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ARTIGO AÇÕES AFIRMATIVAS

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1 
 
AÇÕES AFIRMATIVAS: DO BRASIL PARA A AMAZÔNIA IMPLANTAÇÃO DO 
SISTEMA DE COTAS PARA NEGROS1 
Dayna Rafaela Martins da Conceição 2 
 
RESUMO 
O escopo deste artigo cientifico é estabelecer um histórico acerca da raça negra no 
Brasil. O foco deste artigo é comprovar as pesquisas realizadas pelo plano de 
políticas publicas, ações afirmativas, que objetiva a diminuição das mazelas sociais 
no Brasil, e na região amazônica. Deixando claro pontos positivos das ações 
afirmativas. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Igualdade. Ações Afirmativas. Raça Negra. Brasil. 
 
1. AÇÕES AFIRMATIVAS: ASPECTOS HISTÓRICOS DAS COTAS RACIAIS 
 
“Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor da pele, origem ou 
religião dela. As pessoas certamente aprendem a odiar. E se podem 
aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar já que o amor surge de 
forma mais natural no coração das pessoas que seu oposto” 
3
. 
 
O primeiro registro encontrado da discussão em torno do que hoje 
poderíamos chamar de ações afirmativas data de 1968, quando técnicos do 
Ministério do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho manifestaram-se 
favoráveis à cria- ção de uma lei que obrigasse as empresas privadas a 
manter uma percentagem mínima de empregados de cor (20%, 15% ou 
10%, de acordo com o ramo de atividade e a demanda), como única 
solução para o problema da discriminação racial no mercado de trabalho 
(Santos, 1999, p.222). Entretanto, tal lei não chega a ser elaborada. 
Somente nos anos de 1980 haverá a primeira formulação de um projeto de 
lei nesse sentido. O então deputado federal Abdias Nascimento, em seu 
projeto de Lei n. 1.332, de 1983, propõe uma ação compensatória, que 
estabeleceria mecanismos de compensação para o afro-brasileiro após 
séculos de discriminação. Entre as ações figuram: reserva de 20% de vagas 
para mulheres negras e 20% para homens negros na seleção de candidatos 
ao serviço público; bolsas de estudos; incentivos às empresas do setor 
privado para a eliminação da prática da discriminação racial; incorporação 
da imagem positiva da família afro-brasileira ao sistema de ensino e à 
literatura didática e paradidática, bem como introdução da história das 
civilizações africanas e do africano no Brasil. O projeto não é aprovado pelo 
Congresso Nacional, mas as reivindicações continuam 
4
. 
 
1
 Trabalho apresentado à Disciplina Linha de Extensão de Pesquisa, Ações Afirmativas, como 
requisito parcial de avaliação da 2º Nota Intervalar- NI, sob orientação do Professor Ricardo Dias. 
2
 Aluna do 6° Período da Universidade da Amazônia- UNAMA, Campus do Instituto de Ciências 
Jurídicas- ICJ. 
3
 Frase de Nelson Mandela. Google Dingle. 
4
 MOEHLECKE. Sabrina. AÇÃO AFIRMATIVA: HISTÓRIA E DEBATES NO BRASIL. Disponivel em < 
http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15559.pdf> Acesso em 10/06/2015 
2 
 
