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CAPITULO 7 DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA Uma rede de distribuição deve fazer a energia chegar até os consumidores de forma mais eficiente possível. A distribuição pode ser suprida por várias linhas de transmissão, dispondo de várias subestações redutoras e estas podem conter múltiplos transformadores, formando assim várias redes de distribuição. Também pode haver várias tensões de distribuição primária. Indústrias de grande porte em geral são supridas com tensões bastante altas, às vezes a da própria transmissão, para evitar altos custos da rede. As linhas de transmissão convergem para as SEs de distribuição. A depender da potência instalada do consumidor, o nível de tensão que chega até ele pode variar de 500 kV (Alumar), 230 kV (CVRD), 69 kV (Indústria da Coca-Cola), 13.8 kV (pequenas indústrias, comercio, escolas, entre outros) até 380/220/127 V (consumidores residenciais). 7.1 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO O sistema de distribuição pode ser dividido em três áreas: subtransmissão, distribuição primária e distribuição secundária. As concessionárias geralmente recebem das geradoras linhas trifásicas a três condutores nas tensões de 500 e 230 kV. Próximo dos centros de cargas tem-se SEs de subtransmissão que diminuem para um nível de tensão intermediário entre a transmissão e a distribuição propriamente dita, sendo também trifásica a três condutores. Atualmente os níveis de subtransmissão no Brasil são de 138 e 69 kV. Os alimentadores neste nível de tensão são utilizados na distribuição para indústrias de médio porte e para entrada das Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 180 ____________________________________________________________________________ SEs de distribuição. Chama-se distribuição primária a repartição de energia feita pelas SEs de distribuição nos centros urbanos. A tensão primária é o valor de tensão utilizado para realizar essa distribuição de energia. Dentro da zona urbana geralmente a tensão primária de distribuição é de 13.8 kV. Existem ainda outros níveis de tensões primárias normalizadas, atendendo localidades específicas, tais como 23 kV (existente em São Roque - SP); 3,8 kV em alguns pontos da cidade de São Paulo; 6,6 kV em Santos e São Vicente. No interior do Estado de São Paulo há o nível 11,9 kV (por exemplo, em Campinas) e em alguns casos a tensão de 34,5 kV é usada na distribuição primária. Das SEs de distribuição originam-se alimentadores trifásicos geralmente a três condutores que se interligam aos transformadores de baixa tensão aéreos ou a consumidores em tensão primária. Os consumidores que recebem em tensão primária dispõem de suas próprias subestações para rebaixar a tensão ao nível de alimentação dos seus equipamentos. A distribuição primária também pode ser trifásica a quatro condutores, bifásica a três condutores, monofásicas a dois condutores ou monofásica a um condutor. Esta última versão é mais recente, sendo de aplicação restrita a eletrificação rural, justamente por ter um custo de instalação muito baixo, mas as perdas elétricas são maiores. Nela o retorno da corrente se faz pelo solo. A tensão primária também alimenta os transformadores de baixa tensão localizados nos postes que reduzem a tensão ao nível de ligação de aparelhos elétricos comuns (127/220/380 V), para consumidores de pequeno porte. É chamada de distribuição secundária. Neste caso a rede é formada por quatro fios (separados e sem isolação ou juntos e com isolação) que se observam na parte intermediária dos postes. Algumas vezes tem-se 5 fios onde o 5º condutor é usado na iluminação pública. Quanto ao nível de tensão de distribuição secundária observam-se os seguintes valores nominais mais freqüentes no Brasil: • 127/220 V; ou 220/380 V para as redes que utilizam transformadores com secundário em estrela aterrado. (Valores entre fase e neutro/ valores entre fases) Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 181 ____________________________________________________________________________ • 115/230 V; para as redes que utilizam transformadores com secundário em delta aberto ou delta fechado (delta com neutro), utilizado pela Eletropaulo (valor entre fase e neutro e entre fases). 