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Nota de Aula- Direito Civil-Obrigações 2

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Universidade Federal do Ceará.
Faculdade de Direito
Departamento de Direito Privado.
Disciplina: Direito Civil II - Obrigações.
Professor: William Paiva Marques Júnior. 
Nota de Aula No.: 2. 
Das Modalidades de Obrigações (Arts. 233 a 285 CCB/2002):
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR:
Nas obrigações de dar compromete-se o devedor a entregar alguma coisa, que pode ser, todavia, certa ou incerta, específica ou genérica. 
A clássica divisão tricotômica das obrigações em obrigações de dar, fazer e não fazer é fundada no critério atinente ao objeto da prestação.
Todas as obrigações, sem exceção, que venham a se constituir na vida jurídica, compreenderão sempre alguma dessas condutas, que resumem o invariável objeto da prestação: dar, fazer ou não fazer. Nenhum vínculo obrigacional poderá subtrair-se a essa classificação, embora a prestação possa apresentar-se sob facetas complexas.
Em considerações prévias acerca das obrigações de dar, preleciona Paulo Nader� que esta modalidade corresponde, em termos gerais, à entrega de coisa móvel ou imóvel ao creditor, possui importância fundamental em nosso ordenamento jurídico, uma vez que o domínio se transmite pela tradição e não pela declaração de vontade, conforme outros sistemas jurídicos. A tradição se opera, em se tratando de bem móvel, com a entrega efetiva do bem e, em relação aos imóveis, pelo registro do título de aquisição em Cartório de Registro de Imóveis. Assim, se o devedor deixa de cumprir o contrato, não entregando a coisa que se obrigou, mas transferindo-a para outrem, o credor não terá qualquer ação contra o adquirente, uma vez que não é o titular de um direito real, mas pessoal. Poderá, sim, exigir o cumprimento das penalidades previstas no contrato. 
Das Obrigações de Dar Coisa Certa:
Consiste no vínculo jurídico pelo qual o devedor fica adstrito a fornecer ao credor determinado bem, perfeitamente individuado, que tanto pode ser móvel como imóvel. A coisa certa há de constar de objeto preciso, que se possa distinguir, por seus característicos próprios, de outros da mesma espécie, a ser entregue pelo devedor ao credor, no tempo e pelo motivo devidos. 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
É uma decorrência do princípio geral de direito, universalmente aplicado, segundo o qual o acessório segue a sorte do seu principal (acessorium sequitur suum principale). Principal é o bem que tem existência própria, que existe por si só. Acessório é aquele cuja existência depende do principal (Art. 92 do CCB/2002). 
Nada obsta que se convencione o contrário. No silêncio do contrato quanto a esse aspecto, a venda de um terreno com árvores frutíferas inclui os frutos pendentes; a alienação de um imóvel inclui os frutos pendentes; a alienação de um imóvel inclui, como acessórios, os melhoramentos ou benfeitoras realizados, bem como os ônus dos impostos; a de um veículo abrange os acessórios colocados pelo vendedor, etc.
Pode o contrário resultar não só de convenção, como de circunstâncias do caso. Por exemplo: embora o alienante responda pelos vícios redibitórios, certas circunstâncias podem excluir tal responsabilidade, como o conhecimento do vício por parte do adquirente.
O princípio de que o acessório segue a sorte do seu principal aplica-se somente às partes integrantes (frutos, produtos e benfeitorias), mas não às pertenças, que não constituem partes integrantes e se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro (arts. 93 e 94 do CCB/2.002�). 
Desse modo, mesmo inexistindo disposição em contrário, as pertenças, como o mobiliário, por exemplo, não acompanham o imóvel alienado ou desapropriado.
Na grande classe dos bens acessórios compreendem-se os produtos e os frutos (art. 95 do CCB/2.002�). Produtos são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das minas. Distinguem-se dos frutos porque a colheita destes não diminui o valor nem a substância da fonte, e a daqueles sim.
Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte, como os cereais, as frutas das árvores, etc. Dividem-se quanto à origem, em naturais, industriais e civis. Naturais são os que se desenvolvem e se renovam periodicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza, como as frutas das árvores, as crias dos animais, etc. Industriais são os que aparecem pela mão do homem, isto é, que surgem em razão da atuação do homem sobre a natureza, como a produção de uma fábrica. Civis são os rendimentos pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário, como os juros e os aluguéis. 
Quanto ao estado, os frutos classificam-se em pendentes, enquanto unidos à coisa que os produziu; percebidos ou colhidos, depois de separados; estantes; os separados e armazenados ou acondicionados para venda; percipiendos, os que deviam ser, mas não foram colhidos ou percebidos; e consumidos, os que não existem mais porque foram utilizados.
Também se consideram acessórias todas as benfeitorias, qualquer que seja o seu valor. O CCB/2.002, no seu art. 96�, considera necessárias as benfeitorias que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore; úteis, as que aumentam ou facilitam o uso do bem (acréscimo de um banheiro ou uma garagem à casa, por exemplo); e voluptuárias as de mero deleite ou recreio (jardins, mirantes, lustres, fontes, cascatas artificiais), que não aumentem o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. 
Outros exemplos estão presentes nos seguintes casos: se o credor cede a outrem o crédito, transfere-lhe também todas as ações, garantias, privilégios e documentos comprobatórios (art. 287 do CCB/2.002�). Quem aliena um imóvel transmite simultaneamente, como acessório, o ônus do imposto, além das servidões existentes e o direito de cobrar do inquilino aluguéis em atraso. Identicamente, estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos o direito real de usufruto (art. 1.392 do CCB/2.002�). 
Aplicável é a regra do art. 233 do CCB/2.002, ainda que esses acessórios tenham sido temporariamente separados, mas devam integrar novamente a coisa principal, a ser entregue ao credor.
Questionado dispositivo só deixará de ser aplicado em duas hipóteses: a de expressa declaração em contrário no título da obrigação e a de exclusão resultante de circunstâncias evidentes. Por exemplo: efetuando a entrega da coisa vendida, o alienante assume acessoriamente obrigação de responder pela evicção (art. 447 do CCB/2.002�). Podem as partes, entretanto, por cláusula expressa, excluir a garantia (pactum de non praestanda evictione). O vendedor responde, outrossim, nas mesmas condições pelos vícios redibitórios (art. 441 do CCB/2.002�). Todavia, circunstâncias evidentes do ato jurídico podem excluir tal responsabilidade, como o conhecimento do vício por parte do adquirente. Por igual, não ocorrerá a obrigação mencionada no art. 233 do CCB/2.002 se se tratar de acrescido que consista numa obrigação autônoma. Assim, exemplificativamente, a obrigação de entregar certo prédio não induz a de transferir aparelho telefônico nela instalado. 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Em caso de perecimento (perda total) de coisa antes da tradição, é preciso verificar, primeiramente, se o fato decorreu ou não de culpa do devedor. Sem culpa do devedor aplicar-se-á o disposto no art. 234 do CCB/2.002.
Segundo Paulo Nader� a perda da coisa, para os efeitos previstos no art. 234 e seguintes do Código Civil,é passível de ocorrer de variadas formas: a) por destruição, como na hipótese de desabamento de uma casa (interitus rei); b) por deterioração da coisa, quando esta perde as qualidades necessárias ao seu aproveitamento; c) quando se encontrar em local inacessível, como no fundo do mar; d) com a chamada confusão, que se dá quando um corpo líquido se une a outro, com perda da autonomia; e) com a comistão, fenômenos análogo à confusão, relativo à união de coisas sólidas; f) com o simples desaparecimento; g ) quando a coisa for colocada fora do comércio (“res extra commercium”). 
