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Livro- Texto - Unidade III (3)

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INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO
Unidade III
Nas duas últimas unidades deste livro‑texto, destacamos os aspectos relacionados com a economia 
do setor público (também conhecida como finanças públicas).
Todos que se envolvem com o estudo de Economia têm como primeira lição o confronto entre as 
necessidades ilimitadas dos agentes econômicos (famílias, empresas, governos etc.) comparativamente 
aos recursos finitos de que dispõem para atendê‑las, expressos nas disponibilidades fundamentais de 
terra, capital e trabalho.
5 LIVRES MERCADOS OU INTERVENCIONISMO ESTATAL
Adam Smith (considerado o “pai” da Economia, escreveu, em 1776, A Riqueza das Nações) entendia 
que os mercados deveriam ser mantidos livres e que as ações racionais dos agentes acabariam por 
conduzir ao alcance do bem comum, almejado pela sociedade. É a ideia da “mão invisível”, segundo a 
qual os indivíduos, mesmo praticando ações em seu próprio benefício, chegarão ao bem comum, num 
sistema de mercados livres de influência governamental.
Um dos críticos mais severos, Karl Marx considerava que a economia capitalista apresentava 
distorções fundamentais e, com o tempo, seria substituída por outra, que entendia ser o comunismo.
As crises econômicas (desde o século XIX), aliadas ao crescimento promovido com a degradação 
do meio ambiente, davam a entender que a liberdade total de atuação dos mercados não se 
justificava. Segundo a visão dos economistas clássicos, que surgiu no século XVIII a partir das 
ideias de Adam Smith, o governo deve intervir o menos possível nas atividades econômicas, 
restringindo‑se às funções de:
• segurança nacional;
• distribuição da justiça;
• manutenção da ordem;
• oferta de bens públicos (aqueles que, por falta de interesse ou de recursos, não são produzidos 
pela iniciativa privada).
O governo deve possibilitar ao mercado que opere com liberdade suficiente visando alcançar a 
eficiência econômica. O argumento repousa na ideia de que no sistema perfeitamente competitivo 
milhares de consumidores e produtores atuam livremente, com condições de resolver os problemas 
econômicos fundamentais. As críticas mais comuns a esse tipo de sistema econômico, porém, são as 
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de que os preços nem sempre flutuam livremente de acordo com as forças de mercado, por sofrerem 
influências, por exemplo, de:
• atuação dos sindicatos;
• poder dos monopólios e oligopólios.
No entanto, a maioria dos estudiosos entende que a livre iniciativa é mais eficiente no tratamento 
dos problemas, tomadas de decisão e implantação de soluções, em geral.
Conforme a teoria econômica, a competição entre os agentes econômicos leva ao equilíbrio (ou 
ótimo) de Pareto, situação em que ninguém conseguirá melhorar a sua situação sem causar algum tipo 
de prejuízo a outros agentes econômicos. O equilíbrio aqui ressaltado, porém, depende de uma série de 
condições ótimas, sendo necessário:
• a inexistência (ou não influência) de alterações tecnológicas;
• que o mercado esteja organizado da forma conhecida como concorrência perfeita entre os agentes, 
caracterizada, entre outros aspectos, pela existência de um grande número de vendedores e de 
compradores, comercializando produtos iguais ou bastante parecidos;
• que não ocorra a possibilidade de um agente individual afetar o preço que está sendo praticado 
com relação ao respectivo produto ou serviço;
• que os agentes de mercado, pelo seu tamanho, pela disseminação de informações entre os 
concorrentes, sejam incapazes de influenciar os preços dos produtos e serviços.
Há situações, porém, em que essa eficiência não é claramente obtida, sendo constatadas as chamadas 
falhas de mercado. Nesses casos, apesar de operarem de forma livre, os mercados falham em conseguir a 
desejada eficiência e, mais ainda, quando se trata de atender aos problemas de distribuição de recursos 
entre as camadas da sociedade.
Esse modelo clássico de pouca intervenção do Estado na economia funcionou até a chegada da 
Grande Depressão de 1929.
 Lembrete
Como indicamos anteriormente neste livro‑texto, a crise mostrou, 
claramente, os limites trazidos pelos mercados se deixados livres, sem 
grandes controles ou interferências dos governos. O enfraquecimento 
da economia americana, pelo seu porte e relacionamento com os outros 
países, repercutiu em todo o mundo.
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO
A ocorrência de crises desse tipo demandam a intervenção do governo nas atividades econômicas, 
adotando medidas como:
• fixação do salário mínimo a ser pago à força de trabalho da economia;
• definição dos preços mínimos e máximos a serem aplicados pelos produtores de bens e serviços;
• congelamento e tabelamento de preços;
• cobrança de impostos e concessão de subsídios aos agentes econômicos;
• controle das taxas de câmbio e de juros.
Surgiu, então, outra abordagem, desenvolvida pelo economista John Maynard Keynes, conhecida 
como keynesiana, que pregava exatamente essa maior participação do governo para estimular a 
demanda agregada (representada pela soma das procuras ou desejos de compra de bens e serviços por 
todos os agentes que participam da economia), com a criação de empregos e a geração de renda.
 Saiba mais
Leia a seguinte obra de Keynes, publicada em 1936:
KEYNES, J. M. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: 
Saraiva, 2012.
Fazendo uma análise das alternativas de intervenção do Estado numa economia de livres mercados, 
o economista Samuel Pessoa (2014), em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, edição de 19 de 
janeiro de 2014, sob o título Crescimento, Fenômeno Institucional, comenta:
Há varias formas de institucionalizar uma economia de mercado. Países 
anglo‑saxões preferem um Estado leve e muito espaço para o setor privado 
e não gostam de muito seguro social. Já as economias do Leste Asiático 
favorecem um Estado que intervém muito na economia, mas também não são 
entusiastas do seguro social. Finalmente, as sociedades da Europa Continental 
apreciam muita intervenção estatal na economia além de muito seguro social. 
Não existe fórmula única e, para tornar tudo mais complicado, a construção 
institucional tem que ser local e compatível com as crenças de cada sociedade.
5.1 Funções clássicas do Estado
Retomando as razões que justificam a intervenção do Estado na economia, temos:
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• aumento da eficiência econômica;
• estabilização da economia;
• estímulo ao crescimento econômico;
• procura da equidade social.
O Estado executa, então, as chamadas funções macroeconômicas, que podem ser classificadas em:
• alocativas;
• estabilizadoras;
• de distribuição de renda.
5.1.1 Função alocativa
Consiste no fornecimento pelo Estado de bens e serviços públicos que não são oferecidos regularmente 
e/ou de forma eficiente pela iniciativa privada.
Estão enquadradas nesta categoria os serviços como os de segurança nacional e aqueles de cobertura 
jurídica ao funcionamento da sociedade.
Em termos de bens físicos, por exemplo, podemos lembrar o caso de uma hidroelétrica que, em 
função dos altos custos e demora no retorno dos benefícios (lucros), é usualmente construída com uso 
de recursos do governo.
 Observação
Na atualidade, empreendimentos de grande porte têm sido realizados 
pela combinação de recursos e competências, públicas e privadas.Sintetizando, essa função relaciona‑se à alocação de recursos por parte do governo com a intenção 
de oferecer:
• bens públicos (rodovias, segurança etc.);
• bens semipúblicos ou meritórios (educação e saúde, principalmente).
