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Unidade I SOCIOLOGIA DA COMUNICAÇÃO Profa. Dra. Neusa Meirelles Costa O que é comunicação? Toda comunicação é uma relação social, que se dá em sociedade, em uma cultura e condições históricas. “Sacaram?” Entre a palavra e o gesto ao lado criou-se a mediação simbólica, cultural, articulando significados. Nesse exemplo, foram articuladas duas modalidades de discurso: o texto (a palavra) e a representação imagética de um gesto (o dedo polegar para cima). http://cnews.com.br/content/imag es/sites/cnews/g_80029.jpg O que se pode entender por comunicação social? A comunicação que circula na sociedade urbanizada pelo capitalismo industrial, de trabalhadores assalariados, alfabetizados em sua maioria, e que reivindicavam atenção do Estado. Essa sociedade é constituída por gente que vive, trabalha, fala e escreve, ela será o objeto de análise das nascentes ciências humanas, e público da imprensa diária. O que se pode entender por comunicação social? Nos jornais do séc. XIX, na França, além das “atualidades” e do sensacionalismo, apareciam os primeiros folhetins; Eles garantiam para os jornais: A fidelidade dos leitores, interessados na “continuação” da estória, Elevação da renda com as tiragens. Esse modelo de comunicação social que a Sociologia da Comunicação vai eleger como objeto de estudo. Comunicação social e meios de comunicação social Os agentes dessa modalidade de comunicação são os “meios” ou “veículos” (embora essa denominação seja um tanto limitadora); Eles divulgam um mesmo conteúdo, intencionalmente preparado, e o destinam à toda sociedade e seus segmentos; Os “meios” ficam interpostos entre o conteúdo que produzem e a recepção, e têm uma história que antecede aos hoje conhecidos: rádio, telefone, cinema, TV , Internet etc. Comunicação social e sociedade de massas: refinando conceitos Foram os folhetins dos jornais que deram origem ao que os especialistas denominam cultura de massa, associada a uma sociedade de massas. Traços centrais: Cultura de massa: vem da ampliação do alcance da comunicação, do conteúdo simplificado, da superficialidade; Sociedade de massas: homogeneidade, semelhança, consumo, facilmente conduzida, indiferente à cultura, mediocridade e esnobismo. Mas por quê? Comunicação social e sociedade de massas: refinando conceitos Sociedade de massa remete a um modelo de sociedade industrial, caracterizado pelos “ganhos de escala” na produção, utilização intensiva do fator trabalho, e pela expansão do consumo dos produtos em série: o mesmo carro, rádio e jornal (fordismo). Outro modelo, posterior, é keynesiano, segundo o qual o trabalho intensivo com apoio e participação do Estado, resultava no chamado “pleno emprego”, e na expansão da sociedade de consumo. Comunicação social e sociedade de massas: refinando conceitos Esses modelos societários (trabalho intensivo, emprego, renda média) supostamente conduziriam a certa uniformidade de expectativas no consumo de mercadorias e bens, uma “uniformização” pela média dos gostos, expectativas, padrões e valores; Eles levariam a uma sociedade de ampla classe média urbana, ou uma sociedade de massa alimentada em suas expectativas por meios de comunicação que atingem a todos com o mesmo conteúdo: os mesmos filmes, programas de rádio, e depois de televisão. Comunicação social e sociedade de massas: refinando conceitos Os meios de comunicação são realmente de massa, uma vez que o sinal que atinge a todos é exatamente igual, mas... Na recepção esse sinal de massa é diferenciado pelo leitor, ouvinte ou telespectador; A sociedade não “é” uma “massa” uniforme, mas diferenciada em segmentos, nichos, particularidades das mais comuns, como idade, sexo, a outras mais complexas, como valores, e até mesmo, estímulo da própria comunicação publicitária. Comunicação social e sociedade de massas: refinando conceitos Embora a “Comunicação de massa”, ou para a massa seja padronizada, com aspectos do cotidiano como temas principais, “pauta”, com fotos, caricaturas e charges, “notícias” locais e mundiais.