Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Debates em Direito Público Revista de Direito dos Advogados da União ano 12 - n. 12 - outubro de 2013 DEBATES EM DIREITO PÚBLICO REVISTA DE DIREITO DOS ADVOGADOS DA UNIÃO ano 12 - n. 12 - ISSN 1677-8146 Brasília – outubro 2013 Periodicidade: anual Tiragem: 1.250 exemplares Edição: Associação Nacional dos Advogados da União SHS Qd. 06 Conj. A Bl. “C” Salas 504/505 – Edifício Brasil 21 CEP 70316-109 – Brasília, DF Todos os e-mails desta página estão protegidos contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-los. Conselho editorial Erico Ferrari Nogueira (Presidente) Armando Miranda Filho Boni de Moraes Soares Ciro Carvalho Miranda Leonardo Albuquerque Marques Luciano Medeiros de Andrade Bicalho Luís Henrique Martins dos Anjos Marcelo Ribeiro do Val Milton Nunes Toledo Junior Rodrigo Pereira Martins Ribeiro Rogério Telles Correia das Neves Valeschka e Silva Braga. diretoria da anaUni – Biênio 2013/2015 Presidente: Rommel Madeiro de Macedo Carneiro (CONJUR/MJ) presidencia@anauni.org.br Vice-Presidente: Carlos Luiz Weber (PU/GO) vice.presidencia@anauni.org.br secretário-Geral: Marcos Luiz da Silva (PU/PI) secretaria.geral@anauni.org.br diretora Financeira: Gabriela Moreira Feijó (CONJUR/MS) adjunta: Maria Clarice Maia Mendonça (CONJUR/MJ) financeiro@anauni.org.br diretor administrativo: Roque José Rodrigues Lage (CONJUR/MJ) adjunto: Marcos Henrique de Oliveira Góis (CONJUR/MDIC) administrativa@anauni.org.br diretor de atividades legislativas: Tiago Bacelar Aguiar Carvalho (PGU) adjunto: Rogério Pereira (CONJUR/MJ) legislativa@anauni.org.br diretor Jurídico: Bruno Moreira Fortes (CONJUR/ME) adjunto: Marco Antônio Perez de Oliveira (PRU – 3ª Região) juridico@anauni.org.br diretor de Comunicação: Leonardo Albuquerque Marques (PU/MA) comunicacao@anauni.org.br diretor social: Rogério Sóther (PRU – 5ª Região) adjunta: Márcia Bezerra David (PRU – 4ª Região) social@anauni.org.br assessoria Parlamentar – anaUni parlamentar@anauni.org.br assessoria de imprensa – anaUni Jornalista Responsável: (61) 8536.3112 imprensa@anauni.org.br Conselho FisCal da anaUni – Biênio 2013/2015 Titular: Cristiano Soares Barroso Maia Titular: Fábio Gomes Pina Titular: Everton Pacheco Silva Suplente: Dario Dutra Sátiro Fernandes Suplente: Max Casado de Melo Conselho de ÉtiCa, disCiPlina e PrerroGatiVas – Biênio 2013/2015 Presidente: Carlos Luiz Weber Membro: César Jackson Grisa Júnior Membro: Francisco Sales de Argolo Membro: Marina Maniglia Puccinelli Membro: Roberto de Aragão Ribeiro Rodrigues deleGados estadUais da anaUni – Biênio 2013/2015 aCre – Delegado Titular: Bruno Gomes Bahia. alaGoas - Delegado Titular: Gerson José Cajueiro Camerino aMaPÁ - Delegado Titular: Utan Lisboa Galdino aMaZonas - Delegado Titular: Claudio Silvino Braga Bahia - Delegado Titular: Bruno Leonardo Guimarães Godinho / Delegado Suplente: Cristiano Oliveira Sampaio Santos CearÁ - Delegada Titular: Karla Simões Nogueira Vasconcelos / Delegada Suplente: Cristiane Caracas de Souza Cidade distrito Federal - Delegado Titular: Adriana Pereira Franco / Delegada Suplente: Flávia do Espírito Santo Batista esPÍrito santo - Delegado Titular: Marcos Dupin Coutinho GoiÁs - Delegado Titular: Luís Fernando Teixeira Canedo / Delegado Suplente: Fábio Adriano Pereira de Morais Afonso MaranhÃo - Delegado Titular: Alessandro Neres Lindoso / Delegado Suplente: Gustavo André dos Santos Mato Grosso - Delegada Titular: Marina Maniglia Puccinelli / Delegado Suplente: Bruno Scomparim Pereira Mato Grosso do sUl - Delegada Titular: Erika Swami Fernandes Minas Gerais - Delegado Titular: Cil Farne Guimarães ParÁ - Delegada Titular: Maria Carolina Golin de Oliveira / Delegado Suplente: Francisco Alexandre Colares Melo Carlos ParaÍBa - Delegado Titular: Antônio Inácio Pimentel Rodrigues de Lemos / Delegado Suplente: Petrov Ferreira Baltar Filho ParanÁ - Delegado Titular: Vitor Pierantoni Campos PernaMBUCo - Delegado Titular: Herbert Caetano Barreto / Delegado Suplente: Marcelo Medicis Maranhão e Silva PiaUÍ - Delegado Titular: Reginaldo de Castro Cerqueira Filho / Delegado Suplente: Ricardo Resende de Araújo rio de Janeiro - Delegado Titular: Roberto de Aragão Ribeiro Rodrigues / Delegado Suplente: Eugênio Muller Lins de Albuquerque rio Grande do norte - Delegado Titular: Maria Heloísa de Sena Pinheiro / Delegado Suplente: Marcio Lopes da Costa rio Grande do sUl - Delegado Titular: César Jackson Grisa Júnior / Delegado Suplente: Sandra de Cássia Viecelli Jardim santa Catarina - Delegado Titular: Luciano Cardoso Backer / Delegado Suplente: Rafael Mendes dos Santos sÃo PaUlo - Delegada Titular: Teresa Villac Pinheiro Barki / Delegada Suplente: Cristiana Mundim Mello serGiPe - Delegado Titular: Francisco de Sales de Argolo / Delegado Suplente: Lyts de Jesus Santos toCantins - Delegado Titular: João Gomes Dutra Neto / Delegado Suplente: André Luís Rodrigues de Souza Sumário Apresentação ................................................................................................................ 7 Evolução dos controles de juridicidade no Estado Democrático de Direito – A busca do equilíbrio entre o político e o jurídico: revisitando a missão da Advocacia de Estado diogo de Figueiredo Moreira neto .......................................................................... 9 1 Introdução .......................................................................................................... 9 2 Origem do conceito da divisão tripartite de poderes ........................................... 10 3 Releitura do conceito de separação de poderes como uma separação de funções ............................................................................................................. 11 4 A multiplicação democrática dos controles da sociedade sobre o Estado ............ 12 5 Essencialidade do novo conceito dos controles independentes, formais e informais, exercidos pela sociedade à plenitude da democracia na pós-modernidade .............................................................................................. 15 6 Conclusão ......................................................................................................... 16 Current Constitutional Developments in Latin America dante Figueroa ........................................................................................................ 19 1 Introduction ...................................................................................................... 19 2 What is New in Constitutional Law in Latin America? ......................................... 20 2.1 Re-foundational Aspirations .............................................................................. 21 2.2 Rupture in the Historical Relationship between the Catholic Church and the State ........................................................................................................... 22 2.3 Moralistic Overtone in the New Constitutional Principles .................................... 23 2.4 Promotion of Indigenous Causes ........................................................................ 23 2.4.1 Constitutional Recognition of the Multiplicity and Plurality of the New Nations... 24 2.4.2 Official Language .............................................................................................. 25 2.4.3 Aboriginal Medical Practices .............................................................................. 25 2.4.4 Creation of Parallel Judicial Systems for Aboriginal Peoples ................................. 26 3 The Traditional Family ........................................................................................ 26 4 Political Participation and Political Parties and Movements................................. 26 5 Personal Freedoms ............................................................................................. 27 6 Reforms in Criminal Procedure and Sentencing ................................................. 28 7 Changes Affecting the Branches of Government................................................. 32 7.1 Executive Branch ................................................................................................... 32 7.1.1 Presidential Reelection ........................................................................................ 32 7.1.2 Other Amendments Concerning the Executive Branch ........................................ 33 7.1.3 Constitutional Issues Concerning the Executive Branch ....................................... 34 7.2 Legislative Branch .............................................................................................. 36 7.3 Judicial Branch ................................................................................................... 36 8 Constitutional Emergencies ................................................................................ 38 9 Economic Model ............................................................................................... 39 10 Fight against Narcotrafficking and Organized Crime ........................................... 40 11 Fight against Government Corruption ................................................................ 41 12 International Law and International Relations ..................................................... 41 13 Constitutional Amendment Procedures .............................................................. 44 14 Conclusion ........................................................................................................ 45 Acesso à informação e transparência governamental – Situando o debate na Administração Pública brasileira Patrícia lima sousa, antonio augusto ignacio amaral ....................................... 