dos produ-
tos vendidos (indústrias), custo das mercado-
rias vendidas (comércio) e/ou custo dos serviços 
prestados (prestadoras de serviços). Deduzindo-se o custo das vendas da receita ope-
racional líquida, tem-se o lucro ou prejuízo bruto.
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Análise de demonstrAções FinAnceirAs 21
Após a apuração do lucro bruto, demonstram-se, de forma discriminada, as des-
pesas operacionais da empresa. A Lei n. 6.404/1976, em seu artigo 187, inciso III, esta-
belece a seguinte discriminação em relação às despesas operacionais: “III – as despesas 
com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e 
administrativas, e outras despesas operacionais”. (BRASIL, 1976)
Seguindo a determinação legal, a discriminação de grupos pode ser realizada de 
acordo com a sugestão de Iudícibus et al. (2012), que apresentam as despesas operacio-
nais subdivididas nos seguintes grupos: despesas com vendas, administrativas, com pes-
soal, tributárias, com provisões. Posteriormente resultado financeiro líquido, ou seja, 
despesas financeiras subtraídas das receitas financeiras. 
Da apuração do lucro bruto menos as despesas operacionais temos o resultado 
operacional, que poderá ser positivo ou negativo. Após a sua demonstração, de acordo 
com o inciso IV do artigo 187 da Lei n. 6.404/1976, deve-se apurar o resultado do exer-
cício antes do imposto de renda, contribuição social e das participações nos lucros. 
Como participações nos lucros entendem-se as participações nos lucros atribuí-
das a terceiros, ou seja, que não são acionistas da empresa. Essas informações devem 
ser registradas como despesa e demonstradas separadamente. Os terceiros, segundo 
o artigo 187, item VI da Lei n. 6.404/1976, são os seguintes: “VI – as participações de 
debêntures, de empregados e administradores, mesmo na forma de instrumentos 
financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, 
que não se caracterizem como despesa”. (BRASIL, 1976)
Após a dedução do imposto de renda, contribuição social e participações nos 
lucros, encontra-se o lucro líquido do exercício, que será transferido para o patrimônio 
líquido e, nas sociedades anônimas, ficará à disposição da Assembleia Geral Ordinária, 
que decidirá sua destinação, de acordo com o previsto em lei.
No caso das sociedades por ação (aquelas cujo capital é dividido em ações), a legisla-
ção determina a demonstração do lucro ou prejuízo por ação do capital. Esse item é nor-
malmente denominado lucro por ação. Se a empresa tiver mais de uma classe de ações e 
elas possuírem direito a lucros de maneira diferente, deve-se divulgar o lucro por classe de 
ação. Usualmente, as empresas possuem ações ordinárias e preferenciais, sendo que elas 
podem ter formas diferentes de distribuição de lucros, determinada em estatuto. 
Como podemos observar, a Demonstração de Resultados do Exercício possui 
caráter dedutivo, ou seja, iniciando com as receitas, são deduzidas as despesas e apre-
sentados resultados parciais até que, na última linha, é demonstrado o resultado eco-
nômico da entidade, de acordo com os princípios contábeis, que podem ser lucro ou 
prejuízo. O entendimento da DRE é bastante dedutivo e de fácil entendimento pelo 
público em geral: receitas – despesas = lucro ou prejuízo.
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 22
É importante destacar que o conceito de lucro difere da ideia de dinheiro (ou falta 
dele) no caixa. Um exemplo muito claro é quando a empresa vende a prazo, com uma 
margem de lucro considerável, apurando na DRE um lucro líquido do período. Se até 
o fechamento do exercício não receber por nenhuma venda, poderá não ter caixa para 
saldar seus compromissos, tendo que recorrer a fontes de financiamento. 
Um exemplo prático dessa situação seria o seguinte: uma determinada empresa 
vendeu a prazo R$ 100.000,00 em um determinado período, com R$ 30.000,00 de cus-
tos e R$ 30.000,00 em despesas. O lucro do período foi de R$ 40.000,00, ou seja, 40% 
do total de vendas. Entretanto, a empresa não recebeu nenhuma das vendas efetua-
das, pois o recebimento ocorrerá somente no período seguinte. Caso tenha que pagar 
seus custos e despesas no próprio exercício, ela teria um saldo negativo de caixa de 
R$ 60.000,00, mesmo com um lucro de R$ 40.000,00. 
Para ilustrar, apresentamos a seguir um modelo de Demonstração de Resultado 
do Exercício – DRE, segundo o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) adaptado.
Modelo de Demonstração de Resultado do Exercício 
RECEITA BRUTA 200.000,00
(−) Deduções 2.000,00
RECEITA LÍQUIDA 198.000,00
(−) CUSTOS DAS VENDAS (100.000,00)
LUCRO BRUTO 98.000,00
(−) DESPESAS COM VENDAS
(−) Despesas Administrativas (10.000,00)
(−) Outras Despesas Operacionais (5.000,00)
+ Outras Receitas Operacionais 3.000,00
LUCRO ANTES DAS RECEITAS E DESPESAS FINANCEIRAS
(−) Despesas financeiras (5.000,00)
RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 81.000,00
Perceba que, nesta DRE, gastos e despesas aparecem com valores entre parên-
teses, o que indica que são deduzidos, ou seja, subtraídos. Porém, para uma análise 
mais apurada da empresa, são necessárias outras demonstrações, como a de fluxos de 
caixa. É o que veremos a seguir.
