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A cidade antiga segundo Ciro, Fustel e Finley

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Universidade Católica de Pernambuco
Centro de Teologia e Ciências Humanas
Licenciatura em História
História da Antiguidade Greco-Romana
Professora: Lídia
Aluna: Clara Maria Luna Varjão Schettini
A cidade Antiga
Finley:
O mundo greco-romano, mesmo a parte agrária, era um mundo de cidades. A vida civilizada só poderia ser imaginável em e por causa das cidades. O conceito de cidade era tão obvia para os antigos que eles não se preocuparam em definir o que era uma cidade. Pausânias nos deu uma noção do que era cidade em seu guia da Grécia antiga que sugeria que a cidade era mais do que um conglomerado de pessoa, precisava de condições para o bem-estar, construções, condições sociais, culturais e políticas. Na Política Aristóteles defende que uma cidade tem saúde, defesa, política e beleza. Nenhum dos dois leva em consideração o tamanho nem a definição administrativa. Qualquer território que tivesse um conglomerado com policiamento, taxação, manutenção de estradas, e outras necessidades sociais era considerada cidade.
A pólis (cidade-estado) adequada era autossuficiente. Essa autossuficiência (autarquia) é absurda de se imaginar que pode ser atingida. Na cidade antiga o urbano e o rural estava diretamente ligado, não havia essa distinção. A cidade antiga perderia sua autonomia com o passar do tempo, porém em seu território sempre incluía uma área rural as vezes de tamanho bem considerável. O campo era parte integrante da cidade para recolhimento de impostos. Nenhum estudioso discute que existia em Atenas uma cidade física e uma cidade estado distintas uma da outra. “O mundo antigo foi um mundo de cidades, mas cada uma foi um mundo em si mesma” (FINLEY, p.6) Segundo Finley o ponto de partida do historiador que estuda a cidade antiga deve ser a ligação entre o interior e a cidade. Estrabão, geógrafo, afirmava que os bárbaros se tornavam civilizados assim que estabelecessem na agricultura; segundo o autor, a cidade antiga é uma categoria distinta e distinguível e infelizmente poucos historiados da antiguidade buscaram diferenciar a cidade antiga das outras. Poucos que buscaram diferencias só levaram em consideração o fator quantitativo, existe um déficit no que diz respeito ao estudo da cidade antiga.
Fustel de Coulanges é citado por sua publicação da cidade antiga, Finley ressalta que a cidade do livro A cidade Antiga de Coulanges é a cidade-estado, seu tema é a origem da propriedade privada, a origem do Estado e as “revoluções” dentro do Estado antigo. Três coisas eram base da sociedade grega/italiana, a família, a religião e a propriedade, segundo Coulanges. Essa base depois foi transferida para as gens (unidades de parentesco maior) e por fim para o Estado mais primitivo. Para Fustel a transição histórica foi família/gens/Estado. Apesar do grande uso de fontes latinas e gregas Fustel não critica as fontes e o que ele insiste é que desde as primeiras civilizações a propriedade privada existia. Ente as consequências o livro a cidade antiga estão a influência na escola de Durkheim, a consanguinidade tendo papel central na antropologia social e a marca que deixou nos historiadores franceses da Antiguidade.
Mais tarde outro historiador, Glotz, citou Coulanges em seu livro, mas ele tinha uma ressalva: a história não é linear, era preciso se considerar o indivíduo. Mas é inegável que Fustel deixou uma contribuição considerável para algo que estava praticamente esquecido.
Uma das teorias da evolução das sociedades que mais se destacou foi a teoria das quatro fases, que seriam da caça, ao pastoreio, a agricultura, ao comercio. Um dos estudiosos que usou essas quatro fases foi Millar (1771) que disse que as causas dessas fases podiam ser a fertilidade ou pobreza do solo, a natureza dos produtos do país, os tipos de trabalhos para produzir a subsistência, o número de indivíduos, suas habilidades artísticas, as vantagens que desfrutam por entrar em transações mútuas e manter uma correspondência mútua. Fustel conhecia essa teoria, e até a aceitou até certo ponto, mas a abandonou depois e focou na religião.
