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Resumo aula - Ponto 2-d-e

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UniRitter – Laureate International Universities
Curso: Direito (Canoas)
Disciplina: Direitos Fundamentais - Turma: 2015/1
Professor: Waldir Alves
2. Os Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988
d) A questão da eficácia dos direitos sociais e a Constituição 
Federal de 1988.
- O Brasil também é subscritor do tratados sobre direitos sociais (v.g., 
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
[1966], as convenções da OIT), incorporados ao Direito brasileiro e 
em vigor no País.
- Alexy nomina os direito sociais fundamentais como “direitos a 
prestação em sentido estrito”.
- São direitos cuja natureza é a prestação positiva do Estado 
(dimensão positiva), tendo como beneficiário o particular, os quais se 
reportam à pessoa individual.
- Tem como objeto a conduta positiva do Estado de prestação de 
conduta fática. Enquanto a função dos direitos de defesa é limitar o 
poder do Estado, os direitos sociais pedem uma prestação positiva 
crescente do Estado, tanto na esfera econômica como social.
- Limite ativo: a doutrina identifica como típica manifestação do 
excesso de poder legislativo a violação ao princípio da 
proporcionalidade (Verhältnismässigkeitsprinzip) ou da proibição 
de excesso (Übermassverbot).
- Limite negativo: proibição de proteção deficiente 
(Untermassverbot).
- A obrigação na formulação e execução das políticas públicas 
encontra seu limite, principalmente, na cláusula da reserva do 
(financeiramente) possível (Vorbehalt des finanziell Möglichen), 
mas que não pode afastar a garantia constitucional do mínimo 
existencial (conteúdo da dignidade da pessoa humana).
Constituição:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
(…)
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais 
e regionais;
Supremo Tribunal Federal:
“CRIANÇA DE ATÉ CINCO ANOS DE IDADE - ATENDIMENTO EM 
CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA - SENTENÇA QUE OBRIGA O 
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO A MATRICULAR CRIANÇAS EM 
UNIDADES DE ENSINO INFANTIL PRÓXIMAS DE SUA RESIDÊNCIA OU 
DO ENDEREÇO DE TRABALHO DE SEUS RESPONSÁVEIS LEGAIS, SOB 
PENA DE MULTA DIÁRIA POR CRIANÇA NÃO ATENDIDA - 
LEGITIMIDADE JURÍDICA DA UTILIZAÇÃO DAS 'ASTREINTES' CONTRA O 
PODER PÚBLICO - DOUTRINA - JURISPRUDÊNCIA - OBRIGAÇÃO ESTATAL 
DE RESPEITAR OS DIREITOS DAS CRIANÇAS - EDUCAÇÃO INFANTIL - 
DIREITO ASSEGURADO PELO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL (CF, 
ART. 208, IV, NA REDAÇÃO DADA PELA EC Nº 53/2006) - COMPREENSÃO 
GLOBAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO - DEVER 
JURÍDICO CUJA EXECUÇÃO SE IMPÕE AO PODER PÚBLICO, 
NOTADAMENTE AO MUNICÍPIO (CF, ART. 211, § 2º) - LEGITIMIDADE 
CONSTITUCIONAL DA INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO EM CASO 
DE OMISSÃO ESTATAL NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO - INOCORRÊNCIA DE TRANSGRESSÃO AO 
POSTULADO DA SEPARAÇÃO DE PODERES - PROTEÇÃO JUDICIAL DE 
DIREITOS SOCIAIS, ESCASSEZ DE RECURSOS E A QUESTÃO DAS 
'ESCOLHAS TRÁGICAS' - RESERVA DO POSSÍVEL, MÍNIMO EXISTENCIAL, 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E VEDAÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL 
- PRETENDIDA EXONERAÇÃO DO ENCARGO CONSTITUCIONAL POR 
EFEITO DE SUPERVENIÊNCIA DE NOVA REALIDADE FÁTICA - QUESTÃO 
QUE SEQUER FOI SUSCITADA NAS RAZÕES DE RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO -PRINCÍPIO “JURA NOVIT CURIA” - INVOCAÇÃO EM 
SEDE DE APELO EXTREMO - IMPOSSIBILIDADE - RECURSO DE AGRAVO 
IMPROVIDO. POLÍTICAS PÚBLICAS, OMISSÃO ESTATAL INJUSTIFICÁVEL 
E INTERVENÇÃO CONCRETIZADORA DO PODER JUDICIÁRIO EM TEMA 
DE EDUCAÇÃO INFANTIL: POSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL. - A 
educação infantil representa prerrogativa constitucional indisponível, que, 
deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu desenvolvimento 
integral, e como primeira etapa do processo de educação básica, o atendimento 
em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV). - Essa prerrogativa jurídica, 
em conseqüência, impõe, ao Estado, por efeito da alta significação social de que se 
reveste a educação infantil, a obrigação constitucional de criar condições objetivas 
que possibilitem, de maneira concreta, em favor das “crianças até 5 (cinco) anos de 
idade” (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em creches e unidades de 
pré-escola, sob pena de configurar-se inaceitável omissão governamental, apta a 
frustrar, injustamente, por inércia, o integral adimplemento, pelo Poder Público, de 
prestação estatal que lhe impôs o próprio texto da Constituição Federal. - A educação 
infantil, por qualificar-se como direito fundamental de toda criança, não se expõe, em 
seu processo de concretização, a avaliações meramente discricionárias da 
Administração Pública nem se subordina a razões de puro pragmatismo 
governamental. - Os Municípios - que atuarão, prioritariamente, no ensino 
fundamental e na educação infantil (CF, art. 211, § 2º) - não poderão demitir-se do 
mandato constitucional, juridicamente vinculante, que lhes foi outorgado pelo art. 
208, IV, da Lei Fundamental da República, e que representa fator de limitação da 
discricionariedade político-administrativa dos entes municipais, cujas opções, 
tratando-se do atendimento das crianças em creche (CF, art. 208, IV), não podem ser 
exercidas de modo a comprometer, com apoio em juízo de simples conveniência ou 
de mera oportunidade, a eficácia desse direito básico de índole social. - Embora 
inquestionável que resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, a 
prerrogativa de formular e executar políticas públicas, revela-se possível, no entanto, 
ao Poder Judiciário, ainda que em bases excepcionais, determinar, especialmente nas 
hipóteses de políticas públicas definidas pela própria Constituição, sejam estas 
implementadas, sempre que os órgãos estatais competentes, por descumprirem os 
encargos político- -jurídicos que sobre eles incidem em caráter impositivo, vierem a 
comprometer, com a sua omissão, a eficácia e a integridade de direitos sociais e 
culturais impregnados de estatura constitucional. DESCUMPRIMENTO DE 
POLÍTICAS PÚBLICAS DEFINIDAS EM SEDE CONSTITUCIONAL: 
HIPÓTESE LEGITIMADORA DE INTERVENÇÃO JURISDICIONAL. - O 
Poder Público - quando se abstém de cumprir, total ou parcialmente, o dever 
de implementar políticas públicas definidas no próprio texto constitucional - 
transgride, com esse comportamento negativo, a própria integridade da Lei 
Fundamental, estimulando, no âmbito do Estado, o preocupante fenômeno da 
erosão da consciência constitucional. Precedentes: ADI 1.484/DF, Rel. Min. 
CELSO DE MELLO, v.g.. - A inércia estatal em adimplir as imposições 
constitucionais traduz inaceitável gesto de desprezo pela autoridade da 
Constituição e configura, por isso mesmo, comportamento que deve ser 
evitado. É que nada se revela mais nocivo, perigoso e ilegítimo do que 
elaborar uma Constituição, sem a vontade de fazê-la cumprir integralmente, 
ou, então, de apenas executá-la com o propósito subalterno de torná-la 
aplicável somente nos pontos que se mostrarem ajustados à conveniência e 
aos desígnios dos governantes, em detrimento dos interesses maiores dos 
cidadãos. - A intervenção do Poder Judiciário, em tema de implementação de 
políticas governamentais previstas e determinadas no texto constitucional, 
notadamente na área da educação infantil (RTJ 199/1219-1220), objetiva 
neutralizar os efeitos lesivos eperversos, que, provocados pela omissão 
estatal, nada mais traduzem senão inaceitável insulto a direitos básicos que a 
própria Constituição da República assegura à generalidade das pessoas. 