47 1 Introdução ........................................................................................................ 47 2 Patrimonialismo, burocracia e reformas gerenciais na Administração Pública brasileira: situando a accountability nesses modelos ........................................... 48 3 Transparência governamental no Brasil e o advento da Lei de Acesso à Informação ..................................................................................................... 53 4 Implementação da LAI e desafios para a Administração Pública .......................... 59 5 Acesso à informação e accountability vertical ..................................................... 61 6 Considerações finais .......................................................................................... 63 Referências ........................................................................................................ 64 Reflexões sobre controle, legalidade e discricionariedade eugenio Müller lins de albuquerque .................................................................... 65 Introdução ........................................................................................................ 65 1 Controle da Administração Pública ..................................................................... 67 1.1 Controle de legalidade e de mérito. Atos vinculados e discricionários ................. 67 1.2 Controle interno. Controle externo ..................................................................... 70 1.3 Controle jurisdicional ......................................................................................... 71 1.4 Considerações sobre a Advocacia Pública e Controle .......................................... 73 2 Transformações no Direito Administrativo .......................................................... 76 2.1 Crise da lei formal .............................................................................................. 77 2.2 Constitucionalização do Direito Administrativo ................................................... 78 2.3 Pós-positivismo. Normatividade dos princípios ................................................... 80 2.4 Fim da dicotomia atos vinculados versus discricionários. Graus de vinculação dos atos administrativos à juridicidade. Sistematização dos parâmetros de controle judicial dos atos administrativos ........................................................... 82 3 Controle do ato administrativo pelo Advogado Público ...................................... 84 3.1 Estado Democrático de Direito. Administração gerencial .................................... 85 3.2 Controle de legalidade. Evolução. Controle de juridicidade ................................. 88 3.3 Controle de juridicidade dos atos discricionários e Advocacia Pública .................. 90 3.4 Missão do Advogado Público e controle jurisdicional. Princípio da eficiência. Prevenção da improbidade. Controle de juridicidade e resgate do processo administrativo ................................................................................................... 92 3.5 Limites ao controle dos atos discricionários pelo Advogado Público .................... 94 Conclusões ........................................................................................................ 96 Referências ....................................................................................................... 98 Tombamento de bens públicos e abrangência de interesses – É possível a aplicação da regra contida no artigo 2º, §2º do Decreto-Lei nº 3.365/1941? Márcio Fernando Bouças laranjeira ..................................................................... 101 1 Introdução ...................................................................................................... 101 2 Do tombamento segundo a legislação pátria ................................................... 103 3 Da abrangência de interesses e o tombamento de bens públicos ...................... 110 4 Conclusão ....................................................................................................... 119 Referências ...................................................................................................... 122 Autorização Ambiental de Funcionamento e lavras ilegais de minério Valkiria silva santos Martins ................................................................................ 125 1 Introdução ...................................................................................................... 125 2 Sustentabilidade – Mineração para esta geração e as futuras............................ 126 3 Legislação minerária pertinente ao tema .......................................................... 133 4 Licenciamento ambiental para lavra de minério ................................................ 135 5 Autorização Ambiental de Funcionamento como instituto diferenciado do licenciamento ambiental .................................................................................. 138 6 Procedimento simplificado na contramão do desenvolvimento sustentável ....... 141 7 AAF em atividades minerárias – Lavra ilegal por nulidade ................................. 146 8 Conclusão ....................................................................................................... 151 Referências ..................................................................................................... 153 Suspensão de liminar – Instrumento político ou jurídico? Marco aurélio Ventura Peixoto ............................................................................ 157 1 Introdução ...................................................................................................... 157 2 Contextualização histórica e previsões legais .................................................... 158 3 Naturezajurídica ............................................................................................. 162 4 Legitimidade e competência ............................................................................ 164 5 Requisitos para a utilização do instituto ........................................................... 166 6 A discutível possibilidade de utilização concomitante da suspensão e do agravo ............................................................................................................. 168 7 Efeitos da decisão que defere a suspensão ....................................................... 170 8 O agravo interno/regimental como via recursal................................................. 172 9 A possibilidade de renovação do pedido junto às instâncias superiores ............. 173 10 Suspensão coletiva .......................................................................................... 175 11 Questionamentos quanto à constitucionalidade e o perigo do uso político ....... 176 12 Conclusão ....................................................................................................... 178 Desmilitarização da polícia – A Proposta de Emenda à Constituição nº 102/2011, do Senado Federal, é constitucional? daniel Pinheiro de Carvalho ................................................................................. 181 Introdução ...................................................................................................... 181 1 Breve histórico sobre as polícias militares no Brasil............................................ 182 2 Teor da PEC nº 102/2011 ................................................................................. 184 3 Exclusividade da investigação criminal pela polícia unificada e fim do controle externo exercido pelo Ministério Público .......................................................... 188 4 Provimento dos cargos das carreiras policiais unificadas ................................... 195 4.1 Da inconstitucionalidade da regra que permite a ascensão funcional ................ 195 4.2 Da inconstitucionalidade da transposição entre cargos com atribuições, estrutura remuneratória e requisitos de ingresso distintos ................................ 200 5 Da inconstitucionalidade da cláusula que assegura aos inativos e pensionistas das carreiras policiais as garantias da paridade e da integralidade, por ofensa ao direito à igualdade ...................................................................................... 202 6 Da desmilitarização da polícia ostensiva e unificação das polícias ..................... 203 Conclusão ....................................................................................................... 204 Referências ..................................................................................................... 206 O conflito entre o regulamento autônomo e a lei Felipe nogueira Fernandes ................................................................................... 209 1 Introdução ...................................................................................................... 209 2 O poder regulamentar ..................................................................................... 211 3 Espécies de regulamentos ................................................................................ 211 4 O regulamento autônomo no direito brasileiro ................................................. 213 5 Conclusão ....................................................................................................... 224 Referências ...................................................................................................... 225 A judicialização de políticas públicas relativas à segurança pública é o melhor caminho? andré Petzhold dias .............................................................................................. 