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Aula 2 - Resumo

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Prévia do material em texto

4 
 
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS 
Profa. Dra. Graziela Zamponi 
TURMA: EA, EQ, EB, EP 
TÓPICO 2 
2 RESUMO 
2.1 Resumo (de um texto de outro autor) 
 Primeiramente justifico a inserção desse tópico no programa de Leitura e Produção do Texto 
Acadêmico. O resumo é importante nas atividades acadêmicas das mais diversas disciplinas, sendo exigido 
para a produção de resenhas e relatórios, como veremos ainda neste curso. Portanto, a produção de 
resumos é atividade indispensável para você, aluno do curso de engenharia. 
Estudiosos do assunto têm afirmado que o processo de resumir está diretamente relacionado à 
capacidade de compreensão do texto. Poderíamos até afirmar que só se resume o que se compreende e 
só se compreende o que se pode resumir. Em situação normal de leitura, e com compreensão, ocorre um 
processo de redução da informação através do qual o leitor constrói uma espécie de resumo do texto, 
selecionando as informações básicas e eliminando as acessórias. Isso você comprova em situações 
corriqueiras que certamente já vivenciou. Por exemplo, após a leitura de um texto, por mais curto que seja, 
você é capaz de se lembrar das idéias mais importantes e não das palavras, orações e períodos que o 
compõem. Esse é um processo de redução que fazemos praticamente sem muito esforço. 
Resumir um texto significa criar um novo texto mais curto, utilizando as informações mais importantes 
do texto original. É claro que esse processo envolve uma intervenção direta do leitor no texto de partida, 
principalmente se considerarmos que “as informações mais importantes” podem variar dependendo do 
objetivo da realização da tarefa de resumir. 
Na atividade de resumir, o autor (= o que resume) deve-se colocar em segundo plano, esforçando-se 
para ser objetivo1, no intuito de criar uma síntese coerente e compreensível, o mais próximo possível da 
intenção comunicativa do autor do texto original. Isso é, com certeza, mais desejável se se trata de um 
resumo de texto científico. Mas essa não é uma tarefa fácil. Existem resumos de variada extensão, assim 
como resumos mais próximos ou mais distantes do texto original. 
Essas variações se devem ao propósito da leitura, à intenção do autor, ao tipo de situação em que se 
processa a leitura, ao tipo de contexto social e ao conjunto de conhecimentos que o leitor traz para o texto, 
incluindo-se aí seu conhecimento linguístico, enciclopédico, genérico (dos gêneros discursivos), além de 
suas crenças e valores. A influência desse conhecimento prévio do leitor sobre a compreensão e, portanto, 
sobre a produção do resumo, explica por que, em determinadas circunstâncias, somos incapazes de reduzir 
a informação de um texto, quando não temos o conhecimento prévio necessário. Por exemplo, tomemos a 
seguinte sequência: 
Maria saiu de casa, dirigiu-se à Liberdade, entrou na primeira porta que encontrou, tirou os 
sapatos, sentou-se no chão ao lado da mesa e pediu peixe cru. 
 Se o leitor não souber que Liberdade é um bairro da cidade de São Paulo, habitado principalmente 
por japoneses, e não conhecer as características particulares de um restaurante japonês, ele será totalmente 
incapaz de efetuar a seguinte redução possível: Maria foi comer em um restaurante japonês. 
Considerando essas observações, temos de concordar que a produção de resumo não é um 
processo homogêneo. Mas temos de alertar que ela também não é um processo anárquico, pois existe no 
texto um conjunto de pistas deixadas pelo autor, que o leitor tem necessidade de identificar, principalmente 
 
1E nisso o resumo se diferencia da resenha, que, apresentando as informações selecionadas do texto de origem, traz o 
comentário ou avaliação de quem a produz. 
5 
 
no contexto da leitura escolar, a fim de poder distinguir aquilo que o autor considera como relevante daquilo 
que ele mesmo, leitor, considera como importante. 
Nesses anos de docência, pudemos perceber que, em geral, o aluno, quando voltado à atividade de 
resumir, lê o texto parágrafo por parágrafo, prestando mais atenção às relações locais entre as idéias do que 
ao todo do texto. A redação do resumo é geralmente iniciada antes da leitura do texto inteiro, já que se faz a 
cada parágrafo, refletindo fielmente a estrutura do texto original. Nem sempre desse procedimento resulta um 
bom resumo. 
 
RESUMIR NÃO É COPIAR FRASES DO TEXTO ORIGINAL, SEM ASPAS, EM UM APARENTE 
TRABALHO DE REDAÇÃO. 
 
