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Trabalho de HPS 2018 II Última actualização

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História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 1 
 
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho ao Professor Mestre, Pedro de Castro Maria que é a minha fonte de 
inspiração, as minhas filhas Vânia Clarice Jacob e Heloísa Jacob que são a razão da 
minha luta. 
AGRADECIMENTOS 
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela força e determinação, agradeço aos meus pais, 
professores, colegas e amigos que directa ou indirectamente deram o seu apoio que por 
mim serviu de suporte para se chegar a uma profunda investigação, agradeço ao 
Professor Mestre, Pedro de Castro Maria que com ele aprendi ser um homem 
competente, e interpretativo em função das suas exigências para com as leituras 
profundas de diferentes autores. Por último agradeço ao ISCED-LUANDA pela sua 
abertura de abordar diferentes temas de carácter político, socioeconómica e cultural. 
RESUMO 
O presente trabalho aborda algumas questões relacionadas com o desemprego. 
Apresenta, primeiramente, o conceito de desemprego e, a seguir, algumas das causas, 
consequências e possíveis soluções para o mesmo. Mostra ainda algumas dificuldades 
encontradas para a elaboração e implementação de políticas visando à minimizar o 
problema do desemprego; dentre elas, a questão política, a questão metodológica de 
contabilização do desemprego, a ideologia neoliberal prevalecente na atualidade, bem 
como a incompetência dos sectores, tanto público quanto privado, em relação ao 
desemprego. 
Palavras-chave: Desemprego, emprego, trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 2 
 
INTRODUÇÃO 
 O presente trabalho tem como objetivo identificar as principais teorias sobre as 
causas do desemprego e as políticas recomendadas para enfrentar o problema, 
mostrando sua vinculação com distintas conjunturas históricas e enfatizando o debate 
contemporâneo. Segue-se a tradição da economia política aplicada ao estudo do 
mercado de trabalho, partindo do entendimento de que as teorias do desemprego mais 
difundidas refletem compreensões particulares sobre o funcionamento de uma 
economia capitalista. Escolhi este tema por ter uma dimensão do interesse comum, com 
características que nos levam a ter uma imaginação sociológica em virtude da situação 
actual do país. 
 O tema foi abordado em relação a realidade social contemporânea no nosso país, 
reflectimos em prol dos problemas que o desemprego pode causar nos indivíduos tanto 
quanto psicológicos, familiares, etc. o desemprego é o tema em debate nas sociedades 
modernas, vários autores continuam desnutridos nas perspetivas sociológicas para 
darem respostas as questões como qual é o significado social do trabalho? Quais são as 
medidas que o estado pode tomar para combater o desemprego? 
 Essas questões cada um de nós tem uma opinião, tem uma visão diferente para dar 
resposta em função da própria realidade social. Ora, a ciência social ou simplesmente a 
sociologia questiona e procura explicar cada abordagem através das teorias dos 
clássicos que entenderam muito antes que era necessário ter uma ciência que 
interpretasse a vida dos indivíduos na sociedade. Anthony Giddens (2009), entende que 
o desemprego é a falta de trabalho. 
1
E trabalho é toda actividade remunerada que o 
homem exerce. Marx interpreta que, a utilização da força de trabalho é o próprio 
trabalho. 
 Recorremos a várias teorias que explicam o desemprego como um fenómeno social 
que surgiu com o advento da era industrial e representava a emergência de um novo tipo 
de solidariedade. Nesta dicotomia, outros teóricos afirmam que o emprego é uma 
consequência específica do capitalismo. Alguns analistas angolanos, consideram que, a 
história do desemprego em Angola, confronta -se com dois momentos ou períodos, 
separados por duas realidades completamente distintas: O primeiro período de 1976 a 
1991 marcado por uma economia centralizada ou planificada; O segundo período de 
1992 a 2014, marcado por uma economia de mercado. Outros afirmam que é difícil 
encontrar um fenómeno mais complexo e multifacetado do que o desemprego, 
justamente devido as suas dimensões pessoais, comunitárias e sociais. Alguns teóricos 
afirmam que a solução do desemprego para uns, pode ser causa de desemprego para 
outros. As estatísticas nos mostram que a taxa de desemprego no país é de cerca de 
 
1
 Marx identifica três elementos componentes do processo de trabalho que são: 
1) A atividade adequada a um fim, isto é o próprio trabalho; 
2) A matéria a que se aplica o trabalho, o objeto de trabalho; 
3) Os meios de trabalho, o instrumental de trabalho. 
 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 3 
 
20%. E sendo assim, teremos uma ideia no decorrer das diferentes perspectivas 
sociológicas por mim abordadas. 
 CAPÍTULO I: 1.1 O DESEMPREGO, CONCEITOS E TEORIAS 
 O tema nos remete a uma profunda reflexão tendo em conta a dimensão dos factos 
e o significado social do trabalho. Segundo Anthony Giddens (2009) o trabalho é toda 
actividade que ocupa a maior parte da vida dos indivíduos. É um conjunto de tarefas 
exercidas pelos indivíduos para manter a sua auto-estima. De modo geral, trabalho é 
toda actividade que gera um produto ou serviço para uso imediato ou troca (Allan G. 
Johnson 1997). 
 Ainda na visão de Giddens, o desemprego, consiste na precarização do trabalho, a 
redução do número de efectivos, as carreiras assente numa pluralidade de 
especializações. Noutra vertente o autor afirma que não é fácil interpretar as estatísticas 
oficiais de desemprego, também não é fácil definir o desemprego. Significa «estar sem 
trabalho» refere-se ao trabalho remunerado. 
 De acordo com Marx, a utilização da força de trabalho é o próprio trabalho. O 
comprador da força de trabalho consome-a, fazendo o vendedor dela trabalhar. Este, ao 
trabalhar, torna-se realmente no que antes era apenas potencialmente: força de trabalho 
em acção, trabalhador. Para o trabalho reaparecer em mercadorias, tem de ser 
empregado em valores-de-uso, em coisas que sirvam para satisfazer necessidades de 
qualquer natureza. O que o capitalista determina ao trabalhador produzir é, portanto um 
valor-de-uso particular, um artigo especificado. A produção de valores-de-uso muda sua 
natureza geral por ser levada a cabo em benefício do capitalista ou estar sob seu 
controle. Por isso, temos inicialmente de considerar o processo de trabalho à parte de 
qualquer estrutura social determinada. 
 