Precedentes. A CONTROVÉRSIA PERTINENTE À “RESERVA DO 
POSSÍVEL” E A INTANGIBILIDADE DO MÍNIMO EXISTENCIAL: A 
QUESTÃO DAS “ESCOLHAS TRÁGICAS”. - A destinação de recursos 
públicos, sempre tão dramaticamente escassos, faz instaurar situações de 
conflito, quer com a execução de políticas públicas definidas no texto 
constitucional, quer, também, com a própria implementação de direitos 
sociais assegurados pela Constituição da República, daí resultando 
contextos de antagonismo que impõem, ao Estado, o encargo de superá-
los mediante opções por determinados valores, em detrimento de outros 
igualmente relevantes, compelindo, o Poder Público, em face dessa 
relação dilemática, causada pela insuficiência de disponibilidade 
financeira e orçamentária, a proceder a verdadeiras “escolhas trágicas”, 
em decisão governamental cujo parâmetro, fundado na dignidade da 
pessoa humana, deverá ter em perspectiva a intangibilidade do mínimo 
existencial, em ordem a conferir real efetividade às normas 
programáticas positivadas na própria Lei Fundamental. Magistério da 
doutrina. - A cláusula da reserva do possível - que não pode ser invocada, 
pelo Poder Público, com o propósito de fraudar, de frustrar e de 
inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na própria 
Constituição - encontra insuperável limitação na garantia constitucional 
do mínimo existencial, que representa, no contexto de nosso ordenamento 
positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa 
humana. Doutrina. Precedentes. - A noção de “mínimo existencial”, que 
resulta, por implicitude, de determinados preceitos constitucionais (CF, 
art. 1º, III, e art. 3º, III), compreende um complexo de prerrogativas cuja 
concretização revela-se capaz de garantir condições adequadas de 
existência digna, em ordem a assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito 
geral de liberdade e, também, a prestações positivas originárias do 
Estado, viabilizadoras da plena fruição de direitos sociais básicos, tais 
como o direito à educação, o direito à proteção integral da criança e do 
adolescente, o direito à saúde, o direito à assistência social, o direito à 
moradia, o direito à alimentação e o direito à segurança. Declaração 
Universal dos Direitos da Pessoa Humana, de 1948 (Artigo XXV). A 
1
PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL COMO OBSTÁCULO 
CONSTITUCIONAL À FRUSTRAÇÃO E AO INADIMPLEMENTO, PELO 
PODER PÚBLICO, DE DIREITOS PRESTACIONAIS. - O princípio da 
proibição do retrocesso impede, em tema de direitos fundamentais de caráter 
social, que sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou 
pela formação social em que ele vive. - A cláusula que veda o retrocesso em 
matéria de direitos a prestações positivas do Estado (como o direito à 
educação, o direito à saúde ou o direito à segurança pública, v.g.) traduz, no 
processo de efetivação desses direitos fundamentais individuais ou coletivos, 
obstáculo a que os níveis de concretização de tais prerrogativas, uma vez 
atingidos, venham a ser ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado. 
Doutrina. Em conseqüência desse princípio, o Estado, após haver reconhecido 
os direitos prestacionais, assume o dever não só de torná-los efetivos, mas, 
também, se obriga, sob pena de transgressão ao texto constitucional, a 
preservá-los, abstendo-se de frustrar - mediante supressão total ou parcial - os 
direitos sociais já concretizados. LEGITIMIDADE JURÍDICA DA 
IMPOSIÇÃO, AO PODER PÚBLICO, DAS 'ASTREINTES'. - Inexiste 
obstáculo jurídico-processual à utilização, contra entidades de direito público, 
da multa cominatória prevista no § 5º do art. 461 do CPC. A “astreinte” - que 
se reveste de função coercitiva - tem por finalidade específica compelir, 
legitimamente, o devedor, mesmo que se cuide do Poder Público, a cumprir o 
preceito, tal como definido no ato sentencial. Doutrina. Jurisprudência” 
"A cláusula da reserva do possível – que não pode ser invocada, pelo 
Poder Público, com o propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar a 
implementação de políticas públicas definidas na própria Constituição – 
encontra insuperável limitação na garantia constitucional do mínimo 
existencial, que representa, no contexto de nosso ordenamento positivo, 
emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa humana. 
