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EstudosdePsicologia 1997,Vo114,n° 1, 15-28 Diagnósticoeintervençãoclínicacomportamental infantil:umabreverevisão MariaCristinaO.S.Miyazaki1 FaculdadedeMedicinaS,J.Rio Preto,FAMERP EdwigesF.M. Silvares2 UniversidadedeSãoPaulo Algunstranstornosdainf'anciaedaadolescênciasãodiscutidos,sobumenfoquecomportamental, ecomautilizaçãodecritériosparadiagnósticodoDSM-IV. São fornecidosdadosdaliteratura acercadamanifestação,prevalência,etiologiaeprognósticodosseguintestranstornos:Autismo, TranstornodeDéficitdeAtenção/Hiperatividade,TranstornosdoHumor(DepressãoMaioreDis- timia),daAnsiedade(FobiaEspecíficaeTranstornodeAnsiedadedeSeparação)e deExpulsão (EnureseeEncoprese).Estratégiasdeintervençãodentrodoenfoquecomportamentalsãotambém discutidas. Palavras-chave:terapiacomportamental;transtornosda infânciae daadolescência;infânciae adolescência. Abstract Assessmentandbehavioralclinicinterventionwithchildren:abrieCreview Somechildhoodandadolescencedisordersarediscussedunderabehavioralapproach,andusing DSM-IV diagnosiscriteria.Providesdatafromliteratureondiagnosticfeatures,prevalence, etiology, and prognosis for the following disorders:autistic disorder, attention- deficit/hyperactivitydisorder,mooddisorders(dysthymicdisorderandmajordepressivedisor- der),anxietydisorders(specificphobiaandseparationanxietydisorder),andeliminationdisorders (enuresisandencopresis).Interventionstrategiesunderabehavioralapproacharealsodiscussed. Keywords:behaviortherapy;childhoodandadolescencedisorders;childrenandadolescents. A terapiacomportamentalinfantil desenvolveu-seconsideravelmentenosúltimos anos,caracterizando-secomoumadaspoucas abordagensquesubmeteseusprocedimentos clínicosàavaliaçãosistemáticaatravésdepes- quisascientíficas(Kazdin,1991;Kendall& Morris,1991;Kendall,1995). Avaliaçãoe intervençãotêmestreitare- laçãonoâmbitodaterapiacomportamentaleal- gumasquestões,propostasporMash(1989), 1.ChefedoserviçodePsicologiadaFaculdadedeMe- dicinadeS.1.doRioPreto.Endereçoparacorrespondên- cia:CoronelSpinoladeCastro,3420apto81,Centro,CEP 15015-500,SãoJosédoRioPreto,SP. 2. ProfessoraDoutorado DepartamentodePsicologia ClínicadaUSP.Endereçoparacorrespondência:RuaJosé Espiridião,602,CEP 05532-050,SãoPaulo,SP. devemserrespondidasdentrodoprocessode decisãoenvolvidonoencaminhamentodeuma criançaparaterapia:Seráqueessacriançane- cessitadetratamento?Qualo prognósticona ausênciadeintervenção?Quetipodetratamento temmaioreschancesdeeficácia,sobresponsabili- dadedequeprofissional?Queintervençãotem maioreschancesde aceitaçãopor parteda família,dacriançaedosmembrosdacomuni- dade?Quandosedevedaro inícioeotérmino da intervenção?Seráquea intervençãoestá tendoo impactodesejado? Respondidascomoobjetivodefornecer soluçõeseficazesparaosproblemasdacriança edosfamiliares,estasquestõestêmemvistaseu ajustamentoalongoprazo.Programasdeinter- vençãoemterapiacomportamentaltêmsido Maria CristinaO. S. Miyazaki eEdwigesF. M. Silvares norteadospordadosadvindosdedesenvolvi- mentosnaárea,comocompreensãofuncional doproblema(O'Neilletai., 1990;Silvares, 1991),utilizaçãodeumaperspectivasistêmica (Emeryet ai., 1992;Fauber& Long,1991; Kazdin,1994;Silvares,1989;1991;1995), consideraçõesacercadoestágiodedesenvolvi- mentodopaciente(Rutter,1986;Petersonet ai., 1989),impactodediferençasindividuais, inclusiveaspectosbiológicos,nosresultadosdo tratamento(Russo& Bud,1987),utilizaçãode diagnósticosclínicosesistemasclassificatórios comoauxiliaresnoprocessodedecisãodetrata- mento(Silvares,1991;Trad,1989),ênfaseem prevenção(Silvares,1995), proliferaçãode procedimentoscomportamentaisem insti- tuiçõesdesaúde(Amaral&Yohida,1993;Do- mingos,1993;Miyazaki& Amaral,1995; Silvares& Miyazaki,1994;Tarnowski& Brown,1995)eumacrescenteaceitaçãodeque tratamentosindividualizadosdevemserde- lineadostambémparapopulaçõesespecíficas, istoé,enfocandoaspectosrelevantesdedeter- minadostranstornosdainfânciaeadolescência ( Mash,1989;Kendall,1995).Exemplificando oatualestadodeconhecimentosnaáreadetera- piacomportamentalinfantil,algunstranstornos serãorevistosaseguir. Autismo Criançasautistasapresentamcomo característicasprincipaisumacentuadodéficit