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1 AÇÕES AFIRMATIVAS: DO BRASIL PARA A AMAZÔNIA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE COTAS PARA NEGROS1 Dayna Rafaela Martins da Conceição 2 RESUMO O escopo deste artigo cientifico é estabelecer um histórico acerca da raça negra no Brasil. O foco deste artigo é comprovar as pesquisas realizadas pelo plano de políticas publicas, ações afirmativas, que objetiva a diminuição das mazelas sociais no Brasil, e na região amazônica. Deixando claro pontos positivos das ações afirmativas. PALAVRAS-CHAVE: Igualdade. Ações Afirmativas. Raça Negra. Brasil. 1. AÇÕES AFIRMATIVAS: ASPECTOS HISTÓRICOS DAS COTAS RACIAIS “Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor da pele, origem ou religião dela. As pessoas certamente aprendem a odiar. E se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar já que o amor surge de forma mais natural no coração das pessoas que seu oposto” 3 . O primeiro registro encontrado da discussão em torno do que hoje poderíamos chamar de ações afirmativas data de 1968, quando técnicos do Ministério do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho manifestaram-se favoráveis à cria- ção de uma lei que obrigasse as empresas privadas a manter uma percentagem mínima de empregados de cor (20%, 15% ou 10%, de acordo com o ramo de atividade e a demanda), como única solução para o problema da discriminação racial no mercado de trabalho (Santos, 1999, p.222). Entretanto, tal lei não chega a ser elaborada. Somente nos anos de 1980 haverá a primeira formulação de um projeto de lei nesse sentido. O então deputado federal Abdias Nascimento, em seu projeto de Lei n. 1.332, de 1983, propõe uma ação compensatória, que estabeleceria mecanismos de compensação para o afro-brasileiro após séculos de discriminação. Entre as ações figuram: reserva de 20% de vagas para mulheres negras e 20% para homens negros na seleção de candidatos ao serviço público; bolsas de estudos; incentivos às empresas do setor privado para a eliminação da prática da discriminação racial; incorporação da imagem positiva da família afro-brasileira ao sistema de ensino e à literatura didática e paradidática, bem como introdução da história das civilizações africanas e do africano no Brasil. O projeto não é aprovado pelo Congresso Nacional, mas as reivindicações continuam 4 . 1 Trabalho apresentado à Disciplina Linha de Extensão de Pesquisa, Ações Afirmativas, como requisito parcial de avaliação da 2º Nota Intervalar- NI, sob orientação do Professor Ricardo Dias. 2 Aluna do 6° Período da Universidade da Amazônia- UNAMA, Campus do Instituto de Ciências Jurídicas- ICJ. 3 Frase de Nelson Mandela. Google Dingle. 4 MOEHLECKE. Sabrina. AÇÃO AFIRMATIVA: HISTÓRIA E DEBATES NO BRASIL. Disponivel em < http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15559.pdf> Acesso em 10/06/2015 2 A Constituição Federal de 1988 é um processo de redemocratização recente e permeado por diversas lacunas não resolvidas. Uma delas refere-se à permanência de condições impares da sociedade, isto é, características que não podem ser modificadas, intrínsecas ao indivíduo, a exemplo da cor, que possam influir no ingresso e promoção no mercado de trabalho, expectativa de acesso ao ensino superior, dentre outros. É fato consumado os dados sobre discriminação e desigualdades raciais divulgados nos últimos anos, nacional e internacionalmente, um paradigma que não é mais novidade. Uma das proposições que surgiram como solução para estas lacunas contidas na Carta Magna foi o plano de políticas públicas de ação afirmativa. Os Estados Unidos da America, em 1960 Em 11 de junho de 1963, iniciou a discussão sobre políticas sociais e foram consideradas “progressistas”. Em alguns estados do Sul, ainda havia muita resistência das autoridades ao fim da discriminação vigente entre brancos e negros em lugares públicos, em especial as escolas. Kennedy fez um apelo à consciência, aos valores morais e até aos ensinamentos bíblicos para acabar com essa “indignidade arbitrária”, mas não tratou os que ainda defendiam a segregação como inimigos ou aberrações – mesmo porque era o Partido Democrata que governava os sulistas. “É um problema que todos nós enfrentamos, no Norte ou no Sul”, conciliou 5. Já, no Brasil, ganharam visibilidade a partir dos anos 2000, quando universidades e órgãos públicos adotaram tal medida em vestibulares e concursos. A Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira instituição de ensino no Brasil a adotar o sistema de cotas raciais, em junho