Já Werner Sombart (1902) definia cidade como um assentamento de homens que dependiam dos produtos agrícolas estrangeiros. Ele estava concentrado no surgimento do capitalismo moderno, por isso não especifica a cidade que ele define. Vários estudos sobre a cidade surgiram entre Smith e Sombart, mas na sua maioria tentava explicar a evolução do feudalismo para o capitalismo, contendo observações ocasionais sobre a cidade antiga, uma dessas observações foi feita por Karl Bücher (1893) que é destacada por Finley. Bürcher adicionou a última fase da teoria das quatro fases, a economia, três divisões: a economia familiar fechada, a economia da cidade e a economia nacional, mas foi criticado e criou uma disputa que ficou conhecida como controvérsia de Bücher-Meyer, vencida por Meyer. Nesse mesmo ano (1893) Henri Pirenne lançou um artigo com ideias que iriam preocupá-lo por toda a vida. Ele tentava descobrir as causas do surgimento da cidade medieval e essa cauda se mostrou como um misterioso processo “natural”. Pirenne admirava Bücher, mas falava que suas teorias eram mais econômicas do que evidências históricas. Pirenne foi criticado por Weber e admirado por Georg von Below, entretanto, apesar da admiração desse ultimo ele concluiu que a preocupação de Pirenne pela norma estava fadada ao fracasso e que os desvios são mais interessantes e não são menos importantes do que a norma. Eduard Meyer, da controvérsia de Bücher-Meyer, não aceitou as teorias de Bücher e foi criticado pelo mesmo por não ter conhecimento essencial da economia e no final de sua vida escreveu um longo ensaio que destruiu as conclusões apresentadas por Meyer e Beloch. Bücher sabia que a família fechada não era a única formação na antiguidade Greco-romana, mas tratou isso superficialmente. Ele usou a cidade antiga no seu esquema de evolução focando na mudança da relação da cidade com o campo. Na cidade antiga o romano da cidade era proprietário da terra, o que não acontecia na cidade medieval, onde a cidade e o campo tinham se separado economicamente. Sombart usou o termo cidade de consumo para se referir a cidade que sua manutenção é feita através de impostos ou rendas. Os criadores originais (proprietários de terra) eram os consumidores, os subsequentes (trabalhadores da terra) eras os produtores e os últimos era os dependentes (escravos) que dependiam dos consumidores, essas eram as classes nas cidades consumidoras.
Max Weber era próximo do pensamento de Sombart e em um de seus livros defendeu Bücher, apesar de não incondicionalmente. Em seu ensaio sobre a cidade, obra póstuma sem indicar sequência de suas partes, teve importantes precursores. Weber foi o sociólogo mais histórico, ele tinha interesse em dois temas: a organização da exploração da terra e o desenvolvimento das práticas instituições comerciais. Ele escreveu Agricultura Romana de forma sistemática e acadêmica e depois, sobre a cidade antiga, só terá uma obra póstuma que ficou titulada por sua viúva como “uma espécie de sociologia da Antiguidade”, a preocupação de Weber é as inter-relações socioculturais e as dinâmicas das instituições sociais. Seu livro sobre a cidade é menos histórico. Weber nunca publicou um estudo sobre a cidade antiga, para conhecer a visão dele sobre esse assunto é necessário ler sua obra como um todo e não apenas seus escritos declaradamente sobre a cidade antiga. Vê-se uma definição de econômica que está em sintonia com Sombart que diz que: “a cidade é um lugar no qual a população residente satisfaz uma parte economicamente essencial de suas necessidades diárias no mercado local, (...), por meio de produtos que os residentes e os habitantes das proximidades produziram ou adquiriram para vender no mercado.” A renda dos grandes consumidores vinha da renda, da exploração da terra. Originalmente as cidades se formaram em volta das residências dos proprietários de terra, e enquanto ia crescendo diminuía a quantidade de proprietários de terra, mas,continuava a ser uma cidade de consumo. A escravidão era a diferença básica ente a cidade antiga e a cidade medieval. A escravidão bloqueou a expansão de mercado e o campo do trabalho livre. Os proprietários de escravos e terra na cidade antiga vivia de renda e não eram empresário. Além da definição de economia da cidade das anteriormente Weber afirma que essa definição não está completa, essa aglomeração regula a economia e a política também. De forma abrupta a política se muda para o centro, a cidade reaparece com um título maior, como lugar de dominação não legítima e é só parte de uma sessão maior, incluindo