A seguir, damos algumas orientações importantes para que você produza um bom resumo. 
1. Leia o texto integralmente (mais de uma vez, se necessário). 
2. Estabeleça o tema. 
3. Estabeleça os diferentes aspectos do tema (embora não necessariamente, esses aspectos podem 
estar focalizados em diferentes parágrafos). 
4. Estabeleça o objetivo do seu resumo: qual a finalidade dele? 
5. Antes de iniciar, organize um roteiro com as idéias e a ordem em que elas serão apresentadas. 
Estabeleça um plano para o texto. Só escreve com clareza quem tem as idéias claras na mente. 
6. Trabalhe com um dicionário e uma gramática ao seu lado e não hesite em consultá-los sempre 
que surgirem dúvidas. 
♦ Resumo: um primeiro contato 
 
Texto 
A publicidade e a indústria do fumo 
Ronaldo Laranjeira* 
 
O objetivo da indústria do fumo, como o de qualquer empresa, é maximizar as vendas e os lucros. 
Isso requer que sua atenção seja focalizada não somente em manter as vendas existentes, mas em ampliar 
as vendas para novos consumidores. Entretanto, esta indústria enfrenta um desafio único que não ocorre 
com outras áreas do comércio. O produto, quando usado, encurta a vida de cerca de 50% de seus 
consumidores e, por isso, tem sido rejeitado pela absoluta maioria dos países desenvolvidos, bem como pela 
OMS (Organização Mundial de Saúde), que consideram o fumo a principal causa de morte que pode ser 
prevenida nesses países. 
Uma forma desta indústria compensar essas “dificuldades” tem sido investir enormes somas de 
dinheiro em publicidade. Usam-se vários argumentos para justificar esses dinheiros gastos. Alegam que nos 
países que tentaram proibir a propaganda isso não diminui o consumo. Alegam também que os bilhões de 
dólares gastos em campanhas publicitárias têm o objetivo de fazer com que os fumantes mudem a sua 
marca preferida e não o de induzir os jovens a iniciarem a dependência da nicotina. E como último reduto 
usam o argumento do liberalismo econômico para defender o seu direito de divulgar o seu produto. 
Em primeiro lugar, a proibição da propaganda efetivamente diminui o consumo. Países que tiveram 
essa proibição e fizeram estudos detalhados, como a Nova Zelândia, o Canadá, e a Finlândia, mostraram 
que o consumo decresceu de 4% a 7% no primeiro ano. Nos 22 países da OCDE (Organização de 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com diferentes formas de proibição, tem sido possível mostrar 
que quanto maior a proibição da propaganda menor o consumo de cigarros. Em segundo lugar, a 
propaganda praticamente não altera o comportamento de quem fuma. Existe uma lealdade muito grande ao 
tipo de cigarro fumado, e somente 10% mudam de marca de cigarro em um ano. Em terceiro lugar, a análise 
da propaganda de cigarros mostra o objetivo claro de aliciar os jovens a iniciarem o hábito. O Surgeon 
General, dos Estados Unidos, num relatório recente mostrou de uma forma muito clara que a propaganda 
6 
 
aumenta o uso de cigarro entre os jovens. Por ano a indústria do fumo necessita acrescentar milhares de 
novos fumantes para compensar aqueles que param de fumar ou morrem, e esses números devem ser 
enfatizados. No Brasil, cerca de 200 mil pessoas ao ano têm sua vida reduzida pelo fumo. [...] 
Ronaldo Laranjeira é médico psiquiatra e um dos coordenadores da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas) da UNIFESP(Universidade Federal de São Paulo) 
 
Exercícios 
1. Leia os três resumos que seguem e escolha o que lhe parece melhor. 
 
Resumo 1 
Ronaldo Laranjeira, em seu texto A publicidade e a indústria do fumo, afirma que, contrariamente ao que 
alega a indústria de tabaco, a proibição da propaganda de cigarro diminui o consumo do produto e alicia os 
jovens a adquirirem o hábito de fumar. 
 
Resumo 2 
Em seu texto A publicidade e a indústria do fumo, Ronaldo Laranjeira defende a tese de que a publicidade de 
cigarro deve ser proibida. O autor rebate as alegações apresentadas pela indústria de cigarro para justificar 
os investimentos feitos nessa área, sustentando-se em dois argumentos. Em primeiro lugar, o médico 
apresenta dados, oriundos de estudos realizados em países desenvolvidos, que mostram que quanto maior a 
proibição da propaganda, menor o consumo de cigarro. Em segundo lugar, também com base em dados, ele 
afirma que a propaganda, em vez de levar o fumante a mudar de marca, incentiva os jovens a adquirirem o 
hábito de fumar, o que compensaria a perda de consumidores. Laranjeira não apresenta contra-argumento 
para a alegação da indústria, que, em nome do liberalismo econômico, invoca o direito de divulgar seu 
produto. 
 
Resumo 3 
Ele afirma que o objetivo da indústria do fumo é maximizar as vendas e os lucros, mas seu produto é 
rejeitado. A vida de 50% dos consumidores de cigarro é encurtada e, por isso, a indústria investe milhares de 
dólares em propaganda. Nos países em que foi proibida a propaganda, o consumo decresceu de 4% a 7%; 
por isso, a propaganda de cigarro é proibida no Brasil.Além disso, apenas 10% dos fumantes mudam a 
marca, o que seria um dos argumentos da indústria que investe em propaganda. O verdadeiro motivo da 
propaganda de cigarro é repor os fumantes que morrem ou param de fumar, diz o autor. 
 