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 23
1.3 A demonstração de fluxos de caixa 
e a demonstração do valor adicionado
A Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC), embora utilizada há algum tempo 
pelas empresas e obrigatória em alguns países desde a década de 1980, tornou-se obri-
gatória no Brasil apenas a partir do ano de 2008, com a edição da Lei n. 11.638/2007. Da 
mesma forma, para as sociedades anônimas de capital aberto, foi inserida a obrigato-
riedade de divulgação e apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
Em seu item 18, o CPC 3 (R2) estabelece dois métodos, direto e indireto: no 
método direto as classes de pagamentos e recebimentos brutos são divulgadas e, no 
indireto, ocorre os ajustes do lucro líquido ou prejuízo por transações que não envol-
vam o caixa ou pelos pagamentos e recebimentos por competência em caixas opera-
cionais passados e futuros ou, ainda, pelos efeitos da despesas e receitas associadas 
aos fluxos da caixa das atividades de financiamento ou investimento. 
Para exemplificar, a seguir apresentaremos um modelo de Demonstração de 
Fluxos de Caixa. 
Modelo de Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo método direto
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Recebimentos de clientes 30.150
Pagamentos a fornecedores e empregados (27.600)
Caixa gerado pelas operações 2.550
Juros pagos (270)
Imposto de renda e contribuição social pagos (800)
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos (100)
Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais $ 1.380
Fluxos de caixa das atividades de investimento 
Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição (Nota A) (550)
Compra de ativo imobilizado (Nota B) (350)
Recebimento pela venda de equipamento 20
Juros recebidos 200
Dividendos recebidos 200
Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento ($ 480)
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 24
Fluxos de caixa das atividades de financiamento
Recebimento pela emissão de ações 250
Recebimento por empréstimo a longo prazo 250
Pagamento de passivo por arrendamento (90)
Dividendospagos * (1.200)
Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento ($790)
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa $110
Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota C) $120
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período (Nota C $230
* Esse valor também poderia ser apresentado no fluxo de caixa das atividades operacionais. 
Fonte: Comitê de pronunciamentos contábeis. Pronunciamento técnico CPC 03 (R2) (2016).
Na sequência, discutiremos individualmente cada uma dessas demonstrações e 
serão apresentados os modelos que podem ser elaborados e divulgados em relação 
aos fluxos de caixa operacionais.
1.3.1 Fluxo de caixa direto e indireto: os fluxos operacionais
A Demonstração de Fluxo de Caixa tem sua regulamentação pelo Pronunciamento 
CPC 03 (R2). A sigla R2, que complementa o número do pronunciamento, significa que 
este já sofreu dois processos de revisão de alguns termos e conceitos, o que demonstra 
a importância da atualização constante por parte dos profissionais que atuam na área.
Para um conhecimento detalhado a respeito da demonstração de fluxo de caixa, sugere-se a 
leitura do CPC 03 (R2) completo, que está disponível no endereço eletrônico do CPC (Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis). 
A Demonstração de Fluxos de Caixa divide-se em três: operacionais, de inves-
timento e de financiamento. Por sua natureza, os fluxos de caixa operacionais subdi-
videm as demonstrações em dois modelos distintos: direto e indireto. A escolha pela 
elaboração e divulgação deste ou daquele modelo é efetuada pela administração da 
entidade; não há obrigatoriedade para a adoção de um ou de outro. Todavia, atual-
mente a maioria das companhias brasileiras de capital aberto, cuja divulgação da 
demonstração contábil é obrigatória, opta pela elaboração da Demonstração de Fluxo 
de Caixa pelo método indireto.
Um exemplo de apresentação diferenciada entre os métodos direto e indireto 
pode ser ilustrado da seguinte forma: considere uma empresa hipotética que vendeu 
R$ 100.000,00, sendo 50% à vista e 50% a prazo. Os custos e despesas incorridos e 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 25
pagos somaram o valor de R$ 85.000,00, mais despesas de depreciação (não pagas, 
apenas apropriadas pelo regime de competência) no valor de R$ 10.000,00, apurando, 
ao final, um lucro de R$ 5.000,00. Pelo método direto, a demonstração seria a seguinte:
Recebimento por venda de mercadorias R$ 50.000,00
Pagamento de fornecedores e despesas (R$ 85.000,00)
Fluxo de caixa operacional do período (R$ 35.000,00)
Já pelo método indireto, a demonstração seria apresentada da seguinte forma:
Lucro líquido do período R$ 5.000,00
(+) Depreciação R$ 10.000,00
(–) Variação nas contas a receber (R$ 50.000,00)
Fluxo de caixa operacional do período (R$ 35.000,00)
Como podemos observar, ambos possuem o mesmo resultado, mas no método 
direto as operações são apresentadas de forma mais indutiva. No método indireto, 
também conhecido como método da reconciliação do lucro, parte-se do lucro líquido do 
período, realizando-se os ajustes das operações que não afetam o caixa da empresa 
(no caso, as depreciações), bem como das vendas não recebidas no período (variação 
das contas a receber).
1.3.2 Fluxos de caixa de investimento e financiamento
As demais operações a serem apresentadas e divulgadas pela Demonstração de 
Fluxo de Caixa são as operações de investimento e financiamento. Segundo o CPC 3 (R2) 
(2010), as atividades de investimento são aquelas representadas pela aquisição e venda 
de ativos de longo prazo, bem como outros investimentos que não se caracterizem como 
caixa ou equivalentes. No item 16, as operações de investimento têm como exemplo situa-
ções como os pagamentos para aquisição de ativos imobilizados e intangíveis, os rece-
bimentos em dinheiro da venda destes mesmos ativos, os valores pagos ou recebidos 
provenientes de compras e vendas de ações de outras empresas, que não a empresa anali-
sada tenha realizado em investimentos de natureza permanente, entre outras operações. 
Pelos exemplos elencados, podemos verificar que a grande maioria se refere a 
operações de aquisição e venda de ativos de natureza permanente, sejam eles imobili-
zados, intangíveis ou instrumentos patrimoniais oriundos de empresas coligadas, con-
troladas ou joint ventures.