227 1 Introdução ...................................................................................................... 227 2 Do estado de natureza à reunião em sociedade (Estado Político) ...................... 229 3 Visão atual do Estado Liberal e sua atuação ..................................................... 231 4 Segurança pública na CF 88 – Preâmbulo, artigos 5º, 6º e 144 ........................ 234 5 Características do direito à segurança pública .................................................. 238 6 Políticas públicas – Conceito, características e consequências de sua formulação e implementação coercitiva pelo Poder Judiciário ........................... 242 7 Necessidade de constante atualização de políticas de segurança pública .......... 244 8 Rigidez das fases procedimentais como incompatibilidade ............................... 246 9 Institutional choice – O Judiciário é a melhor instituição para decidir sobre políticas de segurança pública? ........................................................................ 248 10 Considerações finais ........................................................................................ 249 Referências ...................................................................................................... 249 Apresentação A publicação da 12. ed. da Revista Debates em Direito Público traduz uma nova fase no processo de seleção de seus textos. A partir desta edição a Revista passou a utilizar o sistema double blind review para avaliação dos artigos. O emprego desse sistema significa maior objetividade na análise e avaliação dos textos e, consequentemente, um passo importante para melhor qualificação acadêmica da Revista. Mantendo o nível do debate jurídico-acadêmico das edições an - te riores, esta edição inicia-se com as transcrições das palavras do Dr. Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a partir da Conferência apre sen tada ao XIII ENAU — Encontro Nacional dos Advogados da União —, em Brasília, 08 de novembro de 2012, que trataram da evolução do con- trole de juridicidade no Estado Democrático de Direito. Em seguida, o Dr. Dante Figueroa trata das tendências e novidades constitucionais no contexto da América Latina. Em sequência, a Dra. Patrícia Lima Sousa e o Dr. Antonio Augusto Ignacio Amaral analisam o acesso à informação e transparência governa- mental na Administração Pública brasileira. O Dr. Eugenio Müller Lins de Albuquerque, por sua vez, traz reflexões sobre controle, legalidade e discricionariedade. Já o Dr. Márcio Fernando Bouças Laranjeiras aborda em seu artigo a questão do tombamento dos bens públicos e a abrangência e o alcance da regra contida no Decreto-Lei nº 3.365, de 1941. Em seguida, a Dra. Valkiria Silva Santos Martins disserta sobre a autorização ambiental de funcionamento e as lavras ilegais de minério. Já o Dr. Marco Aurélio Ventura Peixoto nos oferece contribuição relevante sobre a suspensão de liminar e as polêmicas decorrentes desse instituto. De outra parte, o Dr. Daniel Pinheiro de Carvalho aborda tema relacionado à desmilitarização da polícia, a partir da análise da Proposta de Emenda à Constituição nº 102, de 2011, do Senado Federal. O Dr. Felipe Nogueira Fernandes, por sua vez, dedica-se a tema importante no âmbito da Administração Pública ao analisar eventual conflito nor- mativo entre lei e regulamento autônomo emanado por Chefe do Poder Executivo. Por fim, o Dr. André Petzhold Dias tece explanações sobre a judicialização de políticas públicas relativas à área de segurança pública. Feitas as apresentações, aproveito a oportunidade para deixar consignado meu agradecimento ao Presidente da Associação Nacional dos Advogados da União, Dr. Rommel Madeiro de Macedo Carneiro, pela confiança na assunção dessa função; ao ex-presidente do Conselho Editorial, Dr. Francisco Alexandre Colares Melo Carlos, pelo repasse das informações necessárias para a condução destemister; aos autores e membros do Conselho Editorial, pela paciência, agilidade e excelência de suas contribuições; e, por derradeiro, à Editora Fórum, pela qualidade, profissionalismo e seriedade na condução deste trabalho. Erico Ferrari Nogueira Presidente do Conselho Editorial Evolução dos controles de juridicidade no Estado Democrático de Direito – A busca do equilíbrio entre o político e o jurídico: revisitando a missão da Advocacia de Estado1 Diogo de Figueiredo Moreira Neto Professor Titular da Universidade Candido Mendes. Procurador do estado do Rio de Janeiro. Palavras-chave: Separação de poderes. Democracia na pós-modernidade. Controle de juridicidade. Sumário: 1 Introdução – 2 Origem do conceito da divisão tripartite de poderes – 3 Releitura do conceito de separação de poderes como uma separação de funções – 4 A multiplicação democrática dos controles da sociedade sobre o Estado – 5 Essencialidade do novo conceito dos controles independentes, formais e informais, exercidos pela sociedade à plenitude da democracia na pós-modernidade – 6 Conclusão 1 Introdução Na origem, a distinção entre interesses individuais e interesses coletivos, que ditará a necessidade de priorizar uns ou outros, conforme as circuns- tâncias. Em consequência, surgem as confrontações entre a liberdade, con- gênita ao indivíduo, e a autoridade, conata ao grupo, que, com o tempo, passam a informar o que hoje se considera, respectivamente, conforme a prevalência que se atribua à primeira ou à segunda, respectivamente, a tônica dos regimes democráticos ou dos autocráticos. Paralelamente, será o enriquecimento do discurso dos valores que definirá, no espaço e no tempo, as inúmeras espécies históricas de re gimes: tanto as efetivamente vivenciadas como aquelas hipoteticamente concebidas, que se inclinam, ora com predomínio dos valores referidos ao indivíduo, ora com prelazia dos valores referidos ao grupo. Em todas essas experiências, porém, encontram-se sempre valores predominantes que, uma vez incorporados à ordem jurídica em sua milenar 1 Conferência apresentada ao XIII Encontro Nacional dos Advogados da União (ENAU), em Brasília, 08 de novembro de 2012. 10 Diogo de Figueiredo Moreira Neto evolução, ditam os limites de direito entre os protagonistas da política — a sociedade e o Estado — que nos chegaram à Modernidade. Não obstante a diversidade de combinações políticas historica- mente experimentadas, ou mesmo as meramente concebidas, é possível distinguir um bloco de valores convergentes para a caracterização da justiça, assim entendida como síntese axiológica de um hipoteticamente justo equilíbrio que se deva alcançar entre os poderes individuais entre si, destes com os coletivos e entre os próprios coletivos, incluídos aqueles que passaram a ser formalmente atribuídos ao Estado e, por isso, cate- gorizados como poderes estatais. Assim é que, perseguindo o ideal de justo equilíbrio entre interesses, além da demarcação precisa dos limites jurídicos, tanto da ação dos po- deres conferidos ao Estado como dos poderes retidos pelos indivíduos, tornou-se necessário definir um sistema de controle voltado à observância desses limites, assim erigido a tema nuclear para o Direito Público desde o surgimento do Estado moderno. Neste ensaio, já posto sob a óptica pós-moderna, releva apreciar a obsolescência, entre outros conceitos que se tornaram míticos com a Modernidade, destacadamente, o da divisão de poderes, provocada pelo ressurgimento e da expansão contemporânea dos direitos humanos e da democracia, que vieram reorientar e redefinir todo o sistema de contro- le estatal, no centro do qual passou a desempenhar papel essencial a Advocacia de Estado. 2 Origem do conceito da divisão tripartite de poderes Em breves traços, remonta a Aristóteles a mais antiga discrimina ção das funções públicas atribuídas à polis: a deliberação sobre os assuntos públicos, a administração de sua realização e a administração da justi- ça. Esse mesmo esquema tripartite se repetiu com Maquiavel, com sua separação de funções parlamentares, reais e judiciais. Foi, porém, com Locke, que essa discriminação de funções se converteu no embrião da teoria da separação de poderes, que se integraria, com Montesquieu, com sua observação, no Livro VI do Espírito das leis, sobre a experiência in- glesa, ao destacar o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, como poderes independentes e harmônicos. Evolução dos controles de juridicidade no Estado Democrático de Direito – A busca do equilíbrio... 