 Marx no seu discurso, define o trabalho como um processo de que participa o 
homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria acção impulsiona, 
regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. Defronta-se com a natureza 
como uma de suas forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo, braços e 
pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes 
forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao 
mesmo tempo modifica sua própria natureza. 
 
 Marx identifica três elementos componentes do processo de trabalho que são: 
1) A atividade adequada a um fim, isto é o próprio trabalho; 
2) A matéria a que se aplica o trabalho, o objeto de trabalho; 
3) Os meios de trabalho, o instrumental de trabalho. 
 Ora, numa perspectiva clássica da Sociologia, recorremos nas obras de Durkheim 
A Divisão do Trabalho Social (1893), Durkheim expôsuma análise da mudança social, 
defendendo que o advento da era industrial representava a emergência de um novo tipo 
de solidariedade. Durkheim, ao desenvolver este argumento, o autor contrastou dois 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 4 
 
tipos de solidariedade-mecânica e orgânica-, relacionando-os com a divisão do 
trabalho e o aumento de distinções ocupações diferentes. 
 
 Segundo Durkheim, as culturas tradicionais com nível reduzido de divisão do 
trabalho caracterizam-se pela solidariedade mecânica. Em virtude de a maior parte dos 
membros da sociedade estar envolvida em ocupações similares, eles estão unidos por 
uma experiência comum e crenças partilhadas. A força desta última é de natureza 
repressiva- a comunidade castiga prontamente quem quer que ponha em causa os modos 
de vida convencionais. A solidariedade mecânica baseia-se, por conseguinte, no 
consenso e na similaridade da crença. No entanto, as forças da industrialização e da 
urbanização conduziram a uma maior divisão do trabalho, o que contribuiu no colapso 
desta forma de solidariedade. A especialização de tarefas e a diferenciação social 
crescente nas sociedades desenvolvidas haveria de conduzir a uma nova ordem 
caracterizada pela solidariedade orgânica, segundo a qual as sociedades estão unidas 
pelos laços da interdependência económica entre as pessoas e pelo reconhecimento da 
importância da contribuição dos outros. À medida que a divisão do trabalho aumenta, as 
pessoas tornam-se cada vez mais dependentes umas das outras dado que uma necessita 
dos bens e serviços que só outras pessoas com ocupações diferentes podem fornecer as 
relações de reciprocidade económica e de dependência mútua vêm substituir as crenças 
partilhadas na função de criar o consenso social. 
 
 Para José Nilson Reinert (1997), o emprego é uma consequência específica do 
capitalismo. Ele é o elo de ligação formal entre o trabalhador e o modo de produção 
capitalista e não como uma organização especifica, porque o trabalhador é livre para 
escolher a organização por intermédio da qual sua ligação se efetivará. Desta forma, o 
desemprego é caracterizado como sendo a não possibilidade do trabalho assalariado nas 
organizações de um modo geral. 
 
 De acordo com Garraty (Cit. José Nilson Reiner, 1997: 45-46), desemprego 
significa “a condição da pessoa sem algum meio aceitável de ganhar a vida”. E os 
desempregados são pessoas capazes de trabalhar para satisfazer suas necessidades, mas 
ociosas, independentemente de sua boa vontade para trabalhar ou do que elas possam 
fazer para atender as necessidades da sociedade. 
 
 Muitas estatísticas oficiais são calculadas de acordo com a definição de 
desemprego utilizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O registo 
efetuado pela (OIT) inclui os indivíduos que não têm emprego, que estão disponíveis 
para iniciar uma actividade no prazo de duas semanas e que procuram um emprego no 
mês anterior (Giddens, 2009). Nesta abordagem, o autor identifica dois tipos de 
desempregados: por um lado, os «trabalhadores desmotivados», que gostariam de ter 
um emprego mas que, tendo perdido a esperança de o conseguir desistiram de procurá-
lo; por outro, os «trabalhadores involuntários a tempo imparcial», que pretendem um 
emprego a tempo inteiro, mas não conseguem encontrá-lo. 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 5 
 
 As estatísticas globais do desemprego são também problemáticas devido ao facto 
de englobarem dois «tipos» distintos de desemprego: o desemprego ocasional ou 
«temporário», refere-se à entrada e saída habitual, por um curto período, de indivíduos 
no mercado de trabalho, por razões como a mudança do emprego, a procura de uma 
ocupação após a licenciatura ou um período de saúde débil. Em contrapartida, entende-
se por desemprego estrutural a falta de emprego resultante de mudanças estruturais na 
economia, e não de circunstâncias que afetam os indivíduos. O declínio da indústria 
pesada nos anos 70 e 80, por exemplo, contribuiu para um elevado nível de desemprego 
estrutural em muitas economias industrializadas (Anthony Giddens, 2009- pp. 1057). 
 CAPÍTULO II: TEORIAS DO DESEMPREGO 
 1.1.1 O desemprego como tema da economia política 
 
