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Acórdão 5 prova testemunhal e litigância de má fé

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
28ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO
Registro: 2018.0000018255
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 
0115084-31.2009.8.26.0003, da Comarca de São Paulo, em que é apelante SANDRO 
SANTOS (JUSTIÇA GRATUITA), são apelados CONDOMINIO PAULISTA SUL, 
EMPREENDIMENTOS MASTER S/A e COOPERATIVA HABITACIONAL XVI DE 
DEZEMBRO.
ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 28ª Câmara de Direito Privado 
do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento em 
parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Desembargadores DIMAS RUBENS 
FONSECA (Presidente sem voto), CELSO PIMENTEL E BERENICE MARCONDES 
CESAR.
São Paulo, 24 de janeiro de 2018.
Gilson Delgado Miranda
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
28ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO
Apelação nº 0115084-31.2009.8.26.0003 -Voto nº 2
1ª Vara Cível do Foro Regional do Jabaquara
Apelação n. 0115084-31.2009.8.26.0003
Apelante: Sandro Santos
Apelados: Condomínio Paulista Sul e outras
Voto n. 12.893
CERCEMENTO DE DEFESA. Inocorrência. Julgamento 
antecipado adequado diante da desnecessidade de 
produção de provas em audiência. Na espécie, 
predomina a prudente discrição do Magistrado, no 
exame da necessidade ou não da realização de prova 
em audiência, ante as circunstâncias do cada caso 
concreto e a necessidade de não ofender o princípio 
basilar do pleno contraditório. Existência nos autos 
dos elementos para o julgamento da lide. Preliminar 
rejeitada.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. Não existe demonstração, 
infensa de qualquer inquietação, da quebra do dever 
de lealdade processual por parte do apelante. Não 
está caracterizada nenhuma das hipóteses descritas no 
artigo 17 do Código de Processo Civil. Em outras 
palavras, não houve abuso do direito de ação nem do 
de defesa. Recurso parcialmente provido.
CONDOMÍNIO. Sem ser possuidor ou proprietário do 
imóvel, o autor não tem interesse processual em 
relação ao pedido de anulação de assembleia 
condominial. Extinção do processo na forma do art. 
267, VI, do CPC, na medida em que seus pedidos são 
atos privativos dos condôminos. Recurso parcialmente 
provido.
Vistos.
Cuida-se de recurso de apelação interposto para impugnar 
a sentença de fls. 312/315, cujo relatório adoto, proferida pela juíza da 1ª Vara Cível 
do Foro Regional do Jabaquara, Dra. Cristiane Vieira, que julgou improcedentes os 
pedidos, condenando o autor ao pagamento das custas, das despesas processuais e 
dos honorários advocatícios fixados em R$ 2.000,00, observada a gratuidade da 
justiça. Pela litigância de má-fé, condenou o autor ao pagamento de multa de 1%, bem 
como indenização de 20% sobre o valor da causa, corrigidos a partir da propositura 
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
28ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO
Apelação nº 0115084-31.2009.8.26.0003 -Voto nº 3
da ação.
Segundo o recorrente, autor, a sentença deve ser 
anulada, preliminarmente, por cerceamento de defesa, tendo em vista que não foi 
intimado para apresentar réplica à contestação e porque indeferiu a produção de 
prova testemunhal. Requer a exclusão das penalidades por litigância de má-fé, pois 
realmente estava na posse do imóvel na data de distribuição da presente ação, 
conforme demonstrado pela prova documental. Afirma, ainda, que não provocou 
incidentes e tumultos processuais, uma vez que foi diligente na obtenção dos 
endereços dos réus, sendo responsabilidade da serventia as eventuais falhas na 
citação. No mérito, defende que a sentença deve ser reformada, em síntese, 
porquanto é nula a ata de reunião de assembleia que determinou a exclusão dos 
condôminos inadimplentes do quadro social, e autorizou a comercialização de suas 
respectivas unidades habitacionais. Por fim, requer a anulação da Convenção de 
Condomínio e do Regimento Interno do corréu Condomínio Paulista Sul, visto que 
limitam os direitos dos condôminos inadimplentes ao uso da área comum do 
condomínio.
Recurso tempestivo, isento de preparo (gratuidade da 
justiça fls. 95) e com a apresentação de contrarrazões apenas pelo corréu 
Condomínio Paulista Sul (fls. 364/371).
Consultadas as partes, não houve oposição ao julgamento 
virtual (ver certidão de fls. 393). 
Esse é o relatório. 
Aplica-se ao caso o Código de Processo Civil de 1973, nos 
termos do Enunciado Administrativo n. 2 do Superior Tribunal de Justiça: “aos 
recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões 
publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de 
admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, 
pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça”.
