Buscar

ALIENAÇÃO PARENTAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ALIENAÇÃO PARENTAL
RESUMO
Tem como objetivo este trabalho de conclusão de curso, por meio de levantamento bibliográfico, em jurisprudência e doutrina, trazer para uma discussão, o fenômeno da alienação parental e suas consequências, demonstrando que tal prática adoce o núcleo familiar, usando a prole, como peça para a vingança. E que nas lides de divórcio e ou homologação de guarda, tal prática, surge no sistema de Justiça brasileiro e o tratamento que recebem, dentre os dispositivos legais, a Lei 12.318/2010, que dispõe sobre atos de alienação parental e as medidas de coerção e punição. Dentre todos os entendimentos possíveis, é sobremaneira, a proteção da criança e do adolescente a primazia deste.
1 INTRODUÇÃO
Pretende o presente trabalho, trazer à discussão em 8 capítulos, o tema da alienação parental, por entender que tal conduta, ameaça a saúde da família, da sociedade e do Estado.
Considera relevante para o entendimento, a evolução do instituto família, e as modificações comportamentais, ocorridas ao longo da história, sob a ótica da figura do filho, entende-se aqui, para fins didáticos, criança até 12 anos, e adolescente com idade entre 12 e 18 anos, conforme dispõe a legislação vigente.
Destarte, no ensejo de melhor compreender a família, este trabalho de conclusão de curso, preocupou-se em descrever os modelos familiares, existentes atualmente na sociedade brasileira, a maneira que se organizam e qual o tratamento que recebem da lei, dedicando um capítulo aos princípios norteadores do direito de família.
No capítulo 5, discorre sobre a dissolução da sociedade conjugal e do vínculo matrimonial, em que pese à impossibilidade da aplicação da guarda compartilhada, e no capítulo 6 sobre poder familiar, especificamente, quando há extinção do exercício deste direito.
Na tentativa em esgotar o entendimento da conduta da alienação parental, diante da análise bibliográfica, baseada em pesquisas doutrinárias e jurisprudenciais, para a compreensão da problemática, alude em síntese o histórico e o esboço das primeiras manifestações, remetendo-se até as tragédias gregas.
Dos atos ofensivos do alienante, que surge para o filho, a síndrome da alienação parental, atormentando seu psicoemocional.
Em que pese, este estudo, a alienação parental, excedeu a esfera familiar e adoeceu a sociedade, passando a existir no judiciário brasileiro, consequentemente, houve a necessidade da Lei 12.310/2010, para regulamentar a conduta, exemplificando e impondo sansão.
Por fim, a referida lei, respaldada na Constituição Federal e demais leis infraconstitucionais, veio de modo, a sanar os anseios da sociedade, que clama pelo fim da agressão as nossas crianças, que tanto repercutem a mídia, para que o Brasil seja um país livre das mazelas da alienação parental.
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA: DA FAMÍLIA PRIMITIVA À FAMÍLIA MODERNA SOB O ENFOQUE DO DIREITO DE FAMÍLIA 
Entre os vários organismos sociais e jurídicos, o conceito, a compreensão e a extensão de família, são os que mais se alteraram no curso dos tempos... Como uma entidade orgânica, a família deve ser examinada, primordialmente, sob o ponto de vista exclusivamente sociológico antes de o ser jurídico.‖ Entidade basilar da sociedade, com especial proteção do Estado, assim afirmados pelo artigo 226, caput da Constituição Federal de 1988, a família sofreu transformações, tanto em sua estruturação, quanto em sua extensão. Passou a existir mais tardiamente, dividiu as responsabilidades, ganhou em qualidade de vida e perdeu na quantidade de membros. Matéria de estudo do Direito de Família e presente em outras legislações, estes mantiveram-se receptivos, a fim de amparar as tais modificações, ocorridas ao longo do tempo. Aduz, DINIZ (2004, p. 3), sobre a matéria tratada no direito de família: Constitui o direito de família o complexo de normas que regulam a celebração do casamento, sua validade e os efeitos que dele resultam, as relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, a dissolução desta, a união estável, as relações em pais e filhos, o vínculo do parentesco e os institutos complementares da tutela e curatela. 2.1 A Família Primitiva Para Friedrich Enges, apud VENOSA (2008, p. 3), ―... Em sua obra sobre a origem da família, editada no século XIX, no estado primitivo das civilizações o grupo familiar não se assentava nas relações individuais. As relações sexuais ocorriam entre todos os membros que integravam a tribo.‖ A civilização primitiva foi assinalada pela passagem da endogamia, relações com vários integrantes da mesma tribo, para monogamia, relação com uma pessoa de outras tribos, sendo este o critério fundamental para o desenvolvimento da sociedade, embora algumas civilizações, orientais, mantenham a poligamia, até a atualidade. A constituição da família monogâmica desempenhou um papel de impulso econômico e social, forçou o reconhecimento da paternidade, o que garantiu aos filhos, assistência e proteção. Em decorrência, do agrupamento familiar seus membros começam a trabalhar para a subsistência do grupo, originando a propriedade individual, em um fator econômico de produção. 
2.2 A Família Romana 
Organizada sob a autoridade do pater famílias, o poder era superlativo a figura do pai O pater famílias exercia sobre os filhos direito de vida e de morte (ius vitae ac necis). Podia, desse modo, vendê- los impor-lhes castigos e penas corporais e até mesmo tirar-lhes a vida.‖ O pai distribuía a justiça e era responsável por toda administração familiar, patrimonial e religiosa, era sujeito de seu próprio direito, tinha total domínio sobre a esposa. A mulher com o casamento perdia seu passado, de modo que não transmitia aos filhos, seus traços. Neste contexto, WALD (2000, p. 10), ―O pater famílias exercia toda a sua autoridade sobre todos os seus descendentes não emancipados, sobre sua esposa e sobre todas as mulheres casadas com o manus com os seus descendentes.‖ Com o advento do cristianismo, a poligamia e o divórcio passaram a ser condenados, o casamento religioso foi elevado a condição de sacramento e possuía dentre as finalidades, a geração e a educação. Com abrandamento das regras do pater, e estimulados pela necessidade militar a família ganha patrimônio independente. Surge o casamento sine manu, o qual retira uma certa subordinação da mulher à família do marido, permitindo-a usufruir de seus bens.
2.3 A Família na Idade Média 
O casamento mesmo longe de ter uma conotação afetiva se torna um dogma, motivo pelo qual o divórcio passa a ser condenado. ―Os canonistas opuseram-se ao divórcio, considerando-o um instituto contrário à própria índole da família e ao interesse dos filhos, cuja a formação prejudica‖, WALD (2000, p. 12). A Igreja Católica ganha força, subordina a família a seus preceitos, mas em 1767, surge na França o casamento civil, contudo, é com o nascimento do filho que o casamento tem sua finalidade alcançada, neste contexto para VENOSA (2002, p. 19), ―reside nesse aspecto a origem histórica dos direitos amplos, inclusive em legislações mais modernas, atribuídos aos filhos, em especial ao primogênito, a quem incumbiria manter unido o patrimônio em prol da unidade religioso-familiar‖. Dentre tantas funções, o casamento, uniu as famílias do casal, adentrou os filhos à sociedade e a profissão do pai passou a perdurar pelas gerações. No contexto econômico, a sociedade agrícola, necessitada de mão de obra exigiu famílias mais numerosas, onde todos trabalhavam, subordinados a figura do chefe de família.
2.4 A Família Moderna 
A industrialização é o marco da sociedade moderna, a família neste período sofre significativas transformações, em sua extensão, há saída dos pais para laborar na indústria e o estado se torna o educador dos filhos. As alterações da família, são assim, descritas por VENOSA (2008, p. 5): 
Atualmente, a escola e outras instituições de educação, esportes e recreação preenchem atividades dos filhos que originalmente eram de responsabilidade dos pais. Os ofícios não mais são transmitidos de pai para filho dentrodos lares e das corporações de oficio. A Educação cabe ao Estado ou a instituições privadas por ele supervisionadas. A religião não mais é ministrada em casa e a multiplicidade de seitas e credos cristãos, desvinculados da fé originais, por vezes oportunistas, não mais permite uma definição homogênea. Também as funções de assistência a crianças, adolescentes, necessitados e idosos têm sido assumidas pelo Estado.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem insurge o espírito de igualdade, o que causa significativa transformação no poder familiar. Com o pai na indústria e a mãe no mercado de trabalho, a família passa por restringir a quantidade de filhos, devidos também as condições de insalubridades desta época e ao controle de natalidade. Na idade moderna, notórias são as transformações ocorridas no seio familiar, o casamento se torna união afetiva entre duas pessoas, a mulher adquire direitos, os filhos passam a freqüentar a escola, o poder familiar se torna compartilhado entre os pais, o sustento da casa não é mais exclusivo aos homens e o catolicismo perde espaço para outras religiões. Motivados por tamanhas transformações, emergem as uniões sem casamento, com aceitação da sociedade e o amparo legal. Neste contexto, na década de 60, à tendência a ruptura do vínculo conjugal, o divórcio, e deste desdobramento, as famílias monoparentais, ou seja, somente um dos genitores solteiro, divorciado, separado ou viúvo, agora é responsável pela sua prole. 