11 Assim, a expressão “poder” na língua inglesa, tal como recolhida por Montesquieu, tornar-se-ia sinédoque amplamente difundida para o enunciado da vitoriosa fórmula política destinada a incrementar a eficiência da governança pública pela especialização funcional e, simulta- neamente, promover a limitação do poder, por sua compartimentação, que, até então, estivera fortemente concentrado nos reis e caracterizando, por longo tempo, a hegemonia do absolutismo. O amadurecimento dessa concepção se processou através das três grandes Revoluções Liberais: iniciou-se com a Revolução Gloriosa (1688- 1689), a que se deve a contribuição do modelo inglês da independência do Parlamento ante a Coroa; prosseguiu com a Revolução Americana (1775- 1783), com a contribuição da independência da Suprema Corte dos Estados Unidos da América; e concluiu-se com a Revolução Francesa (1789-1799), que conferiu independência à Administração Pública. Esse modelo, que, com algumas variações, seguiria a linha fundada nos conceitos de independência e de harmonia entre os poderes, inspirou a grande maioria das Constituições que se seguiram e resistiu, até mesmo, ao fatídico renascer absolutista do século XX. 3 Releitura do conceito de separação de poderes como uma separação de funções A necessidade de expandir o modelo tripartite assomou justamente com a geral convicção de que a fórmula não havia logrado proteger as sociedades das autocracias absolutistas que haviam proliferado e tornado o século XX em um sinistro intermezzo histórico de holocausto e sangue. Com efeito, havia se confiado que as limitações introduzidas pelo modelo tripartite, dotadas dos contrapontos parlamentar e judicial insti- tuídos, seriam suficientes para refrear a histórica tendência à hipertrofia patológica dos governantes executivos, constantemente intentada por Chefes de Estado carismáticos e manipuladores perversos das raras ins- tituições de controle político, então extremamente vulneráveis, quando não apenas decorativas. Mas os horrores de duas Guerras Mundiais, a que se seguiria ain- da uma “Guerra Fria”, mas não menos letal e angustiante, no curso das quais a pessoa humana de pouco ou nada valia ante os despóticos donos do poder, exauriu essa ingênua confiança, tendo sido a dura lição de 12 Diogo de Figueiredo Moreira Neto que necessitaram os povos exaustos e exangues da Europa, a começar dos mais atingidos sacrificados — Itália e Alemanha — para conseguir ultrapassar o modelo superado. Era necessário recomeçar pela revisão do vínculo entre sociedade e Estado, não mais como uma relação de sujeição, mas como uma relação de serviço, devolvendo ao indivíduo a condição de cidadão e não de súdito, mudança se processou, a partir do término da Segunda Guerra Mundial, com o processo juspolítico de transformação do modelo tri- partite clássico, na busca do almejado equilíbrio entre o poder político e seu controle jurídico. Como o simples controle político, que havia sido alcançado com a instituição dos processos eletivos para a escolha dos governantes se tinha mostrado insuficiente, a sociedade demandava novos canais instituciona li zados de controle, notadamente para evitar uma perigosa recidiva das devas- ta doras ideologias autoritárias e totalitárias do séculoXX, garan tindo o primado da pessoa humana e, paralelamente, canalizando ordei ra mente as emergentes e crescentes demandas das sociedades pós-modernas. Esse novo modelo haveria, assim, de multiplicar e de aperfeiçoar os canais participativos da cidadania, para tanto instituindo novas funções constitucionalmente independentes da sociedade, que operassem harmonicamente dentro do próprio aparelho de Estado. 4 A multiplicação democrática dos controles da sociedade sobre o Estado O atingimento do almejado equilíbrio — entre os poderes individu- ais entre si, destes com os coletivos e entre os próprios coletivos, incluídos aqueles formalmente atribuídos ao Estado e, por isso, categorizados como poderes estatais — necessitava não apenas de uma ampliação dos controles sociais sobre o Estado, como a garantia de sua efetividade, o que só se obteria satisfatoriamente dotandoos de novas expressões próprias do poder estatal, quebrando e expandindo o provecto — e já mítico — conceito tripartite. Porém essas novas funções a serem introduzidas não deveriam estar atreladas a orientações e interesses partidários, senão que, por serem lídi- mas expressões de valores fundantes da sociedade como um todo, deveriam, à semelhança das funções jurisdicionais, ser exercidas com independência políticopartidária, ou seja, como funções neutrais. Assim, no novo modelo, o controle sobre o Estado administrador se desdobra: o antigo, exercido pelos tradicionais controles internos a cargo das funções legislativas e executivas, ambas política e partidariamente orientadas e cometidas a órgãos próprios do Estado, e o novo, secundo, exercido por controles externos a cargo de funções de fiscalização, promoção e defesa de interesses constitucionalmente assegurados, tanto cometidas e exercidas formalmente, por órgãos independentes da sociedade, política e partidariamente neutrais, instituídos no próprio aparelho de Estado, como, informalmente, pela cidadania, fora do aparelho de Estado. Como se depreende, a pluralização, bem como a especialização desses novos controles — politicamente neutros e capilarmente dissemi- nados por todo o corpo social —, passa a desempenhar papel essencial, não apenas para manter a legalidade estrita da ação estatal, como, inova- doramente, também a sua legitimidade e licitude, atuando como sistemas formais e informais de proteção da juridicidade. Assim é que a Constituição brasileira ostenta hoje rica diversificação de funções de controle neutrais, além da tradicionalmente exercida pelo Judiciário, com suas características próprias de ser passivo e terminativo. São elas: 1. As funções neutrais constitucionalmente independentes de fisca- lização contábil, financeira e orçamentária, para a tutela da lega- lidade, legitimidade e economicidade da gestão administrativa,2 e da impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência da gestão pública, categorizadas como atividades de zeladoria e controle, cometidas ao sistema de Tribunais de Contas;3 4 2. As funções neutrais constitucionalmente independentes de con- trole da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, de custódia da autonomia da instituição, do cumprimento do estatuto da magistratura e da observância dos princípios da Administração Pública, de promoção de justiça em casos de crime contra Administração Pública e abuso de autoridade e atribuições 2 Art. 70, caput, CF. 3 Arts. 70 a 75, CF. 4 Art. 37, caput, CF. Evolução dos controles de juridicidade no Estado Democrático de Direito – A busca do equilíbrio... 13 14 Diogo de Figueiredo Moreira Neto correlatas,5 categorizadas como de zeladoria, controle e promoção de justiça e cometidas ao Conselho Nacional de Justiça; 3. As funções neutrais constitucionalmente independentes de con- trole da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais dos seus membros, de custódia da autonomia funcional e administrativa dessa institu- ição e da observância dos princípios da Administração Pública, e atribuições correlatas,6 categorizadas como de zeladoria e con trole e cometidas ao Conselho Nacional do Ministério Público; 4. As funções neutrais constitucionalmente independentes e defi- nidas como essenciais à justiça, categorizadas como de controle, zeladoria e promoção de interesses juridicamente qualificados de toda natureza, cometidas, respectivamente, conforme a espe- cificidade dos interesses, aos membros de quatro complexos or- gânicos distintos: do Ministério Público,7 da Advocacia de Estado,8 9 da Advocacia10 e da Defensoria Pública;11 e 5. As funções neutrais constitucionalmente independentes, cate- gorizadas como de controle, zeladoria e promoção de interesses específicos relativos à inconstitucionalidade de lei ou ato nor- mativo federal ou estadual ou à constitucionalidade de lei ou ato normativo federal,12 bem como em concursos públicos de ingresso na magistratura,13 no Ministério Público14 e nas procu- radorias dos Estados e do Distrito Federal,15 cometidas à Ordem dos Advogados do Brasil. 5 Art. 103-B, §4º, CF. 6 Art. 130-A, §2º, CF. 7 Art. 129, CF. 8 Art. 131, CF (da União) e art. 132, CF (dos Estados e do Distrito Federal). 9 Não obstante a Constituição nomear apenas a advocacia de Estado da União, dos Estados-membros e do Distrito Federal, também a advocacia de Estado dos Municípios e a das autarquias de todos os níveis federativos estão nela implícitas: 1º - porque, sendo idênticas as funções, impõe-se a isonomia de tratamento; 2º - porque o constituinte não teve intenção em discriminar, fechando um elenco taxativo, mas somente de dar destaque institucional às nominadas; 3º - porque todos seus exercentes, uma vez providos por investidura pública, como tal, gozam da mesma fé pública, que impõe ser reconhecida, como comanda o art. 19, II, CF. 10 Art. 133, Constituição da República Federativa do Brasil. 11 Art. 134, Constituição da República Federativa do Brasil. 12 Art. 103, VII, Constituição da República Federativa do Brasil. 13 Art. 93, I, Constituição da República Federativa do Brasil. 14 Art. 129, §3º, Constituição da República Federativa do Brasil. 15 Art. 132, caput, Constituição da República Federativa do Brasil. 5 Essencialidade do novo conceito dos controles independentes, formais e informais, exercidos pela sociedade à plenitude da democracia na pós-modernidade Redirecionados todos os controles examinados de proteção à pessoa humana, com sua vida e dignidade, resulta que a sua expressão política democrática tornou-se constitucionalmente essencial. Com efeito, leitura atenta da Carta põe este valor em evidência, não obstante a inversão operada pelo constituinte no artigo 1º, pois, se o fundamento sine qua non é a dignidade humana (art. 1º, II), tanto o fundamento da cidadania, que equivocadamente o antecede (art. 1º, II), como o do pluralismo político, que acertadamente lhe sucede (art. 1º, V) são seus evidentes consectários. Assim, é da existência desse duplo fundamento — da cidadania e do pluralismo — que se há de dessumir a existência de uma democracia, tal como afirmada na própria caracterização constitucional dada ao Estado brasileiro: como Democrático (art. 1º, caput). Mas, em que pese essa clara afirmação, à efetiva realização da demo cracia opõe-se a resistência dos restolhos da herança absolutista trazida da Modernidade, ainda mais agravada por nossa tradição ibérica, proclive à imperatividade, às imunidades e privilégios do poder. O controle do Estado por seus próprios órgãos politicamente deci- sórios — parlamentares e executivos — portanto, um controle interno, por serem políticopartidariamente comprometidos, obviamente não logra atender às qualidades de generalidade e de neutralidade exigidas por umEstado Democrático, instituído sobre o fundamento da igualdade política dos cidadãos, o que deles faz, a cada um, órgãos aptos a exercer o controle. Por outro lado, como o controle externo exercido pelo Poder Judiciário, que é tradicionalmente neutral, só atua provocado, a solução constitucional voltou-se à pluralização dos órgãos de fiscalização e de promoção, bem como à criação de instâncias administrativas intermédias de controles especializados, todas dotadas de iniciativa própria e de independência funcional. Com esses avanços e aperfeiçoamentos, integra-se no País um sistema nacional democratizado de controles, já não apenas do Estado (os tra- dicionais), como no Estado (os novos), que cumprem harmonicamente a elevada missão de acrescer à democracia formal, que é a referida à escolha Evolução dos controles de juridicidade no Estado Democrático de Direito – A busca do equilíbrio... 