 O primeiro debate relevante sobre o tema foi travado ao final da Revolução 
Industrial, quando se constatou que as novas tecnologias deixavam muitos trabalhadores 
desempregados. Na primeira edição de On the principles of political economy and 
taxation (1817), David Ricardo (Cit. Marcelo Weishaupt Proni, 2015: 4) ainda refutava 
a possibilidade de que o progresso econômico pudesse ser o causador do desemprego 
dos infortúnios verificados nas cidades industriais da Inglaterra. Mas, na edição 
definitiva (1821), foi convencido a reconhecer que o aperfeiçoamento das técnicas de 
produção poderia ser prejudicial a parcela expressiva da classe trabalhadora, por 
dispensar trabalhadores na indústria e na agricultura. Ele reconheceu que a expansão do 
sistema produtivo baseado na maquinaria, inerentemente poupadora de mão-de-obra, 
não só tornava dispensáveis trabalhadores especializados como poderia causar 
sofrimento e pobreza às famílias. Mas, argumentou que o desemprego provocado no 
curto prazo poderia ser eliminado no longo prazo à medida que avançasse o processo de 
acumulação de capital. E que impedir a introdução de máquinas mais eficientes 
(responsáveis pela elevação da produtividade) seria ainda mais prejudicial, pois 
induziria os capitalistas a investir em outras nações, deixando de gerar empregos no 
país. Nesse sentido, o desemprego causado pela introdução de inovações tecnológicas 
devia ser visto como um preço necessário a ser pago para o progresso da nação. 
 
 Em oposição a essa visão apologética, Karl Marx construiu uma análise crítica da 
problemática do emprego no modo de produção capitalista, que se assenta em duas 
ideias-chave presentes em Das capital (1867), a acumulação de capital está assentada na 
necessária exploração do trabalho assalariado no interior da esfera de produção com o 
objetivo de gerar mais-valia; e a reprodução do sistema passa pela garantia de uma 
oferta de mão-de-obra suficiente para atender a demanda das empresas, ou seja, um 
mercado de trabalho funcional aos interesses do capital. Nesse sentido, convém 
mencionar que, ao explicar a lei geral da acumulação de capital (livro 1, cap. XXIII), 
Marx argumentou que a concorrência intercapitalista requer a busca incessante pelo 
aumento da produtividade do trabalho, que por sua vez exige a recorrente introdução de 
inovação tecnológica – estava implícito que a grande indústria já tinha subordinado 
História do Pensamento Sociológico II 
 
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plenamente os trabalhadores aos seus ditames. Para que a acumulação capitalista não 
fosse contida por uma eventual escassez de trabalhadores ou por uma forte elevação 
salarial, o desenvolvimento do capitalismo providenciou o surgimento de um “exército 
industrial de reserva” (formado por desempregados, trabalhadores em domicílio e 
camponeses, que podem ser recrutados nos momentos de expansão econômica). Assim, 
desemprego, salários próximos do nível de subsistência e pobreza deveriam ser 
entendidos como resultados inerentes da dinâmica daquele regime de acumulação de 
capital, que impõe um modo de funcionamento para o mercado de trabalho. 
 
 Ademais, ele argumenta que a anarquia da produção, a desarticulação entre a oferta 
e o consumode mercadorias e o caráter fictício da riqueza financeira conduzem o 
sistema a crises de superacumulação. Portanto, ao fazer uma crítica contundente à “Lei 
de Say”, postulado segundo o qual a oferta agregada cria automaticamente uma 
demanda correspondente, Marx recusa a crença de que as forças de mercado tendem a 
propiciar o pleno emprego dos fatores produtivos numa economia fundada na livre 
concorrência, e mostra que o sistema tende a aumentar progressivamente a redundância 
do trabalho vivo (MAZZUCCHELLI 1985). 
Em contraste com o pensamento crítico de Marx, a teoria econômica neoclássica de 
Léon Walras (Eléments d’économie politique pure, 1874) afirmava que o sistema 
econômico tendia naturalmente ao equilíbrio geral, otimizando o resultado agregado das 
decisões dos agentes econômicos e conduzindo ao pleno emprego dos fatores 
produtivos (terra, capital e trabalho). Nesse sentido, o desemprego era um desequilíbrio 
momentâneo do sistema. Embora a realidade cotidiana não correspondesse à situação 
ideal propalada no modelo de análise, o postulado de equilíbrio era válido por se basear 
em um raciocínio lógico matemático. 
 
 Por sua vez, na abordagem neoclássica marginalista, que se tornou hegemônica 
no final do século XIX a partir das contribuições de Alfred Marshall (Principles of 
economics, 1890), quaisquer desajustes no funcionamento dos mercados de trabalho 
deviam ser vistos como problemas decorrentes de interferências na livre acção das 
forças de mercado – as quais tendiam para equilíbrios parciais. Embora, de vez em 
quando, surgissem crises conjunturais que produziam desemprego, em razão do 
movimento cíclico dos negócios, era mais prudente evitar uma intervenção do governo 
para remediar o problema, cujos desdobramentos poderiam provocar disfunções 
maiores. Ele acreditava no poder infalível do desenvolvimento econômico de superar 
obstáculos. Mas, tais interferências indesejadas no mecanismo de definição dos preços e 
dos salários deviam ser eliminadas para que fossem curados os males da sociedade e 
fossem alcançados os benefícios prometidos pela ordem liberal: gradativo progresso 
social e paulatina redução da pobreza. 
 As transformações econômicas no final do século XIX trouxeram novas 
configurações produtivas e introduziram novas correlações de força. O funcionamento 
do mercado de trabalho foi aos poucos se modificando. A mudança da estrutura 
ocupacional (em razão dos novos ramos de atividade advindos com a II Revolução 
Industrial) colaborou para alterar a composição da classe trabalhadora e renovar a elite 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 7 
 
operária, constituindo um “novo sindicalismo” (HOBSBAWM, 2000). Na Inglaterra, os 
sindicatos se organizaram com base numa estrutura mais moderna e adotaram novas 
estratégias de luta: primeiro, pressionando as grandes empresas a concederem aumentos 
salariais e redução da jornada de trabalho e a melhorarem as condições de segurança no 
trabalho; em complemento, reforçando o combate ao trabalho infantil e expandindo 
métodos de assistência mútua entre os trabalhadores. 
 
