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Agricultura Internacional e o Meio Ambiente - Livro-Texto - Unidade III

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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
Unidade III
5 MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO: ALGUMAS REFLEXÕES
5.1 Comércio internacional e meio ambiente
A seguir, por meio de vários gráficos, poderá ser verificada a produção mundial dos principais produtos 
agrícolas e sua comparação com a produção brasileira. Note‑se, entretanto, que há divergências entre 
os dados obtidos pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) e os que temos no 
Brasil, obtidos das mais diversas fontes.
Também cabe esclarecer que mesmo utilizando dados oficiais do Brasil, seja do IBGE, seja de ministérios, 
sindicatos e associações, também temos dados divergentes entre os disponibilizados pelas próprias entidades, 
ou não disponíveis. Nossa intenção com os gráficos é de, pelo menos, dar uma ordem de grandeza.
No próximo gráfico, temos o crescimento da área agricultável utilizada nos últimos anos, de acordo 
com a FAO (2015b):
19
61
4.100.000
4.200.000
4.300.000
4.400.000
4.500.000
4.600.000
4.700.000
4.800.000
4.900.000
5.000.000
4.922.206,56
19
63
19
65
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Figura 30 – Evolução da área agricultável mundial (em milhões de ha)
No gráfico a seguir, a utilização de fertilizantes químicos na formulação NPK pelo planeta, de acordo 
com a FAO (2015a):
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Unidade III
2008
145.000
150.000
155.000
160.000
165.000
170.000
175.000
180.000
185.000
190.000
161.829
161.659
170.845
176.784
180.079
183.175
186.895
190.732
195.000
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Figura 31 – Evolução do consumo de (N+P2O5+K2O) (em milhares de toneladas)
Para atender a toda essa população, a produção agrícola mundial, nos seus principais produtos, 
elevou‑se. O Brasil é um país que apresenta boas vantagens no cenário mundial para alcançar um grande 
crescimento. Conta com um mercado interno extenso, e as vantagens aumentam quando consideramos 
que o nosso país possui um sistema financeiro robusto – embora conservador –, expectativa de 
crescimento a longo prazo, instituições democráticas, estabilidade macroeconômica, além de certa 
segurança para os negócios e investimentos.
Sabendo que o crescimento é um fator essencial para reduzir a pobreza e melhorar o IDH estabelecido 
pelo Pnud, torna‑se fundamental que a população tenha também acesso à educação.
Quanto aos principais produtos agrícolas, podemos verificar nos vários gráficos a seguir.
5.1.1 Soja
A soja é um grão pertencente à família que compreende também plantas como o feijão, a lentilha 
e a ervilha. Muito versátil, dá origem a produtos e subprodutos muito usados pela agroindústria, bem 
como pelas indústrias química e de alimentos. Na alimentação humana, a soja entra na composição de 
vários produtos embutidos, como a salsicha, em que é descrita como proteína de soja (são denominados 
ingredientes extensores), em chocolates, em temperos para saladas, entre outros produtos.
A proteína de soja é a base de ingredientes de padaria, massas, produtos de carne, cereais, misturas 
preparadas, bebidas, alimentação para bebês e alimentos dietéticos. A soja também é muito usada pela 
indústria de adesivos, nutrientes, alimentação animal, adubos, formulador de espumas, fabricação de 
fibra, revestimento, papel e emulsão de água para tintas.
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
Seu uso mais conhecido, no entanto, é como óleo refinado, obtido do óleo bruto. Nesse processo, 
também é produzida a lecitina, um agente emulsificante (substância que faz a ligação entre as fases 
aquosa e oleosa dos produtos), muito usada na fabricação de salsichas, maioneses, achocolatados, entre 
outros produtos. Na indústria, seu uso está nas mais diversas formas, entre as quais: desinfetantes, 
isolação elétrica, inseticidas, tintas para impressão, revestimentos, plastificadores, massa para vidraceiro, 
sabão, cimento à prova d’água, cosméticos, pigmentos, substituto do leite para bezerros, produtos 
farmacêuticos, fabricação de margarina e de gorduras vegetais.
Veja a evolução da produção mundial de soja em comparação com o Brasil, de acordo com a FAO (2015b):
19
61
0
50.000.000
100.000.000
150.000.000
200.000.000
250.000.000
300.000.000
81.724.477
276.032.362
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Mundo Brasil
Figura 32 – Evolução da produção mundial de soja em comparação com o Brasil (em toneladas)
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos EUA. Na safra 2013/2014, a 
cultura ocupou uma área de 30,1 milhões de hectares, o que totalizou uma produção de 85,6 milhões 
de toneladas.
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
Tabela 30 – Principais produtores mundiais de soja (2013)
País Toneladas
Estados Unidos 89.483.000
Brasil 81.724.477
Argentina 49.306.201
China 11.951.379
Índia 11.948.000
Paraguai 9.086.000
Fonte: FAO (2015b).