de 2004, Os dados apontam que 57,7% dos candidatos de cor preta possuem renda familiar inferior a 1.500 reais, já em relação ao grupo de cor branca esse percentual é bem menor, 30%, indicando uma políticas de cotas raciais e de renda 6. A discussão no Brasil teve por principal a busca implacável pela igualdade, pois, este direito pétreo deixa de ser simplesmente um princípio jurídico a ser respeitado por todos, e passa a ser um objetivo constitucional a ser alcançado pelo Estado e pela sociedade 7. Fotos Raras e Extraordinárias: nada como um dia na praia — com Marilyn e Garrincha, com Einstein e a princesa Grace, ou Elvis, Catherine Deneuve, Tom Jobim e Picasso. Disponível em <http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/martin-luther-king/> Acesso em 10/06/2015. 6 COTAS RACIAIS. Disponível em <http://www.brasilescola.com/educacao/sistema-cotas- racial.htm> Acesso em 10/06/2015 7 BARBOSA, Joaquim fala sobre o voto do relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental- ADPF n° 186. 3 Em 13/05/1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, alguns historiadores argumentam que o número de negros igualava-se aos de brancos, e por medo de manifestações e rebeldia, a princesa optou por assiná-lo. Os negros libertos, porém continuavam exclusos, descriminados, sem expectativa alguma, vivendo a margem da sociedade. Assim, por várias décadas as pessoas de raça negra foram culturalizadas com hierarquização das raças, marginalizando-os, descriminado-os, rejeitado-os e isso tudo com o tempo foi naturalizado. O próprio negro se vê muitas vezes inferior ao branco, atualmente quebra de paradigma com a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Educação, Cristovam Buarque, a época, que dá o devido reconhecimento ao 20 de novembro, como o Dia Nacional da Consciência Negra, ao introduzir a data no calendário oficial das escolas, bem como a necessidade de propiciar- se o ensino da história e da cultura do povo brasileiro afrodescendente. 2. AS AÇÕES AFIRMATIVAS DA PERSPECTIVA DOS DIREITOS HUMANOS Como já mencionado, a partir da Declaração Universal de 1948, começa a desenvolver-se o Direito Internacional dos Direitos Humanos, mediante a adoção de inúmeros tratados internacionais voltados à proteção de direitos fundamentais. A primeira fase de proteção dos direitos humanos foi marcada pela tô- nica da proteção geral, que expressava o temor da diferença (que no nazismo havia sido orientada para o extermínio) com base na igualdade formal. A título de exemplo, basta avaliar quem é o destinatário da Declaração de 1948, bem como basta atentar para a Convenção para a Prevenção e Repressão ao Crime de Genocídio, também de 1948, que pune a lógica da intolerância pautada na destruição do “outro” em razão de sua nacionalidade, etnia, raça ou religião. Torna-se, contudo, insuficiente tratar o indivíduo de forma genérica, geral e abstrata. Faz-se necessária a especificação do sujeito de direito, que passa a ser visto em sua peculiaridade e particularidade. Nessa óticadeterminados sujeitos de direito ou determinadas violações de direitos exigem uma resposta específica e diferenciada. Vale dizer, na esfera internacional, se uma primeira vertente de instrumentos internacionais nasce com a vocação de proporcionar uma proteção geral, genérica e abstrata, refletindo o próprio temor da diferença, percebe-se, posteriormente, a necessidade de conferir a determinados grupos uma proteção especial e particularizada, em face de sua própria vulnerabilidade. Isso significa que a diferença não mais seria utilizada para a aniquilação de direitos, mas, ao revés, para sua promoção. Nesse cenário, por exemplo a população afro-descendente, as mulheres, as crianças e demais grupos devem ser vistos nas especificidades e pecu- Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 124, jan./abr. 2005 47 Ações afirmativas da... liaridades de sua condição social. Ao lado do direito à igualdade, surge também, como direito fundamental, o direito à diferença. Importa o respeito à diferen- ça e à diversidade, o que lhes assegura um tratamento especial. Destacam-se, assim, três vertentes no que tange à concepção da igualdade: a. igualdade formal, reduzida à fórmula “todos são iguais perante a lei” (que no seu tempo foi crucial para a abolição de privilégios); b. 4 igualdade material, correspondente ao ideal de justiça social e distributiva (igualdade orientada pelo critério socioeconômico); e c. igualdade material, correspondente ao ideal de justiça como reconhecimento de identidades (igualdade orientada pelos critérios gênero, orientação sexual, idade, raça, etnia e demais critérios) 8 . 