 Na década de 1890, a imigração era vista como uma das principais causas do 
desemprego nos EUA (estimado em 12% da força de trabalho masculina entre 1895-
1898, numa conjuntura econômica recessiva). Mas, na Europa, a emigração não tinha 
eliminado o problema (no Reino Unido, pico de 10% entre trabalhadores sindicalizados 
em 1886). Aos poucos, foram surgindo vozes argumentando que, se a existência de 
certo número de desempregados era necessária para o funcionamento de uma economia 
industrializada e medidas preventivas eram pouco eficazes, era preciso que o governo 
criasse políticas para oferecer paliativos, algum tipo de assistência contra os riscos que 
afetam o bem-estar social. Contudo, também havia vozes contrárias a uma assistência 
pública aos desempregados porque poderia perpetuar o problema, em vez de resolvê-lo. 
 
 Nesse contexto, ganhou evidência a perspectiva singular de John Hobson, um dos 
primeiros economistas a tratar o desemprego como problema específico, tendo 
publicado Problem of the unemployed em 1896 e Economics of unemployment em 1922. 
Assumindo a postura de reformador social, acreditava que o reconhecimento de que o 
desemprego era inevitável sob as condições existentes devia motivar políticas 
governamentais para resolver o problema. Porém, induzir a emigração era impraticável; 
criar campos de trabalho não vinha sendo uma solução eficaz; e aumentar a 
sindicalização entre os trabalhadores sem qualificação não ajudava a criar empregos. 
 
 Por sua vez, projetos sociais deveriam ser apoiados mesmo que não gerassem 
trabalho para os desempregados. E havia a hipótese, ele acrescenta, do governo assumir 
a função de empregador, mas essa solução era impugnada pelos defensores do 
liberalismo, pois implicava oferecer um prêmio para aqueles que falharam em obter um 
trabalho num mercado competitivo e podia prejudicar interesses do setor privado (o que 
acabaria diluindo o efeito positivo que inicialmente tal medida poderia ter sobre o 
desemprego). 
 
 Hobson argumentava que, se as estatísticas mostravam que o número de 
desempregados era muito maior nos períodos de recessão, diminuindo acentuadamente 
nos períodos de expansão, não seria correto dizer que os desocupados são pessoas que 
não querem trabalhar. Para ele, o desemprego era resultado da má distribuição da renda 
e do subconsumo (ideia que soava como heresia numa época em que predominava a 
crença na Lei de Say). Ainda que sua formulação teórica fosse pouco convincente e 
tenha sido rejeitada no meio acadêmico, é importante frisar que os livros de Hobson 
mostram que o desemprego passou a ser discutido como tema da agenda política. 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 8 
 
Entender a causa do problema era essencial para propor uma solução apropriada. O 
próprio Marshall, escrevendo em 1903 (apud WHITAKER, 1996), havia notado que o 
desemprego pode ser um sintoma de diferentes tipos de desajuste, devendo ser feita uma 
distinção entre o desemprego “ocasional” (causado pela flutuação econômica e pela 
dificuldade das pessoas de prever mudanças) e o desemprego “sistemático” (que atinge 
aquelas pessoas que não são capazes de obter um emprego regular e transitam entre 
trabalhos avulsos, eventuais). Então, o combate ao desemprego requeria diferentes tipos 
de tratamento. Para ele, o desemprego ocasional vinha se reduzindo à medida que 
crescia a compreensão a respeito do funcionamento dos mercados (o melhor modo de 
lidar com esse sintoma era reduzir a intensidade e frequência das recessões por meio de 
estabilidade monetária). Por sua vez, o desemprego sistemático vinha crescendo à 
medida que aumentava a população urbana, sendo necessário mobilizar fundos públicos 
e privados para combater o mal pela raiz (em especial, adotar medidas para superar as 
debilidades próprias da vida urbana, o que requeria disciplinar aqueles indivíduos que 
estavam habitualmente desempregados e evitar que os mesmos comportamentos e 
incapacidades se reproduzissem nos seus filhos). 
 
 Na 11ª edição da Encyclopedia Britânica (1911), o desemprego surgiu pela 
primeira vez como verbete (GARRATY, 1978). Foi definido como uma questão social 
causada por fatores sobre os quais os trabalhadores não têm controlo. Já não se esperava 
que o funcionamento normal da economia produzisse o pleno emprego da força de 
trabalho. Mesmo dentro da normalidade, o desemprego ocorria devido a uma oferta 
excedente demão-de-obra (ou seja, era um fenômeno que não podia ser evitado, apenas 
remediado). 
 