Bens públicos são aqueles que podem ser usufruídos por todas as pessoas, independentemente do 
pagamento de qualquer preço, como é o caso de vias públicas, praias, iluminação pública etc. O bem, 
para ser considerado público, não precisa ser fornecido necessariamente pelo Estado, mas deve possuir 
as características de não rivalidade e não exclusão do consumo.
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Empresas privadas podem também fornecer bens públicos, obtendo financiamentos ou apoio do 
Estado, de modo que o consumo do bem não esteja condicionado a nenhuma prestação pecuniária pelo 
consumidor.
Devem ser, também, considerados os bens meritórios ou semipúblicos, entendidos como 
imprescindíveis para a garantia mínima da condição de vida do cidadão, e que podem ser oferecidos 
pelo Estado ou pelo mercado. Em outras palavras, são os bens que, embora possam ser explorados 
economicamente pelo setor privado, devem ou podem ser produzidos pelo governo para evitar que a 
população de baixa renda seja excluída de seu consumo, por não poderem arcar com o pagamento do 
preço correspondente. É o caso dos serviços de educação e saúde.
Um dos principais objetivos ou argumentos para esse tipo de macrofunção (se não o maior) é a 
promoção do desenvolvimento (como a construção de usinas, portos, aeroportos etc.) da região ou país.
5.1.2 Função de estabilização
Para manter a economia estabilizada, isto é, capaz de suportar as flutuações inerentes às operações dos 
mercados, o governo precisa praticar políticas relacionadas com o nível de emprego e das atividades econômicas.
Em situações de recessão e desemprego, espera‑se que o governo adote políticas que facilitem a 
expansão da economia, como:
• aumento de seus dispêndios;
• redução da tributação que aplica sobre os agentes econômicos;
• combinação dessas duas medidas.
Em épocas de muito emprego e com tendência ao crescimento do nível da inflação, o governo deve 
praticar medidas que visem “desaquecer” a economia, por exemplo:
• redução de seus dispêndios;
• aumento da tributação que aplica sobre os agentes econômicos;
• combinação dessas duas medidas.
Essa macrofunção pretende que se atinja a estabilização da moeda do país, com a manutenção de 
preços mais equilibrados, via controle da inflação. Neste conjunto, podemos incluir as atividades que se 
relacionam com a manutenção do nível geral de emprego dos fatores de produção (terra, mão de obra 
e capital) na economia.
Entre as medidas a serem conduzidas pelos governos, podem ser mencionados os controles sobre, 
entre outros, os níveis e flutuações de valores de:
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• inflação: a inflação é definida como o aumento continuado de preços na economia durante um 
determinado período. Entre os custos gerados pela inflação, podemos indicar:
—― concentração de renda;
—―desequilíbrio do balanço de pagamentos. As importações e remessa de valores nacionais devem 
ser compatíveis com os níveis de exportação e de obtenção de recursos do exterior;
—―piora das expectativas dos agentes econômicos;
—―desestímulo às aplicações financeiras;
—―surgimento da ilusão monetária, conduzindo a decisões equivocadas pelos agentes econômicos.
Figura 17 – Inflação (aumento de preços)
• taxa de juros: esse indicador revela o preço da moeda nacional em um determinado momento. 
Assim, se houver aumento dessa taxa, isso implica diminuição do valor (poder de compra) da moeda 
nacional e vice‑versa;
• taxa de câmbio: esse indicador demonstra o preço, em unidades da moeda nacional, para a 
aquisição da divisa (moeda) estrangeira (normalmente é calculado o do dólar norte‑americano, que é 
usualmente empregado no comércio de bens e serviços no mercado internacional);
Se, por exemplo, essa taxa aumentar, implica que ficou mais caro comprar uma unidade de moeda 
estrangeira e que a moeda nacional perdeu poder aquisitivo. Veja:
Tabela 1 – Cotação de fechamento do dólar no dia 30/04/2014, quarta‑feira:
Data Taxa de Compra Taxa de Venda
30/04/2014 2,2354 2,2360
Fonte: Banco Central do Brasil (2014).
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Entre os exemplos de instrumentos de que dispõe o governo para a execução da macrofunção 
estabilizadora, temos:
• instrumentos fiscais (a chamada política fiscal): compras e vendas de bens e serviços 
governamentais, política tributária;
• instrumentos monetários (a política monetária): controle da oferta de papel‑moeda, dos 
depósitos compulsórios do setor financeiro e da taxa de juros.
5.1.3 Função social e distributiva
Esta macrofunção é relacionada com a distribuição da renda do PIB (produto interno bruto) entre 
os agentes econômicos. As transferências entre esses agentes podem ocorrer, por exemplo, com base:
• na cobrança de impostos maiores sobre as camadas de maior poder aquisitivo;
• na definição do tipo de serviço que será oferecido pelas entidades governamentais;
• na distribuição de subsídios às camadas mais pobres da população, como é o caso do programa 
Bolsa Família no Brasil (transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de 
pobreza).
No que tange ao Bolsa Família, Pessoa (2014) comenta que esse programa deve, possivelmente, 
aumentar a eficiência econômica, em função dos efeitos benéficos sobre a melhora da escolaridade das 
crianças assistidas.
[...] O Bolsa Família provavelmente alinha o interesse da sociedade, que 
as crianças tenham uma boa educação, com os [...] das famílias de terem 
condições melhores para conseguir promover essa melhor educação.
 Observação
A gestão do programa instituído pela Lei nº 10.836/2004 e regulamentada 
pelo Decreto nº 5.209/2004 é descentralizada e compartilhada entre a 
União, estados, Distrito Federal e municípios. Os entes federados trabalham 
em conjunto para aperfeiçoar, ampliar e fiscalizar a execução (BRASIL, s.d.d).
Há, portanto, várias situações econômicas nas quais os critérios de equidade social justificam, ainda 
que parcialmente, uma redução da eficiência. O objetivo fundamental desse tipo de macrofunção é o de 
tornar a sociedade menos desigual, seja:
• quanto ao acesso à renda;
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• no que se refere à possibilidade de obtenção de produtos e serviços;
• quanto aos benefícios gerais da convivência social.
Além do Bolsa Família, podemos citar, entre os exemplos de políticas que visam atender à macrofunção 
distributiva:
• tributação maior para os artigos classificados como de luxo, comparativamente aos essenciais, 
como é o caso de alimentos;
• benefícios previdenciários (pensões e rendas) maiores do que os custos para determinadas faixas 
da população;
• programas de assistência social, sem caráter contributivo.
A assistência social, política pública não contributiva, é dever do Estado e direto de todo cidadão 
que dela necessitar. Entre os principais pilares da assistência social no Brasil estão a Constituição Federal 
de 1988, que dá as diretrizes para a gestão das políticas públicas, e a Lei Orgânica da Assistência Social 
(Loas), de 1993, que estabelece os objetivos, princípios e diretrizes das ações (BRASIL, s.d.b).
Um medidor adequado parao controle do nível de distribuição de renda de um país ou região é o 
Coeficiente de Gini, desenvolvido pelo matemático Corrado Gini. O coeficiente varia entre zero e um: 
quanto mais próximo do zero, menor é a desigualdade de renda num país; quanto mais próximo do um, 
maior a concentração de renda num país.
 Observação
O Índice de Gini é apresentado em pontos percentuais (coeficiente x 100).