 
A Constituição Federal de 1988 é um processo de redemocratização 
recente e permeado por diversas lacunas não resolvidas. Uma delas refere-se à 
permanência de condições impares da sociedade, isto é, características que não 
podem ser modificadas, intrínsecas ao indivíduo, a exemplo da cor, que possam 
influir no ingresso e promoção no mercado de trabalho, expectativa de acesso ao 
ensino superior, dentre outros. É fato consumado os dados sobre discriminação e 
desigualdades raciais divulgados nos últimos anos, nacional e internacionalmente, 
um paradigma que não é mais novidade. Uma das proposições que surgiram como 
solução para estas lacunas contidas na Carta Magna foi o plano de políticas públicas 
de ação afirmativa. Os Estados Unidos da America, em 1960 
 Em 11 de junho de 1963, iniciou a discussão sobre políticas sociais e foram 
consideradas “progressistas”. Em alguns estados do Sul, ainda havia muita 
resistência das autoridades ao fim da discriminação vigente entre brancos e negros 
em lugares públicos, em especial as escolas. Kennedy fez um apelo à consciência, 
aos valores morais e até aos ensinamentos bíblicos para acabar com essa 
“indignidade arbitrária”, mas não tratou os que ainda defendiam a segregação como 
inimigos ou aberrações – mesmo porque era o Partido Democrata que governava os 
sulistas. “É um problema que todos nós enfrentamos, no Norte ou no Sul”, conciliou 
5. Já, no Brasil, ganharam visibilidade a partir dos anos 2000, quando universidades 
e órgãos públicos adotaram tal medida em vestibulares e concursos. A Universidade 
de Brasília (UnB) foi a primeira instituição de ensino no Brasil a adotar o sistema de 
cotas raciais, em junho de 2004, Os dados apontam que 57,7% dos candidatos de 
cor preta possuem renda familiar inferior a 1.500 reais, já em relação ao grupo de 
cor branca esse percentual é bem menor, 30%, indicando uma políticas de cotas 
raciais e de renda 6. A discussão no Brasil teve por principal a busca implacável pela 
igualdade, pois, este direito pétreo deixa de ser simplesmente um princípio jurídico a 
ser respeitado por todos, e passa a ser um objetivo constitucional a ser alcançado 
pelo Estado e pela sociedade 7. 
 
Fotos Raras e Extraordinárias: nada como um dia na praia — com Marilyn e Garrincha, com Einstein 
e a princesa Grace, ou Elvis, Catherine Deneuve, Tom Jobim e Picasso. Disponível em 
<http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/martin-luther-king/> Acesso em 10/06/2015. 
6
 COTAS RACIAIS. Disponível em <http://www.brasilescola.com/educacao/sistema-cotas-
racial.htm> Acesso em 10/06/2015 
7
 BARBOSA, Joaquim fala sobre o voto do relator da Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental- ADPF n° 186. 
3 
 
 Em 13/05/1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, alguns historiadores 
argumentam que o número de negros igualava-se aos de brancos, e por medo de 
manifestações e rebeldia, a princesa optou por assiná-lo. Os negros libertos, porém 
continuavam exclusos, descriminados, sem expectativa alguma, vivendo a margem 
da sociedade. Assim, por várias décadas as pessoas de raça negra foram 
culturalizadas com hierarquização das raças, marginalizando-os, descriminado-os, 
rejeitado-os e isso tudo com o tempo foi naturalizado. O próprio negro se vê muitas 
vezes inferior ao branco, atualmente quebra de paradigma com a Lei nº 10.639, de 9 
de janeiro de 2003, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo 
ministro da Educação, Cristovam Buarque, a época, que dá o devido 
reconhecimento ao 20 de novembro, como o Dia Nacional da Consciência Negra, ao 
introduzir a data no calendário oficial das escolas, bem como a necessidade de 
propiciar- se o ensino da história e da cultura do povo brasileiro afrodescendente. 
 