(modelo ainda adotado em todos os meios), esse conteúdo é decodificado pelo repertório do receptor; Então a sociedade não “é” uma “massa” homogênea, ela é segmentada em públicos distintos, mas... Comunicação social e sociedade de massas: refinando conceitos No modelo societário contemporâneo predomina o individualismo, associado ao consumo, e o desinteresse pelo social, para que não afete a vida individual, privada; Essa indiferença induz maior disposição em tomar como verdades confiáveis os conteúdos dos meios de comunicação: do mesmo modo que são aceitas as notícias sobre a moda, são aceitas as notícias políticas. Esse é o risco para a democracia. Meios de comunicação: produção Os meios combinam formas discursivas distintas, portanto realizam uma comunicação social transdiscursiva. Veja o gráfico: fotografia Meios, mediação simbólica e Sociologia da comunicação Observe as mediações (articulações) realizadas pelos meios de comunicação: ´ Meios, mediação simbólica e Sociologia da comunicação Os dois gráficos apontam que a comunicação realizada pelos meios é intencional e elaborada para um dado receptor (público); Ela é sempre uma mediação, e simbólica porque é consistente com a matriz cultural, e porque antecipa o repertório do receptor; Essa mediação simbólica é produzida jogando com a diversidade de formas discursivas, por isso, é possível passar a “imagem” de um perfume no comercial da TV. Interatividade Sobre o conceito de sociedade de massas aponte a alternativa correta: a) Massa como uniformidade, não se aplica a uma sociedade individualista. b) Os meios de comunicação são massivos, e produzem para a massa. c) Da amplitude e universalidade da comunicação dos meios de comunicação resulta a sociedade de massa. d) A recepção do sinal da comunicação só depende do equipamento utilizado. e) Todos os receptores se apropriam do mesmo conteúdo das mensagens. Sociologia da comunicação - Meios e mediação simbólica A Sociologia da comunicação estuda o conteúdo difundido pelos vários meios com relação: Às condições de elaboração das mensagens, À adequação (mediação) do conteúdo ao meio e ao receptor (sociedade ou público escolhido). Às condições de recepção, e implicações sociais do conteúdo. Sociologia da comunicação Meios e mediação simbólica As questões propriamente sociológicas relacionadas aos meios de comunicação começam pela produção da mensagem: A tendência da produção é construir a mensagem da forma mais simples, exatamente para poder atingir um ‘público’ maior; Uma novela brasileira, por exemplo, pode ser entendida por crianças e adultos que tenham domínio de nossa língua falada, embora a compreensão de adultos e de crianças possa ser diferente. Sociologia da comunicação Meios e mediação simbólica Estabelecida a contradição entre o meio de comunicação (que é de massa) e o social (que é segmentado), o caminho encontrado tem variado conforme o meio: A televisão simplifica o conteúdo, ou reserva os mais complexos para os chamados “programas culturais”, sabidamente de menor audiência; Nas rádios a segmentação não é por programa, mas por emissora: uma que ‘só toca notícia’, enquanto outras se dedicam ao rock, outras à música brasileira etc. Sociologia da comunicação Meios e mediação simbólica A fotografia depende da destinação: para jornal ou revista sensacionalista, são focalizadosos detalhes do “evento”: o sangue, destroços etc. Há fotógrafos que evitam “clicar” o rosto das mães quando sabem da morte de seus filhos, outros fazem desse momento um “diferencial” em suas fotos (uma questão de ética); O sensacionalismo se reflete nas manchetes dos jornais: corpo da fonte e texto. Notícias Populares não podia ser dobrado: vertia sangue, e as manchetes, eram tão “relativas” que dependiam da interpretação. Sociologia da comunicação Meios e mediação simbólica A Internet tem caráter próprio: ela é individualizada