3. DEFESA DAS AÇÕES AFIRMATIVAS: COTAS RACIAIS De maneira geral, as cotas servem para contrabalancear as desigualdades entre as oportunidades sociais, visando à igualdade de competição. Acho que a discriminação, como componente indissociável do relacionamento entre os seres humanos, reveste-se de uma roupagem competitiva. O que está em jogo aqui é, em certa medida, competição: é o espectro competitivo que germina em todas as sociedades. Quanto mais intensa a discriminação e mais poderosos os mecanismos inerciais que impedem o seu combate, mais ampla se mostra a clivagem entre o discriminador e o discriminado, afirmou 9 . O ministro lembrou que as ações afirmativas não são ações típicas de governos, podendo ser adotadas pela iniciativa privada e até pelo Poder Judiciário, em casos extremos. “Há, no Direito Comparado, vários casos de medidas de ações afirmativas desenhadas pelo Poder Judiciário em casos em que a discriminação é tão flagrante e a exclusão é tão absoluta, que o Judiciário não teve outra alternativa senão, ele próprio, determinar e desenhar medidas de ação afirmativa, como ocorreu, por exemplo, nos Estados Unidos, especialmente em alguns estados do sul” 10. As cotas levariam à construção de uma sociedade segmentada a partir do sistema escolar, em especial, o universitário; a amplitude da mestiçagem e seu reconhecimento pela população evitou a construção de separações "raciais" rígidas no Brasil; as cotas admitem que os negros não conseguem adentrar ao sistema universitário pelos critérios vigentes que privilegiam as habilidades e competências, o que pode resultar em atribuições de diferenças e desigualdades genéticas e não sociais 11 . 8 PIOVESAN, Flavia. AÇÕES AFIRMATIVAS DA PERSPECTIVA DOS DIREITOS HUMANOS. Disponivel em < http://www.scielo.br/pdf/cp/v35n124/a0435124.pdf> Acesso em 10/06/2015 9 Cf. BARBOSA, Joaquim. ADPF n° 186. 10 Idem. 11 Durham. Eunice R. Desigualdade Educacional e Cotas para Negros nas Universidades. Disponivel em <http://novosestudos.uol.com.br/v1/files/uploads/contents/100/20080627_desigualdade_educacional.p df> Acesso em 10/06/2015. 5 Para se fazer um ajuste na aplicação das políticas de cotas é necessário o reconhecimento e a valorização da contribuição da ascendência africana para a construção da país, que leva ao auto de identificação positiva dos brasileiros mestiços quanto a matriz luso-africana da cultura nacional. Vale ressaltar, que já aconteceu a valorização racial, quando sancionada a lei que autorizou o dia nacional da consciência negra, supracitada anteriormente. 4. PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL NA ORDEM CONTEMPORÂNEA Interessante o ensaio: A implementação do direito à igualdade é tarefa fundamental à qualquer projeto democrático, já que em última análise a democracia significa a igualdade no exercício dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. A busca democrática requer fundamentalmente o exercício em igualdade de condições dos direitos humanos elementares. Se a democracia confunde-se com a igualdade, a implementação do direito à igualdade, por sua vez, impõe tanto o desafio de eliminar toda e qualquer forma de discriminação como o desafio de promover a igualdade. Para a implementação do direito à igualdade, é decisivo que se intensifiquem e aprimorem ações em prol do alcance dessas duas metas que, por serem indissociáveis, hão de ser desenvolvidas de forma conjugada. Há, assim, que se combinar estratégias repressivas e promocionais que propiciem a im- Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 124, jan./abr. 2005 53 Ações afirmativas da implementação do direito à igualdade. Reitere-se que a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, ratificada hoje por mais de 167 Estados (dentre eles o Brasil), aponta para a dupla vertente: a repressiva punitiva e a promocional. Vale dizer, os entes federativos assumem não apenas o dever de adotar medidas que proíbam a discriminação racial, mas também o dever de promover a igualdade mediante a implementação de medidas especiais e temporárias que acelerem o processo de construção da igualdade racial. Considerando as especificidades do Brasil, que é o segundo país do mundo com o maior contingente populacional afro-descendente (45% da população brasileira, perdendo apenas para a Nigéria), tendo sido, contudo, o último país do mundo ocidental a abolir a escravidão, faz-se emergencial a adoção de medidas eficazes para romper com o legado