7.2 ALIMENTADOR PRIMÁRIO Existe uma variedade de circuito alimentador primário. Cada um possui grau de qualidade e custo próprios. Embora existam várias configurações usuais do sistema de distribuição à configuração radial é, de longe, a que predomina por ser simples e econômica. Os alimentadores primários aéreos operam normalmente de maneira radial, ou seja, possui apenas um caminho energizado entre as subestações e cada um dos pontos de consumo. Os alimentadores primários radiais têm início nas subestações e compreendem o tronco, parte principal e os ramais. O alimentador pode ser visto como uma coleção de barras que são interligadas por trechos. Cada trecho tem as seguintes propriedades: comprimento, tipo de cabo, barra de origem e barra destino. Nas barras há eventualmente cargas instaladas de potências ativas e reativas conhecidas (Figura 7.1). Figura 7.1 – Alimentador Primário. O alimentador primário pode ser aéreo (mais comum) que é fixo em postes por isoladores ou subterrâneo. Podem-se ter os seguintes tipos de redes aéreas: convencional, protegida e isolada. As redes primárias convencionais são construídas com os condutores nus. Por estarem desprotegidas contra as influências do meio, apresentam altas taxas de falhas, Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 182 ____________________________________________________________________________ como a interrupção no fornecimento de energia provocada pelo contato dos galhos das árvores, a queima de eletrodomésticos, o comprometimento da iluminação pública, além de representarem riscos para os transeuntes e requererem drásticas e constantes podas. As redes aéreas protegidas são constituídas de espaçadores plásticos, instalados de oito a dez metros, têm a função de apoiar os condutores, dispondo-os num arranjo triangular. Um cabo de aço mensageiro sustenta esses espaçadores, absorvendo todo o esforço mecânico e deixando os condutores apenas ligeiramente tracionados. Apesar de os condutores de alumínio serem cobertos por uma camada de polietileno, as redes aéreas protegidas devem ser consideradas redes nuas para a segurança pessoal, pois esse tipo de cobertura não confina o campo elétrico em seu interior, mas permite contatos eventuais de galhos e folhas sem que ocorra a interrupção no fornecimento da energia. Desse modo, as podas drásticas e muitas vezes desnecessárias são substituídas por serviços mais simples, como a retirada de galhos e folhas que estejam em contato com a rede. As redes aéreas isoladas são utilizadas em razão das exigências requeridas pelo meio ambiente, ou seja, em áreas densamente arborizadas, com galhos em contato permanente com os condutores ou em ambientes com muitas partículas condutoras suspensas que facilitam a abertura de arcos. Nesse tipo de rede, são utilizados três condutores isolados e blindados. Esse sistema é totalmente isolado. Na rede de distribuição subterrânea o cabeamento é feito através de galerias subterrâneas e os cabos são todos isolados. Ela tem como desvantagem o preço, mas possui como vantagens: • Maior confiabilidade ao sistema elétrico urbano. • Redução significativa das interferências externas. • Menor custo de manutenção. • Aumento da segurança da população através da evolução tecnológica deseus equipamentos e instalações. • Incremento na valorização do patrimônio histórico e turístico com a redução da poluição visual. Geralmente a rede de distribuição subterrânea é utilizada em: Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 183 ____________________________________________________________________________ • Condomínios. • Cidades Históricas e turísticas. • Proximidade de aeroportos. • Travessias sob viadutos. • Travessias sob rodovias. • Locais com alta densidade de carga. 7.2.1 SISTEMA RADIAL SIMPLES O sistema radial simples é o que exige menor investimento, pois não tem nenhum equipamento duplicado. Mesmo assim, sua confiabilidade é satisfatória, desde que sejam empregados equipamentos e material de boa qualidade. Ele é aplicado na distribuição em áreas de baixa densidade de carga. Esse alimentador é ilustrado na Figura 7.1. Uma variância desse sistema é seccionar o alimentador primário em vários pontos utilizando chaves fusíveis, religadores e/ou seccionalizadores ao longo do alimentador (Figura 7.2). Figura 7.2 – Alimentador Primário Seccionado. As chaves-fusíveis são dispositivos eletromecânicos que têm como função básica, interromper o circuito elétrico quando ocorrer a fusão do elo-fusível. No Brasil, são fabricadas e