Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
WANDERSON MOUTINHO T. BOY 8039694 PORTFÓLIO 1 Trabalho apresentado ao Claretiano - Centro Universitário para a disciplina de História e Crítica Musical da Antiguidade ao Barroco como requisito parcial para aprovação na disciplina. Prof. ª Mariana Galon da Silva POLO BH 2018 A polifonia é entendida como textura musical que possui várias vozes, mas mantém uma certa independência das vozes com relação uma com as outras, sem predomínio de nenhuma principal. O início da polifonia se deu por volta do século IX, com o intuito de agregar valores ao canto gregoriano. Este com caráter ritualístico, refere-se a um canto litúrgico constituído pelo Papa Gregório. No século VI, foi adotado pela Igreja Católica como canto oficial, de caráter introspectivo e meditativo. Neste tipo de canto as vozes eram somente masculinas, não possuía pulso ou ritmo e era produzido a partir da prosódia. Na Baixa Idade Média, a polifonia teve um importante papel na História da música da Igreja Católica Romana. A Catedral de Notre Dame, em Paris foi a que mais se destacou, tornando-se o centro de desenvolvimento da polifonia medieval, ultrapassando Winchester, Santiago de Compostela e Limonge. No final do século XII, destacou-se o tratado de Philippe de Vitry definido como Ars Antiqua e Ars Nova, que analisava as novas técnicas composicionais deste período. Foi um movimento musical iniciado em París, na Catedral de Notre Dame com destaque na criação de uma cisão em relação à Ars Antiqua (arte antiga). A Ars Antiqua consistiu em um movimento musical fundamentado no cantochão e nos demais gêneros polifônicos dos Organa, dos Conductus e dos Motetes antigos. Em relação a Ars Nova relaciona-se a música polifônica com base nas novas técnicas de mensuração rítmica do século XIV. Um dos principais tratados do movimento Ars Nova Music datado do ano de 1321, foi escrito por Johannes (1300-1350), com destaque para o mais famoso Ars Nova, de autoria Phillipe de Vitry (1291-1361). Consiste em um período da História marcado pela expansão do uso da notação e mensuração rítmica e pelo emprego das técnicas de composição polifônica na música secular com superação sobre a música sacra. Principais diferenças entre os estilos de composição: Organum e Conductus O Organum (latim) representa um dos variados tipos de polifonia primordial entre o século IX até o XIII, na Europa Ocidental, consiste no envolvendo da adição de uma ou mais vozes a um cantochão. Os tipos de Organum se agrupam na sua forma primitiva em paralelos e modificados. O agrupamento na fase mais desenvolvida, denominam-se livre ou melismático (estilo São Marcial, devido à Catedral de Limoges). Dizia respeito inicialmente a um modo improvisado de se fazer polifonia com base nos cantos litúrgicos católicos, sendo utilizado desde o século IX. Organum Paralelo: Aparecimento de duas vozes, voz organalis e voz principal, consiste na duplicação paralela da voz principal (cantochão) em intervalos de 4ªs, 5ªs ou 8ªs justas. Já o organum paralelo complexo possui duas ou três vozes organais realizadas a partir da duplicação em oitava de um organum paralelo simples. Organum modificado: possui trechos em movimento paralelo de vozes e outros trechos em movimento oblíquo. Organum Livre é baseado no movimento oblíquio, paralelo e contrário entre as vozes, misturando, livremente, intervalos de 4ªs, 5ªs e 8ªs justas. Em certos momentos, intervalos de 3ªs e 6ªs são admitidos em relação a uma voz e o cantus firmus (cantochão). No organum do mosteiro de Saint Martial de Limoges nota-se uma inovação desse organum em transformar as notas do cantus firmus em notas longas. Esse cantus firmus foi também chamado de tenor. A voz que mantém a voz organal é chamada de duplum. Organum de Notre Dame se refere a um estilo desenvolvido pelos compositores que trabalhavam nesta Catedral. Foi nesta escola que surge pela primeira vez o conceito de composição que hoje conhecemos aqui no Ocidente. Isso se deu ao fato dos escritores reconhecerem suas autorias (clausulas, conductos, versus e organa) e também pelo fato de tais obras terem se desvinculado em partes do canto gregoriano. Nesse aspecto, é necessário destacar a figura de Leonin e Perotin (século XII e XIII), mestres do coro da Catedral de Notre Dame. Leonin em seu trabalho predominava duas vozes (organum duplo) e a utilização do tenor litúrgico em notas longas. Sua