Para o STJ o usufruto é um exemplo de bem fora do comércio, excetuando a possibilidade de sua alienação unicamente para o nu-proprietário:
“RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO. FRAUDE À EXECUÇÃO. RENÚNCIA DE USUFRUTO. 1. Pretende a recorrente o reconhecimento da fraude à execução da renúncia do usufruto efetuada pelo sócio-gerente em benefício dos nu-proprietários de imóvel dado em usufruto antes da ocorrência do fato gerador. 2. Para a constatação da fraude, mostra-se necessária a discussão acerca da possibilidade de incidir penhora sobre o usufruto, como pretende a exequente. 3. O usufruto é um bem fora do comércio, excetuando a possibilidade de sua alienação unicamente para o nu-proprietário. Desse modo, não existe motivo para se pretender o reconhecimento de que a renúncia do usufruto efetuada pelo executados poderia constituir fraude à execução, em virtude da impossibilidade de penhorar-se esse direito real. Precedente: REsp 242.031/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 29.3.2004. 4. Recurso especial desprovido”. (REsp 1095644 / SP, Relatora: Min. Denise Arruda, julgamento: 04/08/2009. Fonte: DJe 24/08/2009). 
O devedor, obrigado a entregar a coisa, deve conservá-la com todo zelo e diligência. Se, no entanto, ela se perde, sem culpa sua (destruída por um raio, por exemplo), antes da tradição (entrega do bem), ou pendente a condição suspensiva, a solução da lei é esta: resolve-se, isto é, extingue-se a obrigação para ambas as partes, que voltam à primitiva situação (status quo ante). Se o vendedor já recebeu o preço da coisa, deve devolvê-lo ao adquirente, em virtude da resolução do contrato, sofrendo, por conseguinte, o prejuízo decorrente do perecimento. Não está obrigado, porém, a pagar perdas e danos. 
Se o perecimento ocorreu pendente de condição suspensiva (aprovação em concurso público, vencimento de uma disputa, casamento, por exemplo), não se terá adquirido o direito que o ato visa (art. 125 do CCB/2.002�), e o devedor suportará o risco da coisa.
Quem sofre o prejuízo, pois, na obrigação de entregar, que emerge de uma compra e venda, por exemplo, havendo perecimento da coisa, sem culpa, é o próprio alienante, pois continua sendo o proprietário até a tradição (res perit domino). O princípio é reiterado no art. 492 do CCB/2.002: “Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador. § 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. §2o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados”. 
Havendo perecimento da coisa com culpa do devedor, outra é a solução. A culpa acarreta a responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos. Neste caso, tem o credor direito a receber o seu equivalente em dinheiro, mais as perdas e danos comprovadas. Tal é a situação exposta na parte final do art. 234 do CCB/2.002. Quando a lei se refere ao termo “equivalente”, quer mencionar o equivalente em dinheiro. Deve o credor entregar ao devedor não outro objeto semelhante, mas o equivalente em dinheiro, que corresponde ao valor do objeto perecido, mais as perdas e danos, que denotarão o prejuízo invocado. 
As perdas e danos compreendem o dano emergente e o lucro cessante, ou seja, além do que o credor efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar (art. 402 do CCB/2.002�). Devem cobrir, pois, todo o prejuízo experimentado e comprovado pela vítima. 
Cabe, assim ao devedor, antes da entrega, obrigação geral de diligência e prudência: velar pela conservação da coisa, defendê-la contra os ataques de terceiro, lançando mão, se preciso, dos meios judiciais apropriados. 
Esquematizando o art. 234 do CCB/2.002 tem-se que estão distinguidas duas situações, a serem examinadas separadamente: (a) perde-se a coisa, antes da tradição, sem culpa do devedor; (b) perde-se a coisa, antes da tradição, por culpa do devedor. 
No primeiro caso resolve-se a obrigação para ambas as partes.
Se houve, porém, tradição e se em seguida a esta a coisa perece, o risco é suportado pelo comprador. Assim, não há como eximir-se à responsabilidade se a mercadoria que adquiriu se incendeia, por exemplo, em seu poder. Com a entrega, o vendedor ficou a coberto de todo o risco. 
Posta a coisa à disposição do adquirente, por conta deste correm os riscos, salvo se houve fraude ou negligência do vendedor. Indubitável será, no entanto, a responsabilidade do comprador se estava em mora de receber a coisa adquirida, consoante vaticina o art. 492, §2º- do CCB/2.002. É a perpetuatio obligationis, a suportação dos riscos pelo devedor moroso. 
No segundo caso, em que a perda se deve à culpa do devedor, a solução será diametralmente oposta, respondendo ele pelo equivalente, mais perdas e danos. A responsabilidade decorre do art. 186, combinado com o 392, ambos do CCB/2.002. A culpa, a que se refere o texto, é lato sensu, abrangendo a culpa propriamente dita e o dolo. 
Uma vez que se impossibilitou a entrega da coisa certa, pela perda de sua identidade real, urge a entrega ao credor de entidade econômica equivalente, expressa em dinheiro, que é o denominado comum de todos os valores, mais perdas e danos (art. 947 do CCB/2.002�).
Responder pelo equivalente significa responder pelo valor venal, pelo valor que a coisa tinha no momento em que pereceu, ou perdeu, ou no momento da constituição em mora.
Se a relação obrigacional diz respeito à coisa móvel, que deva ser entregue no lugar em que se acha, cumpre ao devedor, para não incorrer em mora e continuar assim responsável pela obrigação contraída, citar o credor pra vir, ou mandar recebê-la, sob pena de ser judicialmente consignada (arts. 335 c/c 341 do CCB/2.002�). Efetuado o depósito, cessam para o depositante os riscos, salvo se julgado improcedente.
Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastam o vendedor (art. 494 do CCB/2.002�). 
Na aplicação do art. 234 do Código Civil, decidiu o STJ caso o devedor de obrigação alternativa que grava com ônus reais imóvel que era objeto de possível escolha pelo credor, sem adverti-lo de tal hipótese, torna viciosa escolha, mormente quando não honrar a obrigação com credor hipotecário que, posteriormente, vem a executar a garantia, dessa forma concentrada a obrigação em prestação inexigível por culpa do devedor, terá o credor o direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra: 
“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA. ESCOLHA DO CREDOR. INEXEQUIBILIDADE DA PRESTAÇÃO ESCOLHIDA. INCIDÊNCIA DAS DISPOSIÇÕES DO ARTIGO 255 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. Nas obrigações alternativas a escolha é a concentração da obrigação na prestação indicada, momento no qual torna-se simples, pelo que, apenas a escolhida poderá ser reclamada. 2. Segundo dispõe o artigo 255 do Código Civil, se a escolha couber ao credor e uma das prestações houver perecido, pode escolher a outra ou optar pelo valor da perdida mais perdas e danos. 3. Devedor de obrigação alternativa quegrava com ônus reais imóvel que era objeto de possível escolha pelo credor, sem adverti-lo de tal hipótese, torna viciosa escolha, mormente quando não honrar a obrigação com credor hipotecário que, posteriormente, vem a executar a garantia. Assim, concentrada a obrigação em prestação inexigível por culpa do devedor, terá o credor o direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra. 4. Recurso especial conhecido e provido”. (REsp 1074323 / SP, Relator: Min. João Otávio de Noronha, julgamento: 22/06/2011. Fonte: DJe 28/10/2010).
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Em caso de deterioração ou perda parcial da coisa também importa saber, preliminarmente, se houve culpa ou não do devedor. Não havendo culpa, poderá o credor optar por resolver a obrigação, por não lhe interessar receber o bem danificado, voltando as partes, neste caso, ao estado anterior; ou aceitá-lo no estado em que se acha, com abatimento do preço, proporcional à perda.
Havendo culpa pela deterioração, as alternativas deixadas ao credor são as mesmas do supratranscrito art. 235 do CCB/2002 (resolver a obrigação, exigindo o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa, com abatimento), mas com direito, em qualquer caso, à indenização das perdas e danos comprovados. 