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 26
Joint venture refere-se a um tipo de associação na qual duas ou mais empresas se juntam, for-
mando uma nova empresa, para exercer alguma atividade econômica por um período de tem-
po limitado, sem que cada uma delas deixe de existir. 
Por sua vez, os fluxos de caixa provenientes das operações de financiamento 
dizem respeito à forma de captação e pagamento das origens de recursos, que podem 
ser os próprios sócios ou acionistas, bem como os fornecedores de capital financeiro 
externo ou as instituições bancárias.
As formas mais comuns de atividades de financiamento descritas no CPC 3 (R2) 
são as seguintes: por recebimento de emissão de ações, pagamento para investidores 
por meio de caixa, recebimento por meio de emissão de debêntures, notas promissó-
rias, empréstimos, pagamentos pela liquidação de empréstimos obrigações relativas 
aos empréstimos, pagamento para redução de passivo. 
1.3.3 A estrutura da DVA e a sua função social
Desde janeiro de 2008, a Demonstração de Valor Adicionado (DVA) passou a ser 
uma demonstração contábil obrigatória no Brasil para as sociedades anônimas de capital 
aberto, de acordo com as alterações da Lei n. 11.638/2007. Essa demonstração evidencia 
o valor das riquezas criadas pela companhia, bem como sua distribuição, constituindo-se 
em ferramenta útil para os vários grupos de usuários da informação contábil.
As informações contidas na DVA foram aprovadas pela Resolução CFC n. 
11.348/2008, que aprovou a norma brasileira de contabilidade NBC T 3.7. Esse ato 
aprovou o pronunciamento CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado
A DVA trabalha com o conceito de geração, aquisição, retenção e distribuição 
de renda, não identificando despesas e receitas. Esta é a diferença básica em rela-
ção à DFC e à DRE. Para se elaborar a DVA, deve-se extrair os dados da Contabilidade, 
sendo que os valores informados devem ter como base o princípio da competência.
“Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros even-
tos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento 
ou pagamento. [...] pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas cor-
relatas.” (CFC, 2010).
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 27
A DVA pode ainda compor o Balanço Social, que visa mostrar a relação da 
empresa com o meio em que está inserida. Por isso, esse balanço é constituído não 
apenas pelo DVA, mas também por um Balanço Ambiental, Balanço de Recursos 
Humanos e Benefícios e Contribuições à Sociedade em Geral.
Modelo de Demonstração de Valor Adicionado
1. Receitas
1.1. Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2. Outras Receitas
1.3. Receitas Relativas à construção de ativos próprios
1.4. Provisão para devedores duvidosos – Reversão/(Constituição) 
2. Insumos adquiridos de terceiros 
 (inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS E Cofins)
2.1. Matérias-primas consumidas
2.2. Custos das mercadorias e serviços vendidos
2.3. Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.4. Perda / Recuperação de valores ativos
3. Valor adicionado bruto (1-2)
4. Depreciação, amortização e exaustão
5. Valor adicionado líquido produzido pela entidade (3-4)
6. Valor adicionado recebido em transferência
6.1. Resultado de equivalência patrimonial
6.2. Receitas financeiras
7. Valor adicionado total a distribuir (5+6)
8. Distribuição do valor adicionado 
8.1. Pessoal
8.2. Impostos, taxas e contribuições
8.3. Remuneração de capitais de terceiros
8.4. Remuneração de capitais próprios
8.5. Lucros retidos / Prejuízo do exercício
Fonte: Comitê de pronunciamentos contábeis – pronunciamento técnicoCPC 09. 
A divulgação da DVA é importante pelo seu caráter social. Entretanto, apesar 
de obrigatória no Brasil, ainda não faz parte do rol de demonstrações obrigatórias de 
acordo com as normas internacionais. 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 28
1.4 A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – 
DMPL e as Notas Explicativas
Para completar o conjunto de demonstrações exigidas pela legislação brasi-
leira, temos a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e as Notas 
Explicativas (NE). Em algumas empresas, especialmente as de pequeno porte, a DMPL 
pode ser substituída pela Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA). 
Considerando as demonstrações financeiras que estudamos até aqui, apresen-
tamos, a seguir, um quadro-resumo publicado pelo CFC, no qual constam a obrigato-
riedade ou a dispensa da elaboração e divulgação das demonstrações financeiras, de 
acordo com o porte ou tipo societário da empresa.
Quadro-resumo da obrigatoriedade das demonstrações contábeis
Tipo de Sociedade BP
DRE
DRA
DMPL ou 
DLPA
DFC DVA NEs
Sociedades Simples X X X X* X
Sociedades limitadas X X X X* X
S/A de capital aberto X X X X X X
S/A de capital fechado X X X X* X
Entidade s/fins lucrativos X X X X X
Me e EPP X X
*Quando o Patrimônio Líquido for maior ou igual a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais)
Fonte: TAX CONTABILIDADE, 2016.
Como podemos observar, as três demonstrações que são obrigatórias para todo e 
qualquer tipo de entidade são o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultado do 
Exercício e as Notas Explicativas. Por outro lado, a DVA é obrigatória apenas para as 
sociedades anônimas de capital aberto, que devem elaborar e divulgar publicamente 
as informações para seus acionistas. 
Sendo assim, para concluir nossos estudos sobre o tema, a seguir, discutiremos 
individualmente a DPML e as Notas Explicativas.