burocracia e carisma, a preservação e o crescimento do Estado- nação supera todas as outras considerações e interesses segundo Weber. Outra coisa discutida é a cidade “típica”, vale observar que mesmo depois do domínio do império romano as cidades sobrevivem apesar de perderem a autonomia política econômica, a tipologia da cidade de Weber só pode ser entendida como a cidade ideal, mas, na verdade a tipologia das cidades era fluida, porém isso não impedia de se definir predominantes típicos. Por causa dessa fluidez ele sempre usava as aspas em termos como “capitalismo” e “feudal” para mostras que nem sempre essa era a regra. Weber argumenta que o Império romano destruiu as preliminares do capitalismo que existia na cidade antiga por diversos motivos. Apesar de o conhecimento do mundo grego de Weber é bem menor que do mundo romano algumas perguntas continuam pertinentes: por que o camponês era um elemento da cidade antiga e não na medieval; por que a associação que não existia na cidade antiga existe na medieval; não foi encontrado nas cidades antigas entrepostos comerciais, nem sedes de corporações ou bolsas, ao lado das catedrais que são até hoje glórias arquitetônicas; Outra explicação que precisa ser dada é o fato de o urbanismo antigo ter decaído na idade média ao ponto de precisar de um novo nascimento das cidades.
Para responder essas questões que continuam Finley recorre a Karl Marx, a quem Weber rejeitava, que dizia (junto com Engels) que as cidades comerciais eram um fenômeno muito antigo e que, em alguns casos, levou a uma manufatura altamente desenvolvida. O capitalismo para Marx, assim como para Weber, estava no centro de seus interesses, entretanto suas análises eram conflitantes apesar de Weber concordar que a interpretação sobre história de Marx ajuda a entender o desenvolvimento da sociedade moderna industrial. Marx nunca escreveu exclusivamente sobre a o mundo antigo, muito menos sobre a cidade antiga, o que Finley usa são trecho e comentários deles que se adequam a esse tema. A primeira coisa citada é a afirmação de Marx de que toda divisão de trabalho que alcançou algum grau de desenvolvimento e foi através da troca de mercadorias está ligada pela separação da cidade do campo. Ele afirma que na antiguidade a cidade e com seu território era a totalidade econômica, o agricultor é o residente da cidade. O poder militar estava mais ligado ao desenvolvimento econômico do que qualquer outro modo de produção, apesar dos escravos manterem em casa a produção das necessidades desses exércitos, esses escravos vinham através das guerras. Finley diz que a história da origem da cidade dificilmente escapa da ideia de cidade ideal, e que o número de estudo sobre cidades individuais está crescendo, porém, esse estudo não tem um foco, tudo que se sabe sobre aquela cidade tem a mesma importância, a abordagem usualmente é descritiva e positivista, entretanto, Finley não descarta a importância desses estudos para a construção do conhecimento apesar de achar que os resultados apresentados por Marx, Sombart, Weber periféricos. Além disso ele diz que a história das cidades individuais não alterou o estudo da cidade antiga e também critica as perguntas que sempre são feitas sobre esse assunto (de que tamanho? Quantos? Que monumentos? Qual o grau de comércio? Que produtos?) e destaca dois fatos: o mundo greco-romano era o mais urbanizado do que qualquer outra sociedade antes da era moderna e que a cidade-Estado, onde a cidade e o campo estavam intimamente ligados, continuou sendo o módulo básico mesmo depois que o Estado perdeu seu sentido original. Um fato é indiscutível, que existiram cidades-consumidoras por toda Antiguidade. Cidade-consumidora era aquela que a economia e as relações de poder dentro da cidade baseavam-se em riqueza gerada por rendas e impostos que circulavam entre os habitantes, isso não exclui a importância dos artesões e comerciantes para a produção dessa circulação intraurbana e a existências desse não desqualifica a cidade como consumidora. Não está sendo sugerido que todas as cidades-consumidoras são iguais, mas foram variações do tipo ideal que ajudou a estabelecer uma tipologia da cidade antiga. Finley conclui dizendo que a cidade antiga se estende por todo seu território agrícola e que ela não existe isoladamente, é parte integrante de uma estrutura maior. Por raras exceções, as cidades greco-romanas não tinham todos os fatores em comum de peso suficiente para ter uma categoria exclusiva para ela que a diferenciasse da cidade oriental ou medieval. A cidade antiga era um “tipo”.
