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0 1 DIAGNÓSTICOS, RESULTADOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM PARA CLIENTES HOSPITALIZADOS NAS UNIDADES CLÍNICAS DO HULW/UFPB UTILIZANDO A CIPE® 2 3 DIAGNÓSTICOS, RESULTADOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM PARA CLIENTES HOSPITALIZADOS NAS UNIDADES CLÍNICAS DO HULW/UFPB UTILIZANDO A CIPE® Maria Miriam Lima da Nóbrega (Organizadora) Ideia João Pessoa 2011 4 Todos os direitos e responsabilidades da organizadora. Diagramação/Capa Magno Nicolau EDITORA www.ideiaeditora.com.br Impresso no Brasil - Feito o Depósito Legal G149c Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes hospitalizados nas unidades clínicas do HULW/UFPB utilizando a CIPE® / Maria Miriam Lima da Nóbrega (Org.). - João Pessoa: Ideia, 2011. 400p. 1. Enfermagem CDU: 869 5 AUTORES Maria Miriam Lima da Nóbrega (Organizadora) Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UNIFESP/EPM. Professora Associada do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria. Docente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, CCS/UFPB. Diretora do Centro para Pesquisa e Desenvolvimento da CIPE® do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, CCS/UFPB. Pesquisadora CNPq. E-mail: miriam@ccs.ufpb.br Aline Franco da Silva Enfermeira. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFPB. E-mail: afsilvaenfermagem@gmail.com Ana Cláudia Silva Cabral Enfermeira. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba. E- mail: aninhaa_cabral@hotmail.com Ana Cláudia Torres de Medeiros Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba. Doutoranda em Enfermagem no PPGENF/UFPB. E-mail: anaclaudia.tm@hotmail.com Ana Isabel Matias Ursulino Enfermeira. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba. E-mail: belzinha_ptt@yahoo.com.br Ângela Amorim de Araújo Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba. Professora da disciplina Cuidados Críticos, Escola Técnica de 6 Saúde da Universidade Federal da Paraíba. Especialista em En- fermagem Cardiovascular – SOBENC. Doutoranda pela PUCRS. E-mail: angeladb7@hotmail.com Candice Cavalcanti de Albuquerque Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba. Especialista em Podiatria Clínica pela UNIFESP. Especialista em Estomaterapia pela UPE. E-mail: albuquerque.candice@gmail.com Cláudia de Lourdes Henriques de Lima Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFPB. Enfermeira do Serviço Ambulatorial de Pré-Natal do Hospital Universitário Lauro Wanderley – UFPB. E-mail: chenriquesl@hotmail.com Daniela Karina Antão Marques Enfermeira. Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do CCS/UFPB. Enfermeira Assistencial do Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB. Docente da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança. João Pessoa-PB, Brasil. Douto- randa em Enfermagem no PPGENF/UFPB. E-mail: danielaantao@hotmail.com Danielle Martins Nascimento Enfermeira. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFPB. E-mail: danimartins84@hotmail.com Ellen Martins Norat Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFPB. Enfermeira Assistencial do Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB. E-mail: ellen-norat@uol.com.br 7 Gabriela Lisieux Lima de Souza Enfermeira. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba. Bolsista de Iniciação Científica/CNPq. Mestranda em Enfermagem no PPGENF/UFPB. E-mail: gabylisieux@gmail.com Jorgeane Denislaiki Landim da Silva Enfermeira. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba. E-mail: denislaiki@hotmail.com José Melquíades Ramalho Neto Enfermeiro. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem/UFPB. Enfermeiro Assistencial na Unidade de Terapia Intensiva Geral do Hospital Universitário Lauro Wanderley-UFPB. Docente da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança, João Pessoa, Paraíba, Brasil. E-mail: melquiadesramalho@hotmail.com Kenya Lima Silva Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem/UFPB. Professora do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria da Universidade Federal da Paraíba. Enfermeira Assistencial do Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB. Doutoranda em Enfermagem na EERP/USP (DINTER/UFPB).. E-mail: kenya.lima@ig.com.br Lidiane Lima de Andrade Enfermeira. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFPB. E-mail: lidilandrade@hotmail.com Luciana Gomes Furtado Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem/UFPB. Enfermeira Assistencial do Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB. Docente da Faculdade de Enfermagem São Vicente de Paula (FESVIP). Doutoranda em Enfermagem no PPGENF/UFPB. E-mail: lugofurtado@hotmail.com 8 Maria Estela Souza Barros Enfermeira. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba. E-mail: maria_costela@hotmail.com Marisaulina Wanderley Abrantes de Carvalho Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem/UFPB. Enfermeira Assistencial do Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB. Doutoranda em Enfermagem no PPGENF/UFPB. E-mail: linawac@yahoo.com.br Nereide de Andrade Virgínio Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem/UFPB. Enfermeira do Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB. Docente e Coordenadora de Curso da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança. Membro titular da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa- CONEP/CNS/MS. E-mail: nereideav@uol.com.br Pollyana Amorim Ponce de Leon Bezerra Enfermeira. Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem/UFPB. Enfermeira Assistencial do Hospital Infantil Arlinda Marques. E-mail: pollyanaleon@yahoo.com.br Renata Valéria Nóbrega Enfermeira. Apoiadora Técnica do Distrito Sanitário III - Secretaria Municipal de Saúde/JP. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba. E-mail: renatavnobrega@gmail.com Telma Ribeiro Garcia Doutora em Enfermagem pela EERP-USP. Professora Adjunta (aposentada) do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria/UFPB. Diretora do Centro para Pesquisa e Desenvolvimento da CIPE® do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, CCS/UFPB. E-mail: telmagarciapb@gmail.com 9 SUMÁRIO Apresentação 21 Histórico da Sistematização da Assistência de Enfermagem no HULW/UFPB 25 Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) e o desenvolvimento de subconjuntos terminológicos 35 Construção de afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes das Clínicas do HULW/UFPB59 Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes da Clínica Médica 77 Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para crianças e adolescentes da Clínica Pediátrica 111 Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes da Clínica Cirúrgica 149 Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para parturientes e puérperas da Clínica Obstétrica 175 Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes da Clínica de Doenças Infectocontagiosas 197 Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes da Unidade de Terapia Intensiva Geral 217 Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal 239 Nomenclatura de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para as unidades clínicas do HULW/UFPB 259 NECESSIDADES PSICOBIOLÓGICAS 259 Oxigenação Coriza 259 Dispneia (especificar o grau) 259 10 Expectoração insuficiente. 260 Expectoração produtiva 260 Hiperventilação durante o trabalho de parto 260 Hipóxia por congestão 260 Limpeza das vias aéreas ineficaz 261 Padrão respiratório prejudicado 261 Tosse produtiva 262 Tosse seca 262 Troca de gases prejudicada 263 Ventilação espontânea prejudicada 263 Ventilação espontânea preservada 264 Ventilação mecânica 264 Hidratação 265 Ascite 265 Desequilíbrio de líquidos e eletrólitos 265 Desidratação (especificar o grau) 265 Edema (especificar o grau e a localização) 266 Hidratação da pele diminuída 267 Ingestão de líquidos aumentada 267 Ingestão de líquidos diminuída 268 Risco de desequilíbrio de líquidos e eletrólitos 268 Risco de desidratação 268 Risco de volume de líquidos aumentado 269 Risco de volume de líquidos diminuído 269 Volume de líquidos aumentado 270 Volume de líquidos diminuído 270 Nutrição 271 Amamentação eficaz 271 11 Amamentação exclusiva prejudicada 271 Amamentação exclusiva preservada 272 Amamentação interrompida 272 Apetite prejudicado 272 Caquexia 273 Déficit de autocuidado para alimentar-se 273 Déficit de provisão alimentar 274 Deglutição efetiva 274 Deglutição prejudicada 274 Desnutrição (especificar o grau) 275 Emagrecimento 275 Estado nutricional alterado 276 Estado nutricional normal 277 Ingestão de alimentos aumentada 277 Ingestão de alimentos diminuída 278 Intolerância alimentar 278 Obesidade 279 Peso corporal excessivo 279 Peso corporal reduzido 280 Risco de amamentação exclusiva prejudicada 280 Sobrepeso 280 Eliminação 280 Constipação 280 Corrimento vaginal 282 Diarreia 282 Eliminação intestinal prejudicada 283 Eliminação intestinal preservada 283 Eliminação urinária aumentada 283 12 Eliminação urinária espontânea 284 Eliminação urinária reduzida 284 Flatulência 285 Incontinência urinária 285 Motilidade gastrintestinal disfuncional 286 Náusea 286 Regurgitação 287 Retenção urinária 287 Risco de constipação 287 Risco de motilidade gastrintestinal