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Ponto 8 - Processo Civil

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PONTO 08. Processo Civil. Procedimentos. Tutela de urgência. Espécies. Requisitos. Fungibilidade.
Atualizado por Caroline Vieira Figueiredo em dezembro de 2014.
	PROCESSO: 	é o instrumento pelo qual o estado exerce jurisdição. 
	PROCEDIMENTO - é instrumento de manifestação do processo. Representa a FORMA DE ORGANIZAÇÃO, LÓGICA e CRONOLÓGICA, dos atos do processo. É o MODO DE SER do processo, a EXTERIORIZAÇÃO do processo.
	
A CONSTRUÇÃO DO PROCEDIMENTO deve ser feita tendo-se em vista a NATUREZA e as PARTICULARIDADES da SITUAÇÃO MATERIAL a que servirá. É o que estabelece o PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO. Um PROCEDIMENTO inadequado ao DIREITO MATERIAL pode importar verdadeira NEGAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL. Existe divergência na doutrina sobre o fato de a parte optar por um procedimento diverso daquele previsto em lei, se haveria extinção do processo sem análise do mérito ou se prosseguiria pelo procedimento adotado pela parte. Prevalece que, sendo o procedimento norma de ordem pública, não cabe escolha por parte do autor sendo que a opção por procedimento diverso do previsto em lei acarreta a extinção do processo sem analise do mérito por ausência de interesse de agir.
PROCESSO: RELAÇÃO JURÍDICO PROCESSUAL (aspecto interno) + PROCEDIMENTO (aspecto externo) + CONTRADITÓRIO
Competência para legislar:
A)	Processo: privativo da União
b)	Procedimento: concorrente entre União (regras gerais) e Estados (regras específicas). 
	
Procedimento comum ORDINÁRIO
•	É o padrão e o modelo de aplicação supletiva.
•	O que o caracteriza é a previsibilidade de três fases procedimentais, que se sucedem umas às outras e nas quais se assegura a prática do maior número possível de atos processuais.
•	Fases:
1.	Fase postulatória: corresponde aos pedidos processuais, seja do autor (petição inicial), seja do réu (contestação, exceções e reconvenção).
a.	Subfase intermediária: providências preliminares e saneamento do processo.
b.	Subfase intermediária: julgamento conforme o estado do processo.
2.	Fase probatória: consiste na utilização dos meios probatórios para comprovação dos fatos alegados pelas partes.
3.	Fase decisória: ocorre na audiência com a sentença.
Procedimento comum SUMÁRIO
•	Cabimento
o	causas de até 60 SM, excluídas as que tratem de estado e capacidade das pessoas
o	independentemente do valor:
 a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; 
 b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; 
 c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; 
 d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; 
 e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; 
 f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; 
 g) nos demais casos previstos em lei. 
•	Cabe pedido contraposto na contestação, mas não cabe reconvenção.
•	Não admite: ação declaratória incidental e intervenção de terceiro (salvo assistência, recurso de terceiro prejudicado e intervenção fundada em contrato de seguro).
•	Pode ser convertido em ordinário.
 
JUIZADO ESPECIAIS - previsto na Lei 10.259/01. Abordado em ponto específico.
Procedimentos ESPECIAIS
•	Em regra, a diferenciação dos procedimentos especiais para o comum ordinário se dá por atos processuais que acontecem antes do encerramento da fase postulatória. Ex.:
o	decisão sobre medidas liminares – mandado de segurança, ações possessórias, ação civil pública e ação popular
o	impossibilidade de dilação probatória: mandado de segurança.
Procedimento sem processo - para os autores que sustentam que a jurisdição voluntária não seria feita através de processo, mas somente de um procedimento, então teríamos aí a possibilidade de procedimento sem processo.
	PROCESSO
	PROCEDIMENTO
	
Processo de conhecimento
[Livros I e IV do CPC e legislação extravagante]
	COMUNS
	ESPECIAIS
[Livro IV do CPC e legislação extravagante]
	
	
ORDINÁRIO
[máxima subsidiariedade]
	SUMÁRIO
(art. 275 CPC)
	SUMaRíssimo
(Juizados)
	
	
Processo de execução
[Livro II do CPC e legislação extravagante]
	
COMUM
(execução por quantia certa contra devedor solvente, Livro II CPC; regras subsidiárias às dos demais procedimentos executivos)
	ESPECIAIS
[demais procedimentos do Livro II do CPC, e legislação extravagante]
	Processo cautelar
[Livro III do CPC e legislação extravagante]
	
COMUM
[medida cautelar inominada/poder geral de cautela, Livro IV CPC; regras subsidiárias às dos demais procedimentos cautelares]
	ESPECIAIS
[demais procedimentos do Livro III do CPC e legislação extravagante]
	