3 A ATUAL ESTRUTURA DA FAMÍLIA BRASILEIRA
 O grande poder da Igreja Católica no Brasil, durante anos foi o responsável pelo casamento no religioso ser considerado a base para a formação da família. Ainda pesam na Carta Magna, a influência do Direito Canônico, conforme o texto do parágrafo 2º do artigo 226, in verbis ―O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.‖ Com o desgaste da religiosidade e com as transformações sociais, a família se reestrutura em novas formas e a sociedade absorvendo tais modificações, cobra do estado, normas para regulamentações destas relações familiares. Neste contexto, GONÇALVES (2013, p. 33), expõe que a Constituição Federal de 1988 ―absorveu essas transformações e adotou uma nova ordem devalores, privilegiando a dignidade da pessoa humana, realizando verdadeira revolução no Direito de Família...‖ Há tendência em ampliar o conceito de família, a fim de, incluir situações não citadas pela Constituição Federal de 1988. Conforme comentário, GONÇALVES (2013, p. 35):
Fala-se, assim, em:
a) Família matrimonial: decorrente do casamento;
b) Família informal: decorrente da união estável;
c) Família monoparental: constituída por um dos genitores com seus filhos;
d) Família anaparental: constituída somente pelos filhos;
e) Família homoafetiva: formada por pessoas do mesmo sexo;
f) Família eudemonista: caracterizada pelo vínculo afetivo.
Em todas as formas de constituição e dissolução da família brasileira, houve a previsão do legislador em preservar o direito fundamental, a dignidade da pessoa humana, com destaque na proteção do direito dos filhos, na necessidade de convívio que tem o filho com o pai ou com a mãe para compor sua formação. Mesmo com os pais separados, os filhos terão a mesma proteção e qualidade de vida de antes da dissolução da sociedade conjugal, sendo dever do possuidor da guarda, entende-se aqui guarda unilateral, o dever de proporcionar estas, e do outro em fiscalizar as mesmas.
3.1 Família Matrimonial 
Tratado pelo Código Civil de 1916, o matrimônio era a única forma de constituição da família legitima. Contudo a Constituição Federal de 1988, no anseio em traduzir a nova realidade social, previu no artigo 226, § 3º, a proteção do Estado para a União Estável, entre homem e mulher.
A família matrimonial, advinda pelo casamento, destaca-se pelo desuso. Devido a outras prioridades, principalmente, pelas mulheres, que almejam sucesso profissional, ante a realização pessoal, o casamento tornou-se mais tardio e houve a opção pela desburocratização, motivo pelo qual aumentou significativamente as uniões estáveis, incidindo com maior freqüência nas classes mais baixas. Contudo, é o matrimônio, a fonte inspiradora para o direito de família, ilustrado por DINIZ (2004, p. 5):
O direito matrimonial abrange normas concernentes à validade do casamento (como as que disciplinam a capacidade matrimonial, os impedimentos matrimoniais e as causas suspensivas, a celebração, prova, nulidade e anulabilidade do casamento); às relações pessoais entre os cônjuges, com a imposição de direitos e deveres recíprocos, bem como as suas relações econômicas, que chegam até a constituir um autêntico instituto, que é o regime de bens entre os cônjuges; e a dissolução da sociedade conjugal e do vínculo matrimonial.
O Código Civil, no livro IV, no título I, no capítulo XI, trouxe em seu bojo a preocupação com a guarda e proteção dos filhos, para os casos de dissolução da sociedade conjugal. São os deveres dos pais, e que quando violados, caracterizam a alienação parental, facultando ao juiz, quando verificada, poderes para modificação da guarda do menor. Tal regramento, aplica-se, as demais famílias, ao passo que o interesse do menor deverá ser preservado e fiscalizado pelos pais. 
3.2 Família Informal 
Considerando o ânimo dos conviventes, a Lei n. 9.278/96, regulamenta no artigo 1º, os critérios para o reconhecimento da União Estável. ―É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituição de família‖. Sendo, intenção do legislador, ao dispor ―... com o objetivo de constituição de família.‖, a concepção dos filhos. Preocupação, ainda com a prole, teve o legislador no tocante aos direitos e deveres dos pais, descrito no artigo 2º, III, da mesma lei ―guardar, sustento eeducação dos filhos comuns‖. Sendo o dever do que possui o direito a guarda de zelar e do outro em prestar a assistência devida A opção pela União Estável é o caminho menos burocrático para a concepção da família, mesmo sofrendo regulamentação constitucional e infraconstitucional, no Código Civil e na lei acima mencionada, entretanto, as demandas para dissolução, costumam ser mais morosas para o Judiciário. Hà uma primeira lide, que é a comprovação da união, obstáculo superado nos casos do matrimônio, para posteriormente discutir-se a separação. Ambos os processos de separação judicial, quando houve a anterior opção pelo casamento civil, e durante o processo de dissolução da união estável, até transitar em julgado, há de se observar, principalmente pelo juízo, os sinais de uma alienação parental, por parte de um dos genitores, visto que, alguns sinais podem vir a manifestar-se ainda durante o processo. Contudo a lei da União Estável, não contemplava a relação homoafetiva, nem a família advinda desta, pois é bem taxativa ao dispor a entidade familiar como a ―convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituição de família‖. Sendo este assunto, ultrapassado pela sociedade, pois o afeto independe do sexo do par. O Superior Tribunal Federal (STF), em 05/05/2011, declarou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) n 4.277 e Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n. 132, com eficácia erga omnes e efeito vinculante, conferindo interpretação conforme a CF ao artigo 1.723 do CC, afim de declarar a aplicabilidade de regime da união estável às uniões homoafetivas.
3.3 Família Homoafetiva 
Sob observância dos princípios fundamentais da CF, que assim dispõe no artigo 3º, I, ―Constituem objetivos fundamentais da república federativa do Brasil:
Construir uma sociedade livre, justa e solidária‖ e inciso IV ―promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.‖ é que a união homoafetiva recebe o amparo legal. Ainda sem norma especifica que a regulamente, o direito matrimonial é aplicado subsidiariamentepara composição de lides. Na ADPF 132, o Preceito Fundamento solicitado é o reconhecimento de pessoas do mesmo sexo, no 4º parágrafo do ADIn n. 4.277, na narração dos fatos, descreve-se a atual realidade social no pais:
A união entre pessoas do mesmo sexo é hoje uma realidade fática inegável, no mundo e no Brasil. Embora as parcerias amorosas entre homossexuais tenham sempre existido na história da humanidade, é certo que, com a liberação dos costumes, o fortalecimento dos movimentos de luta pela identidade sexual dos gays e lésbicas e a redução do preconceito, um número cada vez maior de pessoas tem passado a assumir publicamente a sua condição de homossexual e engajar-se em relacionamentos afetivos profundos, estáveis e duradouros.
A constituição da família na união homoafetiva, ainda é assunto recente na órbita jurídica brasileira, vista aqui no aspecto da paternidade socioafetiva, aquela que decorre do afeto e não de vínculos consangüíneos, tratada como família substituta, pois decorre de institutos jurídicos, como a adoção. Para os casais homoafetivos a adoção é uma alternativa para a concepção dos filhos, sendo que para a efetivação, alguns critérios devem ser preenchidos para receber a autorização judicial. Destaque merece o artigo 50, §§ 3º e 4º da Lei n. 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê uma preparação psicossocial e jurídica, sob orientação, supervisão e avaliação de uma equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, para dai serem verificadas a aptidão do casal para adoção.
APELAÇÃO CÍVEL. HABILITAÇÃO PARA ADOÇÃO. CASAL HOMOAFETIVO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA AFASTADA. POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DE UNIÕES HOMOAFETIVAS COMO ENTIDADES FAMILIARES. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. ATRIBUIÇÃO POR ANALOGIA DE NORMATIVIDADE SEMELHANTE À UNIÃO ESTÁVEL PREVISTA NA CF/88 E NO CC/02. HABILITAÇÃO EM CONJUNTO DE CASAL HOMOAFETIVO. POSSIBILIDADE, DESDE QUE ATENDIDOS AOS DEMAIS REQUISITOS PREVISTOS EM LEI. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DE IDADE E SEXO DO ADOTANDO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. NÃO-DEMONSTRAÇÃO DEPREJUÍZO. MELHOR INTERESSE DO ADOTANDO QUE DEVE SER ANALISADO DURANTE O ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA NO PROCESSO DE ADOÇÃO, E NÃO NA HABILITAÇÃO DOS PRETENDENTES. APELAÇÃO PROVIDA. RECURSO ADESIVO PREJUDICADO. (TJ-PR - AC: 5824999 PR 0582499-9, Relator: Mendonça de Anunciação, Data de Julgamento: 17/03/2010, 11ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 409).