ouinadequaçãoparainteraçõessociaisecomu- nicação,bemcomoumrepertórioexcessiva- menterestritode interessese atividades.De acordocomoDSM-IV (APA, 1994),oautismo envolveprejuízoqualitativonainteraçãosocial e na comunicação,bemcomointeresses, atividadesepadrõescomportamentaisrestritos e estereotipados.Atualmente,a maioriados autoresconsideraautismoumtranstornodode- senvolvimentodeterminadopor fatores 16 biológicos ( Newson & Rincover, 1989; Rimland,1991;Schwarztman,1993)eestudos epidemiológicossugeremqueexistemdoisa cincocasosdeautismoparacada10000in- divíduos(APA, 1994). Pesquisasindicamquecriançascomesse diagnósticopodemser divididasem dois grandesgrupos,combaseemseurendimento intelectual.Oprimeiroécompostoporcrianças comretardomentalseveroe profundo,com prognóstico,portanto,reservado,necessitando cuidadosbásicosportodaavida.Estratégiasde intervençãoemrelaçãoaessegrupovisampro- porcionaro maisaltograupossívelde inde- pendência(ex.:habilidadede autocuidados, compreensãoe obediênciaa ordenssimples, comportamentossociaisbásicos,comporta- mentosdebrincarapropriadose reduçãodos comportamentosautodestrutivos).Umtrabalho comospaisénecessário,eenvolvetreiná-los paraensinarhabilidadesbásicasàcriança,con- trolarcomportamentosinadequadoseresolver problemasdeordemprática.Alémdisso,éne- cessáriotambémensinarospaisaapreciarem progressos,independentedestesseremlentose empequenonúmero,bemcomoavalorizarem ascaracterísticasúnicasepositivasdacriança (Johnson& Werner,1984;Lipp,1981;Lovaas, 1987).O segundogrupoéconstituídoporcri- ançasqueapresentamnívelintelectualnormal ouretardomentalleveoumoderado.Paraeste grupo,alémdosobjetivoscitadosparaogrupo anterior,háumaênfasenodesenvolvimentode um repertórioverbalcompatívelcomfaixa etária,interaçãosocialcomcriançasnormais,e desenvolvimentodehabilidadese comporta- mentosesperadosemcriançaspré-escolarese deprimeirograu.Destegrupo,ascriançascom melhorprognósticosãoaquelasqueaprendem rapidamenteduranteostrêsouquatroprimeiros mesesdotratamento.Osresultadosdependem dacriança,daqualidadedotratamentoe das Diagnósticoe intervençãoclinicacomportamentalinfantil... oportunidadesdisponíveisnavidaadulta(New- son& Rincover,1989).O programadeinter- vençãodevebasear-seemumaavaliação inicial,queincluidescriçãooperacionaldos problemas,freqüência,possíveisvariáveisde controleetentativasanterioresdemodificação (Johnson& Werner,1984;Keefe,Kopel& Gordon,1980;OrNeilletaI.,1990). Geralmente,o iníciodotratamentodo autismoenvolveduastarefasfundamentais.Em primeirolugar,acriançadeveaprendercertas habilidadesbásicas,que constituempré- requisitosparacomportamentosmaiscom- plexos.Essashabilidadesde"prontidão"en- volvemcomportamentoscomosentar,atender ordenseolharparao materialdetrabalho.Ao mesmotempoemqueaprendeessesrequisitos, comportamentosqueinterferemcomaaprendi- zagem,comobirraseagressividade,devemser minimizados.Essesdois objetivosiniciais ocorremparalelamenteeaformadeatingi-Iosé descritacomdetalhesno trabalhodeLovaas (1987)eNewson& Rincover(1989). É precisolembrarqueosconhecimentos sobreautismosãoaindainsuficientes,oquefaz comquea intervençãosejabasicamentesin- tomática,istoé,"cura"paraoautismo,nosen- tido deum funcionamento"normal",atéo momentonãoexiste.Cercade10%dascrianças têmumprognósticobom,istoé,adquiremum padrãode funcionamentonasáreasde lin- guageme/ousocialeescolarmuitopróximoda normalidade.Outros20%evoluemdeforma moderada,comprogressosnasáreassociale educacional,apesardesignificativocompro- metimentodalinguagem.Cercade70%,entre- tanto,têmprognóstico"pobre",comprogressos limitadosegravescomprometimentosemtodas asáreas(Newson& Rincover,1989).Assim, apesardagrandequantidadedeestudossobre autismo,muitaspesquisassãoaindanecessáriasparaumamelhorcompreensãodessetranstorno. 