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Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 306 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE FERRAMENTAS FINANCEIRAS DE GESTÃO PARA UM MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL PRESTADOR DE SERVIÇOS ELÉTRICOS LOCALIZADO EM CAXIAS DO SUL. Giliane de Fátima Camelo 1 Catherine Chiappin Dutra 2 Resumo: As ferramentas de gestão financeira tem se tornado cada vez mais importantes no âmbito das empresas. Assim, com o mercado atual competitivo, os microempreendedores individuais sentem a necessidade de utilizá- las na gestão de suas atividades. Desse modo, as ferramentas financeiras de gestão desempenham um papel indispensável para o fortalecimento e crescimento saudável dos pequenos e microempresários, visto que apresenta uma visão ampla e consistente de modo a detectar falhas e corrigi-los em tempo hábil. O presente estudo tem como objetivo propor a elaboração de ferramentas financeiras de gestão para um Microempreendedor Individual prestador de serviços elétricos localizado em Caxias do Sul. Sendo os específicos: identificar ferramentas utilizadas pelo MEI em estudo, definir ferramentas financeiras que serão propostas e por fim selecionar dados pertinentes às ferramentas que serão elaboradas. Como proposta, elaborou-se duas ferramentas, sendo elas o fluxo de caixa e orçamento de caixa, por serem necessárias no presente momento. Diante disso, desenvolveu-se uma pesquisa de abordagem qualitativa de natureza exploratória e caracterizada pelo estudo de caso. Como principais autores para o embasamento teórico foram utilizados, Frezatti (2011), Gitman (2004) e Hoji (2012). Palavras-chave: Fluxo de Caixa. Orçamento de Caixa. Planejamento Financeiro. 1 INTRODUÇÃO Com o mercado atual competitivo, os microempreendedores individuais sentem a necessidade de utilizar ferramentas financeiras na gestão de suas atividades. Frezatti (2011, p. 28) enfatiza que “um instrumento gerencial é aquele que permite apoiar o processo decisório da organização, de maneira que ela esteja orientada para os resultados pretendidos.” Desse modo, é fundamental controlar as movimentações de ingressos de recursos, bem como desembolsos efetuados em um determinado período, fornecendo informações essenciais e auxiliando o gestor perante tomadas de decisões complexas, refletindo diretamente no caixa da organização. A empresa em estudo não conta com ferramentas financeiras para elaborar as atividades do cotidiano, somente um controle manual, onde são descritas informações sobre os clientes e quitação do débito, consequentemente não obtendo controle financeiro suficiente. Logo, o 1 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade da Serra Gaúcha. 2 Especialista em Administração Estratégica de Serviços. Bacharelado em Ciências Contábeis. Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis/FSG. Professora nos Cursos de Graduação e Pós-graduação na FSG. Endereço eletrônico: Catherine.chiappin@fsg.br. Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 307 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 presente projeto é de grande relevância para auxiliar e contribuir na gestão financeira da empresa, além de ajudar no aprendizado de outras organizações do mesmo porte. Diante dos fatos mencionados, a presente pesquisa busca responder a seguinte questão: quais os aspectos devem ser observados na elaboração de ferramentas financeiras de gestão para um Microempreendedor Individual prestador de serviços elétricos localizado em Caxias do Sul? Nesse sentido, o objetivo geral é propor a elaboração de ferramentas financeiras de gestão para um Microempreendedor Individual prestador de serviços elétricos localizado em Caxias do Sul. Para alcançar o objetivo geral, são necessários os seguintes objetivos específicos: identificar ferramentas utilizadas pelo MEI em estudo, definir ferramentas financeiras que serão propostas e por fim selecionar dados pertinentes às ferramentas que serão elaboradas. Inicialmente, apresenta-se um breve referencial teórico sobre a conceituação de Microempreendedor Individual (MEI) e ferramentas financeiras, sendo as principais fluxo de caixa e orçamento de caixa. Na sequência, aborda-se a metodologia utilizada, sendo uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, tratando-se de um estudo de caso. A análise de dados e proposta de intervenção aponta as observações realizadas e as ferramentas propostas para o MEI em estudo. E por fim, nas considerações finais, realiza-se uma análise sobre toda a pesquisa realizada. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo é abordada a fundamentação teórica, para posteriormente elaborar a proposta de intervenção, aplicada a um MEI prestador de serviços elétricos. Para tanto, apresentam-se conceitos, características, objetivos, benefícios e importância das ferramentas financeiras, com ênfase no fluxo de caixa e orçamento de caixa. Microempreendedor Individual (MEI) Com a crise econômica financeira em 2008 provocada pela queda da bolsa de Nova York, e acompanhada por outros fatores, como por exemplo, a redução de juros e incentivos a compra em determinados setores, com o intuito de estimular a economia, acabou-se agravando a crise internacional. Porém, passado o período da alta procura pela demanda, surgiu a inflação para controlar o mercado, e paralelo a isso a volatilidade do dólar e o encarecimento do crédito, Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 308 