Contudo, em caso de sua dissolução, quando se há filho(s) adotivo(s) desta relação, devem ser aplicados, para a guarda do(s) menor(es) as mesmas regras das uniões acima descritas. A preparação psicossocial e jurídica, a qual foram sujeitados, antes da adoção, pode tornar-se remédio para abrandar e ou combater a alienação parental, em não sendo o caso, aplica-se a Lei da Alienação Parental.
3.4 Família Monoparental 
A sociedade evolui a passos, que a manutenção da família, se torna cada vez mais desafiadora. Tanto o homem, quando a mulher, visam a independência financeira, ante a qualquer escolha que enseja subordinação ao outro. Descreve a família monoparental, as palavras de DINIZ (2004, p. 11):
A família monoparental ou unilinear desvincula-se da idéia de um casal relacionado com seus filhos, pois estes vivem apenas com um de seus genitores, em razão da viuvez, separação judicial, divórcio, adoção unilateral, não reconhecimento de sua filiação pelo outro genitor, ―produção independente‖ etc.
O aumento dos divórcios, dos casais que possuem filho, é relativamente maior, que as homologações de guarda compartilhada, predomina, ainda no juízo brasileiro, a guarda unilateral. É o genitor guardião quem deve promover os direitos da prole, contudo, geralmente, sua figura, é que está atrelado ao responsável pela conduta da alienação parental. A família monoparental, não é só a advinda da separação, pode ter surgido com a viuvez, com a incapacidade de um dos consortes, ou até mesmo, o menor estar sob a guarda de um parente. Nestes termos, explica o doutrinador, COELHO (2012, p. 302):
Diversas razões podem levar à constituição da família monoparental: a pessoa quer ter filhos, mas prefere ficar solteira a se casar ou constituir união estável; após a separação ou divórcio, os filhos ficam sob a guarda de um dos ex-cônjuges, tendo o outro se afastado do convívio com eles; o celibatário adota uma criança; a celibatária recebe em seu útero embrião fecundado in vitro; o estado de viuvez se prolonga, contentando-se o viúvo ou viúva em permanecer familiarmente ligado apenas aos seus descendentes; a mulher engravida de modo acidental, mas não tem nenhuma vontade de se vincular maritalmente ao pai do nenê etc. (cf.Leite, 1997:31/60).
Segundo o artigo de Jonabio Barbosa dos Santos e Morgana Sales da Costa Santos, ―Este fenômeno não é novo no Ocidente, pois sempre existiram pessoas que criaram e educaram seus filhos sozinhas, no entanto, a partir dos anos 60, ocorreu um aumento considerável de divórcios e este tipo familiar saltou aos olhos da sociedade.‖ 1 No Brasil, há muitos casos em que as avós maternas, são as responsáveis pela família e pela educação dos netos.
4 O DIREITO DE FAMÍLIA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E NO CÓDIGO CIVIL: O DIREITO DA PESSOA DOS FILHOS
A constituição Federal de 1891 reconheceu como legítimo no artigo 72, §§3º e 4º a instituição do casamento somente no Civil, retirando o privilégio da Igreja Católica, que legitimava o casamento católico no Brasil, como o válido. Já o Código Civil de 1916, reconhecia a família, somente a advinda com o matrimônio, de modo hierarquizada.
Para a família brasileira, se registram, ainda, o casamento no religioso, sendo passível, conforme a previsão legal, sua conversão para o casamento no civil, ainda se admira a família formada pelo matrimônio, contudo, a atual realidade da sociedade, demonstra cada vez mais a presença de novos elementos na formação familiar. 
A Constituição Federal de 1988, por ser um diploma legal mais recente, traduziu com mais precisão a nova realidade da família. Nessa linha, estão intrínsecos aos seus artigos a igualdade entre homens e mulheres, fato este, que não foi sentindo na Constituição anterior. Esta igualdade, prevista no art. 5º, I, da CF, in verbis: ―homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos dessa Constituição‖, instaura significativas mudanças na família e no tocante aos seus direitos. 
O Poder Constituinte preocupou-se em dedicar atenção ao planejamento familiar e à assistência dada pelo Estado a família. Art. 226, da CF, ―A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.‖
 As mudanças comportamentais da família e da nova Constituição federal, ofereceram pressão e exigiram a aprovação de um novo Código Civil, que inaugurou a Lei n. 10.406/2002. Segundo, GONÇALVES (2013, p. 33), as significativas mudanças quanto ao direito de família, ensejaram tais palavras:
[...] com a convocação dos pais a uma ―paternidade responsável‖ e assunção de uma realidade familiar concreta, onde os vínculos de afeto se sobrepõem à verdade biológica, após as conquistas genéticas vinculadas aos estudos de DNA. Uma vez declarada a convivência familiar e comunitária como direito fundamental, prioriza-se a família socioafetiva, a não discriminação de filhos, a corresponsabilidade dos pais quanto ao exercício do poder familiar e se reconhece o núcleo monoparental como entidade familiar.
Na Constituição Federal de 1988, o direito de família é tratado:
 No preâmbulo;
Titulo I – Dos princípios fundamentais; 
Titulo II – Dos direitos e garantias fundamentais; dos direitos e deveres individuais e coletivos...; [...] 
Titulo VIII – Da ordem social; da saúde, da educação, da família, da criança, do jovem. 
O Código Civil de 2002 dividiu o direito de família em direito pessoal e o direito patrimonial, disciplinou os deveres e direitos dos cônjuges, dirimiu sobre o poder familiar, frisou a proteção ao interesse dos filhos e principalmente assistiu as novas concepções da família. 
São matérias versadas no CC,em seu livro IV: 
Titulo I – Do direito pessoal; 
Subtítulo I – Do casamento; Tratam neste subtítulo, disposições gerais, da capacidade para o casamento, dos impedimentos, das causas suspensivas, do processo de habilitação para o casamento, da celebração do casamento, das provas do casamento, da invalidade do casamento, da eficácia do casamento, da dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, da proteção da pessoa dos filhos. 
Subtítulo II – Das relações de parentesco; disposições gerais, da filiação, do reconhecimento dos filhos, da adoção, do poder familiar (disposições gerais, do exercício do poder familiar e da suspensão e extinção do poder familiar). 
Titulo II – Do direito patrimonial; 
Subtítulo I – Do regime de bens entre os cônjuges; disposições gerais, do pacto antenupcial, do regime de comunhão parcial, do regime de comunhão universal, do regime de participação final dos aquestos, do regime de separação de bens.
 Subtítulo II – Do usufruto e da administração dos bens de filhos menores; 
Subtítulo III – Dos alimentos; 
Subtítulo IV – Do bem de família; Titulo III – Da união estável; 
Titulo IV – Da tutela e da curatela; da tutela, dos incapazes de exercer a tutela, da escusa dos tutores, do exercício da tutela, dos bens do tutelado, da prestação de contas, da cessação da tutela; da curatela, dos interditos, da curatela do nascituro e do enfermo ou portador de deficiência física, do exercício da curatela.
4.1 Princípios Aplicáveis ao Direito de Família 
Sem incorrer na tentativa de esgotar os princípios norteadores do direito de família, serão aqui tratados os mais incidentes, isto porque, existem diversas classificações doutrinárias, sendo necessária a explanação destes para uma melhor compreensão do tratamento das relações familiares na CF. 
4.1.1 Princípio da dignidade da pessoa humana 
Ao abrirmos a CF, no art. 1º, III, in verbis ―A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como Fundamentos: [...] a dignidade da pessoa humana.‖ Este princípio mãe, de caráter assecuratório, permite que a pessoa viva, conforme desejar, sem a intervenção do Estado e ou do próximo, mas que tenha garantida a qualidade de vida pretendida, e que na medida de sua necessidade terá a devida assistência. Segundo GAGLIANO (2012, p. 79):
Princípio solar em nosso ordenamento, a sua definição é missão das mais árduas, muito embora arrisquemo-nos a dizer que a noção jurídica de dignidade traduz um valor fundamental de respeito à existência humana, segundo as suas possibilidades e expectativas, patrimoniais e afetivas, indispensáveis à sua realização pessoal e à busca da felicidade.
4.1.2 Princípio da igualdade 
Nas relações familiares, é sem dúvida o princípio mais perceptível no âmbito do núcleo familiar, este princípio incidiu com o amparo estatal às modificações ocorridas na sociedade. A igualdade entre homens e mulheres, entre famílias matrimoniais e informais, entre casais heterossexuais e homoafetivos. Dentre as várias materializações do princípio da igualdade na CF, art. 5º, I, art. 226, § 5º, art. 227 e § 6º, são exemplos de que homens e mulheres são iguais perante todos da família, que aos filhos a assistência dada será inegavelmente a mesma, sendo eles havidos ou não no casamento, que as uniões homoafetivas terão as mesmas garantias das demais.