2. Assinale as alternativas que justifiquem a escolha do melhor resumo dentre os três que foram dados. 
(Este exercício foi emprestado de MACHADO, A.R (coord.); LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L. S. 
Resumo. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.) 
 
a) correção gramatical e léxico adequado à situação escolar/acadêmica; 
b) seleção das informações consideradas importantes pelo leitor e autor do resumo; 
c) seleção das informações colocadas como as mais importantes no texto original; 
d) indicação de dados sobre o texto resumido, no mínimo autor e título; 
e) o resumo permite que o professor avalie a compreensão do texto lido, incluindo a compreensão 
global, o desenvolvimento das ideias do texto e articulação entre elas; 
f) apresentação das ideias principais do texto e de suas relações; 
g) comentários pessoais misturados às ideias do texto; 
h) menção do autor do texto original em diferentes partes do resumo e de formas diferentes; 
i) menção de diferentes ações do autor do texto original (o autor questiona, debate, explica...); 
j) texto compreensível por si mesmo; 
k) cópia de trechos do texto original sem guardar as relações estabelecidas pelo autor ou com relações 
diferentes. 
7 
 
2.1.1 ALGUNS PROCEDIMENTOS PARA A ELABORAÇÃO DE RESUMOS 
 
1. Apagamento ou cancelamento de informações. 
Quando resume um texto, normalmente você sublinha alguns conteúdos que acha mais importantes. 
Isso sinaliza que aquilo que você não sublinhou é um conteúdo que pode ser descartado. Nesse 
caso, você está empregando uma regra de cópia-apagamento ou cópia-cancelamento. Por cópia 
entendemos o que deve ser mantido; por apagamento, o que deve ser eliminado. Assim, é possível 
cancelar as palavras e segmentos que se referem a detalhes, quando não necessários à 
compreensão de outras partes do texto. 
Que elementos poderiam ser considerados “não necessários”? 
• Conteúdos irrelevantes- um conteúdo não contém nenhuma informação necessária para a 
compreensão de outros conteúdos e não é central para o desenvolvimento do tema. 
• Conteúdos redundantes – um conteúdo contém uma informação equivalente à de outro. Assim, de 
maneira geral, podemos cancelar 
• conteúdos facilmente inferíveis (a partir do nosso conhecimento de mundo); 
• expressões equivalentes (sinônimos); 
• explicações e justificativas; 
• exemplos; 
• conteúdos equivalentes (como na paráfrase, por exemplo). 
Com essa regra, as informações irrelevantes canceladas se perdem definitivamente; as redundantes, 
só parcialmente. 
Leia o excerto abaixo e, com base nessa orientação, aponte os conteúdos que você eliminaria. 
Publicidade: alguns conceitos 
Inicialmente, é importante registrar o uso de dois termos – Publicidade e Propaganda –, que, 
apesar dos pontos distintivos, freqüentemente são usados como sinônimos. Em função disso, torna-se 
necessário retomar tais pontos para que fique clara a finalidade de uma e de outra. O ponto convergente 
entre os dois termos, de onde nasce a possibilidade de sinonímia, reside no fator ‘divulgação’, incluindo-se 
aí os meios e as técnicas de divulgação. Isso quer dizer que tanto a Publicidade quanto a Propaganda 
cumprem a tarefa de divulgar, isto é, tornar público, expor. Para cumprir essa tarefa, podem-se usar os 
mesmos meios (impresso, radiofônico e televisual) e também as mesmas técnicas de construção da 
mensagem publicitária e da mensagem de propaganda. 
O que distingue a Publicidade da Propaganda é exatamente o que cada uma delas divulga: 
enquanto a Publicidade divulga produtos, marcas e serviços, a Propaganda divulga idéias, proposições de 
caráter ideológico, não necessariamente partidárias (propagação). Nesse sentido, a Publicidade vincula-
se ao objetivo de auxiliar a gerar lucros, enquanto a Propaganda liga-se ao objetivo de gerar adesões. 
Enfim, a Publicidade espera a compra, o consumo como resposta, enquanto a Propaganda espera a 
aceitação de um dado que confirme ou reformule um determinado sistema de crença. 
(BIGAL, Solange. O que é criação publicitária ou (O Estético na Publicidade). 2. ed. São Paulo: Nobel, 1999. p. 19-20) 2 
 
2Solange Bigal é professora-doutora do Curso de Design, na Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), da Universidade 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP Campus Bauru SP). É Mestre e Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP 
8 
 
2. Construção 
 Essa regra consiste na substituição de uma sequência de proposições, expressas ou pressupostas, 
por uma proposição que seja normalmente inferida delas. Aqui também se inclui a construção de uma 
proposição a partir de inferências autorizadas pelo texto. Esse procedimento pressupõe um leitor mais 
maduro, mais proficiente, capaz de gerar uma informação nova, respaldada no que é declarado. 
 
3. Generalização 
 Quando no texto há uma sequência de elementos ou de ações/eventos, muitas vezes é possível 
substituí-la por um termo mais genérico que esses elementos. Assim, por exemplo, podemos substituir por 
“fez exercícios físicos” o que está grifado na seguinte sequência: Durante a semana, ela fez musculação e 
pilates; além disso, nadou e participou dos treinamentos do time de vôlei. Ainda que pequena, trata-se de 
uma redução significativa. 
 
EXERCÍCIO 
 
1. Leia com atenção o texto abaixo. Indique o tema e a tese; em seguida, aponte, nas alternativas 
abaixo, os conteúdos que deveriam constar de um resumo. 
 