disfuncional 288 Transpiração excessiva 288 Vômito 288 Sono e repouso 289 Dificuldade de adormecer 289 Estado de sonolência 290 Insônia 290 Sono e repouso prejudicados 290 Sono e repouso preservados 292 Atividade física, Mecânica corporal, Motilidade e Locomoção 292 Atividade física prejudicada 292 Capacidade de transferir-se prejudicada 292 Deambulação prejudicada 293 Exaustão do tratamento 294 Exaustão pós-parto 294 Fadiga 294 Falta de capacidade de gerenciar o regime de atividades físicas 294 13 Intolerância à atividade física 295 Marcha descoordenada 295 Mobilidade física prejudicada 295 Mobilidade no leito prejudicada 296 Movimento corporal aumentado 297 Movimento corporal diminuído 297 Movimento corporal normal 297 Nível de força dos membros diminuído 297 Paralisia dos membros 297 Sexualidade 298 Prática sexual de risco 298 Relação sexual prejudicada 298 Risco de sexualidade alterada 298 Sexualidade alterada 298 Cuidado corporal 299 Capacidade de autocuidado prejudicada 299 Capacidade de autocuidado preservada 299 Déficit de autocuidado para banho e/ou higiene corporal 299 Déficit de autocuidado para vestir-se e despir-se 300 Higiene corporal prejudicada 300 Higiene corporal preservada 301 Higiene íntima prejudicada 302 Higiene oral prejudicada 302 Síndrome do déficit do autocuidado 302 Integridade física e cutâneo mucosa 303 Acesso intravenoso prejudicado 303 Acesso intravenoso preservado 303 Coto umbilical infectado 303 14 Coto umbilical limpo 303 Ferida cirúrgica infectada 304 Ferida cirúrgica limpa 304 Ferida infectada 305 Ferida limpa 305 Ferida traumática 306 Fissura mamária 306 Icterícia neonatal 306 Ingurgitamento mamário 307 Integridade da pele prejudicada 307 Membrana da mucosa oral prejudicada 308 Mucosa ocular prejudicada 309 Necrose 309 Pele seca 309 Prurido (especificar a localização) 310 Risco de integridade da pele prejudicada 310 Risco de úlcera por pressão 311 Úlcera por pressão (especificar a localização e o estágio) 311 Regulação térmica 312 Risco de temperatura corporal alterada 312 Temperatura corporal aumentada (Hipertermia) 312 Temperatura corporal diminuída (Hipotermia) 313 Termorregulação ineficaz 314 Regulação vascular 315 Arritmia 315 Choque séptico 315 Débito cardíaco aumentado 316 Débito cardíaco diminuído 316 15 Hemorragia 318 Hemorragia pós-parto 318 Perfusão periférica prejudicada 319 Perfusão periférica preservada 319 Perfusão tissular cardíaca alterada 319 Perfusão tissular ineficaz 391 Pressão sanguínea controlada 320 Pressão sanguínea diminuída 321 Pressão sanguínea elevada 322 Rede vascular periférica prejudicada 322 Risco de choque 322 Risco de glicemia instável 322 Risco de hemorragia 323 Risco de hemorragia pós-parto 323 Risco de perfusão tissular prejudicada 323 Risco de sangramento 324 Sangramento 324 Regulação neurológica 325 Alucinação 325 Coma grave 325 Cognição prejudicada 325 Comportamento desorganizado 325 Comprometimento neuropsicomotor 326 Confusão 326 Convulsão 326 Delírio 326 Estado de consciência alterado 327 Nível de consciência diminuído 327 16 Risco de comportamento desorganizado 328 Risco de confusão aguda 328 Regulação do crescimento celular 328 Crescimento e desenvolvimento compatíveis com a idade 328 Crescimento e desenvolvimento incompatíveis com a idade 329 Regulação imunológica 329 Alergia 329 Calendário vacinal incompleto 329 Imunização deficiente 330 Infecção 330 Risco de disseminação de patógeno 330 Risco de infecção 331 Risco de infecção secundária 332 Risco de transmissão de infecção para o neonato 332 Sistema imunológico prejudicado 333 Percepção dos órgãos dos sentidos 333 Audição diminuída 333 Cólica 333 Dismenorreia 334 Disúria 334 Dor (especificar a intensidade) 335 Dor aguda 336 Dor crônica 337 Dor cutânea 338 Dor de dilatação cervical 338 Dor epigástrica 339 Dor musculoesquelética 339 Dor na ferida cirúrgica 339 17 Dor na 2ª fase do trabalho de parto 339 Percepção sensorial alterada 340 Visão diminuída 340 Segurança física, Meio ambiente, Abrigo 341 Risco de aspiração 341 Risco de queda 341 Risco de sufocação341 Terapêutica 341 Adesão ao regime de atividade física 341 Adesão ao tratamento do filho 342 Capacidade de gerenciar o regime terapêutico diminuída 342 Falta de adesão ao regime terapêutico 342 Falta de resposta ao tratamento 343 Recuperação cirúrgica adequada 343 Recuperação cirúrgica retardada 343 Recuperação do estado de saúde esperado 344 Recuperação do estado de saúde retardado 344 Resposta ao medicamento insatisfatória 344 NECESSIDADES PSICOSSOCIAIS 344 Segurança emocional 344 Agitação (especificar o grau) 344 Angústia (especificar o grau) 345 Angústia devido à impotência 345 Ansiedade (especificar o grau) 345 Ansiedade decorrente da hospitalização 347 Depressão 347 Desesperança 347 18 Luto antecipado 347 Medo (especificar) 348 Medo do parto 348 Negação 348 Amor, Aceitação, Autorrealização 349 Aceitação do estado de saúde 349 Atitude familiar conflitante 349 Bem-estar prejudicado 349 Desempenho do papel de mãe ineficaz 349 Maternidade/Paternidade prejudicada 350 Risco de maternidade/paternidade prejudicada 350 Risco de vínculo mãe-filho prejudicado 350 Tristeza crônica 351 Liberdade e participação 351 Capacidade familiar de gerenciar o plano terapêutico diminuída 351 Conflito com a família 351 Enfrentamento familiar ineficaz 351 Enfrentamento individual ineficaz 352 Enfrentamento do trabalho de parto ineficaz 352 Processo familiar prejudicado 352 Risco de crise familiar 352 Comunicação 352 Comunicação prejudicada 352 Comunicação preservada 354 Educação para a saúde/aprendizagem 354 Comportamento de busca da saúde 354 Falta de conhecimento (especificar) 354 19 Falta de conhecimento sobre a amamentação 354 Falta de conhecimento sobre a cirurgia 354 Falta de conhecimento sobre a doença e o tratamento 354 Falta de conhecimento sobre a ordenha do leite materno 355 Falta de conhecimento sobre a resposta à medicação 355 Falta de conhecimento sobre a situação clínica do recém- nascido 355 Falta de conhecimento sobre as atividades físicas 355 Falta de conhecimento sobre o autocuidado com a ferida cirúrgica 356 Falta de conhecimento sobre o autocuidado com as mamas 356 Falta de conhecimento sobre o planejamento familiar 356 Falta de conhecimento sobre os cuidados com recém-nascido 356 Falta de conhecimento sobre saúde 356 Manutenção da saúde prejudicada 357 Gregária 357 Falta de apoio social 357 Interação social prejudicada 357 Isolamento social 357 Risco de desamparo 358 Recreação e lazer, Criatividade, Autor-realização 358 Atividades de recreação deficientes 358 Atividades de recreação interrompidas 358 Orientação no tempo e no espaço 359 Orientação no tempo e no espaço prejudicada 359 Autoestima, Autoconfiança, Autorrespeito, Atenção, Autoimagem 359 Autoestima alterada 359 Autoimagem alterada 360 20 Baixa autoestima situacional 360 Distúrbio da identidade pessoal 361 NECESSIDADE PSICOESPIRITUAL 361 Religiosidade/Espiritualidade 361 Angústia espiritual 361 Bem-estar espiritual prejudicado 361 Crenças culturais conflitantes 361 Risco de sofrimento espiritual 362 Sofrimento espiritual 362 Referências 363 21 APRESENTAÇÃO Este livro foi desenvolvido a partir dos trabalhos realizados dentro do projeto de pesquisa Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes hospitalizados nas clínicas do Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB, vinculado ao Programa de Pós- Gradua-ção em Enfermagem, da Universidade Federal da Paraíba, na linha de pesquisa Fundamentos teórico- filosóficos do cuidar em saúde e enfermagem do Grupo de Estudos e Pesquisa da Fundamentação da Assistência de Enfermagem (GEPFAE), financiado pelo Edital Universal CNPq 473.967/2009-0, sob a minha coordenação. O seu conteúdo revela o compromisso de suas autoras, docentes de Enfermagem, enfermeiros do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW/UFPB) e discentes dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da UFPB, com a prática de enfermagem do HULW/UFPB. Essa prática se desenvolve com base no processo de enfermagem e na utilização de uma linguagem padronizada – a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®). Tem como objetivo apresentar, de modo simples, as afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem desenvolvidas para clientes hospitalizados em unidades clínicas do HULW/UFPB, como uma ferramenta a ser utilizada na implementação das fases do processo de enfermagem nessa Instituição. Pretende, também, ser um instrumento de ensino e aprendizagem dos conceitos de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem de forma que tanto os alunos de enfermagem quanto os enfermeiros possam empregar essas afirmativas na 22 operacionalização das etapas do processo de enfermagem, utilizando uma linguagem unificada. Em seu desenvolvimento, foram empregados, como fonte de dados, os resultados dos estudos vinculados ao projeto de pesquisa Bancos de termos da linguagem especial de enfermagem, financiado pelo CNPq, cuja execução envolveu vários subprojetos realizados nas Clínicas Médica, Pediátrica, Obstétrica, de Doenças Infecto-contagiosas, Cirúrgica, Unidade de Terapia Intensiva Geral e Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, do HULW/UFPB, que levaram à construção de bancos de termos por unidade clínica (NÓBREGA; GARCIA, 