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AULA 3 INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE GERAÇÃO Prof. Guilherme Steilein 02 CONVERSA INICIAL Seguindo a linha dos precursores dos atuais aerogeradores, os dispositivos de vento mais simples datam de milhares de anos atrás, como os moinhos de vento de eixo vertical encontrados nas fronteiras da Pérsia (Irã), por volta de 200 a.C. Algumas centenas de anos depois, acontece a era de ouro dos moinhos de vento na Europa ocidental (entre 1200 e 1850), onde se estima que tenha havido cerca de 50 mil deles, principalmente na Inglaterra, Alemanha e Holanda. Os moinhos tiveram seu apogeu e evolução entre 1850 e 1930, quando aproximadamente 6 milhões de pequenas máquinas com múltiplas pás foram utilizadas para bombeamento de água nos EUA. O uso do vento para a obtenção de energia elétrica é relativamente recente: data do final século XIX, na Dinamarca, com a utilização de máquinas que geravam eletricidade a partir do vento, denominados aerogeradores. Vale lembrar que a eletricidade com fins comerciais, nos moldes similares aos que conhecemos hoje, data também dos finais do século XIX. Um século depois, quando a eletricidade já era fortemente provida por combustíveis fósseis, acontece a crise do petróleo de 1973, levando o governo dos Estados Unidos (EUA) a apoiar a pesquisa e o desenvolvimento da energia eólica. CONTEXTUALIZANDO A localização geográfica e o tamanho continental do Brasil são pontos de apoio importante para o aproveitamento da fonte eólica. Isso tem permitido a implantação de parques eólicos localizados em diferentes regiões com diferentes regimes de ventos. Por outro lado, os principais desafios relacionados à energia eólica estão ligados à sua natureza variável, que podem causar problemas de estabilidade e garantia de abastecimento. Dada a natureza não controlável deste recurso, a plena integração dessas fontes intermitentes, em particular o atendimento à carga em todos os momentos, é uma questão não trivial. Contudo, uma série de possibilidades surge para auxiliar sua inserção, como a ampliação da transmissão, o armazenamento de energia, a gestão de carga, a mudança de operação das atuais usinas, a flexibilização da carga, entre outras. 03 TEMA 1 – INTRODUÇÃO A ENERGIA EÓLICA Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento (vento). O aproveitamento desse recurso é obtido quando o vento move as pás de um aerogerador, que são projetadas para capturar sua energia cinética. A extração da energia disponível no vento por um moinho ou aerogerador é baseada na teoria da quantidade de movimento axial. Tal extração possui um limite teórico, conhecido como limite de Lanchester-Betz, que estabelece que o potencial máximo de extração de energia de um rotor é estimado em 59% (Tolmasquim, 2016). Figura 1 – Pá de um aerogerador sendo transportada Fonte: Shutterstock A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em 1976, na Dinamarca. O uso do vento para fins elétricos se tornou mais relevante nos anos 1990 por meio de significativos avanços tecnológicos, aparecimento expressivo de fabricantes e um grande incentivo causado pelas preocupações ambientais, com foco nas emissões de gases de efeito estufa e na independência energética. A geração eólica tende a ser separada em dois tipos, com base na localização da instalação: onshore (em terra) ou offshore (marítima). A instalação offshore é uma tendência em países com pequena extensão territorial e pouco espaço disponível para as instalações em terra, ou com recursos eólicos substancialmente melhores no mar. A instalação onshore costuma ser dividida em duas subcategorias, a centralizada e a distribuída. A centralizada se caracteriza 04 por grandes aerogeradores (maiores que 100 kW) organizados em conjunto, formando parques eólicos que são ligados aos sistemas elétricos (regionais ou nacionais). Na outra subcategoria, a distribuída, os aerogeradores fornecem energia diretamente para casas, fazendas, empresas e instalações industriais, geralmente compensando a necessidade de adquirir uma parte da eletricidade da rede. Podem operar em modo independente, no qual os pequenos aerogeradores fornecem energia em locais que não estão conectados à rede, seja por opção (geralmente econômica) ou necessidade (locais mais remotos que não são atendidos pela rede de distribuição de energia elétrica) (Tolmasquim, 2016). Figura 2 – Instalação offshore Fonte: Shutterstock TEMA 2 – TECNOLOGIAS DE APROVEITAMENTO Os