17 Transtorno dedéficitdeatenção/ hiperatividade(TDAH) Inúmerostermosjáforamutilizadospara designarcriançasqueapresentamdéficitem concentraratenção,dificuldadeparacontrolar impulsoseregularoníveldeatividademotora deacordocomasdemandasambientais.Atual- mente,oDSM-IV (APA,1994)propõeotermo Transtornode Déficit de Atenção/Ripera- tividadeparadesignarcriançasqueapresentam déficitdeatençãoe/ouhiperatividade/impul- sividadeemgrauincompatívelcomseunível de desenvolvimento,com prejuízoclinica- mentesignificativodo funcionamentosocial, acadêmicoouocupacional. Estima-seque3%a5%dascriançasem idadeescolarapresentemTDAR, commaior freqüênciaparaosexomasculino(4:1ou9:1, dependendodaamostraserclínicaoudapopu- laçãogeral)eemparentesdeprimeirograude criançascomTDAR. O diagnósticoé geral- menterealizadoquandoacriançaseencontra no iníciodoprimeirograu,comestabilidade dossintomasatéo iníciodaadolescênciaere- duçãodestesparagrandepartedosindivíduos nofinaldaadolescênciaeiníciodaidadeadulta. Umaavaliaçãoapropriadarequer,além doscritériosdo DSM-IV(APA,1994),verifi- caçãodaidadedeinício,aspectosligadosaode- senvolvimento,ambiente,motivaçãodafamília edacriançapararealizaçãodotratamentoediagnós- ticodiferencial(APA,1994;Rozaetai., 1995). Nos primeirosanosdevida podeser difícil diferenciarsintomasdoTDAR daquelescom- portamentoshabitualmentepresentesem cri- ançaspequenas.Além disso, criançascom rendimentointelectualdeficitárioou superdo- taçãointelectualpodemapresentarsintomasdo transtomoemfunçãodeumcontextoescolarinade- quado,enãodapresençarealdocomprometi- mento. Crianças com Retardo Mental, MariaCristinaO.S.MiyazakieEdwigesF. M. Silvares entretanto,podemreceberumdiagnósticoadi- cionaldeTDAH, casoossintomasapresenta- dossejaminadequadosparasuaidademental. Criançasprovenientesdeambientescaóticos oudesorganizados,ouaquelascomcomporta- mentoopositor, ouquepodemestarreagindoa um estressorambientalcom impulsividade, problemasdeconcentraçãoouinquietaçãopsi- comotora,devemtambémserdiferenciadas daquelascomdiagnósticodeTDAH. A utili- zaçãode determinadosmedicamentospode tambémcausaralteraçãodocomportamentoeé importantefatoraserconsiderado.Deve-sedes- cartaraindaapossibilidadedeoutrostranstornos mentais,comotranstornosdohumor,daansie- dade,oualteraçõescomportamentaisassocia- das a doenças orgânicas ou abuso de substâncias.Essesdadosdevemserobtidos atravésdeváriasfonteseemmúltiploscontex- tos,como empregodediferentesestratégias, comoescalasqueavaliamocomportamentoin- fantil(Achembach,1991),entrevistasestrutu- radas(Zimmerman,1994),observaçãodo comportamentoda criança e análisede variáveisambientais,bemcomooutrasestraté- giasqueenfoquemnãoapenasossintomasdo transtorno,mastambémo funcionamento global(acadêmicoesocial)eoambientefamiliar. A cooperaçãodeprofissionaisdediferen- tesáreas(ex:psicólogo,médico,professor)é necessáriaeosdadosdevemseranalisadosden- trodeconhecimentosdapsicologiadodesen- volvimento,umavez que existe grande variabilidadeemrelaçãoàcapacidade,emter- mosdetempqdeatençãoconcentradae con- trole do comportamentoimpulsivo, nas diferentesfaixasetárias(Barkley,1989;Hoza etal.,1995;Whalen,1993).Umadascaracterís- ticasdessascriançaséavariabilidadedocom- portamentoou entreambientes.Quantomais estruturadooambienteequantomaioronúmero dedemandas,maisocomportamentodesvia-se 18 doesperado.Emsituaçõespoucoestruturadase combaixonúmerodedemandas,comobrincar livremente,é menospossíveldistinguiressas criançasdeseuscolegas"normais". CriançascomTDAH apresentamainda maiorriscoparaacidentes,problemasmédicos, rendimentoacadêmicodeficitário,baixaauto- estima,depressão,rejeiçãopor partedoscole- gase muitasvezespor partedosfamiliarese professores( Barkley,1989). Doistiposdedrogastêmsidofreqüente- menteutilizadasno tratamentodo TDAH: es- timulantes,como metilfenidato(ritalina) e antidepressivostricíclicos(Barkley,1989;Han- den,1995).Pesquisasemrelaçãoaosestimulan- tes mais utilizados (por ex: Barkley,1977) indicamumasériedelimitaçõesnessaestraté- giaterapêutica:o comportamentonãochegaà media esperadaem termos de desempenho acadêmico,socialecomportamental;osefeitos duramenquantoadrogaestiveremação;exis- tempoucasevidênciascomprovandomudanças no prognósticoa longoprazo(Barkley,1989; Pelham& Murphy,apudHanden,1995).Dadas as limitaçõese os efeitoscolateraisdamedi- cação- 1% a 2% dascriançaspodemdesen- volvertiquesmotoresouvocais(Barkley,1988, apudBarkley,1989)-, algumasquestõesde- vem ser consideradasantesque essaopção terapêuticasejaescolhida.Assim, a idadeda criança,agravidadeeduraçãodossintomas,o risco de acidentes,o sucessodostratamentos anteriores,aausênciadetiquesoudeTranstorno deTourettenafamília,o níveldeansiedade,a