A genética dos grandes atletas3 
Sergio Danilo Pena 
Um dos meus ídolos pessoais é o mineiro Alberto Santos Dumont (1873-1932). Diz a lenda que, quando ele 
era ainda criança, lhe perguntaram "Homem voa?" – ele respondeu desafiadoramente: "Voa!!!". E voar ele 
voou, aos 28 anos de idade, contornando a Torre Eiffel em 1901 com um balão dirigível. O feito tornou-o um 
super-herói da aviação e um dos homens mais famosos do planeta na época. 
Mas os humanos nãoprecisam de aviões para voar – basta-lhes ter uma habilidade atlética que lhes permita 
alçar voo com sua própria musculatura, como verdadeiros Ícaros esportivos. Vejam (...) o grande atleta 
americano Michael Jordan (1963-), apelidado de “Air Jordan”. 
Na Grécia antiga, o vencedor de um evento olímpico tornava-se um semideus. Ele era premiado com um 
ramo de oliveira, recebia grandes somas de dinheiro (em Atenas, recebia 500 dracmas, uma pequena 
fortuna) e muitos prêmios. Escultores criavam suas efígies e os poetas compunham e recitavam odes que os 
louvavam. 
Desde então se discute o que engendra um atleta de elite e como promover sua formação. Já recebi dezenas 
de consultas de jornalistas esportivos sobre esse tema, geralmente em época de Olimpíadas ou de outros 
grandes eventos esportivos. Neste ano teremos a 19ª Copa do Mundo de futebol, de 11 de junho a 11 de 
julho na África do Sul. Assim, o assunto retornará à baila. 
Repito: o que faz um atleta de elite? Aqui podemos adaptar uma famosa frase de William Shakespeare 
(1564-1616) em sua peça Décima-segunda noite: "Alguns [atletas] nascem grandes, alguns conseguem 
grandeza, e alguns têm a grandeza lançada sobre eles”. 
A constatação de que indivíduos que chegam ao píncaro do atletismo compartilham características físicas e 
fisiológicas que muitas vezes são inatas sugere que a genética tenha um papel importante na produção de 
um grande atleta. De fato, um considerável número de “polimorfismos de melhora de desempenho” 
(performance enhancing polymorphisms, ou PEPs, na sigla em inglês) já foi identificado no genoma humano. 
Exemplos incluem variações genéticas de genes importantes na função cardíaca e respiratória, genes de 
receptores adrenérgicos, genes do DNA mitocondrial, genes que influenciam o fluxo sanguíneo, genes que 
afetam a estrutura muscular (com destaque para o gene ACTN3 da alfa-actinina-3) e o gene da enzima 
conversora de angiotensina (ECA). 
 
3
 Disponível em < http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/a-genetica-dos-grandes-atletas> 
9 
 
Quando fazemos o exame da frequência desses PEPs em populações de diferentes continentes, 
observamos que as diferenças são discretas. Assim, não existe nenhuma evidência genética de que haja 
qualquer diferença geográfica ou “racial” (entre aspas para enfatizar o fato de que, do ponto de vista 
genético, raças humanas não existem) em habilidade esportiva. 
O sucesso de indivíduos de diferentes cores e regiões geográficas em certos esportes aparentemente tem 
muito mais a ver com ambientes de criação (ver abaixo) e oportunidades de mercado de trabalho do que 
propriamente com qualquer “fator genético”. Vale lembrar que as principais estrelas do basquetebol 
americano na atualidade são afro-americanos, mas no início do século 20 eles eram em sua maioria brancos 
judeus. 
Certamente gostaríamos de saber até que ponto as combinações dos polimorfismos genéticos de alta 
performance influenciam a capacidade física dos atletas. Recentemente, muitos pesquisadores têm 
concentrado a atenção na ideia de que não basta ter variantes específicas em alguns poucos genes, mas 
que, para elevada expressão atlética, são necessárias amplas constelações de variantes genéticas propícias 
que funcionam coordenadamente. 
Relembro aqui o fato, já discutido anteriormente, de que temos um genoma singular e personalíssimo que é 
caracterizado por uma determinada combinação de variantes genéticas. Entretanto, essa constelação 
específica, que pode estar ligada a determinadas habilidades, inclusive esportivas, é geneticamente efêmera, 
sendo forçosamente quebrada na reprodução. Os filhos de um atleta vão receber apenas 50% de genes 
paternos, sendo os outros 50% herdados da mãe. 
É por isso que irmãos podem ter constelações de variantes gênicas relativamente similares. Isso pode ser 
constatado empiricamente em exames de compatibilidade genética para doação de órgãos que dependem 
de diferentes locos do complexo HLA. Raramente o pai ou a mãe podem ser doadores de órgãos para filhos. 
Entretanto, é muito mais provável que entre irmãos haja concordância de todos os alelos relevantes, 
permitindo que eles possam doar órgãos entre si com maior segurança. 
Frequentemente vários membros de uma mesma família são esportistas de elite, reforçando a ideia da 
importância genética. Mas dentro desse modelo de “constelações gênicas” podemos esperar que este 
fenômeno seja mais comum entre irmãos do que em pares de pai-filho. 
Certamente inúmeros casos de irmãos atletas de elite vêm à mente: Sócrates e Raí, Zico e Edu, e Bobby e 
Jack Charlton, estes dois últimos da seleção inglesa que foi campeã mundial em 1966. 
Por outro lado, também vêm à mente casos em que filhos não conseguiram ter o sucesso atlético dos pais, 
especialmente o de Pelé, o maior futebolista de todos os tempos. Nem seu pai, Dondinho, que jogou no 
Fluminense, nem seu filho, Edinho, que jogou no Santos, como o pai, foram atletas de elite. 
Não podemos nunca nos esquecer que famílias compartilham não somente genes, como também o ambiente 
– o interesse e prática de esportes sendo um dos principais deles. Independentemente da genética, é mais 
provável surgir um grande atleta em uma família de esportistas, onde a prática do esporte é sempre ’o 
assunto do dia‘, do que em uma família de intelectuais ou músicos, nas quais nem sempre há valorização 
dos esportes e, às vezes, não há sequer uma bola em casa. 
Com o sucesso na elucidação funcional do genoma humano e o conhecimento íntimo de nossa genética, 
esperamos em breve ter uma melhor idéia dos detalhes da estranha mistura de genética e ambiente que faz 
o esportista de elite. A ignorância atual só aguça a nossa admiração e a nossa reverência aos grandes 
atletas, que, embora humanos como nós, são capazes de feitos quase divinos. 
 