 CAPÍTULO III: 1.1.2 O DESEMPREGO EM ANGOLA 
 
 Segundo Janísio Salomão (2016), a história do desemprego em Angola, confronta -
se com dois momentos ou períodos, separados por duas realidades completamente 
distintas. O primeiro período de 1976 a 1991 marcado por uma economia centralizada 
ou planificada; O segundo período de 1992 a 2014, marcado por uma economia de 
mercado. 
 No primeiro período, o desemprego em Angola é reflexo da colonização a que a 
economia esteve sujeita, durante anos sobre a égide da potência colonizadora (Portugal), 
onde grande parte das Instituições e empresas serviam apenas o interesse da metrópole, 
foi um período marcado por subemprego, em que, se assiste mais tarde a 
nacionalização das empresas pelo governo angolano; Importa salientar que foi um 
período difícil, pois grande parte do sector industrial tentava subsistir no mercado com 
alguma dificuldade, visto que, uma parte considerável da população era analfabeta e 
poucos possuíram um grau de escolarização aceitável, fruto do modelo e regime 
imposto pela colónia no âmbito da sua política de domínio e gestão. 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 9 
 
 Grande parte da população dedicava-se a agricultura e trabalho forçado em muitos 
casos realizados por mulheres e crianças, tal conforme apontou Sebastião (2012), 
podiam ver-se mulheres com seus bebés às costas, mulheres grávidas, e crianças 
trabalhando em estradas com ferramentas primitivas, transportando pequenos baldes de 
madeira à cabeça cheio de terra enquanto o capataz ou o responsável estava sentado 
perto pensativamente a braços ao próprio joelho”. 
 Embora não seja possível precisar a taxa de desemprego durante o período em 
referência, pois a mesma tem sido motivo de diversas controvérsias podemos aferir que, 
o modelo de economia não permitia empregar um número considerável da população 
devido a forte presença do Estado na Economia e a insipiente presença ou quase nula do 
sector privado, o Estado era considerado como o Pai e o principal provedor dos 
principais bens e serviços na economia, típico dos modelos socialistas. 
 O Ministério do Planeamento (MINPLAN, 2005) realçou que, “um outro aspecto 
perturbador, que decorreu do sistema de gestão administrativa e centralizada, é a 
excessiva intervenção do Estado na economia, que se justificou pelas circunstâncias 
adversas que prevaleceram quando o país se tornou independente, mas que vieram a 
ocasionar distorções significativas nas regras e mecanismos de mercado”. 
 Foi também um período conturbado, um ano após a independência, teve início o 
conflito armando em Angola que, acabou por contribuir para o êxodo populacional, 
degradação do tecido social, estado de carência da população e aumento do desemprego 
devido a instabilidade política e social, uma vez que a população activa sobretudo os 
jovens tinham de cumprir o serviço militar obrigatório. 
 No período de 1992 a 2014, a economia continua sobre fortes tensões, uma 
situação calamitosa, nada fácil, inicia um subsequente período de descarrilamento, à 
economia angolana fica de novo imbuída em conflito armado que durou mais de 3 (três) 
décadas e acabou por contribuir sobejamente para a degradação de todo o tecido 
Empresarial e Industrial. 
 Os sucessivos conflitos armados que assolaram o país desde a independência 
promoveram fluxos migratórios permanentes e acelerados das áreas rurais para os 
centros urbanos. Os grandes fluxos acelerados e involuntários tiveram lugar: aquando 
da independência, no período 1975-76, após a assinatura dos acordos de paz de Bicesse 
e posterior reacender do conflito em 1992-93, após a assinatura dos acordos de paz de 
Lusaka, em 1994-95; e entre finais de 1998 e 2000 com o reacender e generalização do 
conflito”, conforme destaca MINPLAN. 
 A degradação das principais infraestruturas sociais e a acentuada taxa de 
analfabetismo são apontadas como outros factores constrangedores que ajudaram a 
reduzir as probabilidades de emprego pois, a população economicamente activa não 
possuía níveis aceitáveis de formação ou qualificação profissional. 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 10 
 
 Os dados estatísticos referentes ao desemprego ainda são contraditórios, pois as 
informações apresentadas referem-se na sua maioria em projecções e estimativas 
realizadas, a maior parte realizada com base em uma densidade populacional angolana 
desfasada da realidade. Recentemente como corolário da informação preliminar do 
último censo realizado em Angola, a população Angolana foi estimada em mais de 24 
milhões de habitantes. 
 Foi recentemente efectuado um acordo entre o governo Angolano e o Instituto 
Nacional de Estatística (INE) com o intuito de publicar as informações concernentes ao 
desemprego em Angola, julgamos ser um desafio ingente. 
1.2 Definição do desemprego no contexto angolano 
 
 Para o economista Alves da Rocha (Cit. João Baptista Lukombo), é difícil 
encontrar um fenómeno mais complexo e multifacetado do que o desemprego, 
justamente devido as suas dimensões pessoais, comunitárias e sociais. As suas 
consequências psicológicas, familiares e culturais são profundas, intensas e dramáticas. 
Por isso, se dirigem à abordagem técnico-económica do desemprego, recusando-se 
muitos analistas a considerar o desemprego como mero problema económico, para qual 
a ciência económica tem interpretações racionais e soluções eficientes. E é assim que 
deste ponto de vista se pode defender que o desemprego não passa de um desequilíbrio 
no mercado de trabalho, nomeadamente um excesso de oferta por parte dos 
trabalhadores. Quando este mercado estiver em equilíbrio a oferta de trabalho tem de 
igualizar a procura de trabalhadores das empresa e a um determinado perco. Assim se o 
mercado de trabalho estiver a funcionar normalmente não de haver desemprego. Então a 
questão da determinação das causas do desemprego centra-se no conhecimento das 
razões de desequilíbrio no mercado de trabalho. 
 