2010). Por meio desses bancos de termos, foram construídas as afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes hospitalizados nas clínicas do HULW/UFPB, considerando-se as diretrizes propostas na CIPE® pelo Conselho Internacional de Enfermeiras (CIE). A metodologia utilizada está de acordo com o objetivo do CIE - de desenvolver e validar um sistema de classificação dos elementos da prática de enfermagem (diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem), de modo a sistematizar uma linguagem especializada que descreva essa prática – a CIPE; e com a proposta da ISO 18.104:2003, de estabelecer um modelo de terminologia de referência para diagnósticos e ações de enfermagem. Antes de executar cada um dos subprojetos desta pesquisa, eles foram submetidos ao Comitê de Ética e Pesquisa do HULW/UFPB. Ressalta-se que este projeto está vinculado ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da CIPE® do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba – Brasil (Centre for ICNP® Research and Development of the Federal University of Paraiba, Post-Graduate Program in Nursing – Brazil – An ICN Accredited Centre), cuja meta é de construir bancos de dados essenciais de 23 Enfermagem, sensíveis à nossa realidade cultural, e a subsequente construção de afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem (Catálogos ou Subconjuntos terminológicos da CIPE®) aplicáveis à prática profissional por ambiente e/ou clientela específicos. O livro está estruturado em onze textos: no primeiro, é apresentada uma evolução histórica do processo de Sistematização da Assistência de Enfermagem no HULW/UFPB, desde seu início, em 1982, até a presente data (2011); o segundo trata da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®), enfatizando a sua evolução histórica, as versões já publicadas e o desenvolvimento de subconjuntos terminológicos ou catá- logos CIPE®; no terceiro texto, apresentam-se os resultados das pesquisas realizadas na Instituição, que foram desenvolvidas com o objetivo de construir afirmativas de diagnósticos, resultadose intervenções de enfermagem para clientes hospitalizados nas Clínicas do HULW/UFPB, além de uma sugestão para validar clinicamente essas afir- mativas, de acordo com as orientações metodológicas do CIE, por meio da realização de estudos de casos clínicos na respectiva área de atuação. Como sugestão para o desenvol- vimento desses estudos clínicos, orienta-se que deverão ser elaborados utilizando-se o processo de enfermagem, se- guindo as seguintes fases: histórico, diagnóstico de enfer- magem, planejamento, intervenção e avaliação, tendo como fundamentação teórica o modelo conceitual das Necessi- dades Humanas Básicas de Horta, que é o referencial utilizado pela Enfermagem do HULW/UFPB. Do quarto ao décimo textos, são apresentados os resultados dos trabalhos desenvolvidos nas Clínicas Médi- ca, Pediátrica, Cirúrgica, Obstétrica, de Doenças Infectocontagiosas, na Unidade de Terapia Intensiva Geral e na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, com as afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de 24 enfermagem para clientes das respectivas unidades clínicas, classificadas segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta. No último capítulo é apresentada a relação dos diagnósticos, resultados e as intervenções de enfermagem, classificados por necessidades humanas básicas e em ordem alfabética. Cientes de que as afirmativas construídas, denomi- nadas de “Nomenclatura de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para as clínicas do HULW/ UFPB” e apresentadas no texto 11, são um processo, pensa- se que seria de grande valia que os leitores deste livro - Enfermeiros e estudantes de Enfermagem – contribuam com a validação e a complementação desta nomenclatura, utilizando as diretrizes para a realização dos estudos clínicos, apresentadas no terceiro texto. Reafirma-se que o livro retrata o compromisso de suas autoras, docentes de Enfermagem, Enfermeiros do HULW/UFPB e Discentes dos Cursos de Graduação e Pós- Graduação em Enfermagem da UFPB, com a prática de enfermagem do referido hospital, desenvolvida com base no processo de enfermagem e na utilização de uma linguagem padronizada. Espera-se que mais enfermeiros e estudantes da graduação e pós-graduação acreditem que a Enfermagem pode desenvolver um trabalho independente por meio da utilização do processo de enfermagem, à luz de um referencial teórico, neste caso a Teoria das Necessi- dades Humanas Básicas de Horta, associada com o sistema de classificação CIPE®, com ênfase nos elementos da prática de enfermagem – diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem – visando reduzir, resolver ou prevenir pro- blemas de saúde dos seus clientes e/ou pacientes. Profa. Dra. Maria Miriam Lima da Nóbrega Professora Associada do DESPP e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. 25 HISTÓRICO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO HULW/UFPB Nereide de Andrade Virgínio Maria Miriam Lima da Nóbrega A experiência de desenvolvimento da assistência de enfermagem, por meio da aplicação do processo de enfer- magem no Hospital Universitário Lauro Wanderley, da Universidade Federal da Paraíba (HULW/UFPB), institui- ção pública, localizado no Campus Universitário de João Pessoa, de grande porte, de atenção terciária, com 231 leitos para hospitalização e ambulatório que atende a uma média mensal de onze mil consultas, foi iniciada no ano 1981, pela iniciativa de um grupo de enfermeiras que ingressou em seu quadro funcional, através do primeiro concurso público realizado para a Instituição. Tal grupo se reuniu, àquela altura, para compartilhar as suas preocupações quanto às dinâmicas observadas na prática assistencial de enferma- gem cotidiana. Havia, naquele momento, um sentimento conjunto de insatisfação com a realidade das práticas de gestão da assistência de enfermagem vigentes, que remeteu a uma profunda reflexão compartilhada sobre a necessi- dade de modificar o papel do enfermeiro e da equipe de enfermagem para o aperfeiçoamento das ações de enferma- gem desenvolvidas. Ao final dessas reflexões, ficou claro, para as enfer- meiras participantes do grupo, que era preciso estabelecer novas diretrizes norteadoras para o desenvolvimento das ações assistenciais de enfermagem no Hospital, que con- templassem, principalmente, a possibilidade de passar a 26 adotar uma visão crítica e reflexiva para a fundamentação e o planejamento das ações de enfermagem, com vistas a evoluir das estratégias intuitivas de ação para a tomada de decisões sobre as prioridades a atender, para a deter- minação reflexiva das ações, com planejamento estruturado em base científica. Para alcançar tais propósitos, vislumbrou-se o pro- cesso de enfermagem como um recurso estrutural para fundamentar a evolução para o aperfeiçoamento preten- dido, de desenvolvimento da assistência de enfermagem com base em princípios científicos, para alcançar a aproxi- mação necessária com os pacientes e o discernimento das suas reais necessidades humanas básicas afetadas (HORTA, 1979), o que permitiria objetividade no planejamento assis- tencial e mais eficácia no cuidado de enfermagem. As enfermeiras componentes do grupo almejavam poder ofere- cer cuidados de enfermagem mais objetivos, adequados e individualizados aos pacientes sob sua assistência. Muitos autores referendam tal visão de que o método empregado pela Enfermagem para organizar suas ações, com base em princípios científicos, é o processo de enfer- magem. A bibliografia relacionada ao tema aponta diversas possibilidades para a sua definição: a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando à assistência ao ser humano (HORTA, 1979); a essência da prática profis- sional de enfermagem, instrumento e método da profissão, que auxilia as enfermeiras a tomarem decisões e a prevenir e avaliar consequências para o cliente (IYER; TAPITCH; BERNOCCHI-LOSEY, 1993); atividade deliberada, por meio da qual a prática de enfermagem é abordada de ma- neira ordenada e sistemática (GEORGE et al., 2000); o ponto focal da prática de enfermagem (KRON; GRAY, 1994); o marco da prática de enfermagem, por oferecer uma estru- tura que proporciona ordenamento e direcionamento ao trabalho das enfermeiras (BARROS, 1998); uma abordagem 27 para a solução de problemas que habilita a enfermeira a organizar e administrar os cuidados de enfermagem, um elemento do raciocínio crítico que as ajuda a fazer julga- mentos e ações com base na razão (POTTER; PERRY, 2009); uma conduta deliberada de resolução de problemas, que visa satisfazer às necessidades de saúde e cuidados de enfermagem do cliente (NETTINA, 2007; SMELTZER et al., 2008) e como “[...] um instrumento metodológico de que lançamos mão tanto para favorecer o cuidado quanto para organizar as condições necessárias para que ele ocorra” (GARCIA; NÓBREGA, 2001, p.13). Com o discernimento da necessidade de mudanças estruturais na prática cotidiana e o convencimento de que a adoção do processo de enfermagem, como recurso de dire- cionamento das ações assistenciais a desenvolver, possibi- litaria avanços importantes em direção ao alcance dos anseios do grupo, passamos a estudar intensivamente e investir esforços para a aplicação prática do