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Unidade III
5.1.2 Arroz
O arroz é um dos alimentos mais consumidos no mundo. Acredita‑se que metade da população 
mundial consuma arroz diariamente. O arroz é um cereal de cor amarelada, envolto numa casca da 
mesma cor. O arroz branco é resultado do processo de parboilização.
Veja a evolução da produção mundial de arroz em comparação com o Brasil, de acordo com a 
FAO (2015b):
19
61
0
100.000.000
200.000.000
300.000.000
400.000.000
500.000.000
600.000.000
700.000.000
800.000.000
11.549.881
701.974.998
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Mundo Brasil
Figura 33 – Evolução da produção mundial de arroz em comparação com o Brasil (em toneladas)
 Observação
A parboilização é o processo hidrotérmico no qual o arroz em casca é 
imerso em água potável a uma temperatura acima de 58 ºC, seguido de 
gelatinização parcial ou total do amido e secagem.
O Brasil é o nono maior produtor mundial e colheu 11,5 milhões de toneladas na safra 2013‑2014. A 
produção está distribuída nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso.
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
Tabela 31 – Principais produtores 
mundiais de arroz (2013)
País Toneladas
China 205.206.520
Índia 159.200.000
Indonésia 71.279.709
Bangladesh 51.500.000
Vietnã 44.039.291
Tailândia 36.062.600
Fonte: FAO (2015b).
5.1.3 Trigo
O trigo é o segundo cereal mais produzido no mundo, com significativo peso na economia 
agrícola global.
Veja a evolução da produção mundial de trigo em comparação com o Brasil, de acordo coma 
FAO (2015b):
19
61
0
100.000.000
200.000.000
300.000.000
400.000.000
500.000.000
600.000.000
700.000.000
800.000.000
4.418.388
671.481.923
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Mundo Brasil
Figura 34 – Evolução da produção mundial de trigo em comparação com o Brasil (em toneladas)
No Brasil, o trigo é cultivado nas regiões Sul, Sudeste e Centro‑Oeste. A produção 
recebe reforço sistemático dos órgãos de governo, uma vez que as condições climáticas são 
desfavoráveis à cultura. Por essa razão, cerca de 6,6 milhões de toneladas foram importadas 
pelo país em 2014.
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Unidade III
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
Tabela 32 – Principais produtores 
mundiais de trigo (2013)
País Toneladas
China 121.930.527
Índia 93.510.000
Estados Unidos 57.966.658
Rússia 52.090.797
França 38.613.900
Canadá 37.529.600
Fonte: FAO (2015b).
5.1.4 Cana‑de‑açúcar
O Brasil não é apenas o maior produtor de cana, é também o primeiro do mundo na produção de açúcar e 
etanol e conquista, cada vez mais, o mercado externo com o uso do biocombustível como alternativa energética.
Veja a evolução da produção mundial de cana‑de‑açúcar em comparação com o Brasil, de acordo 
com a FAO (2015b):
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0
500.000.000
1.000.000.000
1.500.000.000
2.000.000.000
2.500.000.000
768.090.444
1.911.179.775
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Mundo Brasil
Figura 35 – Evolução da produção mundial de cana‑de‑açúcar em comparação com o Brasil (em toneladas)
Responsável por mais da metade do açúcar comercializado no mundo, o Brasil deve alcançar taxa 
média de aumento da produção de 3,25% até 2018‑19 e colher 47,34 milhões de toneladas do produto. 
Para as exportações, o volume previsto para 2019 é de 32,6 milhões de toneladas.
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
Tabela 33 – Principais produtores 
mundiais de cana‑de‑açúcar (2013)
País Toneladas
Brasil 768.090.444
Índia 341.200.000
China 128.850.908
Tailândia 100.096.000
Paquistão 63.749.900
México 61.182.077
Fonte: FAO (2015b).
5.1.5 Feijão
Em 2010, a produção mundial total de grãos de feijão foi de 23 milhões de toneladas, cultivadas em 
mais de 30 milhões de hectares.
Veja a evolução da produção mundial de feijão em comparação com o Brasil, de acordo com a FAO 
(2015b):
19
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0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
2.892.599
22.806.139
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Mundo Brasil
Figura 36 – Evolução da produção mundial de feijão em comparação com o Brasil (em toneladas)
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de feijão, com produção média anual de 3,0 milhões 
de toneladas. Típico produto da alimentação brasileira, é cultivado por pequenos e grandes produtores 
em todas as regiões. Os maiores são Paraná, que colheu 298 mil toneladas na safra 2009‑2010, e Minas 
Gerais, com a produção de 214 mil toneladas no mesmo período.
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Unidade III
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
Tabela 34 – Principais produtores 
mundiais de feijão (2013)
País Toneladas
Mianmar 3.700.000
Índia 3.630.000
Brasil 2.892.599
México 1.294.634
Tanzânia 1.113.541
Fonte: FAO (2015b).
5.1.6 Milho
O uso primário do milho nos Estados Unidos e no Canadá se dá na alimentação para animais. O Brasil tem 
situação parecida: 65% do milho são utilizados na alimentação animal e 11% são consumidos pela indústria, 
para diversos fins. Seu uso industrial não se restringe à indústria alimentícia. Também é largamente utilizado 
na produção de elementos espessantes e colantes (para diversos fins) e na produção de óleos.