por natureza, mas também os provedores vão adquirindo um ‘perfil’ próprio, quando dão ênfase a certo tipo de notícia, Youtube, Orkut e as “redes sociais” instauraram um espaço de visualização e devassa da vida privada, igualmente com características sensacionalistas. SC: Mediação e repertório cultural Na produção de uma matéria para jornal ou revista de larga circulação, na construção de uma peça publicitária, cartaz ou filme, ou ainda em um programa de TV, aquele que produz a comunicação antecipa ou supõe um perfil cultural do receptor; O processo não é objetivo, pode até ser carregado de preconceitos, contudo é utilizado; Repertório cultural é, pois, a bagagem cultural de um público, ao qual se destina a mensagem, seja ela qual for. SC: Mediação e repertório cultural O repertório permite compreender criticamente o que apresentado na tela, no cartaz, ou no texto: ele é o “fora da tela” que permite “entender” um filme; Nesse repertório estão subentendidos os valores sociais, ideias correntes na sociedade, ou em segmentos sociais específicos; A mensagem (supostamente) se torna mais aceita quando existe esse mútuo entendimento. SC: Mediação e repertório cultural Na Publicidade, o “fora da tela” aparece articulando valores sociais a produtos: “Gosto de tirar vantagem de tudo, certo”? (individualismo, competição). “Ontem é passado, eu nunca penso no passado, o único dia que importa é hoje” (negação da história, imediatismo). As duas peças distam em 30 anos, mas supostamente a classe média brasileira que consumia cigarros, e a que hoje compra aparelhos de barba se mantêm individualista e imediatista. SC: mediação e repertório na imagem publicitária Cartaz do filme (repare na imagem) crítica à tortura, ainda na Ditadura Militar; Walita, anos 60 “Quem tem walita, tem tudo!” (valores, Consumo/felicidade) O “Papa” e a Bombril (oportunidade) http://imagens.us/marcas/bo mbril/bombril%20(1).jpg https://1.bp.blogspot.com/_bP- XzCGugbg/RxTvyxOQBJI/AAAAAAA AAC0/_ssYGHScHy0/w1200-h630-p-k- no-nu/Eletros+Walita+1960.jpg https://upload.wikimedia.o rg/wikipedia/pt/c/c4/Pra_fr ente_Brasil_filme.jpg SC: Produtos culturais O que se deve entender por Produto Cultural? Toda a produção dos meios de comunicação. Simples? Não, complexo: Um livro de arte, uma exposição de pintura, um DVD, filme seriam produtos culturais? Sim, a produção desses itens (edição, distribuição e comercialização), mas não a criação do livro, dos quadros, da música: essa criação se insere em campos distintos da arte. SC: Produtos culturais Quanto ao filme, ele remete a uma forma especial de “autoria”, distinta da música e do livro: ele é resultado de um trabalho de equipe, poderá ser copiado para vários exibidores, mas em todas as exibições será o mesmo filme; Ele se insere em um campo da arte que permite a reprodução (reprodutividade técnica), poderá ser considerado obra de autor (tanto quanto os quadros), mas diferente destes, o filme poderá ser exibido, copiado e continuar o mesmo, o que não é válido para os quadros. SC: Produtos culturais Produtos culturais são, portanto resultantes da atividade dos meios de comunicação social; Dessa condição advêm características peculiares aos produtos culturais: Características: a) Integram a cultura em todos os campos, mas são superficiais, generalizam; b) Pressupõem confiabilidade do receptor; c) Pressupõem anuência e passividade do receptor, dada a suposta confiabilidade; SC: Produtos culturais Características específicas: a) Têm por finalidade entreter, informar, orientar, convencer e dirigir o receptor (exercem controle e influência). b) Simplificam o conteúdo e generalizam. c) Têm finalidade econômica (para empresa), são tomados como culturais na sociedade. d) Na falta de repertório, o conteúdo é tido como a verdade (quando é apenas uma versão). e) Constituem a Indústria Cultural. SC: Indústria e produtos culturais Concluindo... A indústria cultural tem finalidade econômica, e não cultural. A