TUTELAS DE URGÊNCIA: têm por objeto mitigar os EFEITOS DO TEMPO no processo, evitar que a ação do tempo cause à parte titular do direito material – ou que o aparente ter – prejuízo irreversível. São fundadas no periculum in mora.
As tutelas de urgência visam a consagrar o direito de acesso à justiça, entendido desde um ponto de vista material, como direito à tutela jurisdicional adequada ao direito material pretendido.
Espécies: as medidas cautelares e a tutela antecipada, adiante examinadas.
Segundo Câmara, “a cognição deve ser examinada em dois planos, o horizontal (da extensão ou amplitude) e o vertical (da profundidade)”.
EXTENSÃO (plano horizontal): diz respeito à amplitude das questões que podem ser examinadas (quais as questões serão examinadas); a cognição aqui pode ser:
PLENA: quando todos os componentes do trinômio são apreciados. O trinômio corresponde às condições da ação, pressupostos processuais e mérito, segundo a doutrina tradicional; ou questões preliminares, questões prejudiciais e mérito da causa (objeto do processo), segundo Câmara;
LIMITADA: quando ocorre alguma restrição na amplitude da cognição. As ações possessórias são exemplos de ações com cognição limitada, pois nelas não se pode (em regra) examinar a existência de domínio.
PROFUNDIDADE (plano vertical): diz respeito ao modo como as questões serão conhecidas pelo juiz; a cognição aqui pode ser:
EXAURIENTE: a decisão é proferida com base em um JUÍZO DE CERTEZA. Na verdade, segundo Câmara, todo juízo de certeza é, em verdade, um juízo de verossimilhança, pois o juiz, ao decidir a lide, busca o grau de convencimento suficiente para se alcançar uma certeza jurídica, não uma certeza psicológica.
Como é baseada num juízo de certeza, a cognição exauriente permite a prolação de uma decisão capaz de alcançar a COISA JULGADA.
SUMÁRIA: baseada num JUÍZO DE PROBABILIDADE. Aqui, o provimento a ser proferido deve afirmar, apenas e tão-somente, que é provável a existência do direito. Exige a existência de alguma produção probatória (insuficiente para produzir um juízo de certeza, mas o bastante para produzir um juízo de probabilidade).
Porque baseada num juízo de probabilidade, tal provimento não poderá jamais ser alcançado pela imutabilidade da coisa julgada. São exemplos: as medidas cautelares e a tutela antecipatória.
SUPERFICIAL OU RAREFEITA: baseada num JUÍZO de POSSIBILIDADE ou de VEROSSIMILHANÇA. Segundo Câmara, “é aqui, na cognição superficial, e não na cognição sumária, que haverá verdadeiro juízo de verossimilhança”, não obstante a indevida utilização do termo no caput do art. 273, CPC.
É um juízo que não é feito sobre os fatos, mas sobre as afirmações. Dá-se, portanto, antes de se iniciar o procedimento probatório.
Exemplo: decisões LIMINARES em processo CAUTELAR.
Quando se fala em TUTELA JURISDICIONAL DIFERENCIADA, a diversidade NÃO reside na NATUREZA DA TUTELA, mas, na qualidade de seus efeitos.
Com a crise do Direito Processual Civil, surgiram as discussões sobre o acesso à justiça, a efetividade do processo e o processo civil de resultados. Surge então a necessidade de adoçãode técnicas adequadas à obtenção de tutelas jurisdicionais diferenciadas, que levam em conta a efetividade do resultado desejado pela parte e os instrumentos para tanto necessários.
Entre as diversas técnicas pautadas na sumariedade da cognição, destacam-se a do julgamento antecipado, a dos títulos executivos de formação extrajudicial, a da antecipação na formação do título executivo judicial, com a supressão de toda a fase de conhecimento tendente à obtenção de sentença condenatória ou de um comando estatal com eficácia executiva equivalente e, sem dúvida alguma, a do processo monitório, pela qual o juízo de oportunidade da instauração do processo de cognição plena é deixado à parte em cujo interesse o contraditório é predisposto.
No Direito Brasileiro, encontram-se CASOS ESPECÍFICOS de SUMARIZAÇÃO DA COGNIÇÃO, quer mediante a TÉCNICA DE LIMITAR A MATÉRIA SUSCETÍVEL DE EXAME PELO JUIZ, quer pela EXCLUSÃO DA ADMISSIBILIDADE DE CERTOS MEIOS DE PROVA.
A relativização do binômio direito-processo nos tem demonstrado que a nova compreensão dos direitos, novos ou não, não mais se compadece à vala rasa da cognição exauriente e plenária, que quase sempre chega tarde demais na visão dos jurisdicionados. Hoje, a cada dia mais transparece a opção do sistema, atento aos ecos da sociedade, pela CELERIDADE em DETRIMENTO da CERTEZA.
TUTELAS DE URGÊNCIA, TUTELAS SUMÁRIAS OU TUTELAS INTERINAIS
	TUTELA DE URGÊNCIA
	TUTELA PREVENTIVA
	Sempre quando houver perigo
	É um gênero da tutela de urgência
	