Veja a evolução da produção mundial de milho em comparação com o Brasil, de acordo com a 
FAO (2015b):
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200.000.000
400.000.000
600.000.000
800.000.000
1.000.000.000
1.200.000.000
80.273.172
1.018.111.958
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Mundo Brasil
Figura 37 – Evolução da produção mundial de milho em comparação com o Brasil (em toneladas)
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, totalizando 80,2 milhões de toneladas na 
safra 2013‑2014. A primeira ideia é o cultivo do grão para atender ao consumo na mesa dos brasileiros, 
mas essa é a parte menor da produção. O principal destino da safra são as indústrias de rações para 
animais, tal qual ocorre em outros países.
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
Tabela 35 – Principais produtores 
mundiais de milho (2013)
País Toneladas
Estados Unidos 353.699.441
China 218.623.645
Brasil 80.273.172
Argentina 32.119.211
Ucrânia 30.949.550
Índia 23.290.000
Fonte: FAO (2015b).
5.1.7 Cevada
A cevada é uma gramínea cerealífera e representa a quinta maior colheita e uma das principais 
fontes de alimento para pessoas e animais.
Veja a evolução da produção mundial de cevada em comparação com o Brasil, de acordo com a 
FAO (2015b):
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20.000.000
40.000.000
60.000.000
80.000.000
100.000.000
120.000.000
140.000.000
160.000.000
180.000.000
200.000.000
330.682
143.959.778
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Mundo Brasil
Figura 38 – Evolução da produção mundial de cevada em comparação com o Brasil (em toneladas)
O Brasil produz cevada em escala comercial desde 1930. Dentre os vários tipos de cevada explorados, 
a cevada cervejeira é a única produzida comercialmente no Brasil. A produção brasileira de cevada 
está concentrada na Região Sul, sendo cultivada em mais de 117,2 mil hectares, e a produção é de 
aproximadamente 305,4 mil toneladas. O valor aqui mencionado baseia‑se no histórico de safras da 
Conab, enquanto dados da FAO indicam 330,6 mil toneladas.
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Unidade III
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
Tabela 36 – Principais produtores 
mundiais de cevada (2013)
País ToneladasRússia 15.388.704
Alemanha 10.343.600
França 10.315.900
Canadá 10.237.100
Espanha 10.057.600
Turquia 7.900.000
Fonte: FAO (2015b).
5.1.8 Carne bovina
Carne bovina é a carne extraída especialmente do gado doméstico. Trata‑se de uma das variedades 
de carne mais consumidas na Europa, nas Américas e na Austrália. A carne bovina é um tabu culinário 
em algumas culturas; seu consumo é proibido pelo hinduísmo, religião que reverencia os bovinos, e é 
desencorajado pelos budistas, razão pela qual a Índia tem um dos maiores rebanhos do mundo, mas não 
é feita utilização comercial.
Veja a evolução da produção mundial de carne bovina em comparação com o Brasil, de acordo com 
a FAO (2015b):
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10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
9.832.874
63.361.528
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Mundo Brasil
Figura 39 – Evolução da produção mundial de carne bovina em comparação com o Brasil (em toneladas)
A bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no cenário mundial. O 
Brasil é dono do segundo maior rebanho efetivo do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças. 
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
Além disso, desde 2004, assumiu a liderança nas exportações, com um quinto da carne comercializada 
internacionalmente e vendas em mais de 180 países.
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
Tabela 37 – Principais produtores 
mundiais de carne bovina (2013)
País Toneladas
Estados Unidos 11.019.600
Brasil 9.832.874
China 6.386.137
Argentina 2.821.700
Austrália 2.480.458
México 2.015.300
Fonte: FAO (2015b).
5.1.9 Carne suína
Uma das carnes mais consumidas do mundo – há evidências de pecuária suína que datam de 
5.000 a.C. No entanto, o seu consumo é considerado como um tabu alimentar por diversas religiões, 
como o judaísmo, o islamismo e o adventismo, que consideram‑na uma carne impura.
Veja a evolução da produção mundial de carne suína em comparação com o Brasil, de acordo com 
a FAO (2015b):
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40.000.000
60.000.000
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100.000.000
120.000.000
3.280.000
113.034.814
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Mundo Brasil
Figura 40 – Evolução da produção mundial de carne suína em comparação com o Brasil (em toneladas)
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Unidade III
O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial de produção de carne suína, com média de 3,1 
milhões de toneladas por ano. O país vem se destacando nos últimos anos como um dos principais 
produtores e exportadores mundiais dessa carne.
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
Tabela 38 – Principais produtores 
mundiais de carne suína (2013)
País Toneladas
China 53.754.949
Estados Unidos 9.876.740
Alemanha 4.488.320
Espanha 3.523.059
Brasil 3.278.982
Vietnã 3.217.788
Fonte: FAO (2015b).