1.4.1 A estrutura da DMPL
A Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é obrigatória para 
as sociedades anônimas e facultativa para as sociedades limitadas, que usualmente 
optam pela elaboração da Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA). 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 29
Ambas demonstrações têm por objetivo a divulgação da movimentação das respec-
tivas contas, sendo que a DLPA se restringe a evidenciar a movimentação da conta 
lucros ou prejuízos acumulados, enquanto que a DMPL realiza a demonstração de todas 
as contas do patrimônio líquido, incluindo a conta lucros ou prejuízos acumulados.
A elaboração e apresentação da DMPL não apresenta complexidade elevada. 
Deve-se realizar a transcrição das contas do patrimônio líquido, uma a uma, apresen-
tando seu saldo inicial, descrevendo os fatos que geraram movimentação nessas con-
tas e apurando-se o saldo final. 
Para ficar mais claro, a seguir, apresentamos um exemplo de DMPL. A empresa 
fictícia Alfa S/A apresentou no início do exercício um patrimônio líquido no valor de 
R$ 150.000,00, sendo constituído de R$ 100.000,00 de capital social e R$ 50.000,00 
de reservas de lucros. No período, ocorreram os seguintes fatos: aumento de capi-
tal, com integralização, ou seja, pagamento em dinheiro pelos sócios de R$ 20.000,00 
e utilização de reservas de lucros, no valor de R$ 10.000,00. Ao final, a empresa apu-
rou um lucro de R$ 25.000,00, dos quais R$ 12.000,00 foram distribuídos como divi-
dendos e R$ 13.000,00 foram objeto de constituição de novas reservas de lucros. 
Segue a demonstração:
Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido da Empresa Fictícia Alfa S/A
CAPITAL SOCIAL
RESERVAS DE 
LUCROS
LUCROS 
ACUMULADOS
TOTAL
Saldo inicial 100.000,00 50.000,00 150.000,00
Aumento de capital
Pelos sócios 20.000,00 20.000,00
Com reserva de lucros 10.000,00 (10.000,00) 0,00
Lucro do período 25.000,00 25.000,00
Destinação
Dividendos (12.000,00) (12.000,00)
Constituição reserva 13.000,00 (13.000,00) 0,00
Saldo final 130.000,00 53.000,00 0,00 183.000,00
Como vimos, a integralização de capital pelos sócios, o lucro do período e os divi-
dendos provocaram aumento ou redução do patrimônio líquido, em virtude de serem 
operações que se relacionam respectivamente com o caixa, com o resultado do exercí-
cio e com o passivo (dividendos a pagar), que são contas que não pertencem ao patri-
mônio líquido. Por sua vez, o aumento de capital com a utilização de reservas de lucros 
e a constituição de novas reservas, por serem operações realizadas entre contas do 
patrimônio líquido, não provocam aumento ou redução, mas devem ser evidenciadas 
para fins de análise por parte dos usuários da informação contábil.
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 30
1.4.2 Obrigatoriedade e necessidade de Notas Explicativas
As Notas Explicativas, conforme podemos observar no quadro-resumo exposto 
anteriormente, é um item obrigatório para todas as empresas, que devem elaborar e 
divulgar as demonstrações contábeis. No período anterior à Lei n. 11.638/2007 e aos 
pronunciamentos emitidos pelo CPC, as Notas Explicativas eram elaboradas e divulga-
das apenas pelas sociedades anônimas. Atualmente, no entanto, a sua obrigatoriedade 
se estende a todas as empresas.
Qual o motivo de elaborar Notas Explicativas? As demonstrações financeiras tra-
dicionais, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício 
apresentam, de forma sintética, a situação patrimonial e financeira de uma entidade. 
Entretanto, para que o usuário tenha conhecimento de como tais valores foram avalia-
dos, mensurados ou, ainda, como está composto o saldo de determinado grupo, faz-se 
necessária a elaboração e divulgação de notas explicativas.
A Lei n. 6.404/1976, alterada pela Lei n. 11.941/2009, traz em seu artigo 176, 
parágrafo 4º, que as demonstrações deverão ser complementadas por notas explica-
tivas e outros quadros analíticos ou, ainda, por demonstrações que sejam necessárias 
para o esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. Para ela-
boração das Notas Explicativas há necessidade de se apresentar informações sobre a 
forma como foram preparadas as demonstrações financeiras e quais as práticas contá-
beis adotadas, além de indicar os critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, as 
dívidas, as opções de compras de ações, os ajustes e os eventos subsequentes à data 
do encerramento do exercício.
Como podemos observar, há uma gama de eventos que devem ser objeto de 
Notas Explicativas. A seguir, são apresentados alguns exemplos divulgados por socie-
dades anônimas de capital aberto.
1.4.3 Exemplos de Notas Explicativas publicados 
por S/A de capital aberto
As notas explicativas utilizadas aqui estão disponíveis no endereço eletrônico da 
Comissão de Valores Mobiliários, tendo caráter público. Esses exemplos são apenas 
ilustrativos, devendo cada empresa, durante a elaboração e divulgação de suas notas 
explicativas, realizar a adequação à sua realidade em particular.
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 31
Exemplo 1: América Latina Logística – ALL – Demonstrações Financeiras 
Padronizadas 2013. Nota explicativa 2:
Observe o trecho a seguir, que compõe o item “Políticas contábeis” das demons-
trações financeiras da empresa de logística América Latina Logística (ALL):
As demonstrações financeiras consolidadas foram elaboradas com base em diversas téc-
nicas de avaliação utilizadas nas estimativas contábeis. As estimativas contábeis envolvi-
das na preparação das demonstrações financeiras foram baseadas em fatores objetivos e 
subjetivos, levando em consideração o julgamento da administração para determinação 
do valor adequado a ser registrado nas demonstrações financeiras. (ALL, 2010, p. 27).