	Qualquer tipo de tutela que se pede antes da lesão
A tutela de URGÊNCIA é a EXPRESSÃO GENÉRICA que abrange as espécies: TUTELA ANTECIPADA e TUTELA CAUTELAR. As duas servem à mesma finalidade: COMBATER O PERIGO, mas são técnicas diversas, ou seja, são meios diferentes para se atingir uma mesma finalidade, por isso é que se parecem tanto e há tanta confusão sobre elas. As duas têm finalidade de proteger as partes contra os MALES DO TEMPO NO PROCESSO, DIVIDINDO O TEMPO DO PROCESSO ENTRE AUTOR E REU.
São tutelas de urgência por que se baseiam em PERICULUM IN MORA. Mas há algumas tutelas antecipadas (por abuso de defesa) que não se baseiam em periculum in mora, não sendo propriamente uma tutela de urgência. Esse último caso é de tutela de evidência.
São TUTELAS SUMÁRIAS porque nelas se faz uma cognição sumária. Cognição é o complexo de atividades realizadas pelo juiz para aferir se o agente tem direito ao que foi pedido. O inverso da cognição sumária é a cognição exauriente, ou seja, é o conhecimento exarado depois da prática de todos os atos processuais. Na tutela antecipada, há somente a necessidade de verificação da verossimilhança. Na tutela cautelar e no procedimento monitório o juiz também se limita a uma cognição sumária. Há alguns casos (pedido incontroverso) em que a tutela antecipada não será baseada em cognição sumária.
São TUTELAS INTERINAS, TUTELAS CONCEDIDAS NO CURSO DO PROCESSO, PODENDO SER PROVIDÊNCIA DIFERENTE DA REQUERIDA COMO TUTELA FINAL, QUE CONFIGURA A MEDIDA CAPAZ DE SATISFAZER O DIREITO EM QUESTÃO.
ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. NATUREZA, CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E LIMITES.
CONCEITO: TUTELA ANTECIPADA CONFERE ANTECIPADAMENTE AQUILO QUE É BUSCADO ATRAVÉS DO PEDIDO FORMULADO NA AÇÃO DE CONHECIMENTO, TUTELA QUE REALIZA ANTECIPADAMENTE O DIREITO MATERIAL AFIRMADO PELO AUTOR (MARINONI).
A tutela antecipada NÃO SURGIU no Direito Processual Civil brasileiro somente com a REFORMA DE 1994, JÁ EXISTIA especificamente para determinados casos. EXEMPLOS: liminar das AÇÕES POSSESSÓRIAS; os ALIMENTOS PROVISÓRIOS; a liminar da ação de busca e apreensão. Ou seja, já existia para alguns procedimentos especiais.
A reforma de 1994 somente ESTENDEU a possibilidade de tutela antecipada para todos os processos e procedimentos, ou seja, a nova redação do artigo 273, CPC, estabeleceu uma TUTELA ANTECIPADA ATÍPICA (mecanismo do procedimento ordinário). Já existiam tutelas antecipadas típicas. É o mesmo que ocorre com as cautelares: cautelares típicas e cautelares atípicas (decorrentes do poder geral de cautela).
Agora existe o PODER GERAL DE ANTECIPAÇÃO, que consiste na autorização para concessão de tutela antecipada para qualquer direito. Atualmente, o poder geral de antecipação é o poder genérico de dar qualquer antecipação de tutela. Esse poder geral está previsto nos artigos 273 (pagar quantia, ação declaratória, ação constitutiva) e no § 3º do artigo 461 (obrigações de fazer, de não-fazer e de dar coisa). Assim NÃO há demanda na qual não se possa pedir tutela antecipada. Esses dois dispositivos regulam o sistema de poder geral de antecipação, os dois dispositivos se comunicam e se ajudam.
Antes de 1994, O PROCESSO ERA BASEADO NA CERTEZA, OU SEJA, SOMENTE APÓS O CONTRADITORIO (COGNIÇÃO EXAURIENTE) PODERIA SER DEFERIDA A TUTELA DO DIREITO MATERIAL REQUERIDO, A CAUTELAR INOMINADA FOI CRIADA PARA SER UMA TUTELA ANTECIPADA ANÔMALA, CONHECIDA COMO CAUTELAR SATISFATIVA, QUE BUSCAVA ANTECIPAR A TUTELA DO DIREITO MATERIAL. Assim as partes deformavam o processo cautelar criando uma cautelar satisfativa. Com a reforma de 1994 NÃO faz mais sentido falar em cautela satisfativa, POIS HÁ DORAVANTE A TUTELA ANTECIPADA.
REQUISITOS DA TUTELA ANTECIPADA
REQUISITOS para a concessão da tutela antecipada são de duas ordens
OBRIGATÓRIOS ou GERAIS (sempre deverão ser observados):
REQUERIMENTO da parte
Prova INEQUÍVOCA (verossimilhança)
REVERSIBILIDADE
ALTERNATIVOS (pode ser qualquer um deles somado aos anteriores):
Perigo de dano
Defesa abusiva ou protelatória
Um ou mais pedidos acumulados incontroversos. Ex.: autor pede a condenação do réu em R$ 100,00, mas o réu concorda com R$ 30,00. Pode-se antecipar esse valor. 
Para uma parte da doutrina não seria antecipação de tutela, mas resolução parcial do mérito definitiva (teoria da decisão parcial). Por ser decisão parcial de mérito, faz coisa julgada. Dinamarco, em contrário, afirma que é antecipação de tutela que não exige os pressupostos da tutela antecipada. PREVALECE NA JURISPRUDÊNCIA TRATAR-SE DE TUTELA ANTECIPADA POR OPÇÃO LEGISLATIVA.
REQUISITOS OBRIGATÓRIOS OU GERAIS 
REQUERIMENTO DA PARTE
Não é possível a TA ex officio, sempre é necessário o requerimento.
OBS: Há poucos autores que admitem a TA concedida de ofício, pois seria um tipo de cautelar, que pode ser provida de ofício. “EXCEPCIONALMENTE, em casos graves e de evidente DISPARIDADE DE ARMAS entre as partes, contudo, à luz da razoabilidade, é possível antecipar a tutela DE OFÍCIO no processo civil brasileiro. O assistente simples pode requerer a antecipação de tutela em favor da parte assistida. O réu pode pleitear a antecipação de tutela nos casos em que propõe uma ação dúplice” [MARINONI].
Em princípio, quem vai requerer é o autor, mas também pode ser requerida pelo réu, quando ele promove reconvenção (requer como reconvinte) ou então na própria contestação quando se tratar de uma ação dúplice (na qual o réu pode fazer pedido na contestação. Pode decorrer da lei, como é o caso das ações possessórias, do procedimento sumário e no juizado especial – pedido contraposto – ou pela própria natureza do direito material, em que a defesa do réu contém, implicitamente, um pedido, uma pretensão, como é o caso das ações declaratórias, ação renovatória de locação – em que a contestação pressupõe um contra-ataque, uma pretensão - ação de prestação de contas, ação demarcatória).
OBS: Há autores que defendem a possibilidade de o MP requerer a TA, mesmo atuando como fiscal da lei. Nesse sentido, Wambier e MARINONI. Para outros, o MP quando é custos legis em causas de incapaz pode requerer a TA. Contra em qualquer situação, Alexandre Freitas Câmara.
O requerimento pode ser feito de qualquer forma até oralmente.
PROVA INEQUÍVOCA E VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES
“A chamada “prova inequívoca”, capaz de convencer o julgador da “verossimilhança” da alegação, apenas pode ser compreendidacomo a prova suficiente para o surgimento do verossímil, situação que tem apenas ligação com o fato de que o juiz tem, nesse caso, um juízo que é formado quando ainda não foi realizado plenamente o contraditório em primeiro grau de jurisdição. Os termos “prova inequívoca” e “verossimilhança” somente são pertinentes em alguns casos de tutela antecipatória fundada no inciso I do art. 273, do CPC, e não nas hipóteses de abuso do direito de defesa e naquelas em que o processo já está em segundo grau de jurisdição, em virtude de recurso interposto contra a sentença.” “Note-se, ainda, que a prova deve ser valorada, e até mesmo exigida de forma diferente, de conformidade com a espécie de tutela antecipatória requerida.” [MARINONI].