15 16 Diogo de Figueiredo Moreira Neto dos agentes políticos eletivos, a democracia substancial, que é a referida à escolha das ações públicas. Esse valioso processo democratizante, para o qual tanto tem contri- buído os novos órgãos constitucionalmente independentes, só não tem progredido mais, pela falta de hábito de o cidadão lutar pelos próprios direitos, notadamente os coletivos e difusos, não obstante o grande avanço nesse sentido já registrado desde a vigência da Constituição de 1988. Por outro lado, permanece a velha resistência aos controles, por parte dos detentores do poder político, por motivos mais históricos que ju- rídicos, porém que mais se agravam com o fenômeno, universalmente observado por juristas e cientistas sociais de diferentes especializações, da imbricação paulatina da política e do direito, de modo que a atividade política se vai tornando cada vez menos infensa aos controles jurídicos, e a atividade jurídica, cada vez mais pervasiva das imunidades da política. É o que ocorre, exemplificativamente, com a crescente preocupação como o controle da gestão pública, não apenas em seu iter administrativo, mas em todo o seu percurso, ou seja: desde o planejamento, passando pela orçamentação e pela execução, até o atingimento concreto do resultado. Observe-se que desde a sua formulação — política e administrativa — desse assim caracterizado complexo processual das políticas públicas, ele se tornou constitucionalmente sujeito aos controles instituídos de juridi cidade, que se estendem desde suas fases híbridas iniciais — quais sejam as do planejamento e da orçamentação, pois que demandam ambas atos coordenados materialmente administrativos e formalmente legislativos — até a sua fase executiva, que é puramente administrativa, compreen- dendo, como entende a mais recente doutrina administrativista, o seu consequente resultado. 6 Conclusão Em suma, as funções essenciais à justiça apresentam-se, nesta exposi- ção, como órgãos da sociedade inseridos no aparelho de Estado, para o exercício de diversificadíssimas funções de controle de juridicidade — de fiscalização, de promoção e de defesa —, cobrindo todo o espectro de direitos garantidos pela Constituição. Sua missão é tanto mais importante e delicada quando a esfera de atuação cometida à Advocacia de Estado envolve, necessariamente, todo o complexo parlamentar e executivo da gestão pública, não mais se restringindo, como no passado, à sua mera fase administrativa, envolvendo, portanto, todo o espectro do controle de juridicidade, ou seja: do planejamento, da orçamentação, da execução e, notadamente, da efetivação de seu resultado. Por isso, em razão de seu campo de atuação jurídica se ter tornado profundamente imbricado com a atuação política — já que esta não mais poderá se processar nem fora nem, muito menos, acima do Direito — a missão da Advocacia de Estado se apresenta, cada vez mais, como imprescindível à realização neutral da justiça e, em consequência, da democracia. Eis porque atentarão contra a pureza e a elevação constitucional dessa missão, que lhes é constitucionalmente cometida, aos Advogados de Estado, pela sociedade, tanto o receio de seus membros de desagradar quaisquer agentes políticos que se sintam contrariados, como, e com mais razão, a pretensão destes de dirigir ou condicionar espuriamente a ação dos Advogados de Estado de modo a que atuem em contrariedade de sua consciência jurídica e de sua independência funcional. Nada, portanto, deverá desviá-los dos interesses públicos primários da juridicidade, para atender a interesses públicos secundários, quando não a interesses públicos terciários, partidariamente orientados, sempre que afrontem o direito, a justiça e a democracia, pois que estes valores fundamentais nesses agentes têm a sua primeira e essencial linha de defesa. Violado está, em suma, o próprio conceito de Estado Democrático de Direito, se não existir recíproco respeito e acatamento a todos os insti- tutos de controle de juridicidade constitucionalmente instituídos para sua defesa. Teresópolis, primavera de 2012. Evolução dos controles de juridicidade no Estado Democrático de Direito – A busca do equilíbrio... 17 Current Constitutional Developments in Latin America Dante Figueroa Professor da Georgetown University de Washington DC, Washington College of Law, na cadeira de International Business Transactions in Latin America and Latin American Law. Senior Legal Information Analyst on Latin American Law. Consultor da Library of US Congress. Advogado no Chile, em New York e Washington DC. Abstract: This article seeks to identify the new constitutional philosophies underlying the most important constitutional changes that have occurred in Latin America since 1999, when the new Constitution of Venezuela was passed. This brief examination does not address every Latin American country, or every aspect of constitutional law. The countries sampled have been selected based on their strong departure from constitutional tradition; the far-reaching effects of their political, social, and economic aims; or because of the high geopolitical relevance of such jurisdictions. The areas of focus cover the economic, social, and political bases of the State; the organization of the State and the distribution of power among the branches of government; and the constitutional protection of perso- nal freedoms. The article also highlights some new areas of attention on constitutional drafting in the region, including the rights of indigenous peoples, third-generation rights, and the validity and influence of inter- national law at the domestic level. Key words: Constitutional Law. Latin America Constitutional Systems. Historical and comparative aspects. Summary: 1 Introduction – 2 What is New in Constitutional Law in Latin America? – 3 The Traditional Family – 4 Political Participation and Political Parties and Movements – 5 Personal Freedoms – 6 Reforms in Criminal Procedure and Sentencing – 7 Changes Affecting the Branches of Government – 8 Constitutional Emergencies – 9 Economic Model – 10 Fight against Narcotrafficking and Organized Crime – 11 Fight against Government Corruption – 12 International Law and International Relations – 13 Constitutional Amendment Procedures – 14 Conclusion 1 Introduction Latin America is an area of the world in constant change, sometimes peaceful, and sometimes not. Political and social changes ultimately find their way into the constitutional framework of Latin American jurisdic- tions. An examination of constitutional law developments in the region since 1999, when the new Venezuelan Constitution was passed, shows that there are many common aspects to these constitutional developments. 20 Dante Figueroa Accordingly, this article seeks to identify the new constitutional philoso- phies underlying the most important changes that occurred inthis period of time and determine their commonalities. This brief examination does not address every Latin American country, or every aspect of constitutional law. The countries sampled have been selected based on their strong departure from constitutional tradition; the far-reaching effects of their political, social, and economic aims; or because of the high geopolitical relevance of such jurisdictions. The areas of focus cover the economic, social, and political bases of the State; the organization of the State and the distribution of power among the branches of government; and the constitutional protection of per- sonal freedoms. The article also highlights some new areas of attention on constitutional drafting in the region, including the rights of indige- nous peoples, third-generation rights, and the validity and influence of international law at the domestic level. In this context, this survey focuses on the new constitutions of Venezuela (1999); Ecuador (2008); and Bolivia (2009). It also encompas s- es constitutional amendments passed in Mexico in 2008, 2009, and 2011, related to constitutional guarantees, criminal justice, government cor- ruption, kidnapping, organized crime, secular character of the country, and human rights. The study further explores the constitutional changes that occurred in Colombia in 2009 and 2012 related to the recognition of third-generation rights, to political parties and movements, to the peace process, and to military jurisdiction. Reference is also made to Peru’s constitutional amendment of 2009 concerning the organization of the legislative branch. Furthermore, two constitutional decisions con- cerning presidential succession, one from Nicaragua (2009), and another from Colombia (2010), are examined. Similarly, this survey analyzes the Ecuadorian Referendum of 2011 that introduced amendments to the judicial branch. Finally, the constitutional aspects of the political trial against former president Lugo (2012) and the succession of Hugo Chavez after his death (2013) will be examined. 