(...) A noção de ‘mínimo existencial’, que resulta, por implicitude, de 
determinados preceitos constitucionais (CF, art. 1º, III, e art. 3º, III), 
compreende um complexo de prerrogativas cuja concretização revela-se 
capaz de garantir condições adequadas de existência digna, em ordem a 
assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito geral de liberdade e, 
também, a prestações positivas originárias do Estado, viabilizadoras da 
plena fruição de direitos sociais básicos, tais como o direito à educação, o 
direito à proteção integral da criança e do adolescente, o direito à saúde, 
o direito à assistência social, o direito à moradia, o direito à alimentação e 
o direito à segurança. Declaração Universal dos Direitos da Pessoa 
Humana, de 1948 (Artigo XXV)." (STF, RE nº 436.996-AgR, Rel. Min. 
Celso de Mello, j. 22.11.2005, 2ª Turma, DJe-STF, de 3.2.2006)
“DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONTROLE 
JURISDICIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS RELACIONADO A 
INÚMERAS IRREGULARIDADES ESTRUTURAIS E SANITÁRIAS 
EM CADEIA PÚBLICA. Constatando-se inúmeras irregularidades em 
cadeia pública - superlotação, celas sem condições mínimas de salubridade 
para a permanência de presos, notadamente em razão de defeitos estruturais, 
de ausência de ventilação, de iluminação e de instalações sanitárias 
adequadas, desrespeito à integridade física e moral dos detentos, havendo, 
inclusive, relato de que as visitas íntimas seriam realizadas dentro das 
próprias celas e em grupos, e que existiriam detentas acomodadas 
improvisadamente -, a alegação de ausência de previsão orçamentária não 
impede que seja julgada procedente ação civil publica que, entre outras 
medidas, objetive obrigar o Estado a adotar providências administrativas e 
respectiva previsão orçamentária para reformar a referida cadeia pública ou 
construir nova unidade, mormente quando não houver comprovação objetiva da 
incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal. De fato, evidencia-se, na 
hipótese em análise, clara situação de violação à garantia constitucional de respeito da 
integridade física e moral do preso (art. 5º, XLIX, da CF) e aos princípios da 
dignidade da pessoa humana e do mínimo existencial. Nessas circunstâncias - em que 
o exercício da discricionariedade administrativa pelo não desenvolvimento de 
determinadas políticas públicas acarreta grave vulneração a direitos e garantias 
fundamentais assegurados pela Constituição -, a intervenção do Poder Judiciário se 
justifica como forma de implementar, concreta e eficientemente, os valores que o 
constituinte elegeu como "supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos fundada na harmonia social", como apregoa o preâmbulo da CF. Há, 
inclusive, precedentes do STF (RE-AgR 795.749, Segunda Turma, DJe 20/5/2014; e 
ARE-AgR 639.337, Segunda Turma, DJe 15/9/2011) e do STJ (AgRg no REsp 
1.107.511-RS, Segunda Turma, DJe 6/12/2013) endossando a possibilidade de 
excepcional controle judicial de políticas públicas. Além disso, nãohá, na intervenção 
em análise, ofensa ao princípio da separação dos poderes. Isso porque a concretização 
dos direitos sociais não pode ficar condicionada à boa vontade do Administrador, 
sendo de suma importância que o Judiciário atue como órgão controlador da atividade 
administrativa. Seria distorção pensar que o princípio da separação dos poderes, 
originalmente concebido com o escopo de garantia dos direitos fundamentais, pudesse 
ser utilizado como óbice à realização dos direitos sociais, igualmente importantes. 
Tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, 
inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário estabeleça a inclusão de 
determinada política pública nos planos orçamentários do ente político, 
mormente quando não houver comprovação objetiva da incapacidade 
econômico-financeira da pessoa estatal. Ademais, também não há como falar em 
ofensa aos arts. 4º, 6º e 60 da Lei 4.320/1964 (que preveem a necessidade de previsão 
orçamentária para a realização das obras em apreço), na medida em que a ação civil 
pública analisada objetiva obrigar o Estado a realizar previsão orçamentária das obras 
solicitadas, não desconsiderando, portanto, a necessidade de previsão orçamentária 
das obras. Além do mais, tem-se visto, recorrentemente, a invocação da teoria da 
reserva do possível, importada do Direito alemão, como escudo para o Estado se 
escusar do cumprimento de suas obrigações prioritárias. Não se pode deixar de 
reconhecer que as limitações orçamentárias são um entrave para a efetivação dos 
direitos sociais. No entanto, é preciso ter em mente que o princípio da reserva do 
possível não pode ser utilizado de forma indiscriminada. Na verdade, o direito 
alemão construiu essa teoria no sentido de que o indivíduo só pode requerer do 
Estado uma prestação que se dê nos limites do razoável, ou seja, na qual o 
peticionante atenda aos requisitos objetivos para sua fruição. Informa a doutrina 
especializada que, de acordo com a jurisprudência da Corte Constitucional alemã, os 
direitos sociais prestacionais estão sujeitos à reserva do possível no sentido daquilo 
que o indivíduo, de maneira racional, pode esperar da sociedade. Ocorre que não se 
podem importar preceitos do direito comparado sem atentar para Estado brasileiro. 
Na Alemanha, os cidadãos já dispõem de um mínimo de prestações materiais 
capazes de assegurar existência digna. Por esse motivo, o indivíduo não pode 
exigir do Estado prestações supérfluas, pois isso escaparia do limite do razoável, 
não sendo exigível que a sociedade arque com esse ônus. Eis a correta 
compreensão do princípio da reserva do possível, tal como foi formulado pela 
jurisprudência germânica. Todavia, situação completamente diversa é a que se 
observa nos países periféricos, como é o caso do Brasil, país no qual ainda não foram 
asseguradas, para a maioria dos cidadãos, condições mínimas para uma vida digna. 
Nesse caso, qualquer pleito que vise a fomentar uma existência minimamente decente 
não pode ser encarado como sem razão, pois garantir a dignidade humana é um dos 
objetivos principais do Estado brasileiro. É por isso que o princípio da reserva do 
possível não pode ser oposto a um outro princípio, conhecido como princípio do 
mínimo existencial. Desse modo, somente depois de atingido esse mínimo 
existencial é que se poderá discutir, relativamente aos recursos 
remanescentes, em quais outros projetos se deve investir. Ou seja, não se 
nega que haja ausência de recursos suficientes para atender a todas as 
atribuições que a Constituição e a Lei impuseram ao estado. Todavia, se 
não se pode cumprir tudo, deve-se, ao menos, garantir aos cidadãos um 
mínimo de direitos que são essenciais a uma vida digna, entre os quais, 
sem a menor dúvida, podemos incluir um padrão mínimo de dignidade às 
pessoas encarceradas em estabelecimentos prisionais. Por esse motivo, não 
havendo comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da 
pessoa estatal, inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário 
determine a inclusão de determinada política pública nos planos 
orçamentários do ente político.” (STJ, REsp nº 1.389.952/MT, 2ª Turma, 
Informativo STJ nº 543, de13.8.2014)
Constituição:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o 
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, 
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. (redação dada pela 
EC nº 64, de 2010)
Supremo Tribunal Federal:
“O direito a segurança é prerrogativa constitucional indisponível, 
garantido mediante a implementação de políticas públicas, 
impondo ao Estado a obrigação de criar condições objetivas que 
possibilitem o efetivo acesso a tal serviço. É possível ao Poder 
Judiciário determinar a implementação pelo Estado, quando 
inadimplente, de políticas públicas constitucionalmente previstas, 
sem que haja ingerência em questão que envolve o poder 
discricionário do Poder Executivo” (STF, RE nº 559.646-AgR, 2ª 
Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 7.6.2011, DJe-STF, de 24.6.2011)
"Ação direta de inconstitucionalidade por omissão em relação ao 
disposto nos arts. 6º; 23, V; 208, I; e 214, I, da Constituição da 
República. Alegada inércia atribuída ao presidente da República 
para erradicar o analfabetismo no País e para implementar o 
ensino fundamental obrigatório e gratuito a todos os brasileiros. 
Dados do recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística demonstram redução do índice da população analfabeta, 
complementado pelo aumento da escolaridade de jovens e adultos. 
