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Gestão do Sistema Único de Assistência Social - SUAS Autor: Rafael Aroni Tema 01 Principais Fundamentos e Conceitos da Política Nacional de Assistência Social seç ões Tema 01 Principais Fundamentos e Conceitos da Política Nacional de Assistência Social Como citar este material: ARONI, Rafael. Gestão do Sistema Único de Assistência Social - SUAS: Principais Fundamentos e Conceitos da Política Nacional de Assistência Social. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 01 Principais Fundamentos e Conceitos da Política Nacional de Assistência Social 5 Conteúdo Nessa aula você estudará: • Ao longo do século XX, o Estado Republicano brasileiro atuou de forma seletiva sobre a seguridade social, ora priorizando a previdência ora a saúde, incapaz de interferir no plano a assistência social e reverter à desigualdade e pobreza. • No Brasil, as políticas sociais historicamente estiveram subordinadas aos interesses econômicos dominantes, com baixa efetividade social. • Por décadas a Assistência Social esteve relegada ao plano do clientelismo, apadrinhamento e mandonismo político, estrutura que caracteriza uma cultura não política, que não permite a participação e luta pela emancipação das populações em situação de risco ou vulnerabilidade. CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro: “O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento”, organizado pelas autoras Berenice Rojas Couto, Maria Carmelita Yazbek, Maria Ozanira da Silva e Silva e Raquel Raichelis, 3º ed, Editora Cortez, 2012, Livro-Texto 511. Roteiro de Estudo: Rafael Aroni Gestão do Sistema Único de Assistência Social - SUAS 6 • A Política Pública de Assistência Social deve articular-se a outras políticas setoriais para o enfrentamento das desigualdades socioterritoriais brasileiras. Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Quais os princípios e fundamentos da seguridade social no Brasil? • Qual o processo histórico de criação do Sistema Único de Assistência Social? • Quais as principais características da Lei Orgânica de Assistência Social? • Quais as principais características da Política Nacional de Assistência Social? CONTEÚDOSEHABILIDADES LEITURAOBRIGATÓRIA Principais Fundamentos e Conceitos da Política Nacional de Assistência Social Ao iniciar o tema faz-se necessário esclarecer que a Assistência Social é uma das três dimensões que compõe a Seguridade Social. É fundamental entender que a Seguridade Social tem por princípio ser uma política pública social que amplie o acesso a direitos sociais e a responsabilidade do Estado no enfrentamento, redução e prevenção de situações de vulnerabilidade e risco social. No contexto brasileiro, as autoras apresentam um processo histórico dialético de avanços e retrocessos. Esse é o movimento contraditório entre a elaboração de dispositivos institucionais legais e todas as formas de atrasos na efetivação material. Frente às políticas neoliberais desestruturastes (PEREIRA, 2012, 18), constitui uma das ideias centrais do Livro-Texto. Assim, as autoras apontam que pesquisas sobre políticas sociais indicam que, historicamente, elas estiveram subordinadas aos interesses econômicos dominantes, com baixa efetividade social. Portanto, a assistência social, por décadas, foi um espaço da não 7 LEITURAOBRIGATÓRIA política, caracterizado pelo apadrinhamento do mandonismo e coronelismo e cristalizou uma forma arcaica de fisiologismo próprio da política brasileira. Desta forma, é importante salientar que a Política Nacional de Assistência Social é fruto de um processo recente. Assim, o contexto dela remete a luta, na década de 1980, dos movimentos sociais pela terra, pela moradia e dos sindicatos frente à carestia de alimentos e à inflação (BELIK, et al., 2001), os quais articularam forças sociais que influenciaram na elaboração do Capítulo II – Da Seguridade Social (art. 194 a 204) da Constituição Federal de 1988. A inovação nesse dispositivo de lei foi estabelecer o caráter não contributivo para aqueles que precisem acessar serviços de seguridade social. Somente após cinco anos da promulgação do texto constitucional, foi aprovada a Lei Orgânica de Assistência Social (n. 8.742/1993), legislação que