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Resenha Crítica- Quem eram os Gregos

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Produzido por Ana Gabriela Vasconcelos Cavalcante
 Licencianda em História pela UFRPE
Resumo da obra:
Quem Eram os Gregos
 
Autor: Jonathan Mark Hall
É preciso, antes de iniciar o debate sobre como fora construída a identidade grega,
compreender que a noção de ‘herança cultural’ e de ‘classicismo’ são invenções da
modernidade.
Myres defende que os gregos não possuíam uma cultura homogênea, tampouco eram um
povo homogêneo. Mas que teriam surgido a partir de uma população mista que habitava a
Grécia na Idade do Bronze. Porém, de acordo com sua concepção, o surgimento ou
formação dos gregos era resultado de um processo de seleção natural, que mesmo tendo
uma ancestralidade mista, o povo grego da época clássica chegou a estar constituído de
tipos muito próximos, quase de ‘sangue puro’. Ele defende também que os gregos estavam
num constante processo de ‘vir a ser’, ponto no qual Hall concorda, inclusive.
Segundo Jonathan Hall: “A etnicidade depende de categorização, ou seja, da habilidade em
dividir o mundo entre ‘nós’ e ‘eles’. E a categorização é muito melhor operacionalizada
quando há nomes.”. Ele também pontua a necessidade de compreendermos como os gregos
se enxergavam, afirmando que a etnicidade deve ser compreendida a partir da percepção
interna que cada grupo tem de si e do grupo ao qual pertence assim ela não vai se definir a
partir das diferenças objetivamente observáveis, mas sim por aquelas que os grupos
consideram como significantes.
O século VI a.c foi fundamental para a cristalização de uma identidade grega, e percebemos
isso através do poema ‘Catálogo de Mulheres’. Pois a narrativa propõe a construção de uma
genealogia dos principais grupos étnicos da Grécia antiga, através de similaridades que
apresentavam, buscando construir uma identidade helênica mais abrangente. Era uma
forma de comunidades independentes construírem um laço étnico agregando a mesma
árvore genealógica com o nome de seus ancestrais. Apesar de a origem ser incerta, atribuí-
se aos tessálios já que o herói Heleno, nome do qual deriva a noção de Helenidade,
apresentada, inclusive por Heródoto, deriva sua descendência do herói tessálio Deucalião.
A construção dessa genealogia, bem como dessa identidade helena, influenciava tanto as
comunidades gregas, que a participação nos jogos olímpicos estava ligada à descendência
helênica, e aqueles que não possuíam tal descendência a forjavam a fim de participarem dos
jogos. 
Porém, a partir do contato com bárbaros, o mecanismo de autoconsciência dos gregos se
modifica não mais se apegam apenas às similaridades que agregam, mas aos elementos que
os distinguem dos bárbaros. E, na concepção de Heródoto a noção de identidade grega vai
ser definida a partir dos seguintes elementos: descendência, língua, religião e costumes.
Aceita, ainda como a principal ou válida definição de Helenidade.
Jonathan Hall trás uma abordagem crítica acerca dos elementos utilizados por Heródoto
para definir o que seria a Helenidade. Pois, explicita que, no tocante à descendência, a
construção da narrativa mítica do 'Catálogo de Mulheres’, propõe que a noção de
descendência comum fora construída pelos gregos. Além disso, quando se refere à
linguagem o autor pontua que não havia um idioma grego único, pois as pólis acabavam por
desenvolver seus próprios dialetos, que poderiam ser semelhantes, como também
poderiam ser incompreensíveis entre si. Além disso, Hall afirma que as crenças e práticas
religiosas podiam variar de região para região, referente às cidades-estado. Ou seja, não
havia uma unidade religiosa. Ainda, as similaridades de costume não eram propriamente
vistas de si para si, mas tomando as diferenças de outras sociedades como espelho a fim de
perceber o que os próprios gregos tinham de comum entre si.
Porém, é importante considerar que Heródoto conferia maior importância aos
costumes, ao idioma e à religiosidade do que à descendência. E, tal ponto é importante,
pois os próprios gregos também passam a conferir maior importância aos elementos
culturais na definição de sua própria identidade. Inclusive, documentações atenienses
evidenciam tal concepção. Porém, não nos é possível afirmar que a definição de
Helenidade feita pelos atenienses era aceita por todos os gregos, mesmo porque, para
outras camadas da sociedade, garantir a subsistência e a defesa eram provavelmente 
 mais relevantes do que definir uma identidade grega.
Por fim, Hall afirma que, mediante o que fora explicitado, Myres não estava errado ao
definir que os gregos estavam num constante processo de tornarem gregos, entretanto
os mecanismo cruciais de tal processo não era descendência, mas sim as construções
constantes de costumes e cultura. Portanto, Jonathan Hall concorda com Myres
quando fala do processo constante de construção da identidade grega, porém diferente
dele, não lhes confere uma perspectiva biológica e racializada, mas sim simbólico
cultural.
O que defende Jonathan Hall?
A construção de uma visão heterogênea relacionada à sociedade grega da antiguidade.
Afirmando que na mentalidade ocidental é comum a associação da Grécia como uma
cultura homogênea e pura, sendo o berço da civilização e atribuindo-lhes o surgimento
das bases políticas, culturais, educacionais e filosóficas que fundamentam a cultura do
Ocidente. Nesse sentido, comumente circunda no senso comum a noção de ‘herança
cultural’ única. 
Qual a questão central que ele aborda?
Propõe uma descristalização da cultura grega, problematizando a noção de
homogeneidade identitária atribuída à Grécia Antiga. Ele aponta, ainda, o quanto a
genealogia proposta foi construída pela narrativa mítica e influenciou tanto nas noções
de etnicidade e hereditariedade daquelas sociedades, que levavam as pessoas que não
podiam participar dos jogos olímpicos a forjarem uma identidade e herança grega para
poderem jogar.
Como constrói sua argumentação?
A partir da crítica a concepção de John Myres que defende a construção da identidade
grega a partir de uma perspectiva biológica, num processo de seleção natural. Pois,
diferente deste, Hall trás uma abordagem simbólico cultural, não racializada para a
formação da identidade grega. 
Em que Hall discorda de Heródoto?
Das supostas similaridades entre o idioma, a religião, os costumes e a descendência
grega, utilizadas por Heródoto para definir o que viria a ser a Helenidade, ou seja, os
elementos de constituição da identidade grega. 
Em que ele discorda de Myres?
Ele concorda com Myres na ideia de que os gregos estavam num constante processo de
se tornarem gregos. Porém, diferente ele se refere aos costumes e culturas, e não há
uma ancestralidade comum.
Referência Bibliográfica principal:
HALL, J. Quem eram os gregos. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia. São
Paulo, 11: 213-225, 2001.

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