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 que prejudicou o setor econômico mundial. Consequentemente, muitas empresas sentiram os impactos da crise em seus negócios, e com isso, precisaram recorrer a medidas emergentes, como decretar o encerramento das atividades, e/ou, para garantir-se no mercado econômico, necessitaram realizar ajustes nos custos empresariais, assim como, a redução do quadro de funcionários (MARTELLO, 2009). Por consequência, ocasionou altos índices de desemprego, porém, alguns trabalhadores buscaram alternativas para o sustento no trabalho informal. Com o propósito de fomentar a economia global afetada pela crise, surgiu a Lei Complementar (LC) n° 128 de 19/12/2008, instituída pelo Governo Federal, que criou a figura do Microempreendedor Individual, uma nova opção de modalidade empresarial que trouxe inúmeros benefícios para o empresário informal. Visto que, está voltada para atividades como: comércio, indústria e prestação de serviços, a fim de engrenar a economia brasileira estagnada e gerar renda formalmente (PORTAL DO EMPREENDEDOR, 2015). Dessa maneira, o registro ocorre de maneira simples, gratuita e sem burocracia por intermédio da parceria do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) com o Governo Federal; como também, pode ser formalizado em escritórios de contabilidade; ou por meio eletrônico no site do portal do empreendedor. É importante ressaltar que, ao tornar-se um Microempreendedor Individual segundo a LC n° 128/2008, deve-se tomar alguns cuidados em relação às seguintes exigências para o enquadramento, como por exemplo, não exceder o limite de faturamento anual de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais); ser optante pelo regime de tributação do Simples Nacional; retirar apenas um salário mínimo como pró-labore; não participar em outras empresas como sócio ou administrador; dispor unicamente de um estabelecimento; contratar apenas um empregado com remuneração de um salário mínimo ou o piso da categoria; e por fim, estar incluso nas atividades constantes no Anexo XIII da Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) n°.94/2011. Portanto, o MEI estará enquadrado no regimedo Simples Nacional, em vista disso, receberá tratamento diferenciado conforme Resolução do CGSN 94/2011, no que diz respeito a isenção de tributos federais. Visto que, passará a recolher em uma única guia, por meio do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), os tributos fixos mensais, conforme apresentados no Quadro 1: ATIVIDADES INSS* ICMS ISS TOTAL Comércio R$ 44,00 R$ 1,00 - R$ 45,00 Indústria R$ 44,00 R$ 1,00 - R$ 45,00 Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 309 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 Serviços R$ 44,00 - R$ 5,00 R$ 49,00 Comércio e Serviços R$ 44,00 R$ 1,00 R$ 5,00 R$ 50,00 *Percentual de 5% (cinco por cento) sob R$ 880,00 do salário mínimo vigente no ano de 2016. Quadro 1: Descriminação dos valores fixos arrecadados pelo MEI Fonte: Elaborado com base no art.92 da Resolução CGSN n°.94/2011 Em vista disso, com o pagamento em dia do DAS, o MEI poderá desfrutar de benefícios, como por exemplo, auxílio doença, salário maternidade, aposentadoria por idade, entre outros no que se refere a cobertura previdenciária. Como também, vale ressaltar as vantagens e facilidades da formalização para o empreendedor, tais como, obtenção de crédito, isenção de taxas para registro da empresa, descontos para aquisição de materiais relativos à atividade, redução e isenção de tributos. Além disso, outras vantagens podem ser encontradas no Portal do Empreendedor (2015). Entretanto, existem algumas obrigações que devem ser cumpridas pelo MEI conforme Resolução do CGSN nº. 94/2011, dentre elas, preencher até o dia 20 do mês subsequente o Relatório Mensal de Receitas Brutas. Ainda, apresentar uma vez por ano a Declaração Anual Simplificada para o Microempreendedor Individual (DASN-SIMEI), sendo que a primeira declaração será realizada de forma gratuita pelos escritórios de contabilidade, a qual estará inclusa a receita bruta anual auferida, referente ao ano calendário anterior. O desenquadramento do MEI, conforme LC n° 128/2008, realiza-se da seguinte forma: por iniciativa do empresário, comunicando a Receita Federal do Brasil (RFB), o qual deverá ser realizado no início do ano, e com efeito em 1º de janeiro do ano-calendário da comunicação; obrigatoriamente, quando ultrapassar o limite anual de faturamento de R$ 60.000,00 (sessenta mil) estabelecido por ano. Entretanto, não excedendo os 20% (vinte por cento), no caso, R$ 72.000,00 (setenta e dois mil reais) no ano, somente recolherá impostos sobre a diferença, mas se o limite exceder aos R$ 72.000,00 (setenta e dois mil reais), automaticamente o MEI estará desenquadrado, passando a ser tributado conforme a regra geral do Simples Nacional. Em síntese, para a empresa em estudo, é de grande importância conhecer as Leis e observar os tratamentos que regem o MEI. Desse modo, buscando informações e assessoria com escritórios de contabilidade, órgãos fiscalizadores e participando de palestras ministradas pelo SEBRAE. Como também, nas atividades empresariais, obter conhecimento da gestão financeira, visto que a empresa é carente de ferramentas para o controle financeiro e tomada de decisão. Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 310 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 Gestão Financeira A gestão financeira tem se tornado cada vez mais importante no âmbito das empresas. Em vista disso, a busca incessante pelo aprimoramento do gestor financeiro. Desta forma, Catelli (2001, p. 118) conceitua que “gestão é o processo de decisão, baseado em um conjunto de conceitos e princípios coerentes entre si, que visa garantir a consecução da missão da empresa.” Sob o mesmo ponto de vista, Padoveze e Taranto (2009, p. 4) relatam que “o processo de gestão consiste no ciclo sequencial das atividades administrativas de planejamento, execução e controle.” Uma apropriada gestão financeira possibilitará alcançar de maneira eficiente os recursos acessíveis, para então, obter um bom andamento da empresa. Seja com o planejamento ou controle das tarefas, empresas de pequeno, médio e grande porte, refletem as decisões econômicas dos gestores encarregados. Vale ressaltar, que um dos conceitos da gestão financeira é potencializar os resultados, e paralelo a isso, obter decisões eficientes, tendo em vista o aumento de riquezas, bem como o capital da organização. Contudo, a escolha do investimento deve ser capaz de avantajar-se perante os riscos (CHIAVENATO, 2005). Logo, a gestão financeira permite o entendimento dos processos, técnicas e ferramentas de gestão, com o principal objetivo viabilizar os retornos de recursos financeiros. Nota-se que as contribuições da gestão financeira são de suma importância para o gestor, visto que, poderá obter equilíbrio entre entradas e saídas de recursos, bem como, optar pela ferramenta financeira que melhor atenda as condições da empresa no desenvolvimento de suas atividades. Ferramentas Financeiras Existem inúmeras ferramentas de gestão que contribuem para o planejamento, controle e identificação de possíveis falhas no decorrer dos processos (KATO, 2012). Em vista disso, é normal se deparar com empresas de micro e pequeno porte que não as utilizam em razão da inexperiência ou alcance financeiro. Desse modo, acarretando falhas de gerenciamento perante tomadas de decisões, bem como possíveis desvios de recursos diante dos controles financeiros. Assim, Frezatti (2011, p. 28) define ferramenta financeira como “instrumento gerencial [...] que permite apoiar o processo decisório da organização de maneira que ela esteja orientada para os resultados pretendidos.” A seguir, serão exemplificadas algumas ferramentas financeiras. Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 311 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 A primeira ferramenta denota-se como Fluxo de Caixa. Silva (2011) conceitua como principal instrumento de avaliação, possibilitando apontar os movimentos das entradas e saídas de recursos financeiros, bem como projeções futuras de desembolsos e recebimentos. Nesse mesmo sentido, Zdanowicz (1995) ressalta que o fluxo de caixa é uma ferramenta de suma importância para o gestor financeiro, visto que, auxilia no planejamento de sobras e captação de recursos financeiros. Outra ferramenta a ser conceituada é o orçamento, nesse âmbito Ross, Westerfield e Jaffe (2008) definem como ferramenta fundamental para a realização do planejamento financeiro a curto prazo, bem como identificar oportunidades e necessidades. Apresentando como ideia principal a escrituração de estimativas das movimentações de entradas e saídas da organização. Sob este mesmo enfoque, Zdanowicz (2001, p. 91) complementa: Orçamento de caixa será fundamental para a empresa estabelecer equilíbrio financeiro entre as receitas e os custos projetados, no sentido de estimar, antecipadamente, o saldo necessário entre as entradas e saídas financeiras, evitando assim possíveis embaraços na hora de cumprir os futuros compromissos da empresa. A terceira ferramenta a ser explanada é a análise financeira, expondo como ideia central a realidade abrangente da empresa, por intermédio da avaliação dos indicadores financeiros detalhados, nesse sentido, comparados com os indicadores e resultados obtidos versus metas estipuladas anteriormente. Como também, compreende o retorno sobre o capital investido e fluxo de caixa descontado (SILVA, 2013). Assim, a quarta ferramenta financeira, têm como essência avaliar a situação financeira e patrimonial da organização, por intermédio das ferramentas de análise vertical e horizontal. Sob esse enfoque, Hoji (2012, p. 278) explica que “aanálise vertical facilita a avaliação da estrutura do ativo e do passivo, bem com a participação de cada item da Demonstração de Resultado na formação do lucro ou prejuízo.” A análise horizontal possibilita ao gestor evidenciar a evolução e a tendência das contas do balanço patrimonial, verificando assim, o crescimento do empreendimento (HOJI, 2012). Dessa forma, voltando atenções para contas significativas e com desempenhos críticos (CAMARGO, 2007). Portanto, a junção dos dois métodos completam-se sensitivamente, de modo a coletar dados exemplificados e de fácil visualização. A partir das ferramentas financeiras apresentadas, pode-se obter a devida realidade da organização, evidenciando a saúde financeira e patrimonial, bem como, avaliar o seu Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 312 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 desempenho em comparação com períodos anteriores, como também projetar novos horizontes. Da mesma forma, possibilita controlar os acontecimentos financeiros existentes e orientar nas tomadas de decisões, perante as oportunidades e ameaças no ambiente econômico. Nesse contexto, é abordado em destaque o fluxo de caixa, representando