A deterioração da coisa vem a ser a degradação física, a diminuição material do valor respectivo. Realmente, se a coisa se deteriora, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação ou aceitar a coisa, abatido ao seu preço o valor que perdeu.
Danificando-se a coisa, deixa ela de ser idêntica à que fora inicialmente objetivada na obrigação. Em tal conjuntura, reserva a lei ao credor a alternativa seguinte: dar como resolvida a obrigação, ou aceitar a coisa deteriorada, deduzido o valor da depreciação sofrida. Por conseguinte, num contrato de compra e venda, por exemplo, se a coisa vendida experimenta deterioração da metade de seu valor, o adquirente não se acha obrigado senão pela metade do preço, se não optar pela resolução. Constrangê-lo a aceitar a coisa, malgrado a depreciação sofrida, seria violar o princípio de justiça, em que o contrato se baseia, coagindo-o a receber coisa diversa da que havia sido ajustada, além de quebrar o equilíbrio das prestações, que deve existir nos contratos comutativos, em relação a ambos os contratantes.
Idêntica é a conclusão no caso de impossibilidade parcial na entrega da coisa, cumprindo acrescentar que no direito alemão não existe aquela alternativa, garantindo-se apenas ao credor redução do valor, mas não a resolução do ato jurídico (art. 323), enquanto no vigente direito italiano (art. 1.464�), como na legislação brasileira, prevalece a opção, porém a redibição só será possível se o credor não tiver interesse apreciável na execução parcial.
Todas essas disposições são da maior significação, sobretudo em matéria de compra e venda (art. 492 do CCB/2.002�), locação de coisas (art. 567�) e empreitada (art. 611�). 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
Trata-se de preceito simétrico ao estabelecido para o caso de perda, anteriormente analisado.
Observa-se, assim, que, no geral, sem culpa, resolve-se a obrigação, sendo as partes repostas ao estado anterior, sem perdas e danos. Havendo culpa, estes são devidos, respondendo o culpado, ainda, pelo equivalente em dinheiro da coisa. 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
Em tais condições, se a coisa, em vez de deteriorar-se, como foi exposto precedentemente, obtém aumento de valor, mercê de acréscimos e outros melhoramentos, beneficiar-se-á a parte que lhe suportava os riscos. 
O mesmo acontece em todos os casos em que a coisa se desdobre ou dilate. Suponha-se, exemplificativamente, que o objeto da obrigação seja um animal que depois venha a ter cria. Se o devedor se obrigou a entregar o semovente A, não pode ser obrigado a entregá-lo com o respectivo produto. Ao devedor, assiste, nesse caso, direito de exigir aumento do preço, pelo acréscimo que teve a coisa. Caso o credor não deseje anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
Para Carlos Roberto Gonçalves�; “A obrigação de restituir é subespécie da obrigação de dar. Caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono. Tal modalidade impõe àquele a necessidade de devolver a coisa que, em razão de estipulação contratual, encontra-se legitimamente em seu poder. É o que sucede, por exemplo com o comodatário, o depositário, o locatário, o credor pignoratício e outros, que devem restituir ao proprietário, nos prazos ajustados, ou no da notificação quando a avença for celebrada por prazo indeterminado, a coisa que se encontra em seu poder por força de vínculo obrigacional”. 
Em inúmeras figuras contratuais e na própria lei civil são identificadas obrigações de restituir, como, por exemplo, as de devolução ou restituição de sinal pago (arts. 417 e 420 do CCB/2.002�), coisa achada (art. 1.233 do CCB/2.002�), recebimento de dívida ainda não vencida em detrimento de outros credores quirografários (art. 162 do CCB/2.002�), bens que se encontram na posse de herdeiros da pessoa declarada ausente e que aparece (art. 36�), frutos pendentes ao tempo em que cessa a boa-fé do possuidor (art. 1.214, parágrafo único�), bens dados em penhor (art. 1.435, inciso IV�), frutos e rendimentos percebidos pelo indigno (art. 1.817, parágrafo único�), bens sonegados (art. 1.992 do CCB/2.002�), etc. 
A obrigação de restituir distingue-se da de dar propriamente dita. Esta destina-se a transferir o domínio, que se encontra com o devedor na qualidade de proprietário (o vendedor, no contrato de compra e venda). Naquela a coisa se acha com o devedor pare seu uso, mas pertence ao credor, titular do direito real.
Essa diferença vai repercutir na questão dos riscos a que a coisa está sujeita, pois se se perder, sem culpa do devedor, prejudicado será o credor, na condição de dono, segundo a regra res perit domino. 
Na obrigação de restituir coisa certa, a prestação consiste no ato de devolver determinado objeto, cuja propriedade já era do credor, por título anterior ao ato gerador do vínculo obrigacional. 
Ao comentar o art. 238 do CCB/2.002, assim vaticina Washington de Barros Monteiro�: “Percebe-se claramente a diversidade de tratamento em confronto com a obrigação de dar coisa certa. Nesta, como já se viu, se se verifica a perda, antes da tradição, corre o prejuízo por conta do devedor; naquela, comprovada a perda, quem sofre o prejuízo é o credor. Explica-se facilmente essa diferença de tratamento, aliás inspirada no mesmo princípio: na obrigação de dar coisa certa, antes da tradição, o objeto pertence ainda ao devedor; se ele perece, sofre o prejuízo o respectivo dono. Na obrigação de restituir, a coisa pertence ao credor; se esta se perde, antes da tradição, sem culpa do devedor, cabe também ao credor, como dono, suportar o conseqüente prejuízo. Res perit domino é sempre a regra, quer para uma, quer para outra modalidade de obrigação.”
Na obrigação de restituir coisa certa ao credor, prejudicado será o credor: se o animal, objeto de comodato, por exemplo, não puder ser restituído, por ter perecido devido a um raio, resolve-a a obrigação do comodatário, que não terá de pagar perdas e danos, exceto se estiver em mora,quando então responderá pela impossibilidade da prestação mesmo que esta decorra de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso (art. 399 CCB/2002�).
Sobre o art. 238 do Código Civil decidiu o STJ que o furto do bem objeto de contrato de alienação fiduciária em garantia não exclui a obrigação do devedor de satisfazer o crédito residual reconhecido pelo Juízo nem de se submeter à execução de título judicial promovida pelo credor:
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - OBJETO FURTADO - IMPOSSIBILIDADE DE PRISÃO CIVIL - RECONHECIMENTO DO CRÉDITO - EXECUÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS – JULGAMENTO ULTRA PETITA - NÃO OCORRÊNCIA - PRETENSÃO DE IRRESPONSABILIDADE DO DEVEDOR - INVIABILIDADE. I - Os embargos de declaração são espécie de recurso destinado a esclarecer o real sentido da decisão embargada, por eiva de obscuridade, contradição ou omissão (artigo 535 do CPC), hipóteses inexistentes no Acórdão recorrido. II - O furto do bem objeto de contrato de alienação fiduciária em garantia não exclui a obrigação do devedor de satisfazer o crédito residual reconhecido pelo Juízo nem de se submeter à execução de título judicial promovida pelo credor. III - As circunstâncias do caso concreto permitem afirmar não ter havido julgamento ultra petita pelo Tribunal de origem, viabilizando-se a execução do crédito reconhecido pelo Juízo nos próprios autos, prestigiando os princípios da economia, celeridade e efetividade processuais. Agravo regimental improvido”. (AgRg nos EDcl nos EDcl no Ag 972302 / RJ, Relator: Min. Sidnei Beneti, julgamento: 21/08/2008). 