Ausência de omissão por parte do chefe do Poder Executivo 
federal em razão do elevado número de programas 
governamentais para a área de educação. A edição da Lei 
9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e da 
Lei 10.172/2001 (Aprova o Plano Nacional de Educação) 
demonstra atuação do Poder Público dando cumprimento à 
Constituição. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão 
improcedente" (STF, ADI nº 1.698, Plenário, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, j. 25.2.2010, DJe-STF, de 16.4.2010)
"O § 4º do art. 199 da Constituição, versante sobre pesquisas com 
substâncias humanas para fins terapêuticos, faz parte da seção 
2
normativa dedicada à ‘Saúde’ (Seção II do Capítulo II do Título 
VIII). Direito à saúde, positivado como um dos primeiros dos 
direitos sociais de natureza fundamental (art. 6º da CF) e também 
como o primeiro dos direitos constitutivos da seguridade social 
(cabeça do artigo constitucional de n. 194). Saúde que é ‘direito de 
todos e dever do Estado’ (caput do art. 196 da Constituição), 
garantida mediante ações e serviços de pronto qualificados como ‘de 
relevância pública’ (parte inicial do art. 197). A Lei de 
Biossegurança como instrumento de encontro do direito à saúde 
com a própria Ciência. No caso, ciências médicas, biológicas e 
correlatas, diretamente postas pela Constituição a serviço desse bem 
inestimável do indivíduo que é a sua própria higidez físico-mental" 
(STF, ADI nº 3.510, Plenário, Rel. Min. Ayres Britto, j. 29.5.2008, 
DJe-STF, de 28.5.2010)
“Bem de família. Penhora. Decorrência de despesas condominiais. A 
relação condominial é, tipicamente, relação de comunhão de escopo. 
O pagamento da contribuição condominial (obrigação propter 
rem) é essencial à conservação da propriedade, vale dizer, à 
garantia da subsistência individual e familiar – a dignidade da 
pessoa humana. Não há razão para, no caso, cogitar-se de 
impenhorabilidade” (STF, REnº 439.003, 2ª Turma, Rel. Min. Eros 
Grau, j. 6.2.2007, DJe-STF, de 2.3.2007)
"Fiador. Locação. Ação de despejo. Sentença de procedência. 
Execução. Responsabilidade solidária pelos débitos do afiançado. 
Penhora de seu imóvel residencial. Bem de família. 
Admissibilidade. Inexistência de afronta ao direito de moradia, 
previsto no art. 6º da CF. Constitucionalidade do art. 3º, VII, da 
Lei 8.009/1990, com a redação da Lei 8.245/1991" (STF, RE nº 
407.688, Plenário, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 8.2.2006, DJe-STF, de 
6.10.2006)
Constituição:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa 
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização 
compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, 
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo 
coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem 
remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor 
da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, 
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda 
nos termos da lei; (redação dada pela EC nº 20, de 1988)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e 
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, 
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de 
revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta 
por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que 
o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 
cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, 
nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta 
dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, 
higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 
(cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (redação dada pela EC nº 53, de 
2006)
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a 
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo 
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 
dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (redação dada pela EC nº 28, de 
2000)
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de 
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de 
admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre 
os profissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito 
e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, 
a partir de quatorze anos; (redação dada pela EC nº 20, de 1998)
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício 
permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os 
direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, 
bem como a sua integração à previdência social.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de 
sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder 
Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer 
grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base 
territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores 
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou 
individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de 
categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema 
confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da 
contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de 
trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações 
sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro 
da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, 
ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer 
falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de 
sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a 
lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores 
decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam 
por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o 
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos 
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou 
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a 
eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-
lhes o entendimento direto com os empregadores.
e) Os direitos de solidariedade e fraternidade no âmbito da 
Constituição Federal de 1988.
Constituição:
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento,a igualdade e a justiça como valores supremos de 
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na 
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a 
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a 
seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do 
Brasil:
3
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, 
é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, 
mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e 
inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 41, de 2003).
Supremo Tribunal Federal
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO 
INTERMUNICIPAL, INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DE 
PASSAGEIROS - ABRATI. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI N. 