2 What is New in Constitutional Law in Latin America? A first glance at recent constitutional law developments shows several trends, described below: Current Constitutional Developments in Latin America 21 2.1 Re-Foundational Aspirations It was the Constitution of Venezuela of 1999 that set the stage for new political aspirations to rebuild society. Its preamble declares that the supreme goal of the Venezuelan people is to refound the Republic to establish a society that is democratic, participatory, and protagonist, multiethnic and pluricultural in a State of justice, federal and decentralized, that consolidates the values of freedom, independence, peace...1 Following this trend, the Constitution of Bolivia of 2009 provided in its preamble, [W]e left behind our colonial, republican, and neoliberal past. We assume the historic challenge to build collectively our Social Unitarian State of Communal Plurinational Law, that integrates and articulates the purpose of advancing toward a Bolivia that is more democratic, productive, and that carries, inspires, and is engaged in peace.2 The preamble continues, saying straightforwardly that “we ... build a new State ... [and] we ... refound Bolivia.”3 Coupled with the refoundational aim is a strong reaction against perceived “foreign influence.” This has been an issue long present in Latin American constitutionalism, but only recently has it emerged so strongly. In Bolivia, again, the Constitution expressly includes a prohi- bition against the installation of foreign military bases in the national territory.4 Renewed efforts at implementing Simón Bolívar’s aspiration of making Latin America a single political unit in the form of Latin American integration are also noticeable in recent constitutions.5 1 1999 CONSTITUCIÓN DE LA REPÚBLICA BOLIVARIANA DE VENEZUELA (hereinafter, 1999 CONST. OF VENEZUELA), Gaceta Oficial del jueves 30 de diciembre de 1999, No 36.860, available at: <http://www. asambleanacional.gob.ve/index.php?option=com_content&view=article&id=24728&Itemid=238&lang =es>. All translations in this article are those of the author unless otherwise stated. 2 REPÚBLICA DEL BOLIVIA CONSTITUCIÓN DE 2009 (hereinafter, 2009 CONST. OF BOLIVIA), available at: <http://consuladoboliviano.com.ar/portal/node/119>. 3 Id. 4 Id. art. 10(III). 5 2008 CONSTITUCIÓN DE LA REPÚBLICA DEL ECUADOR (hereinafter, 2008 CONST. OF ECUADOR) pmbl., available at: <http://www.asambleanacional.gov.ec/documentos/Constitucion-2008.pdf>; 2009 CONST. OF BOLIVIA art. 265(I). 22 Dante Figueroa 2.2 Rupture in the Historical Relationship between the Catholic Church and the State With a few historical exceptions,6 Catholicism has been the constitu- tionally-enshrined official religion of most Latin American countries since their independence. Profession of the Catholic faith was even required in some cases for high officials to assume office.7 Venezuela signaled a departure in 1999 when it established that, “the State shall guarantee freedom of religion and cult”,8 and that “freedom of conscience and faith and in the teaching of religion shall be recognized and guaranteed... without any dogmatic imposition”.9 Bolivia’s 2009 Constitution, in turn, recognizes “freedom of religion and spiritual beliefs”,10 and that the “State is independent from religion”.11 The Constitution goes a step further in replacing the Catholic religion as the moral foundation of the Bolivian society by affirming that the “state assumes and promotes as ethical principles of the plural society, aboriginal mottos such as: ‘don’t be lazy, a liar, or a thief ’”.12 Ecuador’s Constitution, in this vein, recognizes “all diverse forms of religiosity and spirituality, and the wisdom of all cultures”.13 It too reaffirms the “right to practice, keep, change, or profess publicly or privately, each one’s religion or beliefs [and asserts the State’s duty] to protect voluntary religious practices, as well as the expressions of those who do not profess any religion”.14 Following this trend, in 2012 Mexico — a country with one of the most catholic societies in the world — amended Article 40 of its Constitution15 establishing that Mexico is a “secular”16 country. When 6 E.g., the case of Mexico under Porfirio Díaz, who served as the country’s President in the early nineteenth century. 7 E.g., the case of former President Carlos Saúl Menem of Argentina, first elected to the Presidency in 1989, who converted from Islam to Catholicism in order to be sworn in because the Constitution of Argentina then required the President be a Catholic. Constitutional amendments adopted in 1994 eliminated this requirement. 8 1999 CONST. OF VENEZUELA art. 59. 9 Id. art. 86. 10 2009 CONST. OF BOLIVIA art. 4 (emphasis added). 11 Id. 12 Id. art. 8. 13 2008 CONST. OF ECUADOR, pmbl. 14 Id. art. 66, No. 8. 15 Mexico’s Official Gazette of the Federation, available at: <http://www.dof.gob.mx/nota_detalle.php?cod igo=5280961&fecha=30/11/2012>. 16 Article 40 of the Mexican Political Constitution states that “it is the will of the Mexican people to constitute itself as a representative, democratic, secular, and federal Republic, comprised by free and sovereign states Current Constitutional Developments in Latin America 23 discussing the bill at the Mexican House of Representatives, one represen- tative argued that “granting an express secular character to our Mexican State would both continue and confirm the path that our legislators posed when drafting the Constitution of 1857, reaffirmed by the legislators of the Constitution of 1917, because it has been proved, in our collective experience and in the experience of other nations, that secularism is an effectiveformula for coexistence of pluralism”.17 2.3 Moralistic Overtone in the New Constitutional Principles Recent constitutional developments in Venezuela and Ecuador, to name the principal players, are imbued with philosophical and ethical calls to goodness, harmony, social integration, virtue, and other moralistic goals. The Constitution of Ecuador, for example, created an institutional apparatus called “National Equality Councils,” and other special mecha- nisms “for the control of public ethics and individual moral behavior”.18 In 1999 Venezuela had already institutionalized a fourth branch of government attached to the traditional three, called the “Citizens’ Power” (Poder Ciudadano), whose responsibility is to “prevent, investigate, and punish conduct that violates public ethics and administrative morals [and to] promote education as a creative process of the citizenry, as well as solidarity, liberty, democracy, social responsibility, and labor”.19 The Citizens’ Power is exercised by the Republican Moral Council, composed of the National People’s Defender, the Attorney General, and the General Comptroller.20 2.4 Promotion of Indigenous Causes The promotion of the causes of indigenous peoples is an area where much innovation has occurred in Latin American constitutional law. The pantheistic philosophical bases of this new movement are clearly concerning its internal regime; but united in a federation established in accordance with the principles of this fundamental law”. 17 Ruperto Patiño, La Reforma del Artículo 40 Constitucional [The Amendment of Article 40 of the Constitution], Biblioteca Jurídica virtual del Instituto de Investigaciones Jurídicas de la UNAM 418, available at: <http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/7/3101/28.pdf>. 18 Id. art. 176. 19 1999 CONST. OF VENEZUELA art. 274. 20 Id. art. 273, para. 2. 24 Dante Figueroa stated in the constitutions of Ecuador and Bolivia.21 The preamble of the Ecuadorean Constitution “celebrates the ‘Pacha Mama’” — an indigenous concept referring to planet earth — of which, it says, “we are all a part”. The Constitution of Bolivia, in turn, deifies the planet earth under the term, “sacred Mother Earth”. This ideological conception is intimately connected with a clear repudiation of the “colonial, republican, and neoliberal State”.22 The Venezuelan charter “condemns all forms of imperialism, colonialism, and neocolonialism”,23 while the Ecuadoran Constitution galvanizes the “Ecuadoran people” as the “heirs of the social fights for the libera- tion from all forms of domination and colonialism”.24 The Bolivian Constitution openly speaks about the existence of original indigenous farming peoples (pueblos indígenas originarios campesinos), who existed “prior to the colonial Spanish invasion”.25 Several consequences emanate from these new developments: 2.4.1 Constitutional Recognition of the Multiplicity and Plurality of the New Nations The recognition of racial diversity in the country has accompanied the recognition of the primacy of the aboriginal element. In Bolivia, at least, new electoral districts have been formed to guarantee the repre- sentation of indigenous populations.26 The territorial and administrative decentralization of the Bolivian State is guaranteed at the regional, local, municipal, and other autonomous levels, and is to be achieved based on the presence of indigenous populations.27 The self-government of local indigenous populations is now constitutionally protected and encouraged.28 21 See 2009 CONST. OF BOLIVIA, ch. IV, “Rights of Original Indigenous Farming Peoples and Nations”. 22 Id., pmbl. 23 1999 CONST. OF VENEZUELA art. 416, para. 8. This language is repeated in article 255(2) of the Constitution of Bolivia, which states that one of the principles guiding the negotiation and execution of international treaties is “[t]he rejection and condemnation of all forms of... colonialism, neocolonialism, and imperialism”. 