 4.1.3 Princípio da afetividade
 Este é o princípio que se pauta no afeto, dentre as várias aplicações relacionadas as matérias de direito de família, significativa é sua incidência quanto ao reconhecimento do novos elementos familiares, como a união estável, família homoafetiva. Outra efetiva aplicação deste princípio é frente à desbiologização da paternidade, onde o pai consanguíneo é desconsiderado frente ao pai convivente, considerando a paternidade não natural como sendo a real. Vasta é a incidência do princípio da afetividade, sendo impossível esgotar-se, é notado também quanto à inclusão do menor na família substituta, na guarda dos filhos. De acordo com GAGLIANO (2012, p.96), para a aplicação do princípio da afetividade no direito de família há de se respeitar as diferenças:
De fato, interpretar o Direito de Família, nesse panorama de observância do princípio da afetividade, significa, em especial — mais do que aplicar ao caso concreto uma interpretação simplesmente racional-discursiva —, compreender as partes envolvidas no cenário posto sob o crivo judicial, respeitando as diferenças e valorizando, acima de tudo, os laços de afeto que unem os seus membros.
4.1.4 Princípio da solidariedade familiar 
O princípio da solidariedade, descrito no art. 3º, I da CF, ―Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária.‖ Devendo este afeto existir nas relações pessoas, para que possa incidir nas relações familiares e consequentemente na sociedade. Nas palavras de TARTUCE (2014, p. 919), ―Ser solidário significa responder pelo outro, o que remonta à idéia de solidariedade do direito das obrigações. Quer dizer, ainda, preocupar-se com a outra pessoa. Desse modo, a solidariedade familiar deve ser tida em sentido amplo, tendo caráter afetivo, social, moral, patrimonial, espiritual e sexual.‖ Deste princípio se extrai, por exemplo, a obrigação alimentar de um cônjuge para com o outro e para com os filhos.
 4.1.5 Princípio da função social da família 
Algumas funções sociais que competiam a família passaram a pose do Estado, como a educação, a religiosidade, a segurança, mas o caráter sociocultural do indivíduo continua sendo construído no seio familiar. Este princípio remete ao entendimento da família como unidade basilar da sociedade. Esta ligado diretamente a idoneidade do comportamento indivíduo para nortear os membros da família, respeitando as características de cada um. Seguindo GAGLIANO (2012, p. 102), são exemplos da incidência deste princípio, no direito de família:
Nas palavras Miguel Reale, apud GAGLIANO (2012, p. 102): 
Em virtude dessa função social da família — que a Constituição considera ‗base da sociedade‘ — cabe ao juiz o poder-dever de verificar se os filhos devem permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, atribuindo a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, de preferência levando em conta o grau de parentesco e relação de afinidade, de acordo com o disposto na lei específica, ou seja, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990).
 [...] Tão forte é a compreensão social da família, que o juiz, atendendo a pedido de algum parente ou do Ministério Público, poderá suspender o poder familiar se o pai ou a mãe abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a ele inerentes, ou arruinando os bens dos filhos, e adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres.
4.1.6 Princípio da proteção da criança e do adolescente 
É dever constitucional, da família e do Estado, em consonância com a Constituição Federal, prestar proteção, com absoluta prioridade, no tratar com à criança, ao adolescente e ao jovem, além de colocá-los a salvo de qualquer situação de agressão física ou moral. Assim dispõe o art. 227, CF, in verbis:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
A proteção dos filhos relaciona-se a função social da família, o papel desempenhado pelos pais ao núcleo familiar, a eles, a tarefa incumbida é de proporcionar meios para a elevação moral, material da prole. Nesta vertente, os pais deverão proporcionar a educação, a saúde, a cultura, a alimentação e a profissionalização, garantindo-lhesa dignidade, a liberdade e o respeito. Extraindo deste pressuposto, a proteção da criança e do adolescente, quando ha dissolução da união, para RODRIGUES (2008, p. 245), ―E, no espírito de tutelado bem-estar dos filhos, qualquer decisão quanto à guarda e visitas (homologando acordo ou decidindo o litigo) pode ser revista a qualquer tempo, diante de novos elementos apresentados pelo interessado.‖ Ou seja, comprovada a não aplicação deste princípio por parte do possuidor da guarda do menor, este poderá, se for o caso, perde-la.
4.2 Considerações Sobre as Alterações do Direito de Família 
A família é uma unidade da sociedade, as mutações desta, repercutem diretamente na vida das pessoas, fato que levou a Constituição de 1891 e o Código Civil de 1916 a reverem, a matéria de Direito de família, para que pudessem legislar de maneira mais precisa, sobre os novos elementos formadores da família brasileira.. No tocante as alterações do direito de família, GONÇALVES (2013, p. 33):
Frise-se que as alterações pertinentes ao direito de família demonstram e ressaltam a função social da família no direito brasileiro, a partir especialmente da proclamação da igualdade absoluta dos cônjuges e dos filhos, da disciplina concernente à guarda, manutenção e educação da prole, com atribuição de poder do juiz para decidir sempre no interesse desta e determinar a guarda a quem revelar melhores condições de exercê- la, bem como para suspender ou destituir os pais do poder familiar, quando faltarem aos deveres a ele inerentes; do reconhecimento do direito a alimentos inclusive aos companheiros e da observância das circunstâncias socioeconômicas em que se encontrarem os interessados; da obrigação imposta a ambos os cônjuges, separados judicialmente (antes da aprovação da Emenda Constitucional n. 66/2010) ou divorciados, de contribuírem, na proporção de seus recursos para a manutenção dos filhos etc.
5 SÍNTESE DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO VÍNCULO MATRIMONIAL 
Houve a necessidade do CC, em versar sobre o fim do casamento, dispõe o art. 1571, do mesmo diploma legal, que a sociedade conjugal termina: I, pela morte de um dos cônjuges, II, pela anulação do casamento, III, pela separação judicial, IV, pelo divórcio. 
A morte encerra o vínculo matrimonial, mas não fecha os elos de consanguinidade e afeto com os parentes do de cujus. 
Quanto a nulidade ou anulação do matrimônio, assevera, PEREIRA (2002, p. 249): 
Na hipótese de nulidade ou anulação tem-se presente um vício na constituição do liame matrimonial; que vai comprometer a existência do próprio vínculo. Com exceção do casamento putativo que reconhece direito a um ou ambos os cônjuges se contraírem de boa-fé, não se pode afirmar que exista o rompimento do vínculo.
Faz- se necessário a diferenciação entre sociedade conjugal e casamento, aquele, termina com a separação (judicial ou extrajudicial), este, ainda com a morte do cônjuge, a presunção de morte no caso de ausente, com o divórcio ou com a declaração de invalidade do casamento. É necessário, salientar, que o instituto juridico da separação, sofre discussões sobre sua eficácia, devido a reforma constitucional, dada pela Emenda Constitucional (EC) n. 66/2010, seguindo o pensamento de Maria Helena Diniz, mantivemos nesta obra. 
Na separação judicial, há extinção da sociedade conjugal, o que não pressupõe o desfecho do matrimônio, motivo pelo qual os cônjuges não podem contrair novas núpcias. 
O divórcio põe fim ao vínculo matrimonial, se resultar de separação com fundamento na ruptura da vida comum ou na doença mental, o cônjuge solicitante, terá o dever de prestar assistência ao outro. Termina, também com a afinidade na linha colateral, podendo contrair núpcias com o seu ex-cunhado ou ex-cunhada, mas não termina com a afinidade em linha reta, não podendo casar-se com o sogro ou a sogra.
A homologação do divórcio, não permite a reconciliação, ou seja, para restabelecimento da sociedade conjugal é necessário um novo casamento. O divórcio também não está limitado a uma única vez, fato que gerou diversas discussões até o STF, finalmente posicionar-se. 
Para DINIZ (2012, p. 266) ―O casamento é, sem dúvida, um instituto mais amplo que a sociedade conjugal, por regular a vida dos consortes, suas relações e suas obrigações recíprocas, tanto as morais como as materiais, e seus deveres para com a família e a prole.‖ 
Mesmo que dissolvido o vínculo matrimonial, os direitos e deveres dos pais para com os filhos continuam intactos, mesmo que contraiam novas núpcias.
5.1 Da Guarda e da Proteção da Pessoa dos Filhos
 O Código Civil, depois de tratar da separação judicial e do divórcio, dedica o capítulo XI, a proteção da pessoa dos filhos, entre os arts. 1583 a 1590. Este capítulo está amparado pelo princípio da proteção da pessoa dos filhos, acima comentado.
 São duas as espécies de guarda dos filhos menores ou maiores incapazes, a compartilhada é de responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns e a unilateral atribuída a um dos genitores ou a alguém os substitua, art. 1583, § 1º, CC.
 Nos casos de separação judicial por mútuo consentimento ou no divórcio direto consensual, observar-se-á, quanto a vontade dos pais, sobre a guarda dos filhos menores e ou maiores incapazes, neste caso, ha presunção de que são esses, 31 os maiores interessados no bem estar da prole, conforme redação dada pelo o art. 1583 do CC.