Suportará a perda, assim, no exemplo dado, o comodante, na qualidade de proprietário da coisa, ressalvados os seus direitos até o dia da perda (art. 238, parte final). Por conseguinte, se a coisa emprestada, por exemplo gerou frutos naturais ou civis (como os aluguéis), sem despesa ou trabalho do comodatário, terá aquele direito sobre eles (art. 241 do CCB/2.002: “Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização”). 
Sobre as obrigações de restituir averba Maria Helena Diniz�: não têm por escopo transferência de propriedade, destinando-se apenas a proporcionar o uso, a fruição ou posse direta da coisa, temporariamente. A obrigação de restituir caracteriza-se por envolver uma devolução, como, por exemplo, a que incide sobre o locatário, o mutuário, o comodatário�, o depositário, o mandatário, uma vez findo o contrato, dado que o devedor deverá devolver coisa a que o credor já tem o direito de propriedade por título anterior à relação obrigacional. O devedor, por haver recebido coisa alheia, encontra-se adstrito a devolvê-la, pois o credor é proprietário do bem, já que houve apenas uma cessão da posse da coisa ao devedor. Assim, se este, vencido o prazo, não a devolver ao credor, cometerá esbulho, competindo ao titular da posse a ação de reintegração, enquanto pela Lei do Inquilinato (Lei No.: 8.245/1991, arts. 59 a 66) o proprietário pode valer-se da ação de despejo, para obter a desocupação. 
O descumprimento de obrigação de restituir pode vir a repercutir na esfera criminal caso a situação se amolde ao tipo penal da Apropriação Indébita (Art. 168 do Código Penal�). 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
A obrigação de restituir importa a de conservar a coisa e zelar por ela. Deixando de fazê-lo, o devedor sofre as consequências da sua culpa: deve ressarcir o mais completamente possível a diminuição causada ao patrimônio do credor, mediante o pagamento do equivalente em dinheiro do bem perecido, mais as perdas e danos.
A regra tem o escopo ético, sempre presente no Novo Código, de reprimir a culpa e a má-fé, como se pode verificar, por exemplo, na repressão à sonegação de bens no inventário, prevista no art. 1.995, in verbis: “Art. 1.995. Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder, pagará ele a importância dos valores que ocultou, mais as perdas e danos.”
Se a coisa se perder, todavia, por culpa do devedor, vigorará o disposto no art. 236 do CCB/2.002, isto é, responderá ele pelo equivalente, mais perdas e danos (art. 239). Outro exemplo é extraído do art. 583 do CCB/2.002: “Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.”
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho� comentam o art. 239 do CCB/2002: 
“Se, todavia, a coisa restituível apenas se deteriora, a solução da lei é no sentido de se aplicar a mesma regra citada (art. 239), ou seja, a imposição ao devedor de responder pelo equivalente (valor do objeto) mais perdas e danos. Nada impede, todavia, a despeito de o Novo Código Civil ser silente a respeito, que o credor de coisa restituível, deteriorada por culpa do devedor, opte por ficar com a coisa, no estado em que se encontre, com direito a reclamar a indenização pelas perdas e danos correspondentes à deterioração. Esta, aliás, era a solução do Código revogado (art. 871 c/c o art. 867)”. 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
A título de ilustração pode ser apontada a hipótese prevista no art. 1.435, inciso I do CCB/2.002: “Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado: I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade;II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória;III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente;IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida; V- a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433”.
O devedor realmente estava obrigado a restituir a coisa tal qual a recebeu; se esta se deteriorou, sem culpa sua, não pode ser ele responsabilizado pelo prejuízo, sofrido exclusivamente pelo dono, isto é, pelo credor. Nenhum motivo, jurídico ou moral, poderia ditar solução diferente. 
Mas, causada a deterioração por culpa do devedor, que omitiu, por exemplo, o dever de custodiar, cabe-lhe suportar as consequências de sua desídia; assiste então ao credor o direito de exigir o equivalente, podendo optar, todavia, pelo recebimento da coisa, no estado em que se achar, acrescido das perdas e danos, num e noutro caso. 
Mais uma vez, a solução é dada pela regra res perit domino. Se a coisa se danificar (perda parcial) sem culpa do devedor (em razão do fortuito e da força maior, por exemplo), suportará o prejuízo o credor, na qualidade de proprietário.
No entanto, havendo culpa do devedor na deterioração, responderá o devedor pelo equivalente, mais perdas e danos, consoante vaticina o art. 239 do CCB/2.002.
O Código Civil de 1.916 mandava aplicar, neste caso, a mesma regra prevista para a hipótese de deterioração da coisa por culpa do devedor na obrigação de entregar coisa certa, ou seja, facultava ao credor aceitá-la no estado em que se achava, mais perdas e danos, em lugar de existir o equivalente e as perdas e danos.
O Código Civil de 2002 omitiu-se a este respeito, entendendo o legislador ser dispensável a menção expressa a essa possibilidade, porque o proprietário sempre tem o direito de exigir a restituição, em face do que recebeu por força de um contrato, da coisa que lhe pertence, esteja em perfeito estado ou danificada (art. 1.228 do CCB/2.002�).E, neste último caso, também lhe assiste o direito de pleitear perdas e danos (art. 389 do CCB/2.002�).
Observa-se, em resumo que o devedor está obrigado a restituir a coisa tal qual recebeu. Se esta se deteriora sem culpa sua, não pode ele ser responsabilizado pelo prejuízo, sofrido exclusivamente pelo dono, isto é, pelo credor. Nenhum motivo, jurídico ou moral, poderia ditar solução diferente.
Ao interpretar de forma conjugada o Art. 240 do CCB/2002 com o Art. 18 do Código de Defesa do Consumidor (CDC)� decidiu o STJ� que a faculdade assegurada no § 1º do art. 18 do Estatuto Consumerista permite que o consumidor opte pela substituição do produto no caso de um dos vícios de qualidade previstos no caput do mesmo dispositivo, entre eles o que diminui o valor do bem, não exigindo que o vício apresentado impeça o uso do produto.
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Inversamente, se a coisa teve melhoramento ou aumento, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor o melhoramento ou aumento, sem pagar indenização. É o caso, por exemplo, do art. 1.435, inciso IV, bem como do art. 629 do CCB/2.002�. A obrigação diz respeito, por exemplo, a certo eletrodoméstico; se este se valoriza, quem lucra é o credor, porque o maior valor não depende absolutamente de qualquer trabalho ou atividade do devedor. 
Acerca do presente dispositivo, colaciona-se o exemplo de Fabrício Zamprogna Matiello�: “É o que se dá, por exemplo, no caso de acréscimo em imóvel resultante do desprendimento violento em partes de outro imóvel situado na margem oposta do rio ou lago, fenômeno denominado de avulsão, uma das chamadas acessões naturais.” 
Averba Sílvio de Salvo Venosa� que, como a coisa pertence já ao credor, antes mesmo do nascimento da relação obrigacional, aumentando de valor, lucrará o credor, uma vez que para o acréscimo não concorreu o devedor. É o caso, por exemplo, do empréstimo de um objeto de ouro. Se durante o empréstimo o ouro sofrer grande valorização, a vantagem é do credor. 
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Por outras palavras, o melhoramento ou aumento, oriundo de trabalho, ou dispêndio do devedor, equipara-se às benfeitorias, para efeito de seu ressarcimento pelo credor. Assim, exemplificativamente, a obrigação diz respeito a um automóvel, que vem a ser pintado e reformado pelo devedor; a obrigação consiste em uma tela, emoldurada pelo obrigado. Em ambos os casos, ao receber de volta a coisa, estará o credor adstrito a pagar o melhoramento, ou aumento, adicionado pelo devedor. 
A regra legal ora em comento sofre limitação em matéria de comodato, dispondo o art. 584 do CCB/2.002: “Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada”. Por este motivo, em se tratando de comodato não há possibilidade de exercício do direito de retenção pelas benfeitorias porventura realizadas no imóvel, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça�. 