Sérgio Danilo Pena é médico, doutor em genética humana, é professor titular de Bioquímica no Departamento de Bioquímica e 
Imunologia- Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. Foi presidente do Programa Latino-Americano do Genoma Humano e 
presidente do Comitê Sul-Americano do Programa de Diversidade Genômica Humana. 
10 
 
 
TEXTO – A GENÉTICA DOS GRANDES ATLETAS 
 
• Admiração do autor por Santos Dumont 
• Habilidade de “voar” de Michael Jordan 
• Glória alcançada pelos vencedores olímpicos na Grécia antiga 
• Consulta dos jornalistas esportivos 
• Citação de Shakespeare 
• Partilhamento de inatas características físicas e fisiológicas de atletas vencedores 
• Exemplos de PEPs 
• Falta de comprovação da influência genética no desempenho esportivo 
• Papel do ambiente na formação do atleta 
• Atletas afro-americanos da atualidade X atletas judeus brancos do início do século XX 
• Efemeridade da combinação de variantes genéticas 
• Compatibilidade genética entre irmãos 
• Maior probabilidade de doação de órgãos entre irmãos 
• Exemplos de sucesso esportivo de irmãos e não de pais e filhos 
 
 
 
2.1.2 O AUTOR DO TEXTO RESUMIDO: REFERÊNCIA E AÇÕES 
 
 Num resumo acadêmico, é preciso citar o nome do autor do texto a ser resumido. Segundo Machado, 
Lousada e Abreu-Tardelli (2004: 47), “um resumo é um texto sobre outro texto, de outro autor, e isso deve 
ficar sempre claro, mencionando-se frequentemente o seu autor, para evitar que o leitor tome como sendo 
nossas as idéias que, de fato, são do autor do texto resumido.” 
 São várias as possibilidades de fazer essa referência. Você pode usar 
• o nome completo do autor ou apenas o sobrenome (OBS.: NUNCA FAÇA REFERÊNCIA AO AUTOR 
USANDO O PRENOME); 
• expressões nominais com base no papel que ele desempenha (“o autor”); 
• expressões nominais que identifiquem o autor com base no que você sabe sobre ele (“o 
psicanalista”, “o professor”, “o pesquisador”... ); para isso, você deve lançar mão de seu 
conhecimentode mundo; 
• pronomes. 
 
NO CASO DO DISCURSO ACADÊMICO, A CITAÇÃO DO AUTOR DURANTE O TEXTO DEVE SER 
FEITA DE ACORDO COM A NBR 10520 ABNT (DISPONÍVEL DO STOA). 
 
Além disso, é fácil supor que, fazendo referência ao autor, você atribua a ele determinadas ações, 
determinadas a partir de sua interpretação com base no texto. Machado, Lousada e Abreu-Tardelli (2004: 49) 
afirmam que “no resumo, o autor do texto original aparece como se estivesse realizando vários tipos de atos, 
que, frequentemente, não estão explicitados no texto original.” Cabe ao autor do resumo interpretar e 
enunciar esses atos. Veja a relação abaixo (dada pelas autoras): 
 
11 
 
AÇÕES PRESSUPOSTAS VERBOS 
a. posicionamento do autor em relação à sua crença na verdade 
do que é dito 
 • afirma, nega, 
acredita, duvida 
b. indicação do conteúdo geral • aborda, trata de 
c. organização das idéias do texto • define, classifica, 
enumera, argumenta 
d. indicação de relevância de uma idéia do texto • enfatiza, ressalta 
e. ação do autor em relação ao leitor • incita, busca levar a 
Alguns exemplos. 
 
Exemplo 1 
Texto 
 Chat, para quem não sabe,é um lugar onde fica uma porção de chatos, todos com 
pseudônimos (homem diz que é mulher e mulher vira homem) a te perguntar: você está aí? (Mário 
Prata, Chats e chatos pela Internet. O Estado de S.Paulo, 02/12/1998) 
Resumo 
 O autor define o chat de forma irônica. 
Exemplo 2 
Texto 
As obras mais significativas no campo da economia foram redigidas por especialistas de outras áreas. 
Adam Smith, por exemplo, tido como o “pai da economia”, era um professor de filosofia moral. 
 