a ferramenta gerencial a tornar-se instrumento de tomada de decisão, com objetivo de efetuar os registros e controle das movimentações financeiras e afins. Fluxo de Caixa Como de praxe, o lucro é o objetivo primordial dentro de uma organização perante a competividade existente. Porém, para a obtenção dessa meta, deve-se utilizar instrumentos que auxiliem nas tarefas diárias, para então alcançar o lucro almejado. Para Brigham e Houston (1999, p. 35), “o lucro líquido da firma é importante, mas o fluxo de caixa é ainda mais importante, porque os dividendos devem ser pagos em dinheiro e porque é preciso dinheiro para comprar os ativos necessários para a empresa continuar funcionando.” Diante disso, encontram-se as movimentações diárias de compra, venda, prestação de serviço e investimento, as quais demandam atenção e cuidados em relação aos recursos disponíveis. Dessa maneira, o fluxo de caixa deve estar em perfeitas condições disponibilizando claramente seus movimentos, inclusive, o gestor deve estar a par do montante em caixa para honrar com seus compromissos financeiros (CAMARGO, 2007; GITMAN, 2004). Nesse modo, o fluxo de caixa é uma ferramenta de gerenciamento financeiro que auxilia o empresário nas movimentações de entradas e saídas de recursos (MISSAGIA; VELTER, 2009). Ainda sob o mesmo enfoque, Franco (2006, p. 372) complementa que “atualmente, o movimento financeiro, isto é, o fluxo de caixa, tornou-se também fundamental para as empresas, pois o custo do dinheiro (juros) é elevado e não se pode manter dinheiro ocioso, nem prescindir de disponibilidades financeiras para atender aos compromissos mais imediatos”. Em vista disso, o fluxo de caixa auxilia a manter a organização e controle dos pagamentos, desse modo evitando inadimplências e eventuais despesas com juros e protesto de títulos, por eventual descuido em relação aos vencimentos acordados. Pode-se dizer que a característica fundamental do fluxo de caixa está interligada com propósito de registrar as movimentações de forma adequada, garantindo eficiência e eficácia, bem como diagnosticar excedentes ou escassez de recursos. Nesse contexto, percebe-se que é primordial para a administração estruturar de forma adequada o planejamento do fluxo de caixa. Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 313 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 Visto que, o fluxo de caixa torna-se um instrumento valioso, tanto para prever antecipadamente dispêndios de recursos financeiros, como também para fornecer informações precisas que possibilitam identificar problemas referentes à gestão, bem como tomar medidas corretivas ou até mesmo de prevenção (SELEME, 2010). Nesse âmbito, Seleme (2010) relata as vantagens da utilização: a) controle perante o capital de giro; b) programar ingressos e desembolsos de recursos; c) averiguar a quantia de crédito a ser captado; d) analisar antes se o projeto é viável perante recursos disponíveis; e) antecipar as sobras de caixa, diante do projetado; f) aplicar as sobras de caixa em investimentos eficazes; e g) identificar lacunas financeira que possam prejudicar as finanças da organização. Entretanto, vale ressaltar que existem desvantagens, entre elas: distorção de valores; insuficiência de qualificação do responsável pela elaboração; não receber apoio dos dirigentes e falta de atualizações constantes, que pode interferir diretamente no planejamento estipulado (ZDANOWICZ, 2007). Mas, como forma de utilizar as vantagens, deve-se levar em consideração a sazonalidade da atividade, a fim de diferenciar o tratamento na periodicidade de sua elaboração. Em empresas com grande volume de entradas e saídas é recomendada a utilização do fluxo de caixa diário, com o intuito de verificar as sobras ou a captação de recursos a curto prazo. Já, a elaboração mensal, geralmente, é utilizada para empresas com menor fluxo financeiro, do mesmo modo, sendo avaliadas as decorrentes variações financeiras (PADOVEZE, 2011). Por outro lado, o fluxo de caixa semanal permite que o total das transações efetuadas sejam acumuladas (SILVA, 2011). Além disso, o modelo de fluxo de caixa deve ser adaptado conforme a necessidade da empresa, com o intuito de auxiliar o gestor a acompanhar as transações de ingressos e desembolsos semanais. Blatt (2001) complementa que a finalidade da demonstração do fluxo de caixa é exemplificar os resultados financeiros do período, a fim de evidenciar movimentos de entradas e saídas motivadas por decisões. Diante disso, entre os benefícios da utilização, vale destacar que o fluxo de caixa possibilita prover informações importantes ao gestor financeiro. Em vista disso, obter retorno favorável sobre o investimento inicial, bem como, ao se deparar com a falta de recursos, buscar fomentar junto a instituições financeiras de crédito. Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 314 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 Portanto, a utilização da ferramenta do fluxo de caixa é fundamental para auxiliar o microempreendor no controle financeiro, tanto para previsões futuras de embolsos e desembolsos, assim como na verificação das origens dos recursos obtidos durante um período, bem como reduzir riscos e aumentar a confiança. Perante isso, Ferronato (2011, p. 196) conclui que “[...] o modo como os fluxos de caixa são administrados podem determinar o sucesso ou o fracasso das empresas, uma vez que o caixa é vital para o bom andamento do empreendimento.” Considerando o que foi abordado, nos próximos tópicos será apontada a estruturação do fluxo de caixa e sua elaboração. Estrutura do Fluxo de Caixa Como visto anteriormente, o fluxo de caixa é uma ferramenta gerencial financeira de grande valia para auxiliar o pequeno empresário. Perante isso, no que tange a sua implantação, há diversas formas de estruturar o fluxo de caixa, visto que irá depender do porte da empresa, peculiaridades da atividade, bem como das movimentações de recursos financeiros. Portanto, não existe um padrão específico. Desse modo, pode ser articulado conforme as necessidades e particularidades de cada organização (CAMARGO, 2007; FREZATTI, 2011). Frezatti (2011) destaca que, mesmo que não haja um padrão específico para a estruturação do fluxo de caixa, deve-se obter os seguintes aspectos, como por exemplo: funcionalidade, exequibilidade, clareza perante objetivos e custo de obtenção. Em vista disso, utilizar um instrumentode fácil compreensão, com representatividade clara e com aquisição financeira dentro das possibilidades empresariais. Nesse meio, há também o tratamento do perfil das contas que devem conter o detalhamento dos grupos e sub grupos, bem como estar disposta de forma organizada para compreensão e alocação de lançamentos. Assim, Frezatti (2011, p. 35) enfatiza que “um fluxo de caixa não adequadamente estruturado leva a empresa a não entender, não analisar e não decidir adequadamente sobre sua liquidez.” Dessa forma, a estrutura e o grau de detalhamento poderão sofrer alterações conforme as necessidades e o porte da organização. Elaboração do Fluxo de Caixa O mecanismo de elaboração do fluxo de caixa leva em consideração os usuários que irão alimentar e potencializar essa ferramenta financeira. Desse modo, Silva (2011) comenta que para a aplicação no contexto organizacional, os gestores encarregados não podem medir Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 315 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 esforços na sua elaboração e implantação, visto que, este recurso disponibiliza benefícios significativos para atingir os objetivos estipulados pela organização. Existem inúmeras formas de elaborar o fluxo de caixa, em vista disso deve-se realizar de forma organizada, prática e compreensível, com objetivos claros e precisos, evidenciando o comprometimento de todos envolvidos na execução do processo. Do mesmo modo, disponibilizar treinamentos para os responsáveis, a fim de obter controles eficientes, bem como informações centralizadas e com constantes atualizações. Além disso, identificar o responsável por cada setor, a qual tenha envolvimento com movimentações financeiras, com finalidade de obter dados confiáveis para a alimentação do fluxo de caixa (ZDANOWICZ, 2007). Desse modo, a elaboração pode ocorrer por intermédio de planilhas eletrônicas, como também sistemas informatizados, no sentindo de colaborar na construção do fluxo de caixa (KATO, 2012). Logo após, definir o período que irá abranger o fluxo de caixa, ou seja, diário, semanal ou mensal, em alguns casos podendo ser elaborado até trimestral e anual. Ainda, nota- se a importância da elaboração bem delineada para obter o bom emprego da ferramenta gerencial. O seguinte tópico apresentará o orçamento de caixa, com respectivas características e estrutura. Orçamento de caixa Como visto anteriormente, o orçamento de caixa está entre as ferramentas financeiras utilizadas em pequenas empresas. Padoveze e Taranto (2009, p.3) definem orçamento como “ato de colocar à frente aquilo que está acontecendo hoje.” Acrescenta-se que a sua elaboração constitui-se por intermédio das transações futuras, no sentido de planejar os ingressos e desembolsos da organização, a fim de evitar transtornos perante compromissos a curto prazo (GITMAN, 2004; ZDANOWICZ, 1995). Portanto, pode-se dizer que o orçamento de caixa é uma ferramenta que obtêm equilíbrio financeiro durante determinado período. Nesse modo, apresenta como característica fundamental antecipar eventuais necessidades de recursos, bem como detectar previamente excedentes ou escassez de caixa (ASSAF NETO, 2010; CHIAVENATO, 2005; ZDANOWICZ, 1995). Em vista disso, a estrutura do orçamento de caixa poderá sofrer alterações conforme o porte da organização. No entanto, sua essência não se altera, pois o objetivo central é projetar recursos necessários para o desempenho das atividades operacionais e financeiras, como também estipular o nível de caixa pretendido (ZDANOWICZ, 1995). Dessa forma, o orçamento Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 316 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 de caixa possibilita projetar recursos e desembolsos, bem como proporcionar suporte ao gestor financeiro. Planejamento Financeiro O planejamento financeiro é alvo do interesse dos gestores há algum tempo, visto que possibilita estipular metas e traçar objetivos a serem atingidos. Entretanto, deve-se estar ciente para possíveis variáveis conturbadas (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2008). Nesse âmbito, Camargo (2007, p. 81) enfatiza que “o planejamento financeiro envolve basicamente decisões de curto prazo que podem afetar a liquidez e a rentabilidade da empresa”. Em vista disso, a adoção do planejamento financeiro torna-se imprescindível tanto para empresas de pequeno, médio e grande porte. Gitman (2004, p. 92) define que “planejamento financeiro é um aspecto importante das atividades da empresa porque oferece orientação para a direção, a