processo de enfermagem, inicialmente no atendimento aos pacientes hospitalizados no Serviço de Clínica Médica do referido Hospital (VIRGÍNIO; NÓBREGA, 2006). A intenção do grupo de enfermeiras estava centrada no desejo de objetivar as atividades desenvolvidas na coor- denação dos plantões, para priorizar a atenção aos usuários, de um modo que permitisse a acurada identificação de suas necessidades individuais e o posteriorplanejamento das ações assistenciais adequadas para atendê-las de forma eficaz. Partimos também da convicção comum às enfer- meiras envolvidas na assistência direta a pacientes adultos hospitalizados na unidade de atendimento clínico de que, apesar de a equipe de enfermagem desenvolver muitas ações para atender às necessidades dos usuários, a maior parte delas era definida através de normas gerais de atendi- 28 mento, que nem sempre respondiam de forma específica ao que o indivíduo em foco precisava. As ações de estruturação e planejamento do início das atividades foram possíveis graças à concessão da Gerência de Enfermagem em atuação naquela época, que permitiu o agrupamento das enfermeiras interessadas em mudar a estratégia de trabalho numa mesma unidade do Hospital, a Clínica Médica (ou Serviço de Medicina Interna), para internação de adultos portadores de patologias clínicas. A princípio, partimos para reuniões, discussões, con- versas informais, resgate de conhecimentos sobre o pro- cesso de enfermagem e a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e definição de encaminhamentos e critérios a adotar para direcionar nossa atuação. Investimos na leitura da produção científica relativa ao processo de enfermagem, enquanto buscávamos o modo de viabilizar a sua aplicação no desenvolvimento da assistência de enfer- magem naquele serviço. Iniciamos a operacionalização do primeiro instru- mento (Plano de Cuidados de Enfermagem) voltado para o planejamento da assistência de enfermagem para os pa- cientes hospitalizados nas enfermarias de Cardiologia. Constituía-se de um levantamento de problemas de enfer- magem, a partir do qual começamos a prescrever, de forma simplificada, os cuidados de enfermagem individualizados para cada paciente. Essa prática perdurou por três anos. No ano de 1984, foi realizada uma avaliação das atividades desenvolvidas, às quais foi acrescentada a execução de uma evolução diá- ria realizada pela enfermeira, ainda restrita à Cardiologia. Naquela altura, havia consenso entre as enfermeiras sobre a necessidade de estender o trabalho a todos os pacientes do Serviço, avanço impedido pelo pequeno número de profis- sionais que ali trabalham e pela forma como se geren- ciavam os problemas administrativos do Serviço, que ocu- 29 pavam grande parcela do tempo de trabalho das enfer- meiras. Ao mesmo tempo em que se convivia com esses fatores impeditivos, sentia-se a clara diferença, do ponto de vista da qualidade e da eficácia da assistência oferecida, entre o tratamento desenvolvido para os pacientes que tinham um planejamento dos cuidados definido e os de- mais. A supervisão da assistência de enfermagem foi muito facilitada pela existência de um planejamento prévio, esta- belecido com base na análise e na reflexão das necessidades de cada paciente (VIRGÍNIO, 2003). A prévia coleta de dados realizada pela enfermeira, no momento da admissão do paciente e em cada dia do período de internação, permitia que ela conhecesse mais profundamente cada paciente, proporcionando maior obje- tividade e eficácia na definição das ações que deveriam satisfazer às suas necessidades de assistência de enferma- gem. Essa coleta de dados, a princípio, foi estruturada em um instrumento simplificado, tipo chek-list, com as etapas de entrevista e exame físico, primeiro modelo de Histórico de Enfermagem do Serviço. A coleta de dados de enfermagem tem recebido diversas denominações pelos pesquisadores da área: avalia- ção (GEORGE et al., 2000; KRON; GRAY, 1994); avaliação inicial (GORDON, 1994); histórico de enfermagem (ANABUKI, 2002; ANTUNES, 2002; BENEDET; BUB, 2001; DOENGES, MOORHOUSE; GEISSLER, 2003; GUTIERREZ et al., 2001; HORTA, 1979; MELLEIRO et al., 2011; POTTER; PERRY, 2009); investigação (CARPENITO, 2009) e levantamento de dados (BARROS et al., 2002; FELISBINO, 1994; TIMBY, 2007). Essa etapa se caracteriza como o início do relacionamento enfermeiro-paciente, tendo por fina- lidade buscar conhecer as necessidades assistenciais do cliente e obter informações que irão fundamentar a estru- 30 turação das ações a desenvolver no processo de enfer- magem (CARRARO, 2001). Horta (1979, p. 35) definiu o histórico de enfermagem como “[...] roteiro sistematizado para o levanta-mento de dados (significativos para a(o) enfermeira(o)) do ser humano, que tornam possível a identificação dos seus problemas”. Para tanto, segundo essa autora, deve apresen- tar as seguintes características: ser conciso (sem repetições, claro, preciso), conter informações que permitam dispensar cuidados imediatos, ser individualizado e completo. Pela sua essência, constitui-se em atividade específica do enfer- meiro, que não deve ser delegada a outro membro da equipe de enfermagem. As habilidades do enfermeiro relacionadas à obser- vação, à comunicação e à interação são enfatizadas como extremamente importantes para a implementação dessa fase do processo de enfermagem, como recursos funda- mentais para a obtenção de dados relevantes do cliente (CARPENITO, 2009; TIMBY, 2007; LAROCCA; MAZZA, 2001; NASCIMENTO; MEIER, 2001; CIANCIARULLO et al., 2000; STEFANELLI, 2000; KIMURA et al., 1994; KRON; GRAY, 1994). O enfermeiro deve, portanto, investir esforços para estabelecer um relacionamento empático e de confiança com o paciente e sua família, a partir do primeiro contato vivenciado. Com a promoção de vários esforços para possibilitar mudanças organizacionais no Serviço e adequação do número de profissionais de enfermagem disponíveis, sur- giu a possibilidade de estender as atividades de sistema- tização da assistência de enfermagem para todos os usuá- rios do Serviço de Clínica Médica, no ano de 1988, estruturando-se as ações para a realização do Histórico de Enfermagem, Evolução Diária de Enfermagem e Prescrição de Enfermagem, segundo o referencial da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta (1979). 31 Por muitas limitações administrativas e sucessivas mudanças de profissionais da equipe, durante anos, os trabalhos realizados não redundaram em modificações importantes. Em 1993, foram retomadas as atividades de treinamento de enfermeiras, com cursos sobre Sistema- tização da Assistência de Enfermagem e Diagnósticos de Enfermagem. A essa altura, por iniciativa de colegas da UTI, foram iniciados os trabalhos para a implementação do processo de enfermagem naquele Serviço, que atendia a pacientes adultos em situação grave/crítica. Aos poucos, nesse período, alguns docentes do Curso de Enfermagem da UFPB foram também se inserindo nas atividades desenvolvidas, o que se caracterizou como um importante reforço para o prosseguimento das atividades, até que, no ano de 1988, com a colaboração de professores do Departamento de Enfermagem, foi unificado o propósito de prosseguir para a implementação do processo de enfer- magem em todas as suas etapas, nas unidades de Clínica Médica e CTI, e início das atividades nas demais clínicas do Hospital, através do Projeto de Sistematização da Assis- tência de Enfermagem/HULW (NÓBREGA et al., 1998). Esse Projeto caracterizou-se como uma pesquisa de campo e extensão com a colaboração de enfermeiros do Hospital e Docentes do Curso de Graduação de Enferma- gem da UFPB, para o desenvolvimento e a testagem de instrumentos para a coleta de dados significativos para a prática assistencial de enfermagem, identificação de diagnósticos de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação da assistência que, inicialmente, contou com quatro subprojetos: Clínica Médica, Centro de Terapia Intensiva, Clínica Obstétrica e Clínica Cirúrgica. Na Clínica Médica, a partir desse Projeto, incluiu-se a etapa de identificação de diagnósticos de enfermagem às já desenvolvidasanteriormente. Prosseguindo as atividades, foi promovido novo treinamento para os enfermeiros do 32 Hospital, com enfoque mais aprofundado do processo de raciocínio crítico necessário para a inferência dos diagnós- ticos de enfermagem. Apesar desse direcionamento, todas as etapas do processo de enfermagem foram enfocadas, e os instrumentos em uso foram reavaliados e modificados. O treinamento incluiu enfermeiras de todos os serviços de enfermagem do Hospital, como estímulo aos trabalhos de sistematização em todas as unidades. Na Clínica Médica, o processo de sistematização da assistência foi aperfeiçoado com os novos instrumentos modificados (VIRGÍNIO, 2003). As modificações realizadas foram também inseridas no CTI. Na Clínica Cirúrgica, procedeu-se à adaptação e à testagem do primeiro instru- mento de coleta de dados. A essa altura, foi iniciado o trabalho de sistematização da assistência no Centro Cirúr- gico, com ações desenvolvidas no pré-operatório imediato (em ação conjunta das enfermeiras do Centro Cirúrgico com as da Clínica Cirúrgica), com a implantação da visita pré-cirúrgica; no transoperatório (identificação de diagnós- ticos, planejamento