O Índice de Gini do Brasil é de 51,9 (dados de 2012), revelando uma alta concentração de renda, 
apesar de haver ocorrido melhoras em relação às medições anteriores.
 Saiba mais
Obtenha mais informações sobre o Coeficiente de Gini consultando o 
documento a seguir:
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ. Entendendo o Índice de Gini. 
Disponível em: <www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/Entendendo_Indice_
GINI.pdf>. Acesso em : 6 maio 2014.
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A desigualdade de renda é algo que preocupa várias nações, mesmo as que estão em franco 
crescimento.
Uma reportagem da Folha de São Paulo, edição de 28 de outubro de 2012, sob o título China enfrenta 
explosão de desigualdade (MAISONNAVE, 2012), comentava que determinada pesquisa demonstrou que 
os 10% dos domicílios mais ricos concentravam 57% da renda e 85% de toda a riqueza do país.
Outra, do mesmo jornal, em 1º de janeiro de 2012, sob o título Estados Unidos vivenciam pico de 
desigualdade social, assinada por Luciana Coelho, era concluída com a observação:
Duas coisas amplamente citadas como razões para isso estarão no foco da 
campanha presidencial de 2012.
Uma é a política tributária – sobretudo os cortes de impostos para os mais 
ricos implantados por George W. Bush, que Barack Obama manteve. Outra 
é a regulação do sistema financeiro, desmantelada nas décadas de 1980 e 
1990 por Ronald Reagan, George Bush pai e Bill Clinton (COELHO, 2012).
5.2 Estado produtor x Estado regulador
A partir da década de 1930, passou a predominar no Brasil o modelo econômico baseado em 
forte intervenção estatal na produção de bens e serviços, fomentando a política de substituição de 
importações.
 Observação
O símbolo dessa atuação estatal foi a constituição da CSN (Companhia 
Siderúrgica Nacional), em 1942.
Nos dias atuais, a maior participação do Estado nessa modalidade pode ser auferida na operação de 
instituições como a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Com a orientação trazida pelo neoliberalismo e suas expectativas de Estado mínimo, diminuiu 
muito esse tipo de participação do Estado, ao menos até a ocorrência da crise mundial de 2007, sendo 
substituída pelo modelo regulador.
A ideia do Estado mínimo considera que deve ser muito reduzida a participação do Estado na 
economia, o qual deve se preocupar, acima de tudo, com suas funções essenciais (segurança, justiça 
etc.). Foram criadas as agências reguladoras visando ao controle de atividades executadas pela iniciativa 
privada, mas de interesse coletivo/social, com foco na garantia de fornecimento, qualidade e tarifas/
preços adequados para os diferentes produtos e serviços.
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5.3 Políticas econômicas adotadas pelo governo
5.3.1 Política cambial
Refere‑se ao conjunto de normas estabelecidas e de medidas tomadas pelo governo, visando 
influenciar a relação de preços entre a moeda nacional e a estrangeira.
No Brasil, adotamos o regime de câmbio flexível e, assim, o valor da moeda estrangeira (por exemplo, 
o do dólar norte‑americano) depende de sua demanda e oferta no mercado.
Há situações, todavia, em que o Banco Central atua diretamente no mercado, comprando e vendendo 
títulos de forma a alterar e/ou manter dentro de certos limites a cotação do câmbio.
Existem benefícios e perdas decorrentes de aumento ou diminuição da taxa de câmbio, que é 
expressa pela fórmula a seguir. Ela permite o cálculo do preço, em moeda nacional (no caso, o Real) de 
1 Dólar norte‑americano:
taxacâmbio = 
R
US
$
$1
Entre as influências econômicas, uma taxa de câmbio valorizada significa que houve uma perda 
relativa de valor da moeda nacional (no nosso caso, o Real), o que encarece para os importadores 
estrangeiros os preços de nossos bens e serviços, reduzindo, pois, o total de nossas exportações. Na 
situação contrária, uma taxa de câmbio desvalorizada implica aumento relativo de valor da moeda 
nacional, fazendo com que haja para os importadores estrangeiros uma redução de preços de nossos 
bens e serviços, com consequente aumento das exportações.
É importante considerar que o expediente da taxa de câmbio desvalorizada tem sido muito utilizado 
no Brasil, mais frequentemente no passado, com o objetivo de manter relativamente estável o nível dos 
preços internos na economia, de forma a reduzir as expectativas de inflação.
 Observação
Grande parte da estabilidade da moeda brasileira, na época de 
implantação do Plano Real, foi obtida mantendo‑se o valor da moeda 
estrangeira abaixo do que ocorreria se o mercado cambial fosse deixado 
livre – na ocasião, a taxa de câmbio era mantida fixa pelo governo.
Entre os fatores que determinam a cotação da taxa de câmbio, podemos indicar:
• nível e flutuação das taxas de juros, interna e externa;
• expectativas quanto ao futuro de demais variáveis econômicas;
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• fluxo de investimentos estrangeiros;
• percepção de risco dos investidores;
• nível e flutuação da inflação (interna e externa);
• fluxo de comércio exterior;
• liquidez do mercado.
5.3.2 Política comercial
Conjunto de normas estabelecidas e de medidas adotadas pelo governo com o intuito de influenciar 
o comércio de bens e serviços do país com o exterior. Se o objetivo for o de proteger as empresas nacionais, 
o governo pode atuar no sentido de impedir ou dificultar a importação de produtos estrangeiros.
Entre as medidas que visam à proteção das empresas nacionais, podem ser mencionadas:
• barreiras tarifárias: via aumento de tributos, como é o caso do imposto de importação, o que 
implica/equivale (a) aumento de preço do produto estrangeiro, comparativamente ao nacional;
• barreiras não tarifárias: restrições à importação do tipo financeiro ou com base em limitações 
de cunho administrativo, podendo ser, por exemplo, de ordem sanitária (produtos com potenciais 
prejuízos à saúde), técnica (riscos à segurança do consumidor) ou ambiental (produto com 
potencial dano ou ameaça ao ambiente).
 Saiba mais
Para obter mais detalhes sobre barreiras ao livre comércio internacional, 
consulte o site:
BRASIL. Barreiras comerciais. [s.d.]e. Disponível em: <http://www.mdic.
gov.br/sistemas_web/aprendex/default/index/conteudo/id/28>. Acesso em: 
6 maio 2014.
5.3.3 Política monetária
Aqui, tratamos o conjunto de normas estabelecidas e de medidas adotadas pelo governo com o 
intuito de influenciar os níveis de dinheiro existentes na economia (base monetária).
Neste caso, estão as medidas como:
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• controle das emissões de moeda: autorização para a produção/emissão de mais papel‑moeda 
para circulação na economia;
Figura 18 – Controle do volume de dinheiro na economia
• aumento do depósito compulsório dos bancos no Banco Central, o que permite aos primeiros 
aumentar as alternativas de financiamentos aos agentes econômicos, acarretando a expansão dos meios 
de pagamentos;
 Observação
O depósito compulsórioconsiste na custódia pelo Banco Central 
de parte dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. 
Esse instrumento atua diretamente sobre o nível das reservas bancárias 
(recursos em poder dos bancos), aumentando ou diminuindo a liquidez 
(disponibilidades financeiras) da economia.
 Observação
O processo de fixação pelo Banco Central da taxa de juros mínima (piso) 
da economia brasileira, conhecida como Selic, é acompanhado com grande 
ansiedade e interesse pelas repercussões nas atividades de todos os agentes 
econômicos.