A prova inequívoca NÃO PRECISA necessariamente ser uma PROVA DOCUMENTAL. Pode ser uma produção antecipada de prova, EXEMPLO: perícia.
Parte MAJORITÁRIA da doutrina entende que a PROVA INEQUÍVOCA para a tutela antecipada exige CERTEZA MAIS PROFUNDA que o FUMUS BONI IURIS da cautelar, já que aqui se antecipa o próprio direito material pleiteado. Alexandre Freitas Câmara entende que a prova inequívoca que leve à verossimilhança das alegações consiste no mesmo juízo de probabilidade exigido para a concessão de cautelar (fumus boni iuris).
A prova tem que existir, para impedir que o juiz decida sem prova alguma. A prova inequívoca é uma exigência para que o juiz se convença da verossimilhança, o juiz não pode se convencer da verossimilhança sem a existência de prova inequívoca (PROVA DOS FATOS). Nas palavras de DIDIER, PROVA INEQUÍVOCA é a PROVA ROBUSTA, consistente, que conduza o magistrado a um JUÍZO DE PROBABILIDADE; não é prova irrefutável, senão conduziria a uma tutela satisfativa definitiva; é pura e simplesmente prova com boa dose de credibilidade.
Por vezes, há prova inequívoca (todos os fatos estão provados), mas não há verossimilhança (não há probabilidade de direito algum). De outro lado, nem sempre a verossimilhança advirá de prova, pois poderá se assentar em fatos incontroversos ou notórios, ou decorrentes de uma coisa julgada anterior.
A VEROSSIMILHANÇA É A PROBABILIDADE, é o juízo que magistrado faz sobre a probabilidade do direito. A verossimilhança demonstra que a TA é uma tutela de cognição sumária. Outrossim, “é imprescindível acrescentar que a verossimilhança refere-se não só a matéria de fato, como também à plausibilidade da subsunção dos fatos à norma invocada” (DIDIER).
REVERSIBILIDADE
A reversibilidade do provimento teoricamente é sempre cabível, o problema é prático, ou seja, trata-se da REVERSIBILIDADE dos EFEITOS DO PROVIMENTO.
Esse dispositivo é muito criticado, porque se isso for aplicado ao pé da letra, quase nenhuma tutela antecipada pelo ser concedida. EXEMPLO: TA concedida para realização de transplante.
É POSSÍVEL que a TA tenha EFEITOS IRREVERSÍVEIS, mas isso tem que ser visto à luz do princípio da PROPORCIONALIDADE. Quando o risco da NÃO concessão da tutela for maior do que o risco da concessão, deve ser concedida a TA. É o que Dinamarco denomina de juízo do mal menor.
Quando a não antecipação dos efeitos da tutela também for irreversível (ex.: transfusão de sangue para salvar a vida), o juiz deverá decidir com base na proporcionalidade. A doutrina chama essa hipótese de irreversibilidade recíproca.
REQUISITOS FACULTATIVOS
PERIGO
É o velho perigo: é o perigo da demora. Trata-se do RISCO.
ABUSO DO DIREITO DE DEFESA ou MANIFESTO PROPÓSITO PROTELATÓRIO
NÃO É uma tutela de URGÊNCIA, mas de EVIDÊNCIA. É uma tutela antecipada com CARÁTER PUNITIVO, ou seja, o objetivo é punir o réu que se comportou de forma abusiva em sua defesa. 
Essa tutela antecipada NÃO pode ser liminar, é preciso que o réu primeiramente se defenda, já que o abuso não pode ser verificado antes mesmo que o réu se defenda. Abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório são qualquer conduta do réu que se enquadre no artigo 17, CPC.
Concretização do direito fundamental ao processo sem dilações indevidas (art. 5º, inc. LXXVIII, CF).
PEDIDO INCONTROVERSO ou RESOLUÇÃO PARCIAL DO MÉRITO ou JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL – art. 273, §6º
§ 6º A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Essa incontrovérsia NÃO é dos fatos, mas é uma incontrovérsia em relação ao PEDIDO, ou seja, sobre parte da demanda as partes NÃO se controvertem.
Para alguns autores, o dispositivo permite que o juiz vá além dele, podendo analisar o mérito MESMO SE NÃO HOUVER A INCONTROVÉRSIA PARCIAL. Para esses autores, a incontrovérsia parcial é apenas uma das hipóteses em que o juiz poderia decidir parte do mérito. Esses autores defendem a fragmentação do julgamento do mérito, sendo que o § 6º confirma essa fragmentação que pode ocorrer em outros casos. “Os frutos maduros podem ser colhidos independentemente dos frutos verdes”, seriam hipóteses nas quais o juiz pode julgar parte do mérito e não julgar outra. 
	1ª corrente: JULGAMENTO ANTECIPADO
	2ª corrente: TUTELA ANTECIPADA
	Os processualistas mais modernos defendem que o § 6º do art. 273 do CPC não é, propriamente, tutela antecipada, mas sim uma hipótese de julgamento antecipado parcial da lide.
A localização topográfica do § 6º está errada e não deveria ter sido prevista no art. 273, mas sim no art. 330 do CPC.
Quando o juiz decide com base nesse § 6º sua cognição é exauriente e está fundada em juízo de certeza, sendo uma decisão apta a gerar coisa julgada material.
A decisão que aplica o § 6º é apta para fazer coisa julgada material. 
Pode ser executada definitivamente. 
	Por outro lado, uma segunda corrente sustenta que a regra do § 6º é sim uma hipótese de tutela antecipada, tanto que está inserida dentro do art. 273 do CPC.
Houve, portanto, uma opção legislativa.
No sistema atual do CPC, não é possível imaginar que haja o fracionamento do momento de decidir, ou seja, parte é decidida no começo do processo e outra parte somente no final. Em suma, o processo brasileiro não admite “sentenças parciais”.
Apesar de o juízo de verossimilhança ser mais forte do que nas demais hipóteses de tutela antecipada, é possível que, ao final da demanda, o magistrado reformule seu entendimento e revogue ou modifique a decisão que havia concedido a tutela.
A decisão que aplica o § 6º não é apta para fazer coisa julgada material, por força de opção legislativa.
A execução é provisória. 
	Nesse sentido:
Fredie Didier Júnior
Cássio Scarpinella Bueno
Daniel Mitidiero
Leonardo José Carneiro da Cunha
Joel Dias Figueira Júnior
	Nesse sentido:
Teori Zavascki
Athos Gusmão Carneiro
Cândido Rangel Dinarmarco
STJ: “(...) não se discute que a tutela prevista no § 6º do artigo 273 do CPC atende aos princípios constitucionais ligados à efetividade da prestação jurisdicional, ao devido processo legal, à economia processual e à duração razoável do processo, e que a antecipação em comento não é baseada em urgência, nem muito menos se refere a um juízo de probabilidade (ao contrário, é concedida mediante técnica de cognição exauriente após a oportunidade do contraditório). Porém, como já dito, por questão de política legislativa, a tutela acrescentada pela Lei nº 10.444/02 não é suscetível de imunização pela coisa julgada. Assim sendo, não há como na fase de antecipação da tutela, ainda que com fundamento no § 6º do artigo 273 do CPC, permitir o levantamento dos consectários legais (juros de mora e honorários advocatícios), que deverão ser decididos em sentença.”
ANTECIPAÇÃO DE TUTELAS ESPECÍFICAS
Em se tratando de tutela específica, obrigações de fazer ou não fazer, ou de entrega de coisa (arts. 461 e 461-A) os REQUISITOS estão previstos no art. 461, § 3º. São eles:
FUMUS BONI IURIS – relevante fundamento da demanda.
PERICULUM IN MORA – justificado receio de ineficácia do provimento final.