e implementação de intervenções no ato cirúrgico) e no pós-operatório imediato (na URPA e na visita pós-cirúrgica, realizada na Clínica Cirúrgica). As atividades relacionadas à sistematização da assis- tência de enfermagem no HULW têm se constituído também em tema para o desenvolvimento de estudos científicos na Instituição, inclusive em diversas dissertações de Mestrado, estimulando os profissionais à dedicação ao estudo e à pesquisa, conforme citamos: validação de instru- mento de coleta de dados de enfermagem para clientes adultos hospitalizados (VIRGÍNIO, 2003); perfil diagnóstico de enfermagem de pacientes acometidos por infarto do miocárdio, à luz do Modelo de Florence Nightingale (MARTINS, 2004); construção e validação de instrumento de coleta para crianças de 0 a 5 anos (SILVA, 2004); cons- trução e validação de um instrumento de coleta de dados 33 para clientes adultos em Unidade Cirúrgica (SOUZA, 2005); concepções da equipe de enfermagem acerca do processo de trabalho no cuidado à criança hospitalizada e à sua família (PIMENTA, 2005); construção e validação de um instrumento de coleta de dados para recém-nascidos inter- nados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospi- tal Universitário Lauro Wanderley (GOUVEA, 2007); cons- trução de uma nomenclatura de diagnósticos de enferma- gem para a Clínica Médica do HULW/UFPB (FURTADO, 2007); construção e validação de um instrumento para a sistematização da assistência de enfermagem ao adolescen- te hospitalizado (MARQUES, 2008); construção de nomen- clatura de intervenções de enfermagem para a Clínica Médica do HULW/UFPB (LIMA, 2008); construção de nomenclatura de diagnósticos/resultados e intervenções de enfermagem para a Clínica Cirúrgica do HULW/UFPB (NORAT, 2009); construção e validação de um instrumento de coleta de dados para recém-nascidos assistidos no ber- çário (MACÊDO, 2009); catálogo CIPE® para dor oncológica (CARVALHO, 2010); construção e validação de instru- mento para coleta de dados de enfermagem em adultos de uma Unidade de Tratamento Intensivo (RAMALHO NETO, 2010). A partir da aprovação do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFPB, como um Centro de Pesquisa da CIPE®, acreditado pelo Conselho Internacional de Enfer- meiras (CIE), foram intensificadas as pesquisas na área, desta feita, com direcionamento para esse referencial, conforme demonstrado em todo o conteúdo deste livro agora publicado. Vivemos, neste momento, uma nova junção de esforços para revitalizar o Projeto de Sistema- tização da Assistência de Enfermagem do HULW/UFPB, para o qual trabalhamos atualmente a sensibilização dos novos enfermeiros em atuação no Hospital. 34 A expectativa é de que possamos, com brevidade, retomar as ações voltadas para a Sistematização da Assis- tência de Enfermagem em todas as unidades do hospital que já participaram do Projeto de Sistematização de Enfermagem do HULW/UFPB e iniciá-las nos serviços que ainda não lidaram com a temática, inclusive naqueles com características ambulatoriais ou de hospital-dia. 35 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM (CIPE®) E O DESENVOLVIMENTO DE SUBCONJUNTOS TERMINOLÓGICOS Luciana Gomes Furtado Ana Claudia Torres de Medeiros Maria Miriam Lima da Nóbrega A necessidade de construir um vocabulário próprio, consensual e objetivo para a prática de enfermagem vem sendo identificada ao longo de sua história, de modo que, além de permitir a sua definição como ciência, proporcione uma aplicabilidade mais eficaz de seus princípios, métodos e técnicas. Para tanto, a construção de sistemas de classi- ficação na Enfermagem sugere que o profissional dessa área utilize, em seu ambiente de trabalho, um vocabulário técni- co próprio, constituído de termos inerentes à profissão, ca- racterizado por uma linguagem especial, com a mesma apresentação do sentido e significado. Isso leva ao favore- cimento da qualidade dA assistência e ao reconhecimento da profissão em todo o mundo, mediante a padronização de sua linguagem (NÓBREGA et al., 2003). Durante o 19º Congresso Quadrienal do Internacional Council of Nurses (ICN), realizado em 1989, em Seul-Korea, foi apresentada uma proposta de desenvolvimento de uma classificação internacional dos elementos da prática de enfermagem, com a justificativa de que a falta de um sistema e de uma linguagem específica da profissão impe- dia que a Enfermagem pudesse dispor de dados confiáveis na formulação de políticas de saúde, na contenção de custos, na informatização dos serviços de saúde e no con- 36 trole do seu próprio trabalho (NÓBREGA; GUTIÉRREZ, 2000). Surge, então, a Classificação Internacional para a Prá- tica da Enfermagem (CIPE®), em cujo processo de desenvol- vimento já foram elaboradas várias versões. Em 1996, o CIE publicou a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem – Versão Alfa: um marco unificador, contendo a Classificação de Fenômenos de Enfermagem e a Classifi- cação de Intervenções de Enfermagem, com o objetivo de estimular comentários, observações, críticas e recomen- dações de ajuste e iniciar um processo de retroalimentação com vistas ao seu aprimoramento. Na evolução, foi divul- gada a CIPE® Versão Beta, em 1999, durante as comemo- rações do centenário do CIE; a CIPE® Versão Beta 2, em 2001; a CIPE® Versão 1.0, em 2005; a CIPE® Versão 1.1, em 2008; a CIPE® Versão 2 em 2009 e a CIPE® 2011 em maio de 2011(GARCIA; NÓBREGA, 2009; ICN, 2011). A CIPE® tem como objetivos estabelecer uma lingua- gem comum, que represente a prática de enfermagem mundialmente, os conceitos da prática e os cuidados de enfermagem; possibilitar a comparação de dados de enfer- magem entre populações; estimular a realização de pesqui- sas; propiciar dados sobre a prática, capazes de influenciar a educação em enfermagem e políticas de saúde; projetar tendências sobre as necessidades dos pacientes, a provisão de tratamentos de enfermagem, utilização de recursos e resultados do cuidado de enfermagem. Para que isso ocor- ra, é necessário empregar termos que possam reproduzir um universo único de conhecimentos, posto que, assim, a comunicação ocorre de forma clara, precisa e objetiva e bem compreendida por todos os que compõem a equipe de enfermagem, o que garante a continuidade dos cuidados (NÓBREGA; SILVA, 2008) e contribui para gerenciar os elementos críticos de enfermagem durante a documentação da prática profissional (ICN, 2007). 37 A CIPE® é um instrumento de informação que descreve e proporciona dados à representaçãoda prática de enfermagem nos Sistemas de Informação em Saúde. No âmbito mundial, consolida-se como um sistema unificado da linguagem de enfermagem, capaz de comunicar e comparar dados entre diversos contextos, países e idiomas. Contém termos distribuídos em seus eixos para a compo- sição de diagnósticos, intervenções e resultados de enfer- magem, conforme a área de atuação do enfermeiro (ICN, 2007). Atualmente, a CIPE® é a única classificação de enfer- magem aceita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como relacionada à Família de Classificação da CID, que vem sendo utilizada em muitos países do mundo, inclusive no Brasil, com a finalidade de propiciar o estabelecimento de uma linguagem comum, que represente os conceitos e os cuidados da prática de enfermagem. Linha do tempo da CIPE® Os passos iniciais no desenvolvimento de uma classificação internacional para a prática de enfermagem começou, em 1986, quando um grupo de enfermeiros integrantes da American Nurses Association (ANA) e da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), depois de tentar incluir um esquema de Classificação de Diagnósticos de Enfermagem como sendo importante também para o cuidado de enfermagem, na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), recebeu uma negativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considerou que a proposta enviada não representava a Enfermagem mundialmente, razão por que sugeriu que um órgão internacional de Enfermagem desenvolvesse um sistema de classificação para unificar e estabelecer uma linguagem 38 comum que representasse a prática de enfermagem (NÓBREGA; GUTIÉRREZ, 2000b). De acordo com a figura 1, as atividades para se elaborar uma classificação internacional foram iniciadas em 1989, quando o CIE decidiu acatar as recomendações da OMS de desenvolver uma Classificação de Problemas/Diagnósticos de enfermagem, de Intervenções de enfermagem e dos resultados de enfermagem que pudesse ser acrescentada a Família de Classificações Internacionais de Diagnósticos e Procedimentos Médicos. Com a proposta aprovada e depois de o projeto ter sido elaborado, as atividades para desenvolver este sistema de classificação foram iniciadas em 1991 (NÓBREGA; GUTIÉRREZ, 2000a), com a realização de um levantamento bibliográfico na literatura de Enfermagem e de uma pesquisa nas associações membros do CIE, para identificar os sistemas de classificação utilizados pelos enfermeiros (CIE, 1996). Figura 1 - Evolução da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem. 39 Para o CIE (1996), o levantamento sobre as classifi- cações existentes proporcionou os elementos iniciais para a primeira etapa, quando os termos das classificações existen- tes foram trabalhados em relação às suas características para serem agrupados segundo