2. AS AÇÕES AFIRMATIVAS DA PERSPECTIVA DOS DIREITOS 
HUMANOS 
 
Como já mencionado, a partir da Declaração Universal de 1948, começa a 
desenvolver-se o Direito Internacional dos Direitos Humanos, mediante a 
adoção de inúmeros tratados internacionais voltados à proteção de direitos 
fundamentais. A primeira fase de proteção dos direitos humanos foi 
marcada pela tô- nica da proteção geral, que expressava o temor da 
diferença (que no nazismo havia sido orientada para o extermínio) com 
base na igualdade formal. A título de exemplo, basta avaliar quem é o 
destinatário da Declaração de 1948, bem como basta atentar para a 
Convenção para a Prevenção e Repressão ao Crime de Genocídio, também 
de 1948, que pune a lógica da intolerância pautada na destruição do “outro” 
em razão de sua nacionalidade, etnia, raça ou religião. Torna-se, contudo, 
insuficiente tratar o indivíduo de forma genérica, geral e abstrata. Faz-se 
necessária a especificação do sujeito de direito, que passa a ser visto em 
sua peculiaridade e particularidade. Nessa óticadeterminados sujeitos de 
direito ou determinadas violações de direitos exigem uma resposta 
específica e diferenciada. Vale dizer, na esfera internacional, se uma 
primeira vertente de instrumentos internacionais nasce com a vocação de 
proporcionar uma proteção geral, genérica e abstrata, refletindo o próprio 
temor da diferença, percebe-se, posteriormente, a necessidade de conferir a 
determinados grupos uma proteção especial e particularizada, em face de 
sua própria vulnerabilidade. Isso significa que a diferença não mais seria 
utilizada para a aniquilação de direitos, mas, ao revés, para sua promoção. 
Nesse cenário, por exemplo a população afro-descendente, as mulheres, as 
crianças e demais grupos devem ser vistos nas especificidades e pecu- 
Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 124, jan./abr. 2005 47 Ações afirmativas 
da... liaridades de sua condição social. Ao lado do direito à igualdade, surge 
também, como direito fundamental, o direito à diferença. Importa o respeito 
à diferen- ça e à diversidade, o que lhes assegura um tratamento especial. 
Destacam-se, assim, três vertentes no que tange à concepção da 
igualdade: a. igualdade formal, reduzida à fórmula “todos são iguais perante 
a lei” (que no seu tempo foi crucial para a abolição de privilégios); b. 
4 
 
igualdade material, correspondente ao ideal de justiça social e distributiva 
(igualdade orientada pelo critério socioeconômico); e c. igualdade material, 
correspondente ao ideal de justiça como reconhecimento de identidades 
(igualdade orientada pelos critérios gênero, orientação sexual, idade, raça, 
etnia e demais critérios) 
8
. 
 
 
 3. DEFESA DAS AÇÕES AFIRMATIVAS: COTAS RACIAIS 
De maneira geral, as cotas servem para contrabalancear as desigualdades entre as 
oportunidades sociais, visando à igualdade de competição. 
 
 
Acho que a discriminação, como componente indissociável do 
relacionamento entre os seres humanos, reveste-se de uma roupagem 
competitiva. O que está em jogo aqui é, em certa medida, competição: é o 
espectro competitivo que germina em todas as sociedades. Quanto mais 
intensa a discriminação e mais poderosos os mecanismos inerciais que 
impedem o seu combate, mais ampla se mostra a clivagem entre o 
discriminador e o discriminado, afirmou 
9
. 
 
 O ministro lembrou que as ações afirmativas não são ações típicas de 
governos, podendo ser adotadas pela iniciativa privada e até pelo Poder Judiciário, 
em casos extremos. “Há, no Direito Comparado, vários casos de medidas de ações 
afirmativas desenhadas pelo Poder Judiciário em casos em que a discriminação é 
tão flagrante e a exclusão é tão absoluta, que o Judiciário não teve outra alternativa 
senão, ele próprio, determinar e desenhar medidas de ação afirmativa, como 
ocorreu, por exemplo, nos Estados Unidos, especialmente em alguns estados do 
sul” 10. 
 As cotas levariam à construção de uma sociedade segmentada a 
partir do sistema escolar, em especial, o universitário; a amplitude da 
mestiçagem e seu reconhecimento pela população evitou a construção de 
separações "raciais" rígidas no Brasil; as cotas admitem que os negros não 
conseguem adentrar ao sistema universitário pelos critérios vigentes que 
privilegiam as habilidades e competências, o que pode resultar em 
atribuições de diferenças e desigualdades genéticas e não sociais 
11
. 
 