 1.2.1 A experiência do desemprego 
 A experiência do desemprego pode ser muito perturbadora para os que se 
habituaram a ter empregos seguros. A consequência mais imediata é, obviamente, a 
perda de rendimentos. Os efeitos desta perda variam de país para país em consequência 
das diferenças nos subsídios de desemprego. Nos países onde há direito à assistência 
médica pública e a outros benefícios sociais, os desempregados podem enfrentar 
dificuldades financeiras agudas, mas continuam a ter o apoio do Estado. No caso dos 
Estados Unidos, os apoios ao desemprego são atribuídos por períodos de tempo mais 
reduzidos e a assistência médica pública não é universal, sendo maiores as dificuldades 
económicas dos desempregados, (Anthony Giddens, 2009). 
 
 1.2.2 A precarização do trabalho 
 
 As transformações profundas que ocorrem actualmente no mercado de trabalho 
enquadram-se na transição de uma economia baseada na indústria para uma economia 
baseada nos serviços. A difusão das tecnologias de informação está também a provocar 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 11 
 
transformações na estrutura das organizações, no tipo de gestão utilizado e na forma 
como as tarefas são distribuídas e executadas. Apesar de estas novas formas de trabalho 
apresentarem, para muitos, grandes oportunidades,podem também produzir uma 
ambivalência profunda por parte daqueles que se sentem enclausurados num mundo em 
constante mutação. 
 
 A mudança brusca pode ser perturbadora. Os trabalhadores, em diversos tipos de 
ocupações, vivem hoje a precarização do trabalho, um sentimento de receio a respeito 
da estabilidade futura da sua posição e do seu papel no local de trabalho. O fenómeno 
da precarização do trabalho tornou-se um dos principais tópicos de debate no âmbito da 
sociologia do trabalho em décadas recentes. Muitos comentadores e fontes mediáticas 
sugeriram ter havido um aumento contínuo na precarização do trabalho nos últimos 
trinta anos e que esta precarização atingiu hoje um peso sem precedentes nos países 
industrializados. Aumentam que os jovens já não podem contar com uma carreira 
segura com um único patrão, pois a globalização crescente da economia incrementa as 
fusões de empresas e a redução do número de empregados. (Anthony Giddens, 2009). 
 
 1.2.2.1 Os efeitos nocivos da precarização do trabalho 
 O Inquérito sobre a Precarização e Intensificação do Trabalho observou que, para 
muitos trabalhadores, a precarização do trabalho consiste em muito mais do que o medo 
do desemprego. Engloba também ansiedades quanto às transformações do próprio 
trabalho e quanto aos efeitos desta transformação na saúde dos empregados e na sua 
vida pessoal. (Anthony Giddens, 2009). 
 1.2.2.2 O fim do «emprego para toda a vida»? 
 À luz do impacto da economia global e da procura de uma força de trabalho 
flexível, alguns sociólogos e economistas defendem que, no futuro, cada vez mais 
indivíduos se tornarão no que designam como trabalhadores polivalentes. Estes terão 
um «portefólio de especializações» uma série de especializações e credenciais diferentes 
que utilizarão para mudar de emprego ao longo das suas vidas de trabalhadores. Só uma 
proporção relativamente pequena continuará a ter "carreiras" contínuas no sentido 
actual. De acordo com estes autores, a ideia de um «emprego para toda a vida» está 
ultrapassada. (Anthony Giddens, 2009). 
 1.2.3 O desemprego e os desempregados 
 Para João Baptista Lukombo, o desemprego tem sido sempre um objecto 
embaraçoso para a sociologia do trabalho. Será pelo facto de sua grande proximidade 
com o objecto social tudo diferente, a pobreza, pelo seu afastamento do mundo da 
produção? Será pela dificuldade em arrumar os desempregados numa destas categorias 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 12 
 
comummente estabelecidas? Não trabalhador nem ocioso, mas tudo isso na mesma 
altura?Aí talvez reside o obstáculo maior. O desemprego é o inverso do trabalho, o seu 
contrário e a sua ausência. Mas o desempregado é um “activo”. Mesmo sem usufruir de 
emprego, ele é contabilizado no que se denomina “população activa’’. 
 
 CAPÍTULO IV: TIPOS DE DESEMPREGO 
 
 João Baptista Lukombo apresenta-nos três modalidades do desemprego: 
 
1) 1.2.4 Desemprego voluntário 
 
 Admitido como possível pela teoria neoclássica; com base nos postulados da 
racionalidade dos agentes e do equilíbrio dos mercados só pode acontecer se alguém 
entender que ao preço de mercado é-lhe preferível não trabalhar. Esta situação pode, de 
facto ocorrer, nomeadamente quando não se encontra o tipo de trabalho ou de 
remuneração que se pensa como suficiente para contrapesar o esforço. 
 
2) 1.2.5 Desemprego friccional 
 
 É um desemprego de tipo temporário e relacionado com uma situação especial do 
mercado de trabalho. Este mercado está obviamente, em desequilíbrio, mas a economia 
tem empregos para oferecer existem trabalhadores dispostos a aceitar o tipo de trabalho 
oferecido pelo preço que estiver determinado. 
 
3) 1.3 Desemprego involuntário 
 
 Para Alves da Rocha, (cit. João Batista Lukombo, 1993 o desemprego involuntário 
corresponde a uma situação de carência efectiva de empregos oferecidos pela actividade 
económica. Ainda que as pessoas queiram trabalhar ao salário de mercado existe uma 
falta de postos de trabalho De qualquer modo a questão do desemprego é quase que 
inevitavelmente antecedida de interrogações sobre a identificação e contagem dos 
desempregados. Quem são eles? Quantos são? São todos na verdade desempregados ou 
ao contrário foram verdadeiramente todos recenseados? Perguntas sem resposta 
definitiva: o debate é tanto política, estatística económica e sociológica, quanto como 
demográfica. 
 