elas. Em seguida ao desen- volvimento desse projeto, foram analisadas a CID-10, as classificações aceitas pela OMS, bem como os quatorze Sistemas de Classificações de Enfermagem identificados na pesquisa, com o intuito de identificar as denominações pertencentes à Enfermagem. Como resultado, em 1993, o CIE apresentou o documento intitulado Nursing’s Next Advance: An International Classification for Nursing Practice – ICNP, que não é considerado a primeira versão da CIPE®, mas uma listagem, em ordem alfabética, dos elementos da prática de enfermagem (diagnósticos de enfermagem, inter- venções de enfermagem e resultados esperados) identifi- cados nesses sistemas (ICN, 1993). Com esses resultados, o CIE constitui um grupo de estudo para agrupar e hierarquizar os termos identificados dentro de grupos estabelecidos. Nessa etapa, os termos foram examinados por meio de seus traços definidores, ou seja, suas características ou atributos, e comparados, agru- pados e hierarquizados em pirâmides coerentes de concei- tos. Isso resultou na construção da Classificação dos Fenô- menos de Enfermagem e na Classificação das Intervenções de Enfermagem. A primeira representa o domínio do cliente, não importando se ele é o ser humano ou o meio ambiente. A Classificação das Intervenções de Enfermagem representa o domínio das ações realizadas pelos en- fermeiros em relação aos fenômenos de enfermagem (MORTENSEN, 1997). Em 1996, o CIE publicou a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem – Versão Alfa – e declarou que a CIPE® consistia em um vocabulário e numa estrutura na qual podiam ser cruzados os vocabulários e as 40 classificações existentes, permitindo a comparação de dados de enfermagem reconhecidos (ICN, 1996). Esse lançamento representa um marco unificador, um início de mudança na história da Enfermagem. Durante a construção da Versão Alfa, foram estabelecidos os pilares de sustentação de toda a estrutura da CIPE®. Para isso, usaram-se três pirâmides conceituais, estabelecidas após a identificação dos termos empregados nas classificações, que foram agrupados conforme características comuns; em seguida, foi feita uma compilação sistemática, que gerou duas das três pirâmides conceituais – classificação dos fenômenos de enfermagem e classificação das intervenções de enfermagem (CIE, 1996; NÓBREGA; GUTIÉRREZ, 1999). Segundo o CIE (1996), a CIPE® Versão Alfa teve o objetivo de incentivar observações, comentários e críticas para que uma nova versão fosse construída como uma matriz unificadora, em que as taxonomias fossem identi- ficadas, a linguagem das práticas clínicas de enfermagem fosse uniformizada e incluída na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com Saúde. Em 1998, a Equipe de desenvolvimento da CIPE® apresentou novas decisões no desenvolvimento do modelo experimental da Versão Beta, que seria um modelo multia- xial, ou seja, permitiria mais de uma divisão do termo superior (top term) e combinações dos conceitos das distintas divisões e eixos, que proporcionassem mais soli- dez à classificação e servisse de base para diversificar a expressão dos conceitos necessários em uma classificação internacional (ICN, 1999). Ao trabalharem com a CIPE® Versão Beta, os enfer- meiros recomendaram algumas alterações que levaram a sua revisão, que culminou, em 2001, com outra publicação: CIPE® Versão Beta 2. As alterações fundamentais foram de natureza gramatical, mudanças ou correções de códigos e correções de definições (ICN, 2001). Nessa Versão, tanto a 41 Classificação dos Fenômenos de Enfermagem quanto a Classificação das Ações de Enfermagem foram estruturadas em oito eixos. O Grupo de Aconselhamento Estratégico para a CIPE® recomendou ao CIE, em 2002, que procedesse a uma averiguação para saber qual o software que poderia ser usado para dar suporte ao complexo desenvolvimento da CIPE®, assim como a sua manutenção. Durante esse estudo, houve a participação de líderes mundiais em relação aos vocabulários de cuidados de saúde, com o propósito de assegurar que a CIPE® Versão 1.0 fosse consistente com as normas vocabulares. As principais recomendações emer- gidas deste Grupo foram proporcionar uma base mais formal para a CIPE® e usar software capaz de satisfazer às necessidades atuais e propiciar alguns critérios para um vocabulário completo e viável, a fim de que fossem evitadas redundância e ambiguidade de termos e se assegurasse que os códigos associados aos termos, em um vocabulário, não refletissem a estrutura hierárquica do vocabulário, pois esses critérios não eram consistentes nas Versões Beta e Beta 2 da CIPE® (ICN, 2005). No 23° Congresso Quadrienal do CIE, em Taiwan, realizado em julho de 2005, foi lançada a CIPE® Versão 1.0, que é mais do que meramente um vocabulário, é um recurso que pode acomodar vocabulários existentes, por meio do cruzamento mapeado, com a possibilidade deser usado para desenvolver novos vocabulários como uma terminologia combinatória e que pode identificar a relação entre conceitos e vocabulários como uma terminologia de referência. O CIE destaca que, a partir dessa versão, a CIPE® passa a ser definida como um sistema unificado da linguagem da Enfermagem; uma terminologia instrumental para a prática de enfermagem, que facilita a combinação cruzada de termos locais com as terminologias existentes (ICN, 2005). 42 A CIPE® Versão 1.0 reflete as principais reformulações na direção de tornar os sistemas de classificação tecnolo- gicamente mais fortes e acessíveis para os enfermeiros usarem. A principal razão do desenvolvimento de um sistema unificado da linguagem de enfermagem consiste em oportunizar a comunicação e a comparação de dados de enfermagem entre contextos, países e idiomas. Esses dados podem ser utilizados como base na tomada de decisão para avaliar os cuidados de enfermagem e os resultados dos clientes, bem como para desenvolver políticas de saúde e gerar conhecimento pela investigação (ICN, 2005). A maior meta do Programa CIPE® para com a CIPE® Versão 1.0 é o seu uso para descrever e comparar a prática de enferma- gem internacionalmente (ICN, 2007). É definida como uma terminologia combinatória da prática de enfermagem, que possibilita o mapeamento cru- zado de condições locais, de vocabulário e de classificações já existentes. Não foi construída como um vocabulário em si, mas como um recurso que consegue acomodar os vocabulários existentes e pode ser usada para desenvolver vocabulários novos e identificar quaisquer relações entre eles. É mais do que um vocabulário; está para além de uma estrutura multiaxial simples, pelo fato de utilizar uma abordagem lógica de descrição. Deve conseguir harmonizar e promover para os enfermeiros um sentido para as múltiplas necessidades de terminologia. Portanto, a CIPE® Versão 1.0 deve ser capaz de representar os vocabulários existentes usando-se a CIPE®; continuar a suportar uma representação multiaxial; facilitar o desenvolvimento de vo- cabulários locais através da CIPE® e identificar semelhanças e diferenças entre as diversas representações, comparando e combinando dados de diversas fontes (ICN, 2005). De acordo com o CIE (ICN, 2005), a CIPE® Versão 1.0 é composta por 1.658 termos, que se encontram distribuídos em sete eixos, destinados à composição das afirmativas 43 diagnósticas, de resultados e de intervenções, com a possi- bilidade de serem organizadas em grupos significativos para a prática de enfermagem e para os catálogos da CIPE®, que são definidos como subconjuntos de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem e direcionados para uma área ou uma especialidade da prática, no desen- volvimento de sistemas manuais ou eletrônicos de registros de pacientes, com a vantagem de ser parte de um sistema unificado de linguagem. A CIPE® Versão 1.0 trouxe uma contribuição relevan- te dos enfermeiros de todo o contexto mundial e das iniciativas advindas do Comitê de Avaliação da CIPE®. O seu uso progressivo, na prática profissional, resultará em fácil compreensão, tanto para os profissionais quanto para os sistemas de informação, e poderá retificar os problemas que ocorreram na CIPE® Versão Beta 2, como duplicação e ambiguidade de termos existentes nos diferentes eixos, por meio da utilização do Modelo de Sete Eixos, na elaboração de afirmativas de diagnósticos, das intervenções e dos resultados de enfermagem (ICN, 2005). Essa Versão também é considerada uma classificação multiaxial, constituída por eixos que, quando utilizados, possibilitam a combinação dos conceitos dos termos neles existentes, proporcionando mais solidez à classificação e, consequentemente, uma maior diversificação da expressão de seus conceitos (GARCIA; NÓBREGA, 2004). Seu modelo pode ser considerado um recurso por meio do qual é possível acomodar vocabulários atuais e novos termos, utilizando-se uma terminologia, e compor afirmativas de diagnósticas, de intervenções e de resultados de enferma- gem com base nas necessidades de cuidados do paciente (ICN, 2005, NÓBREGA; SILVA, 2008). Os eixos que constam nessa classificação são defini- dos pelo CIE (CIE, 2007) como: Foco: área de atenção que é relevante para a Enfermagem, tem 816 termos, por exem- 44 plo: dor, eliminação, estupro, comunicação, insônia; Julga- mento: opinião clínica ou determinação relacionada ao foco