ausênciadeabusodesubstânciaporpartedos responsáveiseaprobabilidadedeempregocor- retodamedicaçãosãofatoresaseremconsidera- dosnaopção. Diversosestudosmostramqueterapiae medicaçãosão estratégias complementares (Handen,1995;Utrecht,1993).Entretanto,pes- quisassobreterapiacomportamentalnoTDAH ,. Diagnósticoeintervençãoclinicacomportamentalinfantil... têmrelatadoresultadospositivos,semriscode efeitoscolaterais,comoocorrecomos psi- cofármacos.Asestratégiasutilizadasenvolvem procedimeptosdemodificaçãodecomporta- mento(ex:reforço,punição,custoderesposta, controledeestímulo)nolaboratório,treinode paisparamanejodecontingências,treinode professoresparamanejoemsaladeaula(Bar- kley, 1994) e estratégias cognitivo- comportamentais(Barkley,1989;Hinshaw& Erhardt,1991;Serrano,1991;Kendall & Braswell,1993).Estasúltimasenvolvemtreino decompetênciasocial,paralidarcomaraiva, paramodificarestilodeatribuição,deauto- instruçõesedeauto-avaliação(Hinshaw& Er- hardt,1991).Serrano(1991)relataestudode casoemavaliaçãoeintervençãocomportamen- tal(comduraçãode21dias)deumgarotode oitoanos.Osobjetivosterapêuticosforamre- duzircomportamentosproblemaqueinter- feriamcomaaprendizagem,aumentarperíodos deatençãoederealizaçãodetarefaseaumentar aqualidadedorendimentoacadêmico,através dereforçamentode comportamentosincom- patíveis.Osresultadosatestamaeficáciadain- tervenção,inclusive generalizaçãodos resultados,ea importânciadaatençãodapro- fessoranessetipodeprograma. Apesardosresultadospromissoressobre autilizaçãodetratamentoscombinados(terapia maismedicação)etratamentosutilizandoape- nasterapiacomportamental,muitaspesquisas aindadevemserrealizadassobreosbenefícios, a longoprazo,dostratamentosparacrianças comTDAH. Transtornosdo humor(Depressão) Dentreaamplagamadetraristornosda inf'anciae adolescência,a depressãotemsus- citadocrescenteinteressepelafreqüênciacom queestediagnósticoé realizado(Matson, 19 1989).Diversosaspectosfacilitarama ex- pansãodosestudossobredepressãonainfância eadolescência:precisãocadavezmaiordoscri- térios,diagnósticoseinstrumentosparaavaliar depressão(ex:DSM-IV,APA,1994;CIO,Ko- vacs, 1992),modeloscomportamentaise cognitivo-comportamentais,desenvolvidos paracompreenderetratardepressãoemadul- tos,utilizadostambémparacompreendere tratardepressãoemcriançase adolescentes (Miyazaki,1993;Wilkesetai.,1994)epsico- patologiadodesenvolvimento,novocampoque desencadeouinúmerosestudosnaárea(Ko- vacs,1989).Um transtornodepressivoinclui alteraçõescomportarnentais,cognitivas,emo- cionaise somáticas(Beck, 1967;Matson, 1989).Váriostranstornosdainf'anciaedaado- lescência,entretanto,podemincluirsintomas dedepressãooucoexistircomumquadrode- pressivo(ex:depressãomaior,distimia,transtorno deansiedadedeseparação,transtornodeajusta- mentocomhumordeprimidoelutosemcom- plicação,Kazdin,1989). Estudossobreprevalênciadadepressão nainfânciaeadolescênciavariamemfunçãoda populaçãoestudada.Lefkowitz & Tesiny (1985)identificaramdepressãograveem5,2% deumaamostrade3000criançasnormaisde terceira,quartaequintaséries.Aprevalência, entretanto,parecesermaiorempopulações clínicas(2%a 60%,Kashanietai., 1981)e populaçõesespeciais(Miyazaki,1993).Em adultos,adepressãoémaisfreqüentenosexo feminino,masentrecriançase adolescentes essadiferençanemsempreé encontrada (Lefkowitz& Tesiny,1985).Osmodeloscom- portamentaisdedepressãoenfatizamopapelda aprendizagem,dasconseqüênciasambientaise déficitsnaaquisiçãodehabilidades,nosproble- masdeinteraçãocomoambienteapresentados pelo indivíduodeprimido.Ferster(1973) propõeumaanálisefuncionalda depressão, MariaCristinaO.S.MiyazakieEdwigesF. M. Silvares comreduçãonafreqüênciadecertoscomporta- mentos(ex:perdade interesseematividades habituais)eaumentonafreqüênciadecompor- tamentosdeesquivaefugadeestímulosaver- sivos(ex: queixase freqüentespedidosde ajuda).Alémdisso,oindivíduodeprimidoapre- sentaaindabaixafreqüênciadecomportamen- tos positivamentereforçados(ex.: interação social).Entretanto,adescriçãotopográficado repertóriocomportamentalnadepressãonãoé suficienteparadiagnósticoe delineamentode programasdeintervenção.