largamente empregadas as chaves-fusíveis de expulsão, monofásicas, com Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 184 ____________________________________________________________________________ cartucho em fibra isolante, abertas, não repetitivas e indicadoras, conhecidas também como "chaves Matheus" (Figura 7.3). O princípio de funcionamento se baseia na extinção do arco elétrico formado dentro do cartucho ou canela, devido a abertura do circuito após a fusão do elo-fusível. O arco irá queimar o tubinho e/ou paredes do cartucho, produzindo gases desionizantes (CO2 , nitrogênio, etc.), que irão extingui-lo. Além disso, a expansão destes gases no interior do cartucho, dá origem a uma intensa diferença de pressão interna, que irá expulsar os mesmos pela parte inferior. Isto origina um empuxo para cima (princípio da ação e reação), que desconecta o contato superior do cartucho do contato da chave, fazendo-o girar através de uma junta articulada. Após a operação da chave, o cartucho fica "pendurado", indicando a operação ("canela arriada"). Daí, dizer-se que a chave tem a propriedade indicadora ou sinalizadora visual. Figura 7.3 – Chave fusível à expulsão. Os principais componentes de uma chave-fusível tipo expulsão são: • Elo-fusível (liga de material condutor); • Cartucho ou canela (tubo de fibra isolante); • Isolador (porcelana ou resina epóxi); • Base ou dispositivo de fixação (aço zincado). É importante observar que este tipo de chave-fusível não deve ser empregado para manobra de circuito com carga, pois são do tipo "seca" , isto é, os seus contatos não possuem meios de interrupção de arco (óleo, SF6 , etc.). A abertura de circuito com carga leva a um desgaste prematura dos contatos da chave. Além disso, pode provocar danos físicos e risco de morte à pessoa que está realizando a operação de abertura, principalmente nos dias chuvosos. Isto acontece porque, no momento da abertura, o arco elétrico pode envolver a cruzeta e, estando esta aterrada, vai originar um curto- circuito fase-terra, que, por sua vez, poderá produzir tensões de passo elevadas. Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 185 ____________________________________________________________________________ Os elos-fusíveis são as partes ativas da chave-fusível, ou seja, são os elementos sensores que detectam a sobrecorrente e juntamente com o cartucho, interrompem o circuito. Não devem fundir com a corrente de carga do equipamento ou do circuito protegido e devem obedecer as curvas características tempo x corrente fornecidas pelos fabricantes. Os elos-fusíveis são identificados por sua corrente nominal e tipo, devendo ainda aparecer (geralmente no botão) o nome ou marca do fabricante. São constituídos das seguintes partes: • Botão com arruela; • Elemento fusível; • Tubinho; • Rabicho Os elos fusíveis de distribuição são divididos nos seguintes tipos: • Tipo K - Elos-fusíveis rápidos; • Tipo T - Elos-fusíveis lentos • Tipo H - Elos-fusíveis de alto surto (high surge), de ação lenta para surtos de corrente (a corrente transitória de magnetização de transformador, por exemplo). São fabricados somente para pequenas correntes nominais. Geralmente, são usados para proteger transformadores de pequenas potências (até 75 kVA) e pequenos bancos de capacitores. O funcionamento do elo-fusível se baseia na fusão do elemento fusível (geralmente de liga de estanho ou prata) por efeito Joule, quando a corrente é superior a corrente admissível. A maioria dos elos atinge o ponto de fusão em uma temperatura próxima de 230º C. Para a corrente admissível, o elo trabalha com temperatura em torno de 100º C. Devido o arco elétrico, em tensões elevadas (classe 15kV, ou superiores, por exemplo), a fusão do elo geralmente não interrompe o circuito. Para interrompê-lo efetivamente, torna-se necessário a extinção do arco. Isso é feito por gases desionizantes produzidos no interior do cartucho, em conseqüência da queima do tubinho e/ou das Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 186 ____________________________________________________________________________ paredes internas do próprio cartucho. A energia liberada pelo arco vai depender do tempo, da tensão e da corrente. Basicamente, um religador é constituído por um mecanismo automático projetado para abrir e fechar circuitos em carga ou em curto-circuito, comandado por relés de sobrecorrente de ação indireta (alimentados por TCs, geralmente de bucha), que realizam as funções 50 e 51, e por um relé de religamento (função 79). Atualmente, os dispositivos sensores e de controle de um religador são microprocessadores dedicados que realizam as funções 50, 51 e 79 e muito mais. São os chamados religadores microprocessados ou numéricos de multifunção. O religador ao sentir uma condição de sobrecorrente interrompe o circuito, religando-o automaticamente após um tempo predeterminado. Se perceber, no momento do religamento, que o defeito ainda persiste, repete a seqüência “disparo x religamento”, até três vezes consecutivas. Após o quarto disparo, o mecanismo de religamento é travado, deixando aberto o circuito. A repetição da seqüência “disparo x religamento”, permite que o religador teste repetidamente se o defeito desapareceu, possibilitando diferenciar um defeito transitório de um permanente. Geralmente, um religador é projetado para realizar, no máximo, 3 religamentos seguidos por 4 disparos, entretanto, permite ajuste para trabalhar com 1, 2 ou 3, sendo que, após o último previamente ajustado, permanece aberto, até que seja fechado pela ação do operador (Figura 7.4). Os disparos podem ser rápidos (ou instantâneos) e lentos (ou temporizados). Figura 7.4 – Seqüência de operação do religador. Os seccionalizadores são dispositivos projetados para operarem em conjunto com um religador, ou com um disjuntor comandado por relés de sobrecorrente dotados da função de religamento (função 79). Portanto, devem ser ligados a jusante destes Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 187 ____________________________________________________________________________equipamentos. Mecanicamente, se comportam como chaves de manobras automáticas projetadas para aberturas ou fechamentos, com carga (possuem meios de interrupção de arco: SF6 , câmara de vácuo), no local ou remotamente (através de unidades remotas interligadas por sistemas de comunicação). Não possuem capacidade de interrupção de correntes de curtos-circuitos. As interrupções destas correntes são feitas pelo religador ou disjuntor de retaguarda, comandado por relés com as funções 50, 51 e 79. Atualmente os sistemas de controle dos seccionalizadores são digitais ou microprocessados, que realizam multifunções: proteção, medição (correntes, potências, fator de potência, etc.), registros de eventos (número de interrupções, tempo de duração de interrupções, natureza da interrupção, etc.). Estas informações são colhidas do circuito ao qual estão conectados, através de redutores de corrente e tensão (TCs e TPs). A função de proteção realizada pelo seccionalizador se desenvolve de forma bastante simples e criativa. Isto é, a cada vez que o interruptor de retaguarda efetua um disparo ou abertura (desligamento do circuito), interrompendo a corrente de falta, o seccionalizador “conta” a interrupção; após atingir o número de contagens previamente ajustado (uma, duas ou, no máximo, três), o seccionalizador abre os seus contatos, sempre com o circuito desenergizado pelo interruptor de retaguarda, isolando o trecho defeituoso sob sua proteção, do restante do sistema. O número de contagens do seccionalizador deve ser ajustado para uma unidade a menos do que o número de disparos do religador (Figura 7.5). Figura 7.5 – Princípio de coordenação religador x seccionalizador. Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 188 ____________________________________________________________________________ 7.2.2 SISTEMA RADIAL SELETIVO Esse sistema possui a capacidade de oferecer alternativa de suprimento. A alimentação das cargas pode ser comutada manual ou automaticamente. Ele se aplica a consumidores de grande porte que geralmente são ligados direto ao circuito primário, tais como, hospitais, estádios, centrais telefônicas, aeroportos, etc (Figura 7.6). Os alimentadores podem originar da mesma SE ou não, neste caso a confiabilidade é maior. Figura 7.6 – Sistema radial seletiva. Figura 7.7 – Alimentadores em anel (a) aberto e (b) fechado. Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 189 ____________________________________________________________________________ 7.2.3 SISTEMA EM ANEL Este arranjo oferece melhor continuidade de serviço que o sistema radial, mas apresenta também custo mais alto. O anel pode ser fechado ou aberto. Nesta última versão, se comporta como dois alimentadores radiais. Cada um dos alimentadores tem sua própria área de atendimento, entretanto é dimensionado para assumir toda a carga do anel (Figura 7.7 a). O sistema anel fechado (Figura 7.7 b) é mais sofisticado pois emprega disjuntores em vez de seccionadoras, comandadas por relés de sobrecorrentes direcionais. 