coordenação e o controle das providências tomadas pela organização para que atinja seus objetivos.” Perante isso, dois elementos são indispensáveis para o planejamento financeiro: o planejamento de caixa e o planejamento de resultados. O primeiro se detém a elaboração do orçamento de caixa, já o segundo engloba a elaboração de demonstrações projetadas. Assim, tanto um como o outro são essenciais para o planejamento financeiro interno, bem como, quando solicitado por usuários externos (GITMAN, 2004). No entanto, o planejamento financeiro apresenta dois tipos de períodos: de curto prazo, que abrange de um a dois anos, com o propósito de definir as metas financeiras a serem atingidas, bem como impactos transcorridos perante a decisão; e de longo prazo, que ocorre entre o período de dois a dez anos, com finalidade de estipular métodos e diretrizes a serem seguidas (GITMAN, 2004). Portanto, nota-se que a aplicação do planejamento financeiro colabora para a junção de todas as outras ferramentas citadas anteriormente. Nesse modo, desempenhando um papel indispensável para o fortalecimento e crescimento saudável dos pequenos e microempresários, visto que apresenta uma visão ampla e consistente, de modo a detectar falhas e corrigi-los em tempo hábil. Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 317 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 3 METODOLOGIA Neste capítulo, busca-se definir os procedimentos metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa. Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 63), “a pesquisa parte, pois, de uma dúvida ou problema e, com o uso do método científico, busca uma resposta ou solução”. Tendo em vista que o objetivo geral deste trabalho é propor a elaboração de ferramentas financeiras de gestão para um Microempreendedor Individual, o método de pesquisa se deu pela abordagem qualitativa, de natureza exploratória, e caracterizada pelo estudo de caso. De acordo com Richardson (apud BEUREN, 2009, p. 91), “os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a visão de certas variáveis, compreender e classificar processos [...]”. Portanto, adotou- se a abordagem qualitativa, com efeito de obter uma análise profunda em relação ao problema de pesquisa. Ainda foi utilizada a pesquisa exploratória na qual Gil (2010, p. 27) relata que “têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torna-lo mais explícito ou construir hipóteses.” Dessa forma, buscou-se aprimorar o conhecimento sobre ferramentas de gestão, a fim de obter experiência sobre o assunto. Quanto ao estudo de caso, Gil (2010, p. 37) explica que “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, [...]”. Logo, a inserção no contexto da empresa auxiliou perante a profundidade e transparência do conhecimento, como também, contribuiu para o entendimento do tema abordado. No que tange a delimitação da população, pode-se definir que a abrangência da população ou objeto de estudo está relacionadaem delimitar os elementos com características e fenômenos em comum (MARCONI; LAKATOS, 1999; BEUREN, 2009). Já em relação a amostra, Beuren (2009, p. 120) explica que “[...] é uma pequena parte da população ou do universo selecionado em conformidade às regras.” Nessa perspectiva, a delimitação foi em torno da empresa Eletrik Soluções Elétricas, direcionada ao microempresário. Acrescenta-se que participaram outros dois empresários optantes pelo MEI situados em Caxias do Sul, inclusive dois contadores especialistas da área financeira, a fim de averiguar dados que pudessem contribuir e complementar a pesquisa. A técnica de coleta dos dados estipula procedimentos a serem adotados para a posterior coleta de dados. Beuren (2009, p. 132) enfatiza que “na pesquisa estruturada, o entrevistador Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 318 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 segue um roteiro previamente estabelecido, com perguntas predeterminadas.” Cervo e Bervian (2002, p. 48) relatam que “o questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com melhor exatidão o que se deseja.” Com base nesses conceitos, a técnica de coleta de dados se deu por meio do questionário estruturado direcionado para o microempreendedor, com o propósito de avaliar sua percepção em relação ao assunto abordado. Assim como, para dois outros microempresários, com a intenção de identificar os tipos de ferramentas financeiras utilizadas. Por fim, também foi aplicado o questionário para dois especialistas da área financeira, a fim de demonstrar a importância das ferramentas financeiras para Microempreendedores Individuais. Após executar a coleta de dados por meio do questionário, foi realizado o confronto entre os dados obtidos e hipóteses formuladas. Dessa forma, tendo em vista que a pesquisa apresentou abordagem qualitativa, a técnica de análise de dados se desenvolveu por intermédio da análise de conteúdo. Para Beuren (2009, p. 139) “[...] toda análise de conteúdo deve estar intimamente ligada aos objetivos da pesquisa e o pesquisador precisa ter uma noção mais consciente do assunto abordado para melhor sustentar a análise dos dados coletados.” Portando, a análise de conteúdo auxiliou na interpretação dos dados obtidos, com intuído de averiguar o problema e a partir daí, elaborar a proposta de intervenção. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo é abordada a análise de dados obtida por meio dos questionários aplicados ao empresário e microempreendedores bem como especialistas financeiros. Como também, são analisadas as necessidades para a respectiva proposta. No que diz respeito à forma que a empresa em estudo controla as movimentações de recursos e desembolsos, o empresário revelou que as contas a pagar são controladas apenas por boletos, separados em ordem de vencimento em uma pasta, não havendo controles em planilhas para melhor visualização dos desembolsos efetuados e provisões para pagamentos futuros. No que se refere as contas a receber, relata que são realizadas por intermédio de boletos bancários, depósitos e pagamentos à vista, discriminadas manualmente em um caderno, contendo informações sobre os clientes e quitação do débito, não existindo planilhas para a representação das disponibilidades de dinheiro em caixa e projeções futuras para os recebimentos. Acerca do Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 319 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 controle de faturamento, evidência que não utiliza controle mensal e acumulado, muito menos ferramentas financeiras de gestão. Com relação aos Microempreededores, ao serem questionados de que forma a empresa controla as movimentações de recursos e desembolsos, a empresa “A” declarou que utiliza planilhas de provisões de contas a receber e a pagar, fluxo de caixa e controle de faturamento. Dessa forma, utiliza os controles diariamente. Em relação às provisões das contas a receber são anotadas na planilha o dia do recebimento, o valor, a razão social do cliente e um histórico composto pelo número da nota fiscal e a parcela a ser recebida. Em relação à provisão das contas a pagar, são inseridos na planilha todos os documentos, como recibos, notas fiscais e boletos, assim que entram na empresa. Já, com relação ao controle de faturamento, utiliza um modelo para pequenas organizações, que demonstra os limites que os microempresários podem faturar mês a mês ou anualmente, a fim de identificar e planejar quando a empresa necessitar de alteração de enquadramento. Já a Empresa “B” relata que no momento utiliza somente o fluxo de caixa para controle das movimentações financeiras, de forma que auxilie nas atividades diárias. No respectivo questionamento de quais ferramentas financeiras de gestão são utilizadas para o planejamento da empresa, a empresa “A” expõe que utiliza ferramentas financeiras como o planejamento financeiro e tributário, onde são trabalhados os investimentos, financiamentos, planejamento de receitas e despesas e planejamento de tributos, assim como, o fluxo de caixa diário. Já a empresa “B” revela que na ocasião utiliza somente a ferramenta de fluxo de caixa, obtendo controle das entradas e saídas de recursos financeiros diariamente. Com relação aos questionamentos aplicados para os especialistas financeiros, ambos mencionam como ferramentas financeiras de gestão importantes para auxiliar no controle de uma microempresa o fluxo de caixa e orçamento de caixa. Além disso, o especialista “A” complementa com a utilização de planilhas de provisões de contas a receber e a pagar, bem como, controle de vendas/faturamento. No quesito referente aos procedimentos para elaboração do fluxo de caixa, periodicidade, assim como documentos e informações importantes a serem consideradas, ambos especialistas relataram que a periodicidade deve ocorrer conforme o volume de movimentações financeiras. Entretanto, destacam que preferencialmente os registros aconteçam diariamente, gerando fidedignidade perante os resultados. Com relação aos documentos necessários para a elaboração, expressam que seriam todos os documentos que originam entradas e saídas de recursos, bem como, notas fiscais emitidas e de fornecedores, Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 320 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 como também, todos os custos e despesas gerais que englobam recursos desprendidos ou alocados na empresa. No último quesito apresentado sobre o auxílio das ferramentas financeiras nas tomadas de decisões, ambos afirmaram que contribuem no fornecimento de informações reais aos administradores, resultantes dos registros das entradas e saídas de recursos da empresa. O especialista “B” complementa que são de suma importância para identificar sobras ou falta de recursos. Em vista disso, obter posições para futuros investimentos ou para a captação de financiamentos. Diante dos dados coletados, constatou-se que é viável a proposta para o MEI em estudo. Como a empresa não utiliza ferramentas financeiras, possibilitará agregar benefícios para a vida financeira empresarial de forma a auxiliar nos processos e decisões financeiras. Portanto, inicialmente propõe-se o fluxo de caixa semanal, tendo em vista a movimentação financeira atual, como também, o orçamento de caixa. Ainda, com intuito de auxiliar as ferramentas financeiras, propõe-se a utilização do próximo quadro em forma de planilha eletrônica e com devidos bloqueios, a fim de obter segurança nos dados inseridos e evitando distorções. Nesta planilha, será discriminada a data da realização do serviço; número da nota fiscal (NF) emitida;nome do cliente; tipo de serviço prestado; valor da NF, e; o valor acumulado, de modo que facilite o controle mensal e anual das receitas obtidas pelo MEI. FATURAMENTO MENSAL Data Nº NF Emitida Cliente Serviço Prestado Valor Total Valor Acumulado __/__/__ R$ R$ __/__/__ R$ R$ Quadro 1: Modelo de planilha de faturamento mensal Fonte: Elaborado pela autora (2016) Como primeira ferramenta, propõe-se