24 2009 CONST. OF BOLIVIA, pmbl. 25 Id. art. 30, §2. 26 Id. art. 146(VII). It is also worth mentioning that in Bolivia’s neighboring country, Peru, a constitutional amendment bill that would create the Special Electoral District for Native Communities and Original Peoples is pending before the Peruvian Congress. See Bill 04332/2010-CR, of Sept. 23, 2010. 27 2009 CONST. OF BOLIVIA arts. 270, 303(2) & 391(3). 28 Id. art. 2. Current Constitutional Developments in Latin America 25 Venezuela recognizes the preservation of indigenous peoples’ social, political, and economic organizations, as well as their culture, traditions and ancient customs, languages, and religions.29 This consti- tutional recognition extends to their “ethnic and cultural identity, values, spiritualities, and sacred and cult places”.30 The Venezuelan Constitution also guarantees aboriginal representation in the National Assembly and at other subnational levels.31 Finally, the composition of the National Assembly includes representation quotas for indigenous communities.32 2.4.2 Official Language Consistent with tradition, in 1999 Venezuela recognized Castilian as the official language of the country. However, it stated that indigenous languages are “also of official use”.33 Bolivia went a step further and stated that, besides Castilian, thirty-seven other indigenous languages are “official languages of the State” as well.34 The actual implications of these innovations remain to be seen.35 2.4.3 Aboriginal Medical Practices Venezuela gave constitutional recognition to indigenous medical practices, and prohibited the registration of patents involving their ancestral resources and their knowledge related to genetic resources.36 Traditional and natural aboriginal medical practices are also included in the governmental guarantee of the right to health care in Bolivia.37 The Constitution of that country also protects the “original and ancestral 29 1999 CONST. OF VENEZUELA art. 119. In the context of advancing the indigenous cause, the Constitutional Court of Colombia rendered a decision in 2010 approving an affirmative action program implemented by a Colombian university for persons with indigenous ancestry. Case T-110/10, Acción de tutela contra la Universidad Industrial de Santander, Ministerio de Educación y el ICETEX, available at: <http://www. corteconstitucional.gov.co/relatoria/2010/t-110-10.htm>. 30 1999 CONST. OF VENEZUELA art. 121. 31 Id. art. 125. 32 Id. The Seventh Transitory Provision of the Constitution enumerates the criteria for the election of indigenous members of the National Assembly, and of State and Municipal Legislative Councils. 33 Id. art. 9. 34 2009 CONST. OF BOLIVIA art. 5(I). 35 In Peru, a constitutional amendment bill that would amend article 48 of the Constitution to officially recognize aboriginal languages is pending before the Peruvian Congress. See Bill 03649/2009-CR, of Nov. 5, 2010. 36 1999 CONST. OF VENEZUELA art. 124. 37 2009 CONST. OF BOLIVIA art. 35(II). 26 Dante Figueroa coca, in its natural nonnarcotic state, as cultural patrimony, [as a] natural renewable resource of Bolivia, and as a factor of social cohesion”.38 2.4.4 Creation of Parallel Judicial Systems for Aboriginal Peoples In an unprecedented move, the Bolivian Constitution created an independent judicial system parallel to, and with the same hierarchical level of, the ordinary judicial system called “Original Farming Indigenous Jurisdiction” (jurisdicción indígena originario campesina), which is in charge of providing civil and criminal justice for indigenous peoples.39 Several important questions — such as who is subject to this system, how to differentiate indigenous from non-indigenous parties, and whether in- digenous persons enjoy more privileges than non-indigenouspersons — remain unresolved by the Constitution and need to be developed through implementing legislation.40 Indigenous representation at the Pluri-National Constitutional Tribunal is mandated by the Constitution.41 3 The Traditional Family Even the most progressive of the Latin American constitutional regimes have provided constitutional protection to the traditional family as the fundamental nucleus of society.42 Venezuela and Bolivia provide constitutional recognition of marriage as between a man and a woman.43 Both countries also recognize stable, de facto unions between a man and a woman as having the same legal consequences as marriage.44 4 Political Participation and Political Parties and Movements Political participation is an area where constitutional activity is exceedingly strong in Latin America. Two innovations are worth men- tioning in this field. First, in 2003 Colombia amended its Constitution to set minimum requirements for political entities to gain legal existence 38 Id. art. 384. 39 Id. art. 179(I), (II). 40 For more information on this new judicial system, see Bret Gustafson, Manipulating Cartographies: Plurinationalism, Autonomy, and Indigenous Resurgence in Bolivia, 82 ANTHROPOLOGICAL Q. 985(32) (Sept. 22, 2009). 41 2009 CONST. OF BOLIVIA art. 199(II). 42 Id. art. 62. 43 Id. art. 63(I); 1999 CONST. OF VENEZUELA art. 77. 44 2009 CONST. OF BOLIVIA art. 63(II); 1999 CONST. OF VENEZUELA art. 77. Current Constitutional Developments in Latin America 27 (2 percent of legally issued votes),45 with some exceptions for electoral districts holding minorities. The measure is effective for elections taking place from 2011 onwards.46 The same amendment provided for partial government financial contributions to political parties and movements with legal existence,47 and leaves it to the legislature to establish limits on electoral campaign expenditures by political parties and movements, and on private contributions to political elections.48 Second, Bolivia’s Constitution recognized the right of expatriates to vote in presidential elections, and in other elections, as determined by law.49 5 Personal Freedoms Latin American countries have faced endemic problems related to corruption and the violation of human rights and freedoms. Recent efforts show a clear intent to tackle these phenomena. In the case of Mexico, multiple constitutional amendments were enacted in 2009.50 These reforms instituted constitutional due process protections, modeled after the Fourteenth Amendment to the U.S. Constitution, concerning the person, family, and other matters covered by the constitutional right to privacy. Pioneering in Latin America, Mexico recognized a right of protection over personal information held by the government. For this purpose, it created the writ of habeas data (although not so named in Mexico), which allows persons to challenge the information gathered by the government about them, with certain exceptions.51 The amendment of 2009 requires the finding of probable cause for the issuance of judicial arrest orders.52 45 CONSTITUCIÓN POLÍTICA DE LA REPÚBLICA DE COLOMBIA DE 1991 (hereinafter, 1991 CONST. OF COLOMBIA) art. 108, available at <http://www.senado.gov.co/.../images/stories/Informacion_General/ constitucion_politica.pdf>. 46 Id. art. 108, para. 1, as amended by Legislative Act No. 1 of 2003. 47 Id. art. 109, para. 1. 48 Id. art. 109, para. 4. 49 2009 CONST. OF BOLIVIA art. 27. 50 CONST. OF MEX. art. 16, as amended Aug. 24, 2009, available at <http://www.ordenjuridico.gob.mx/ Constitucion/cn16.pdf (official website)>. 51 Exceptions are based on considerations of national security, public policy, public safety and health, or the protection of third parties’ interests. See CONSTITUCIÓN POLÍTICA DE LOS ESTADOS UNIDOS MEXICANOS, as amended, Diario Oficial de la Federación, 5 Febrero de 1917 (hereinafter, CONST. OF MEXICO), art. 16, para. 2, available at http://constitucion.gob.mx/index.php?idseccion=168&ruta=1. “Writ of habeas data” is the generally accepted name of the action aimed at protecting this new right in Latin America. Other Latin American countries, including Brazil and Colombia, have a similar writ. 52 Id. art. 16, para. 3. 28 Dante Figueroa Constitutional amendments have also entered the era of the pro- tection of third generation rights — namely, environmental, cultural, educational, and economic rights. Venezuela, again, set the tone in 1999 when it guaranteed the right to universal health care and social security,53 and it also included an extensive list of labor, employment, and social security guarantees,54 and the human right to a “democratic, free, and mandatory” education.55 Mexico, for its part, guarantees the constitu- tional right to the enjoyment of culture, cultural rights, and cultural manifestations.56 Colombia mandates the State to provide health care and environmental clean-up.57 Ecuador’s Constitution contains an entire section on consumers’ rights.58 Finally, Bolivia crystallized the State’s obligation to guarantee food safety by means of “healthy, adequate, and sufficient nutrition for all the population”.59 Bolivia’s constitutional rights in the areas of education, health care, labor, consumerism, and social security are crafted along the lines of the Venezuelan Constitution as well. Interestingly, the Bolivian Constitution prohibits the privatization or concession of public health goods or services, or of social security benefits.60 6 Reforms in Criminal Procedure and Sentencing Perhaps the most meaningful criminal procedure reform in Latin America took place in Chile in 2005, with the complete replacement of the ancient inquisitorial criminal procedure system by an accusatorial system.61 Mexico followed suit and in 2008 welcomed a new accusatorial system as well.62 Mexico’s new procedure is generally conceived along the lines of U.S. criminal procedure, with the notable exclusion of a jury.63 53 1999 CONST. OF VENEZUELA arts. 83-85. 