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Determinação do Ciclo Estral em Cadelas

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DETERMINAÇÃO DO MOMENTO DO 
CICLO ESTRAL EM CADELAS 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O ciclo estral da cadela compreende as três fases características – pró-estro, estro 
e diestro – às quais se segue um período de inatividade funcional ovárica – o anestro. A 
variação individual e entre raças na duração do intervalo entre ciclos estrais ocorre devido à 
variação na duração do anestro e, em menor grau, do diestro ou fase lútea. No entanto é na 
variação individual da duração do pró-estro (2 a 15 dias, em média 9 dias) e estro (3 a 12 dias, 
em média 10 dias) que reside o maior obstáculo à adoção de um método padronizado para o 
cruzamento ou inseminação artificial (IA) com perspectiva de boa fertilidade. 
O início do ciclo estral – pró-estro – é marcado pelo aparecimento do corrimento 
vulvar sanguinolento. Em contraste, o início do estro só é detectável clinicamente pela 
mudança de comportamento em relação ao macho (aceitação, reflexo de tolerância), 
embora em certas fêmeas possa nunca ser observada aceitação do macho ou, pelo contrário, 
em outras fêmeas mais submissas pode ocorrer a aceitação do macho mesmo fora do período 
de estro. Desta forma, o início do período fértil pode variar consideravelmente entre 
cadelas, em relação ao início do pró-estro ou estro. 
A detecção do momento do início do período fértil e a sua duração em cada 
cadela individual é um fator determinante para a obtenção de um cruzamento ou IA fértil. 
A utilização do exame ginecológico completo nas cadelas é de suma importância para o 
pronto diagnóstico de infertilidade e patologias da reprodução. Não só o exame físico muitas 
vezes é conclusivo, precisando de utilização de exames complementares. 
 
 
PRINCIPAIS INDICAÇÕES DA DETERMINAÇÃO DO 
CICLO ESTRAL EM CADELAS 
 
� Alterações do ciclo estral: 
� Anestro prolongado. 
� Proestro e Estro prolongado. 
� Intervalo entre - estros reduzido. 
� Determinação da fase do ciclo estral 
� Determinação do momento de cobertura ou inseminação artificial. 
 
 
FISIOLOGIA REPRODUTIVA DA CADELA (RESUMO) 
 
Cerca de um mês antes do início do pró-estro ocorre uma ligeira elevação da 
concentração de estrógenos circulantes. O aumento significativo da concentração sérica de 
estrógenos, produzidos pelos folículos em crescimento, conduz ao aparecimento dos sinais 
característicos do pró-estro: corrimento vulvar sanguinolento, edema da vulva, edema das 
pregas vaginais, espessamento da mucosa vaginal e sua queratinização. A concentração 
sérica de estrógenos atinge o seu pico no final do pró-estro, estimulando a libertação de 
LH e a subsequente ovulação (Figura 1). 
 
 
 
Figura 1. Variação das concentrações plasmáticas de estrógenos, LH e progesterona (P4). 
 
O pico das concentrações plasmáticas de LH ocorre, normalmente, no primeiro dia do 
estro (último dia do pró-estro aos dois primeiros dias do estro) e dura apenas 24 a 40 h, 
retornando de imediato aos níveis basais. A ovulação ocorre, cerca de, 48 h após o pico de LH 
e dura menos de 24 h. A concentração plasmática de progesterona (P4) começa a subir 
gradualmente no fim do pró-estro (coincidindo com a queda no teor de estrógenos), 
devido à luteinização pré-ovulatória das células foliculares e aumenta de forma muito 
marcada após a ovulação. 
 
DETERMINAÇÃO DO PERÍODO FÉRTIL NA CADELA 
 
A determinação do início e duração do período fértil ocorre através de meios 
complementares de diagnóstico, que incluem a determinação padrão celular (citologia vaginal), 
obtida a partir de um esfregaço por aposição de um swab vaginal, e a determinação das 
concentrações circulantes (séricas ou plasmáticas) do hormônio luteinizante (LH) e/ou de 
progesterona (P4). 
 