5.1.10 Carne de frango e aves
A produção de carne de frango e aves não tem restrição e pode ser realizada em todo o território 
nacional. A carne de frango tem destaque na Região Sul, sendo os estados do Paraná e Rio Grande 
do Sul os principais fornecedores. A Região Centro‑Oeste, por ser grande produtora de grãos, vem 
crescendo no setor e recebendo novos investimentos.
Veja a evolução da produção mundial de carne de frango e aves em comparação com o Brasil, de 
acordo com a FAO (2015b):
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120.000.000
12.387.323
96.121.163
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Mundo Brasil
Figura 41 – Evolução da produção mundial de carne de frango e aves em comparação com o Brasil (em toneladas)
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
Nas últimas décadas, a avicultura brasileira tem apresentado altos índices de crescimento, e seu 
produto principal, o frango, conquistou os mais exigentes mercados.
O País se tornou o terceiro produtor mundial e líder em exportação. Atualmente, a carne brasileira 
chega a 142 países. Outras aves, como peru e avestruz, também têm se destacado nos últimos anos, 
contribuindo para diversificar a pauta de exportação do agronegócio brasileiro.
A seguir, a relação dos principais produtores mundiais, em 2013, segundo a FAO:
Tabela 39 – Principais produtores mundiais 
de carne de frango e aves (2013)
País Toneladas
Estados Unidos 17.546.128
China 13.346.503
Brasil 12.435.513
Rússia 3.448.318
México 2.801.250
Índia 2.328.258
Fonte: FAO (2015b).
5.2 Agroindústrias
A concentração do controle do setor pelas agroindústrias multinacionais e pelas grandes 
redes varejistas ocorreu, no Brasil, a partir da década de 1990, em um processo de concentração 
do setor exportador nas mãos de um pequeno número de grandes agroindústrias inseridas no 
mercado mundial.
A agroindústria é um dos principais segmentos da economia brasileira, com importância tanto no 
abastecimento interno quanto no desempenho exportador do Brasil.
Segundo dados da Abia (2015c), o comércio exterior das empresas ligadas à agroindústria teve o 
seguinte desempenho:
Tabela 40 – Desempenho das 
agroindústrias no comércio exterior
Exportações US$ 41,1 bilhões
Importações US$ 5,7 bilhões
Saldo comercial US$ 35,4 bilhões
Fonte: Abia (2014c).
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Unidade III
O gráfico a seguir demonstra a distribuição do faturamento pela agroindústria, de acordo com dados 
da Abia (2014a):
27%
13%
9%13%
11%
7%
6%
7%
3% 3%
1%
Derivados de carne
Beneficiamento de café, chá e cereais
Açúcares
Laticínios
Óleos e gorduras
Derivados de trigo
Derivados de frutas e vegetais
Diversos (salgados, sorvetes, outros)
Chocolate, cacau e balas
Desidratados e supergelados
Conservas de pescados
Figura 42 – Distribuição do faturamento da agroindústria no Brasil em 2014
Essas empresas passaram a interferir fortemente nas estratégias de desenvolvimento da agricultura 
brasileira, já que possuem capacidade de investimento e podem definir os preços dos produtos agrícolas, 
em virtude de sua importância no controle do mercado interno e do externo.
A agroindústria se articula para a frente com a indústria de embalagens e com o processamento 
agroindustrial (cada vez mais sofisticado) e para trás com a indústria de insumos (pesticidas, fertilizantes, 
rações, insumos veterinários) e de equipamentos para a agricultura. Numa perspectiva ampla, são 
incluídos desde setores de processamento básico (adicionando valor na secagem, no beneficiamento 
e na embalagem) até segmentos que envolvem o processamento de matéria‑prima agrícola, mas que 
são costumeiramente identificados como tipicamenteindustriais: setores têxtil, de calçados e de papel 
e celulose. Estes possuem características estruturais distintas dos demais, devendo ser tratados, como 
cadeias próprias e com considerável grau de autonomia. A agroindústria inclui ainda a produção de 
energia a partir da biomassa, área em que o Brasil é líder mundial. Estima‑se que, na conceituação 
ampliada, a agroindústria represente mais de 30% da economia brasileira, e, certamente, está nela a 
maior parte dos setores econômicos em que o Brasil detém competitividade internacional.
Há um conjunto amplo de segmentos, com diferentes estruturas e formas de organização de 
mercados, que contam com a participação – e, por vezes, com a competição – de multinacionais e 
pequenas empresas. A essa variedade corresponde uma segmentação que pode ser identificada na 
forma de inserção do Brasil no mercado internacional, em que o País tem significativa participação com 
produtos semiprocessados identificados como agroindústria processadora.
Essas multinacionais (ou transnacionais) possuem unidades ou subsidiárias em diversos países, e 
isso lhes permite facilidades para a inserção de seus produtos no mercado mundial, assim como a 
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
redefinição dos locais de produção mais vantajosos economicamente. Em virtude do poder econômico 
que possuem, conseguem influenciar a política agrícola de muitos países.
 Lembrete
Multinacionais ou transnacionais são corporações que possuem matriz 
em um determinado país com a instalação de filiais em outros países. A busca 
de mercado consumidor e energia, matéria‑prima e mão de obra baratas.