Fumusboni iuris é a APARÊNCIA DO DIREITO, a plausibilidade da existência do verdadeiro direito, a verossimilhança.
O periculum in mora é o risco de um dano irreparável ou de difícil reparação. (mesmo que seja reparável, em momento posterior, monetariamente). O risco não precisa ser algo interno ao processo – pode ser algo externo (ex: pessoa tem idade avançada, ou câncer, ou o pleiteante é empresa que pode quebrar).
OBS: aplicação SUBSIDIÁRIA do art. 273, do CPC porque não seria justo impedir-se que a pessoa possa receber a tutela antecipada em obrigação de fazer / não fazer ou entrega de coisa em casos que a TA poderia ser concedida em razão do abuso do direito ou manifesto caráter protelatório do réu.
OBS: tutela antecipada DEVE SER REQUERIDA nos mesmos termos como previsto no art. 273.
OBS: SOUZA PRUDENTE (TESE): a tutela específica liminarmente antecipável é aplicável até mesmo, DE OFÍCIO em MATÉRIA AMBIENTAL por imposição do comando constitucional da tutela cautelar do meio ambiente e da instrumentalidade dos parágrafos 4º, 5º e 6º, do aludido 461 do CPC.
EFETIVAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA
A sua efetivação ocorrerá no mesmo processo em que a decisão for proferida, sem a necessidade de um processo de execução para isso. A efetivação (implementação) ocorrerá no mesmo processo e nos mesmos autos.
Há posicionamento doutrinário e jurisprudencial afirmando que o juiz pode conceder as medidas executivas de ofício, mas a TA em si somente pode ser feita por meio de requerimento.
O magistrado se vale (§ 3o. do artigo 273):
dos §§ 4o. e 5o. do artigo 461: que estabelecem um poder geral de efetivação, o que significa que o magistrado tem a sua disposição qualquer meio para a efetivação da TA.
das regras do artigo 475-O: que estabelece as regras da execução provisória.
ART. 461, § 5º, DO CPC E POSSIBILIDADE DE PRISÃO CIVIL COMO MEDIDA COERCITIVA ATÍPICA
Controvérsia doutrinária.
Eduardo Talamini entende que a prisão NÃO PODE ser utilizada como medida coercitiva, em virtude da vedação constitucional contida no art. 5º, inciso LXVII. Entende que, quando o texto se refere à DÍVIDA, quer aludir ao inadimplemento de obrigações em geral. Seguem esta linha: Ovídio Batista, C.A. Alvaro de Oliveira, Humberto Theodoro Junior, José Miguel Garcia Medina.
Em contrapartida, há os que sustentam que o termo DÍVIDA é utilizado no aludido dispositivo constitucional no sentido restrito de PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, de modo que, nas demais hipóteses, estaria autorizada a prisão civil como meio de coerção processual. Neste sentido, Marinoni, Marcelo Lima Guerra, Donaldo Armelin, Sérgio Shimura etc.
Fredie Didier opta pela tese ampliativa, apenas com a ressalva de que, para ele, o termo dívida possui a acepção de obrigação de conteúdo patrimonial, não necessariamente de conteúdo pecuniário. Nestes termos, uma obrigação de fazer, não fazer, dar coisa distinta de dinheiro, todas de conteúdo patrimonial, não pode ser efetivada por prisão civil. A liberdade individual não pode ser encarada como valor absoluto, que não possa ceder espaço quando em conflito com outros direitos fundamentais de relevante importância (ex: direito ambiental; direitos da personalidade). 
Entre os que admitem a prisão civil, há um consenso de que esta só deve ser utilizada em último caso, quando não seja possível alcançar a tutela por outro meio menos gravoso.
INF 517 – 3 TURMA
TUTELA ANTECIPADA = IMPOSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO OU AMEAÇA DE DECRETAÇÃO DE PRISÃO NO EXERCÍCIO DE JURISDIÇÃO CÍVEL, RESSALVADA A OBRIGAÇÃO DE NATUREZA ALIMENTÍCIA.
REQUISITOS: A) TUTELA ANTECIPADA = NÃO PODE ADMITIR A DECRETAÇÃO OU AMEÇA DE PRISÃO EM PROCESSO CIVIL B) SOMENTE CABE EM PRISÃO PARA OBRIGAÇÃO DE NATUREZA ALIMENTICIA 1 - Não é possível que o magistrado, ao conceder tutela antecipada no âmbito de processo cível cujo objeto não consista em obrigação de natureza alimentícia, efetue ameaça de decretação de prisão para o caso de eventual descumprimento dessa ordem judicial, sob a justificativa de que, nesse caso, configurar-se-ia crime de desobediência (art. 330 do CP). 
2 - Isso porque não se admite a decretação ou a ameaça de decretação de prisão nos autos de processo civil como forma de coagir a parte ao cumprimento de obrigação, ressalvada a obrigação de natureza alimentícia. 
Precedentes citados: HC 125.042-RS, Quarta Turma, DJe 23/3/2009; RHC 16.279-GO, Primeira Turma, DJ 30/9/2004; e HC 18.610-RJ, Quinta Turma, DJ 4/11/2002. RHC 35.253-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 5/3/2013.
TUTELA ANTECIPADA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
DIDIER: a tutela antecipada contra a fazenda pública cabe em algumas hipóteses porque contra o poder público não há somente ações para recebimento de quantia.
LEONARDO CUNH�: é possível nas HIPÓTESES NÃO ALCANÇADAS pela Lei n.º 9.494/97. Não seria possível a princípio, contudo, na hipótese do art. 273, § 6º (incontrovérsia), tendo em vista que a FP não se sujeita aos efeitos da revelia nem se submete ao ônus da impugnação especificada dos fatos, ainda teria o autor provar os fatos correlatos. Nesse caso, apenas se admite se, além da incontrovérsia, todos os elementos de prova já estiverem nos autos.
NÃO É POSSÍVEL (posição MINORITÁRIA): a tutela antecipada contra a Fazenda Pública, com os seguintes argumentos: Remessa necessária (artigo 475, CPC): se TA é antecipação dos efeitos práticos da sentença, então neste caso, em que os efeitos práticos da sentença dependem da remessa necessária, não poderia ser concedida contra a Fazenda Pública.
Precatório (art. 100 CF): à exceção dos créditos de natureza alimentícia, a execução deve ser feita na ordem cronológica de precatórios. TA não é sentença, mas antecipa os efeitos práticos da sentença, que só poderiam ser efetivados pelos precatórios.
É POSSÍVEL (posição MAJORITÁRIA): a tutela antecipada contra a Fazenda Pública, com os seguintes argumentos: Remessa necessária (artigo 475, CPC): o dispositivo fala em sentença, e a remessa é só para sentença, não para decisão interlocutória (onde ocorre a concessão da TA), nem para acórdão. Precatório: também diz respeito a sentença transitado em julgado, mas não decisão interlocutória. Além disso, nem toda TA é para pagamento de quantia em dinheiro. 
Lei 9.494/97: a lei disciplina esta matéria, TA contra a Fazenda Pública. Esta lei já foi objeto da cautelar em ADI 4, e o STF declarou a constitucionalidade. (ver acórdão no site).
Obs: os diplomas legais aos quais o art. 1º da Lei 9.494/97 fazia referência (Leis 4.348/64 e 5.021/66) foram revogados pela Lei 12.016/2009 (Nova Lei do Mandado de Segurança), a qual passou a disciplinar a matéria nos §§ 2º e 5º do art. 7º.
TA, então, é possível, mas sofre limitações:
	ANTECIPAÇÃO DA TUTELA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
	Quantia
	Fazer e não-fazer
	Dar coisa
	Declaratória e constitutiva
	Precatório 
	Não há qualquer restrição. 
É igual à tutela antecipada para os demais sujeitos. Não há nada de especial. 
	Ações possessórias
	Há regra expressa que permite: artigo 151, V, CTN
	Lei 9.494
	