 Regulada no art. 1583, § 2º e incisos do CC, ―A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para proporcionar aos filhos os seguintes fatores. Afeto nas relações com o genitor ou grupo familiar; saúde e segurança; educação.‖. Nota-se a preocupação na relação de afeto com o outro genitor, o que nos casos de descumprimento deste preceito, torna-o possuidor da guarda, um genitor alienante e sujeito as sanções que podem chegar até a inversão da guarda.. 
Nas palavras de GONÇALVES (20012, p.291):
Não se indaga, portanto, quem deu causa à separação e quem é o cônjuge inocente, mais qual deles revela melhores condições para exercer a guarda dos filhos menores, cujos interesses foram colocados em primeiro plano. A solução será, portanto, a mesma se ambos os pais forem culpados pela separação e se a hipótese for de ruptura da vida em comum ou separação por motivo de doença mental.
Para Tânia da Silva Pereira, apud PEREIRA (2004, p. 297), ―O príncipio do ―melhor interesse da criança‖ identifica-se como ―Direito Fundamental‖ na Constituição Federal em razão da ratificação da Convenção Internacional sobre os Direitos da criança – ONU/89.
6 PODER FAMILIAR 
No âmbito jurídico, poder familiar é o conjunto de direitos e deveres, impostos por normas, e que os pais exercem, nos limites da autoridade parental, sobre os filhos menores e ou maiores incapazes. São definições José Virgílio Castelo Branco Rocha, apud DINIZ (2012, p. 601):
O poder familiar pode ser definido como um conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido, em igualdade de condições, por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho.
Para GONÇALVES (1955, p. 307), ―O instituto em apreço resulta de uma necessidade natural. Constituída a família e nascidos os filhos, não basta alimentá-los e deixá-los crescer à lei da natureza, como animais inferiores. Há que educá-los e dirigi-los.‖ 
Em decorrência do surgimento das relações familiares monogâmicas, ocasionou o reconhecimento da paternidade, a guarda e a proteção, e a constituição da família como conhecemos nos dias atuais, o que mais tarde decorreu o parentesco em função do casamento, a filiação fora do matrimônio, a família substituta e todas as nuances que essas novas estruturas familiares trouxeram para a sociedade. 
Nas antigas civilizações, como a romana e agrega, fundamentadas no princípio da autoridade, constitui-se o pátrio poder, podendo mais tarde ser substituído pelo filho mais velho ou então pelo mais hábil. O pátrio poder sobreviveu até não muito tempo atrás para só então ser substituído pelo o que hoje é denominado poder familiar, ou seja, a fixação jurídica dos interesses dos filhos, visando protegê-los e não beneficiar quem o exerce. 
Sobre o enfraquecimento do poderio paterno na família romana, preleciona GONÇALVES (2013, p. 417):
O poder familiar não tem mais o caráter absoluto de que se revestia no direito romano. Por isso, já se cogitou chamá-lo de ―pátrio dever‖, por atribuir aos pais mais deveres do que direitos. No aludido direito denominava-se patria potestas e visava tão somente ao exclusivo interesse do chefe de família. Este tinha o jus vitae et necis, ou seja, o direito sobre a vida e a morte do filho. Com o decorrer do tempo restringiram-se os poderes outorgados ao chefe de família, que não podia mais expor o filho, (jus exponendi), matá-los (jus vitae et necis) ou entregá-lo como indenização.
Nas palavras de DINIZ (xxxx, p.), poder familiar é comumente exercido ora pelo genitor ora pela genitora, podendo em muitos casos ser exercidos por ambos, descreve, assim:
Um conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho não emancipado, exercido em igualdade de condições por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, em vista do interesse e da proteção dos filhos. Se, porventura, houver divergência entre eles, qualquer deles poderá recorrer ao juíza solução necessária, resguardando o interesse da prole (artigo 1690, parágrafo único do Código Civil).
Atualmente, é nítido, quanto à situação do poder, que não pertencente apenas a uma única figura, a masculina, mas sim a ambos os cônjuges, ou então, devido às diferentes estruturas familiares, no caso de pais separados. 
Quando da separação dos pais, surgem para os filhos, uma nova estrutura familiar, o aparecimento de madrastas, padrastos, com influência direta na proteção dos interesses, bem como a família monoparental, a substituta ou então como é cada vez mais comum de se ver, a presença de avós e de casais homoafetivos. 
As novas conjunturas da sociedade, apesar de resistentes foram obrigados a admitir e incluir, de forma inevitável, a consagração do princípio da bilateralidade nas relações pai-filho, a atribuição do dever parental a ambos os pais e a predominância dos deveres e do sentido de proteção e defesa dos interesses do amparado.
 Respaldados, porque encontraram amparo legal, tanto a Constituição de 1988, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069 de 1990, que consagram os direitos dos filhos e o poder familiar exercido pelo pai e ou pela mãe.
Artigo 21 do ECA ―O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência‖ 
Poder este que após a publicação do Código Civil, alterou a nominação para ―poder familiar‖. 
No que tange a proteção dos direitos dos filhos, para Washington de Barros Monteiro, apud GONÇALVES (2013, p. 416), esta deixou a órbita privada para participar do direito público, conforme redação:
Modernamente, graças a influência do Cristianismo, o poder familiar constitui um conjunto de deveres, transformando-se em instituto de caráter eminentemente protetivo, que transcende a órbita do direito privado para ingressar na órbita do direito público. Interessa ao Estado, com efeito, assegurar a proteção das gerações novas, que representam o futuro da sociedade e da nação. Desse modo, o poder familiar nada mais é do que um múnus público, imposto pelo Estado ao pais, a fim de que zelem pelo futuro de seus filhos. Em outras palavras, o poder familiar é instituído no interesse dos filhos e da família, não em proveito dos genitores, em atenção ao princípio da paternidade responsável insculpido no art. 226, § 7º, da Constituição Federal.
Redação dada pela Lei n. 9.263, de 12 de janeiro de 1996, Planejamento Familiar, no art. 226, § 7º, da CF:
Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte das instituições oficiais ou privadas.
O poder familiar é alicerçado em princípios, e dentre eles o da indisponibilidade, ou seja, não é escolha do pai ou da mãe, deixar de exercê- lo. Inalienável, não pode ser transferido, sob espécie alguma, a título gratuito ou oneroso. Irrenunciável, não podendo os pais renunciá-lo e imprescritível, não decai o direito o fato de não ser exercido. 
Somente podem os pais perdê-los, a guarda, na forma da lei, quando, tiverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta, art. 166, do ECA, mas até esse transferência é retratável, consoante ao § 5º do mesmo artigo, se respeitado a data da publicação da sentença constitutiva da adoção.
O Estado, assegura a não intervenção no núcleo familiar, mas cria meios em garantir que os filhos menores ou maiores incapazes, tenham a proteção de seus direitos zelados pelos pais, sob pena de perda da guarda. Visa, ainda, garantir a saúde das futuras gerações, com medidas legais que obrigam os pais a proteção dos interesses. É o Estado o grande propulsor da manutenção da família. 
O filho há de permanecer no seio da família original, ligado aos pais biológicos, para isso o Estado cria meios legais de amparo, como programas assistenciais, afim de que a ordem natural, pai, mãe e filhos, seja mantida, para apenas em casos excepcionais, seja colocado em um ―lar substituto.‖ 
No ECA, artigo 22 está estabelecido os deveres dos pais ―Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.‖
 As autoridades cabem supervisionar lhes o comportamento e controlar o exercício. Em relação ao poder familiar, quanto aos bens do filho, a regra geral é que enquanto menores, sejam administrados pelos pais, porém, não envolve a disposição. Como determina o § 2º do Art. 1733, do CC “ Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá nomear-lhe curador especial para os bens deixados, ainda que o beneficiário se encontre sobre o poder familiar, ou tutela‖”
6.1 A Extinção Poder Familiar 
A lei institui o poder familiar como mecanismo de proteção aos filhos família. Mas o legislador estipula situações que preveem seu fim. Os casos de cessação, suspensão e extinção do poder familiar. 
Para DINIZ (2004, p. 489), ―O procedimento para a perda ou suspensão do poder familiar iniciar-se-à por provocação do ministério público ou de quem tenha legitimo interesse (Lei n. 8.069/90, arts. 24, 155 e 201, III)...‖ 
Ainda nas palavras de GONÇALVES (2013, p. 430):
Com a morte dos pais, desaparecem os titulares do direito. A de um deles faz concentrar no sobrevivente o aludido poder. A de ambos impõe a nomeação de um tutor, para se dar sequência à proteção dos interesses pessoais e patrimoniais do órfão. A morte do filho, a emancipação e a maioridade fazem desaparecer a razão de ser do instituto, que é a proteção do menor.
São casos de suspensão: Ato de abuso autoridade, mas não sem antes ter a devida apuração, e se condenado a sentença irrecorrível por mais de 2 anos de prisão, disposto no art. 1637, do CC e § único. 