de exclusão étnico racial, que compromete não só a plena vigência dos direitos humanos, mas também a 6 própria democracia no país – sob pena de termos democracia sem cidadania. Se no início deste texto acentuava-se que os direitos humanos não são um dado, mas um construído, enfatiza-se agora que a violação desses direitos também o é. Ou seja, as violações, as exclusões, as discriminações, as intolerâncias, os racismos, as injustiças raciais são um construído histórico a ser urgentemente desconstruído, sendo emergencial a adoção de medidas eficazes para romper com o legado de exclusão étnico-racial. Há que se enfrentar essas amarras, mutiladoras do protagonismo da cidadania e da dignidade da população afro-descendente 12 E ainda, no mesmo sentido, vale ressaltar: Em parecer elaborado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, a respeito do projeto de Lei n. 13, de 1995, apresentado pela senadora Benedita da Silva, que dispõe sobre a instituição de cota mínima de 20% das vagas das instituições públicas de ensino superior para alunos carentes, concluiu-se pela sua inconstitucionalidade e inadequação aos preceitos constitucionais. A iniciativa do projeto de oferecer melhores condições para o acesso de alunos carentes ao ensino universitário foi considerada meritória, todavia, entendeu-se que ela feriria as normas constitucionais, como a presente no artigo 5º CF/ 88 . De acordo com o relatório, o princípio da igualdade, comoigualdade perante a lei, que significa dizer que a lei e sua aplicação tratam a todos igualmente, sem levar em conta distinções 13 . Consoante o estudo apresentado, pode-se presumir que as posições jurídicas que sustentam a constitucionalidade de políticas como as de ações afirmativas, adotam uma perspectiva fática, principalmente, porque identificam mudanças significativas envolvendo os princípios pétreos, a exemplo da igualdade a partir da Magna Carta. A resistência do modernismo político que acostumou a tratar igualmente seres e grupos diferentes ou desiguais, em vez de tratá-los especificamente como diferentes desiguais. Visto desse ângulo, não vejo como tratar igualmente, falando de políticas públicas numa cultura e sociedade racista 14 os negros pobres e os brancos pobres, quando uns são duplamente discriminados e outros discriminados apenas uma vez. Quanto a Jurisprudência: 12 Cf. PIOVESAN, Flavia. p. 53. 13 Cf. MOEHLECKE. Sabrina. p. 210. 14 HAbermas. 7 Processo: REsp 1328192 RS 2012/0120414-1 Relator(a): Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO) Julgamento: 13/11/2012 Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA EMENTA ADMINISTRATIVO - ENSINO SUPERIOR - AÇÕES AFIRMATIVAS - POLÍTICA DECOTAS - AUTONOMIA DAS UNIVERSIDADES - ART. 53 DA LEI9.394/1996 - PROCESSO SELETIVO DE INGRESSO - IMPOSSIBILIDADE DO PODER JUDICIÁRIOCRIAR EXCEÇÕES SUBJETIVAS - PRECEDENTE DA SEGUNDA TURMA. 1. A Segunda Turma, por ocasião do julgamento do Recurso Especial1.132.476/PR, de relatoria do Min. Humberto Martins, firmou entendimento que a forma de implementação de ações afirmativas no seio de universidade, bem como as normas objetivas de acesso às vagas destinadas a política pública de reparação, fazem parte da autonomia específica prevista no art. 53 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e que a exigência de que os candidatos a vagas como discentes no regime de cotas "tenham realizado o ensino fundamental e médio exclusivamente em escola pública no Brasil",constante no edital do processo seletivo vestibular, é critério objetivo que não comporta exceção, sob pena de inviabilizar osistema de cotas proposto. 2. Recurso especial provido. Quanto ao princípio da Igualdade Ao votar, a ministra Cármen Lúcia disse ser uma responsabilidade social e estatal fazer valer o princípio da igualdade insculpido na Constituição Federal. “O princípio da igualdade não é apenas um aviso, um conselho, mas uma norma que deve ser cumprida”, afirmou. “As ações afirmativas não são as melhores opções. A melhor opção é ter uma sociedade na qual todos sejam livres para serem o que quiserem ser. As cotas são uma etapa, um processo, uma necessidade em uma sociedade onde isso não aconteceu naturalmente”, disse Cármen Lúcia. De acordo com o ministro Joaquim Barbosa, que votou em seguida, ações afirmativas têm como objetivo neutralizar os efeitos perversos da discriminação racial, de gênero, de origem, de idade e de condição física. O 8 ministro lembrou que as ações afirmativas podem ser, e em alguns casos já são, empreendidas também pelo setor privado e pelo