Ciro:
Ciro define que o período da história da antiguidade greco-romana está entre 1.500 a.C. a 500 d.C. e tenda, através de outros teóricos saber se é possível se estudar a história econômica do mundo greco-romano. Ele cita Snodgrass que fala que se perguntássemos a um grego sobre sua economia ele não teria ideia do que estamos falando, pois, a noção de economia só surge, como disciplina, em 1890. Precisamos então estudar a economia da antiguidade sem separar a atividade econômica das atividades sociais e políticas, assim como os gregos faziam. Ciro usa alguns estudiosos para tentar definir economia, Erich Roll diz que para estudar esse campo era preciso conhecer o “sistema econômico” como um conglomerado de mercados independentes, o processo de troca e formação de preços deve ser o que os economistas devem explicar. Outra definição vem de Engels que diz que a ciência econômica se refere as condições e formas que diversas sociedades humanas produziram, trocaram e repartiram produtos. Ele fala sobre a dificuldade de se aplicar as teorias do modo de produção capitalista nas do modo de produção pré-capitalistas. Somente quando as categorias econômicas se articulam na realidade social, formando um sistema autônimo autorregulado, pôde surgir a economia política. Marx diz que a economia política só pode se aplicar aos escritores gregos em certo ponto, pois, a ciência econômica historicamente é do capitalismo e que certas características da sociedade capitalista já puderam ser percebidas pelos gregos, seria a gênese da forma de produção capitalista. Eles não acham impossível a existência de uma economia política universal mas, afirmam que a influência dos fatores extra econômicos na econômica sejam maior na sociedade pré-capitalista, assim Ciro afirma que a economia política pode ser aplicada em sociedades pré-capitalistas quando se leva em conta suas peculiaridades, precisamos saber se existem, na sociedade pré-capitalista regularidades passíveis de teorização e para afirmar que é possível usa Witold Kula que diz que podemos construir teorias sobre fenômenos observando a ação humana que se move no mesmo sentido e que seja reiteráveis em períodos e espaços delimitados, porém, para isso acontecer, precisamos de fontes. Outra observação é que nem sempre se está falando da mesma economia, o que é economia para uns pode não ser para outros.
No mundo acadêmico da época de Ciro o centro da explicação era a cidade-Estado que não foi o elemento organizador do mundo greco-romano durante todo os dois milênios de sua história o que torna inadequada essa exclusiva atenção se o objetivo é estudar a totalidade da história antiga da Grécia e de Roma. Em Oposição a autores anteriores que descreveram a economia da antiguidade de maneira muito moderna cometendo até mesmo anacronismos surgiu uma corrente acadêmicaque afirmava a impossibilidade de definir a economia na Antiguidade clássica. Analises modernas viam a cidade-Estado como um parasita do campo e o surgimento da moeda se deu por razões políticas e não econômicas e a grande gravitação da economia em torno da religião. Ciro destaca a crítica ai anacronismo e a necessidade de se colocar o social na economia pré-capitalista, outra crítica é aos autores que deixaram de fazer uma análise crítica da antiguidade e que há aspectos econômicos que não devem ser subsumidos à política e à ideologia. Ciro cita o exemplo de um livro que mostra que a economia possuía fatores como monopólio e comercio entre regiões distantes. Ciro destaca que quando é feita uma relação entre fatores sociais/ideológicos com o objeto e meios de trabalho e as capacidades físicas e mentais desses trabalhadores se tem um enriquecimento da análise.