1 - CITOLOGIA VAGINAL 
 
O início do estro pode ser, parcialmente, determinado recorrendo-se à citologia vaginal, 
a qual se baseia nas alterações quantitativas e qualitativas do padrão celular. A mucosa 
vaginal e as células epiteliais vaginais sofrem alterações morfológicas sob a ação das 
concentrações crescentes de estrógenos. Estes estimulam a proliferação do epitélio vaginal, 
que passa de uma espessura de poucas camadas celulares no anestro para uma espessura de 
20 a 30 (até 100 -150) camadas de células no fim do pró-estro. O afastamento das células 
epiteliais da membrana basal epitelial induz um processo degenerativo de morte celular 
associado à queratinização (cornificação) citoplasmática. 
 A variação na percentagem de células superficiais – índice de cornificação celular – 
ao longo de esfregaços vaginais seriados pode ser usado no monitoramento da evolução 
do ciclo estral. Em termos citológicos, considera-se que a cadela está em cio (estro) 
quando o esfregaço celular apresenta um índice de cornificação superior a 80 %. No 
entanto, a citologia vaginal não permite determinar com exatidão os momentos de 
ocorrência do pico de LH e da ovulação, o que torna necessária a dosagem de LH e/ou 
da P4. 
 
• RECOMENDAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DA CITOLOGIA 
VAGINAL 
 
� Inicio e fim do metaestro e anestro, ou seja, cerca de 15 dias após o inicio do 
sangramento. Repetir após 60 e 90 dias do inicio do sangramento. 
� Nas fêmeas com ciclos irregulares serão necessários mais exames. 
� Cios prolongados (mais de 15 dias) – repetir a citologia vaginal no 20º e 25º dia do 
início do sangramento. Se aos 60 dias o esfregaço não estiver compatível com o 
metaestro, repetir aos 70, 80 e 90 dias. 
� Quando iniciar o sangramento é conveniente fazer esfregaços a cada quatro dias 
e quando diminuir o sangramento, esfregaços diários até a ovulação (pico de 
LH). 
 
 
• TÉCNICA 
 
A citologia vaginal deve ser realizada utilizando-se um swab, previamente, umidificado 
com solução fisiológica. Ao ser introduzido pela comissura dorsal da vagina em um ângulo 
de 45° com o auxílio de um especulo vaginal, o swab deve ser rotacionado quando atingir as 
paredes laterais da vagina. Logo após, o material deve ser rotacionado sobre uma lâmina 
de vidro devidamente identificada. A fixação das lâminas deverá ser feita em álcool etílico 
ou metílico seguida da coloração pelo Método Panótico. 
Em termos práticos, após o início do corrimento vulvar sanguinolento realiza-se uma série 
de citologias vaginais seriadas (mínimo 3) até à identificação de um índice de cornificação 
próximo do característico do estro, momento em que se iniciam as dosagens hormonais. A 
realização de citologias vaginais seriadas poderá manter-se durante o estro até a identificação 
do início do diestro, uma vez que não é possível distinguir, com base nas concentrações 
plasmáticas de P4, o momento da transição entre o estro e o diestro. 
 
 
Figura 2. Célula superficial parcialmente queratinizada. 
Fonte: www.redevet.com.br 
 