próprio Poder Judiciário, nos casos de grave discriminação. “A discriminação está tão enraizada na sociedade brasileira que as pessoas nem percebem. Ela se torna normal”, afirmou o ministro. De acordo com Joaquim Barbosa, estudioso de ações afirmativas com livros sobre o tema, “essas medidas visam combater não somente manifestações flagrantes de discriminação, mas a discriminação de fato”. O ministro disse também que é natural que ações afirmativas “atraiam resistência da parte daqueles que historicamente se beneficiam da discriminação de que são vítimas os grupos minoritários”. O ministro Cezar Peluso disse que basta uma visão sistemática da Constituição Federal para perceber que ela tutela classes ou grupos desfavorecidos ou discriminados. Contra o argumento de que os cotistas seriam rejeitados pelo mercado, o ministro afirmou que “o fato objetivo é que, com o diploma, de algum modo está garantido o patrimônio educacional. “O mérito é um critério justo apenas entre candidatos que tiveram oportunidades idênticas ou assemelhadas”, argumentou. “Não posso deixar de concordar com o relator que as cotas raciais são adequadas, necessárias, têm peso suficiente para justificar as restrições que trazem a certos direitos de outras etnias. Mas é um experimento que o Estado brasileiro está fazendo e que pode ser controlado e aperfeiçoado”, concluiu Peluso 15 . CONCLUSÃO As cotas objetivam a longo prazo reparar o que foi construído pela historia dos negros. Após a abolição obtivemos uma negativa de políticas de reinserção dos negros na sociedade e isso vem se repetindo ate os dias de hoje, a exemplo das ações afirmativas, e a possibilidade de se discutir direitos e deveres em comum. “Porque ser livre não é somente romper as correntes que aprisionam alguém, mas viver de forma a respeitar e ampliar a liberdade dos outros” (Nelson Mandela). 15 Consultor Jurídico. Disponivel em <http://www.conjur.com.br/2012-abr-26/supremo-tribunal-federal- decide-cotas-raciais-sao-constitucionais> Acesso em 10/06/2015 9 Cotas é uma proposta de política impar, que viza sanar lacunas contidas na Constituição federal. Inserir o negro em uma sociedade que o excluiu apos dar sua liberdade de escolha, esta era o paradigma. Em universidades e dentre outros lugares, mal se observava negros, pelo menos em algumas regiões do país, a exemplo do Sul do Brasil, e do Sul do Pará, que com a promoção dos grandes projetos na Amazônia, a migração de sulistas do Brasil foi enorme. As cotas vem para inserir as parcelas de uma determinada quantidade da população brasileira que se enquadrem nos termos da Constituição e o que a Justiça determinar. Assim, a expectativa da oportunidade para os negros, bem como, pardos, indígenas e qualquer outra raça. Acredito que a ação afirmativa é valida para as cotas raciais, na valorização de suas historias. Valer ressaltar, também, que será mais profícuo as cotas com relação a renda per capita das pessoas que ingressaram em faculdades e universidades, pois, em nossa conjuntura, a problemática brasileira e mundial é financeira. Dá oportunidades a pessoas das classes mais baixas será muito bem recebido pela comunidade. Como dizia, Nelson Mandela, “A educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo". REFERÊNCIAS BARBOSA, Joaquim fala sobre o voto do relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental- ADPF n° 186. Consultor Jurídico. Disponível em <http://www.conjur.com.br/2012-abr-26/supremo- tribunal-federal-decide-cotas-raciais-sao-constitucionais> Acesso em 10/06/2015 Cotas Raciais. Disponível em <http://www.brasilescola.com/educacao/sistema- cotas-racial.htm> Acesso em 10/06/2015 Durham. Eunice R. Desigualdade Educacional e Cotas para Negros nas Universidades. Disponível em <http://novosestudos.uol.com.br/v1/files/uploads/contents/100/20080627_desigualda de_educacional.pdf> Acesso em 10/06/2015. MOEHLECKE. Sabrina. AÇÃO AFIRMATIVA: HISTÓRIA E DEBATES NO BRASIL. Disponivel em < http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15559.pdf> Acesso em 10/06/2015 10 Fotos Raras e Extraordinárias: nada como um dia na praia — com Marilyn e Garrincha, com Einstein e a princesa Grace, ou Elvis, Catherine Deneuve, Tom Jobim e Picasso. Disponível em <http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/martin- luther-king/>Acesso em 10/06/2015. PIOVESAN, Flavia. Ações Afirmativas da Perspectiva dos Direitos Humanos. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/cp/v35n124/a0435124.pdf> Acesso em 10/06/2015
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