regulamentou a política de assistência social com caráter não contributivo, posição central do Estado enquanto promotor de acesso e direitos a serviços sociais, além da participação e controle pela sociedade na formulação, gestão e execução de políticas assistenciais. (COUTO et al., 2012, p. 56). Contudo, o contexto político econômico brasileiro do início da década de 1990 aponta para conjuntura paradoxal na qual os avanços nesses dispositivos que buscam a integração social são contrapostos à pressões externas por reformas estruturais econômicas do ideário neoliberal, que colocam em marcha o processo de desmantelamento de direitos sociais. No plano da conjuntura internacional observa-se a transformação do modelo Welfare State, ou, como as autoras denominaram, a “ruptura do pacto keynesiano” (COUTO et al., 2012, p. 57) na qual há diminuição da intervenção do Estado na economia para enfrentar o desemprego. O modelo surge no pós Segunda Guerra Mundial e perdura até meados da década de 1970. Após a moratória da dívida externa do México, em 1982, e o endividamento crescente dos países da América Latina, ocorre, em 1989, a reunião conhecida como Consenso de Washington, na qual economias institucionais internacionais pressionam esses países pela abertura de mercados e ajustes fiscal e social para o enfrentamento da crise. Nesse contexto adverso é que se inicia o processo de construção da Seguridade Social no Brasil. Após dez anos de criação do dispositivo constitucional de Seguridade Social, foi aprovada a primeira Política Nacional de Assistência Social, em 1998. Paralelo à maneira a confrontar os princípios do LOAS e da primeira Política Nacional de Assistência Social, é instituída a Medida Provisória n. 813, em 1 de janeiro de 1995, que cria o Programa Comunidade Solidária. A política com verniz neoliberal focaliza-se em ações pontuais 8 dispersas e busca aliviar a situação de penúria social nos bolsões de pobreza. “Esta pulverização mantém a Assistência Social sem clara definição como política pública e é funcional ao caráter focalista que o neoliberalismo impõe às políticas sociais na contemporaneidade” (COUTO et al., 2012, p.58). Em suma, a década de 1990 é marcada pelas pressões internacionais em forjar uma nova relação entre Estado, sociedade e mercado, o que coloca em questão a possibilidade ou não de se garantir direitos por meio de políticas sociais públicas. Processo esse que estava em construção. É nesse processo tenso de avanços e retrocessos que a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) foi aprovada, em 15 de outubro de 2004, após amplo debate e articulação dos fóruns de assistência social, com intuito de redesenhar a política em cursos com vistas à implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). (PNAS, 2004, p.10). As principais diretrizes, ou eixos estruturantes da PNAS -2004, segundo as autoras do Livro-Texto são: efetivação da Assistência Social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado, apoiada em um modelo de gestão compartilhada pautada no pacto federativo, no qual são detalhadas as atribuições e competências dos três níveis de governo na provisão de atenções socioassistenciais, em consonância com o preconizado na LOAS e nas Normas Operacionais (NOBs) editadas a partir das Comissões de Gestão Compartilhada (Comissões Intergestores Tripartite e Bipartite – COT e COBs). (COUTO, 2012, p. 60). Portanto, destaca-se o papel central do Estado enquanto garantidor e cumpridor de direitos, responsável pela formulação e execução de políticas públicasque abarquem os permanentes conflitos entre forças externas e internas a ele. Em decorrência desse processo é aprovado, em julho de 2005, a normatização do Sistema Único de Assistência Social (NOB-SUAS) n. 130, que busca [...] articulação em todo o território nacional das responsabilidades, vínculos e hierarquia, do sistema de serviços, benefícios e ações de assistência social de caráter permanente ou eventual, executados e providos por pessoas jurídicas de direito público sob critério de universalidade e de aça em rede hierarquizada e em articulação com iniciativas da sociedade civil. (COUTO, 2012, p. 60). Sendo assim, a NOB-SUAS 2005, articulado a PNAS -2004, tem promovido em