	
	
	ADC 4
	
	Lei 2770/56
	
	Súmula 729
	
	
	
TUTELA ANTECIPADA DO ART. 461 E IMPOSIÇÃO DE ASTREINTES (§ 4º) CONTRA A FAZENDA PÚBLICA 
Para conferir efetividade ao comando judicial, cabe a fixação de multa, com esteio no parágrafo 4º do art. 461 do CPC, a ser exigida do agente público responsável (deve haver intimação pessoal e específica), além de se a exigir da própria pessoa jurídica de direito público. 
Neste sentido, STJ: A cominação de astreintes prevista no art. 11 da Lei nº 7.347/85 pode ser direcionada não apenas ao ente estatal, mas também pessoalmente às autoridades ou aos agentes responsáveis pelo cumprimento das determinações judiciais. (REsp 1111562/RN, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/08/2009, DJe 18/09/2009)
TUTELA ANTECIPADA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA – Vedações legais:
Art. 7º, § 2º, da Lei n.º 12.016/2009(Nova Lei do MS): “Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a COMPENSAÇÃO de créditos tributários, a ENTREGA de mercadorias e bens provenientes do EXTERIOR, a RECLASSIFICAÇÃO ou EQUIPARAÇÃO de servidores públicos e a CONCESSÃO de AUMENTO ou a EXTENSÃO de VANTAGENS ou pagamento de qualquer natureza”;
Art. 7º, § 5º, da Lei n.º 12.016/2009 (Nova Lei do MS): “As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil”;
§ 4° do art. 1° da Lei n° 5.021/66: “Não se concederá medida liminar para efeito de pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias”.
Art. 1º e §§, Lei nº 8.437/92: “Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal. § 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado segurança, à competência originária de tribunal. § 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil pública. § 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação”.
ADC 4: a União propôs essa ADC para reconhecer a constitucionalidade da Lei 9494, a liminar foi concedida, dizendo que a restrição imposta pela lei é constitucional, ou seja, o STF repetiu o que disse na ADI 223-6. 
Em 2003, o STF editou a súmula 729, afirmando que a decisão na ADC-4 NÃO se aplica às causas previdenciárias, POIS A PROIBIÇÃO NÃO É UNIVERSAL, AS DEMANDAS PREVIDENCIÁRIAS NÃO FORAM PROIBIDAS EXPRESSAMENTE PELA LEI.
CONCLUSÃO: as restrições que existem contra o poder público são as da Lei 9.494, mas não se aplicam às questões previdenciárias.
“É digno de nota, ainda, que o Colendo Supremo Tribunal Federal, nos autos da ADIN 223-6-DF, Relator o Exmo. Sr. Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE, embora tenha negado o pedido de declaração de inconstitucionalidade da MP nº 173/90, que veio a ser convertida na Lei nº 8.076/90, deixou claro que o Juiz, no caso concreto, poderia julgar inconstitucional as restrições impostas à concessão da liminar, vindo a deferi-la”.
TUTELA ANTECIPADA PARA DAR COISA
É vedada a concessão de liminar possessória contra o poder público SEM a sua oitiva (artigo 928, parágrafo único, CPC).
A Lei 2.770/56 veda a concessão de tutela provisória para a liberação de mercadoria que foi apreendida provindo do exterior. 
TUTELA ANTECIPADA DECLARATÓRIA OU CONSTITUTIVA
Expressamente o CTN permite a utilização da tutela antecipada contra o poder público para a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (artigo 151, V, CTN).
O mesmo CTN traz uma regra que proíbe a medida liminar (qualquer uma), nos termos do artigo 170-A, CTN, que veda a concessão de liminar para a compensação tributária.
Súmula 212, STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida liminar. 
SUSPENSÃO DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
NÃO É RECURSO, mas um MEIO DE IMPUGNAÇÃO requerido pelo MP ou pela pessoa jurídica prejudicada; vão requerer ao presidente do tribunal competente para julgar o recurso, se houver RISCO ou grave LESÃO à SAÚDE, ECONOMIA, SEGURANÇA ou ORDEM PÚBLICA. A suspensão vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito. Do despacho que conceder ou negar o pedido de suspensão caberá recurso de agravo no prazo de 05 dias. (Lei 8.437, art. 4º). Na NOVA DISCIPLINA DO MS, houve mudança nesse ponto, NÃO CABENDO MAIS AGRAVO do INDEFERIMENTO do pedido de suspensão, mas na verdade NOVO PEDIDO ao presidente do TRIBUNAL COMPETENTE para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário (art. 15, § 1º, da Lei 12.016/2009). 
As liminares com objeto idêntico poderão ser englobadas pela suspensão de antecipação concedida.
OBS – MEIOS DE SUSPENSÃO DA TA – PODEM SER CONCOMITANTES:
1 – AGRAVO DE INSTRUMENTO – A DECISÃO DE TA É INTERLOCUTORIA
2 – SUSPENSÃO DE SEGURANÇA
3 - Cabe reclamação ao STF no caso de descumprimento da ADC4 
REVOGAÇÃO DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
Pode ser revogada pelo próprio juiz que concedeu. Pode revogar a TA mesmo que não surjam novos elementos, ou deve haver novas circunstâncias para que se autorize esta? Existem duas posições.
A primeira corrente entende o juiz só pode revogar se houver novos elementos. Há preclusão pro judicato: nenhum juiz decidirá novamente as questões já decidias – art. 471 CPC. 
A segunda (Wambier e MARINONI) entende que apenas se houver modificação da situação de fato subjacente ao processo é possível a revogação pelo juiz. Para ele, tecnicamente, a decisão anterior não é alterada, mas proferida nova decisão para nova situação de fato. Fora dessa hipótese, para este autor apenas seria possível a revogação pelo próprio juiz mediante juízo de retratação, no caso de ser oferecido recurso de agravo. MARINONI: As razões que permitem a revogação ou a modificação da tutela antecipada são as novas circunstâncias da causa, vale dizer, são as razões que não foram apresentadas no momento da sua concessão. Não é somente a alteração da situação de fato objeto do processo que permite a modificação ou a revogação da tutela, mas também o surgimento, derivado do desenvolvimento do contraditório, de outra evidência sobre a situação de fato.
Quando o juiz, na sentença, julga o pedido improcedente, após ter concedido a TA ao longo do processo de conhecimento, o juiz tem que revogar expressamente, ou a improcedência já impõe, lógica e tacitamente a revogação? Há DUAS POSIÇÕES:
1ª) o juiz, se quiser revogar, deve fazê-lo EXPRESSAMENTE, pois, se a APELAÇÃO é recebida no DUPLO EFEITO, suspende os efeitos da sentença, permanece a TA.
2ª) NÃO PRECISA REVOGAR expressamente, pois, se é improcedente a sentença, a IMPROCEDÊNCIA é INCOMPATÍVEL com a TA. O autor que apelar, pode até buscar nova TA no tribunal. É essa a posição do STJ.
Nesse ponto, importa destacar a divergência de entendimento no caso de, negada a antecipação de tutela no 1º grau, mas antecipada esta pelo tribunal, em agravo de instrumento, continua a mesma vigorando após a prolação de sentença de IMPROCEDÊNCIA? Há corrente que defende que sim, já que a decisão do tribunal prevalece em face da decisão de 1º grau. A corrente contrária sustenta que não, eis que a sentença é exercício de cognição exauriente e, portanto, prevalece em relação à decisão liminar. Para esta 2ª corrente, o agravo perderia o objeto. O STJ vem adotando majoritariamente essa 2ª posição.
TUTELA ANTECIPADA NA SENTENÇA E NO ÂMBITO RECURSAL
Desde que preenchido os requisitos, a TA pode ser pedida em qualquer momento, até mesmo em grau recursal.
