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Aula 4 - A BABILÔNIA DE HAMMURABI

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Introdução
O Código de Hammurabi é um conjunto de leis criadas na MESOPOTÂNIA, por volta do século XVIII a.C, pelo rei Hamurabi da primeira dinastia babilônica. O código é baseado na lei de talião, “olho por olho, dente por dente”. 
A BABILÔNIA DE HAMMURABI
Hammurabi nasceu supostamente por volta de 1810 a.C. e morreu em 1750 a.C., foi o sexto rei da primeira dinastia babilônica dos Amoritas e o fundador do 1º Império Babilônico, unificando amplamente o mundo mesopotâmico, unindo os sumérios e os semitas e conduzindo a Babilônia ao máximo esplendor.
Seu nome permanece diretamente ligado a um dos mais importantes códigos jurídicos da antiguidade: o Código de Hammurabi. 
Pouco depois de ascender ao trono, o jovem soberano deu início à fusão de semitas e sumérios em uma unidade política e civil, imposta não só pelas armas, mas também pela ação administrativa e pacificadora, desta forma conquistando, através de acordos e guerras, quase toda Mesopotâmia. 
Hamurabi e a fusão povos semitas e sumérios pelas armas e pela política
Como legislador consolidou a tradição jurídica, harmonizou os costumes e estendeu o direito e a lei a todos os súditos. 
Como administrador, cercou a capital com muralhas, restaurou os templos mais importantes e instituiu impostos e tributos em benefício das obras públicas, retificou o leito do rio Eufrates, construiu novos e manteve antigos canais de irrigação e navegação, dando impulso à agricultura e o comércio na planície mesopotâmica.
Legislador e Administrador
Aos povos conquistados, permitiu o culto da religião local, enquanto reconstruía suas cidades e adornava seus templos. Inseriu a noção de direito e comandou o território sob o seu poder. Foi o autor de um famoso código penal, o mais antigo da história, que leva seu nome. 
Código Penal
O Código de Hammurabi estabelecia regras de vida e de propriedade, estendendo a lei a todos os súditos do império. 
Seu texto contendo 282 princípios foi reencontrado em Susa (1901-1902), por uma delegação francesa na Pérsia, sob a direção de Jacques de Morgan, sob as ruínas da acrópole de Susa, e transportado para o Museu do Louvre, Paris. 
Regras de vida e de propriedade
Consiste de um monumento em forma de cone talhado em rocha de diorito, em pedra negra de 2,25m de altura, 1,60m de circunferência na parte superior e 1,90m de base. A superfície está coberta por um denso texto que  se dispõem 46 colunas de escrita cuneiforme acádica.
Na parte superior do monólito, em alto relevo, Hammurabi é mostrado em frente ao trono do rei Sol Shamash (Deus dos Oráculos), recebendo dele as leis. Logo abaixo estão escritos, em caracteres cuneiformes acadianos, os artigos regulando a vida cotidiana.
Texto e o Rei Hammurabi
Hammurabi não apenas ordenou a feitura do Código. Para uma melhor utilização do Direito como ferramenta de controle, também reorganizou a Justiça (em moldes muito próximos aos que hoje utilizamos).
Reorganização da justiça
Hammurabi afasta a justiça sacerdotal, dando a justiça real supremacia sobre a aquela. Organiza e regulamenta cuidadosamente o processamento das ações, compreendendo nessa regulamentação a propositura, o recebimento ou não pelo juiz, a instrução completada pelo depoimento de testemunhas e diligência ‘in loco’ e, finalmente, a sentença. Incluía, ainda, Ministério Público e um direito processual.
Organização judiciária
A sociedade da Babilônia da época de Hammurabi é dividida, conforme indica o próprio Código, em três camadas sociais.
Os ‘awilum’: homem livre, com todos os direitos de cidadão. Este é o maior grupo da sociedade hammurabiana e compreendia tanto ricos quanto pobres desde que fossem livres.
Sociedade e Economia da Babilônia Hammurabiana
Os ‘muskênum’: são uma camada que ainda suscita muita dúvida por parte dos estudiosos. Parecem ter sido uma camada intermediária entre os awilum e os escravos, formada por funcionários públicos, com direitos e deveres específicos.
Os escravos: eram a minoria da população, geralmente prisioneiros de guerra.
Economia agrícola, a maioria das terras pertenciam ao Palácio, ou seja, eram do governo. 
O comércio era forte, existiam banqueiros que financiavam expedições.
Existia comércio varejista e estava nas mãos das mulheres, as taberneiras. 
Moeda corrente era cevada e a prata.
Terras, economia e comércio
Noção de escravidão como um todo, não somente na Babilônia de Hammurabi.
Escravo é propriedade, bem alienável, ou seja, algo que pode ser comprado, vendido, alugado, dado, eliminado. Escravo é, portanto, COISA.
Questões acerca dos escravos
Na antiguidade não era condição imperiosa ser de outra raça para tornar-se escravo. 