Inicialmente, rejeito a preliminar de nulidade de sentença 
sob o argumento de que não lhe fora dada oportunidade para ofertar réplica. O fato 
de não ter sido o autor intimado para se manifestar sobre a contestação, por si só, 
não caracteriza nulidade de sentença, ante a inexistência de prejuízo à parte 
interessada. Veja-se que, mesmo em suas razões recursais, o autor não apontou qual 
foi o prejuízo decorrente da falta de intimação. Além disso, conforme reza o art. 245 
do CPC/73, a nulidade relativa deve ser alegada na primeira oportunidade que a parte 
falar nos autos, o que não ocorreu. 
Afasto, ainda, a alegação de cerceamento de defesa. 
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
28ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO
Apelação nº 0115084-31.2009.8.26.0003 -Voto nº 4
Como é cediço, o destinatário da prova é o juiz e a finalidade desta é, exatamente, 
convencê-lo, vigendo no processo civil brasileiro, em termos de valoração da prova, o 
sistema da persuasão racional, expressamente adotado no artigo 131 do Código de 
Processo Civil. De todo modo, “em matéria de julgamento antecipado da lide, 
predomina a prudente discrição do Magistrado, no exame da necessidade ou não 
da realização de prova em audiência, ante as circunstâncias de cada caso 
concreto e a necessidade de não ofender o princípio basilar do pleno 
contraditório” (STJ, REsp n. 3.047, 4ª Turma, j. 21-08-1990, rel. Min. Athos 
Carneiro).
No caso, há nos autos todos os elementos necessários ao 
julgamento da lide, não sendo pertinente a produção de qualquer outra prova, como se 
verá adiante.
Superadas as preliminares arguidas pelo autor, entendo, 
no entanto, que é caso de reconhecimento, de ofício, de falta de interesse processual. 
Como se sabe o interesse processual está qualificado, 
exatamente, pelo trinômio necessidade-utilidade-adequação: “necessidade do 
recurso ao Judiciário para obter certo bem da vida, seja porque não se logrou 
obtê-lo pelas vias usuárias, seja porque o próprio Direito Positivo exige a 
intervenção jurisdicional; adequação do provimento pretendido, isto é, sua 
idoneidade técnico-jurídica para atender à expectativa do autor; utilidade da via 
processual eleita: conquanto haja alguma dissensão doutrinária a respeito desse 
quesito, parece-nos que ele integra a compreensão do interesse processual, já 
que o acesso à tutela jurisdicional tem por pressuposto o fato de que a medida 
pleiteada será útil, na ordem prática, ao autor” [grifei] (Rodolfo de Camargo 
Mancuso, “Ação civil pública em defesa do meio ambiente, patrimônio cultural e dos 
consumidores [Lei n. 7.347/85 e legislação complementar]”, 2ª edição, São Paulo, 
Revista dos Tribunais, 1992, p. 35).
Trata-se, de fato, de “uma condição vinculada 
estreitamente ao princípio de economia processual e resulta da utilidade e/ou 
necessidade da atuação da jurisdição e da adequação da via processual escolhida 
aos fins objetivados pelo processo emergente da ação proposta” [grifei] (Donaldo 
Armelin,“Condições da ação no processo civil brasileiro”, Publicações da Escola da 
Magistratura do Estado do Espírito Santo, convênio TJES/Amages, 1987).
Pois bem. 
No caso vertente, o referido imóvel foi objeto de 
financiamento concedido ao autor pela Caixa Econômica Federal. No entanto, o autor 
tornou-se inadimplente, o que ensejou a adjudicação do imóvel em 22 de janeiro de 
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
28ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO
Apelação nº 0115084-31.2009.8.26.0003 -Voto nº 5
2007, sendo posteriormente transmitido à Vandilson Silva Santos. Dessa forma, no 
momento da propositura da ação, o autor já não possuía a propriedade do bem, 
conforme comprova a certidão registrada perante o 14° Cartório de Registro de 
Imóveis (fls. 126/128). O autor permaneceu na posse indevida do imóvel até o 
cumprimento da liminar que determinou a imissão de posse do atual dono, conforme 
consulta ao sítio eletrônico deste Tribunal (autos n. 0117312-76.2009.8.26.0003). 
Dessa forma, sem a posse e sem a propriedade do imóvel, 
por certo, não possui o autor interesse processual para a causa que se discute, na 
medida em que seus pedidos são atos privativos dos condôminos. 
À vista dessas considerações, julgo extinto o processo, 
sem resolução de mérito, por falta de interesse processual, com acolhimento parcial 
do recurso apenas para afastar a litigância de má-fé decretada em primeiro grau. 
Realmente, assiste razão ao autor quando pleiteia o 
afastamento da condenação nas penas por litigância de má-fé.
Com efeito, não existe demonstração, infensa de qualquer 
inquietação, da quebra do dever de lealdade processual por parte do apelante. Não 
está caracterizada nenhuma das hipóteses descritas no artigo 17 do Código de 
Processo Civil. Em outras palavras, não houve abuso do direito de ação nem do de 
defesa.
Posto isso, rejeitada a matéria preliminar e extinto o 
processo, sem apreciação do mérito, na forma do art. 267, VI, do CPC, dou 
provimento parcial ao recurso.
GILSON MIRANDA
Relator

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