aerogeradores possuem três elementos principais: (i) o rotor, (ii) o eixo e (iii) o gerador, e vários elementos secundários que variam de acordo com o tipo e projeto do aerogerador. Sucintamente, o rotor é o conjunto das pás e do cubo do aerogerador responsável por capturar a energia no vento; o eixo é o elo que transfere a energia captada no rotor para o gerador, e o gerador é o responsável pela conversão de energia mecânica em elétrica. Existem dois tipos básicos de rotores, os de eixo vertical e os de eixo horizontal, sendo a maioria das turbinas eólicas de eixo horizontal, com três pás que rodam em torno de um eixo horizontal que deve permanecer alinhado com a direção do vento (a favor ou contra o vento). No caso de rotores projetados para ficar contra o vento (upwind), o vento atinge as pás antes da torre, evitando a 05 influência dela no vento, contudo há necessidade de algum mecanismo ativo que direcione o rotor para a direção do vento (yaw control system). Nos rotores projetados para ficar a favor do vento (downwind), o vento atinge a torre antes das pás. Eles possuem um design tal que a nacele – a carcaça que contém os componentes do aerogerador – siga o vento passivamente, sendo esta a sua vantagem. O rotor com três pás é mais comum devido ao compromisso entre a eficiência aerodinâmica, custo, velocidade de rotação, peso, estabilidade e ruído. Figura 3 – Componentes básicos dos aerogeradores de eixo horizontal Fonte: ANEEL, 2016. Os rotores de eixo vertical têm seu eixo de rotação perpendicular à direção do vento, operando com ventos de qualquer direção. Os rotores de eixo vertical tendem a dois modelos principais, Savonius e Darrieus. No caso do primeiro, a energia é gerada utilizando a transferência de quantidade de movimento (um dispositivo de arrasto) e, no segundo, usando forças aerodinâmicas (força de sustentação). O rotor Savonius é caracterizado pelo seu alto torque, baixa velocidade e baixa eficiência, geralmente inferior à metade do limite de 06 Lanchester-Betz. O rotor Darrieus se caracteriza pela sua elevada velocidade e alta eficiência, aproximando-se do limite de Betz. Os aerogeradores de eixo vertical têm problemas inerentes que têm limitado a sua utilização em parques eólicos terrestres, sendo a eficiência o maior problema do tipo Savonius, e a preocupação sobre o custo da pá, no caso do Darrieus. A pá de aerogerador Darrieus é aproximadamente duas vezes mais longa que a de um aerogerador de eixo horizontal com uma área varrida equivalente. Assim, as pás para um aerogerador de eixo vertical podem custar significativamente mais do que as pás equivalentes de um de eixo horizontal. É importante ressaltar que as pás representam em torno de 22% do custo de um aerogerador de eixo horizontal. (Tolmasquim, 2016). A Figura 4 (a seguir) ilustra os três tipos mais comuns de rotores de aerogeradores. Figura 4 – Tipos de rotores de aerogeradores Fonte: EPE (S.d.). Com a descoberta do potencial eólico encontrado no recurso offshore mundo afora, os aerogeradores de eixo vertical voltaram a ser examinados como uma opção, e até uma vantagem competitiva, para esta situação. As características principais que favorecem os aerogeradores de eixo vertical para instalação offshore são de que todo o equipamento pesado associado com a geração de energia, isto é, a transmissãoe o gerador, são tipicamente montados por baixo do rotor. Esta configuração permite que projetos localizados no mar possam colocar esses componentes abaixo ou ao nível da água, proporcionando uma maior estabilidade à plataforma (estrutura) que suporta o aerogerador e uma 07 redução dos seus custos de capital. Apenas o rotor e uma torre central precisam estar acima da superfície da água. Outra característica, já mencionada, é que eles operam com ventos de qualquer direção, sem a necessidade de um sistema de alinhamento com a direção do vento. A ausência de um sistema de orientação aumenta a confiabilidade da turbina e diminui os seus custos de capital e de manutenção. A eliminação do sistema de controle de direção é particularmente importante em turbinas excepcionalmente grandes (vários MW), tanto pela redução de custo, quanto pela eliminação de um sistema que tenha que mover uma estrutura (nacele e rotor) muito grande e pesada. Outra possível oportunidade para os aerogeradores de eixo vertical é a geração distribuída. Neste caso, suas vantagens principais são tolerar bem a turbulência dos ventos e operar com ventos de qualquer direção. Estes fatos são