Os valores contábeis de ativos e passivos reconhecidos que representam itens 
objetos de hedge (proteção contra os riscos de grandes variações de preço) a valor 
justo que, alternativamente, seriam contabilizados ao custo amortizado, são ajustados 
para demonstrar as variações nos valores justos atribuíveis aos riscos que estão sendo 
objeto de hedge.A liquidação das transações envolvendo essas estimativas poderá 
resultar em valores divergentes dos registrados nas demonstrações financeiras devido 
a possíveis imprecisões no processo de sua determinação. 
A companhia revisa suas estimativas e premissas pelo menos anualmente. As 
demonstrações financeiras consolidadas foram elaboradas e estão sendo apresentadas 
de acordo com as políticas contábeis adotadas no Brasil e Normas Internacionais de 
Relatórios Financeiros (IFRS), incluindo as normas da Comissão de Valores Mobiliários 
(CVM), os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), e 
as normas internacionais de contabilidade emitidas pelo Iasb. A apresentação da 
Demonstração do Valor Adicionado (DVA), individual e consolidada, é requerida pela 
legislação societária brasileira e pelas práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis 
a companhias abertas. As IFRS não requerem a apresentação dessa demonstração. 
Como consequência, pela IFRS, essa demonstração está apresentada como informa-
ção suplementar, sem prejuízo do conjunto das demonstrações contábeis.
Exemplo 2: Natura – Demonstrações Financeiras Padronizadas 2013. 
Nota explicativa 2.11:
Agora, vejamos o trecho a seguir, que compõe o item “Imobilizado” das demons-
trações financeiras da empresa de cosméticos Natura:
Avaliado ao custo de aquisição e/ou construção, acrescido de juros capitalizados durante 
o período de construção, quando aplicável para casos de ativos qualificáveis, e reduzido 
pela depreciação acumulada e pelas perdas por impairment, quando aplicável. 
Terrenos não são depreciados. A depreciação dos demais ativos é calculada pelo método 
linear, para distribuir seu valor de custo ao longo da vida útil estimada, como segue: 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 32
Anos 
Edificações ...................................................25
Máquinas e equipamentos ............................. 13
Moldes ...........................................................3
Instalações e benfeitorias de terceiros ...... 5 – 13
Móveis e utensílios ........................................ 14
Veículos ..........................................................3
As vidas úteis são revisadas anualmente. Os ganhos e as perdas em alienações são apura-
dos comparando-se o valor da venda com o valor residual contábil e são reconhecidos na 
demonstração do resultado. (D.O.S.P., 2014, p. 10)
Como podemos observar nesses exemplos, as Notas Explicativas podem – e 
muitas vezes devem – ser bem detalhadas, com o objetivo de permitir ao usuário das 
demonstrações financeiras uma melhor visualização dos critérios de avaliação, classifi-
cação e mensuração dos componentes patrimoniais e do resultado.
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 33
Referências
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São Paulo (Dosp). 12 fev. 2014. Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/diarios/66148380/ 
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BRASIL. Lei n. 556, de 25 de junho de 1850. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 25 jun. 1850. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0556-1850.
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_____. Lei n. 6.099, de 12 de setembro de 1974. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 12 set. 1974. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6099.htm>. 
Acesso em: 07/03/2016. 
_____. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder 
Executivo, Brasília, DF, 15 dez. 1976. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L6404compilada.htm>. Acesso em: 10/10/2014. 
______. Lei n. 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder 
Executivo, Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 10/10/2014.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n. 1.282/10. Disponível em: 
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CPC 03 (R2) – Demonstração de fluxo de caixa. Pronunciamento. Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis. 07 out. 2010. p. 19 Disponível em: <www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=34>. Acesso em: 16/03/2016.
CPC 26 (R1) – Apresentação das demonstrações contábeis. Pronunciamento. Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis. 15 dez. 2011. Disponível em: <www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57>. Acesso: em 10/10/2014.
DEMONSTRAÇÃO do valor adicionado. Pronunciamento Técnico CPC 09. Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis. Disponível em: <static.cpc.mediagroup.com.br/
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DEMONSTRAÇÕES Financeiras Obrigatórias. Tax Contabilidade. Disponível em: 
<www.tax-contabilidade.com.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=80>. Acesso em: 
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DEMONSTRAÇÕES Financeiras Padronizadas. ALL – América Latina Logística Malha 
Paulista S/A. 31 dez. 2010. Disponível em: <200.198.217.73/concessaofer/all/DFP_2010_
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Análise de demonstrAções FinAnceirAs 34
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Paraná. Informativo de Fiscalização, n. 02, ano 2013. Disponível em: <www.crcpr.org.br/
new/content/publicacao/mailing/html/2013_06_17_informativoFiscalizacao.html>. Acesso 
em: 15/07/2015. 
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. Manual de contabilidade 
societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do 
CPC. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 
2 Padronização das demonstrações 
e ajustes para fins de análise
Antes de iniciar a análise das demonstrações financeiras, é necessário realizar 
ajustes e a padronização das referidas demonstrações. Analistas menos experientes 
tendem a fazer a análise sem tomar esses cuidados, o que pode ocasionar, em certas 
situações, equívocos no processo de tomada de decisão. 
Imagine uma situação em que, por inexperiência ou falta dos conhecimentos 
necessários, um crédito é liberado ao cliente sem os devidos cuidados na realização de 
ajustes e padronização das demonstrações contábeis. Uma futura situação de inadim-
plência desse cliente, que teve crédito aprovado com base em informações inadequa-
das, pode causar sérios prejuízos à empresa vendedora. 
Por isso, devem ser tomados alguns cuidados na realização de qualquer processo 
de tomada de decisão que envolva números oriundos das demonstrações financeiras, 
pois por descuido ou má intenção dos elaboradores de tais demonstrações, podem 
ocorrer alguns erros que desvirtuam os objetivos dos índices e das análises, mesmo se 
todas as fórmulas e cálculos forem corretamente aplicados. 