8.899, DE 29 DE JUNHO DE 1994, QUE CONCEDE PASSE LIVRE ÀS 
PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA. ALEGAÇÃO DE 
AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA, DA 
ISONOMIA, DA LIVRE INICIATIVA E DO DIREITO DE PROPRIEDADE, 
ALÉM DE AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE FONTE DE CUSTEIO 
(ARTS. 1º, INC. IV, 5º, INC. XXII, E 170 DA CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA): IMPROCEDÊNCIA. 1. A Autora, associação de 
associação de classe, teve sua legitimidade para ajuizar ação direta de 
inconstitucionalidade reconhecida a partir do julgamento do Agravo 
Regimental na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.153, Rel. 
Min. Celso de Mello, DJ 9.9.2005. 2. Pertinência temática entre as 
finalidades da Autora e a matéria veiculada na lei questionada 
reconhecida. 3. Em 30.3.2007, o Brasil assinou, na sede das 
Organizações das Nações Unidas, a Convenção sobre os Direitos 
das Pessoas com Deficiência, bem como seu Protocolo 
Facultativo, comprometendo-se a implementar medidas para dar 
efetividade ao que foi ajustado. 4. A Lei n. 8.899/94 é parte das 
políticas públicas para inserir os portadores de necessidades 
especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e 
a humanização das relações sociais, em cumprimento aos 
fundamentos da República de cidadania e dignidade da pessoa 
humana, o que se concretiza pela definição de meios para que 
eles sejam alcançados. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade 
julgada improcedente.” (STF, ADI nº 2.649/DF, Plenário, voto da 
Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 8.5.2008, DJe-STF, de 17.10.2008)
“Devem ser postos em relevo os valores que norteiam a Constituição 
e que devem servir de orientação para a correta interpretação e 
aplicação das normas constitucionais e apreciação da subsunção, ou 
não, da Lei 8.899/1994 [Que concede Passe Livre às Pessoas 
Portadoras de Deficiência] a elas. Vale, assim, uma palavra, ainda 
que brevíssima, ao Preâmbulo da Constituição, no qual se 
contém a explicitação dos valores que dominam a obra 
constitucional de 1988 (...). Não apenas o Estado haverá de ser 
convocado para formular as políticas públicas que podem conduzir 
ao bem-estar, à igualdade e à justiça, mas a sociedade haverá de se 
organizar segundo aqueles valores, a fim de que se firme como uma 
comunidade fraterna, pluralista e sem preconceitos (...). E, referindo-
se, expressamente, ao Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988, 
escolia José Afonso da Silva que ‘O Estado Democrático de Direito destina-
se a assegurar o exercício de determinados valores supremos. ‘Assegurar’, 
tem, no contexto, função de garantia dogmático-constitucional; não, porém, 
de garantia dos valores abstratamente considerados, mas do seu ‘exercício’. 
Este signo desempenha, aí, função pragmática, porque, com o objetivo de 
‘assegurar’, tem o efeito imediato de prescrever ao Estado uma ação em 
favor da efetiva realização dos ditos valores em direção (função diretiva) de 
destinatários das normas constitucionais que dão a esses valores conteúdo 
específico’ (...). Na esteira destes valores supremos explicitados no 
Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988 é que se afirma, nas 
normas constitucionais vigentes, o princípio jurídico da solidariedade” 
(STF, ADI nº 2.649/DF, Plenário, voto da Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 
8.5.2008, DJe-STF, de 17.10.2008)
“CONSTITUCIONAL CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS 
CENTRAIS. Constituição do Acre. I – Normas centrais da Constituição 
Federal: essas normas são de reprodução obrigatória na Constituição do 
Estado-membro, mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a 
ordem local. Reclamações 370 – MT e 383-SP (RTJ 147/404). II – 
Prêambulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da 
proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na 
Constituição estadual, não tendo força normativa. III – Ação direta de 
inconstitucionalidade julgada improcedente.” (STF, ADI nº 2.076-5/AC, 
Plenário, Rel. Min. Carlos Velloso, v.u., j. 15.8.2002, DJU, Seção 1, de 
8.8.2003)
"No caso concreto, a recorrida é pensionista do INSS desde 4-10-1994, 
recebendo, através do benefício 055.419.615-8, aproximadamente o valor 
de R$ 948,68. Acórdão recorrido que determinou a revisão do benefício de 