 
8
 PIOVESAN, Flavia. AÇÕES AFIRMATIVAS DA PERSPECTIVA DOS DIREITOS HUMANOS. Disponivel em < 
http://www.scielo.br/pdf/cp/v35n124/a0435124.pdf> Acesso em 10/06/2015 
9
 Cf. BARBOSA, Joaquim. ADPF n° 186. 
10
 Idem. 
11
 Durham. Eunice R. Desigualdade Educacional e Cotas para Negros nas Universidades. Disponivel em 
<http://novosestudos.uol.com.br/v1/files/uploads/contents/100/20080627_desigualdade_educacional.p
df> Acesso em 10/06/2015. 
5 
 
 Para se fazer um ajuste na aplicação das políticas de cotas é necessário o 
reconhecimento e a valorização da contribuição da ascendência africana para a 
construção da país, que leva ao auto de identificação positiva dos brasileiros 
mestiços quanto a matriz luso-africana da cultura nacional. Vale ressaltar, que já 
aconteceu a valorização racial, quando sancionada a lei que autorizou o dia nacional 
da consciência negra, supracitada anteriormente. 
4. PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA 
IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL NA ORDEM CONTEMPORÂNEA 
 
Interessante o ensaio: 
 
A implementação do direito à igualdade é tarefa fundamental à qualquer 
projeto democrático, já que em última análise a democracia significa a 
igualdade no exercício dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e 
culturais. A busca democrática requer fundamentalmente o exercício em 
igualdade de condições dos direitos humanos elementares. Se a 
democracia confunde-se com a igualdade, a implementação do direito à 
igualdade, por sua vez, impõe tanto o desafio de eliminar toda e qualquer 
forma de discriminação como o desafio de promover a igualdade. Para a 
implementação do direito à igualdade, é decisivo que se intensifiquem e 
aprimorem ações em prol do alcance dessas duas metas que, por serem 
indissociáveis, hão de ser desenvolvidas de forma conjugada. Há, assim, 
que se combinar estratégias repressivas e promocionais que propiciem a 
im- Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 124, jan./abr. 2005 53 Ações 
afirmativas da implementação do direito à igualdade. Reitere-se que a 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Racial, ratificada hoje por mais de 167 Estados (dentre eles o Brasil), 
aponta para a dupla vertente: a repressiva punitiva e a promocional. Vale 
dizer, os entes federativos assumem não apenas o dever de adotar medidas 
que proíbam a discriminação racial, mas também o dever de promover a 
igualdade mediante a implementação de medidas especiais e temporárias 
que acelerem o processo de construção da igualdade racial. Considerando 
as especificidades do Brasil, que é o segundo país do mundo com o maior 
contingente populacional afro-descendente (45% da população brasileira, 
perdendo apenas para a Nigéria), tendo sido, contudo, o último país do 
mundo ocidental a abolir a escravidão, faz-se emergencial a adoção de 
medidas eficazes para romper com o legado de exclusão étnico racial, que 
compromete não só a plena vigência dos direitos humanos, mas também a 
6 
 
própria democracia no país – sob pena de termos democracia sem 
cidadania. Se no início deste texto acentuava-se que os direitos humanos 
não são um dado, mas um construído, enfatiza-se agora que a violação 
desses direitos também o é. Ou seja, as violações, as exclusões, as 
discriminações, as intolerâncias, os racismos, as injustiças raciais são um 
construído histórico a ser urgentemente desconstruído, sendo emergencial 
a adoção de medidas eficazes para romper com o legado de exclusão 
étnico-racial. Há que se enfrentar essas amarras, mutiladoras do 
protagonismo da cidadania e da dignidade da população afro-descendente
12
 
E ainda, no mesmo sentido, vale ressaltar: 
Em parecer elaborado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, 
a respeito do projeto de Lei n. 13, de 1995, apresentado pela senadora 
Benedita da Silva, que dispõe sobre a instituição de cota mínima de 20% 
das vagas das instituições públicas de ensino superior para alunos 
carentes, concluiu-se pela sua inconstitucionalidade e inadequação aos 
preceitos constitucionais. A iniciativa do projeto de oferecer melhores 
condições para o acesso de alunos carentes ao ensino universitário foi 
considerada meritória, todavia, entendeu-se que ela feriria as normas 
constitucionais, como a presente no artigo 5º CF/ 88 . De acordo com o 
relatório, o princípio da igualdade, comoigualdade perante a lei, que 
significa dizer que a lei e sua aplicação tratam a todos igualmente, sem 
levar em conta distinções 
13
. 
 