É possível TA na própria sentença? Sim, e tem sido comum esta prática. Ver art. 520, VII CPC. O código prevê que a apelação é recebida apenas no efeito devolutivo quando a sentença confirmar os efeitos da TA. O juiz concede para que a apelação seja recebida apenas no efeito devolutivo.
E qual seria o recurso cabível?
1ª opção: Apelação - o que fazer para evitar os efeitos imediatos? Pelo art. 558, parágrafo único CPC, pode-se interpor a apelação e pedir o efeito suspensivo; Agravo de Intrumento aplicável à apelação quando recebida apenas no efeito devolutivo.
Distribuição deve ser automática, mas, ainda assim, os autos do recurso, até passar pela admissibilidade pelo juiz a quo, cumprir o trajeto processual, e chegar até às mãos do relator para efeitos do 558, leva tempo, e aí já cumpriu a TA.
2ª opção: Apelar e distribuir no tribunal uma medida cautelar esta medida é prevista na lei – art. 800, p.u. interposto o recurso, a cautelar é dirigida ao tribunal é o mesmo pedido do 558, mas com a roupagem de uma cautelar, o que pode obtermelhor aceitação.
Tutela Antecipada no âmbito recursal:
É possível. Se o juiz, na primeira instância, pode, o tribunal que reforma a decisão dele também poderá. Inclusive, no que concerne ao agravo de instrumento, está expressamente prevista essa possibilidade no art. 527, III, CPC.
OBS: Há decisões do STF admitindo TA em embargos de declaração.
TUTELA ANTECIPADA NA AÇÃO DECLARATÓRIA, NA AÇÃO CONSTITUTIVA E NOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Como se opera a antecipação de tutela na ação declaratória e na ação constitutiva:
O que se pode pedir é a ANTECIPAÇÃO dos EFEITOS DA DECLARAÇÃO e dos EFEITOS DA CONSTITUIÇÃO. Não se pode pedir a antecipação da declaração e nem da constituição. Não se pode pedir declaração provisória ou a constituição provisória, porque ambas pressupõem certeza. O que se pode pedir é a antecipação dos efeitos da constituição e da declaração e não requerer o reconhecimento da declaração ou da constituição. Na verdade, em qualquer situação o que se antecipa não é a tutela em si – senão desnecessário seria chegar-se ao termo final do processo – mas apenas os seus efeitos.
Sempre que se pedir a suspensão dos efeitos de um ato é sempre um pedido de TUTELA ANTECIPADA em ação declaratória ou em ação constitutiva.
Cabe em qualquer procedimento, inclusive nos procedimentos de jurisdição voluntária, no inventário (já que se pode pedir a antecipação dos efeitos da partilha).
Segundo Marinoni, nos procedimentos especiais é cabível a tutela antecipada com base no art. 273, CPC, se não forem preenchidos os requisitos para a tutela antecipada específica do procedimento. Ex: tutela antecipada nas ações possessórias propostas após ano e dia. Ressalte-se que a tese NÃO É PACÍFICA, e há posições no sentido de que, não sendo preenchidos os requisitos para a antecipação de tutela do procedimento especial, não seria possível concedê-la com base no art. 273, CPC, eis que se tratariam de regras especiais.
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, APELAÇÃO E EFEITOS
Marinoni, ao tratar dos efeitos da apelação da sentença que defere tutela antecipada, afirma que “a parcela da sentença que antecipa a tutela jurisdicional é recorrível mediante agravo de instrumento; a outra, mediante apelação, que deve ser recebida apenas no efeito devolutivo (art. 520, VII, CPC). Contudo, esse não é o entendimento prevalente. O Superior Tribunal de Justiça assevera que “o recurso cabível da decisão que antecipa os efeitos da tutela no bojo da sentença é a apelação, em homenagem ao princípio da UNIRRECORRIBILIDADE das decisões.
TUTELA CAUTELAR: NATUREZA E CONCEITO; DISTINÇÃO EM RELAÇÃO À ANTECIPAÇÃO DE TUTELA; FUNGIBILIDADE DAS TUTELAS DE URGÊNCIA: VISÃO ATUAL DO TEMA.
NATUREZA E CONCEITO
É NÃO SATISFATIVA eis que APENAS permite a TUTELA JURISDICIONAL MEDIATA, ou seja, destina-se a permitir, garantir a futura realização do direito substancial.
Tem por fim GARANTIR a EFETIVIDADE de OUTRO PROCESSO, ao qual se liga necessariamente.
Protege a efetividade de um provimento jurisdicional a ser proferido em outro processo. Quando o tempo de duração do processo gerar uma situação de perigo para o próprio direito material, não será adequada a utilização do processo cautelar, mas sim do instituto da antecipação de tutela.
Calamandrei o caracterizou como sendo de uma INSTRUMENTALIDADE QUALIFICADA, ou de INSTRUMENTALIDADE AO QUADRADO ao afirmar que o processo cautelar é o instrumento de realização de outro processo, este, por seu turno, instrumento de atuação do direto substancial. É, portanto, o INSTRUMENTO DO INSTRUMENTO.
O processo cautelar pode ser preparatório ou incidental.
DISTINÇÃO EM RELAÇÃO À ANTECIPAÇAO DE TUTELA
	TUTELA ANTECIPADA
	TUTELA CAUTELAR
	É uma tutela SATISFATIVA, assegura o direito MATERIAL AFIRMADO PELO AUTOR satisfazendo-o, mesmo que parcialmente. Efetiva o direito MATERIAL perseguido, mesmo que provisoriamente.
	É uma tutela CONSERVATIVA. Ela conserva o mesmo estado inicial de COISAS, PESSOAS ou PROVAS, assegurando o RESULTADO ÚTIL de outra tutela de conhecimento ou de execução.
	SATISFAZ PARA ASSEGURAR
	ASSEGURA PARA SATISFAZER
	Antecipa/adianta os EFEITOS PRÁTICOS da sentença de mérito. O que se concede ao autor liminarmente coincide, em termos práticos e no plano dos fatos (embora reversível e provisório), com o que está sendo pleiteado principaliter.
	Não há coincidência entre o que foi decidido cautelarmente e o que é pleiteado ao final.
	Concedida por meio de uma liminar ou seja de uma decisão interlocutória na própria ação principal.
	Concedida em processo autônomo. 
	CRÍTICA: NÃO é o critério acima que distingue as duas tutelas, a diferença realmente está no primeiro item. Há casos de TUTELA ANTECIPADA que é concedida em processo autônomo e casos de cautelares que não são concedidos em processo autônomo.
ALIMENTOS PROVISIONAIS: tutela antecipada, todos os alimentos são satisfativos.
SEPARAÇÃO DE CORPOS: tutela antecipada.
AÇÃO CAUTELAR DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO: Para BEDAQUE e Dinamarco é uma antecipação de tutela em um processo autônomo.
LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA: pode ter natureza jurídica de tutela antecipada ou de tutela cautelar, dependendo do requerimento que está sendo feito. EXEMPLO: uma empresa foi excluída da licitação, impetra o MS e pede uma liminar para voltar a participar da licitação até que se julgue o mérito (TUTELA ANTECIPADA), mas se pedir a suspensão do processo de licitação, paralisando a licitação (TUTELA CAUTELAR).
	Só pode ser concedida a requerimento da parte, eis que visa a resguardar precipuamente direito seu.
	Pode ser concedida de ofício, já que visa a garantir a efetividade do processo, da decisão a ser posteriormente proferida, e, consequentemente, da própria jurisdição.
	EXEMPLO: uma pessoa com 80 anos de idade promove uma ação de dissolução parcial de sociedade mercantil e quer receber os seus haveres. Pede uma tutela antecipada para receber mensalmente uma parcela dos valores que tenha a receber
	EXEMPLO: arresto. A deve a B e começa a se desfazer de seus bens, o arresto será ajuizado para manter o estado de coisas.
	A tutela é antecipada, a decisão é que é antecipatória
	