Resumo 
O autor afirma que as obras mais importantes da economia são feitas por especialistas de outras 
áreas, exemplificando com Adam Smith. 
 
Exemplo 3 
Texto 
O início do ano escolar no mês de fevereiro merece ser revogado, voltando à antiga praxe de começo 
das aulas em março. O carnaval geralmente cai em fevereiro e interrompe as aulas recém-iniciadas. 
O verão escaldante torna as aulas penosas e com baixo rendimento. Finalmente, as férias escolares 
comandam grande parte das férias dos trabalhadores. E as férias destes são motor do turismo, 
atividade geradora de empregos e riqueza para o País. (...) Portanto, há grande vantagem para todos 
na transferência do início das aulas para o mês de março. 
Resumo 
O autor defende a tese de que as aulas devem voltar a começar em março, apresentando os 
seguintes argumentos: o carnaval cair em fevereiro, a intensidade do calor e o consequente prejuízo 
para a aprendizagem, o benefício para a economia, já que as férias dos trabalhadores normalmente 
coincidem com as férias escolares. 
12 
 
 
Obs.: Segue um quadro com alguns verbos que podem ser utilizados para indicar esses atos. 
 
apontar – definir – descrever – elencar – enumerar – classificar – caracterizar – dar 
características – exemplificar – dar exemplos – contrapor – confrontar – comparar – opor – 
diferenciar – começar – iniciar – introduzir – desenvolver – finalizar – terminar – concluir – 
pensar – acreditar – julgar - afirmar – negar – questionar – criticar – descrever – narrar – relatar 
– explicar – expor – comprovar – provar – defender a tese – argumentar – dar argumentos – 
justificar – dar justificativas – apresentar – mostrar – tratar de – abordar – discorrer – 
esclarecer – convidar – sugerir – incitar – levar a 
 
Se buscássemos uma categorização desses atos, poderíamos ter algo como segue: 
 
 
Atos de pesquisa 
 
Atos de cognição 
(processos mentais) 
 
Atos de discurso 
(expressão verbal) 
Procedimentos Resultados 
 
analisar 
calcular 
explorar 
examinar 
estabelecer 
 
 
observar 
descobrir 
constatar 
mostrar 
 
acreditar / pensar 
julgar / ver 
conceituar / 
considerar 
ponderar / concluir 
hipotetizar 
 
 
dizer / discutir 
declarar / expor 
afirmar / argumentar 
propor / descrever 
discorrer / apresentar 
destacar / citar 
mencionar 
 
 
 
Exercícios 
 
1. Faça um levantamento das expressões que você poderia usar para fazer referência à autora de 
“Publicidade: alguns conceitos”. Observe que, no final do texto, há um pequeno “curriculum” 
dela. 
_______________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
2. Releia o texto com atenção, se necessário. Interprete os atos do autor e escolha, na lista 
abaixo, aqueles que podem ser atribuídos a ele. Associe esses atos com os conteúdos do 
texto. 
 
1. contrapor-se 2. enumerar 3. argumentar 4. comparar 5. acreditar 
6. convidar 7. negar 8. classificar 9. defender a tese 10. incitar 
11. exemplificar 12. reconhecer 13. recusar 14. definir 15. diferenciar 
16. finalizar 17. questionar 18. abordar 19. caracterizar 20. descrever 
13 
 
 
 
3. Crie uma frase que expresse o assunto geral do excerto e possa ser usada no início de um 
resumo acadêmico. 
 
 
2.2 RESUMO ACADÊMICO OU ABSTRACT (autor do texto = autor do resumo) 
 
 Mota-Roth e Hendges (2010, p. 152) afirmam que o resumo acadêmico tem o objetivo de sumarizar, 
indicar e predizer, em um parágrafo curto, o conteúdo e a estrutura do texto integral que segue. 
 Em que situações, você, aluno(a) de Engenharia, deverá elaborar um resumo científico? Na sua vida 
acadêmica, você poderá vivenciar algumas situações em que será necessário redigir um texto como esse. 
Provavelmente você participará de congresso ou seminário e, para isso, terá de enviar um resumo do trabalho a 
ser apresentado. Esse texto, que constará do caderno de resumo (se o trabalho for aceito, naturalmente), 
antecipa o conteúdo da sua pesquisa. A coletânea de resumos (incluindo o seu) orienta os participantes do 
evento a selecionar os trabalhos de seu interesse. Esse tipo de resumo ainda aparecerá no seu TCC, permitindo 
que o leitor tenha acesso mais rápido ao conteúdo do texto. No caso dos gêneros estudados no nosso curso, um 
resumo desse tipo integrará seu projeto de pesquisa e relatório. 
 Como leitor, você também terá contato com o resumo acadêmico. Quando busca as informações 
teóricas que dão suporte à sua pesquisa, você lerá primeiramente o abstract, selecionando o que é interessante 
ler. Desse modo, além de sumarizar o conteúdo de um texto, o resumo científico funciona como “fonte de 
informação precisa e completa, ajudando os pesquisadores a ter acesso rápido e eficiente ao crescente volume 
de publicações científicas.” (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010, p. 152) 
 