divulgação das modalidades de cultura é produto, meio para realizar a lucratividade; Os produtos fornecem elementos para formação cultural, mas não substituem o repertório cultural resultante da formação. Há riscos na divulgação da intolerância e de preconceitos. Interatividade Segundo o que foi visto, qual seria o foco principal de estudo da SC? a) Os índices de audiência. b) A publicidade. c) Os produtos da indústria cultural. d) Elaboração, recepção e efeitos sociais da indústria cultural. e) A sociedade que recebe os produtos da indústria cultural. SC: Principais abordagens Mas Como a SC estuda a comunicação social? A SC abrange três grandes áreas: a) Como se apresentam os produtos culturais, quais adequações aos distintos meios, ao receptor (sociedade) e às condições sociais de recepção; b) Como é recebido o produto, quais reflexos ele produz na vida das pessoas e na sociedade, c) Com quais intenções e finalidades, são produzidos? SC: Principais abordagens Dessas questões resultam dois grandes campos de investigação: 1. Estudo da comunicação social, formas, conteúdos, e interação entre eles, relações entre modalidades de produção cultural, níveis de cultura: erudita, popular e “de massa”; Nesse campo é importante entender o que vem a ser “modalidades de produção cultural e os chamados “níveis”: SC: Principais abordagens As “modalidades” não representam grande problema: artes plásticas, ciências, culinária, música, design são modalidades dentre muitas outras; Quanto aos “níveis” o conceito é severamente questionado, especialmente pelo preconceito nele subentendido, conforme será exposto em outro momento; Contudo, da relação entre essas formas culturais resultaram algumas produções especiais, e conceitos a seguir: SC: Principais abordagens Cultura erudita: a especializada, em geral arte; cultura popular: criação do povo, ao longo da história; de “massa”, a criada elaborada pelos meios de comunicação; Kitsch: é a provocação do efeito, e o “enfeite”, imitação, o mau gosto na arte; Midcult: grosso modo, a cultura para a classe média, apresentada como cultura; Brega: o que é popular, excessivo; Cult: aquele item, filme ou disco original, representante de certo momento ou trajetória; Pastiche: a imitação de uma obra; SC: Principais abordagens 2.Estudo dos meios de comunicação, formas peculiares de produção e circulação das mensagens, reflexos sobre a sociabilidade em face dos padrões associados à sociedade industrial, de consumo e da chamada “pós-industrial” ou contemporânea; Pode-se notar que temas presentes no campo anterior reaparecem nesse, especialmente no que diz respeito às formas de produção da comunicação social. SC: Tendências de abordagem Os dois campos se comunicam, em relação aos temas tratados, mas as abordagens de investigação diferem: a) Examinam criticamente os efeitos na sociedade e peculiaridades de elaboração, da chamada“cultura de massas” (Análise crítica e estudos posteriores); b) Examinam a recepção das mensagens do ponto de vista de seu alcance prático ou pragmático (Funcionalismo). SC: Análise Crítica (Escola de Frankfurt) A expressão “teoria crítica” utilizada para indicar a reflexão da Escola de Frankfurt, tem como referência o ambiente cultural, político e social da Alemanha nazista: A suposta “racionalidade”, de “verdades incontestáveis”, o apego à “ciência” e à tecnologia. Aspectos francamente estimulados pelos meios de comunicação, pelo rádio nos discursos inflamados de Hitler, pela mobilização partidária, cinema, desfiles, bandeiras etc. SC: Análise Crítica (Escola de Frankfurt) Para análise crítica, Os “frankfurtianos” utilizaram a revisão do marxismo, e a incorporaram na análise da comunicação social pelos meios de massa; A “novidade” residia em investigar o discurso deliberado dos meios de comunicação na expansão do poder, da indústria e do Nazismo; SC: Análise Crítica (Escola de Frankfurt) Para os frankfurtianos duas questões se colocavam, exigindo resposta: Como