No Brasil, a partir da década de 1990, ocorreu uma série de fusões e aquisições entre as empresas 
do setor agropecuário. Atualmente, são as principais empresas do setor as norte‑americanas Cargill, 
que origina, compra, processa e distribui grãos e outras commodities para fabricantes de produtos 
alimentícios para consumo humano e animal, como grãos, oleaginosas e outras commodities, e 
ainda fornece ingredientes para produtos alimentícios, de bebidas, de carne bovina e de aves, além 
de soluções financeiras e gerenciamento de riscos, Archer Daniels Midland Company (ADM), que 
opera com oleaginosas, como soja e milho, cacau, palma, trigo, fertilizantes e nutrição animal, 
ocorrendo financiamento aos produtores, produção de etanol e biodiesel, e Bunge, líder no Brasil 
em originação de grãos e processamento de soja e trigo, na fabricação de produtos alimentícios, e 
que desde 2006 atua também nos segmentos de açúcar e bioenergia, além da suíça Louis Dreyfus 
Commodities, com operações nos mercados de açúcar, algodão, arroz, café, fertilizantes e insumos, 
grãos, oleaginosas e sucos cítricos.
A Bunge Alimentos teve participação na balança comercial, em 2014, de 2,73% (terceiro lugar); a 
Cargill, de 1,89% (sexto lugar); a Louis Dreyfus, de 1,51% (oitavo lugar); e a ADM do Brasil, de 1,46% (nono 
lugar). Esse ranking tem como primeiro colocado na exportação de minérios a Vale, com participação na 
balança comercial em 2014 de 9,1%, seguida pela Petrobras, com exportação de petróleo e derivados, 
que apresentou participação de 5,79%.
Além de serem as maiores exportadoras de produtos agrícolas, essas empresas possuem investimentos 
diversificados, atuando na produção de fertilizantes, alimentação animal e industrialização de produtos 
alimentícios e no setor financeiro.
O controle do setor não se dá mediante o controle de todas as fases da produção, e então formam‑se 
parcerias com outras, para garantir o controle do setor.
Esse é o caso dos citros no Brasil, setor que sempre foi controlado por três ou quatro empresas. Hoje, 
a fusão entre a Citrosuco (do Grupo Fischer) e a Citrovita (do Grupo Votorantim) resultou na maior 
empresa produtora de suco de laranja do mundo, mantendo o nome Citrosuco, com seis fábricas no 
Brasil e uma no exterior, localizada na Flórida, Estados Unidos. A antiga Citrovita já havia adquirido, em 
2004, a fábrica da Sucorrico, em Araras. Outra grande do setor é a Sucocítrico Cutrale Ltda.
A Cargill deixou de controlar a produção para controlar o consumo, atuando como agenciadora do 
suco de laranja na Europa e na produção de outros alimentos derivados do suco de laranja.
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Unidade III
6 COMÉRCIO INTERNACIONAL
Uma das principais questões referentes a agricultura, meio ambiente e comércio, não só para 
o Brasil em particular, mas também para o mundo, tende ao emprego de métodos e processos 
produtivos com elevado potencial degradante ao meio ambiente, observada em segmentos 
importantes da agricultura brasileira, sendo um deles a devastação de florestas para implantação 
de produção agropecuária.
Esta atitude dificulta a colocação dos produtos da agropecuária no mercado internacional, por 
questões ambientais, visto que os consumidores passaram a ter mais consciência daquilo que consomem.
Nas últimas décadas, o setor externo ampliou sua importância devido à elevação dos níveis de 
atividade econômica e à melhoria dos indicadores de emprego e renda dos países. Na década de 1970, os 
esforços visando à formulação de um modelo de desenvolvimento que criasse efeitos cooperativos entre 
comércio internacional e sustentabilidade ambiental entraram na pauta de discussão dos principais 
organismos internacionais de desenvolvimento econômico.
Na esteira desse processo, as legislações ambientais nacionais estão se tornando mais rigorosas, e 
proliferam‑se normas e regulamentações ambientais, objetivando estabelecer padrões ecologicamente 
sustentáveis de gestão, produção, transporte, comercialização e descarte final dos bens.
6.1 Impactos comerciais e políticas ambientais
6.1.1 Impactos ambientais do comércio internacional
O principal trunfo dos defensores do livre‑comércio, aceito até o início da década de 1990, era 
que a redução das barreiras comerciais resultaria em ganhos de bem‑estar para todos os participantes, 
considerando que o livre‑comércio não é somente uma oportunidade econômica, é um imperativo moral.
Naquele período a questão ambiental não passava de coadjuvante na agenda econômica internacional, 
porque o processo de liberalização comercial não incorporava o ambiente em suas análises.
Leia o excerto do artigo publicado na Revista de Economia e Sociologia Rural.
Comércio internacional, agricultura e meio ambiente: teorias, evidências e 
controvérsias empíricas
A partir de então, face à série de previsões ambientais catastróficas e à necessidade de 
repensar as fontes de energia tradicionalmente empregadas na atividade econômica, os 
argumentos favoráveis ao livre‑comércio passaram a ser questionados em várias frentes.