• operações de empréstimos efetuadas pelos bancos, junto ao Banco Central, dos títulos 
descontados em seu poder, decorrentes de transações com os seus clientes;
• compra e venda de títulos públicos no mercado feitas pelo governo (via Banco Central). 
Uma venda de títulos equivale a um “enxugamento de moeda” antes disponível para as transações 
dos agentes econômicos. Uma compra de títulos equivale a um aumento de disponibilidade da 
moeda para utilização pelo público em suas transações econômicas;
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• controle das taxas de empréstimos do Banco Central em operações realizadas com as 
instituições financeiras. Visam, também, à expansão ou retração da quantidade de moeda 
disponível na economia;
• fixação do valor da taxa de juros básica da economia, que afeta as demais taxas de juros 
existentes no país. Uma taxa de juros mais alta inibe as transações dos agentes econômicos, 
afetando as vendas das empresas. Já uma taxa de juros mais baixa pode incentivar o consumo e 
redundar em aumento de inflação no país;
 Lembrete
A fixação da taxa de juros básica, no Brasil e em vários outros países, 
é um dos mais importantes instrumentos para o controle das taxas de 
inflação e de crescimento da economia.
• Controle e seleção do crédito disponível aos agentes internos da economia.
 Observação
O governo brasileiro procurou aumentar a oferta de crédito aos agentes 
econômicos, valendo‑se, inclusive, de intervenções junto às instituições 
financeiras oficiais, como o BNDES, principalmente, mas, também, a Caixa 
Econômica Federal e o Banco do Brasil.
5.3.4 Política fiscal
Conduzida a partir da administração dos montantes (valores) das receitas e despesas do governo. 
É o caso, por exemplo, de alterações na política de cobrança de impostos que promovem modificações 
globais no consumo, no investimento e na situação de equilíbrio da renda nacional.
Podemos classificar a política fiscal em:
• tributária: relacionada com a fixação e cobrança de tributos junto à sociedade;
• orçamentária: aumento ou redução dos gastos das entidades governamentais.
Quando o governo gasta mais do que arrecada num determinado ano ou período, incorre em déficits. 
Os superávits, por outro lado, acontecem em situações de maior volume de receitas (arrecadações de 
tributos) comparativamente às despesas (gastos) do governo.
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 Observação
No momento em que este livro‑texto foi redigido, eram severas as 
críticas à manutenção de grandes gastos pelos governos, principalmente o 
federal, que impediam o adequado crescimento da meta de superávit fiscal, 
estabelecido para o pagamento da dívida pública brasileira.
 Saiba mais
Leia o seguinte artigo, que comenta os resultados fiscais insatisfatórios 
e inferiores a anos anteriores para o abatimento da dívida pública:
PATU, G.; FERNANDES; S. Alta de gastos do governo no 1º 
trimestre é a maior sob Dilma. Folha de São Paulo, 1º maio 2014. 
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/1 
909‑alta‑de‑gastos‑do‑governo‑no‑1‑trimestre‑e‑a‑maior‑sob‑dilma.
shtml>. Acesso em: 5 maio 2014.
5.3.5 Inter‑relação entre os vários tipos de política econômica
Em um grande número de situações, a utilização de uma política voltada a um determinado objetivo 
pode obter resultados sobre outros aspectos.
Uma política de cunho inicialmente alocativo – por exemplo, nos casos de investimentos em construção 
civil em determinadas comunidades carentes – faz com que se alcancem, também, metas de cunho 
distributivo, promotoras de equidade. Essa mesma providência, pode, também, pelos multiplicadores de 
mercado da construção civil, redundar em vantagens sob o ponto de vista de estabilização e crescimento, 
por contribuírem para a expansão de renda de uma comunidade ou país.
Há vários casos que poderemos mencionar e que ilustram os impactos múltiplos das políticas econômicas 
com vistas ao atendimento a vários objetivos e metas de caráter macroeconômico, político e social.
6 FALHAS DE MERCADO
6.1 Externalidades negativas e positivas
A teoria indica que uma economia estará equilibrada quando, ao preço de mercado, a quantidade 
dos produtos que os compradores desejam adquirir equivale à que os vendedores pretendem negociar, 
considerando a relação custos/benefícios. Quando isso não ocorre, no confronto entre os custos e os 
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benefícios privados decorrentes da negociação de bens e serviços, temos o fenômeno das externalidades.
A existência de falhas de mercado (isto é, de externalidades) ocorre quando uma ação de um agente 
privado pode fazer com que os custos sociais – de outros – sejam aumentados, requerendo a participação 
do governo na economia. Essa ação pode estar refletida no consumo dos indivíduos e famílias ou na 
produção dos bens pelas empresas.
Podemos considerar a ocorrência de dois tipos de externalidades.
A externalidade positiva ocorre sempre que a ação de um agente econômico melhora os resultados de 
outro, redundando num benefício social maior do que o privado. Nesse caso, deverá haver a intervenção 
do governo na economia para a realização de ações que atinjam as metas desejadas pela sociedade.
Entre os exemplos relacionados com as ocorrências de externalidades positivas, podemos mencionar:
• práticas de reciclagens de bens;
• invenções científicas;
• despoluição do meio ambiente;
• investimentos em infraestrutura.
Por exemplo, a construção de uma rodovia pode permitir aos produtores agrícolas próximos custos 
de transporte mais baixos e acesso mais rápido aos mercados consumidores (SANDRONI, 1999, p. 193).
A externalidade negativa, por outro lado, acontece nos casos em que a ação executada por um 
agente econômico afeta negativamente outro. Também neste caso, essa ação pode estar relacionada 
com o consumo de indivíduos e famílias ou a produção das empresas que fazem parte da economia. 
O custo social será maior do que o privado, que é suportado diretamente pelo executor da ação. O 
governo intervém no mercado quando são produzidos mais bens com externalidades negativas do que 
o desejado pela sociedade.
Entre os exemplos relacionados com as ocorrências de externalidades negativas, podemos mencionar:
• congestionamentos de veículos em ruas, estradas etc.;
• aumento dos níveis de poluição ambiental;
• uso de substâncias tóxicas ou nocivas à saúde.
Teoricamente, os efeitos das externalidades podem, em substituição às intervenções governamentais, 
ser eliminados ou mitigados por meio das transações (acordos) entre os próprios agentes econômicos do 
setor privado. O governo pode atuar no sentido de corrigir as externalidades, executando uma ou várias 
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das medidas indicadas a seguir:
• estabelecimento de direitos de propriedade: regulaçãodo direito de uma agente realizar a 
ação que produza a externalidade;
 Observação
Como exemplo, pode ser definido que um determinado músico somente 
pode praticar com seu instrumento até determinada hora do dia, incorrendo 
em multa aplicada pelo condomínio se esse horário for ampliado.
• internalização da externalidade: adotar medidas que façam com que os agentes econômicos 
assumam, integralmente, a responsabilidade (e custos) de seus atos.
Um exemplo, neste caso, é da determinação para despoluição de derramamento de água no mar, 
assumindo quem realizou a operação todos os custos de despoluição do ambiente.
A intervenção do governo pode se dar via:
• mecanismos baseados no funcionamento dos próprios mercados: determinação de imposto 
ou multa, concessão de subsídio ou, ainda, venda de direitos de produção de externalidades 
negativas (como poluição);
• regulamentações de atos normativos: restringir a atividade econômica nociva e estimular 
aquela que é benéfica à sociedade.