 CAPÍTULO V 
 RELATÓRIO SOBRE O DESEMPREGO, DADOS DO INSTITUTO 
NACIONAL DE ESTATÍSTICA (INE) 
 Inquérito de indicadores múltiplos e de saúde, 2015-2016 
 
 1.3.1 População desempregada 
 A taxa de desemprego é o indicador mais usado no mercado de trabalho, 
representando a amplitude da força de trabalho disponível e não utilizada no país é 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 13 
 
também usada, muitas vezes, como um indicador de saúde da economia. A taxa de 
desemprego do país é de cerca de 20%. A taxa de desemprego na área urbana é quase 
três vezes superior à da área rural (25% e 9%, respectivamente). 
 
 1.3.2 Taxa de desemprego por sexo, segundo o nível de escolaridade 
 
 No que respeita ao nível de escolaridade, a taxa de desemprego varia de 11% entre 
as pessoas sem escolaridade para 27% entre as pessoas com ensino secundário ou mais. 
Entre homens e mulheres com o mesmo nível de escolaridade, existem mais chances de 
as mulheres estarem desempregadas do que os homens. Contudo esta diferença cresce 
com o aumento do nível de escolaridade. 
 
 De um modo geral, quanto maior é a idade, menor é a taxa de desemprego. Angola 
não foge a este fenómeno. Constata-se que a taxa de desemprego entre os jovens é 
invariavelmente mais alta que a dos adultos. Em Angola, os jovens entre 15-19 anos de 
idade são os mais afectados pelo desemprego. A taxa de desemprego neste grupo etário 
é de 46%, cerca de duas vezes superior à taxa de desemprego a nível nacional (20%), 
mostrando a situação de carência dos jovens, sem existir grandes diferenças entre 
homens e mulheres. 
 
 1.3.3 Desempregados à Procura de Emprego 
 
 Entre os desempregados, apenas 33% procuram emprego, sendo que 18% 
procuraram novo emprego e 16% procuraram emprego pela primeira vez. 
 
 1.3.4 Jovens não empregados que não estão a estudar 
 
Em Angola, a taxa da população com 15-24 anos de idade, não empregada e que não 
estava a frequentar a escola, é de 36%. Esta tendência diminui, tanto para as mulheres 
como para os homens, á medida que a idade aumenta. Esta taxa, permite definir a 
relação entre a população de jovens de 15-24 anos, não empregados que não estão a 
estudar e a população total de jovens do mesmo grupo etário. 
 
 1.3.5 Taxa de desemprego por sexo, segundo o grupo etário 
 
 A taxa de desemprego e a taxa de emprego têm tendências inversas em relação a 
idade. A taxa de desemprego diminui com a idade e atinge os valores mais altos entre à 
população jovem entre 15-24 anos. Por outro lado, a taxa de emprego aumenta com a 
idade e atinge os valores mais baixos entre à população jovem entre 15-24 anos. 
 
 1.4 População inactiva 
 
 A taxa de inactividade no período de referência é de 13%, sendo na área urbana 
superior à da área rural (14% e 10%, respectivamente). A análise dos dados por sexo 
História do Pensamento Sociológico II 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018)BFJ Página 14 
 
evidencia que a taxa de inactividade das mulheres é superior á dos homens em todos os 
grupos etários, com particular incidência a partir dos 64 anos, confirmando, que as 
mulheres abandonam mais cedo o mercado de trabalho. 
 
 1.5 Taxa de desemprego em algumas províncias 
 
 A taxa de desemprego é mais elevada em três províncias da região leste, Lunda 
Sul (40%), Moxico (31%) e Cuando Cubango (23%) e na província de Cabinda (37%). 
Estas províncias apresentam taxas de desemprego superiores a capital do país (Luanda) 
que apresenta uma taxa de desemprego de 25%. As taxas de desemprego mais baixas, 
registaram-se nas províncias do Cuanza Sul e Bié, com 8% cada. 
 
 CAPÍTULO VI: O DESEMPREGO EM ANGOLA, O CASO DA 
PROVÍNCIA DO MOXICO 
 
 A província do Moxico como vimos anteriormente nos dados do INE, é das que 
mais apresenta taxa elevada do desemprego, pouco investimento ou quase nada se 
investe para o combate ao crescimento do desemprego que ao nível dos jovens que 
terminam o ensino médio ou superior, encontram cada vez mais dificuldades de 
conseguir o seu primeiro emprego…os números oficiais do Instituto Nacional de 
Estatística apontam para 31% da população desempregada, dados que merecem uma 
análise e estudos para implementação de programas de fomento industrial e formação 
profissional. 
 
 O sector empresarial na província do Moxico, deve ser dos piores no país por não 
existir empresas de grandes capacidades de empregabilidade. Os estudos realizados 
apontam que 80% da população dependem do estado, ou seja, maior parte da população 
da província espera a sua inserção no mercado de trabalho na via de concursos públicos 
promovidos pelo estado, uma realidade que é menos concretizada. Os empresários das 
diferentes áreas alguns tiveram intenções para investimentos mas depois recuaram por 
diversas razões; uns alegam que não há viabilidade nas políticas ao crédito para o 
empresariado local, outros afirmam que não há condições na criação de bens e serviços 
que pode gerar empregos a milhares de jovens. O mau estado da estrada nacional nº 280 
que liga as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico contribui no recuo do 
desenvolvimento da região. 
 