2.2.1 ORGANIZAÇÃO RETÓRICA DO RESUMO 
 
 Como vimos, o resumo acadêmico reflete o conteúdo e a estrutura do trabalho que resume. Se o 
trabalho é experimental – como o caso da maioria dos trabalhos que você vai desenvolver na Universidade, 
por conta da natureza do seu curso –, o resumo deve apresentar o problema e/ou a justificativa da pesquisa, 
o(s) objetivo(s), a metodologia, os resultados e a conclusão. Veja o resumo abaixo. 
Resumo 1 
Células hematopoiéticas estão sendo intensamente investigadas devido a seu potencial 
como alvo de terapia gênica. Tem sido mostrado entretanto que a transferência de 
genes exógenos pode alterar biologicamente as células alvo, diminuindo sua capacidade 
de proliferação e diferenciação. O presente trabalho teve como objetivo a análise das 
características biológicas de células da linhagem hematopoiética K562, previamente 
transfectadas com o gene repórter egfp (enhanced green fluorescent protein), cuja 
expressão é detectada por citometria de fluxo. Células K562 transfectadas ou normais 
foram cultivadas em diferentes condições, e comparadas com relação a diferentes 
parâmetros que incluiram a expressão de marcadores de superfície. Os principaisresultados encontrados foram: (1) quando cultivadas na ausência de pressão seletiva, a 
expressão do gene repórter mostrou um rápido declínio; (2) células K562 transfectadas 
apresentaram uma capacidade mitótica diminuída quando co-cultivadas com células 
K562 normais, em diferentes concentrações; e (3) os níveis das moléculas de adesão 
CD11c, CD31 (baixo) e CD49e (alto) não foram afetados pela transfecção, enquanto a 
baixa expressão dos marcadores CD62L e CD117 mostraram uma tendência a 
aumentar nas células transfectadas. Estes resultados mostram que dois dos principais 
problemas dos protocolos de terapia gênica, manutenção da expressão do transgene e 
expansão das células transfectadas, podem ser analisados para correção in vitro. 
Objetivo 
Metodologia 
Resultados 
Justificativa da 
pesquisa / 
Problema 
Conclusão 
14 
 
 Motta-Roth e Hendges (2010, p. 155)4 apontam algumas variações possíveis: 
1. Objetivo(s); metodologia; resultado(s); conclusão(ões); 
2. Objetivo(s); metodologia; resultado(s); 
3. Objetivo(s); metodologia; resultado(s); validade dos resultados; conclusão(ões); aplicações. 
 
Em algumas áreas, como a da medicina, é comum o resumo já apresentar as informações marcadas por 
meio de subtítulos. Tal recurso busca guiar o leitor no processamento das ‘peças’ de informação da pesquisa 
realizada, como vemos no próximo texto. 
Resumo 2 
 
 
OBJETIVO: Analisar o consumo alimentar, o ambiente socioeconômico, a frequência de anemia ferropriva 
e o estado nutricional de pré-escolares. 
MÉTODOS: A população estudada constituiu-se de 89 crianças de 24 a 72 meses de idade, assistidas em 
creches municipais de Viçosa, MG. Foram avaliados: nível de hemoglobina, peso, estatura, presença de 
parasitose, consumo alimentar dos pré-escolares e o perfil biossocioeconômico de suas famílias. 
RESULTADOS: O estado nutricional do grupo foi considerado satisfatório, e a prevalência de anemia 
relativamente baixa (11,2%). Condições adequadas de saneamento, nível razoável de escolaridade dos 
pais, baixo número de filhos e ausência de parasitas envolvidos com a gênese da anemia podem justificar 
o perfil observado. Não foi observada associação da anemia ferropriva nem com desnutrição nem com 
parasitose. 
CONCLUSÃO: Apesar de alguns fatores biossocioeconômicos apresentarem-se favoráveis ao estado 
nutricional e à baixa prevalência de anemia, observa-se, entretanto, que a insuficiente renda per capita e a 
dieta deficiente poderão levar esse grupo de pré-escolares, no futuro, a um pior estado de saúde. 
 
. 
 Quando o resumo não apresenta esses subtítulos, é necessário ter o cuidado de fornecer pistas por 
meio de marcadores, itens lexicais que caracterizam as informações que representam as diferentes seções do 
trabalho. Dessa forma, o resumo ficará mais claro e o leitor poderá encontrar a informação que deseja mais 
facilmente, guiado justamente por essas marcas, como ocorre no resumo 1 acima. 
 
2.2.2 CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS DO RESUMO ACADÊMICO 
 
a) Verbos no pretérito perfeito (simples e composto) e presente do indicativo, terceira pessoa, voz 
passiva; 
b) Sentenças declarativas, sem abreviações; 
c) Linguagem econômica com sentenças simples, evitando redundâncias tais como exemplos, 
ilustrações, excesso de detalhes. 
 
Exercícios 
1. Que informações estão presentes no Texto 1 e 2 (resumos retirados de revistas 
especializadas)? Identifique os marcadores que caracterizam as informações correspondentes 
às diferentes seções do trabalho. 
 
4
 MOTTA-ROTH; Désirée; HENDGES; Graciela Rabuske. Produção textual na universidade. São Paulo: Parábola Editorial, 
2010. 
 