2 – DOSAGENS HORMONAIS 
 
As concentrações periféricas de LH próprias do pico podem ser mensuradas no 
soro ou, ainda pode mensurar as concentrações plasmáticas de P4. Dado que o pico de 
LH é fugaz, devem ser colhidas amostras diariamente, mais ou menos à mesma hora. A 
colheita deve iniciar ainda durante o pró-estro (o que pode ser confirmado através da 
determinação da concentração de P4, que deverá ser basal, ou pela citologia vaginal). Se a 
cadela já estiver na fase de estro médio ou tardio, o pico de LH não será detectado nem pode 
ser determinado retrospectivamente. 
 Quando forem detectadas concentrações séricas de LH (> 1 ng/mL), a dosagem 
de P4 mostrará um aumento gradual, atingindo um valor mínimo de 4,0 ng/mL dois a três 
dias depois, o que confirma a ocorrência do pico de LH. Se os níveis de P4 permanecerem 
baixos, isto significa que ocorreu uma flutuação pró-éstrica da LH, e o teste deve ser repetido 
diariamente até ser identificado o verdadeiro pico da LH. Dado o curto período de validade do 
teste, a necessidade de amostragem diária e a necessidade de determinar a P4 paraverificar a 
precisão, este método tem uma utilização limitada. 
As dosagens das concentrações plasmáticas de Progesterona (P4) é, atualmente, 
o método mais utilizado na determinação do período fértil na cadela, estando disponíveis 
no mercado vários testes semi-quantitativos rápidos. A primeira dosagem é normalmente 
realizada no final do pró-estro ou início do estro, para identificar o momento da ocorrência do 
pico da LH. Segue-se uma segunda dosagem cerca de 2-3 dias depois para identificar o 
momento da ovulação e, eventualmente, uma terceira cerca de mais 2-3 dias depois para 
confirmar a ocorrência da ovulação. 
A dosagem de P4 deverá ser realizada precocemente no estro, pois a 
identificação na primeira dosagem de concentrações plasmáticas confirmadoras da 
ocorrência de ovulação não permite determinar retrospectivamente o momento da sua 
ocorrência e, portanto, delimitar o período fértil. 
 
• RECOMENDAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE DOSAGENS 
HORMONAIS 
 
� Inicio e fim de metaestro, dosagens séricas de estrógenos, progesterona e LH. 
 
� Inicio do proestro e no primeiro dia de aceitação de monta – dosagens séricas de 
estrógenos, progesterona e LH. 
� No último dia do aceite – dosagem sérica de estrógenos e progesterona, se possível o 
LH. 
� 30 dias após a cobertura – dosar progesterona. 
 
 
INTERAÇÃO CLÍNICA E PATOLOGISTA 
 
É de grande importância para a produção de um resultado de qualidade, uma perfeita 
interação do clínico com o patologista que irá ler a citologia. Essa interação é estabelecida 
pelo preenchimento completo da requisição de exames, informando a data do último cio 
conhecido, do motivo ou indicação da realização do exame ou suspeita clinica. 
 
OUTROS EXAMES COMPLEMENTARES 
 
� Sorologia para brucelose – A brucelose é a principal doença infecciosa transmissível 
em cães que afeta a reprodução, causando infertilidade, abortamento e metrites. 
� Cultura e antibiograma de secreção vaginal: A colheita de amostra de secreção 
vaginal é um método confiável para isolamento de microorganismos da vagina. 
� Cultura e antibiograma de conteúdo uterino: Ao contrário do que muitos veterinários 
pensam, a amostra de secreção vaginal não prediz com confiabilidade a flora 
bacteriana encontrada no útero. O ideal é a realização de colheita de amostra através 
de biópsia uterina. 
� Dosagem de progesterona sérica – A dosagem sérica de progesterona pode ser 
realizada qualitativamente ou quantitativamente através de técnicas de ELISA. 
 
Para auxílio na determinação do momento correto do cio e/ou avaliação ginecológica, o TECSA 
Laboratórios oferece aos Médicos Veterinários as seguintes análises: 
 
EXAME DESCRIÇÃO PRAZO 
Citologia vaginal - 3 dias 
Perfil reprodutivo – ciclo estral I 
Hemograma completo, Progesterona, 
Brucelose canina, Citologia Vaginal e 
Contagem de reticulócitos. 
3 dias 
Perfil reprodutivo – ciclo estral II Três citologias vaginais seriadas e dosagem de progesterona 3 dias 
Perfil reprodutivo – Patologias 
Estradiol, Hemograma completo, 
Testosterona (veterinária), Progesterona, 
Citologia vaginal e Brucelose canina. 
3 dias 
Progesterona - 2 dias 
Estradiol - 2 dias 
Estradiol (Radioimunoensaio) - 2 dias 
Progesterona - 2 dias 
LH – Hormônio Luteinizante - 2 dias 
Brucelose canina - 2 dias

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