Contudo, na generalidade dos casos, importa distinguir se o devedor estava de boa ou má-fé. No primeiro caso, estando de boa-fé, tem direito à indenização dos aumentos, ou melhoramentos, necessários e úteis; quanto aos voluptuários, se não for pago do respectivo valor, pode levantá-los, sem detrimento para a coisa (jus tollendi) (art. 1.219 do CCB/2.002: “Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis”.)
Para garantir aquela composição, a lei concede ao devedor de boa fé direito de retenção, por via do qual ele retém a coisa melhorada, ou aumentada, até ser indenizado pelos acréscimos que efetuou. 
O Código de Processo Civil, no art. 744 e §1º-, referia-se expressamente à defesa do executado, mediante embargos de retenção por benfeitorias, cumprindo-lhe, pois, ao deduzi-los, especificar os melhoramentos, ou aumentos, para a respectiva discussão e final decisão pelo juiz. Entretanto, a Lei No.: 11.382/2.006, que alterou o CPC, revogou o referido dispositivo e incluiu o §1º- ao art. 745: “§ 1o  Nos embargos de retenção por benfeitorias, poderá o exequente requerer a compensação de seu valor com o dos frutos ou danos considerados devidos pelo executado, cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos valores, nomear perito, fixando-lhe breve prazo para entrega do laudo”. 
Se o devedor estava de má-fé, só terá direito à indenização dos acréscimos necessários; não lhe assiste, portanto, o direito de ser ressarcido pelos melhoramentos apenas úteis, nem o de levantar os de mero recreio ou deleite (art. 1.220 do CCB/2.002: “Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias”). 
Devido à má-fé, o devedor só recebe o valor do aumento ou melhoramento necessário, levado a efeito para conservação da coisa; quanto ao aumento ou melhoramento apenas útil, bem como ao simplesmente voluptuário, perde-o o devedor em favor do credor, que o recebe gratuitamente, como compensação pelo tempo em que ficou privado da coisa. Retira-lhe, igualmente, o jus retentionis. Acerca da compensação do melhoramento com o dano, vaticina o art. 1.221 do CCB/2.002: “Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem”. 
Por força do disposto no art. 1.222 do CCB/2.002�, também mandado aplicar pelo art. 242 do mesmo Código, o credor obrigado a indenizar o melhoramento, ou aumento, tem direito a optar entre o seu valor atual e o seu custo. O devedor só deve ser ressarcido do que efetivamente despendeu; se gastou apenas cem, não pode pretender o recebimento de maior quantia, ainda que prove valer mais o acréscimo no ato do pagamento. Se vale menos, porém, não seria justo forçar o credor a pagar mais do que realmente passa para seu patrimônio. 
Quanto aos frutos percebidos, o parágrafo único do 242 do CCB/2.002, manda observar o disposto nos arts. 1.214 a 1216 do mesmo Código�. 
Ao comentar a regra insculpida no art. 1.215 do CCB/2.002, vaticina Washington de Barros Monteiro�: “A regra concernente aos naturais e industriais é universalmente aceita; quanto aos civis, porém, divergem as legislações, pois preferem algumas consagrar a percepção efetiva, como no caso dos frutos naturais, enquanto o Código Civil Brasileiro de 2.002 os reputa percebidos dia a dia, à medida que vão sendo produzidos, integrando-se assim no patrimônio do respectivo interessado. O critério seguido pelo nosso legislador é, sem dúvida, mais equânime e prático, tendo em seu apoio a maioria das legislações”. 
O ordenamento jurídico não pode manter-se indiferente ao milenar princípio que condena o enriquecimento ilícito. Aí está a razão de existir do disposto no art. 1.216 segundo o qual, depois de determinar a restituição de frutos ao credor, autoriza a dedução das despesas de produção e custeio.
Se a obrigação de restituir tem por objeto determinado prédio, entregue ao devedor para moradia enquanto estiver a serviço do credor, cometerá esbulho se não o devolver, cessadas as funções. 
As obrigações de restituir são, dentre todas as obrigações de dar, as que mais facilmente se prestam ao cumprimento em espécie; excetuada a hipótese de coisa infungível que se tenha perdido, tudo se reduz à sua apreensão judicial, para entrega ao credor. Sobre execuçãopor coisa certa, dispõe o Código de Processo Civil, nos arts. 621 e seguintes. 
De acordo com o exposto por Caio Mário da Silva Pereira� o problema ligado aos efeitos da obligatio dandi é de solução variável em razão da diversidade conceitual dominante em um ou outro sistema jurídico. Reportando-se ao Direito Romano, observa-se que trationibus et usucapionibus non nudis pactis dominia rerum transferuntur, o que em vernáculo significa não ser possível a transmissão dominial das coisas solo consenso. No direito moderno, duas correntes de ideias informam as legislações. De um lado a tradição romana, vigente no sistema brasileiro, como no alemão, segundo a qual a propriedade se não transfere pelo contrato, porém exige, além deste, a tradição para as coisas móveis, ou o registro para os imóveis. De outro lado a sistemática francesa, a que se prendem outros códigos, mesmo modernos como o italiano de 1942, atribuindo ao contrato o efeito translatício do domínio. 
Obrigações de contribuir:
O CCB/2.002, em vários dispositivos, refere-se à obrigação de contribuir, outra modalidade da obrigação de dar. São exemplos: arts. 1.315� e 1.688�, além dos arts. 1.331 a 1.356. Ela nada apresenta, todavia, de particular, regendo-se, assim, pelas disposições legais até agora enunciadas, bem como pelas regras atinentes às obrigações pecuniárias, que examinaremos em seguida. 
- Jurisprudências do STJ acerca das obrigações de restituir:
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já decidiu que a Justiça do Trabalho é competente para processo e julgamento de ação que visa à obrigação de restituir valores devidos a título de contribuições previdenciárias devidas no pagamento das obrigações trabalhistas: “Conflito negativo de competência. Justiça Comum. Justiça do Trabalho. Verbas trabalhistas. Não-recolhimento das contribuições previdenciárias. Restituição. 1. Discute-se nos autos qual Justiça é a competente para processar e julgar ação de indenização movida pelo ex-empregador contra o ex-empregado, objetivando a devolução de valor que teria sido pago a mais pelo autor nos autos de execução de sentença trabalhista. Argumenta-se que o valor que se procura restituir com a presente ação corresponde ao não-abatimento das contribuições previdenciárias devidas no pagamento das obrigações trabalhistas determinadas judicialmente. O pedido está diretamente relacionado, assim, à relação de trabalho estabelecida entre as partes. Competente o Juízo do Trabalho para o julgamento e processamento mormente após o advento da Emenda Constitucional nº 45/04. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo da 9ª Vara do Trabalho de Salvador/BA.” (CC 55.634/BA, Relator: Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgamento: 27/09/2.006).
Para o STJ� o proprietário de imóvel não está obrigado a contribuir para a
associação de moradores quando não é associado.