Éprecisoconsiderar fatorescognitivos,istoé,osignificadoqueesse repertóriotemparao indivíduo(Becketai., 1979;Dattilio,1995;Kendall,1995;Lazarus, 1968).Considerandoessesdoisaspectos,es- tratégiasde intervençãopara indivíduos deprimidostêmenfatizadoaspectoscomporta- mentaisecognitivos,sendootratamentodecri- ançaseadolescentesderivadodosconhecimen- tossobretratamentocomadultos. Apesardaliteraturasobrepacientesadul- tossugerirqueotratamentocombinado(medi- caçãoepsicoterapia)émuitasvezesvantajoso, maispesquisassãonecessáriassobreo usode antidepressivoscomcrianças.Atéomomento, a terapiacomportamentaltemcontribuídode formasignificativaparao tratamentodade- pressãonainfânciaeadolescência.StarketaI. (1991)descrevemcomponentesdaterapiacom crianças.Partindodeumaposturacolaborativa entreterapeutae paciente,a criançaé ativa- menteenvolvidanoprocessodeavaliaçãoetra- tamento,adquirindocompreensãodetodoo processoeseusfundamentos.Educaçãoafetiva é umdosprocedimentosiniciaise envolvea aquisição,atravésdejogose brincadeiras,de conhecimentosacercada relaçãoentrepen- samentos,sentimentosecomportamentos.Es- tratégiasdeautocontrole(automonitorização, auto-avaliação,auto-reforçamento)constituem o passoseguinte,acompanhadasdeprocedi- 20 mentoscomorole-playing,educação,feed- bac,k,modelação,reforçamentosocial,progra- maçãodeatividadesparaaumentarosreforços dacriança,treinodehabilidadessociais,re- laxamentoereestruturaçãocognitiva.Issonão significaqueexisteumareceitaúnicadetrata- mentoparatodasascriançase adolescentes deprimidos,masalgunsrelatosdecasosexis- tentesna literaturapodemsugerirlinhasde atuação(Garcia& Rodriguez,1991;Miller, 1994).Uma ênfaseexageradaemtécnicas, deixandodeladoacompreensãoindividualde cadacaso,temsidocriticada(Evans,1995; Guilhardi,1987).Assim,umaavaliaçãodos pontosfortesedéficitsdopaciente,bemcomoo conhecimentodeestratégiasdisponíveiseefi- cazesdevemnortearodelineamentodeprogra- masdeintervenção. Transtornos de ansiedade (fobia es- pecífica e transtorno de ansiedadede separação) Sentimentosdemedofazemparteda gamade experiênciasvivenciadaspelosin- divíduosaolongodavidaeconstituemuma respostaadaptativaa muitassituações,como formadeevitarperigoreal.A presençademe- dosécomumentrecriançaseadolescentes,mas estessãogeralmentetransitóriosefazemparte dodesenvolvimentonormal.Quandoummedo éexcessivoouvinculadoaestímuloquenãoé potencialmenteperigoso,interferindocomo funcionamentonormaldo indivíduo,é de- nominadofobia(Ross,1979;APA,1994).Um tipoespecíficodefobia,associadoàfreqüência à escola,denominadofobiaescolar,é queixa comumemclínicaseambulatóriosdepsicolo- gia.Emborafobiaescolaretranstornodeansie- dade de separação tenham algumas semelhanças,umdiagnósticodiferencialdeve serrealizado,umavezquefatoresdesencadean- Diagnósticoeintervençãoclínicacomportamentalinfantil... teseestratégiasdeintervençãopodemdiferirde fonnasignificativa(Silvares& Souza,1995).A fobiaescolaréumafobiaespecífica,cujoscrité- rios paradiagnóstico,são especificadospelo DSM-IV (APA,1994). Envolve medoexces- sivoepersistentedeumobjetoousituação,evi- taçãodasituaçãoou intensaansiedade(choro, birrasoucomportamentoadesivoemcrianças) parasuportá-Ia,reconhecimentoqueo medoé excessivoou irracional(nemsemprepresente emcrianças),e interferedefonnasignificativa como funcionamentopsicossocial.A fobiaes- colaré umafobia específicatipo situacional, istoé,relacionadaaumasituaçãoespecífica:a escola(APA,1994). Estudosepidemiológicos sugeremqueos casosdefobiaescolarvariam entre0,4e0,7paracada100criançasemidade escolar(Ollendick& Mayer,apudMendez& Macia,1991;Kennedy,1965),semevidências conclusivassobrea prevalênciado problema em tennosde sexo, idade,classesocial ou outrasvariáveiscomonível intelectualerendi- mentoacadêmico(Mendez& Macia,1991). Kennedy(1965)classificaafobiaescolar emdoistipos:tipo1,cominícioagudonospri- meirosanosdevidaescolar;etipo2,comdiver- sasrecusasanterioresparafreqüentaraescola, cominíciogradualeocorrendonassériesmais adiantadas.Emtennoscomportamentais,deve- seconsideraro sistematriplo derespostasen- volvido na fobia escolar: sistema motor (ex:comportamentode evitação,negativismo, comportamentodiruptivo),sistemafisiológico (ex:sudorese,tensãomuscular,dores)esistema cognitivo(pensamentosnegativosemrelaçãoà escola,antecipaçãode conseqüênciasdesfa- voráveis,avaliaçãonegativadaprópriacapaci- dade).A