6.2 Fornecimento de quantidade adequada de bens públicos
Para os bens alocados pelo próprio mercado, que constituem a maioria em nossa economia, os 
preços são os sinais que guiam as decisões de compradores e vendedores.
Entretanto, quando os bens são gratuitos, as forças de mercado deixam de funcionar e não servem 
como guia.
 Observação
Naturalmente, há também os bens livres para os quais não há a 
determinação de preços, dado que são oferecidos gratuitamente na 
natureza, como é o caso da luz do sol ou da força dos ventos nos casos de 
geração de energia.
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Figura 19 – Fornecimento de bens públicos
Os bens públicos são os que o mercado por si só não consegue produzir, ao menos nas condições 
requeridas pela sociedade, pela dificuldade em se estabelecer o seu preço. O fato é que esses bens têm 
como característica sua indivisibilidade e, portanto, não são excludentes (como ocorre com os bens 
privados), ou seja, são não rivais. Um bem não rival é aquele cujo consumo não impede o de outro 
consumidor, como é o caso da utilização de ondas de rádio.
Quanto à exclusividade, podemos considerar:
• bem excluível: aquele em que é possível impedir uma pessoa de usá‑lo, como é o caso dos 
pedágios em rodovias;
• bem não excluível: aquele que não é possível ou viável excluir as pessoas de consumi‑lo, como 
são os casos de utilização da luz solar, peixes para a pesca etc.
Uma vez constituído ou liberado, não há como se impedir o consumo desse tipo de bem ou serviço, 
mesmo por aqueles agentes econômicos que não tenham participado, de alguma forma, dos custos de 
sua produção.
Essas características inerentes ao bem público fazem com que, efetivamente, seja muito difícil a 
sua produção pelo setor privado da economia. O bem privado, de outra parte, pode ser individualizado 
e precificado, determinando que usuários que não incorrem em seus custos sejam excluídos de seu 
consumo/utilização.
 Observação
Se, numa comunidade de um milhão de habitantes, a produção de 
serviços de defesa custa, anualmente, 500 milhões de reais, e o padrão 
ideal de atendimento a toda a população requer um montante de recursos 
duas vezes mais elevado, não se pode concluir que metade da população 
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fica automaticamente excluída do consumo desse serviço. Caso sejam 
produzidos anualmente 300 mil automóveis e existam 500 mil indivíduos 
em condições de adquiri‑los, 200.000 desses indivíduos deixarão de obter 
o automóvel. Independentemente de suas preferências, uma peça de 
vestuário feita para uma pessoa não pode ser usada por duas ao mesmo 
tempo.
Entre os exemplos que identificam bens públicos, mencionamos os bens e serviços relacionados com:
• segurança nacional;
• justiça;
• praças;
• ruas e avenidas.
Esses bens acabam gerando também o chamado efeito free rider (carona), em que parcela da sociedade 
pode utilizar os seus benefícios sem ter arcado com os custos de sua fabricação ou preparação. É o caso, 
por exemplo, da iluminação pública, pois todos os que transitam nas ruas dela se beneficiam ainda que 
não tenham feitos pagamentos específicos para a sua instalação. Devido ao problema do carona, o setor 
privado não consegue ofertar bens públicos em uma quantidade socialmente desejável.
O quadro a seguir relaciona as características que distinguem os bens públicos, privados e meritórios:
Quadro 10 – Classificação de bens públicos, meritórios e privados
Bens privados Bens meritórios Bens públicos
Individualizados
Sua característica de bem privado 
costuma ser menos importante do 
que a sua utilidade social (dado que 
gera externalidade)
Não individualizados
Rivais Não rivais
Excluídos quando consumidos por 
um determinado agente econômico
Não excluídos se consumidos por um 
determinado agente econômico
São normalmente produzidos e 
oferecidos à sociedade pelo setor 
privado
São normalmente produzidos e 
oferecidos à sociedade pelo setor 
público
Fonte: Nascimento (2014, p. 34).
Os bens públicos, para o seu fornecimento, demandam a cobrança de impostos aos agentes 
econômicos. Diferentemente do que ocorre com os bens e serviços do setor privado, quando a escolha de 
sua produção é relacionada com a relação entre seus custos e benefícios, que propicia o estabelecimento 
de preços, neste caso, essa preferência é feita indiretamente pela sociedade, via voto, pelo processo 
eleitoral, votando‑se nos partidos ou plataformas que prevejam a liberação desses bens. A não exclusão 
implica que o consumo de bens públicos é exercido coletiva, e não individualmente.
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O crescimento da população é um dos fatores que exercem efeito direto sobre o volume ofertado 
de bens públicos e semipúblicos.
Esse fornecimento é também afetado, entre outros fatores, por:
• alargamento da base da pirâmide etária em países em desenvolvimento (escolas, assistência 
médica, ambulatórios especializados);
• incrementos na urbanização (ruas, praças, trânsito, saneamento, polícia, bombeiros etc.);
• achatamento da base da pirâmide etária em países desenvolvidos (transferências com pensões, 
aposentadorias, assistência médica etc.);
• elevação do nível de renda per capita e do padrão de vida da população, ampliando o tempo 
disponível para o lazer (museus, parques, jardins, praias etc.);
• poluição cada vez maior do meio‑ambiente, que acompanha o processo de industrialização.
6.3 Assimetria de informação
A assimetria de informação é identificada como insuficiência ou falta de informação ou de 
conhecimento pelos agentes que atuam nos mercados e podem gerar barreiras em relação à desejada 
mobilidade dos fatores de produção.
É comum, por exemplo, que alguma parte envolvida em uma transação, geralmente o consumidor, não 
possua informação completa sobre o produto que está negociando. O modelo padrão de comportamento 
econômico, admitido pela teoria clássica e descrito por Adam Smith, supõe que os participantes do 
mercado atuam sempre de forma racional e se mantenham constantemente bem informados.
Em O Livro da Economia (2013a, p. 209), há uma ilustração que comenta a propósito do seguro de 
viagem, que pode fazer com que o segurado, por se sentir mais protegido quanto aos custos e riscos, 
realize atividades e esportes mais perigosos, fazendo com que as seguradoras aumentem o valor do 
prêmio (preço) para a cobertura do risco. Aqueles que são mais prudentes e avessos aos riscos acabampagando um preço maior para a sua cobertura, em situações de sinistros.
 Observação
No mercado de seguro, sinistro refere‑se a qualquer evento em que 
o bem segurado sofre um acidente ou prejuízo material. Representa a 
materialização do risco, causando perda financeira para a seguradora.
O governo deve agir legislando que toda informação relevante a respeito de um determinado 
produto seja divulgada a todos os participantes do mercado. Essa prática é muito adotada na 
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operação dos mercados financeiros e de capitais em que o órgão regulador (no caso brasileiro, a CVM, 
Comissão de Valores Mobiliários) fiscaliza o cumprimento dessa exigência (também denominada 
disclosure) pelas empresas que têm ações ou outros papéis/títulos negociados na Bolsa de Valores. 
Outro exemplo é o de estabelecimento de leis que obrigam as entidades do Sistema Financeiro 
Nacional a informar a taxa de juros que cobram de seus clientes. No caso das empresas comerciais, 
em geral, é requerido que informem, destacadamente, os valores dos produtos, se adquiridos à vista 
ou de forma parcelada.