particularmente importantes para um recurso em baixa altura, entre 10 e 20 m, onde há muita influência da rugosidade e dos obstáculos encontrados no seu entorno. TEMA 3 – TURBINAS EÓLICAS O crescimento do mercado de geração eólica nos últimos 25 anos fez emergir várias tecnologias de conversão de energia eólica visando à redução de custos, o aumento da eficiência e a melhoria na confiabilidade. Essa evolução focou basicamente nas pás, em mecanismos de controle, no uso ou ausência de caixa de engrenagem (multiplicadora) e o tipo de gerador. Essa evolução ocorreu tendo como base o aerogerador com eixo horizontal com três pás e rotor posicionado contra o vento (upwind), melhor opção de captação de energia do vento definida pelo mercado (ABDI, 2014). O tipo de sistema de conversão elétrica de energia eólica mais antigo é o gerador de indução (assíncrono) com rotor de gaiola conectado diretamente à rede. Devido ao desenvolvimento da eletrônica de potência, os aerogeradores de velocidade variável com caixa de engrenagem de múltiplo estágio, com gerador de indução duplamente excitado e conversor de escala, propostos para expandir a gama de funcionamento e eficiência do sistema. A partir de 1991, aerogeradores sem caixa de engrenagem (acionamento direto) começaram a surgir na tentativa de eliminar as falhas associadas à caixa de engrenagem e reduzir problemas de manutenção. Posteriormente, o gerador síncrono de excitatriz com ímãs permanentes foi adotado para substituir o seu equivalente eletricamente excitado. 08 De acordo com a velocidade de rotação e o tipo de trem de acionamento (drive train), os aerogeradores tradicionais podem ser classificados nas seguintes topologias (ABDI, 2014): 1. De velocidade fixa e caixa de engrenagem de múltiplo estágio – A topologia com velocidade fixa, controle de estol, caixa de engrenagem de múltiplo estágio e gerador de indução com rotor de gaiola (SCIG) com conexão direta à rede por meio de um transformador foi muito utilizada nos anos 1980 e 1990 pela simplicidade, confiabilidade e baixo custo. Figura 5 – Forma esquemática de aerogerador de velocidade fixa, caixa de engrenagem de múltiplo estágio e SCIG Fonte: ABDI, 2014. 2. De velocidade variável limitada e caixa de engrenagem de múltiplo estágio – Estes aerogeradores são compostos por uma caixa de engrenagem de múltiplo estágio e um gerador de indução com rotor ventilado (WRIG). 09 Figura 6 – Esquema de aerogerador com velocidade variável limitada e caixa de engrenagem de múltiplo estágio Fonte: ABDI, 2014. 3. De velocidade variável e caixa de engrenagem de múltiplo estágio – Esta topologia possui três configurações básicas de acordo com o gerador utilizado e a eletrônica de potência associada (ABDI, 2014), sendo estas: Figura 7 – Configuração com DFIG e conversor de energia em escala parcial Fonte: ABDI, 2014. Figura 8 – Configuração com SCIG com conversor de larga escala Fonte: ABDI, 2014. 010 Figura 9 – Configuração com gerador síncrono com conversor de larga escala Fonte: ABDI, 2014. 4. De acionamento direto e velocidade variável – Aerogeradores com acionamento direto (sem caixa de engrenagem) começaram a surgir a partir de 1991 com o intuito de eliminar as falhas associadas à caixa de engrenagem e reduzir problemas de manutenção (ABDI, 2014). Figura 10 – Aerogeradores de acionamento direto com EESG Fonte: ABDI, 2014. 5. De velocidade variável e caixa de engrenagem de único estágio – Os aerogeradores de acionamento direto com PMSG têm se tornado mais atrativos pela melhoria de desempenho e diminuição dos custos dos ímãs (ABDI, 2014). 011 Figura 11 – Aerogeradores de acionamento direto com PMSG Fonte: ABDI, 2014. TEMA 4 – POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO Embora ainda haja divergências entre especialistas e instituições na estimativa do potencial eólico brasileiro, vários estudos indicam valores extremamente consideráveis. Até poucos anos, as estimativas eram da ordem de 20.000 MW. Hoje a maioria dos estudos indica valores maiores que 60.000 MW. Essas divergências decorrem principalmente da falta de informações (dados de superfície) e das diferentes metodologias empregadas (ANEEL, 2008). De qualquer forma, os diversos levantamentos e estudos realizados e em andamento (locais, regionais e nacionais) têm dado suporte e motivado a exploração comercial da energia eólica no país. Os primeiros estudos foram feitos na região Nordeste, principalmente no Ceará e em Pernambuco. Com o apoio da ANEEL e