pensão por morte, com efeitos financeiros correspondentes à 
integralidade do salário de benefícios da previdência geral, a partir da 
vigência da Lei 9.032/1995. Concessão do referido benefício ocorrida em 
momento anterior à edição da Lei 9.032/1995. No caso concreto, ao 
momento da concessão, incidia a Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Ao 
estender a aplicação dos novos critérios de cálculo a todos os 
beneficiários sob o regime das leis anteriores, o acórdão recorrido 
negligenciou a imposição constitucional de que lei que majora benefício 
previdenciário deve, necessariamente e de modo expresso, indicar a 
fonte de custeio total (CF, art. 195, § 5º). Precedente citado: RE 
92.312/SP, Segunda Turma, unânime, Rel. Min. Moreira Alves, julgado em 
11-4-1980. Na espécie, o benefício da pensão por morte configura-se como 
direito previdenciário de perfil institucional cuja garantia corresponde à 
manutenção do valor real do benefício, conforme os critérios definidos em 
lei (CF, art. 201, § 4º). O cumprimento das políticas públicas 
previdenciárias, exatamente por estar calcado no princípio da 
solidariedade (CF, art. 3º, I), deve ter como fundamento o fato de que 
não é possível dissociar as bases contributivas de arrecadação da prévia 
indicação legislativa da dotação orçamentária exigida (CF, art. 195, § 
5º). Precedente citado: julgamento conjunto das ADI 3.105/DF e 3.128/DF, 
Rel. Min. Ellen Gracie, Rel. p/ o acórdão, Min. Cezar Peluso, Plenário, 
maioria, DJ 18-2-2005." (STF, RE nº 415.454 e RE 416.827, Plenário, Rel. 
Min. Gilmar Mendes, j. 8.2.2007, DJe-STF, de 26.10.2007)
“O sistema público de previdência social é fundamentado no 
princípio da solidariedade (art. 3º, I, da CB/1988), contribuindo 
os ativos para financiar os benefícios pagos aos inativos. Se todos, 
inclusive inativos e pensionistas, estão sujeitos ao pagamento das 
contribuições, bem como aos aumentos de suas alíquotas, seria 
flagrante a afronta ao princípio da isonomia se o legislador 
distinguisse, entre os beneficiários, alguns mais e outros menos 
privilegiados, eis que todos contribuem, conforme as mesmas regras, 
parafinanciar o sistema. Se as alterações na legislação sobre 
custeio atingem a todos, indiscriminadamente, já que as 
contribuições previdenciárias têm natureza tributária, não há 
que se estabelecer discriminação entre os beneficiários, sob pena 
de violação do princípio constitucional da isonomia.” (STF, RE nº 
450.855-AgR, Rel. Min. Eros Grau, j. 23.8.2005, 1ª Turma, DJe-
STF, de 9.12.2005)
"O art. 7º da Lei 6.194/1974, na redação que lhe deu o art. 1º da 
Lei 8.441/1992, ao ampliar as hipóteses de responsabilidade civil 
objetiva, em tema de acidentes de trânsito nas vias terrestres, 
causados por veículo automotor, não parece transgredir os 
princípios constitucionais que vedam a prática de confisco, 
protegem o direito de propriedade e asseguram o livre exercício 
da atividade econômica. A Constituição da República, ao fixar as 
diretrizes que regem a atividade econômica e que tutelam o direito de 
propriedade, proclama, como valores fundamentais a serem 
respeitados, a supremacia do interesse público, os ditames da justiça 
social, a redução das desigualdades sociais, dando especial ênfase, 
dentro dessa perspectiva, ao princípio da solidariedade, cuja 
realização parece haver sido implementada pelo Congresso Nacional 
ao editar o art. 1º da Lei 8.441/1992." (STF, ADI nº 1.003-MC, Rel. 
Min. Celso de Mello, j. 1º.8.1994, Plenário, DJe-STF, de 10.9.1999)
“Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) 
– que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – 
realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração 
(direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identifica com as 
liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da 
igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam 
poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas 
as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e 
constituem um momento importante no processo de 
desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos 
humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais 
indisponíveis, nota de uma essencial inexauribilidade.” (STF, MS 
nº 22.164, Plenário, Rel. Min. Celso de Mello, j. 30.10.1995, DJe-
STF, de 17.11.1995).
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