Podemos considerar, também, as dificuldades ou até mesmo a impossibilidade de abertura 
de novas empresas. Utilizemos o exemplo contido em Nascimento (2014, p. 36): “O mercado não 
consegue informação precisa sobre a oferta de trabalho; neste caso, cria‑se um órgão (Sine) pra 
intermediar a informação entre a demanda ([das] empresas) e a oferta de mão de obra ([das] 
famílias)”.
Acrescidos aos aspectos anteriormente discutidos, como o de ocorrência de externalidades e de 
suprimento inadequado de bens públicos pelos mercados, esse fator (informação assimétrica) é também 
importante para que a produção desses bens seja feita diretamente pelo governo.
Contudo, os economistas clássicos, considerados ortodoxos, defendem que a produção desses bens 
também pode ser realizada exclusivamente pelo setor privado. Neste caso, deve haver basicamente o 
apoio ou incentivo do setor público, via política fiscal e/ou monetária.
Assim, a informação assimétrica é verificada sempre que, em uma negociação ou transação 
econômica, uma das partes dispõe de melhores ou mais completos dados do que o outro. Essa assimetria 
gera o que se define na microeconomia como falhas de mercado.
Os exemplos mais claros de efeitos negativos da assimetria de informação sobre o mercado estão 
resumidos nos conceitos de seleção adversa e risco moral (moral hazard).
Intuitivamente, a seleção adversa consiste, justamente, no efeito que a assimetria de informação 
tem na escolha do agente. Dada a incapacidade de o contratante separar o joio do trigo (por 
falta de conhecimento), os bons (fornecedores, contratados, segurados) tendem a afastar‑se de 
mercado em que a assimetria de informação é crítica, com o objetivo de não serem contaminados 
pelos problemas (má qualidade/reputação, baixos salários, elevadas mensalidades) que afetam 
determinado mercado.
Exemplo clássico está no mercado de carros usados. Como só o dono do carro consegue precisar 
onde estão os problemas do carro (mesmo um mecânico contratado levaria dias para encontrar 
problemas esporádicos), o consumidor tende a olhar sempre com desconfiança para esse mercado. 
Daí a opção cada vez mais frequente pelo carro zero ou pela procura por concessionárias, que, 
embora vendam o produto a preços superiores, conferem maior garantia à venda (benefício para o 
consumidor) e elevam a expectativa de qualidade do veículo (benefício para o vendedor de produto 
de boa qualidade).
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Da mesma forma, em um plano de saúde ou em um seguro qualquer, a seguradora não sabe o 
efetivo risco que o cliente carrega consigo. Só este é capaz de precisar quais os problemas de saúde que 
carrega. Aliás, não é incomum alcoólatras, fumantes e adeptos de esportes radicais mentirem a respeito 
dos seus hobbies e hábitos com o simples intuito de baixar a sua mensalidade/franquia. Por outro lado, 
a mensalidade/franquia do cidadão de baixo risco fica acima do ideal, porque ele paga pela informação 
enganosa prestada por indivíduos que não assumem pertencer às classes de risco.
Neste caso, é fácil perceber que os cidadãos que oferecem maior risco à seguradora têm 
incentivos muito maiores para contratar o seguro que aquele que, em tese, consegue poupar, 
sozinho, recursos suficientes para consultar‑se esporadicamente, em sinistros verdadeiramente 
inesperados. Ou seja, o seguro tem a capacidade de atrair os indivíduos que a seguradora (e os 
indivíduos verdadeiramente fora do grupo de risco) menos gostaria(m) de atrair: grupos de risco 
não assumido (seleção adversa).
O risco moral, por sua vez, decorre de comportamento assumido por indivíduo segurado que toma 
atitude de risco por saber‑se coberto. Ou seja, o comportamento de risco surge, também, como uma 
consequência indesejada da condição de segurado.
 Observação
Exemplo disso está no comportamento esperado dos grandes bancos. 
Em razão da comoção pública que ocorreria em caso de falência de um 
grande banco – o que levaria à perda das economias de uma vida de 
milhares de famílias –, determinados bancos são administrados na certeza 
de que podem assumir determinados riscos que, no limite, seriam cobertos 
pelo Estado (too big to fail).
A questão do risco moral voltou a ser debatida, de forma intensa, após a última grande crise financeira 
e econômica, em 2007/2008.
Problemas com as instituições financeiras costumam levar grande parte da economia à recessão 
e, por isso, elas creem que o governo irá socorrê‑las sempre que contarem com problemas. Muitos 
consideram que, por isso, os bancos costumam assumir investimentos com riscos maiores do que os 
prudentes/necessários.
Um banco pode reunir e guardar informação privada sobre investimentos, assim como oferecer aos 
depositantes um rendimento que só ele próprio, com seu monitoramento, consegue concretizar.
Muitos estudiosos consideram que até algumas medidas de segurança, como a garantia de depósitos, 
incentivam os clientes a relaxarem em suas preocupações quanto às entidades em que manterão seus 
depósitos e aplicações.
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Leia o texto a seguir:
CMN confirma aumento de garantia de depósito bancário para R$ 250 mil
Decisão já havia sido anunciada pelo FGC no final de abril.
A inclusão das LCA entre os créditos garantidos também foi formalizada.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou o aumento, de R$ 70 mil para R$ 250 
mil, da garantia dos depósitos de um correntista contra instituições associadas ao Fundo 
Garantidor de Crédito (FGC).
Deste modo, em caso de falência, insolvência ou liquidação extrajudicial de uma 
instituição financeira, os depósitos até R$ 250 mil dos clientes estarão garantidos pelo FGC.
A decisão, que já havia sido anunciada no final de abril, foi confirmada nesta quinta‑feira 
(23) pelo CMN – que é formado pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e pelo 
presidente do Banco Central.
“O aumento da garantia visa proporcionar maior segurança aos depositantes e aos 
demais credores das instituições financeiras, alinhando‑se esse valor aos limites praticados 
em países de economias similares a do Brasil”, informou o Banco Central.
O FGC é uma entidade privada criada em 1995 para ser um mecanismo de proteção aos 
correntistas, poupadores e investidores. O fundo permite a recuperação dos depósitos ou 
créditos mantidos em instituição financeira em caso de falência, insolvência ou liquidação 
extrajudicial.Segundo o governo, também foi autorizada a inclusão das Letras de Crédito do 
Agronegócio (LCA) entre os créditos garantidos. Isso decorre, de acordo com o Ministério da 
Fazenda, da natureza deste título, que é “preponderantemente um instrumento de varejo”.
O CMN aprovou também a equiparação do FGC às instituições financeiras para fins de 
sigilo bancário (Lei Complementar nº 105, de 2001), para permitir àquele Fundo o acesso 
às informações do Sistema de Risco de Crédito do Banco Central para fins de análise das 
operações de crédito recebidas em garantia.
Fonte: Martello (2013).
Os bancos só mantêm em caixa uma porcentagem relativamente pequena de seus depósitos. Se 
todos os depositantes [...] aparecessem para retirar seu dinheiro no mesmo dia, só os que estiverem na 
frente da fila o receberão (O LIVRO..., 2013a, p. 319).