fobia escolar pareceassociadaà vivênciaouàobservaçãodeexperiênciasaver- sivasassociadasaocontextoescolar,podendo serfacilitadapor estressoresescolares,fami- liares, doençasprolongadasetc. Algumas 21 característicasdospaisoudaprópriacriança, comodéficitdeassertividade,podemtambém estarimplicadasnoquadro.Asrespostasdees- quivaemrelaçãoàescolasãomantidasporre- forçamento negativo (ex:evitação da ansiedade)e positivo(ex:atençãodospais) (Mendez& Macia,1991).A avaliaçãoégeral- menterealizadaatravésdeentrevistas(pais,cri- ança,professores),observaçõesequestionários (Ollendick,1983).Alémdeavaliarasrespostas fóbicasdacriança,éimportanteavaliartambém seufuncionamentoemoutrasáreas(ex:social) ereaçõesdaspessoasimportantesaoproblema (ex:pais,professores). A intervençãocomportamentalgeral- mentebaseia-senosprincípiosdocondiciona- mentoclássicoe/ouoperante.A dessensibili- zaçãosistemática(Wolpe,1989),oualgumas desuasvariantes,temsidoa estratégiamais freqüentementeempregada.Kennedy(1965) relatouotratamentobem-sucedidode50casos atravésdoprocedimentodeinundação(Michel- son,1989).Outrosrelatoscitamdessensibili- zaçãosistemáticain vivo,reforçopositivo, economiadefichas,contratodecontingências, exposiçãogradualinvivoe modelação(Men- dez& Macia,1991),colocandosempreavolta imediataàescola(exposiçãoàsituaçãotemida) comodeextremaimportância,umavezquea perdadacontinuidadedasatividadesacadêmi- castomacadavezmaisdifícilo retomo.Es- forçosdevemtambémserfeitosparafortalecer comportamentoscompatíveiscomaprendi- zagem,auxiliandoa criançaa alcançarasha- bilidadesquedeixoude adquirirduranteo períodoemqueesteveausentedaescola. Enquantoafobiaescolarrefere-seauma dificuldadeespecíficaempennanecernaes- cola,otranstornodeansiedadedeseparaçãoen- volveummedoexcessivoeirrealdeseparar-se dasprincipaisfigurasdevinculação(geral- menteospais).Éumdostranstornosdeansie- MariaCristinaO.S.MiyazakieEdwigesF. M. Silvares ---i dademaiscomunsnainfânciaeadolescência, comestudosepidemiológicosindicandoque cercade41%dascriançaspreocupam-secomo temaseparaçãoe2%a4%apresentamotranstorno (APA,1994;Bowenetal.,1990). O transtornogeralmentedesenvolve-se apósalgumestressor(ex:mortedeparenteou animaldeestimação,mudançadeescola,mu- dançadevizinhança)epodeterperíodosdere- missãoeexacerbação(APA,1994). Diversosprocedimentospodemserutili- zadosparaavaliarotranstornodeansiedadedeseparação.Umdiagnósticoformalcomlevanta- mentodossintomasnormalmenteé realizado atravésdeentrevistas,havendoinclusiveroteiros deentrevistaestruturadaparaavaliarotranstorno (Zimmerman,1994).Observaçõesdocompor- tamentodacriançaemdiferentescontextos,fei- tosporobservadortreinadooupelospaisou professores,constituemoutraimportantefonte dedados.Umavezquea ansiedadeé experi- mentadapelaprópriacriança,treiná-Iapara monitorizarseusprópriossintomasdeansie- dadeéumaestratégiaútil,masquesópodeser empregadacomcriançasmaisvelhas(Bell- Dolan,1995;Kendalletal.,1991;Last,1993). O tratamentocomportamentaldo transtornodeansiedadedeseparaçãoébaseado nanoçãodequeo problemaédesencadeadoe mantidoporeventosambientais.Ostratamen- tos queenvolvemmodelaçãoenfatizama questãodaaprendizagemvicariantenaquestão daseparaçãoeutilizamaobservaçãodemode- losqueexibemcomportamentoadequadodi- antedaquestãodaseparação.A utilizaçãodema- nejodecontingênciasassumequeo transtorno relaciona-seàsprópriasexperiênciasdacriança comcontingênciasambientaise o tratamento baseia-senoreforçamentodocomportamento "destemido"(ex:daradeusaospaisqueestão saindo,sembirras).Estratégiascomodessensi- bilizaçãosistemáticabaseiam-senanoçãoda 22 inibiçãorecíproca,istoé,reduçãodaansiedade atravésdaaprendizagemdeumcomportamento incompatível,geralmenterelaxamento.Diver- sospesquisadorestêmsugeridoaindaqueaan- siedade pode ser tratada sem uso de relaxamento,apenascomtécnicasde expo- sição.Outrossugeremumaexposiçãogradual, atravésdeumahierarquiaconstruídapelacri- ançaeterapeuta.A utilizaçãodeexposiçãoin vivoouimagináriadependedeváriosfatores, comoidadedacriançae controlabilidadedos estímulosaosquaisestaseráexposta(Barrios& 0'Dell,1989;Bell-Dolan,1995).O tratamento comportamentaldostranstornosdaansiedade nacriançaenoadolescenteenvolveestratégias comportamentais,comênfaseadicionalnos