O debate acerca do impacto do comércio internacional sobre o meio ambiente surge 
essencialmente a partir de sua interligação com o crescimento econômico. Em razão de 
o meio ambiente ser fonte de insumos básicos para a produção e destino comum dos 
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
rejeitos da atividade econômica, o aumento no nível global de produção tende a gerar, em 
contrapartida, maior pressão sobre os recursos naturais.
A inserção do comércio internacional nesse processo ocorre por diversos meios e está 
associada à especialização produtiva que emana. É sabido que o estabelecimento de um 
ambiente favorável à livre circulação de bens e serviços por longos períodos, tal qual o 
observado nos últimos 50 anos, atua como um estímulo à especialização produtiva dos 
países em setores de maiores vantagens comparativas,e favorece a alocação eficiente 
dos recursos e, ceteris paribus, gera como resultado o crescimento da riqueza mundial.
[...] O resultado do efeito escala comércio versus meio ambiente, pode ser positivo ou 
negativo. Positivo porque o aumento da eficiência na alocação dos recursos e a intensificação 
da concorrência (induzidos pela liberalização comercial) reduzem a demanda sobre os 
recursos naturais e minimizam os desperdícios ao longo do ciclo produtivo.
[...] Por outro lado, [...] o consumo agregado é função direta do nível de renda corrente 
da economia. Isso significa que um aumento na renda global, ao expandir o conjunto de 
possibilidades de consumo, também eleva o nível de demanda agregada na economia.
[...] Consequentemente, os agentes econômicos são estimulados a aumentarem os níveis 
de produção, acelerando a demanda sobre os recursos naturais. Esse ciclo atuaria de forma 
perniciosa ao ambiente, já que produz tanto externalidades (externalidades são os efeitos 
colaterais de uma decisão sobre aqueles que não participaram dela) de consumo quanto 
externalidades de produção.
Percebe‑se então que, dependendo do setor produtivo e das políticas ambientais 
vigentes, os efeitos negativos podem se sobrepor aos positivos.
O resultado dessa relação pode agravar ou amenizar o impacto da produção e consumo 
internos sobre o meio ambiente, dependendo, dentre outros fatores, do rigor da legislação 
ambiental nacional.
[...] é uma preocupação da comunidade ambiental nos países desenvolvidos, 
principalmente na União Europeia, pela possibilidade de países com regulamentações 
ambientais mais brandas se especializarem em setores com alto potencial poluidor, visando 
minimizar os custos de produção e ganhar competitividade.
[...] Isso porque a decisão de localização espacial de uma empresa envolve, além dos 
custos ambientais, outros fatores, tais como custo e produtividade da mão de obra, acesso 
aos insumos, mercado consumidor, risco político etc., pois os custos de controle ambiental 
representam, em média, de 2% a 3% dos custos totais da indústria.
[...] Quanto ao efeito tecnológico, pode haver uma correlação entre liberalização comercial 
e mudanças nos modos de produção domésticos, segundo a tecnologia utilizada. O efeito 
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Unidade III
tecnológico depende da forma como a liberalização comercial influi sobre a transferência 
de tecnologia e os processos produtivos dos produtos comercializados. O efeito é positivo 
para o meio ambiente quando se reduz o nível de poluição por unidade produtiva.
Os novos mercados que se abrem podem gerar rendas e investimentos que permitam às 
empresas acelerar a rentabilidade do capital e o investimento em plantas produtivas com 
processos mais limpos e eficientes (PORTER, 1991).
[...] mas o acirramento da concorrência externa, ao mesmo tempo em que pode levar a 
inovações tecnológicas, também pode induzir as empresas a adotarem uma estratégia de 
forte racionalização de custos, cortando até os gastos com melhorias ambientais.
[...] em consequência da liberalização comercial, os países são provavelmente levados a 
competir entre si, relaxando os padrões domésticos de qualidade ambiental com regulações 
ambientais de baixa exigência a fim de aumentar sua competitividade.
[...] O desmatamento na região amazônica no Brasil e a degradação dos recursos naturais 
de países asiáticos, realizados a partir de atividades orientadas ao abastecimento do mercado 
internacional, estão entre os principais exemplos.
Em síntese, pode‑se dizer que os vínculos entre a liberalização comercial e o meio 
ambiente são bastante complexos. De forma geral, espera‑se que a liberalização comercial 
afete negativamente o ambiente no curto prazo e que indústrias intensivas em poluição se 
expandam mais nos países em desenvolvimento.
[...] Argumento frequentemente citado pelos ambientalistas como resultante do processo 
de liberalização comercial diz respeito à migração de empresas altamente poluidoras e/ou 
que fazem uso intensivo de recursos naturais para os países cujas legislações e onde as 
normas ambientais são menos rigorosas ou até mesmo inexistentes.
Fonte: Feix, Miranda e Barros (2010).