A escravidão, na maioria das vezes, origina-se de guerras – quando o indivíduo era, após a derrota de seu grupo, pego pelos vencedores -; 
Proveniente de dívidas – quando o indivíduo penhorava o próprio corpo ou de um membro da família, como garantia de pagamento e não o fazia;
Ou, ainda, por nascimento.
A) A pena de Talião (Talião não era uma pessoa, significa ‘tal qual’.)
O princípio da Pena ou Lei de Talião é um dos mais utilizados por todos os povos antigos. É apontado por alguns como sendo a primeira forma que as sociedades encontraram para estabelecer as penas para seus delitos.
Na Bíblia aparece como “olho por olho, dente por dente”. Não é uma lei, mas uma ideia que indica que pena para o delito é equivalente ao dano causado neste. Receber o mesmo sofrimento que causou.
Alguns pontos do Código de Hammurabi
O Código de Hammurabi utiliza muito esse princípio no tocante a danos físicos, chegando a aplicá-lo radicalmente mesmo quando, para conseguir a equivalência, penaliza outras pessoas que não o culpado. Vejamos:
§ 196. “Se um awilum destruiu o olho de outro awilum, destruirão seu olho”.
Princípio da Equivalência
§ 229. “Se um construtor edificou uma casa nova para um awilum, mas não reforçou seu trabalho, e a casa, que construiu, caiu e causou a morte do dono da casa, esse construtor será morto”.
§ 230 “Se causou a morte do filho do dono da casa, matarão o filho desse construtor”.
O falso testemunho é tratado com severidade pelos antigos, porque provas materiais eram mais difíceis; assim sendo, contavam – na maior parte dos processos – somente com testemunhas.
Causa envolvendo pena capital
§ 03. “Se um awilum apresentou-se em um processo com testemunho falso e não pode comprovar o que disse: se se processo é um processo capital esse awilum será morto”.
Causa envolvendo pagamento
§ 04. Se se apresentou com um testemunho (falso em causa) de cevada ou prata: ele carregará a pena desse processo.”
b) FALSO TESTEMUNHO
Regra § 1º 
Dessa regra inferimos que a acusação de caráter penal era exercida pelo particular, pessoalmente, não se cogitando da presença de advogados e, muito menos, do Ministério Público, como sói acontecer modernamente, quando figura como titular do direito de deflagrar uma ação criminal.
Também o acusador tinha o ônus de trazer as provas para que fosse procedente sua demanda.
Temos aqui, de forma tênue, o embrião do princípio in dubio pro reo.
Ação de caráter penal exercida pelo particular – sem advogados
O Código Hammurabiano penalizava tanto o que roubou ou furtou quanto o que recebeu a mercadoria roubada.
§22.“Se um awilum cometeu um assalto e foi preso: esse awilum será morto.”
§06. “Se um awilum roubou um bem de propriedade de um deus ou do palácio: esse awilum será morto; e aquele que recebeu de sua mão o objeto roubado será morto.”
c) Roubo e Receptação
O estupro sem pena alguma para a vítima era previsto nesse Código somente para “Virgens casadas” (como na legislação mosaica), ou seja, mulheres que, embora tenham o contrato de casamento firmado, ainda não coabitavam com os maridos.
§130. “Se um awilum amarrou a esposa de um (outro) awilum, que (ainda) não conheceu um homem e mora na casa de seu pai, dormiu em seu seio, e o surpreenderam, esse awilum será morto, mas a mulher será libertada.”
d) Estupro
O sistema familiar da Babilônia Hammurabiana
era patriarcal, e o casamento, monogâmico, embora fosse admitido o concubinato. Essa aparente discrepância era resolvida pelo fato de uma concubina jamais ter o status ou os mesmos direitos de esposa. O casamento legítimo era somente válido se houvesse contrato: 
§128. “Se um awilum tomou uma esposa e não redigiu o seu contrato, essa mulher não é esposa”. 
e) Família
Havia também a possibilidade de casamentos entre as camadas sociais, e o Código não somente admitia isso com regulamentava a herança dos filhos nascidos desse tipo de casamento: 
“Se um escravo do palácio ou um escravo de um muskênum tomou por esposa a filha de um awilum e ela lhe gerou filhos, o dono do escravo não poderá reinvindicar para a escravidão os filhos da filha de um awilum”.
O casamento era no que chamamos hoje “regime de comunhão de bens”.
“Se, depois que a mulher entrou na cada de um awilum, recaiu sobre eles uma dívida, ambos deverão pagar ao mercador.”
Havia duas maneiras básicas de se tornar escravo não somente na Babilônia, mas também na Antiguidade como um todo.
- como prisioneiro de guerra;
- por não conseguir pagar dívidas (poderia entregar a si próprio, a esposa ou os filhos.
OBS. O tempo de escravidão, neste caso, será limitado. 
f) Escravos
§117. “Se uma dívida pesa sobre um awilum e ele vendeu sua esposa, seu filho ou sua filha ou os entregou em serviço pela dívida, durante três anos trabalhando na casa de seu comprador ou daquele que os têm em sujeição, no quarto ano será concedida sua libertação”.