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 Saiba mais
Dois filmes recentes que abordam as repercussões da crise mundial de 
2007/2008 dramatizam a questão aqui abordada:
O DIA antes do fim. Dir. J. C. Chandor. EUA: Before the Door Pictures/
Washington Square Films/Untitled Entertainment/Sakonnet Capital 
Partners, 2011.
TRABALHO interno. Dir. Charles Feguson. EUA: Sony Pictures Classics, 
2010.
Muitos acreditam, também, que grande parte dos problemas enfrentados pelos países europeus 
podem ser classificados como de risco moral, exemplificando com o caso da dívida pública e da 
sustentabilidade econômica e financeira da Grécia.
6.4 Problemas de competição e de concentração econômica
Tratamos, aqui, dos casos em que há concentração de fornecedores de bens e serviços, denominados 
de monopólio ou oligopólio, que determinam a ocorrência do mercado incompleto. No primeiro caso 
a concentração é total, enquanto no segundo um reduzido número de empresas é encarregado dessa 
tarefa.
Podemos classificar os monopólios em naturais e legais. Nos naturais, a própria estrutura 
do mercado favorece a concentração da oferta com o fito de propiciar um melhor atendimento 
para a sociedade, dado o menor preço pela economia de escala do fornecedor. Um exemplo é a 
exploração de minerais nucleares. Os monopólios naturais são também conhecidos como técnicos, 
e como exemplos dessa ocorrência podemos considerar os serviços relacionados ao fornecimento 
de eletricidade, gás e telefonia.
É importante ressaltar que, neste caso, em que muitos riscos não conseguem ser suportados pela 
iniciativa privada, há a necessidade do suporte pelo governo. Viceconti e Neves (2012, p. 349) apontam 
o exemplo da impossibilidade de as empresas privadas desenvolver em energia atômica para suprir as 
necessidades da comunidade. Isso, em teoria, poderia ser feito com a junção de capitais, por meio da 
associação de várias empresas privadas. Todavia, é quase certo que esse tipo de consórcio deva ter uma 
efetiva participação governamental.
O custo total da pesquisa é enorme; vários anos são necessários antes que o processo possa ser 
colocado em níveis econômicos, e mesmo que uma das empresas se dispusesse a correr o risco, teria 
dificuldade em colher os benefícios, obtendo o monopólio de uma patente e mantendo‑o em tempo 
suficiente para recuperar o seu investimento. Assim, o pesado risco tecnológico é complicado porque os 
benefícios não podem ser colhidos totalmente por quem corre o risco (VICECONTI; NEVES, 2012, p. 349).
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O artigo 177 da Constituição Federal de 1988 indica que constituem monopólio da União:
I – a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros 
hidrocarbonetos fluidos;
II – a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III – a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes 
das atividades previstas nos incisos anteriores;
IV – o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de 
derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, 
por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de 
qualquer origem;
V – a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a 
industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus 
derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização 
e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as 
alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal 
(BRASIL, 1988).
Outros exemplos ajudam a entender melhor a questão da concentração econômica e a necessidade 
de intervenção do Estado visando a maior eficiência e equidade na atividade econômica:
• desinteresse dos agricultores pela produção, necessária para o suprimento de alimentos, 
determinando a aplicação de subsídios governamentais para que ela ocorra;
• aumentos de salários ou incentivos à educação para a formação de trabalhadores qualificados, 
capazes de atender às demandas dos diferentes setores da economia.
Historicamente, desde o final do século XIX e início do anterior, tem sido estabelecida uma extensa 
legislação para combater as práticas de concentração de mercados, como as formações de associações, 
conluios, cartéis, trustes etc.
A teoria econômica clássica admite a concorrência como elemento fundamental para o funcionamento 
dos livres mercados. Quando vários produtores e vendedores estão operando, há um incentivo maior à 
produção e ao estabelecimento de preços baixos.
Entre os processos de concentração econômica, pode ser mencionada a cooperação (acordo) entre 
empresas.
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO
 Observação
Em O Livro da Economia (2013a, p. 71) é mencionado o exemplo de 
Unilever e Procter & Gamble, que se uniram visando à fixação de um preço 
para a comercialização do sabão em pó na Europa, em 2011. O texto prossegue 
citando o caso da Iata (International Air Transport Association), que, ao ser 
criada, tinha como um de seus principais objetivos a fixação dos preços das 
passagens, o que gerou a acusação de conluio das empresas do setor.
Outro tipo de associação é constituído pelos cartéis, formados pela cooperação entre governos de 
países produtores de determinado produto, como é o caso da Opep (Organização dos Países Produtores 
de Petróleo).
Como o cartel é baseado na confiança entre os seus membros, “Os integrantes de um cartel não 
podem apenas determinar preços, precisam acordar cotas de produção para [mantê‑los] e, claro, sua 
parte nos lucros” (O LIVRO..., 2013a, p. 72).
Alguns economistas discordam da aplicação pelo governo de leis contrárias ao estabelecimento de 
cartéis, alegando a sua instabilidade e o fato de que os governos são ambíguos à medida que admitem 
certas formas de cooperação entre os agentes econômicos.
É o caso de George Stigler (“Os economistas têm seus louros, mas não acredito que as leis antitrustes 
sejam um deles”) (O LIVRO..., 2013a, p. 73). Ele menciona o exemplo de argumento pró‑cartéis públicos 
em certos setores em ocasiões de depressão econômica, visando à cooperação entre produtores para 
estabilizar a produção e os preços e proteger os consumidores e os pequenos produtores, tornando o 
setor como um todo internacionalmente competitivo. Lembra, ainda, que cartéis públicos foram comuns 
na Europa e nos Estados Unidos da América nas décadas de 1920 e 1930, mas a maioria desapareceu 
após a Segunda Guerra Mundial.
No site do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), ligado ao Ministério da Justiça, 
comenta‑se:
O modelo de combate a cartéis no Brasil, com a crescente cooperação entre as 
autoridadesadministrativas e criminais, foi o tema da conferência telefônica 
da Rede Internacional da Concorrência hoje. Desde 2003, a Secretaria de 
Direito Econômico do Ministério da Justiça passou a considerar o combate aos 
cartéis prioridade absoluta, por ser a conduta anticompetitiva que mais danos 
diretos traz ao consumidor, tendo sido impostas multas recordes pelo Cade. 
Mais recentemente, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) passou a dar 
suporte para a repressão criminal a cartéis, por meio de acordos de cooperação 
e convênios com as autoridades criminais (Policia Federal, Ministério Público 
Federal e Estaduais, Secretarias de Segurança Pública) (MODELO..., [s.d.]).
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Citamos, também, a Rede Internacional da Concorrência (International Competition Network – ICN), 
criada em 2001 por 14 autoridades de órgãos antitruste do mundo, que tem como objetivo promover 
da convergência global em matéria de concorrência e prover um fórum independente e especializado 
nessa matéria.
A ICN iniciou suas atividades como uma rede virtual composta por autoridades encarregadas de analisar 
a concorrência nos mercados. Posteriormente, teve sua estrutura institucionalizada, sendo instituídas suas 
áreas de atuação, critérios de admissão e as competências dos respectivos grupos de trabalho.
 Saiba mais
Mais detalhes sobre os aspectos relacionados com a formação e 
manutenção de cartéis podem ser obtidos no trabalho a seguir:
FALCO, G. de P.; ASSIS, F. A. A.; MUNCK, J. G. A. Formação de cartéis e 
impactos econômicos. Revista das Faculdades Integradas Vianna Júnior – 
Vianna Sapiens, v. 1, n. 2. Disponível em: <http://www.viannajunior.edu.br/
files/uploads/20131001_110607.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2014.