todo o território brasileiro a disputa na direção e execução das políticas de assistência social por sujeitos políticos orientados pela justiça social e promoção de direitos, que, com escopo técnico, tem enfrentado as resistências das formas arcaicas de assistencialismo. LEITURAOBRIGATÓRIA 9 Nesse sentido, as autoras apresentam cinco eixos estruturantes do PNAS para articulação das políticas públicas para o enfrentamento das questões sociais: 1) Intersetorialidade: integração entre programas e serviços frente a fragmentação de políticas focalizadas, com objetivo de agregar políticas em redes municipais; 2) Usuários da Política: perspectiva de se superar a ideia de segmentos por faixa etária ou situação de exclusão social para se fortalecer a categoria de cidadãos ou grupos que e encontrem em situações de vulnerabilidade ou risco social. 3) Matricialidade Sócio Familiar: deslocar o foco do indivíduo para o grupo familiar, os arranjos e rearranjos que permeiam essa instituição. 4) Financiamento: criação do cofinanciamento para realização da política de proteção, com critérios da proteção social básica ou especial. 5) Estruturação da proteção social CRAS e CREAS: são dois os níveis de atuação para proteção social. A Proteção Social Básica executada diretamente pelos Centros de Referência da Assistência Social Básica tem o caráter preventivo e de redução de situação de risco e vulnerabilidade social, tem mais eficiência enquanto indutor da inclusão social. A Proteção Social Especial tem, nos Centros de Referências das Assistências Sociais Especial, o foco a grupos ou pessoas em situações sociais de abandono, violência ou exploração sexual, violações nas condições de moradia, alimentação e trabalho, entre outros. LEITURAOBRIGATÓRIA 10 LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Acesse o site: Planalto Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado. htm>. Acesso em: 02 jan. 2014. Consulte os artigos 194 ao 204 da Constituição Federal, de 1988. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Acesse a Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742.htm>. Acesso em: 02 jan. 2014. Acesse a Política Nacional de Assistência Social. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de- assistencia-social-snas/cadernos/politica-nacional-de-assistencia-social-2013-pnas-2004- e-norma-operacional-basica-de-servico-social-2013-nobsuas>. Acesso em: 02 jan. 2014. Acesse: Norma Operacional Básica do SUAS. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/cnas/politica-e-nobs/nob-suas.pdf/view>. Acesso em: 02 jan. 2014. Vídeos Importantes Sistema Único de Assistência Social (SUAS) completa sete anos. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=E-Mb6WUUPVo&feature=BFa&list=PL9 BAB2EB5CFC7EDEF>. Acesso em: 02 jan. 2014. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742.htm http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia-social-snas/cadernos/politica-nacional-de-assistencia-social-2013-pnas-2004-e-norma-operacional-basica-de-servico-social-2013-nobsuas http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia-social-snas/cadernos/politica-nacional-de-assistencia-social-2013-pnas-2004-e-norma-operacional-basica-de-servico-social-2013-nobsuas http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia-social-snas/cadernos/politica-nacional-de-assistencia-social-2013-pnas-2004-e-norma-operacional-basica-de-servico-social-2013-nobsuas http://www.mds.gov.br/cnas/politica-e-nobs/nob-suas.pdf/view http://www.youtube.com/watch?v=E-Mb6WUUPVo&feature=BFa&list=PL9BAB2EB5CFC7EDEF http://www.youtube.com/watch?v=E-Mb6WUUPVo&feature=BFa&list=PL9BAB2EB5CFC7EDEF 11 LINKSIMPORTANTES A diretora de Gestão do SUAS, da Secretaria Nacional de Assistência Social/MDS, Simone Albuquerque, apresenta de forma breve quais são os objetivos do Sistema Único de Assistência Social, bem como balanço do sete anos de sua existência. Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: A matricialidade sociofamiliar passa a ter papel de destaque no âmbito da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Esta ênfase está ancorada na premissa de que a centralidade da família e a superação da focalização, no âmbito da política de As- sistência Social, repousam no pressuposto de que para a família prevenir, proteger, promover e incluir seus membros é neces- sário, em primeiro lugar, garantir condições de sustentabilidade para tal. Nesse senti- do, a formulação da política de Assistên- cia Social é pautada nas necessidades das famílias, seus membros e dos indivíduos (BRASIL, 2005, p.41). A partir da leitura dessa definição sobre matricialidade, e com base em seus conhe- cimentos e experiências, apresente o seu entendimento do que é família ou a institui- ção familiar. Questão 2: Assinale a alternativa que indica inova- ções da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS Lei n. 8.742, de 1993). AGORAÉASUAVEZ 12 a) Afirmar seu caráter de direito contribu- tivo e propor o controle da sociedade na formulação, gestão e execução das políti- cas assistenciais. b) Afirmar seu caráter de direito não contributivo e apontar a necessidade de descentralização do Estado para a garantia de direitos e acesso a serviços sociais. c) Apontar a necessária integração entre o econômico e o social e afirmar seu caráter de direito contributivo. d) Apontar a necessária descentralização do Estado para a garantia de direitos e acesso a serviços sociais e apresentar novo desenho institucional. e) Apresentar novo desenho institucional para a assistência social e afirmar seu caráter de direito não contributivo. Questão 3: Considere as seguintes afirmações: I. A Política de Assistência Social é concebida como Política Pública no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988, compondo, com a Política de Saúde e a Previdência Social, a Seguridade Social brasileira. II. A Política Nacional de Assistência Social expressa as deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em Brasília em dezembro de 2003 e se coloca na perspectiva da materialização das diretrizes da LOAS. III. A implantação da PNAS e do SUAS tem liberado, em torno do território nacional, forças políticas que, não sem resistências, disputam a direção social da assistência social na perspectiva da justiça e dos direitos que ela deve consagrar. São corretas as alternativas: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) I, II e III. e) Nenhuma das alternativas. Questão 4: A Política Nacional de Assistência Social atribuiu relevância aalguns pontos espe- cíficos, a fim de desenvolver estratégias e promover mudanças. A abordagem territo- rial é considerada um desses aspectos e sobre ela, é possível afirmar: a) Supõe a implementação de programas e serviços integrados e a superação da fragmentação da atenção pública às necessidades sociais da população. AGORAÉASUAVEZ 13 b) Consiste em uma ruptura com a lógica convenial e a instalação do cofinanciamento pautado em pisos de proteção social e em repasses fundo a fundo, a partir de planos de ação. c) Implica no tratamento da cidade e de seus territórios como base de organização do sistema de proteção social, próximo ao cidadão. d) Supõe a abordagem em territórios de incidência de risco, bem como a oferta de uma rede de serviços e de locais de permanência de indivíduos e famílias sob curta, média ou longa duração. e) Aponta para a necessidade de estruturação de um sistema de monitoramento, avaliação e informação da política pública de assistência social. Questão 5: A PNAS situa a Assistência Social como Proteção Social e aponta para a realização de ações direcionadas para proteger os ci- dadãos contra os riscos sociais inerentes aos ciclos de vida e para o atendimento de necessidades individuais ou sociais. A es- truturação da Proteção Social a ser ofertada pela Assistência Social é apresentada em dois níveis de atenção: ________________ e _________________. a) Proteção Social Básica; Proteção Social Intermediária. b) Proteção Social Básica (de pequena e média complexidade); Proteção Social Alta. c) Proteção Social Inicial; Proteção Social Especial (de baixa, média e alta complexidade). d) Proteção Social Básica; Proteção So- cial Especial (de alta e média complexi- dade). e) Proteção Social Inicial; Proteção Social Alta. Questão 6: Historicamente, como se caracterizavam as políticas da Assistência Social no Brasil antes da Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica da Assistência Social (1993), de acordo