54 Id. arts. 87-97. 55 Id. art. 102. 56 CONST. OF MEXICO as amended by Decree of April 30, 2009. 57 1991 CONST. OF COLOMBIA art. 49. 58 2008 CONST. OF ECUADOR arts. 52-55. 59 2009 CONST. OF BOLIVIA art. 16. 60 Id. arts. 38(I), 45(VI). 61 See Kirtland C. Marsh, To Charge or Not to Charge, That is Discretion: The Problem of Prosecutorial Discretion in Chile, and Japan’s Solution, 15 PAC. RIM L. & POL’Y J. 543 (2006); Rafael Blanco et al., Reform to the Criminal Justice System in Chile: Evaluation and Challenges, 2 Loy. U. Chi. Int’l L. Rev. 253 (2005); Carlos de la Barra, Chile: Adversarial vs. Inquisitorial Systems: The Rule of Law and Prospects for Criminal Procedure Reform in Chile, 5 SW. J.L. & TRADE AM. 323 (1998). 62 CONST. OF MEXICO art. 20. 63 For more on the differences between the civil law inquisitorial criminal system and the Anglo-American accusatorial criminal procedure, see Rogelio Pérez-Perdomo & John Henry Merryman, “Civil Procedure”, in Current Constitutional Developments in Latin America 29 The amendment also included sweeping procedural guarantees during criminal prosecutions — including the constitutional right to be released on bail and restrictions on incommunicado detentions — and renewed efforts to prosecute organized crime.64 This new criminal system is to be implemented gradually, along with the implementation of a new juvenile criminal system.65 The Mexican amendments include the prohibition against station- ing military personnel in private homes without the authorization of the homeowner, with certain exceptions.66 They also allow Mexican nationals serving sentences in foreign countries to be brought to Mexican territory to complete their sentences, with their prior consent and in accordance with internationaltreaties.67 Finally, the Constitution abolished the death penalty and prohibited severe corporal punishment, excessive fines, confiscation, and any other unusual and far-reaching (trascendentales) punishments.68 Pursuant to Article 22 of its Constitution,69 and in an effort to put an end to its internal armed conflict — that has lasted almost half a century, leaving millions of casualties — Colombia passed a new legislation in 2012,70 named “Legal Framework for Peace” that created the transitory Article 66 of the Colombian Constitution. This new legislation allows the Colombian Government to establish a transitional criminal justice system for judging members of illegal armed groups (among them left- wing guerillas and right-wing paramilitary groups) and government agents for crimes committed during the armed conflict.71 This initiative THE CIVIL LAW TRADITION: AN INTRODUCTION TO THE LEGAL SYSTEMS OF EUROPE AND LATIN AMERICA 112-24 (J. Merryman et al. eds., 2007). See also Robert Kossick, Litigation in the United States and Mexico: A Comparative Overview, 31 U. MIAMI INTER-AM. L. REV. 23 (2000). 64 CONST. OF MEXICO art. 20(B)(II). 65 Id. art. 18. 66 Id. art. 16, para. 17. 67 Id. art. 18, para. 7. 68 Id. art. 22, para. 1. 69 Article 22 of the Colombian Constitution states that “the peace is a right and a binding duty”. 70 Legislative Act Nº 1 of 2012, Colombian Official Gazette No. 48.508 of July, 31, 2012, available at: <http:// www.secretariasenado.gov.co/senado/basedoc/cp/acto_legislativo_01_2012.html>. 71 First paragraph of Transitory Article 66 of the Colombian Constitution prescribes that “the instruments of transitional justice will be exceptional and will have the main goal of facilitating the end of the internal armed conflict and achieving a stable and long-lasting peace, with guarantees of non-recurrence and safety for all Colombians; to guarantee in the greatest possible extent, the rights of victims to the truth, justice, and compensation. A statutory law can authorize that, within the framework of a peace agreement, a different treatment be given to the different illegal armed groups that have participated in the internal armed conflict, and also to the agents of the State, regarding their participation in that conflict”. 30 Dante Figueroa is intended to solve the legal situation of thousands of persons that had demobilized from these armed groups, by prioritizing the prosecution of the most serious cases, which would incentivize more demobilization of members of those groups.72 The new constitutional provision, in its paragraph fourth, allows Congress to pass legislation: (i) to determine selection criteria for the criminal investigation against the main responsible of crimes against humanity, genocide, and war crimes that were systematically perpetrat- ed; (ii) establishing the conditions and requirements under which the suspension of the execution of sentence would proceed; (iii) establishing cases where extrajudicial sanctions, alternative penalties, and special ways of execution and compliance of the penalties may be applied; and (iv) allowing the conditional waiver of criminal prosecution of all cases that were not selected.73 This amendment has been criticized both for Colombian jurists and Human Rights Organizations because it is considered that it allows Congress to enact statutes that leave unpunished crimes when committed by people that were not the main responsible — but who had direct parti- cipation on those crimes — which violates international human rights law and humanitarian law.74 Moreover, on April 5, 2013, Colombia’s General Attorney filed a constitutional lawsuit requesting the Constitutional Court 72 Press Conference Room of the Colombian Senate, Acto legislativo que establecerá un nuevo marco legal para la paz fue radicado en el Congreso [Legislative Act that will establish a New Legal Framework for Peace is now being discussed in Congress], available at: <http://www.senado.gov.co/sala-de-prensa/ noticias/item/12294-acto-legislativo-que-establecera-un-nuevo-marco-legal-para-la-paz-fue-radicado-en- el-congreso>. 73 In order to apply the above-mentioned measures, the fifth paragraph of Article 66 of the Colombian Constitution sets that the beneficiaries must comply the following requirements: “leave the weapons, assume their responsibility, contribute to establishing the truth and to the integral compensation of victims, release the kidnapped people, and remove the minors that were illegally recruited and are under the control of armed groups outside the law”. In addition, paragraph tenth of the same provision establishes that “the application of transitional justice instruments to armed groups outside the law that had participated in hostilities, will be limited to those who demobilize collectively within the framework of a peace agreement, or individually according to the procedures established under the authorization of the National Congress”. 74 Comisión Colombiana de Juristas, Comentarios al “marco jurídico para la paz” [Comments on the “Juridical Framework for Peace”], available at: <http://www.coljuristas.org/documentos/actuaciones_judiciales/ comentarios_marco_juridico_2012-06-04.pdf>; See also Letter from José Miguel Vivanco, on behalf of Human Rights Watch, to the Presidents of the Colombian Senate and House of Representatives on May 1, 2012, available at: <http://www.hrw.org/sites/default/files/related_material/Carta%20de%20HRW%20 sobre%20Marco%20Juridico%20para%20la%20Paz.pdf>. Current Constitutional Developments in Latin America 31 to declare the unconstitutionality of certain terms mentioned above (“main responsible”, “systematically perpetrated”, and “all cases”) since the current provision would violate international obligations of Colombia regarding the investigation and sanction of international crimes, which could activate the jurisdiction of the International Criminal Court.75 Furthermore, in 2012 Colombia passed another amendment to the Constitution (particularly to Articles 116, 152, and 221) that expanded the military criminal jurisdiction.76 The amendment basically creates a new tribunal — Tribunal de Garantías Penales (Criminal Guarantees Tribunal) — that is in charge of (i) controlling the fulfillment of guarantees in any criminal investigation or procedure against a member of the public force; (ii) controlling the criminal accusation against members of the Public Force, in order to guarantee the fulfillment of the material and substantive admissibility requirements to initiate a criminal trial; and (iii) solving the jurisdiction disputes between ordinary tribunals and military criminal tribunals.77 Therefore, a previous procedure was established to control the criminal accusation against a member of the military. In addition, new Article 221 of the Colombian Constitution estab- lishes that the violations to International Humanitarian Law will always be under the jurisdiction of the military courts, unless the violations are: (1) crimes against humanity; (2) genocide; (3) forced disappearances; (3) extrajudicial executions; (4) sexual violence; (5) torture; or (6) forced displacement. These and other reforms introduced by this constitutional amendment have been criticized by the Inter-American Commission on Human Rights (IACHR) who stated that “on the basis of the inter- American standards that require States to judge human rights violations in courts of ordinary jurisdiction, various countries of the region have adopted reforms to significantly restrict the scope of military jurisdiction 75 Procuraduría General de la Nación, Procurador general de la Nación, Alejandro Ordóñez Maldonado, solicita a la Corte Constitucional que se declaren inexequibles expresiones del Marco Jurídico para la Paz [The
Compartilhar