Dessa forma, nesse capítulo são fornecidos subsídios para a realização dos ajus-
tes usualmente adotados pelos analistas financeiros, bem como um modelo de 
Balanço Patrimonial e de Demonstração do Resultado do Exercício para fins de padro-
nização das demonstrações financeiras.
2.1 Motivos e justificativa para realização 
de ajustes e padronização
Apresentamos uma questão primordial para entender o processo de análise das 
demonstrações financeiras: por que realizar os ajustes e a padronização delas?
O primeiro motivo diz respeito à necessidade de apresentar determinadas contas 
patrimoniais e de resultado de acordo com a natureza da análise a ser realizada, e não 
conforme o determinado pela legislação societária.
Um exemplo dessa situação seria as despesas e receitas financeiras que, de 
acordo com a Lei n. 6.404/1976, pertencem ao grupo de despesas operacionais, mas 
que para fins de análise do resultado operacional efetivo da empresa, sem considerar 
os aspectos financeiros, devem ser classificadas e apresentadas de forma separada. 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 36
Nas sociedades anônimas de capital aberto, que divulgam suas demonstrações 
de acordo com as normas da Comissão de Valores Mobiliários, essa classificação já é 
considerada como obrigatória,tendo em vista sua importância para o usuário final. 
Entretanto, para um grande grupo de empresas, como as sociedades limitadas (tipo 
societário no qual se enquadra a grande maioria das pequenas e médias empresas), 
esse tipo de separação entre questões financeiras e operacionais não é realizado.
Outro motivo é a possível classificação errônea de determinados itens patrimo-
niais por parte dos elaboradores de demonstrações contábeis. Podemos encontrar 
alguns itens que tenham características não circulantes classificados como circulan-
tes, tendo por vezes como objetivo melhorar a situação financeira da empresa no 
curto prazo. Em outras situações, seja por descuido ou imperícia técnica, outras contas 
podem estar classificadas erroneamente. Por exemplo, uma empresa que possui crédi-
tos que deveriam ser classificados como de longo prazo, ou seja, que tem prazo de rece-
bimento maior que 1 ano, na tentativa de melhorar a situação financeira, classifica estes 
créditos como de curto prazo, ou seja, circulantes, cujo recebimento ocorre em menos 
de 1 ano. Essa classificação incorreta pode gerar grandes problemas para a empresa.
Apesar de a legislação contábil ter sido objeto de profundas transformações a par-
tir da edição da Lei n. 11.638/2007 e de os efeitos dessa lei terem entrado em vigor a 
partir do ano de 2008, não é incomum encontrarmos uma nomenclatura contábil 
oriunda da legislação antiga em determinadas demonstrações, como a existência do 
grupo permanente e diferido no ativo, do grupo resultado de exercícios futuros no pas-
sivo e do grupo resultado não operacional na Demonstração de Resultados do Exercício. 
Os analistas devem realizar uma leitura detalhada das demonstrações financeiras 
completas, assim como das notas explicativas dessas demonstrações, com o objetivo 
de detectar possíveis inconsistências e, quando for o caso, realizar os devidos ajustes.
Quanto à padronização, ela é necessá-
ria em virtude das diferenças de nomes das 
contas e grupos patrimoniais que por ventura 
podem surgir durante o processo de compa-
ração de diversas demonstrações contábeis 
de várias empresas. À exceção das empresas 
sujeitas a regimes contábeis especiais, como 
as instituições financeiras, que são regula-
das pelo Banco Central do Brasil (BC) e as sociedades seguradoras, que têm suas ati-
vidades e contabilidade regulamentadas pela Superintendência de Seguros Privados 
(Susep), as empresas em geral podem adotar o seu próprio plano de contas, utilizando 
uma diversidade de nomes para as contas contábeis que podem, por vezes, causar 
confusões na hora da análise.
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Análise de demonstrAções FinAnceirAs 37
Dessa forma, na busca de uniformidade e para melhorar a comparabilidade entre 
as demonstrações financeiras, torna-se necessária a padronização de acordo com 
o modelo definido pelos analistas, com o objetivo final de permitir uma comparação 
entre as demonstrações de diversos períodos de várias empresas, atendendo adequa-
damente aos objetivos da análise.
2.2 Definição de modelos para fins 
de padronização das demonstrações 
Com a finalidade de uniformizar os procedimentos de análise no decorrer do tra-
balho e de fornecer um direcionador para análises profissionais futuras, apresenta-
mos, nesta seção, dois modelos das principais demonstrações financeiras utilizadas: o 
Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE). 
Esses modelos podem servir de parâmetro na realização efetiva de análises eco-
nômico-financeiras de empresas e são utilizados para fins de padronização dessas 
demonstrações.
Novamente, ressaltamos a importância de conhecer os objetivos dos usuários das 
informações que serão produzidas mediante a utilização da análise das demonstrações 
financeiras. Os modelos são apenas sugestões, que podem ser alterados em função 
das características especiais do setor de atuação das empresas e do momento no qual 
é realizada a análise.
2.2.1 Modelo de Balanço Patrimonial
O balanço patrimonial é uma representação estática da posição financeira e patri-
monial de uma organização em uma data determinada. Essa representação, portanto, 
auxilia no sentido de conhecer a situação financeira dessa empresa. Fazem parte do 
balanço patrimonial o ativo, que representa os recursos dos quais se espera benefí-
cios econômicos futuros; o passivo, que é composto por obrigações e exigibilidades; e 
o patrimônio líquido, que é o valor líquido da empresa obtido ao subtrairmos o passivo 
do ativo (IUDÍCIBUS et al., 2012).