com as autoras do Livro-Texto? Questão 7: A Constituição Federal Brasileira de 1988 e a Lei Orgânica da Assistência Social (1993) trouxeram a questão da Assistência Social no país para um novo campo: o campo da Seguridade Social e da Proteção Social. Nesse sentido, como se conceitua “Seguri- dade Social” e “Proteção Social”? Questão 8: A Medida Provisória n. 813 instituiu o Pro- grama Comunidade Solidária, que se ca- AGORAÉASUAVEZ 14 racterizava por seu grande apelo simbólico e contribui para fragilizar a Assistência So- cial no país. Explique de que maneira isso ocorreu. Questão 9: A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) de 2004 vai explicitar e tornar cla- ras as diretrizes para efetivação da Assis- tência Social no Brasil. Dessa forma, apon- te três objetivos dessa política. Questão 10: Os Serviços de Proteção Social devem pro- ver um conjunto de seguranças que redu- zam ou previnam riscos e vulnerabilidades sociais. Entre as seguranças a serem ga- rantidas, existe a Segurança de Convívio. Em termos ideais, explique como ocorrem essas garantias legais para o funcionamen- to da Segurança de Convívio. AGORAÉASUAVEZ 15 Neste tema, você estudou que, ao longo do século XX, o Estado Republicano brasileiro atuou de forma seletiva sobre a seguridade social, ora priorizando a previdência ora a saúde, incapaz de interferir no plano a assistência social e reverter à desigualdade e pobreza. No Brasil, as políticas sociais historicamente estiveram subordinadas aos interesses econômicos dominantes, com baixa efetividade social. No contexto das políticas neoliberais da década de 1990 foi um revés para o processo de normatização dos dispositivos constitucional de seguridade social. Somente após 5 anos da promulgação da Constituição Federal foi aprovada a Lei Orgânica de Assistência Social (n. 8.742/1993), legislação que regulamentou a política de assistência social. E, após dez anos, foi aprovada a primeira Política Nacional de Assistência Social, em 1998. Portanto, por décadas a Assistência Social esteve relegada ao plano do clientelismo, apadrinhamento e mandonismo político, estrutura que caracteriza uma cultura não política, que não permite a participação e luta pela emancipação das populações em situação de risco ou vulnerabilidade. O avanço para Política de Seguridade Social ocorre com aprovação, em 2004, da Política Nacional de Assistência Social que busca normatizar a implementação do Sistema Único de Assistência Social. Em julho de 2005, foi aprovada a NOB-SUAS n. 130 que prevê a articulação a outras políticas setoriais para o enfrentamento das desigualdades socioterritoriais brasileiras, destacando-se conceitos como intersetorialidade, matricialidade sócio familiar e novos perfis para os sujeitos de direitos dessas políticas sociais. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO 16 BELIK, WALTER; SILVA, JOSÉ GRAZIANO DA; TAKAGI, MAYA. Políticas de combate à fome no Brasil. São Paulo Perspec. São Paulo, v. 15, n. 4, Dec. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392001000400013&lng= en&nrm=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014. BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PAQUINO, G. Dicionário de política. Tradução Carmen C. Varriale et al., Brasília, DF, Editora Universidade de Brasília, 1º ed., 1998. REFERÊNCIAS Workfare: segundo a Assistente Social Potyara Amazoneida P. Pereira (2012), trata-se da inversão da lógica do Estado de Bem-Estar Social, no qual os direitos sociais eram de responsabilidade do Estado, garantidos a todos, mesmo aqueles que não estavam inseridos na sociedade assalariada. Assim, o direito de bem-estar é garantido em troca do trabalho ou da busca por ele. Welfare State: “(...) Estado que garante “tipos mínimos de renda, alimentação, saúde, habitação, educação, assegurados a todo o cidadão, não como caridade, mas como direito político.” (WILENSKY apud BOBBIO, 1998, p.416). Modelo Keynesiano: tem por princípio a intervenção estatal na economia pela busca do pleno emprego, cobranças de impostos, investimento do lucro na produção e política de empréstimos para circular mercadorias. GLOSSÁRIO http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392001000400013&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392001000400013&lng=en&nrm=iso 