o fluxo de caixa, que deverá ser alimentado semanalmente, levando em consideração as movimentações financeiras de entradas e saídas em espécie. Logo, com o objetivo de obter informações claras e fidedignas às tomadas de decisões, assim como a verificação das origens de recursos durante o período, foi criada uma planilha com as contas discriminadas a seguir, sendo que foram utilizados bloqueios nas contas e seus totalizadores, bem como, nos valores orçados e no desvio. Em relação ao orçado o bloqueio estimula a percepção para averiguar desvios ocorridos que devem ser avaliados em relação ao Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 321 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 realizado. Sendo assim, conforme os valores orçados são inseridos, deve-se efetuar o bloqueio na sequência da operação. Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 322 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 FLUXO DE CAIXA SEMANAL Mês __/__/__ Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Consolidado Contas O rçad o R ealizad o D esv io O rçad o R ealizad o D esv io O rçad o R ealizad o D esv io O rçad o R ealizad o D esv io O rçad o R ealizad o D esv io O rçad o R ealizad o D esv io Saldo Inicial de Caixa Entradas de Caixa Serviços à Vista Serviços a Prazo Cobrança em atraso Aumento de capital Outras Receitas Total de Entradas Saídas Fornecedores Pró-labore Aluguel Água Energia Elétrica Telefone Impostos Despesas Administrativas Outras despesas Total de Saídas Saldo Final de Caixa Quadro 2: Modelo de Fluxo de Caixa Semanal Fonte: Elaborado pela autora (2016) Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 323 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 A planilha apresentada auxiliará o empresário nas atividades gerenciais financeiras. Em virtude disso, o modo como o fluxo de caixa é gerido pode definir o sucesso ou fracasso da organização, visto que o caixa é vital para a sobrevivência financeira da empresa (FERRONATO, 2011). Para compor a segunda ferramenta, propõe-se ao microempreendedor o orçamento de caixa em períodos, com o propósito de antecipar eventuais necessidades de recursos, bem como detectar previamente excedentes ou escassez de caixa (ASSAF NETO, 2010; CHIAVENATO, 2005; ZDANOWICZ, 1995). Para a sua elaboração deve-se levar em consideração o saldo inicial de caixa, entradas e saídas previstas, para então projetar períodos financeiros. Assim, com base no cenário atual, projetar as futuras atividades financeiras. Em vista disso, estipular o nível de caixa pretendido, como é proposto no quadro a seguir: ORÇAMENTO DE CAIXA DESCRIÇÃO TOTAL (R$) PERÍODOS P¹ (R$) P² (R$) P³ (R$) 1. Saldo Inicial de Caixa 2. Entradas Previstas de Caixa 3. Total das Entradas mais o Saldo Inicial (1 + 2) 4. Saídas Previstas de Caixa 5. Total das Saídas 6. Saldo Líquido de Caixa (3 - 5) 7. Saldo Acumulado de Caixa Quadro 3: Modelo de Orçamento de Caixa Fonte: Elaborado com base em Assaf Neto (2010) O orçamento de caixa possibilitará projetar recursos e desembolsos, bem como proporcionar suporte ao gestor financeiro durante períodos estipulados. Como também, obter equilíbrio financeiro. Ainda, para as ferramentas apresentadas sugere-se que a cada mês ou período realizado, efetue-se o bloqueio total das contas e resultados, para então, obter fidedignidade nas informações. Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 324 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa teve como objetivo geral propor a elaboração de ferramentas financeiras de gestão para um Microempreendedor Individual. Em vista disso, foram aplicados questionários ao empresário e dois microempreendedores, bem como dois especialistas, com o propósito de atingir os objetivos apresentados anteriormente. Foram propostas, para o microempreendedor, duas ferramentas financeiras: o fluxo de caixa semanal e o orçamento de caixa. O empresário demonstra estar disposto a aderir às ferramentas propostas. Como também, em relação à periodicidade, o empreendedor está informado que no caso de aumento da movimentação financeira, deverá utilizar o fluxo de caixa diário. Quanto às limitações para a realização do projeto, no que tange aos dados obtidos, não foram identificadas limitações. Porém, quanto a sua elaboração, constatou-se a falta de espaço devido ao limite estipulado de páginas para o desenvolvimento. Assim, para trabalhos futuros, sugere-se a implantação de outras ferramentas financeiras, tais como: índices de liquidez, de atividade, de endividamento, e rentabilidade; análise horizontal e vertical. Portanto, conclui-se que a proposta de ferramentas financeiras desenvolvida para o microempreendedor será de grande relevância para o acompanhamento e provisões de recursos financeiros, assim como na obtenção de dados fidedignos e de fácil visualização para às tomadas de decisões. Desse modo, tornando-se indispensável para o crescimento e sucesso da empresa. 6 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2010. BEUREN, Ilze Maria (Org.) Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BLATT, Adriano. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makron Books, 2001. BRIGHAM, Eugene F; HOUSTON, Joel F. Fundamentos da moderna administração financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999. Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG 325 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472 CAMARGO, Camila. 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