componentescognitivosdoprocessamentode informaçõesassociadoàsansiedadesparticu- laresdopaciente.Oobjetivoéensinaracriança aidentificarsinaisdeansiedademal-adaptativa, quesirvamcomoestímulosdiscriminativos paraautilizaçãodasestratégiasadequadasde manejo.Esseenfoqueé muitoútil quandoo principalcomponentedaansiedadeécognitivo (ex:preocupaçõescomaseparação)equandoa criançatemumníveldedesenvolvimentoque permitaomanejodesuaprópriaansiedade.Es- tratégiascognitivasincluemtreinode auto- instruções,umaavaliaçãomaisrealistada situaçãocausadorada ansiedade,auto- reforçamentodiantedautilizaçãodeestratégias adequadasparaenfrentara ansiedade(Bell- Dolan,1995;Kendall et ai., 1991;Ken- dall,1995).A terapiacomportamental,sem dúvida,fornecediversasopçõesparao trata- mentodotranstornodeansiedadedeseparação. O delineamentoda intervenção,entretanto, deveconsiderarcaracterísticasindividuaisdo paciente,bemcomoaspectosdeordemprática. Apesardosestudossobreansiedadede separaçãoestaremcontribuindoparaumcres- centeacúmulodoconhecimentonaárea,muitas 2 Diagnósticoeintervençãoclínicacomportamentalinfantil000 e ) questõesrelativasàetiologia,avaliaçãoetrata- mentodotranstornoprecisamaindaserrespon- didas(Ollendick& Huntzinger,1990).'. e Transtornosdeexpulsão(enuresee encoprese) A aquisiçãodocontroledasfezese da urinaéumdosproblemasrelativosàeducação infantilquepreocupasobremaneiraospais.Em umapesquisarealizadaem1974,com200pais decriançasemidadepré-escolar,questõesacerca deestratégiaseficazesparao treinamentoda toaleteencabeçavama listadaspreocupações parentais(Chamberlain,apud Walker et aI., 1989).Essefatoé confirmadopelonúmerode exemplaresvendidos(maisde um milhãode cópias)porAzrin& Fox(1974)deseulivroToi- lettrainingin lessthanadayoAs questõesmais freqüentementecolocadaspelospaisreferem- seacomoequandoiniciaro treino,o quefazer seos resultadosficaremaquémdasexpectati- vas,efeitosdeumtreinomuitooupoucorigoroso, iniciadomuitocedooutardeetc. Enureseeencopreseconstituemumdéfi- citcomportamentalnaaquisiçãoemanutenção do controle,respectivamenteda urina e das fezes,emidadeemqueamaioriadascriançasjá adquiriuessahabilidadeenaausênciadecausa orgânica.Essedéficitconstituimotivodesofri- mentoparaafamíliaeparaacriança,quepode sofrerdiscriminaçõesporpartedoscolegas,ser impedidaderealizarcertasatividades(ex:dor- mirnacasadecolegas)eterumimpactonega- tivosobresuaauto-estima. A prevalênciada enuresena idadede cincoanoséde7%paraosexomasculinoe3% parao feminino,aosdezanos,3%parao sexo masculinoe2%parao femininoeaos18anos, 1% parao masculinoe menosqueissoparao feminino.A enuresepodeaindaserclassificada comoprimária(ocontrolenuncafoi adquirido) s ) i i 23 e secundária(apósperíododecontinência),e, deacordocomossubtipos,apenasdiurna,ape- nasnoturnaediurnaenoturna(APA,1994).A maioriadascriançastoma-secontinenteatéa adolescênciae umarelaçãoentreproblemas emocionaiseenuresenãoestáestabelecida.Em umarevisãodaliteratura,Shaffer(1973,apud Walkeretalo,1989)observouqueamaioriadas criançasenuréticasnãoapresentaanormali- dadespsiquiátricas,sendoqueaquelasquetêm problemasemocionaisnãoapresentamumpa- drãoconsistentedetranstornomental.Outros autoressugeremaindaquequandoumproblema emocionalé identificadoemcriançasenuréti- cas,esteencontra-segeralmenteassociadoa problemasfamiliares(ex:separaçãodospais)e estressoresambientais(ex: nascimentode irmão)oAssim,estressorespodemcausarenurese masapresençadaenuresenãosignificaneces- sariamentepresençade um problemapsi- cológico(Walkeret aI.,1989).O modeloda aprendizagemsocialpostulaqueaenureseéum comportamentodeficitário,associadoa ex- periênciasinadequadasdeaprendizageme/ou contingênciasinapropriadasdereforçamento. Semdúvida,intervençõesderivadasdestemodelo teóricotêmsemostradoasformasmaiseficazes detratamento.O "treinodacamaseca"pro- postoporAzrin& Fox (1974)e AzrinetaI. (1973),éumprogramaqueincluipráticaposi- tiva,reforçamentopositivo,treinoparacontrole deretençãodaurina,despertarnomeiodanoite, reforçamentonegativoe treinode limpeza. Diversosestudossugeremqueessemétodopro- duzresultadostãopositivosquantoautilização doalarme,semdúvida,ométodomaisconhe- cido parao tratamentoda enurese(00- leys,1989). O alarmeparatratamentoda