o pensamento racional, base da sociabilidade moderna, se afastava da moral e da ética na condução da prática política? Quais condições e interesses levaram o homem moderno a perder a individualidade, consciência social, e a se tornar parte de uma “massa”? SC: Análise Crítica (Escola de Frankfurt) O Nazismo instaurara um padrão de sociedade pela mobilização emocional, mas com um discurso de convencimento racional sobre a justeza “histórica” dos objetivos visados pelo Terceiro Reich, e sobre a “verdade científica” da supremacia racial ariana; A mobilização emocional sustentava um discurso de “racionalidade científica”, e esta adoção da racionalidade econômica e da eficiência administrativa, da qual os campos de extermínio eram um exemplo (mas não divulgado). SC: Análise Crítica (Escola de Frankfurt) Indústria Cultural, características: a) Quebra de espontaneidade; b) Colagem de elementos culturais; c) Integração deliberada do público; d) Integração da arte superior e inferior, e) O consumidor não é “rei”, mas target; f) Seleção de “produtos” pelo efeito; g) Os produtos são mercadorias; h) A IC induz a anuência do consumidor; i) Expansão da IC depende de processos sociais. Escola de Frankfurt, tendências Indústria cultural e produto cultural. (Leia o texto) Adorno: não há arte na indústria cultural. Benjamin: novas artes existem era da reprodutividade técnica (cinema). Habermas: a ética na comunicação Adorno Horkheimer Benjamin Habermas SC: Abordagem funcionalista Pragmática e quantitativa O funcionalismo foi uma tendência muito em voga na Sociologia dos anos 40-50, cujo propósito era o de descrever e explicar o comportamento social partindo da relação (função) ou correlação entre variáveis (aspectos) com base empírica; No campo da comunicação,(audiência e publicidade) tratava-se de investigar, com caráter pragmático o aparecimento, circulação, permanência ou não das mensagens, uma dinâmica nem sempre integrada ou funcional, mas latente, ou ainda disfuncional. SC: Abordagem funcionalista Pragmática e quantitativa Questão central: Como induzir indivíduos ao consumo, ao voto, à adoção de posturas e opiniões? Formação de Opinião (com Katz) Preparação e análise de discurso Interatividade Qual seria a dimensão especial da comunicação social que constitui objeto central da SC? a) o fato de ela estudar as relações entre imagem, som e texto. b) a dimensão histórica. c) a atualidade da comunicação social. d) a dimensão ideológica da comunicação. e) a construção intencional da comunicação ampliada. SC: Desenvolvimento das tendências, funcionalismo Funcionalismo: a abordagem quantitativa (Lazarsfeld) foi ampliada. Persiste a suposição de que exista um ambiente de sociabilidade comum a todos, ou acessível a todos. A sociedade seria então um conjunto de agentes de uma mesma ordem social, participando, ou esperando participar, da cultura e da sociedade em igualdade de condições. As distinções teriam origem psicológica. SC: Desenvolvimento das tendências, funcionalismo Ora, essa é a concepção de uma sociedade e cultura de massas; As diferenças na sociedade de mercado seriam motivacionais? Essas questões dentre outras fundamentam a crítica à tendência; Os rigores estatístico e da lógica de pesquisa desenvolvidos pelos autores citados não têm sido observados em algumas das pesquisas na área. SC: Desenvolvimento, análise crítica Tendência crítica: incorporou elementos das tendências das Ciências da Linguagem, da Sociologia e áreas correlatas. Atualmente encontra-se a perspectiva crítica nas análises sobre os conteúdos produzidos pelos meios de comunicação, e poderes exercidos. SC: Desenvolvimento, análise crítica As ciências, a partir das últimas décadas do século XX, deixam de manter fronteiras rígidas, e os estudos interdisciplinares, em coerência com os “objetos” de investigação; A reflexão sobre o processo de comunicação intencional e ampliada, central à SC incorpora estudos de outras áreas, e delas se