O mesmo Sodalício, qual seja, o STJ, outrora apresentara como pacificado o entendimento segundo o qual fora passível a prisão civil de depositário infiel daquele que, assumindo a obrigação de restituir, não o faz, apesar de expressamente intimado: “RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DEPOSITÁRIO JUDICIAL. PRISÃO CIVIL. LEGALIDADE, IN CASU. INEXISTÊNCIA DE PROVA NOS AUTOS DE QUE OS BENS OBJETO DA PENHORA FORAM ARRECADADOS PELO JUÍZO FALIMENTAR. PRECEDENTES. 1. É pacífica a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que: a) a infidelidade do depósito de coisas fungíveis não autoriza a prisão civil; b) “é descabida a prisão civil do depositário quando, decretada a falência da empresa, sobrevém a arrecadação do bem pelo síndico” (Súmula 305). 2. No entanto, não há prova nos autos de que os bens objeto da penhora tenham sido arrecadados pelo Juízo Falimentar. A mera juntada de cópias dos autos da ação falimentar não tem força probante para configurar a isenção de responsabilidade, já que não identificados os bens constritos na execução fiscal e arrecadados na citada ação. 3. “O recorrente não se desincumbiu de comprovar que os bens penhorados e colocados sob a sua custódia por força do múnus público de depositário judicial teriam sido arrecadados e vendidos pelo juízo falimentar, circunstância essa que, acaso demonstrada, descaracterizada a condição de depositário do paciente, nos termos da jurisprudência deste Sodalício” (RHC nº 19042/MG, 2ª T., Rel. Min. Castro Meira, DJ 17/05/2006). 4. “É admissível a prisão civil de depositário judicial que, assumindo a obrigação de restituir o bem penhorado, não o faz, a despeito de regularmente intimado. Irrelevante aí a circunstância de tratar-se de bem fungível e consumível. Não comprovação pelo depositário de que, entre os bens arrecadados no Juízo da Falência, estivessem aqueles penhorados anteriormente ao decreto da quebra” (HC nº 30981/PR, 4ª T., Rel. Min. Barros Monteiro, DJ 24/05/2004). 5. “Não é ilegal nem abusiva a decisão judicial que determina a prisão civil do depositário que muda de endereço, sem comunicar ao Juízo da Execução e sem alertá-lo sobre a decretação da falência da empresa por ele representada. Ademais, cumpria ao depositário preconstituir, no pedido de "habeas corpus", a prova inequívoca de que, entre os bens arrecadados no Juízo da Falência, encontrava-se o que fora penhorado antes da decretação da quebra” (RHC nº 10158/SP, 2ª T., Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 15/10/2001). 6. Recurso em Habeas corpus não-provido”. ( RHC 19.574/MG, Relator: Min. José Delgado, julgamento: 29/06/2.006). 
O ponto de mutação neste entendimento adveio com a hermenêutica de forma concatenada da Constituição Federal de 1988 (art. 5º, LXVII e § 2º), com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de S. José da Costa Rica) em seu art. 7º, No.: 07� em relação ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, art. 11. Neste sentido, em 2009 o STF editou a Súmula Vinculante No.: 25 com o seguinte teor: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”, compatível com a hermenêutica oriunda da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Obrigações Pecuniárias:
Esclarece Sílvio de Salvo Venosa� que a obrigação pecuniária é a que tem como objeto certa quantia em dinheiro. Diz-se “pecuniária”, pois etimologicamente o vocábulo refere-se apenas a pecus (gado), porque na Antiguidade os animais desempenhavam papel das trocas, dada sua fácil mobilidade. 
Nos termos vaticinados por Carlos Roberto Gonçalves�: “Obrigação pecuniária é obrigação de entregar dinheiro, ou seja, de solver dívida em dinheiro. É, portanto, espécie particular de obrigação de dar. Tem por objeto uma prestação em dinheiro e não uma coisa.”
Preceitua o art. 315 do CCB/2.002 que: “Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes”, que prevêem a possibilidade de corrigi-lo monetariamente.
O Código Civil, adotou, assim, o princípio do nominalismo, pelo qual se considera como valor da moeda o valor nominal que lhe atribui o Estado, no ato da emissão ou cunhagem. De acordo com o referido princípio, o devedor de uma quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela inflação, ou seja, mesmo que a referida quantidade não seja suficiente para a compra dos mesmos bens que podiam ser adquiridos, quando contraída a obrigação. 
De acordo com Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery�: por moeda corrente, portanto, entende-se a moeda metálica ou o papel de curso forçado ao tempo e no lugar da formação do vínculo obrigacional e do cumprimento da obrigação. 
Acerca do princípio do nominalismo, preleciona Washington de Barros Monteiro�: “O nominalismo (de nomisma, nomos) rege todas as obrigações que tenham por objeto o pagamento de uma soma em dinheiro. Em virtude desse princípio, sustentado outrora por Aristóteles e que, no dizer de Colagrosso, corresponde à exigênciaracional da vida econômica, considera-se como valor da moeda o valor nominal que lhe atribui o Estado, no ato da emissão ou da cunhagem (non ipsa este matéria sed valor impositus). Como pondera Andréa Torrente, o princípio nominalístico refere-se somente às obrigações originariamente pecuniárias, que, desde o instante inicial de sua constituição, tenham por objeto certa quantia em dinheiro. Não abrange assim obrigações cujo objeto originário seja um bem diverso do dinheiro, bem de natureza real, por exemplo, só intervindo a moeda em momento sucessivo e como sucedâneo ou estimação do bem real. Veja-se o exemplo do citado jurista: se me obrigo a entregar um automóvel e não cumpro o prometido, sendo por isso condenado ao ressarcimento do dano, o princípio nominalístico é arredado, porque o dinheiro só entra em jogo num segundo tempo, o da liquidação da obrigação. É ainda o caso do devedor que obrigado está a restituir determinado número de reses e não pode fazê-lo, porque estas não existem mais. Deve então repor o seu valor pela estimação respectiva, que será a do tempo desta, a do instante da avaliação, e não a do tempo da formação do vínculo obrigacional. Certa feita, os jornais publicaram anúncio relativo à venda de uma casa, em que o proprietário pedia por ela mil sacas de café. Fechado o negócio nessa base, o vendedor seria obrigado a receber o pagamento segundo a quantidade prefixada, ainda que o produto experimentasse grande baixa. Vê-se, ad instar dos exemplos apontados, a importância prática do nominalismo, sobretudo em períodos inflacionários de incalculável gravidade, como os que já atravessamos. De acordo com ele, a moeda tem sempre o valor legal outorgado pelo Estado; o valor publice impositus determina o poder aquisitivo da moeda. Essa a sua força liberatória, ainda que, na realidade, declinado haja o valor aquisitivo em relação às utilidades. Se o valor não fosse o legal, mas o de câmbio, ter-se-ia implantado a incerteza em todas as relações jurídicas tendo por objeto prestação pecuniária.” 
A correção monetária, no ordenamento jurídico brasileiro, está sujeita ao princípio da legalidade estrita, constituindo seu primeiro pressuposto a existência de lei formal que a institua. Se o Estado Democrático de Direito adotou o princípio do nominalismo monetário, estabelecendo o valor legal da moeda, é juridicamente inadmissível que esta (moeda) tenha, pari passu, um valor econômico sem autorização legal. Só a lei é o instrumento adequado para instituir a correção monetária.
Uma das formas de combater os efeitos maléficos decorrentes da desvalorização monetária é a adoção da cláusula de escala móvel, pela qual o valor da prestação deve variar segundo os índices do custo de vida. Foi por essa razão que surgiram, no Brasil, os diversos índices de correção monetária, que podiam ser aplicados sem limite temporal, até a edição da Medida Provisória No.: 1.106, de 29 de Agosto de 1.995 (posteriormente convertida na Lei No.: 10.192, de 14/02/2.001), que, pretendendo, desindexar a economia, declarou “nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção monetária de periodicidade inferior a um ano.” (art. 2º-, §1º-).
A escala móvel ou critério de atualização monetária, que decorre de prévia estipulação contratual, ou da lei, não se confunde com a teoria da imprevisão, que poderá ser aplicada pelo juiz quando fatos extraordinários e imprevisíveis tornarem excessivamente oneroso para um dos contratantes o cumprimento do contrato, e recomendarem sua revisão.
A esse propósito veicula o art. 317 do CCB/2.002: “Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação”.
Prescrevem também os arts. 316: “Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas”, e 318, ambos do CCB/2.002: “Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial”. 
A Lei No.: 9.069, de 29 de Junho de 1.995, que dispõe sobre o Plano Real, compatibiliza-se com o Decreto-Lei No.: 857/69, que veda o pagamento em moeda estrangeira, mas estabelece algumas exceções, das quais se destacam a permissão de tal estipulação nos contratos referentes a importação e exportação de mercadorias e naqueles em que o credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior.