enurese consisteemumdispositivocomsensorpara urinacolocadonacamaounaroupadacriança (Mowrer& Mowrer,1938).Um alarmedein- MariaCristinaO.S.MiyazakieEdwigesF. M. Silvares - tensidadesuficienteparadespertaracriançaé disparadoquandoaurinaatingeo dispositivo, associando,assim,iníciodamicçãoaodesper- tar.Diversosestudosmostramcercade75%de eficáciacomautilizaçãodoaparelho.Recidi- vas,entretanto,constituemumproblema,ocor- rendoemcercade40%doscasoseosresultados positivostêmsidoassociadosàmotivação,co- operaçãoparental,tipodealarmeutilizadoe avaliaçãoadequadado problema(Doleys, 1989;1993),exigindodopsicólogoconstante exercíciodecompetência(Silvarese Souza, 1996).O alarmedeurina,deusointernacional inquestionável,vemsendodesenvolvidono Brasilhámenosdeumadécada(Silvarese Souza,1996),nãosendoencontradoaindaem escalacomercial,diferentementedospaíseses- trangeirosonde,hámaisdemeioséculo,tem sidoacumuladoumcorpodeconhecimentosci- entíficosetecnológicosnaárea.Estudossobreo tratamentodaenuresediurnatêmsidomenos freqüentes,mastreinoderetençãodaurina,treino delimpeza,dediscriminaçãoparasensaçãode bexigarepletae treinosistemáticoparautili- zaçãoda toaletetêmsido utilizadoscom sucesso,dependendodotipodedificuldades observadasduranteaavaliação(Doleys,1989). A encopresetemsidomenosestudada quea enuresee, de acordocomo DSM-IV (APA,1994),édefinidacomoa"eliminaçãore- petidadefezes(involuntáriaouintencional)em locaisinadequados(ex:roupas,chão)"(p.l05), emidadeemqueessecontrolejá deveriater sidoadquiridoenaausênciadecausaorgânica. Podeaindaserounãoacompanhadadeconsti- paçãointestinalevazamentodomaterialfecal. Namaioriadoscasos(80-95%)aencopreseestá associadaà constipaçãointestinal.A maioria dosencopréticosédosexomasculinoeestima-sequecercade1%dosmeninoscomcincoanos deidadeapresentemencoprese. 24 No enfoquecomportamental,a enco- presepodesercompreendidadentrodomodelo de.aprendizagemsocial.Doleys(1993)dis- tingueaencopreseprimária(oucontínua)dese- cundária(ou descontínua).Na encoprese primária(nãohouveaquisiçãoanteriordocon- trole),é precisoavaliara presençadehabili- dadesqueconstituempré-requisitosparaa aquisiçãodocontrole(ex:tirara roupa,con- traçãoadequadada musculatura),possível ausênciadereforçamentoparao comporta- mentoadequadode utilizaçãoda toaletee aprendizagemdadiscriminaçãodedicasfisiológi- casquesinalizamnecessidadedeevacuar.Já a encopresesecundáriapodeserexplicadapor processosdeesquivaecondicionamento.A dor ou o medoassociadosà evacuaçãopodem associar-seaoiníciodaencoprese,comocom- portamentode retençãoreforçadonegativa- mentepelareduçãoouevitaçãodador.Esse comportamentopodepersistirmesmoquando háumadormaisintensanomomentoemquea criançadefeca.Outraperspectivasugerea ocorrênciadeumcondicionamentoquandoa criançaéreforçadapelospaisaoapresentar-se suja.Umaanálisefuncionalénecessáriaparade- terminarcontingênciasassociadasaoproblemae a terapiaenvolveuma modificaçãodas contingênciasinadequadas.É importantenotar aindaquediferentesconjuntosdecontingências podemdesencadearemanteraencoprese,tor- nandoessencialumaanáliseexaustivadascon- diçõesatuaisdevidadacriança,muitomaisque umaênfasenahistóriapassada(Doleys,1989; 1993;Walkeretai.,1989). Conclusão Mesmoabordandoapenasalgunsdos transtornosquepodemestarpresentesnainran- ciae adolescênciae reconhecendoa necessi- dadedemaiorespesquisas,épossívelobservar, :4 Diagnósticoe intervençãoclínicacomportamentalinfantil... 1- combasenarevisãodaliteraturaaquirealizada, queaterapiacomportamentaldispõedeestraté- gias para lidar satisfatoriamentecom estes problemas.Considerarmudançasinerentesao processode desenvolvimento,delinear o processodeintervençãolevandoemcontaes- pecificidadesdoproblemaapresentadoecarac- terísticasindividuaisdo paciente,bemcomoa integraçãodeprocedimentoscognitivosecom- portamentaistêm favorecidoo desenvolvi- mentodaárea. o ;- :- e [- [- a [- :1 e a Referências [} Achenbach,T.M.(1991).ManualfortheChildBe- haviorChecklist/4-18andTRFprofile.Bur1ing- ton,VT:U Vt Dept.Psychiat. Amaral,V.A.R.&Yoshida,G.O.(1993).A psicolo- giacomoprofissãodaáreadasaúde,aprática,a supervisãoeapesquisa:relatodeumaexperiên- cia.EstudosdePsicologia,10(3):85-96. 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