Sobre a sociedade antiga Ciro começa falando o que ele acha inadequado na analise dessa sociedade a analise que aceita a visão dos antigos sobre eles mesmos, sem críticas; e a analise feita por marxistas que colocaram a luta de classes como o fator que levou a queda do império romano, porém as análises que se seguiram a essas correntes também não foram satisfatórias por negar a existência de classes na sociedade antiga. Existem duas vertentes, as que analisam a existência de classes só quando são bem definidas e a que admiti a existência de classes de maneira mais geral. A dificuldade dos últimos é a documentação que mostre essa consciência no mundo antigo, nas sociedades pré-capitalistas as classes só podem ser vistas através de interpretação histórica. Marx chegou a equivaler os estamentos as classes afirmando que os estamentos não eram exclusivamente ideológicos ou políticos, mas também ligados a economia e a forças produtivas. Outro ponto levantado é se os escravos constituíam uma classe, para Niquet, na sociedade Grega, a resposta era negativa. Na opinião de Clavel-Lévêque e Favory nas relações de produção fundamentais o papel de alguns escravos podia ser reconhecido o caráter de classe, posição para a qual Ciro é mais favorável. Ele destaca que existiam situações de escravidão diferentes, mas que não temos dados sobre essas diferentes escravidões, porém, as fontes existentes são suficientes para afirmar que os escravos de trabalho braçal eram muito mais numerosos do que os escravos sociais e economicamente privilegiados.
Sobre antes da cidade-Estado Ciro cita fontes que temos acesso, como a Íliada, a Odisséia e um Poema de Hesíodo que fala sobre a agricultura e suas técnicas, tipos de trabalhadores, porém esses textos foram difundidos oralmente e escritos num período posterior a cidade antiga, por isso devemos buscar na arqueologia dados sobre a Idade do Ferro na Grécia antiga. A arqueologia mostra que existiu um período de diminuição populacional na Grécia antiga e que existiram fases na metalurgia, no comercio, na cerâmica e na navegação. Ciro, nessa parte do texto, fala mais sobre a Grécia e mostra que apartir do século VIII a.C. em função do intercambio maior com o Levante e a Ásia menor se desenvolveu na Grécia a sua metalurgia e o alfabeto. Já as fontes escritas vemos a importância de Homero e que esses textos devem se referir ao período de X e IX a.C período antes da pólis, antes do trabalho físico ser conotado negativamente e quando a casa real ainda era o oikos. O oikos era formado por familiares, homens livres, escravos e propriedades do chefe. As relações externas variavam de relações de hospedes e hospedeiros, comercio, pirataria e guerra. Uma conclusão levantada por Ciro que é tirada de Finley é que a pior situação no mundo Homérico não é a escravidão e sim a condição de thes (pessoa que não pertence a um oikos) que, para Ciro, é uma conclusão precipitada. Ciro classifica as categorias socias da seguinte maneira: dentro do oikos o rei ou aristocrata e sua família, seguida dos servidores e agregados livres e os escravos; fora do oikos os que trabalhavam para o povo (artesãos, arquitetos, poetas, etc.), em seguida os camponeses livres e proprietários de terra e por fim os thetes. Por algum tempo os genos foram interpretados como clãs, ou terras comunais, mas essa interpretação não sobrevive a uma análise mais atenta.