da prática de enfermagem, composto por 34 termos – Exemplos: melhorado, interrompido; Meios: uma maneira ou um método de desempenhar uma intervenção, com- posto por 269 termos - Exemplos: bolsa de colostomia, fral- da, coletor de urina; Ação: um processo intencional aplica- do a um cliente, composto por 214 termos - Exemplos: trocar, promover, tranquilizar, melhorar; Tempo: o momen- to, período, instante, intervalo ou duração de uma ocor- rência, composto por 60 termos - Exemplos: admissão, frequente, raramente; Localização: orientação anatômica e espacial de um diagnóstico ou intervenções, composto por 238 termos - Exemplos: abdome, escola, posterior; Cliente: sujeito ao qual o diagnóstico se refere e que é o recipiente de uma intervenção, composto por 27 termos - Exemplos: recém-nascido, cuidador, família (Figura 2). Figura 2: Modelo de Sete Eixos da CIPE® 45 Essa versão da CIPE® atende aos preceitos da norma ISO 18.104: Modelo de Terminologia de Referência da Enfermagem, da Organização Internacional para Normali- zação, publicada em 2003, que tem como objetivo estabe- lecer um modelo de terminologia de referência para a Enfermagem, de modo coerente com as metas e os objetivos das terminologias em saúde, uma vez que apresenta os descritores mínimos obrigatórios para a construção de diagnósticos e intervenções de enfermagem e mais outros descritores para detalhá-los mais adequadamente (ICN, 2005). Com a ISO 18.104 e o Modelo de Sete Eixos, ficou mais fácil elaborar afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem. Mas o CIE (2007) estabeleceu que, para compor afirmativas/enunciados de diagnósticos e intervenções de enfermagem, deve-se utilizar um termo do Eixo Foco e um termo do Eixo Julgamento e, ainda, incluir termos adicionais, se necessário, dos Eixos Foco, Julgamento ou de outros eixos. Para compor as intervenções de enfermagem, recomenda-se incluir um termo do Eixo Ação e, pelo menos, um termo Alvo (pode ser um termo de qualquer um dos eixos, exceto do Eixo Julgamento) e, se necessário, incluir termos adicionais do Eixo Ação ou de outro qualquer. Ressalte-se, todavia, que não existem classificações específicas para todas as áreas de atuação do enfermeiro, mas o CIE – responsável pela construção da CIPE® – precisa coletar e codificar termos utilizados pela Enfermagem em clientes e áreas específicas, organizando e criando os subconjuntos terminológicos (ICN, 2005). A utilização da CIPE® Versão 1.0 deverá facilitar o envolvimento dos sistemas de informação em saúde e o desenvolvimento de subconjuntos terminológicos direcionados tanto a clientelas específicas – indivíduo, família e comunidade – quanto a prioridades de saúde específicas relacionadas a condições 46 de saúde, ambientes ou especialidades de cuidado e fenô- menos de enfermagem, além do mapeamento cruzado com as demais terminologias (ICN, 2007). Em 2008, foi apresentada a CIPE® Versão 1.1, dispo- nível apenas on line, e aceita como parte da Família de Classificações Internacionais da Organização Mundial de Saúde. O corpo dessa versão traz a inclusão de afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem. Essa inclusão foi resultado dos esforços de enfermeiros de todo o mundo paraconstruir os Subconjuntos Termino- lógicos da CIPE®, destinados a uma determinada área da prática profissional (ICN, 2008). A CIPE® Versão 2 foi lançada em julho de 2009, durante o 24º Congresso Quadrienal do CIE, em Durban, na África do Sul. Representou o trabalho de inúmeros enfermeiros e outros especialistas durante os últimos vinte anos. Dessa forma, ela evoluiu com mais de 2.000 termos constantes e várias afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem, com o intuito de enriquecer e desenvolver catálogos. Foram adicionadas mais de 400 novas entidades, e muitos desses conceitos, afirmativas de diagnósticos e intervenções de enfermagem, foram desen- volvidos para os catálogos CIPE®, disponíveis nas seguintes representações: Web browser do Modelo de Sete Eixos, Representação Ontology Web Language (OWL), e os Catálo- gos CIPE®, que pode ser consultado no site do CIE (http://www.icn.ch/icnp). Todas essas representações são desenvolvidas e apresentadas de acordo com os procedi- mentos de manutenção do Programa CIPE® e são distri- buídas pelo ICN via internet (CIE, 2010; NÓBREGA; NASCIMENTO, 2010). Em abril de 2011, foi publicada em formato de livro (CIE, 2011). Em 4 de maio de 2011, durante a Conferência do CIE, realizada na Ilha de Malta, foi lançada e disponibilizada a atual versão, a CIPE® 2011, que evolui com um total de 47 5.148 conceitos, incluindo 454 conceitos novos, cuja maioria é composta de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem previamente coordenados, oriundos dos catálogos desenvolvidos na área. Sua versão eletrônica se encontra no c-Space do ICN, uma plataforma da web muito utilizada para o trabalho dos catálogos ou subconjuntos da CIPE® (ICN, 2011a). Atualmente, a CIPE® encontra-se inserida no mais novo Programa do CIE, o e-Health, que tem o objetivo de transformar a Enfermagem por meios da aplicação visio- nária das tecnologias da informação e comunicação. Nesta perspectiva, para torná-la mais fácil sua utilização, está sendo apresentada em alguns formatos: 1) Uma classifi- cação de expressões de enfermagem pré-definidas; 2) Um produto de sete eixos para composição de expressões de enfermagem e; 3) Catálogos ou Subconjuntos termino- lógicos de termos selecionados para uso em atuações particulares (ICN, 2011b). Figura 3: Ciclo de vida da Terminologia CIPE® Fonte: Coenen; Kim (2010) 48 Nesse processo de constantes atualizações, o Progra- ma CIPE® encontra-se organizado em três principais áreas de trabalho: Pesquisa e desenvolvimento; Manutenção e operação; e Disseminação e ensino, que compreendem o Ciclo de vida da terminologia CIPE® (CIE, 2011a). (Figura 3) Na área de trabalho Pesquisa e desenvolvimento, destacam-se os Centros Acreditados pelo CIE para pesquisa e desenvolvimento da CIPE®, que colaboram com o traba- lho de tradução ou validação da CIPE® e sua aplicação na prática; os catálogos ou subconjuntos terminológicos da CIPE®, que preenchem uma necessidade na construção de sistemas de informação em saúde, descrevendo diagnósti- cos, resultados e intervenções adequados para uma deter- minada área de cuidado; o programa CIPE® Tradução; o Comitê de Avaliação e os Projetos de Desenvolvimento e Pesquisa Mundial com a CIPE®. Na área de trabalho CIPE® - Manutenção e operações, é controlado o gerenciamento de suas versões, que garante sua atualização a cada dois anos, em consonância com os Congressos e as Conferências do CIE; enquanto na área CIPE® - Disseminação e ensino, as atenções são destinadas a uma disponibilidade para seus usuários, incluindo as publicações internas (boletim CIPE®, guias, catálogos), as publicações externas (capítulos de livro, anais de congres- sos), página CIPE® no website do CIE e os Congressos e Conferências do CIE; como também o ensino da CIPE® por meio de consultoria, parceria, colaboração no local de trabalho e conferências. Subconjunto terminológico da CIPE® A CIPE® é um instrumento complexo e abrangente, que inclui milhares de termos e definições. Com o seu uso, a documentação da assistência de enfermagem reforça, de 49 modo sistemático, a segurança e a qualidade do atendi- mento. Para facilitar a simplicidade de utilização, o CIE está desenvolvendo Subconjuntos terminológicos da CIPE® para um grupo de clientes e/ou prioridade de saúde selecio- nados. Ressalta-se que esses Subconjuntos não substituem o julgamento de enfermagem nem o processo de tomada de decisão do enfermeiro, mas sempre serão essenciais para a prestação de cuidados individualizados aos doentes e às suas famílias, como uma referência acessível para os enfermeiros, porquanto contém diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem para uma determinada área selecionada ou de especialidade do cuidar em enfermagem com propósitos específicos. Os Subconjuntos terminoló- gicos da CIPE® também podem suprir necessidades práticas na construção de manuais e sistemas de prontuário eletro- nico do paciente, como parte de um sistema de linguagem unificado (ICN, 2007). Nesse contexto, é necessário o envolvimento de enfermeiros de todo o mundo, durante esse processo, longo e contínuo, que facilitará a padronização da linguagem de enfermagem, o monitoramento da qualidade dos cuidados prestados aos pacientes, a construção de banco de dados e, consequentemente, o estabelecimento de padrões de cuida- dos que possam ser utilizados em qualquer parte do mun- do (ICN, 2007). A estrutura dos subconjuntos terminológicos da CIPE® inclui os clientes e as suas prioridades de saúde. Define-se cliente como o sujeito ao qual um diagnóstico se refere e que é receptor de uma intervenção. São indivíduos, famílias e comunidades que recebem cuidados de enferma- gem. As prioridades de saúde se enquadram em uma dessas três áreas: condições de saúde (por exemplo, diabe- tes, saúde mental), especialidades de cuidados de saúde ou local do atendimento e fenômenos de enfermagem (CIE, 2011; ICN, 2008). 