17 Questão 1 Resposta: As novas estruturações familiares estão relacionadas às transformações da sociedade contemporânea, ou seja, transformações nos hábitos, costumes, na economia, na ciência, na tecnologia, entre outros. Nesse sentido, atualmente, pode-se dizer que uma família é um conjunto de pessoas que estão unidas por laços afetivos, de solidariedade ou consanguíneos. Espera-se que o aluno elabore a sua resposta sem apresentar uma visão nuclear de família, dotando de um entendimento sobre o conceito de maneira a colocá-lo enquanto fenômeno social plural. Questão 2 Resposta: Alternativa E. Justificativa: as inovações da LOAS são as seguintes: apresentar novo desenho instrucional para a assistência social, afirmar seu caráter de direito não contributivo, apontar a necessária integração entre o econômico e o social e a centralidade do Estado na universalização e garantia de direitos e de acessos a serviços sociais e com a participação da população. GABARITO Consenso de Washington: reunião ocorrida em 1989, em que representantes das instituições, como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Banco Interamericano de Desenvolvimento, impõem aos presidentes dos países da América Latina medidas como austeridade fiscal, e abertura de mercados. Moratória da dívida externa: ação de um Estado nacional em declarar suspenso, de forma unilateral, o pagamento dos serviços de dívida. GLOSSÁRIO 18 Questão 3 Resposta: Alternativa D. Justificativa: todas as alternativas estão corretas, visto que a Políticade Assistência Social compõe junto com a Previdência Social e a Política de Saúde o tripé da Seguridade Social brasileira. Também a PNAS expressa as deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social, que foi realizada em 2003, e junto com o SUAS tem liberado forças políticas que disputam a direção social da assistência social na perspectiva da justiça e dos direitos que conseguem consagrar. Questão 4 Resposta: Alternativa C. Justificativa: a alternativa A se refere a “intersetorialidade”, a alternativa B se refere ao eixo do “financiamento”, a D é a definição do que seria “segurança de acolhida” e a alternativa E se refere à questão da “Informação”. Questão 5 Resposta: Alternativa D. Justificativa: os dois níveis de atenção da Proteção Social são Proteção Social Básica e Proteção Social Especial (de alta e média complexidade). Questão 6 Resposta: A assistência social no Brasil se caracterizava como “não política”. Era renegada como secundária e marginal no conjunto das políticas públicas e apoiada por décadas na matriz do favor, do clientelismo, do apadrinhamento e do mando. Possuía, dessa forma, pouca efetividade social. Questão 7 Resposta: Seguridade Social pode ser definida como um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social; Proteção Social pode ser definida como um conjunto de iniciativas públicas ou estatalmente reguladas para a provisão de serviços e benefícios sociais visando a enfrentar situações de risco social ou de privações sociais. GABARITO 19 GABARITO Questão 8 Resposta: O Programa Comunidade Solidária foi apresentado pelo governo como principal estratégia para enfrentar a pobreza no país, reforçando a tradição dessa área: a da fragmentação e de superposição de ações. A Medida Provisória repartiu e obscureceu em vários Ministérios as atribuições constitucionais previstas para a Assistência Social e, dessa forma, a Assistência Social ficou fragilizada e continuou sem uma clara definição enquanto política pública. Questão 9 Resposta: 1. Prover Serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e ou especial para famílias, indivíduos e grupos que dela necessitem. 2. Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural. 3. Assegurar que as ações no âmbito da Assistência Social tenham centralidade na família e que garantam a convivência familiar e comunitária. Questão 10 Resposta: A segurança de convívio ocorre por meio da oferta pública de serviços continuados e de trabalhos socioeducativos que garantam a construção, restauração e fortalecimento de laços de pertencimento e vínculos sociais de natureza geracional, intergeracional, familiar, de vizinhança e societários.