aproxima; Vários autores, de tendências diversas, focalizam a produção do conhecimento e comunicação na sociedade pós-moderna, assentada sobre consensos provisórios e fugazes. SC: Tendências atuais Reflexão de filósofos e sociólogos Desses autores ficaram trajetórias distintas, todas apontando para a presença fundamental dos meios de comunicação na vida contemporânea, conforme apontado a seguir: SC: Tendências atuais O trabalho de Lyothard instaura a preocupação com a sociabilidade contemporânea, ou “pós-moderna”, como ele a define. Ela não se pauta no modelo societário do capitalismo industrial, ela é tecnológica, centrada na aparência, na comunicação e no espetáculo (Dabord); Os meios de comunicação representam uma modalidade de capital simbólico, instauram a verossimilhança, sucedâneo para a “verdade” do conhecimento. Além disso, a televisão cria (ou estimula) a passividade, o descompromisso com o saber, aponta Bourdieu; SC- Tendências atuais A dimensão passiva da sociabilidade contemporânea é central ao trabalho de Baudrillard, na formação de uma grande maioria silenciosa, articulada pelo individualismo, em substituição à concepção de “social”, relacionado à sociedade industrial; A preocupação de Foucault nas últimas obras foi a construção do sujeito, que se constrói por suas práticas, tangenciando modelos que a sociedade estabeleceu, um “sujeito de si”, de sua sexualidade, um sujeito ético; SC- Tendências atuais As práticas que instauram conceitos e relações pelo discurso estão presentes nas primeiras obras de Foucault, mas Bakhtin empresta à questão outro entendimento, trabalhando sobre a linguagem: Para ele, nada está fora da linguagem, daquela falada ou escrita, mas que possui o poder de instaurar um acontecimento, ou ser ela própria um acontecimento; Essa noção de movimento e de produção do conhecimento pela linguagem, é fundamental à SC. SC- Tendências atuais Esses autores refletem sobre o conteúdo e modalidades de comunicação produzidas pelos meios massivos: Não se pode condenar a chamada “cultura de massa”, mas também não se pode absolvê-la, cabe ao sujeito a análise (Eco) SC- Tendências atuais Chomsky alerta para os consensos planejados pelos meios de comunicação, os quais são úteis para as condições e valoresdesses meios, mas são aparentes e podem ser enganosos; A tendência à construção de uma realidade de aparência, de banalidade, entretenimento, é reafirmada por Barbero, exatamente na discussão sobre as mediações realizadas na prática da comunicação pelos vários meios e a construção da realidade pelo discurso. SC- Tendências atuais Por seu turno, se as verdades comunicadas são incorporadas na prática da sociabilidade e nas relações com o Outro, cabe ao sujeito a crítica, o reconhecimento de si, as escolhas especialmente entre valores que se apresentam flutuantes, nessa vida líquida contemporânea, conforme Bauman; Mas será esse sujeito habilitado para essa crítica? Possivelmente não, aponta Morin, para tanto ele deveria ter formado seu pensamento não na linearidade, mas na complexidade das incertezas. Conclusão As tendências da SC apontam para a importância da análise do conteúdo da comunicação social, não apenas para aquele conteúdo elaborado pela indústria cultural, mas também para uma “peculiar discursividade” presente nas letras de música, e nos discursos das minorias participativas, nas redes sociais; A fluidez da vida contemporânea remete, portanto para a crítica, aquela capaz de repor a ética, quando o mundo dos objetos e simulacros insiste na estética. Interatividade Qual das duas tendências apontadas oferece condições para análise da comunicação social no Brasil? a) A primeira porque quantifica. b) Os funcionalistas, por causa da pesquisa de mercado e consumo. c) A análise crítica contemporânea. d) A Escola de Frankfurt, porque relaciona comunicação à expansão do capitalismo. e) Qualquer uma, todas são válidas. ATÉ A PRÓXIMA!
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