Casos de extinção, por ato judicial, com previsão no art. 1638, do CC, as hipóteses são: a) Castigar imoderadamente o filho; b) deixar o filho em abandono; c) praticar atos contrários à moral e aos bons costumes e d) incidir reiteradamente, nas faltas previstas no art. 1637 do mesmo diploma. 
Palavras Caio Mário S. Pereira, apud DINIZ (2004, p. 491) ―Adoção,que extingue o poder familiar do pai e da mãe carnal, transferindo-o ao adotante; se falecer o pai adotivo, não se restaura o poder familiar do pai ou da mãe natural, nomeando-se tutor ao menor (RT, 141:621; AJ, 70:185; em contrário, RT, 529:219).” 
Porém, todos os Parâmetros legais, deixam claro quanto a preferência pela manutenção da criança ou adolescente em seu lar de origem.
7 ALIENAÇÃO PARENTAL 
A família é um ente social, influenciada pela sociedade ao mesmo tempo em que sofre com a influência do meio, como demonstrado anteriormente, a família passou por várias mudanças ao longo do tempo, sendo normatizada em códigos, em como no Direito de Família.
 Significativa foi a alteração no tocante ao vínculo matrimonial, pressionado pela sociedade, e desburocratizado com o divórcio direto. Diante ao dinamismo da constituição e dissolução do matrimônio, surge para o Judiciário à lide pela guarda dos filhos. Nesse capítulo, da disputa, insurge a alienação parental. 
A Alienação Parental é uma programação, na qual, o genitor alienante, na tentativa de atingir o alienado, por motivos diversos e dentro de uma disputa, é capaz de simular, manipular e ou distorcer a realidade dos fatos, a fim de denegrir o outro genitor, para que o filho se desligue emocionalmente e ou em casos extremos que até repudie aquele que lhe deu a vida.
Nas palavras de DIAS (2010, p.14):
Os filhos tornam-se instrumentos de vingança, sendo impedidos de conviver com quem se afastou do lar. São levados a rejeitar e a odiar quem provocou tanta dor e sofrimento. Ou seja, são programados para odiar. Com a dissolução da união, os filhos ficam fragilizados, com sentimento de orfandade psicológica. Este é um terreno fértil para plantar a idéia de abandonada pelo genitor.
Doutora em Direito Processual Civil, Priscila Maria Pereira Corrêa da Fonseca, aduz:
Lamentavelmente, e com maior freqüência do que se supõe, reiteradas barreiras são postas pelo guardião à realização das visitas. [...], não são poucos os artifícios e manobras de que se vale o titular da guarda para obstaculizar os encontros do ex-cônjuge com o filho: doenças inexistentes, compromissos de última hora, etc. E o que é pior e mais grave: tais impedimentos vêm ditados por inconcebível egoísmo, fruto exclusivo da animosidade que ainda reina entre os ex-consortes, sendo certo que, sem qualquer pejo, em nome de tais espúrios sentimentos, a criança é transformada em instrumento de vingança. 
Destarte, SOUSA (2010, p. 28) conceitua como sendo ―um processo que consiste em programar uma criança para que, sem justificativa, odeie um de seus genitores‖. 
O alienador, ou seja, o sujeito ativo, geralmente é o detentor da guarda, tanto pode ser o pai, quanto a mãe, podendo ser os dois simultaneamente, ou ainda, ser um ente familiar da criança ou adolescente, pode ocorrer após a separação ou na constância do matrimônio. 
A alienação parental relaciona-se mais com a figura feminina, devido a uma inclinação do Judiciário, em permanecer a guarda do filho menor com a mãe, mantendo uma visão tradicionalista, de que é a pessoa mais indicada. 
Nasce da conduta do alienante, para a criança ou adolescente, o que Richard A. Gardner, nomeou de Síndrome da Alienação Parental (SAP), a qual apresenta como características mutações emocionais e comportamentais. Segundo, a Juíza de Direito da Justiça do Distrito Federal, LOUZADA (2008, p. 1):
Síndrome da Alienação Parental (SAP) é o transtorno que se instala em um infante, pela introdução de falsas alegações feitas pelo genitor guardião, acerca da conduta do outro genitor. Assim, por meio de informações maliciosas e inverídicas relatadas ao filho, este passa a ter um comportamento repugnante em relação ao outro genitor.
Em alguns casos, a SAP, tem como efeito colateral, um filho totalmente dependente de seu genitor, inseguro para a tomada de decisões, com dificuldade de socialização e com um apego excessivo pelo genitor alienante.
7.1 Histórico e Primeiras Manifestações da Síndrome da Alienação Parental 
A mitologia grega, bem ilustra a SAP, na história de Medéia, filha do rei Eeites, de Cólquida, que traiu seu pai, ao entregar a Jasão o Velocino de Ouro, que pertencia a seu povo, como prova de seu amor. Jasão, mais tarde, apaixona-se por Glauce e abandona-a. Então, Medéia, sentindo se rejeitada e furiosa, assassina os filhos que tivera com Jasão, para assim vingar-se do abandono de seu amado. O final de Jasão é incerto, dentre as várias histórias, uma delas é que enlouquecido pela dor, teria suicidado. 
 O Conceito atual da SAP foi exposto em 1985, por Richard Alan Gardner, psiquiatra infantil da Faculdade de Medicina e Cirurgia de Columbia, Nova Iorque, Estados Unidos, em seu consultório, através da observação pessoal, ao analisar crianças vítimas de abuso sexual, as quais, os pais passavam por processos de separação, que percebeu em algumas, alterações comportamentais em relação a um dos genitores. 
Percebeu que estava diante de algo que superava a vontade do infante, e ao estudar estas reações, que variavam do afastamento emocional ao repúdio pelo próprio genitor, deparou-se com o que nomeou de Síndrome da Alienação Parental (SAP).
7.2 Conceito da Síndrome da Alienação Parental
Outorgada a guarda do filho, assiste ao genitor guardião o direito e o dever da proteção ao interesse do filho, de promover meios para que se desenvolva consoante as previsões legais. Para o genitor não guardião, nasce o direito e o dever de estar com filho, de acompanhá-lo e de prestá-lo a assistência necessária, visando o melhor desenvolvimento, diminuindo, assim, os efeitos da separação da família.
Quando os direitos do infante são deturpados pelo alienador, na intenção de prejudicar o outro genitor, e o filho sob influência deste mal, tem alterações comportamentais e psíquicas com relação ao genitor, sem nenhuma justificação plausível, está instaurada a SAP. 
A SAP é o efeito da conduta da Alienação Parental, a síndrome é o resultado da contaminação do filho, quando para ele surge o sentimento de apego excessivo pelo alienante, geralmente o detentor da custódia, e o imotivado repúdio pelo outro genitor. 
No tocante a síndrome, definiu Gardner, apud LOUZADA (2008, p. 1), ―um transtorno caracterizado pelo conjunto de sintomas que resultam do processo pelo qual um genitor transforma a consciência de seus filhos, mediante distintas estratégias, com o objetivo de impedir, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o outro genitor.‖ 
Ainda, seguindo Gardner, nas palavras de Analice Martins Sousa, apud, Maria Regina Fay de Azambuja, Coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões do Ministério Público do Rio Grande do Sul, e seus colaboradores.
A síndrome da alienação parental ―é mais que uma lavagem cerebral, pois inclui fatores conscientes e inconscientes que motivariam um genitor a conduzir seu(s) filho(s) ao desenvolvimento desta síndrome, além da contribuição ativa desse(s) na difamação do outro responsável‖. Para Gardner, a síndrome da alienação parental não se constitui unicamente na programação ou na lavagem cerebral, pois é fundamental a contribuição da criança ao difamar, desrespeitar e importunar um dos pais, contando sempre com o apoio do outro genitor. A criança ―responde de tal modo à programação por parte de um dos pais, que demonstra completa amnésia com relação às experiências positivas vividas anteriormente com o genitor que é alvo dos ataques‖. 
7.2.1 Consequências da síndrome da alienação parental
 Difícil é a constatação da SAP, embora cada vez mais recorrente no Judiciário brasileiro, deve ser analisada por especialistas capacitados e imparciais, e mesmo assim, as chances de erros ainda são recorrentes. Todos os entes da família se tornam expostos aos danos da SAP, até mesmo o genitor alienante, que não percebe ser vítima do próprio mal que causa. 
Em alguns casos, nem mesmo consegue notar sua conduta de alienação parental. Outro aspecto relevante, da dificuldade para a comprovaçãoda SAP, é devido, também, ao fato de que o infante que teve as falsas memórias implantadas, dar-lhes vida e detalhes a essas histórias. O alienante alimenta-se do sentimento de vingança, cria e manipula falsas memórias que as imputa ao infante, com isso se afasta da realidade, e em casos extremos fica tão obcecado em denegrir o outro genitor, que deixa de viver as rotinas cotidianas. 