A padronização desse balanço é importante, pois para sua análise, na maioria das 
vezes, algumas minúcias que podem conter as demonstrações financeiras não são de 
interesse: o foco deve estar nos grandes grupos e nos números que serão fornecidos 
com a única finalidade de subsidiar essas análises. Por isso, por vezes, é interessante 
buscar modelos que auxiliem nessa padronização.
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 38
A seguir, observe um modelo de Balanço Patrimonial. Nesse modelo, podemos 
observar que há uma síntese para determinados grupos. Mas alguns grupos ou contas 
podem não aparecer, em virtude de ajustes a serem efetuados e que serão abordados 
na próxima seção.
Modelo de Balanço Patrimonial Padronizado
31/12/20X1 31/12/20X2 31/12/20X3
ATIVO
Circulante
 Financeiro
 Disponível
 Aplicações financeiras curto prazo
 Operacional 
 Duplicatas a receber (ou clientes)
 Estoques
 Impostos a recuperar
 Adiantamentos
 Outras contas do ativo circulante
Total do ativo circulante
Não circulante
Realizável a longo prazo
Investimentos
Imobilizado
Intangível
Total do ativo não circulante
TOTAL DO ATIVO
PASSIVO
Circulante
 Operacional
 Fornecedores
 Obrigações com pessoal
 Obrigações fiscais
 Provisões
 Financeiro
 Empréstimos e financiamentos
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 39
31/12/20X1 31/12/20X2 31/12/20X3
 Duplicatas descontadas
 Debêntures/dividendos a pagar
 Outras contas do passivo circulante
Total passivo circulante
Não circulante
 Empréstimos e financiamentos
 Debêntures a pagar
 Outras contas do não circulante
Total passivo não circulante
TOTAL DE CAPITAL DE TERCEIROS
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
 Capital Social e reservas de capital
Reservas de lucros e lucros acumulados 
(–) Ações em tesouraria
Total do patrimônio líquido
Total do passivo + patrimônio líquido
Esse modelo de Balanço Patrimonial padronizado apresenta algumas diferenças 
em relação aos modelos tradicionais: algumas contas estão agrupadas e, tanto no ativo 
circulante quanto no passivo circulante, temos uma divisão entre financeiro e operacional. 
Caso tenha interesse em iniciar um processo de análise das demonstrações, seja para fins aca-
dêmicos ou profissionais, transcreva o modelo de Balanço Patrimonial em uma planilha eletrô-
nica, de forma padronizada. 
Por sua natureza, algumas contas não se enquadram no conceito de ativos ou 
passivos financeiros ou operacionais, motivo pelo qual são classificadas em um último 
grupo, denominado outras contas, normalmente com pequeno valor (inferior a 10% do 
total do grupo a que pertencem).
No patrimônio líquido, destaca-se a existência de uma conta redutora, denomi-
nada ações em tesouraria. Esse grupo representa as ações que foram adquiridas pela 
própria sociedade e, de acordo com o artigo 30 da Lei n. 6.404/1976, essas aquisições 
somente são permitidas quando ocorrerem as seguintes situações: resgate, reem-
bolso, ou amortização, compra, ou alienação de ações.
As demais contas e grupos possuem estrutura semelhante àquela determinada 
pela legislação societária, exceto em relação aos ajustes a serem efetuados. 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 40
2.2.2 Modelo de DRE 
A Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) é uma demonstração dinâmica 
que define lucros e prejuízosdo período em exercício, com detalhamento a movimen-
tação de receitas, despesas, ganhos e perdas. Assim como o Balanço Patrimonial, a 
DRE também deverá ser padronizada, visando um melhor aproveitamento para fins de 
análise e permitindo a simplificação e a adequação para a finalidade específica do tra-
balho a ser realizado.
A seguir, apresentamos o modelo de DRE padronizada sugerida:
Modelo de DRE padronizada
31/12/20X1 31/12/20X2 31/12/20X3
Receita operacional bruta
Impostos sobre vendas
Devoluções de vendas
Outras deduções da receita bruta
Receita operacional líquida
(–) Custos das vendas
= Lucro bruto
(–) Despesas operacionais
(–) Outras despesas/outras receitas
= Resultado operacional antes 
 do resultado financeiro
(–) Despesas financeiras
(+) Receitas financeiras
= Resultado operacional líquido 
 de despesas financeiras
(–) Imposto de renda e contribuição social
(–) Participações nos lucros
= Lucro líquido do exercício
Na DRE, a sintetização das informações é mais simples, mas algumas diferenças 
entre os modelos tradicionais podem ser observadas.
A primeira delas diz respeito à separação do denominado – resultado financeiro –, 
modelo já adotado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fins de divulgação 
dos resultados das sociedades anônimas de capital aberto.
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 41
Outro aspecto que deve ser destacado em relação a alguns modelos tradicionais 
de análise é a inclusão, nesse modelo, da receita operacional bruta e das deduções da 
receita bruta. Embora as análises utilizem-se dos dados a partir da receita operacio-
nal líquida, é importante relacionar os referidos dados e deixá-los disponíveis, pois os 
usuários e analistas podem, em determinado momento, ter interesse nos aspectos tri-
butários, especialmente aqueles que possam envolver impostos e contribuições sociais 
incidentes sobre vendas em diferentes mercados ou países.
Uma vez realizada a padronização das demonstrações contábeis – e caso haja a 
necessidade de realização de alguns ajustes –, as demonstrações já estariam prontas 
para análise.
Após transcrever o Balanço Patrimonial, sugerimos a transcrição do modelo de Demonstração 
de Resultados do Exercício também em planilha eletrônica para completar o processo de análi-
se das demonstrações de forma padronizada.