7.3 ALIMENTADOR SECUNDÁRIO O sistema secundário é a parte do sistema de distribuição entre o alimentador primário e o consumidor. Ele consiste dos transformadores de distribuição, circuito secundário e ramais de serviço. Os arranjos de sistema secundário são os seguintes: radial simples, secundário interligado e secundário reticulado. Existem dois tipos principais de circuito secundário: trifásico a quatro condutores e monofásico a três condutores. O primeiro é alimentado por transformador de distribuição trifásico com ligação delta do lado de alta e estrela com neutro aterrado no lado de baixa. As cargas trifásicas são ligadas aos três condutores de fase e as monofásicas podem ser alimentadas por fase e neutro (Vn) ou duas fases (√3Vn). Os valores mais comuns de Vn são 127 e 220 V (Figura 7.7). O circuito monofásico secundário a três condutores é alimentado através de transformador monofásico. Esse circuito possui duas versões: uma alimentada por duas fases do alimentador primário a 3 condutores (Figura 7.8a) e outra alimentada por uma fase e um neutro do alimentador primário a quatro condutores (Figura 7.8b). Em ambas as versões, as cargas monofásicas podem ser ligadas entre uma fase e o neutro, onde a tensão é 115 V, ou entre duas fases com tensão de 230 V. Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 190 ____________________________________________________________________________ Figura 7.7 – Sistema secundário trifásico a quatro condutores Figura 7.8 – Sistema secundário monofásico a três condutores (a) alimentado por duas fases e (b) alimentado por fase e neutro. Em sistemas aéreos, o circuito secundário é vertical , fixo no poste por isoladores tipo roldana. Quando o mesmo poste compartilha o circuito primário e o secundário, o circuito primário fica acima do transformador e o secundário fica abaixo. O espaçamento usual entre os condutores do secundário é de 20 cm, sendo o neutro o condutor do topo (ou o condutor utilizado para iluminação pública). Em geral os condutores do circuito secundário são nus, embora também se utilize cabos isolados. Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 191 ____________________________________________________________________________ Estes são mais caros, mas apresentam menor queda de tensão, podem ser utilizados em menor altura e, sobretudo são muito menos vulneráveis a defeito. A escolha do tipo e bitola do cabo do circuito secundário é feito com bases nos seguintes critérios: • Queda de tensão permitida: o valor da impedância do cabo (Ω/km) e o seu comprimento são fatores preponderantes na definição da queda de tensão entre o transformador e o consumidor; • Carregamento máximo do transformador: O valor da corrente máxima de carga define a bitola mínima que deve ser usada; • Balanceamento e fator de potência das cargas: o balanceamento entre as fases define se os valores de corrente em cada fase são semelhantes ou não. O fator de potência está diretamente ligado ao máximo valor de corrente que pode percorrer o cabo; • Espaçamento dos postes: a distância entre os postes define a tração que o cabo deve suportar; • Custos de perdas, equipamentos e mão de obra: o levantamento dos custos indica qual o melhor tipo de cabo a ser utilizado. 7.3.1 SISTEMA SECUNDÁRIO INTERLIGADO Esta é uma forma de secundário que se obtém do radial interligando-se os secundários de transformadores supridos pelo mesmo alimentador primário fazendo com que estes formem um banco. Além da proteção normal do sistema radial, com chaves fusíveis no primário, instalam-se também fusíveis ou disjuntores apropriados no secundário. O secundário interligado aplica-se em áreas de densidade de carga média, na faixa de 200 a 500 kVA/km2. É recomendável que os bancos não possuam menos de três unidades, para que possam manter nível de tensão e sobrecarga mínima nas unidades remanescentes quando uma delas saia de serviço. O secundário interligado oferece várias vantagens: • Reduz a queda de tensão devido a partida de motores; Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 192 ____________________________________________________________________________ • Atenua o problema de oscilação de tensão no secundário; • Permitediminuir a potência instalada em transformadorese as seções dos condutores secundários; • Favorece a auto-extinção mais rápida de defeitos no secundário melhorando a continuidade de serviço; • Facilita a inclusão de novas cargas. A proteção secundária pode ser feita de várias formas. Uma forma seria os fusíveis do transformador só operarem para defeitos no mesmo, isolando-o dos circuitos primário e secundário (Figura 7.9 a). Defeitos no circuito secundário são eliminados por auto-extinção. A continuidade de serviço é mantida, pois com a saída de um transformador sua carga é distribuída pelas unidades remanescentes. Uma segunda forma seria colocando os fusíveis no alimentador secundário, de modo que o defeito nestes ou no transformador que o alimenta seja isolado por ação dos fusíveis no primário e secundário. Por exemplo, um defeito no ponto P da Figura 7.9 b, queimaria os fusíveis 1, 2 e 3 desenergizando o trecho com defeito. Figura 7.9 – Circuitos secundários interligados. Um terceiro arranjo (Figura 7.10) substitui os fusíveis do secundário por pares de disjuntores. Com uma falha no transformador, queima-se o fusível primário e abrem-se ambos os disjuntores do secundário. Não há interrupção de serviço, exceto para os consumidores das pontas do alimentador exceto para os consumidores das pontas do alimentador, se o transformador defeituoso for um dos extremos. Falhas no circuito Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 193 ____________________________________________________________________________ secundário são isoladas pelos disjuntores secundários. Neste caso, ficam desenergizados os ramais ligados ao trecho defeituoso. Há transformadores de distribuição especialmente projetados para operação em banco chamados CSPB (completely self protected bank). Eles já incluem o fusível de alta tensão, os disjuntores secundários, além das lâmpadas de sinalização e proteção contra descargas. Figura 7.10 – Interligação do circuito secundário através de disjuntor. 7.3.2 SISTEMA SECUNDÁRIO RETICULADO O sistema secundário reticulado é utilizado em áreas urbanas de grande densidade de carga. As instalações são subterrâneas. Este sistema é praticamente imune a defeitos. Cada transformador é ligado ao secundário através de um disjuntor a ar comandado por relé de reversão de potência, denominado de protetor de malha (Figura 7.11). A função do protetor de malha é evitar o fluxo de energia no sentido da rede secundária para o transformador. Isto é importante pelo seguinte: quando ocorre defeito em um transformador, este é desligado automaticamente do alimentador primário por ação da chave fusível. A rede secundária continua energizada pelo outros transformadores, sem contudo alimentar o defeito, pois isto é prontamente evitado pelo protetor de malha. 7.3.3 SISTEMA SECUNDÁRIO RETICULADO EXCLUSIVO Esse sistema conhecido como spot-network, tem a mesma confiabilidade do sistema mostrado acima, mas é especialmente adequado para suprir cargas concentradas de grande porte. Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 194 ____________________________________________________________________________ No reticulado exclusivo os secundários de dois ou mais transformadores são conectados em paralelo, através de protetores de malhas, a um barramento secundário do qual são derivados alimentadores secundários radiais. Os transformadores são supridos por alimentadores primários distintos (Figura 7.12). A sua proteção é similar ao sistema mostrado acima. Só há interrupção de serviço quando ocorre defeito em todos os alimentadores simultaneamente, ou no barramento secundário. O sistema reticulado é o mais caro devido aos protetores de malha e do sobre- dimensionamento dos alimentadores e transformadores. Porém não há interrupção momentânea causada pela operação de chaves de transferência, como acontece no radial seletivo. Além disso, oscilações de tensão causadas por curto-circuito ou grandes cargas intermitentes são substancialmente reduzidas com o sistema reticulado. Figura 7.11 – Sistema secundário reticulado. Helton do Nascimento Alves 7. Distribuição de Energia 195 ____________________________________________________________________________ Figura 7.12 – Sistema secundário reticulado exclusivo.
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