6.1.2 Impactos comerciais da regulação ambiental
Para se compreender as consequências que um modelo de desenvolvimento construído sob o ponto 
de vista da sustentabilidade ambiental produz, ou poderá vir a produzir, sobre os fluxos de comércio 
mundial e a competitividade dos países, é indispensável o conhecimento dos instrumentos de política 
ambiental adotados pelos países, assim como suas ligações comerciais.
O debate teve início nos Estados Unidos, em meados da década de 1960, quando, atendendo à 
demanda de diversos segmentos da sociedade, foi formada a Agência de Proteção Ambiental, do inglês 
Environmental Protection Agency (EPA), e assinado o Clean Air Act, cuja estrutura básica foi feita em 
1970 e contou com revisões em 1977 e 1990.
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Como resultado, no início da década de 1990, já havia se formado a base sobre os reflexos econômicos 
domésticos gerados pela regulação ambiental.
Os primeiros estudos realizados concluíram que as novas regulações ambientais impactaram 
significativamente os custos de produção e a competitividade dos Estados Unidos. Por mais de uma 
década, o foco das análises foi medir essa ação econômica que visa à resolução de um problema, mas 
acarreta outro, até que foi demonstrado ser possível atingir a proteção ambiental concomitantemente 
à manutenção, ou até mesmo ao aumento, da competitividade.
Sempre foi considerado que há um conflito entre ganhos ambientais e econômicos, dado que o 
agente produtor maximiza lucros pela alternativa de custo mínimo de produção, cuja escolha não 
considera os danos ambientais, e as regulações acarretam‑lhe um acréscimo de custo.
Mas não existe um conflito inevitável entre ganhos econômicos e ambientais. Ao promoverem 
melhorias ambientais, as empresas podem economizar insumos, racionalizar o processo produtivo, 
aproveitar resíduos, diferenciar o produto final e, com isso, ganhar em competitividade.
Dessa forma, a adequação a regulações ambientais mais exigentes não se constituiria num jogo de 
soma zero, pois poderia representar uma nova fonte de permanente mudança estrutural. Contudo, não 
é qualquer tipo de regulamentação que levará a esse tipo de solução.
A partir de então, surgiriam diferentes perspectivas de exploração, buscando identificar as 
circunstâncias em que as regulações podem impactar favorável ou adversamente a economia.
Primeiramente, elas podem resultar em novas tecnologias e abordagens que minimizam os 
custos de tratamento da poluição, por meio da conversão dos insumos poluentes em algo de valor 
para a firma. Alternativamente, a inovação pode ser do tipo que previne a poluição ao melhorar a 
produtividade dos recursos.
Nos países desenvolvidos, é comum a argumentação de que a prática de dumping (normalmente, 
definido como o ato de vender mercadorias no exterior por menos que o preço do mercado doméstico. 
Neste caso, é a utilização de normas ambientais mais brandas, que permitem a produção sem os 
custos de proteção ambientais) ambiental, desempenhada pelos países em desenvolvimento, estaria 
incentivando o consumo de produtos importados calcados em processos produtivos poluidores, em 
detrimento dos produtos nacionais ecologicamente sustentáveis, demonstrando que se um país não 
impõe uma política ambiental quando outra nação o faz, então o primeiro aumentará sua vantagem 
comparativa ou reduzirá sua desvantagem comparativa na indústria intensiva em poluição.Assim, países com regulamentações e normas inferiores às praticadas nos países importadores 
beneficiam‑se da vantagem comparativa no sistema mundial de comércio, que não existiria caso os 
custos de adoção das normas ou padrões internacionais fossem iguais.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou um estudo intitulado 
Princípios Orientadores Relacionados aos Aspectos Econômicos Internacionais das Políticas Ambientais 
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(em inglês, Guiding Principles Concerning International Economic Aspects of Environmental Policies). 
Esse trabalho orientou a formulação das políticas ambientais dos países‑membros da OCDE no que 
se refere a conscientizar agentes governamentais e a opinião pública da necessidade de se adotarem 
princípios para a compatibilização entre políticas ambientais e comerciais.
 Saiba mais
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 
disponibiliza um site (em inglês) com dados de 34 países‑membros que 
abrangem todo o globo, das Américas do Sul e do Norte até Europa e 
Ásia‑Pacífico. Acesse:
<https://data.oecd.org/>.
Desde então, a resposta dada por significativa parcela dos países‑membros da OCDE vem se 
realizando sob a forma de concessão de subsídios aos produtores locais e/ou de coerção sobre os países 
exportadores, mediante a pressão pela harmonização de seus padrões de produção com os padrões dos 
países importadores.
A Alemanha, país‑membro da OCDE, é considerada internacionalmente uma das nações pioneiras na 
proteção do clima e na ampliação do uso de fontes alternativas de energia. Em 2011, foi o primeiro país 
industrializado a decidir abandonar a energia nuclear.