A satisfatividade está relacionada com o conteúdo da decisão.
	SATISFATIVIDADE
	DEFINITIVIDADE
	REVERSIBILIDADE
	É atributo da tutela antecipada
	É contraponto da provisoriedade (possibilidade de revisão no mesmo processo porque fundada em cognição sumária, que não faz coisa julgada)
	É um problema prático (tanto a tutela antecipada quanto a cautelar podem ter efeitos irreversíveis)
	Está relacionada com o conteúdo da decisão, conferindo a satisfação do direito material
	Está relacionada com a ESTABILIDADE da decisão. A decisão definitiva é a decisão que se funda em cognição exauriente, podendo fazer coisa julgada.
	Está relacionada com os efeitos da decisão. A decisão irreversível impede a possibilidade de revisão dos seus efeitos. 
LIMINAR: é a decisão que é tomada no início do processo. A antecipação de tutela pode ou não ser liminar, ou seja, pode ou não ser concedida no início do processo. É possível a existência de liminar que seja cautelar. Liminar é apenas um atributo uma qualidade que significa o momento de produção no processo. 
MARINONI: Tutela cautelar e tutela antecipatória. A TUTELA CAUTELAR destina-se assegurar uma situação jurídica ou a efetividade da tutela do direito material. É caracterizada pela INSTRUMENTALIDADE e pela REFERIBILIDADE. A tutela cautelar é instrumento da tutela satisfativa, na medida em que objetiva garantir a sua frutosidade. Sempre se refere a uma tutela satisfativa do direito. A tutela antecipatória, de outra parte, é satisfativa do direito material, permitindo a sua realização – e não a sua segurança – mediante cognição sumária ou juízo de verossimilhança. A tutela antecipatória tem a mesma substância de tutela final com a única diferença de que é lastreada em verossimilhança. A TUTELA ANTECIPATÓRIA é a TUTELA FINAL fundadaem COGNIÇÃO SUMÁRIA. 
Tutela cautelar e tutela inibitória. A tutela cautelar é instrumento de outra tutela, enquanto a TUTELA INIBITÓRIA é uma TUTELA AUTÔNOMA, também dita satisfativa. A tutela inibitória tem como pressuposto a ameaça de ato contrário ao direito, podendo ser utilizada não apenas quando se teme uma primeira violação, mas também quando se teme a sua repetição ou mesmo a continuação da atividade ilícita. A demanda em que se postula a tutela inibitória (art. 461, CPC) é AÇÃO PRINCIPAL, bastante em si, ao passo que a tutela cautelar é vinculada a outra tutela (art. 806, CPC). Exemplo: tutela capaz de impedir a violação de direito da personalidade ou de propriedade intelectual.
Tutela cautelar e tutela de remoção de ilícito. A tutela de remoção do ilícito objetiva a eliminação dos efeitos concretos posteriores à prática de um ato ilícito, não se confundindo com a tutela de inibição do ilícito nem com a tutela contra a probabilidade de dano. Na ação que visa à obtenção de tutela de remoção do ilícito não se admite a discussão do dano, não devendo o juiz perguntar sobre probabilidade de dano para conceder a tutela jurisdicional. A tutela de remoção do ilícito é satisfativa, não se revestindo da instrumentalidade característica da tutela cautelar. Exemplo: No caso de exposição à venda de produto com composição proibida, por exemplo, basta, para se obter a tutela de remoção do ilícito (mediante a busca e apreensão), a demonstração da prática do ato contrário ao direito. 
Enquanto a probabilidade da prática de ato contrário ao direito é pressuposto da tutela inibitória, para a tutela de remoção basta a ocorrência da violação da norma, sendo desnecessário cogitar, em relação a ambas as tutelas, não apenas sobre a probabilidade e a ocorrência de dano, mas também a respeito de culpa, até porque a exigência dessa última se presta apenas a legitimar a imposição da sanção ressarcitória. A passagem do ato contrário ao direito ao fato danoso faz a ponte entre a tutela de remoção do ilícito e a tutela ressarcitória.
FUNGIBILIDADE DAS TUTELAS DE URGÊNCIA: VISÃO ATUAL DO TEMA
Como são espécies do mesmo gênero, é natural que se crie para elas a fungibilidade. Assim, se a parte requer uma medida, mas o juiz entende que somente há requisitos para a outra o juiz pode conceder.
Essa fungibilidade começou a ocorrer na jurisprudência. Depois, em 2002, a possibilidade de fungibilidade foi incorporada ao CPC.
O § 7o do art. 273, permitiu que a tutela cautelar pudesse ser concedida dentro do processo de conhecimento. Ou seja, a tutela cautelar pode ser dada dentro de um processo de conhecimento. Isso é uma revolução.
Requerimento: não é necessário, o juiz pode aplicar de ofício a fungibilidade mesmo sem o requerimento.
EXISTÊNCIA DE DÚVIDA: alguns autores vêm defendendo que seria necessária a existência de dúvida, não sendo aplicada a tutela antecipada em caso de inexistência de dúvida objetiva. É a posição de WAMBIER, MARINONI, MITIDIERO ET AL. Para DIDIER, isso não faz sentido, o dispositivo não prevê esse requisito, a doutrina não pode vir para prejudicar e complicar um dispositivo voltado para a função social do direito.
CAUTELARES NOMINADAS: a fungibilidade ocorre em relação às cautelares nominadas? 
Há muita DIVERGÊNCIA NA DOUTRINA: uns aceitam e outros não (inexistência de dúvida da medida adequada, porque a própria lei diz qual é a figura, então ocorreria o erro grosseiro, ou seja, não haveria dúvida entre as medidas, assim, não se poderia permitir a fungibilidade diante da existência de cautelar nominada). 
RODRIGO CUNHA LIMA: o CPC não prevê limites, assim, há uma fungibilidade ampla, a tendência é admitir com mais força a fungibilidade em todos os campos processuais (fungibilidade de meios processuais); depois das reformas processuais, o CPC dispõe de vários meios processuais para obtenção de um resultado, o que decorre da instrumentalidade do processo.
FUNGIBILIDADE PARA OS DOIS LADOS (de MÃO DUPLA): tanto de tutela antecipada para cautelar, quanto o contrário. O texto estabelece a possibilidade FUNGIBILIDADE REGRESSIVA, porque parte do mais para o menos, ou seja, a antecipação de tutela para a tutela cautelar. A dúvida existe sobre a possibilidade de deferimento da FUNGIBILIDADE PROGRESSIVA, ou seja, sair da cautelar para a tutela antecipada. Será que o juiz pode aplicar a fungibilidade e conceder a tutela antecipada? DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA.
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (responsável pelo texto legal): afirma que NÃO É POSSÍVEL a fungibilidade de mão dupla.
CÂNDIDO DINAMARCO: defende a POSSIBILIDADE de fungibilidade de mão dupla. Da mesma forma, ALEXANDRE FREITAS CÂMARA.
DIDIER: é POSSÍVEL a fungibilidade progressiva desde que haja a MODIFICAÇÃO do PROCEDIMENTO. Se o rito era cautelar e é feito o pedido de tutela antecipada, o juiz deve modificar o procedimento para o procedimento ordinário, sob pena de prejuízo da defesa do réu.
ARRUDA ALVIM: é cabível somente se a fungibilidade for só uma questão de nomenclatura, vale nas duas vias, mas se não for só isso, ou seja, se a natureza da medida for diferente, não pode trocar. EXEMPLO: a sustação de protesto pode ser considerada TA ou cautelar, mas, no fundo, a medida é a mesma.
MARINONI e MITIDIERO: admite para os dois lados, desde que preenchidos os pressupostos inerentes à concessão da tutela antecipatória.
No STJ, não existe manifestação expressa pela admissão ou não da fungibilidade progressiva.
�	 CUNHA, Leonardo José Carneiro da. A fazenda pública em juízo. 3. ed.rev. ampl. e atual. São Paulo: Dialética, 2005. p. 196.

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