do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), publicou em 1998 a primeira versão do Atlas Eólico da Região Nordeste. A continuidade desse trabalho resultou no Panorama do Potencial Eólico no Brasil, conforme Figura 12 (ANEEL, 2008). Os recursos apresentados na legenda da Figura 12 referem-se à velocidade média do vento e energia eólica média a uma altura de 50 metros acima da superfície para cinco condições topográficas distintas (ANEEL, 2008): • zona costeira – áreas de praia, normalmente com larga faixa de areia, onde o vento incide predominantemente do sentido mar-terra; • campo aberto – áreas planas de pastagens, plantações e/ou vegetação baixa sem muitas árvores altas; 012 • mata – áreas de vegetação nativa com arbustos e árvores altas mas de baixa densidade, tipo de terreno que causa mais obstruções ao fluxo de vento; • morro – áreas de relevo levemente ondulado, relativamente complexo, com pouca vegetação ou pasto; • montanha – áreas de relevo complexo, com altas montanhas. Ainda na legenda, a classe 1 representa regiões de baixo potencial eólico, de pouco ou nenhum interesse para o aproveitamento da energia eólica. A classe 4 corresponde aos melhores locais para aproveitamento dos ventos no Brasil. As classes 2 e 3 podem ou não ser favoráveis, dependendo das condições topográficas. A Tabela 1 mostra a classificação das velocidades de vento e regiões topográficas utilizadas no mapa da Figura 12. Os valores correspondem à velocidade média anual do vento a 50 m de altura em m/s (Vm) e à densidade média de energia média em W/m² (Em). Os valores de (Em) foram obtidos para as seguintes condições padrão: altitude igual ao nível do mar, temperatura de 20 ºC e fator de Weibull de 2,5. A mudança de altitude para 1.000 m acima do nível do mar acarreta uma diminuição de 9% na densidade média de energia, e a diminuição de temperatura para 15 ºC provoca um aumento de cerca de 2% na densidade de energia média. Outro estudo importante, em âmbito nacional, foi publicado pelo Centro de Referência para Energia Solar e Eólica – CRESESB/CEPEL. Trata-se do Atlas do PotencialEólico Brasileiro, cujos resultados estão disponíveis em <www.cresesb.cepel.br/atlas_eolico_brasil/atlas-web.htm>. Nesse estudo estimou-se um potencial eólico brasileiro da ordem de 143 GW. Existem também outros estudos específicos por unidades da Federação, desenvolvidos por iniciativas locais. Tabela 1 – Definição das classes de energia Fonte: Feitosa, 2003. 013 Figura 12 – Mapa potencial eólico brasileiro Fonte: Feitosa, 2003. TEMA 5 – PAPEL DAS EÓLICAS NO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL A capacidade instalada no país está em constante evolução em função, principalmente, do aumento do uso de energia elétrica no país, exigindo a expansão das interligações para garantir a continuidade do atendimento à carga. Exemplo desta evolução é o crescimento da potência instalada total e a grande penetração de parques eólicos no período entre janeiro de 2014 e outubro de 2015 (Tabela 2), cujo crescimento nesse período foi de 177%. 014 Tabela 2 – Evolução da potência instalada no Brasil entre 2014 e 2015 Fonte: CCE, 2016 Essa crescente participação da geração eólica na matriz elétrica brasileira demandou o desenvolvimento e aprimoramento da previsão de geração eólica, em virtude da variabilidade e não despachabilidade intrínseca da fonte. A previsão do recurso, com um maior grau de certeza devido à introdução de melhores técnicas e modelos, é de fundamental importância para os processos de programação e despacho do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), pois permite minimizar os impactos no sistema da variação da fonte (ONS, 2015). Outro ponto que preocupa o ONS é o dimensionamento da reserva operativa, a qual permite o atendimento da demanda máxima e mitigações dos impactos das variações de geração das usinas eólicas. A reserva operativa é utilizada para controlar e prevenir erros de previsão de demanda e situações de indisponibilidade não programada. No caso da eólica, acaba por prevenir também os erros de previsão do recurso. Portanto, o binômio previsão-reserva passa a ser cada vez mais importante para a operação com a crescente penetração das eólicas. O sucessivo aproveitamento da energia eólica, já com vista à instalação de mais de 15 GW até 2019, somente pelo mercado regulado, e com quase 90% deste total na região Nordeste, implica em contínuo redimensionamento da rede básica dessa região. Isto ocorre dada a necessidade de escoar a energia dos