2.3 Ajustes tradicionais para padronização e análise
Além da padronização das demonstrações contábeis, também é necessário reali-
zar alguns ajustes, que são úteis devido à natureza da conta para fins de análise. 
Entende-se por natureza da conta questões que possam estar ligadas à essência 
econômica sobre a forma contábil, que pode ser diversa, uma vez que a contabilidade 
segue padrões, princípios e convenções que podem não ser adequados para uma aná-
lise econômico-financeira.
Uma duplicata descontada poderia ser classificada como uma conta redutora de duplicatas a 
receber no ativo, mas a sua essência econômica é de uma dívida, ou seja, um passivo.
Os ajustes mais comuns a serem realizados antes da padronização e análise das 
demonstrações financeiras serão vistos a seguir.
2.3.1 Ajustes nos ativos 
Para fins de análise, o primeiro ajuste realizado nas contas do ativo diz respeito à 
exclusão das duplicatas descontadas desse grupo e à transferência destas para o passivo 
circulante. A princípio, essa alteração pode parecer estranha. Para que fiquem claros os 
motivos, é importante relembrar, primeiramente, o que são duplicatas descontadas. 
Análise de demonstrAções FinAnceirAs 42
Usualmente, as empresas realizam vendas a prazo. Essas vendas geram duplicatas 
a receber, que podem ter prazos de recebimento variados. Eventualmente, a companhia 
pode precisar antecipar esses recebimentos, no intuito de melhorar o seu fluxo de caixa. 
Assim, a empresa utiliza as suas duplicatas a receber para, em negociação com uma 
instituição financeira, antecipar os recebimentos mediante uma operação de crédito com 
cobrança de juros, na qual as duplicatas ficam em garantia dos recursos recebidos. 
Por exemplo, uma empresa tem R$ 100.000,00 em duplicatas a receber em 30 
dias, mas precisa de dinheiro hoje para honrar alguns compromissos. O administrador 
da empresa vai ao banco e realiza a antecipação de R$ 97.000,00, creditados em conta 
corrente, com a cobrança de R$ 3.000,00 a título de juros, ficando vinculados com as 
duplicatas, que são oferecidas em garantia. 
No caso de inadimplência, a instituição financeira realizará o débito do valor da 
duplicata na conta corrente da empresa. Se ela paga a duplicata, o dinheiro fica com o 
banco, que apenas comunica o recebimento para fins de baixa contábil.
Na contabilidade tradicional, as duplica-
tas descontadas eram classificadas como contas 
redutoras do ativo circulante – duplicatas a rece-
ber (ou clientes), procedimento esse que ainda 
vem sendo realizado por diversas empresas. 
Entretanto, desde a edição das novas normas 
contábeis e de acordo com as determinações 
do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a 
contabilização das duplicatas descontadas deve ser efetivada como passivo circulante, 
dada a sua natureza de financiamento. 
Dessa forma, caso existam duplicatas descontadas como conta redutora do ativo 
circulante (duplicatas a receber), elas devem ser reclassificadas como passivo circulante.
Para alguns autores, como Marion (2010), os analistas mais conservadores usual-
mente classificam as despesas do exercício seguinte como uma redução do patrimônio 
líquido, deduzindo das contas referentes aos lucros. Isso ocorre em virtude de que, ao 
contrário dos demais ativos circulantes, as despesas do exercício seguinte (ou despesas 
antecipadas) nunca se transformarão em dinheiro, mas, em virtude do regime de com-
petência, têm sua apropriação nesse grupo. 
O exemplo mais comum de contas encontradas no grupo de despesas do exer-
cício seguinte são as despesas com seguro. As empresas contratam o seguro pelo 
período de 12 meses em um determinado mês do ano. Entretanto, ao chegar ao final 
do exercício, há um saldo de despesas que não foram incorridas pelo princípio da com-
petência, mas que devem ser apropriadas no ano seguinte. Dessa forma, como nunca 
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Análise de demonstrAções FinAnceirAs 43
serão transformadas em dinheiro, recomenda-se a sua dedução dos valores dos lucros 
no patrimônio líquido.
Além desses ajustes, há alguns outros itens que merecem atenção por afetar 
os ativos de forma indireta, como a utilização de taxas de depreciação muito reduzi-
das em relação ao ramo de atividade da empresa e os ativos que se apresentam para 
ser depreciados, que podem provocar uma superavaliação, bem como a existência de 
estoques obsoletos ou de difícil comercialização integrando o ativo circulante. 
Nesses casos, de acordo com a situação, o analista pode ajustar os valores dos 
itens patrimoniais para os padrões considerados aceitáveis ao ramo de atividade ou, 
ainda, solicitar esclarecimentos à entidade, para que ela justifique a manutenção des-
ses ativos com esses valores. 
Outra situação que deve ser observada 
é a existência de participações relevantes em 
outras sociedades, classificadas no subgrupo 
investimentos, no ativo não circulante, que 
estejam em processo de falência ou com dúvi-
das claras a respeito de sua continuidade. As 
normas contábeis determinam que quando 
as perdas forem consideradas como perma-
nentes, deve ser constituída provisão para reduzir a valor justo os investimentos, o que 
poderia ser “esquecido” por alguma empresa. Essa medida traria dois impactos para 
fins de utilização dessas demonstrações: uma superavaliação dos ativos não circulan-
tes e um aumento no patrimônio líquido, pois a provisão iria reduzir o lucro do exercí-
cio no qual foi apropriada.
Da mesma forma, a manutenção de ativos contingentes, como prováveis ganhos 
em ações judiciais, devem ser analisados e, se estiverem reconhecidos nas demonstra-
ções contábeis, excluídos,

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