Segundo o texto primitivo, lícito era às partes estipular qualquer pagamento em dinheiro mediante certa e determinada espécie de moeda, nacional ou estrangeira. Permitia-se, assim, antigamente, estipulação da chamada cláusula ouro, bem como do pagamento em moeda estrangeira.
Mesmo antes da referida lei formara-se uma orientação jurisprudencial no sentido de permitir estipulações contratuais em moeda estrangeira, devendo, entretanto, ser efetuada a conversão de seu valor para a moeda nacional por ocasião do pagamento ou de sua cobrança. Pacífica a orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça neste sentido, devendo-se advertir que o referido Sodalício, entretanto, prevê que a conversão em moeda nacional deve referir-se à data do efetivo pagamento, senão vejamos: “RECURSO ESPECIAL. CIVIL E COMERCIAL. CONTRATO CELEBRADO EM MOEDA ESTRANGEIRA. ADMISSIBILIDADE DESDE QUE O PAGAMENTO SE EFETIVE PELA CONVERSÃO NA MOEDA NACIONAL. CONVERSÃO. DATA DO PAGAMENTO E NÃO EM DATA ANTERIOR. - É válida, no Brasil, a contratação de pagamento em moeda estrangeira, desde que seja feito pela conversão em moeda nacional. - A jurisprudência do STJ entende que, em se tratando de obrigação constituída em moeda estrangeira, a sua conversão em moeda nacional deve ocorrer na data do efetivo pagamento e não em data pretérita. Recurso especial provido”. ( RESP No.: 680.543/RJ, Relatora: Min. Nancy Andrighi, julgamento: 16/11/2.006). Em sentido convergente, temos: “Processual civil. Agravo no recurso especial. Omissões. Inexistência. Moeda estrangeira. Utilização com índice de atualização monetária do débito. Possibilidade. Prequestionamento. Reexame de prova. - Não há se falar em omissão quando o acórdão recorrido examina integral e fundamentadamente as questões indispensáveis ao deslinde da controvérsia. - O art. 1.º do Decreto-lei 857/69 proíbe estipulação contratual que determine o cumprimento de obrigações pagáveis no território nacional em moeda estrangeira. Todavia, não veda que a moeda estrangeira seja adotada como índice de atualização monetária do valor da dívida. Precedentes. - O prequestionamento dos dispositivos legais tidos por violados constitui requisito específico de admissibilidade do recurso especial. - É vedado o reexame do acervo fático-probatório dos autos em sede de recurso especial. Agravo no recurso especial ao qual se nega provimento”. (AgRg no RESP 442.620/RJ, Relatora: Min. Nancy Andrighi, julgamento: 18/11/2.003). 
Em orientação mais recente, no entanto, o STJ� entendeu que, quando não enquadradas nas exceções legais, as dívidas fixadas em moeda estrangeira deverão, no ato de quitação, ser convertidas para a moeda nacional, com base na cotação da data da contratação, e, a partir daí, atualizadas com base em índice oficial de correção monetária. 
A orientação recente mostra-se mais equitativa na medida em que considera os valores de câmbio na data da realização do contrato de forma a evitar a aplicabilidade da cláusula rebus sic stantibus caso tenha havido brusca alteração no câmbio de moeda estrangeira. 
Distingue-se a dívida em dinheiro da dívida de valor. Na primeira, o objeto da prestação é o próprio dinheiro, como ocorre no contrato de mútuo, em que o tomador do empréstimo obriga-se a devolver, dentro de determinado prazo, a importância levantada. Quando, no entanto, o dinheiro não constitui objeto da prestação, mas apenas representa seu valor, diz-se que a dívida éde valor. 
A obrigação de indenizar, decorrente da prática de um ato ilícito, por exemplo, constitui dívida de valor, porque seu montante deve corresponder ao do bem lesado. Outros exemplos dessa espécie de dívida podem ser mencionados, como o decorrente de desapropriação (o montante em dinheiro atinente à indenização corresponde ao valor da coisa da coisa desapropriada) e a resultante da obrigação alimentar ( cujo valor representa a medida da necessidade do alimentando).
Toda moeda, admitida pela lei como meio de pagamento, tem curso legal no país, não podendo ser recusada. Quando o Código Civil de 1.916 entrou em vigor, o dinheiro brasileiro tinha curso legal, mas não forçado, porque o devedor podia liberar-se pagando em moeda estrangeira. A partir do Decreto No.: 23.501, de 27 de Novembro de 1.933, instaurou-se o curso forçado, não podendo o pagamento ser efetuado em outro padrão monetário, salvo algumas poucas exceções, como consignado no Decreto-Lei No.: 857/69 retromencionado.
Moeda de curso forçado, portanto, é a única admitida pela lei como forma de pagamento no País.
Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes que: “aceitaram os do lugar da execução” (art. 326 do CCB/2.002). Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação, mas, se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida (art. 325 do CCB/2.002�). 
A obrigação de solver dívida em dinheiro abrange também, além das dívidas pecuniárias (que têm por objeto uma prestação em dinheiro) e das dívidas de valor, as dívidas remuneratórias, representadas pelas prestações de juros. 
Os juros constituem, com efeito, remuneração pelo uso do capital alheio, que se expressa por meio do pagamento, ao dono do capital, de quantia proporcional ao seu valor e ao tempo de sua utilização. Pressupõe, portanto, a existência de uma dívida de capital, consistente em dinheiro ou outra coisa fungível. Daí a sua natureza acessória.
		A Lei No.: 6.205, de 29/04/1.975, descaracterizou o salário mínimo como fator de correção monetária. Ademais, não podemos olvidar do disposto no art. 7º-, inciso IV da Carta Política de 1.988, segundo o qual: “Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...)IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”; (grifo nosso). A hermenêutica do Supremo Tribunal Federal acerca da parte final do dispositivo ora em comento é no sentido de vedar a utilização do salário mínimo como índice de correção monetária de indenização fixada em sentença: “Agravo regimental no agravo de instrumento. Civil e Constitucional. Indenização. DPVAT. Lei nº 6.194/74 (redação original). Regulamento do CNSP. Valor obtido no caso concreto. Legislação infraconstitucional. Ofensa reflexa. Fixação da condenação em salários mínimos vigentes à época. Possibilidade. Precedentes. 1. O Tribunal de origem concluiu que o regulamento expedido pelo Conselho Nacional de Seguros Privados contrariou a previsão contida na Lei nº 6.194/74 acerca do valor a ser reembolsado às vítimas de acidentes de trânsito. Divergir desse entendimento demandaria a análise da legislação infraconstitucional, o que é inadmissível em recurso extraordinário. Incidência da Súmula nº 636/STF. 2. Este Tribunal já afirmou, no exame da ADPF nº 95/DF-MC, que o art. 7º, inciso IV, da Carta Magna não vedaria, a priori, a fixação do valor da condenação em múltiplos de salários mínimos para os fins indenizatórios previstos na Lei nº 6.194/74. 3. É firme a jurisprudência desta Corte de que é legítima a utilização do salário mínimo quando se tiver por finalidade apenas a expressão do valor inicial da indenização, o qual, se necessário, será atualizado pelos índices oficiais de correção monetária. 4. Agravo regimental não provido”. (STF- AI 738177 AgR / PR, Relator: Min. Dias Toffoli, julgamento: 19/06/2012). 
		Ressalte-se que em 2008 o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Súmula Vinculante No.: 04 com o seguinte teor: “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial”.