6.5 Falhas de governo
Assim como há as falhas de mercado, descritas anteriormente neste livro‑texto, os teóricos adeptos 
do livre funcionamento dos mercados insistem no fato de que estes são muito mais eficientes do que o 
setor público na alocação dos bens e serviços requeridos pela sociedade.
Entre os aspectos costumeiramente discutidos quando se abordam os problemas trazidos pela 
intervenção do governo nas atividades econômicas e que ficaram conhecidos como falhas de governo, 
podem ser mencionados os relacionados com:
• accountability: problemas de responsabilização política dos governantes em relação à sociedade, 
como a ausência ou a prestação irregular de contas das entidades públicas, a ineficiência de 
estrutura dos órgãos encarregados do controle e o que consideram pouco estímulo à transparência 
fiscal e à participação da sociedade na condução das políticas públicas;
• orçamento: estrutura ineficaz e atrasos na publicação das leis orçamentárias. Essa situação 
foi bastante alterada no Brasil, notadamente a partir da implantação do Plano Real, que 
reduziu bastante as condições de imprevisibilidade de projeções econômicas e financeiras e, 
consequentemente, dos processos de elaboração de planos e orçamentos;
• campanhas eleitorais: falta de transparência e regulamentação;
• corrupção: via caçadores de renda (rent seeking), pagamentos de propinas e centralização estatal;
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[...] se para uma empresa for mais rentável criar um escritório em Brasília, 
para brigar por uma isenção de imposto ou por uma alíquota maior de 
importação, do que investir em inovação tecnológica, a economia sofrerá 
por causa disso. A atividade de inovação tecnológica aumenta a renda da 
economia como um todo, enquanto a [...] de criar uma isenção tributária ou 
uma alíquota maior de tarifa de importação somente transfere renda dos 
contribuintes ou dos consumidores ao fabricante [...] gera‑se um retorno 
privado sem que haja um [...] equivalente para a sociedade [...] [e] a eficiência 
econômica se reduz (PESSOA, 2014).
• políticas públicas: via intercâmbio de votos, manobras para contornar limitações das regras de 
maioria de votos para aprovação de projetos de interesse do governo;
• indicadores econômicos: descuido pela geração de valores negativos ou a própria manipulação 
dos indicadores de forma a demonstrar uma situação melhor do que aquela que efetivamente 
está ocorrendo em termos de contas públicas.
 Resumo
Nesta unidade, abordamos os primeiros tópicos relacionados com as 
finanças públicas.
Seu conhecimento é importante para os alunos de Gestão Pública, pois 
poderão avaliar motivações gerais de economia e política, que justificam 
programas e ações expressos em políticas públicas executadas em suas 
regiões.
Iniciamos com a discussão do conflito entre aqueles que defendem 
maior ou menor intervenção estatal nas atividades dos agentes econômicos 
e sociais.
Mapeamos as macrofunções (de alocação, manutenção da estabilidade 
e distribuição) e tipos de políticas (fiscal, monetária, comercial, cambial) 
adotadas pelo governo com o intuito de regular as atividades econômicas.
Foram considerados, também, os fatores que, numa economia de livres 
mercados, justificam a intervenção do Estado na economia, como é o 
caso, por exemplo, das ocorrências de externalidades e da necessidade de 
fornecimento de bens públicos.
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Unidade III
 Exercícios
Questão 1. Observe atentamente a charge:
 
Figura
Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=charge+sobre+o+bolsa+fam%C3%ADlia&rlz=1C1GCEA_enBR803BR803&t
bm=isch&source=iu&ictx=1&fir=4a3iSnNtS546FM%253A%252C3b0S9ASHiFdCmM%252C_&usg=AFrqEzdyGo‑>. Acesso em: 29 
ago. 2018.
Veja as afirmativas a seguir:
I – O programa Bolsa Família praticado nos governos dos presidentes Lula, Dilma Roussef e Michel 
Temer é um exemplo de assistência social, que é papel primordial do Estado.
II – Atuar pela distribuição de renda que, no Brasil, segundo o índice Gini, ainda é muito desigual, é 
uma das várias funções macroeconômicas do Estado.
III – O Estado mínimo é o padrão ideal a ser atingido, independentemente dos índices de distribuição 
de renda.
IV – As funções clássicas do Estado são o aumento da eficiência economia, a estabilização da 
economia, o estímulo ao crescimento econômico e a procura da equidade social.
V – Programas de distribuição de renda como o Bolsa Família são úteis apenas para as famílias 
contempladas e nada significam para o conjunto da sociedade brasileira. 
Agora, assinale a alternativa correta:
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A) I e III.
B) II e IV.
C) III e IV.
D) I e V.
E) III e V.
Resposta correta: alternativa B.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o Bolsa Família não é um programa de assistência social, mas de distribuição de renda, 
que permitiu uma renda mínima para famílias selecionadas a partir de critérios objetivos e mediante 
a comprovação do cumprimento de alguns deveres sociais, como manter os filhos regularmente 
matriculados em escola e cumprir os programas de vacinação infantil. 
II – Afirmativa correta.
Justificativa: em conformidade com índices internacionais e científicos de medição, o Brasil é um país 
de injusta distribuição de renda, razão pela qual compete ao governo federal implementar programas 
que acelerem melhor distribuição de renda, como o Bolsa Família.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: não existem elementos técnicos e científicos que justifiquem o Estado mínimo em 
situação comprovada de injusta distribuiçãode renda. O Estado só pode ser mínimo após haver cumprido 
a tarefa de garantia da equidade social.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: o Estado tem essas funções e deve provê‑las por meio de políticas públicas que tenham 
objetivos e indicadores para que sejam mensurados os resultados obtidos, no prazo de tempo em que os 
programas foram desenvolvidos.
V – Afirmativa incorreta.
Justificativa: programas de distribuição de renda são úteis para toda a sociedade, porque garantem 
que as pessoas saiam da faixa de profunda desigualdade social para um patamar em que seja possível 
manter os filhos na escola, prevenir doenças pela vacinação e melhorar paulatinamente as condições de 
vida das famílias beneficiadas pelos programas sociais. 
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Unidade III
Questão 2. A foto a seguir foi tirada alguns dias depois do rompimento da barragem de dejetos 
da mineradora Samarco. Ela retrata um pouco daquele que está sendo considerado o maior acidente 
ecológico do mundo:
 
Figura
Assinale a alternativa correta:
A) O fato ocorreu por culpa da empresa mineradora e nenhuma responsabilidade pode ser atribuída 
ao Estado brasileiro.
B) O acidente pode ter se originado de causas naturais, um tremor de terra e, exatamente por isso, 
não há responsabilidade para ser atribuída a ninguém, empresa ou Estado brasileiro.
C) A apuração realizada até o momento aponta que a ruptura da barragem ocorreu por falta de 
manutenção adequada e de fiscalização do Estado, que caracteriza o accountability.
D) A ruptura da barragem da mineradora era um fato esperado e não havia nada que pudesse ser 
feito para impedir. É o preço do progresso que todos almejamos, mas que tem seus aborrecimentos.
E) Não há nenhuma informação técnica sobre as causas da ruptura da barragem e, por isso, não há 
como apontar responsabilidades.
Resolução desta questão na plataforma.

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