Para o genitor alienado, nasce o sentimento de impotência, de ver o filho rejeitar-lhe, dispensando-o os carinhos e os momentos em família. Quando o alienado consegue perceber, a alienação parental está instalada, momento em que busca ajuda do Judiciário para a reparação do mal causado. 
É o infante, quem mais sofre com a alienação parental, visto ter sua vida diretamente perturbada, razão pela qual passa a ter dificuldades de socialização, perde a noção da realidade, devido às falsas verdades, e que cria dependência excessiva por um dos genitores e repúdio pelo outro.
Instalada a SAP, o infante, demonstra medo, nojo, descaso pelo genitor alienado, e não demonstra culpa quanto a estes sentimentos. 
Desse modo, são esclarecedoras, ainda, nas palavras de Priscila Maria Pereira Corrêa da Fonseca, doutora em Direito Processual Civil:
Pois bem, o ex-consorte – geralmente o detentor da custódia, que intenta afastar o filho do relacionamento com o outro genitor –, promove aquilo que se denomina alienação parental. Essa situação pode dar ensejo ao aparecimento de uma síndrome, a qual exsurge do apego excessivo e exclusivo da criança com relação a um dos genitores e do afastamento total do outro. Apresenta-se como o resultado da conjugação de técnicas e/ou processos que, consciente ou inconscientemente, são utilizados pelo genitor que pretende alienar a criança, a que se alia a pouca vontade da criança em estar com o genitor não-titular da guarda. Nos EUA, denomina-se "alienador ingênuo" (naive alienator) aquele que procura, inconscientemente, afastar o outro genitor do convívio com o filho.
A síndrome, pode se instalar por anos, até que a vítima perceba as inverdades, ocasião em que consegue certa independência do genitor alienante, contudo, pode não superar o sentimento de ter sido usado para atingir o próprio progenitor. 
Como consequência da SAP, para o filho que percebeu ser vítima da alienação parental, bem esclarece LOUZADA (2008, p. 3), ―[...] após se dar conta que o genitor em que confiava cegamente o teria utilizado, ao sentir-se culpado em relação ao genitor alienado, muitas vezes o filho torna-se alcoólatra, viciado em drogas, podendo até mesmo chegar ao suicídio. ‖
7.2.2 Identificação da Síndrome da alienação parental 
Devido a dificuldade da constatação, para a identificação da SAP, faz se necessário, estudos psicológicos específicos, Nas palavras de Gardner, apud LOUZADA (2008, p. 3), existem três níveis de SAP:
Estágio I (leve) – quando nas visitas há dificuldade no momento da troca dos genitores, vale dizer, no momento da busca e entrega dos filhos 
Estágio II (moderado) – o genitor alienante utiliza uma grande variedade de táticas para excluir o outro. 
Estágio III (agudo) – neste terceiro estágio os filhos já se encontram de tal forma manipulados que a visita do genitor alienado pode causar a eles pânico e desespero.
Quanto à identificação da SAP, LOUZADA (2008, p. 4), descreve:
―[...] depende de estudos psicológicos específicos, o que muitas vezes não se consegue por meio de estudos psicossociais forenses.
 Deve-se priorizar o estudo da família feito por profissional que já tenha conhecimento peculiar sobre a SAP, a fim de que possa, mais facilmente identificá-la (ou não).‖
7.3 A Percepção da Alienação Parental no Judiciário Brasileiro e a Lei n. 12.318/2010
Com o divórcio e a homologação da guarda, que não foi finalizado de forma consensual, a alienação parental, surge como consequência do fim deste relacionamento, motivo pelo qual o Judiciário brasileiro, decide cada vez mais lides sobre o tema. 
Conforme mencionando anteriormente, prevalece ainda, no Judiciário tradicionalista, a manutenção da guarda do filho menor com a mãe, motivo pelo qual, ela aparece com maior frequência no pólo ativo nas ações de alienação parental. 
Nota-se que o Judiciário, vem trabalhando para diminuir, as lides que envolvem o sequestro do direito de menores, nesse sentido, trabalham os contemporâneos. 
Para os juristas contemporâneos, a guarda compartilhada, é a forma de diminuir as consequências da separação da família, de promover a convivência do filho com ambos os pais, como forma de garantir a melhor administração do interesse do menor, e de sua saúde psicossocial e emocional, diminuindo, desta maneira, a conduta da alienação parental.
 Na impossibilidade da prática dos direitos, acima mencionados, a Lei 12.318 de agosto de 2010, veio normatizar, sobre alienação parental, de modo a esclarecer e a uniformizar as decisões judiciais.
7.3.1 Das decisões nos Tribunais brasileiros
A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Ministra relatora Nancy Andrichi e os Senhores Ministros Sidnei Beneti, Paulo de Tarso Sanseverino e Ricardo Villas Bôas Cueva, votaram como recurso cabível o Agravo, para a declaração da Alienação Parental, em ação incidental ou autônoma, nestes termos o julgado:
PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE ALIENAÇÃO PARENTAL. RECURSO CABÍVEL PARA IMPUGNAR A DECISÃO PROFERIDA. EXISTÊNCIA DE ERRO GROSSEIRO. FUNGIBILIDADE INAPLICÁVEL. ARTS. ANALISADOS: 162, §§ 1º E 2º, 522, CPC. 1. Incidente de alienação parental, instaurado no bojo de ação de reconhecimento e dissolução de união estável distribuída em 2010, da qual foi extraído o presente recurso especial, concluso ao Gabinete em 02/05/2012. 2. Discute-se o recurso cabível para impugnar decisão que, no curso de ação de reconhecimento e dissolução de união estável, declara, incidentalmente, a prática de alienação parental. 3. A Lei 12.318/2010 prevê que o reconhecimento da alienação parental pode se dar em ação autônoma ou incidentalmente, sem especificar, no entanto, o recurso cabível, impondo, neste aspecto, a aplicação das regras do CPC. 4. O ato judicial que resolve, incidentalmente, a questão da alienação parental tem natureza de decisão interlocutória (§ 2º do art. 162 do CPC); em consequência, o recurso cabível para impugná-lo é o agravo (art. 522 do CPC). Se a questão, todavia, for resolvida na própria sentença, ou se for objeto de ação autônoma, o meio de impugnação idôneo será a apelação, porque, nesses casos, a decisão encerrará a etapa cognitiva do processo na primeira instância. 5. No tocante à fungibilidade recursal, não se admite a interposição de um recurso por outro se a dúvida decorrer única e exclusivamente da interpretação feita pelo próprio recorrente do texto legal, ou seja, se tratar de uma dúvida de caráter subjetivo. 6. No particular, a despeito de a Lei 12.318/2010 não indicar, expressamente, o recurso cabível contra a decisão proferida em incidente de alienação parental, o CPC o faz, revelando-se subjetiva - e não objetiva - a dúvida suscitada pela recorrente, tanto que não demonstrou haver qualquer divergência jurisprudencial e/ou doutrinária sobre o tema. 7. Recurso especial conhecido e desprovido. (Recurso Especial Nº 1330172 MS 2012/0061580-6, Terceira Turma, Superior Tribunal de Justiça, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Julgado em: 11/03/2014).