 As longas distâncias entre a cidade do Luena e os restantes municípios, o mau 
estado das vias primárias, secundárias e terciárias fazem com que muitos empresários 
desistam em fazer seus investimentos. É bem verdade que, a população da província 
passa por diversas necessidades, e a vida das famílias agrava-se cada vez mais. Dos 
vários problemas enfrentados apontamos nos sectores de energia e água, educação, 
saúde, transportes, habitação, etc. o levantamento desses problemas geram extrema 
pobreza na província, aumentando o índice de delinquência juvenil nos arredores da 
cidade. 
História do Pensamento Sociológico II 
 
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 2.1.1 Causas do desemprego 
 
 As causas do desemprego são muitas e, muitas vezes, o que é causa para uma 
determinada linha de pensamento, pode ser solução para outra. Dentre as causas mais 
citadas, pode-se enunciar: o desenvolvimento tecnológico, a globalização, a 
terceirização, a desindustrialização, o excesso de concentração da renda e da população 
os modernos métodos de gestão, de um modo geral a guerra civil, a crise económica e 
cambial, a imigração, etc. 
 
 2.1.2 Consequências do desemprego 
 
 Para José Nilson Reinert, as consequências, por sua vez, podem ser devastadoras, 
tanto do ponto de vista da pessoa do desempregado e de sua família quanto do ponto de 
vista social e político. A conta do desemprego, direta ou indiretamente, é paga por 
todos. É paga via aumento de impostos para cobrir despesas do tipo salário desemprego, 
despesas médico hospitalar, despesas com segurança e assim por diante. 
 
 Estudos comprovam que o desemprego aumenta os problemas relacionados com a 
saúde física e mental do trabalhador, fazendo com que se acentue a procura pelos 
serviços profissionais ligados a esta área. Também há comprovação de que a violência, 
o crime, a pobreza, fuga a paternidade, de um modo geral, estão diretamente 
relacionados com o desemprego. Este pode ainda provocar radicalização política, tanto 
à direita quanto à esquerda, bem como ampla desorganização familiar e social. Estudos 
já descobriram relação entre aumento de desemprego e aumento de divórcios, a penas a 
título de exemplo. 
 
 2.1.3 Possíveis soluções 
 
 Assim como não há consenso mínimo quanto às causas do desemprego, não há 
também nenhuma convergência em relação às soluções. Mais uma vez, o que é solução 
para uns, pode ser causa de desemprego para outros. Dentre as medidas de combate ao 
desemprego mais citadas pode-se enumerar: facilitação do consumo e do crédito, 
incentivo ao investimento privado, implementação de políticas fiscais e monetárias 
adequadas, aumento das despesas pública (com ampla utilização do Estado como 
empregador e como desenvolvimento de políticas sociais do tipo auxílio desemprego), 
flexibilização do mercado de trabalho, redução da jornada de trabalho, trabalho de 
tempo parcial, licenças remuneradas, restrição às horas extras, trabalho compartilhado, 
treinamento e requalificação de recursos humanos, além de outras possibilidades, como 
a diversificação da economia. 
 
 
 
 
História do Pensamento Sociológico II 
 
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CONCLUSÃO 
 
 Matérias concernentes ao desemprego em Angola não são de trato fácil, devido a 
complexidade que a temática em si encerra, a julgar também pela exiguidade de 
informação que se regista, pelo facto, de não existir publicações regulares sobre o 
assunto, visto que, só recentemente foi firmado um acordo entre o Executivo angolano e 
o INE, com objectivos de se publicar regularmente o comportamento desta variável. 
 Embora o desemprego tenha conhecido alguma retração a partir do ano de 2003, 
não podemos olhar tal facto com muita precisão, uma vez que a economia é confrontada 
com a elevada informalidade, e grande parte da população que encontra o emprego no 
sector informal não é refletida nas estatísticas e estudos publicados ultimamente no país 
sobre o assunto. 
 O tema em análise, trata dos problemas sociais que afectam o nosso país, vimos 
que é necessário e urgente falar do desemprego por ser um assunto discutido em todos 
pontos da nossa sociedade, desde a sociedade civil aos políticos, encontramos no 
entanto, perspectivas que explicam exatamente a origem do desemprego, causas e 
consequências, muitos autores defendem que o desemprego é um problema que deve ser 
analisado por via de resolução política e económica, outros porém, defendem que o 
trabalho é toda actividade que homem exerce para o seu sustento e o desemprego 
entende-se por falta de trabalho. 
 
 O autor angolano Janísio Salomão (2016) publicou um artigo no Jornal «economia 
e mercado» recorrendo numa abordagem histórica e apresenta dois períodos marcantes 
do desemprego em Angola: o primeiro período de 1976 a 1991 marcado por uma 
economia centralizada ou planificada; O segundo período de 1992 a 2014, marcado 
por uma economia de mercado. 
 Recorremos aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o 
desemprego, e achamos que a taxa de desemprego no país é de cerca de 20%. A taxa de 
desemprego na área urbana é quase três vezes superior à da área rural (25% e 9%, 
respectivamente). 
 
 
 
 
 
História do Pensamento SociológicoII 
 
O Desemprego em Angola (HPS II-ISCED LUANDA/2018) BFJ Página 17 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Calouste Gulbenkian 
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Sociológica, Rio de Janeiro, ed. ZHARA 
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REINERT, José Nilson (1997): “Desemprego: causas, consequências e possíveis 
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JACOB, Borges Félix (2018): “O desemprego em Angola, o caso da Província do 
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BENTO, Afonso (2010): “Desemprego, Pobreza e Exclusão Social”, Faculdade de 
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DEMAZIÈRE,Didier (2008): “Ser desempregado para os sociólogos” in Revista 
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Instituto Nacional de Estatística de Angola (INE-2017): Relatório sobre Emprego 
PRONI, Marcelo Weishaupt (2015):“Teorias do desemprego: um guia de estudo” 
Instituto de Economia, São Paulo 
LUKOMBO, João Baptista (2003): “desemprego e crise social em luanda”

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