		A obrigação pecuniária (certae pecuniae) deve ser solvida mediante dinheiro de contado. O pagamento só poderá ser efetuado em apólices (federais, estaduais ou municipais) se nisso convier o credor; exige-se o assentimento deste para que o devedor possa substituir dinheiro de contado por títulos, cuja negociabilidade, às vezes, é restrita. O mesmo se pode dizer do pagamento mediante cheque, que não constitui jamais direito para o devedor, porém mera tolerância da parte do credor. Cheque é ordem de pagamento à vista e não pagamento propriamente dito. 
		Pagamento mediante a entrega de títulos de crédito depende igualmente da anuência do credor; a transferência, em tal hipótese, implicará cessão de crédito (art. 358 do CCB/2.002�). Em regra, nesses casos, a dação é pro solvendo e não pro soluto, isto é, em pagamento e não como pagamento, ficando assim, a extinção da obrigação na dependência do efetivo pagamento da prestação prometida, por ocasião do vencimento do título. 
		Várias são, por fim, as disposições legais cuja aplicação é restrita às dívidas em dinheiro ou às obrigações pecuniárias; dentre outras, mencionadas podem ser, como as mais importantes, as dos arts. 407�; 592, inciso II� e 940� do CCB/2.002. 
Sobre a assunção dos riscos da atividade econômica pelo empresário determinou o STJ� que o custo pela disponibilização de pagamento por meio do cartão de crédito é inerente à própria atividade econômica desenvolvida pelo empresário, destinada à obtenção de lucro, em nada referindo-se ao preço de venda do produto final. Imputar mais este custo ao consumidor equivaleria a atribuir a este a divisão de gastos advindos do próprio risco do negócio (de responsabilidade exclusiva do empresário), o que, além de refugir da razoabilidade, destoa dos ditames legais, em especial do sistema protecionista do consumidor.
� NADER, Paulo. Curso de Direito Civil, volume 2: obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 2005, pág. 72.
� Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
� Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
� Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
� Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
� Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos.§1o Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo da restituição. § 2o Se há no prédio em que recai o usufruto florestas ou os recursos minerais a que se refere o art. 1.230, devem o dono e o usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e amaneira de exploração. §3o Se o usufruto recai sobre universalidade ou quota-parte de bens, o usufrutuário tem direito à parte do tesouro achado por outrem, e ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para obter meação em parede, cerca, muro, vala ou valado.
� Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
� Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
� NADER, Paulo. Curso de Direito Civil, volume 2: obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 2005, págs. 77 e 78.
� Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
� Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. 
� Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente.
� Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. (...) Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.
� Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor.
� “Art. 1464 Impossibilità parziale Quando la prestazione di una parte è divenuta solo parzialmente impossibile (1258), l'altra parte ha diritto a una corrispondente riduzione della prestazione da essa dovuta, e può anche recedere dal contratto qualora non abbia un interesse apprezzabile all'adempimento parziale (1181)”. 
� Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador. § 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. §2o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados.
� Art. 567. Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do locatário, a este caberá pedir redução proporcional do aluguel, ou resolver o contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a que se destinava.
� Art. 611. Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se este não estiver em mora de receber. Mas se estiver, por sua conta correrão os riscos.
� GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit, pág. 56. 
� Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal (...)Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
� Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.
� Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
� Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
� Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
� Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado: I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade; II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória; III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente; IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida; V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433.
� Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles.
� Art.1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os deva levar, ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia.
� MONTEIRO, Washington de Barros. Op. cit., pág. 69. 
� Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
� DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 2: teoria geral das obrigações. 27ª- edição. São Paulo: Saraiva, 2012, pág. 90. 
� Neste jaez, confira-se: “CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 535, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. DESCARACTERIZAÇÃO DE COMODATO. REEXAME DE PROVA. VEDAÇÃO. SÚMULA 07 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA RECUSA NA ENTREGA DO IMÓVEL. POSSE PRECÁRIA. ESBULHO QUE JUSTIFICA AÇÃO POSSESSÓRIA. I - Não viola o art. 535, II, a decisão nos embargos declaratórios que, embora de maneira sucinta, se reporte ao acórdão recorrido onde a questão suscitada foi apreciada, não estando o julgador obrigado a fazer alusão a todos os argumentos e dispositivos de lei invocados pelas partes, senão a enfrentar as questões de fato e de direito que realmente interesse ao julgamentoda lide; II - Inviável é a descaracterização do comodato reconhecido pelo acordão de origem, por conta da vedação ao reexame de prova constante na Súmula 07 do Superior Tribunal de Justiça; III - A recusa do comodatário em restituir a coisa após o término do prazo do comodato, mormente quando notificado extrajudicialmente para tanto, implica em esbulho pacífico decorrente da precariedade da posse, podendo o comodante ser reintegrado na mesma através das ações possessórias. IV - A liberalidade e a autonomia da vontade contratual conferida as partes, respeitados os limites da lei e da função social dos contratos, permite a formação de negócios jurídicos mistos, com formas contratuais típicas e atípicas, como o ajuste de "cláusula constituti" em escritura de dação em pagamento com previsão de retrovenda, como condição suspensiva. V - Recurso Especial não conhecido”. (STJ- REsp 302137 / RJ, Relator: Min. Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ/AP), julgamento: 15/09/2009).
� “Apropriação indébita Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão”. 
� GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 2: obrigações. 13ª- edição. Saõ Paulo: Saraiva, 2012, pág. 48.
� Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
� Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
� “Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. § 6° São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam”.
� Veja-se: “RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. VEÍCULO ZERO. VÍCIO DE
QUALIDADE. JULGAMENTO ULTRA PETITA. INEXISTÊNCIA. INTELIGÊNCIA DO ART. 18 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - CDC. OPÇÕES ASSEGURADAS AO CONSUMIDOR. SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO POR OUTRO DA MESMA ESPÉCIE EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE USO. ESCOLHA QUE CABE AO CONSUMIDOR. INEXISTÊNCIA DE PRODUTO SEMELHANTE EM ESTOQUE DADA A PASSAGEM DO TEMPO. INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO ART. 18, § 4º, DO CDC. DANO MORAL. DEFICIÊNCIA DO RECURSO. SÚMULA 284/STF. MATÉRIA CONSTITUCIONAL (CF, ART. 5º, II, V, XXXV E XXXVII). COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO EM PARTE E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO. 1. A sentença, confirmada pelo eg. Tribunal de Justiça, tomou em conta somente os fatos essenciais trazidos pelos litigantes e a prova pericial produzida nos autos, aplicando à situação a norma de direito que entendeu apropriada para solução do litígio, o que afasta a alegação de ter havido julgamento ultra petita. 2. Nos termos do § 1º do art. 18 do Código de Defesa do Consumidor -
CDC, caso o vício de qualidade do produto não seja sanado no prazo de 30 dias, o consumidor poderá, sem apresentar nenhuma justificativa, optar entre as alternativas ali contidas, ou seja: (I) a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; (II) a restituição imediata da quantia
paga; ou (III) o abatimento proporcional do preço. 3. Assim, a faculdade assegurada no § 1º do art. 18 do Estatuto Consumerista permite que o consumidor opte pela substituição do produto no caso de um dos vícios de qualidade previstos no caput do mesmo dispositivo, entre eles o que diminui o valor do bem, não exigindo que o vício apresentado impeça o uso do produto. 4. No presente caso, a substituição do veículo por outro em perfeitas condições de uso foi a alternativa escolhida pelo consumidor. Então, não poderia o Juízo de piso alterar essa escolha, ainda que a pretexto de desonerar o consumidor, sob pena de maltrato ao art. 18, § 1º, do CDC. Precedente. 5. Não havendo outro veículo nas mesmas condições do adquirido pelo autor nos estoques das recorridas, é de se aplicar o disposto no §4º do art. 18 do CDC, que permite a substituição por outro produto de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição da diferença de preço, permanecendo abertas as alternativas dos incisos II e III daquele § 1º. 6. Então, na hipótese, o consumidor dispõe das seguintes alternativas:

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