 Consoante o estudo apresentado, pode-se presumir que as posições jurídicas 
que sustentam a constitucionalidade de políticas como as de ações afirmativas, 
adotam uma perspectiva fática, principalmente, porque identificam mudanças 
significativas envolvendo os princípios pétreos, a exemplo da igualdade a partir da 
Magna Carta. 
A resistência do modernismo político que acostumou a tratar igualmente 
seres e grupos diferentes ou desiguais, em vez de tratá-los especificamente 
como diferentes desiguais. Visto desse ângulo, não vejo como tratar 
igualmente, falando de políticas públicas numa cultura e sociedade racista 
14
os negros pobres e os brancos pobres, quando uns são duplamente 
discriminados e outros discriminados apenas uma vez. 
 
 
Quanto a Jurisprudência: 
 
12
 Cf. PIOVESAN, Flavia. p. 53. 
13
 Cf. MOEHLECKE. Sabrina. p. 210. 
14
 HAbermas. 
7 
 
Processo: REsp 1328192 RS 2012/0120414-1 
Relator(a): 
Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA 
TRF 3ª REGIÃO) 
Julgamento: 13/11/2012 
Órgão 
Julgador: 
T2 - SEGUNDA TURMA 
EMENTA 
ADMINISTRATIVO - ENSINO SUPERIOR - AÇÕES AFIRMATIVAS - POLÍTICA 
DECOTAS - AUTONOMIA DAS UNIVERSIDADES - ART. 53 DA LEI9.394/1996 -
PROCESSO SELETIVO DE INGRESSO - IMPOSSIBILIDADE DO PODER 
JUDICIÁRIOCRIAR EXCEÇÕES SUBJETIVAS - PRECEDENTE DA SEGUNDA 
TURMA. 
1. A Segunda Turma, por ocasião do julgamento do Recurso Especial1.132.476/PR, 
de relatoria do Min. Humberto Martins, firmou entendimento que a forma de 
implementação de ações afirmativas no seio de universidade, bem como as normas 
objetivas de acesso às vagas destinadas a política pública de reparação, fazem 
parte da autonomia específica prevista no art. 53 da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, e que a exigência de que os candidatos a vagas como 
discentes no regime de cotas "tenham realizado o ensino fundamental e médio 
exclusivamente em escola pública no Brasil",constante no edital do processo seletivo 
vestibular, é critério objetivo que não comporta exceção, sob pena de inviabilizar 
osistema de cotas proposto. 
2. Recurso especial provido. 
 
Quanto ao princípio da Igualdade 
Ao votar, a ministra Cármen Lúcia disse ser uma responsabilidade social e 
estatal fazer valer o princípio da igualdade insculpido na Constituição 
Federal. “O princípio da igualdade não é apenas um aviso, um conselho, 
mas uma norma que deve ser cumprida”, afirmou. 
“As ações afirmativas não são as melhores opções. A melhor opção é ter 
uma sociedade na qual todos sejam livres para serem o que quiserem ser. 
As cotas são uma etapa, um processo, uma necessidade em uma 
sociedade onde isso não aconteceu naturalmente”, disse Cármen Lúcia. 
De acordo com o ministro Joaquim Barbosa, que votou em seguida, ações 
afirmativas têm como objetivo neutralizar os efeitos perversos da 
discriminação racial, de gênero, de origem, de idade e de condição física. O 
8 
 