15 
 
Texto 1 
Avaliaram-se as características fermentativas e a composição químico-bromatológica de silagens de capim-
elefante contendo níveis crescentes de subproduto desidratado do maracujá (SDM). Foram testados cinco 
níveis de SDM (0,0; 3,5; 7,0; 10,5 e 14,0%) em relação à matéria natural do capim, em um delineamento 
inteiramente casualizado, com quatro repetições. A gramínea foi cortada aos 60 dias de idade, triturada e 
ensilada, obtendo-se densidade de 600 kg/m³. Após 28 dias, os silos foram abertos e amostras foram 
coletadas para análises laboratoriais. Os níveis crescentes de SDM tiveram efeito linear crescente sobre o 
teor de MS das silagens e efeito linear decrescente sobre o teor de ácido propiônico. Houve efeito quadrático 
com ponto de máximo para o teor de ácido lático. Os teores de ácido butírico foram desprezíveis. Os valores 
de pH e os teores de N-amoniacal, de ácido acético e de FDA não foram afetados. Verificou-se efeito linear 
dos níveis crescentes de SDM sobre os teores de PB e de EE das silagens. Os teores de FDN e 
hemicelulose das silagens foram afetados pelos níveis crescentes de SDM, com resposta linear decrescente. 
A adição de SDM na ensilagem do capim-elefante favoreceu o processo fermentativo e melhorou a 
composição químico-bromatológica das silagens, portanto, esse subproduto pode ser utilizado em 
quantidades de até 14% em relação à matéria natural da gramínea. (CÂNDIDO, Magno José Duarte et al. 
Características fermentativas e composição química de silagens de capim-elefante contendo 
subproduto desidratado do maracujá. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.5, out. 2007.) 
Texto 2 
Composição físico-química de uvas para vinho fino em ciclos de verão e inverno 
Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de maturação das cultivares Pinot Noir, Tempranillo, 
Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah, Chardonnay e Sauvignon Blanc submetidas ao regime de dupla poda, 
em Cordislândia, região cafeeira do sul de Minas Gerais. As plantas foram submetidas a dois ciclos de 
produção, um de primavera-verão, compreendido entre agosto e janeiro, e outro ciclo de outono-inverno, 
entre janeiro e julho. Como parâmetros de qualidade, foram avaliados os diâmetros transversal e longitudinal 
da baga, acidez, ácidos tartárico e málico, pH, sólidos solúveis, antocianinas, fenólicos totais e os teores de 
glicose, frutose e sacarose. Todas as variedades apresentaram maiores teores de pH, sólidos solúveis, 
açúcares, antocianinas e fenólicos totais, e redução nos diâmetros transversal e longitudinal na safra de 
inverno. A cultivar Syrah destacou-se das demais no conteúdo de antocianinas e fenólicos totais tanto no 
verão quanto no inverno, entretanto apresentou o menor conteúdo de açúcares. A alteração do ciclo de 
produção da videira através da técnica da dupla poda para colheita, no período de inverno, na região cafeeira 
de Minas Gerais, favorece a maturação dos frutos e melhora consideravelmente a qualidade das uvas para 
vinificação. (MOTA, Renata Vieira da et al. Composição físico-química de uvas para vinho fino em cilos 
de verão e inverno. Revista Brasileira de Fruticultura, v.32 n. 4, dez. 2010.) 
2. O seguinte texto divulga uma pesquisa científica. A partir das suas informações, redija (em no 
máximo 8 linhas) um resumo acadêmico, fazendo as adaptações necessárias para adequá-lo a 
esse gênero. 
Mais uma vez, as ovelhas. Seis delas, da raça Grivette, recebem toda a atenção de cientistas 
franceses no desenvolvimento de uma técnica para que mulheres que ficaram estéreis em tratamentos 
contra o câncer possam recuperar a capacidade de reprodução. 
16 
 
O estudo foi apresentado ontem durante o 17º Encontro da Sociedade Européia de Reprodução 
Humana e Embriologia, que ocorre em Lausanne, Suíça. 
Entre setembro de 1999 e janeiro de 2000, cientistas do Departamento de Medicina Reprodutiva do 
Hospital Edouard Herriot, em Lyon, retiraram um dos ovários das seis ovelhas. Os órgãos foram cortados, 
congelados e armazenados em nitrogênio líquido, a uma temperatura de –196ºC, por períodos de até 45 
dias. 
Pesquisadores então descongelaramos pedaços de ovário, que foram incubados por 30 minutos. 
Depois os tecidos foram enxertados de volta nas ovelhas, no lugar dos ovários extirpados. 
De dois a quatro meses depois dos enxertos, os tecidos cresceram recompondo aos poucos os 
ovários, que voltaram a funcionar, produzindo hormônios. Segundo especialistas, a área em que ficam os 
órgãos é muito vascularizada, daí a rapidez. No verão do ano passado, quatro das ovelhas ficaram grávidas 
de seis filhotes, dos quais três ainda estão vivos. Um morreu logo após o nascimento e outros dois não 
resistiram após nascerem prematuros. 
Segundo os pesquisadores, não há relação entre as mortes e a técnica. Para o grupo, o sucesso 
com as ovelhas traz esperanças para mulheres esterilizadas por tratamento contra o câncer, como a 
quimioterapia e a radioterapia. (...) (Folha de S.Paulo, 3/7/2001, p. A-10)

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