parques já licitados e de fornecer folga ao sistema elétrico de transmissão para conexão de futuros empreendimentos, visto que a maior parte do potencial eólico brasileiro se encontra na região Nordeste e ao fato de que os maiores centros de carga estão presentes nas regiões Sul e Sudeste. Nesse sentido, já foram efetuadas expansões na rede de transmissão, e se realizam contínuos estudos 015 de ampliação sob responsabilidade da EPE. A Figura 13 ilustra a expansão da malha de transmissão, com cerca de 7.300 km de linhas em 500 kV, que possibilita um incremento de 6.000 MW na capacidade da interligação NE-SE (EPE, 2014). Figura 13 – Expansão da malha de transmissão para integração eólica e aumento da interligação NE-SE Fonte: EPE, 2014 Além de aumentar a capacidade das interligações e garantir a conexão de novos parques e outros empreendimentos, como o solar, a expansão da malha de transmissão possibilita um aumento de confiabilidade, criando novas rotas de escoamento de energia. Atualmente, no sistema hidrotérmico brasileiro, quando ocorrem períodos de condições hidrológicas desfavoráveis, as usinas térmicas são despachadas, permitindo menor deplecionamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas, com o intuito de assegurar o atendimento futuro do sistema (ONS, 2014). A entrada das usinas eólicas, embora com perfil de oferta variável, apresenta papel importante na segurança operativa do Sistema Interligado nacional (SIN), na medida em que sua geração ajuda no menor esvaziamento dos reservatórios e na redução de usinas térmicas em utilização em períodos de 016 hidrologia desfavorável. Além disso, ainda atuam com alguma complementariedade com a geração hidráulica nos períodos secos de cada ano (ONS, 2014), em especial as usinas eólicas localizadas no Nordeste, visto que o breve histórico indica uma tendência de maior capacidade de geração no período considerado seco para o SIN (maio-novembro). Cabe destacar que a entrada das eólicas faz parte dos estudos de planejamento da expansão do sistema, elaborados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), na qual é avaliada a sinergia dessa fonte com as demais, para o melhor dimensionamento da necessidade de contratação. FINALIZANDO Como vimos, a energia eólica já é uma realidade em nosso país, com diversos parques eólicos de diversos fabricantes surgindo de norte a sul, principalmente na costa brasileira nos estados do Nordeste e também no estado do Rio Grande do Sul. Ainda existem limitações e obstáculos (como a intermitência dos ventos), que limitam o uso da energia eólica como energia firme, porém diversos avanços na tecnologia prometem mitigar essas limitações no futuro. 017 REFERÊNCIAS ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Mapeamento da cadeia produtiva da indústria eólica no Brasil. Brasil, 2014. BRASIL. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Atlas de energia elétrica do Brasil. Brasília, 2008. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas3ed.pdf>. Acesso em: 27 out. 2017. CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Resultado consolidado dos leilões – 03/2015. Disponível em: <http://www.ccee.org.br/ccee/documentos/ccee_347805>. Acesso em: 27 out. 2017. EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/paginas/default.aspx>. Acesso em: julho 2017. _____. Caracterização do recurso eólico e resultados preliminares de sua aplicação no sistema elétrico: recursos energéticos. Rio de Janeiro, ago. 2013. _____. Expansão das interligações N–SE e NE–SE para atender a cenários extremos de exportação das regiões N e NE – concepção inicial de alternativas: estudos para a expansão da transmissão. Rio de Janeiro, out. 2014. FEITOSA, E. A. N. et al. Panorama do potencial eólico no Brasil. Brasília, 2003. ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico. O operador nacional do sistema elétrico e os procedimentos de rede: visão geral: procedimentos de rede. Rio de Janeiro, 8 maio 2009. Disponível em: <http://extranet.ons.org.br/operacao/prdocme.nsf/be4c5a1e96b00ff083257635000 041e4/dfd86be228a97dc0832576310044f04f?opendocument>. Acesso em: 27 out. 2017. _____. Requisitos técnicos mínimos para a conexão às instalações de transmissão: procedimentos de rede. Rio de Janeiro, 16 set. 2010. _____. Plano da operação energética 2014/2018: pen. Rio de Janeiro, 2014. TOLMASQUIM, M. T. Energia termelétrica: gás natural, biomassa, carvão, nuclear. Rio de Janeiro: EPE, 2016
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