Quando diz respeito a cidade pré-romana (até o séc. VI a.C.) Ciro cita Tito Lívio que fala do período do sec. III a.C. e Massimo Pallottino fala do período de 720 a.C. sobre os estruscos usa Tito como fonte sobre a civilização pré-romana, apesar de a maioria das fontes desse período ser a arqueologia. Através da linguística acredita-se que a península italiana tenha começado a ser povoada a partir de 2200-2100 a.C. por povos de língua indo-européias que deu origem a várias línguas. O que se sabe é que entre os séculos VIII e VI a.C. a Grécia fundou várias colônias na costa sul da Itália que levou a diversos conflitos com fenícios e etruscos. Com a adoção do alfabeto por volta de 700a.C. a Itália entra no período histórico. No início do século IV a.C. os gauleses se estabelecem no norte da península desalojando os etruscos dali. O Lácio, onde se formaria Roma, apresenta um entrecruzamento de culturas diversas. Entre essas culturas se destacam os etruscos que se desenvolveu entre 720 e 300 a.C. em uma região com rico solo vulcânico e recursos metalíferos e que no seu final foi quase toda absorvida culturalmente pela romana. Apesar de alguns estudos dizerem coisas diferentes, Ciro, assim como Finley, considera que a cidade-Estado só surgiu quando a monarquia desapareceu e se desenvolveu um sistema político baseado na magistratura eletiva.
A força de trabalho etrusca parece está concentra em um habitat urbano, vê-se técnicas mediterrâneas de agricultura e especificamente dos etruscos técnicas hidráulicas de drenagem e canalização. Apesar da economia basicamente agrícola a metalurgia também estava presente com o beneficiamento do ferro na ilha de Elba e existia trabalhos de cerâmicas que eles copiavam da Grécia. A organização etrusca seria dividida em grupos de senhores, os trabalhadores que seria uma “servidão intercomunitária”, e grande autonomia das mulheres das classes dominantes (traço semelhante ao Oriente Próximo), inscrições etruscas citam os lautni (libertos) e os etera (clientes). Estudos mostram que a Roma Primitiva era formada por diversas aldeias independentes habitadas por pastores e agricultores, mais tarde algumas aldeias se juntaram e formaram uma liga religiosa e, talvez, também defensiva, o Septimontium. Escavações constatam que por volta de 575 a.C. se deu a primeira urbanização de Roma, essa urbanização se divide em 3 fases, uma mais lenta, a segunda mais rápida e a ultima com um leve declínio. Deve ser salientado que antes das leis das doze tábuas não se tem dados suficientes para falar sobre a organização econômico-social de Roma. Um ponto bem estabelecido é que no século VI a.C. tiveram as reformas de Sérvio Túlio que acarretou uma série de mudanças. A existência das cúrias (parte da estrutura social que era composta pela reunião de algumas famílias) também parece bem confirmadas, apesar de existirem vários paralelos italiotas, mas deixa claro que no período antes da república a divisão entre patrícios e plebeus se aplica.
Coulages:
Fustel de Coulanges falou da dificuldade de se estabelecer os anos em que a cidade antiga começou, era difícil a família fosse autossuficiente em todas suas necessidades. Cada família tinha suas divindades, e com o tempo, quando várias famílias começaram a formar um grupo criaram um outro culto a um deus superior, comum a todas elas, assim se formavam as fratrias (gregas) e as cúrias (latinas) que tinham suas cerimonias sagradas que sobreviveram até a época de Atenas e Roma. Até os últimos tempos da Grécia era necessária uma admissão religiosa do cidadão que fosse filho legítimo de uma fratria. Cada fratria ou cúria tinha um chefe, várias cúrias ou fratrias formaram as tribos, que desenvolveu seu próprio deus e tinha também um chefe. Podemos dividir a religiãodesses antigos em duas fases, a primeira cultuava os antepassados, a alma humana; e a segunda a natureza física, sentia a todo momento sua fraqueza em relação a natureza poderosa. Isso não conduziu eles a um deus único, eles tinham vários deuses. O homem ligou o divino ao princípio invisível, à inteligência, também aplicou a divindade a objetos exteriores que amavam ou temiam, essas duas visões não se combateram, coexistiram por muito tempo enquanto existiram a sociedade grega e romana. Apesar de muitas vezes o que era adorado ser a mesma figura da natureza, em cada comunidade lhe era dado um nome diferente, fazendo com que não se reconhecessem que adoravam ao mesmo deus. 