ministro lembrou que as ações afirmativas podem ser, e em alguns casos já 
são, empreendidas também pelo setor privado e pelo próprio Poder 
Judiciário, nos casos de grave discriminação. 
“A discriminação está tão enraizada na sociedade brasileira que as pessoas 
nem percebem. Ela se torna normal”, afirmou o ministro. De acordo com 
Joaquim Barbosa, estudioso de ações afirmativas com livros sobre o tema, 
“essas medidas visam combater não somente manifestações flagrantes de 
discriminação, mas a discriminação de fato”. O ministro disse também que é 
natural que ações afirmativas “atraiam resistência da parte daqueles que 
historicamente se beneficiam da discriminação de que são vítimas os 
grupos minoritários”. 
O ministro Cezar Peluso disse que basta uma visão sistemática da 
Constituição Federal para perceber que ela tutela classes ou grupos 
desfavorecidos ou discriminados. Contra o argumento de que os cotistas 
seriam rejeitados pelo mercado, o ministro afirmou que “o fato objetivo é 
que, com o diploma, de algum modo está garantido o patrimônio 
educacional. “O mérito é um critério justo apenas entre candidatos que 
tiveram oportunidades idênticas ou assemelhadas”, argumentou. 
“Não posso deixar de concordar com o relator que as cotas raciais são 
adequadas, necessárias, têm peso suficiente para justificar as restrições 
que trazem a certos direitos de outras etnias. Mas é um experimento que o 
Estado brasileiro está fazendo e que pode ser controlado e aperfeiçoado”, 
concluiu Peluso 
15
. 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 As cotas objetivam a longo prazo reparar o que foi construído pela historia 
dos negros. Após a abolição obtivemos uma negativa de políticas de reinserção dos 
negros na sociedade e isso vem se repetindo ate os dias de hoje, a exemplo das 
ações afirmativas, e a possibilidade de se discutir direitos e deveres em comum. 
 “Porque ser livre não é somente romper as correntes que aprisionam alguém, 
mas viver de forma a respeitar e ampliar a liberdade dos outros” (Nelson Mandela). 
 
15
 Consultor Jurídico. Disponivel em <http://www.conjur.com.br/2012-abr-26/supremo-tribunal-federal-
decide-cotas-raciais-sao-constitucionais> Acesso em 10/06/2015 
9 
 
 Cotas é uma proposta de política impar, que viza sanar lacunas contidas na 
Constituição federal. Inserir o negro em uma sociedade que o excluiu apos dar sua 
liberdade de escolha, esta era o paradigma. Em universidades e dentre outros 
lugares, mal se observava negros, pelo menos em algumas regiões do país, a 
exemplo do Sul do Brasil, e do Sul do Pará, que com a promoção dos grandes 
projetos na Amazônia, a migração de sulistas do Brasil foi enorme. 
 As cotas vem para inserir as parcelas de uma determinada quantidade da 
população brasileira que se enquadrem nos termos da Constituição e o que a 
Justiça determinar. Assim, a expectativa da oportunidade para os negros, bem 
como, pardos, indígenas e qualquer outra raça. 
 Acredito que a ação afirmativa é valida para as cotas raciais, na valorização 
de suas historias. Valer ressaltar, também, que será mais profícuo as cotas com 
relação a renda per capita das pessoas que ingressaram em faculdades e 
universidades, pois, em nossa conjuntura, a problemática brasileira e mundial é 
financeira. Dá oportunidades a pessoas das classes mais baixas será muito bem 
recebido pela comunidade. Como dizia, Nelson Mandela, “A educação é a arma 
mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo". 
 
REFERÊNCIAS 
BARBOSA, Joaquim fala sobre o voto do relator da Arguição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental- ADPF n° 186. 
Consultor Jurídico. Disponível em <http://www.conjur.com.br/2012-abr-26/supremo-
tribunal-federal-decide-cotas-raciais-sao-constitucionais> Acesso em 10/06/2015 
Cotas Raciais. Disponível em <http://www.brasilescola.com/educacao/sistema-
cotas-racial.htm> Acesso em 10/06/2015 
Durham. Eunice R. Desigualdade Educacional e Cotas para Negros nas 
Universidades. Disponível em 
<http://novosestudos.uol.com.br/v1/files/uploads/contents/100/20080627_desigualda
de_educacional.pdf> Acesso em 10/06/2015. 
MOEHLECKE. Sabrina. AÇÃO AFIRMATIVA: HISTÓRIA E DEBATES NO BRASIL. 
Disponivel em < http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15559.pdf> Acesso em 10/06/2015 
10 
 
Fotos Raras e Extraordinárias: nada como um dia na praia — com Marilyn e 
Garrincha, com Einstein e a princesa Grace, ou Elvis, Catherine Deneuve, Tom 
Jobim e Picasso. Disponível em <http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/martin-
luther-king/>Acesso em 10/06/2015. 
 
PIOVESAN, Flavia. Ações Afirmativas da Perspectiva dos Direitos Humanos. 
Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/cp/v35n124/a0435124.pdf> Acesso em 
10/06/2015

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