composição é assinalada pela alternância entre o Organum melismático (estilo organal) e clausula em estilo discante (metrificação do tenor). Leonin observou na cláusula de discante a oportunidade de compor com uma maior liberdade a sua música. Perotin (1170 -1236) foi discípulo de Leonin e deu continuidade ao trabalho do seu mestre, sendo notório sua contribuição com ênfase na expansão do organum para três e quatro vozes (organum triplum e quadruplum). Seu trabalho possuía maior precisão rítmica, em como os tenores eram menos longos com retificações rítmicas e reincidência de motivos rítmicos. Os avanços alcançados por essa nova técnica cooperaram para o reconhecimento da polifonia mais independente da fala e do cantochão, seguida de critérios musicais de construção e mensuração. Os compositores de Notre Dame utilizavam diferentes modos rítmicos para cada uma das vozes. Cada voz deveria, no momento de ataque da nota do cantus firmus, soar em con- sonância com o tenor. Além do organum, na escola de Notre Dame também se desenvolveram mais dois estilos de composição, o conductus e o motete. O Conductus polifônico foi utilizado em Notre Dame, inicialmente, por Leonin, e logo se tornou um dos principais gêneros praticados nesta escola. O conductus era um estilo de composição vocal sagrada, porém não litúrgica, sendo composta de uma ou mais vozes. A regularidade é outra característica persistente no conductus, os seus versos podiam ser mensurados o que contribuiu para uma evolução significativa no contexto musical. Os conductos constituem-se de composições sem tema principal, dessa forma não apresenta um sistema melódico, mas ocorria repetições de frases curtas, com inclusão de vozes distintas. Possuía normalmente ritmo o que o diferenciava em muito do Organum. Destaca-se no século XII e XIII a adequação da estrutura da escrita musical. Neste momento a polifonia se torna legitima, pela independência e igualdade de significados entre as vozes. Era bem claro que a polifonia precisava melhorar os recursos notacionais que descreveriam os pontos rítmicos diferentes entre as vozes. Então uma reforma foi sugerida por um grupo de compositores em París no século XIII, a “teoria modal”, baseada no ritmo oral assinalado pela alternância de sílabas fortes e fracas, em que as fortes valeriam o dobro das fracas. Cada traçado rítmico produzido pela pronunciação repetida de uma palavra caracterizava um modo, que introduziu o conceito de compasso. Dessa forma os músicos saberiam diferenciar ritmicamente as vozes pelo modo indicado na introdução do texto. Dessa nova técnica surgiu a contra melodia uma estrutura com características mais independentes e melhorada. A modificação mais sutil se dá quando a contra melodia passa para uma posição de maior valor no organum, em contrapartida ao que era ensinado na época, dessa forma o homem assume uma posição de poder. O caráter sacro se altera no canto organum, sendo que o cantus firmus, já colocado em uma 2ªvoz com notas longas, não apresenta sílabas compreensíveis, perdendoo foco para a contra melodia mais aguda e bem articulada. A partir da teoria modal, a música ocidental cresce e assume características de influência de estruturas das organizações sociais. Adota assim os princípios estruturais na produção artística cultural ocidental com base na polifonia fundamentada na concepção humanista renascentista. Pode-se concluir que a música necessitava de um sistema de base manuscrita para sua preservação ao longo do tempo. Por esse motivo o homem constituiu várias formas de conotação da ciência musical no transcorrer dos séculos, incidindo também neste campo de conhecimento oral para uma “grafia”, mais apropriada e elucidativa. A notação, da forma como conhecemos, não foi sempre igual, sofreu evolução ao longo da história da música de acordo com as necessidades humanas para estabelecer o processo de comunicação e para certificar que certas tradições e saberes não se tornassem passageiros. Percebe-se como foi importante as mudanças acontecidas na Idade Média com relação a notação musical, sendo que neste período as modificações na sua forma se deu em direção a um sistema mais sólido que respondesse as requisições que a música foi adquirindo ao longo do tempo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NASCIMENTO, J. P. C.; SILVA, M. G. História e Crítica Musical: da Antiguidade ao Barroco. Batatais: Claretiano, 2016.
Compartilhar