Dar a família como pagamento
Uma escrava, tomada como concubina por seu senhor ou dada por sua senhora ao marido, tinha uma situação bastante interessante se desse a este filhos que ele reconhecesse. Ela não mais poderia ser vendida, conforme atesta o artigo 146 do referido Código.
Situação da concubina que desse filhos ao seu senhor
O marido podia repudiar a mulher nos casos de recusa ou negligência em “seus deveres de esposa e dona-de-casa”.
Qualquer dos cônjuges podia repudiar o outro por má conduta, mas nesse caso a mulher para repudiar o homem deveria ter uma conduta ilibada.
DIVÓRCIO - repudio
§142. “Se uma mulher tomou aversão a seu esposo e disse-lhe: ‘Tu não terás relação comigo’, seu caso será examinado em seu distrito. Se ela se guarda e não tem falta e seu marido é um saidor e a despreza muito, essa mulher não tem culpa, ela tomará seu dote e irá para a casa de seu pai”.
§129 – Se a esposa de um awilum foi surpreendida dormindo com outro homem, eles os amarrarão e os lançarão n’água. Se o esposo deixa viver sua esposa, o rei, também, deixará viver seu servo.
ADULTÉRIO
Somente a mulher cometia crime de adultério, o homem era, no máximo, cúmplice. Dessa forma, se um homem saísse com uma mulher casada, ela seria acusada de adultério, e ele de cúmplice de adultério. 
E se a mulher fosse solteira, não comprometida, não havia crime nem cumplicidade, mesmo porque era um povo que admitia concubinato.
A mulher era adúltera
O homem era cúmplice
Nas regras de HAMMURABI o testamento não era contemplado de forma expressa, o que nos faz decidir que esse instituto não existia no direito mesopotâmico, com as características de hoje. Todavia, a leitura atenta do parágrafo 150 nos faz refletir com mais cautela.
TESTAMENTO E ADOÇÃO
“Se um awilum deu de presente à sua esposa um campo, um pomar, uma casa ou um bem móvel e deixou-se UM DOCUMENTO SELADO, depois (da morte) de seu marido, os seus filhos não poderão reivindicar contra ela. A mãe dará a sua herança ao filho que ama, mas não poderá dá-la a um estranho.”
Parágrafo 150 do Código de Hammurabi
Modalidades de testamento:
Testamento público – documento registrado por um notário em livro próprio;
Testamentos particulares:
Cerrado – que só pode ser deslacrado pelo Juiz;
Particular ou hológrafo, aberto ou privado, escrito pelo testador e assinado por 5 testemunhas;
Sucessão no direito brasileiro – arts. 1857 a 1990 do Código Civil
Testamento marítimo – feito a bordo de navio de guerra ou mercante, em alto-mar, e que só tem valor se o testador falecer efetivamente naquela viagem;
Testamento militar, realizado por qualquer pessoa que, em tempo de guerra, esteja com as comunicações normais interrompidas; subdivide-se este último em particular, público e nuncupativo.
Parágrafo 185 – Se um awilum adotou uma criança desde o seu nascimento e a criou, esse filho adotivo não poderá ser reinvindicado.
A adoção no Brasil:
Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90 – arts. 39 a 52.
Adoção de adultos – Código Civil Brasileiro – arts. 1619, que segue as diretrizes da Lei 8.069/90
Adoção
As leis babilônicas dessa época permitem e preveem a mistura do sagrado e do profano no julgamento, embora a justiça leiga tenha tido maior importância que a sacerdotal à época de Hammurabi. Um juiz podia ser leigo, um sacerdote e até as forças da natureza, como neste caso ondem quem “julga” é o rio:
PROCESSO
Juiz leigo ou sacerdotal e as forças da natureza
“Se um awilum lançou contra um (outro) awilum (uma acusação de) feitiçaria, mas não pôde comprovar: aquele contra quem foi lançada (a acusação de) feitiçaria irá ao rio e mergulhará no rio. Se o rio purificar aquele awilum e ele sair ileso: aquele que lançou sobre ele (a acusação de) feitiçaria será morto e o que mergulhou no rio tomará para si a casa de seu acusador”.
Parágrafo 2º.
Seguem algumas regras de obediência dos filhos para com os pais, revelando o sistema patriarcal da Babilônia.
Parágrafo 195 – “Se um filho bateu em seu pai, cortarão a sua mão”.
Êxodo, 21:15: “Quem ferir a seu pai, ou a sua mãe, certamente será morto”.
No Brasil inexiste um crime específico para a ofensa aos genitores, sendo considerado, apenas, circunstância agravante genérica.
O Patriarcado
Parágrafo 278 – Se um awilum comprou escravo ou uma escrava e, antes de completar o seu mês, foi acometido de epilepsia, ele (o) reconduzirá ao seu vendedor e o comprador receberá de volta a prata que tiver pesado.
Atualmente:
Art. 442 do Código Civil
“Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço”.
MERCADORIAS COM DEFEITO
Código de Defesa do Consumidor – incisos I a III do parágrafo primeiro do art. 18:
Art. 18 – Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente, e à sua escolha:
I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.

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