50 Em 2007, o CIE apresentou uma metodologia para o desenvolvimento de Catálogos CIPE®, contendo dez passos, a saber: 1) identificar a clientela a que se destina e a prioridade de saúde; 2) documentar a significância para a Enfermagem; 3) contatar o CIE para determinar se outros grupos já estão trabalhando com a prioridade de saúde focalizada no Catálogo, para identificar colaboração poten- cial; 4) usar o Modelo de Sete Eixos da CIPE® Versão 1.1 para compor as afirmativas de resultados e intervenções de enfermagem; 5) identificar afirmativas adicionais por meio da revisão da literatura e de evidências relevantes; 6) desen- volver conteúdo de apoio; 7) testar ou validar as afirma- tivas do Catálogo em dois estudos clínicos; 8) adicionar, excluir ou revisar as afirmativas do catálogo, segundo a necessidade; 9) trabalhar com o CIE para a elaboração da cópia final do Catálogo; e 10) auxiliar o CIE na dissemi- nação do Catálogo (ICN, 2007, BARTZ et al., 2007, COENEN, 2007, HARDIKER; JANSEN, 2007). Em 2010, Coenen e Kim (2010) apresentaram outro processo de desenvolvimento de subconjuntos terminoló- gicos e descreveram seis passos, relacionados com as prin- cipais áreas de trabalho do Ciclo de vida da Terminologia CIPE®: 1) identificação da clientela; 2) coleta de termos e conceitos relevantes para a prioridade de saúde; 3) mapea- mento dos conceitos identificados com a CIPE®; 4) estru- turação de novos conceitos; 5) finalização do catálogo e 6) divulgação do catálogo (Figura 4). 51 Figura 4: Relações entre as áreas de trabalho do Ciclo de vida da Terminologia CIPE® e as etapas do desenvolvimento de Subconjuntos Terminológicos A partir da publicação das orientações, a construção de subconjuntosterminológicos tem sido uma meta da CIPE®, no entanto, o Programa CIPE® evidenciou e reconheceu um conflito entre a definição atribuída ao termo catálogo e ao termo subconjunto, uma vez que eles se sobrepõem e induzem à confusão. Assim, decidiu-se pela mudança, para que todos os conjuntos de diagnósticos, resultados e intervenções da CIPE® fossem chamados de subconjuntos terminológicos por terem mais conformidade com a informática (CIE, 2011; ICN, 2008). A criação dos Centros de Pesquisa e Desenvolvimento da CIPE®, acreditados pelo CIE, tem como objetivos disse- minar a utilização na prática clínica, na pesquisa e no ensino da CIPE®, e favorecer o início do desenvolvimento de subconjuntos terminológicos em âmbito mundial. Esses 52 Centros, que podem ser uma instituição, faculdade, depar- tamento, associação nacional ou outro grupo que atenda aos critérios do CIE, têm objetivos compatíveis com a missão do CIE e a visão da CIPE® e contribuem para a pesquisa e avaliação dessa terminologia; para o ensino, a comunicação e a disseminação da CIPE® (ICN, 2010). Nesse contexto, o processo de desenvolvimento de subconjuntos terminológicos em âmbito mundial é crescen- te. São três os catálogos desenvolvidos pelo CIE até o final de 2010 (COENEN; KIM, 2010). O catálogo CIPE® “Estabe- lecer parceria com os indivíduos e as famílias para promo- ver a adesão/aderência ao tratamento” inclui conceitos de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem com foco em indivíduos e famílias com o risco ou com o problema real de adesão/aderência. Foi o primeiro catálogo desenvolvido pelo CIE, e a lista de afirmativas de diagnós- ticos e intervenções de enfermagem foi classificada nas categorias de aspectos físico, mental, comportamental, sociocultural, ambiental e espiritual da adesão (BARTZ et al., 2007). O catálogo CIPE® para “Cuidados paliativos para uma morte digna” foi desenvolvido para indivíduos no estágio final de vida, depois de um trabalho de pesquisa entre quatro países (Etiópia, Índia, Quênia e Estados Unidos) para identificar intervenções de enfermagem e promover uma morte digna (DOORENBOS et al., 2011). Foi baseado no “Modelo de Cuidados de Preservação da Digni- dade” e organizado em 269 afirmativas de diagnóstico, resultado e intervenção de enfermagem em três sistemas: preocupações relacionadas com a doença, repertório de preservação da dignidade e inventário da dignidade social. Sua criação foi um esforço em grupo, composto por Ardith Z. Doorenbos; Kay Jansen; Rhonda P. Oakes; Sarah A. Wilson, dos Estados Unidos (ICN, 2009). 53 O catálogo CIPE® “C-HOBIC” surgiu do projeto “Resultados de saúde canadense para melhor informação e cuidados”, resultante da parceria entre a Associação de Enfermagem do Canadá com os Ministros da Saúde de quatro províncias canadenses (Ontário, Prince Edward Island, Saskatchewan e Manitoba), com o objetivo de promover o uso sistemático e difundido das avaliações dos pacientes e documentação padronizada, com vistas a incentivar os enfermeiros a usarem os sistemas de informação em saúde (HANNAH et al., 2009). Foi escolhida a CIPE® para “Documentação da prática de enfermagem” do Projeto C-HOBIC no Canadá e mapea- dos os conceitos do C-HOBIC e os termos da CIPE® Versão 1.0, obtendo-se 96 termos para a construção do Catálogo C- HOBIC. Atualmente, o processo de desenvolvimento do Catálogo Canadense está no passo sete das diretrizes do CIE para desenvolvimento de catálogos, ou seja, testar ou validar as afirmativas elaboradas com a população especifi- cada (em sistemas informatizado e manual) e com enfer- meiros peritos na prioridade de saúde selecionada. Um mapeamento do C-HOBIC com a CIPE® Versão 2 está em fase de desenvolvimento final (CNA, 2009). Outro exemplo de catálogo em andamento é o projeto CIPE® do Paquistão, que vem sendo desenvolvido nas seguintes instituições: Escola de Enfermagem da Univer- sidade Aga Khan, Hospital Universitário da Aga Khan, Serviços de Saúde da Aga Khan, Hospitais para mulheres e crianças, Escola de Saúde Pública em Karachi e três Facul- dades Públicas de Enfermagem, utilizando a CIPE® Versão beta 2.0 para a construção de quinze modelos de planos de cuidados na área de Obstetrícia e Cardiologia, que contêm fenômenos/diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem. Para elaborar esses subconjuntos da CIPE® participaram enfermeiras voluntárias e experts das áreas de Obstetrícia e Cardiologia (RUKANUDDIN, 2005). 54 Na Alemanha, também podemos citar o projeto de desenvolvimento dos subconjuntos da CIPE® para “Pacien- tes oncológicos”, resultante de 67 planos de cuidados de enfermagem utilizados na Instituição “Klinik fur Tumor- biologie” em Freiburg. Os termos resultantes do processo de mapeamento entre os termos dos planos de cuidados e os termos da CIPE® Versão 1.0 passaram por um processo de avaliação, e cada grupo de termos mapeados foi organizado em quatro categorias diferentes e enviados para o processo de revisão da CIPE® (KONIG; SILLER, 2006). O catálogo CIPE® “Enfermagem em casos de catas- trofe” está sendo desenvolvido pela Universidade da Flinders (Austrália), a partir do Centro CIPE®. O seu enfo- que é a Enfermagem em casos de catástrofe, uma área que tem sido foco de maiores conhecimentos e publicações devido ao advento de mais catástrofes. O projeto tem a coordenação da Dra. Lídia Mayner, desde janeiro de 2010 (ICN, 2010). O catálogo CIPE® para “Dor oncológica” foi desen- volvido como um projeto do Centro CIPE® da Universidade Federal da Paraíba – Brasil. Destina-se a pacientes adultos portadores de neoplasia maligna que, do momento do diagnóstico do câncer até a morte, experimentam a sensa- ção de dor. Foi desenvolvido para o fenômeno dor oncoló- gica, e as afirmativas de diagnósticos, resultados e interven- ções de enfermagem construídas foram distribuídas de acordo com o Modelo de Dor Oncológica desenvolvido no estudo, que contempla 156 afirmativas de diagnósti- cos/resultados e 219 intervenções de enfermagem, construí- das com base na CIPE® Versão 1.0 e mapeadas com a CIPE® Versão 1.1 (CARVALHO, 2009). O catálogo CIPE® para “Insuficiência cardíaca con- gestiva” foi desenvolvido no Centro CIPE® da Universi- dade Federal da Paraíba – Brasil, voltado para pacientes portadores de insuficiência cardíaca congestiva - classe 55 funcional III - da Escala de NYHA. Foi construído tendo como base o modelo fisiopatológico da insuficiência cardíaca, para a prioridade de saúde - doenças cardíacas, o que resultou em 68 afirmativas de diagnósticos/resultados de enfermagem e 234 afirmativas de intervenções de enfermagem, elaboradas com base na CIPE® Versão 1.0 e distribuídas através dos sintomas mais frequentes nos pacientes portadores de ICC, ou seja, taquicardia, dispneia, edema e congestão (ARAÚJO, 2009). No referido Centro, ainda se encontram em desenvol- vimento as propostas de um subconjunto terminológico da CIPE® para idosos, um para pacientes hipertensos atendi- dos em Unidades Básicas de Saúde e um para pacientes diabéticos hospitalizados. Por intermédio de sua diretoria, o Centro presta assessoria em vários estados brasileiros onde estão sendo desenvolvidas outras propostas de subconjunto terminológico da CIPE®, relacionadas à saúde indígena, à amamentação, aos cuidados em reabilitação, à neonatologia, à obstetrícia e à sistematização da prática de enfermagem na atenção básica (GARCIA; NÓBREGA, 2011). Ainda temos no Brasil em desenvolvimento, desde outubro de 2007, o Projeto de tecnologia móvel usando a CIPE® para a “Enfermagem em cuidados críticos”, que avaliou 550 diagnósticos e 660 intervenções de enfermagem por meio da CIPE® versão 1.0, em um hospital escola da Universidade
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