A Alienação Parental deixa seqüelas, ao menor e principalmente ao genitor alienado, que já sofrem com as conseqüências advindas da separação. O que torna passível, a propositura de ação, a fim de cessar o mal causado ao menor, a qualquer momento, incidentalmente, na ação de separação ou na ação de regulação das visitas, desta forma decidiu a 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
AÇÃO DECLARATÓRIA. ALIENAÇÃO PARENTAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. O pedido de declaração de ato de alienação parental pode ser formulado incidentalmente na ação de separação do casal ou de regulamentaçãode visitas, não havendo motivo para o pedido em ação autônoma. Apelação desprovida. (Apelação Cível Nº 70041227760, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 14/09/2011)
Contudo, não há o mesmo entendimento pela 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, consoante a decisão abaixo, a orientação é que haja uma ação autônoma, por entender tratar-se de um novo pedido:
GRAVO DE INSTRUMENTO. INCIDENTE DE ALIENAÇÃO PARENTAL. AÇÃO ORDINÁRIA. DESAPENSAMENTO. Embora haja identidade de partes, não há identidade de pedido e causa de pedir entre as demandas, não se justificando o apensamento. Ademais, a demanda de alienação parental, cujo trâmite é prioritário, nos termos no art. 4º da Lei 12.318/2010, demandará instrução diferenciada, na medida em que deverá ser procedida a realização de perícias psicológica e/ou psiquiátrica para verificar a ocorrência de tais atos. Na demanda ordinária, a agravante postula a retirada das redes sociais de informações e fotos da menor, utilizadas pelas agravadas (tia e avó paternas), sem a devida autorização, bem como dano moral. DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº 70056012792, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 28/11/2013)
Frequentemente casos de Alienação Parental, são constatados no Judiciário brasileiro, em alguns casos a vítima, o alienado, propõe ação para interromper o mal sofrido, e restabelecer no possível o convívio com o menor, nesse sentido os Tribunais tem entendido:
DIREITO DE VISITAS. PAI. ACUSAÇÃO DE ABUSO SEXUAL. PEDIDO DE SUSPENSÃO. SUSPEITA DE ALIENAÇÃO PARENTAL. 1. Como decorrência do poder familiar, o pai não-guardião tem o direito de avistar-se com a filha, acompanhando-lhe a educação, de forma a estabelecer com ela um vínculo afetivo saudável. 2. A mera suspeita da ocorrência de abuso sexual não pode impedir o contato entre pai e filha, mormente quando o laudo de avaliação psicológica pericial conclui ser recomendado o convívio amplo entre pai e filha, por haver fortes indícios de um possível processo de alienação parental. 3. As visitas ficam mantidas conforme estabelecido e devem assim permanecer até que seja concluída a avaliação psicológica da criança, já determinada. Recurso desprovido. (Agravo de Instrumento Nº 70049836133, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 29/08/2012)
Dentre todas as violações legais, advindas com a alienação parental, é o interesse do menor, que sofre a maior agressão, este que deveria ser preservado pelos pais. O filho tem direito a um vínculo sadio e afetuoso com ambos e com seus familiares, ainda que, não exista um bom relacionamento entre os pais, destarte, o entendimento, da 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE GUARDA. INDÍCIOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL. Merece ser mantida a decisão que deferiu a guarda provisório do menor ao pai, ante a conclusão do laudo pericial de que a família materna apresenta comportamento inadequado com o filho, tentando impor falsas verdades. VISITAÇÃO MATERNA. Necessidade de assegurar a visitação materna com acompanhamento, a fim de preservar os laços afetivos entre mãe e filho. Agravo de instrumento parcialmente provido. (Agravo de Instrumento Nº 70057883597, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 26/03/2014)
Contudo, é notório nos Tribunais brasileiros, o zelo pela manutenção da rotina do menor, pela preservação de sua qualidade de vida, pelo bem estar psicossocial e emocional e principalmente pelo bem estar entre pais e filhos, assim, seguem as decisões, ainda, da 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
ALTERAÇÃO DE GUARDA. ALIENAÇÃO PARENTAL. DISPUTA ENTRE OS PAIS DA CRIANÇA. 1. As alterações de guarda devem ser evitadas tanto quanto possível, pois em regra, são prejudiciais à criança, que tem modificada a sua rotina de vida e os seus referenciais, gerando-lhe transtornos de ordem emocional. 2. Deve sempre prevalecer o interesse da infante acima de todos os demais, sendo que, no caso em tela, estando aprazada audiência para data próxima onde os fatos serão melhor esclarecidos e a pretensão de alteração de guarda ou de ampliação das visitas será reexaminada, fica mantida, por ora, a guarda pela genitora e a visitação anteriormente estabelecida, até que aportem aos autos elementos de convicção que desaconselhem a guarda materna ou recomendem os pleitos do genitor. Recurso desprovido. (Agravo de Instrumento Nº 70058505587, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 16/04/2014)
7.3.2 Lei da Alienação Parental
O despertar da sociedade brasileira, para coibir a conduta da alienação parental, levou a promulgação da Lei n. 12.318 de 26 de agosto de 2010, que dispõe sobre a alienação parental. 
A referida lei define o que é a conduta da alienação parental, no art. 2º, ao dispor:
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Destarte, houve preocupação do legislador em ampliar o conceito de alienação parental, trazendo um rol exemplificativo no bojo do parágrafo único, do art. 2º, da conduta da alienação parental.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: 
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
 IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;
 VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
Ademais, ilustra LOUZADA (2008, p. 4), com mais exemplos:
a) casos em que o genitor guardião revela que não impede que o genitor visitante veja o filho, mas também não o ―força‖ a ir;
b) quando não permite que o outro genitor fale ao telefone como filho (e para isto inventa qualquer desculpa); 
c) quando ―esquece‖ os dias de visita e sai de casa com os filhos nas datas previamente agendadas com o outro genitor;
 d) quando se recusa a informar ao outro sobre doenças do filho, festas no colégio, ou qualquer outro fato que comporte a presença do genitor alienado; 
e) quando refere que o outro genitor não cuida bem dos filhos, não os educa, não da alimentação adequada, não se preocupa com sua higiene, deixe que se machuquem (muito comum esta alegação); 
f) quando insiste em referir que o companheiro(a) do genitor alienado(a) não possui boa reputação, não merecendo o contato com os filhos; 
g) quando imputa abuso sexual ao filho (é de se ver que está conduta é de tal gravidade que deve ser criteriosamente analisada, a fim de evitar que os abusos continuem, ou até mesmo que o genitor alienado sofra constrangimento e processo penal que não deu causa, tendo em vista as alegações fantasiosas do genitor guardião); 
h) quando tenta impingir aos filhos a idéia de que seu novo(a) companheiro(a) deve ser chamado de pai ou mãe (dependendo do caso)
Esclarece GONÇALVES (2013, p.307), a cerca do art. 2º e parágrafo único da Lei 12.318/2010.
A lei em apreço deixou claro o que caracteriza a alienação parental, transcrevendo uma série de condutas que se enquadram na referida síndrome, sem, todavia, considerar taxativo o rol apresentado. Faculta, assim, o reconhecimento, igualmente, dos atos assim considerados pelo magistrado ou constatados pela perícia. Estendeu ela os seus efeitos não apenas aos pais, mas também aos avós e quaisquer outras pessoas que tenham a guarda ou a vigilância (guarda momentânea) do incapaz. Esclareceu, também, como o Judiciário pode agir para reverter a situação. O juiz pode, por exemplo, afastar o filho do convívio da mãe ou do pai, mudar a guarda e o direito de visita e até impedir a visita. Como última solução, pode ainda destituir ou suspender o exercício do poder parental.
Após descrever as condutas da alienação parental, o legislador indica no art. 3º, quais direitos da criança e do adolescente a prática fere.
Art. 3 A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.
São considerações de GONÇALVES (2013, p. 307), acerca do art. 3º. ―A referida Lei n. 12.318/2010, ao dispor sobre a síndrome da alienação parental, fortaleceu o direito fundamental à convivência familiar, regulamentado no Capítulo III do Estatuto da Criança e do Adolescente e que diz respeito ao direito da criança ou do adolescente ao convívio com ambos os pais.‖ 
Constatada a prática do ato, o art. 4º da Lei da alienação parental, descreve o rito processual da ação, conforme anteriormente descrito no item 7.3.1 e os requisitos para tal. 
O legislador demonstrou no parágrafo único do art. 4º, a preocupação com o menor e com o seu genitor, protegendo o direito a convivência, de modo, a diminuir as consequências dessa lide.
Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento das visitas.
Em sua apreciação, ao parágrafo supramencionado, GAGLIANO (2012, p. 632), ilustra:
Em uma primeira análise, poder-se-ia até argumentar que tal previsão meramente indiciária afrontaria o sistema constitucional de ampla defesa, mas, em verdade, tal raciocínio não procede, pois o que se tem em mira é, em primeiro plano, a perspectiva de defesa da própria criança ou adolescente, vítima indefesa dessa grave forma de programação mental, em um contexto familiar que, em geral, dificulta sobremaneira a reconstrução fática da prova em juízo.
O juiz, ciente dos indícios da alienação parental, determina uma equipe, multidisciplinar e especializada, para a realização de uma perícia, com prazo de até 90 dias para a conclusão do laudo, nesses termos o art. 5º e seus parágrafos.
Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial. 
§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor. 
§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental. 
§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada.
7.3.3 Consequências jurídicas nos casos de constatação da Alienação Parental 
Regulado o procedimento de apuração e constatada a conduta da alienação parental, a lei em epígrafe especifica, no art. 6º, as sanções aplicáveis ao agente infrator.
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: 
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; 
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. Parágrafo único. 
Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar.
Em síntese, GONÇALVES (2013, p. 308), ―A Lei ora comentada tem mais um caráter educativo, no sentido de conscientizar os pais, uma vez que o Judiciário, já vinha tomando providências para proteger o menor, quando detectado um caso da aludida síndrome.
7.3.4 Abuso afetivo: Responsabilidade civil decorrente da alienação parental
O conceito de responsabilidade civil, é o dever de arcar com os atos lesivos ao direito de terceiro, nessas palavras, STOCO (2007, p. 114)
A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus atos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana.
O ECA já sufragava, no art. 73, ―A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta lei.‖
 Tal responsabilidade inclui a civil, podendo ocorrer fixação de indenização por danos morais, por exemplo, pelo abandono afetivo. 
Contudo, não é necessário que o filho exponha sua dor. Vale ressaltar que, a indenização por danos morais, devido ao abando afetivo, não visa valorar o afeto, mas sim, punir o pai que descumpre a função legal, de promover a prole.
 Conforme o julgado abaixo, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. REPARAÇÃO. DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art. 159 do Código Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de reparação pecuniária. 2. Recurso especial conhecido

Outros materiais