Com o tempo, deuses de famílias que começavam a prosperar se tornaram deuses das cidades e a essas famílias ficava reservado o sacerdócio. Essa religião da natureza se desenvolveu junto com a cidade. A junção de fratrias se tornou em tribos e a junção de tribos se tornou em cidades com uma religião comum para as tribos. Coulanges destaca que mesmo depois que se formou as cidades as fratrias e as tribos não perderam sua individualidade, era uma espécie de confederação que respeitava a religião das cúrias e famílias durante muitos séculos. Nos primeiros séculos de Roma o povo votava por cúria ou por gentes. Já na Grécia para se tornar um cidadão o processo era separado, primeiro se admitia a criança na família, anos depois se ingressava na fratria e com dezesseis anos se apresentava para ser admitido na cidade para se tornar cidadão através de cerimonias e cultos, o mesmo processo que a sociedade trilhou. Na Grécia essas uniões foram acontecendo até se ter doze confederações que depois de anos quando surgiu Teseu, herdeiro de Crecrópidas (chefe de uma dessas confederações), unificou essas confederações e fundou a unidade ateniense, religiosamente mantiveram sua individualidade, conservaram seus chefes, juízes e direitos, mas acima desse governo existia o governo central da cidade. Coulanges afirma que para essas sociedades primitivas não é fácil fundarem cidades para dar-lhes regras comuns, era necessário algo mais forte, a crença comum, a medida que os homens sentem que tem divindades em comum eles unem-se e formam grupos mais amplos. A religião foi, entre os antigos, o sopro inspirador e organizador da sociedade. A partir daí, as novas cidades que se formavam nem sempre seguia esse mesmo percurso das primeiras cidades, os chefes que iam fundar novas cidades já tinham um modelo que tentavam reproduzir e quando em certo pais os homens viviam sem lei e organização social se estabelecia uma divisão em tribos e fratrias e se instaurava um herói para o grupo, sacrifício e tradições. Coulanges fala que entre os antigos existia a diferenciação entre cidade e urbe, sendo a primeira uma associação política, religiosa e familiar e a segunda o lugar de reunião, domicílio e santuário. A cidades não eram um crescimento natural de uma aldeia, ela era montada em um dia, mas começava a ser planejada antes. Depois que famílias, fratrias, tribos, concordavam em se unir a cidade seria o lugar desse culto comum e a fundação dessa cidade constituía de um culto religioso existem relatos dessa cerimônia religiosa na fundação de Roma. O primeiro cuidado do fundador é escolher o local da nova cidade através da orientação dos deuses, que através dos oráculos mostram onde deve ser a cidade e um sacrifício é feito e um pouco de terra da cidade natal de cada um dos que estavam participando da fundação da cidade era trazido para que seus ancestrais viesse para a nova cidade com eles. Nessa cidade era erguido um altar onde o fogo era aceso e em volta do qual a cidade era erguida e um sulco sagrado era feito em volta da cidade demarcando os limites. Ele descreve a fundação de Roma de acordo com testemunhas da época que comemoraram essa fundação todos os anos no que se chamou de natal de Roma. Coulanges afirma que Rômulo não foi o primeiro a fazer isso, existem relatos de fundações de cidades anteriores que tiveram ritos e que foram indicadas onde deveriam ser pelos oráculos. As cidades antigas conheciam seus fundadores e a história da sua fundação e comemoravam esse dia nos seus natais. Uma cidade no pensamento antigo era fechada dentro de limites sagrados, estendendo-se ao redor do altar, a cidade era o domicílio religioso, que recebia deuses e homens e jamais devia ser abandonada a cidade estava intimamente ligada a religião.

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