6.1.3 Políticas ambientais, comércio e competitividade no setor agrícola
Para a fabricação de qualquer produto, o agropecuarista escolhe uma tecnologia e um conjunto 
de insumos visando maximizar o lucro. No processo de produção, resíduos ou amenidades costumam 
surgir como subprodutos, classificados como externalidades ambientais quando afetam o bem‑estar dos 
indivíduos, e seu gerador não paga nem recebe compensação pelos custos ou benefícios gerados.
As práticas agrícolas podem gerar externalidades positivas e negativas. Os agricultores não assumem 
todos os custos associados à produção, tais como erosão do solo, diminuição das fontes de água, poluição 
da superfície e do lençol freático, desmatamento, perda de biodiversidade e abuso de agroquímicos. 
Entretanto, não colhem os benefícios de amenidades que podem ter produzido.
Os efeitos ambientais também surgem pela atuação governamental quando instituem salvaguardas 
por restituição de impostos pelas exportações ou por imposição de cotas de importação. Os produtores 
normalmente têm pouco incentivo para aderir a tecnologias mais limpas porque os custos do processo 
não constituem parte dos seus custos privados.
Visando contornar esse fato, cada vez mais são implementadas políticas sob a forma de regulações 
(padrões, proibições e restrições) ou mecanismos de incentivo (taxas, subsídios e licenças de comercialização).
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Ainda que objetivem o alcance de metas ambientais, essas políticas acabam por afetar também a 
produção, o comércio, o investimento, as mudanças tecnológicas e os padrões de consumo.
6.1.4 Seleção da política ambiental e seus instrumentos
Para prover o setor privado de incentivos ao abatimento ambiental, os formuladores de políticas 
governamentais devem estar atentos a duas importantes questões: a) quanto da poluição deve ser 
reduzido? b) que tipo de política é mais eficaz para atingir a meta estipulada?
Quando os custos sociais são considerados, o nível social ótimo de atividade econômica e o associado 
nível de poluição se dão em patamar de produção no qual os benefícios dos produtores se igualam aos 
custos para a sociedade. Assim, a sociedade pode optar por eliminar a maior parte da poluição, se não 
toda, mas os custos dessa ação não devem exceder seus benefícios.
Por exemplo, embora todos os pesticidas possam ser banidos do uso agrícola, não se pode descartar 
a possibilidade de uma drástica redução da oferta de alimentos ou de seu encarecimento.
Instrumentos de política ambiental incluem regulações, tais como incentivos com base em mecanismos 
do tipo taxas, subsídios e licenças de comercialização. As regulações podem assumir a forma de padrões 
ou cotas; restrições sobre atividades econômicas em determinadas áreas de vulnerabilidade ambiental; 
proibições ao uso de produtos com efeitos ambientais potencialmente adversos; ou o conjunto de 
padrões para os produtos ou para os métodos de produção.
Os países desenvolvidos empregam uma ampla variedade de regulações ambientais sobre os 
alimentos e a agricultura, como regulamentos sobre embalagens, rótulos e reciclagem dos resíduos; 
restrições sobre o uso da terra; restrições e proibições sobre o uso de determinados agroquímicos; 
cotas sobre produção e aplicação de fertilizante; restrições sobre o número de animais por hectare; e 
restrições ao transporte de poluentes.
No Reino Unido, o Department for Environment, Food & Rural Affairs acompanha a produção de 
fazendas orgânicas. O regulamento Reach (sigla em inglês para Registro, Avaliação e Autorização para 
Substâncias Químicas), aprovado pela União Europeia, entrou em vigor em junho de 2007. Ele estabelece 
prazos para o registro de substâncias químicas fabricadas ou exportadas para a União Europeia. Estima‑se 
que aproximadamente 30 mil substâncias precisarão atender aos requisitos estabelecidos pelo Reach. De 
acordo com o regulamento, só poderão ser comercializadas na União Europeia as substâncias químicas 
registradas na European Chemicals Agency (Echa).
6.1.5 Política ambiental, comércio e bem‑estar
Como a política ambiental afeta a produção, o comércio e os preços, considere o caso de um país 
poluidor pequeno, que não é capaz de influenciar os preços mundiais. A poluição ocorre na produção de 
um bem comercializado, mas os efeitos da poluição são estritamente locais. Assume‑se que uma taxa 
ambiental seja imposta sobre o produto do bem, como uma taxa cobrada sobre a produção animal para 
reduzir os efeitos do excesso da produção de resíduos sobre a água. A imposição de uma taxa ambiental 
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reduzirá a produção doméstica, a poluição e as exportações. No entanto, o nível de consumo doméstico 
permanecerá inalterado, visto que os consumidores se deparam com um preço internacional ainda 
constante, e refletirá os custos sociais totais de produção, formados pela soma dos custos privados e da 
sociedade impostos pela melhoria da água, por exemplo. Assim, a taxa internaliza os custos da operação 
da indústria, reduzindo a oferta da produção animal no mercado, mas o bem‑estar dos consumidores 
não se altera.
A receita governamental a partir da taxa cresce, enquanto o dano ambiental diminui. Assim, a taxa 
ambiental constrói uma situação de melhora para o país: enquanto os produtores domésticos são 
prejudicados, a sociedade encontra‑se em melhor situação.
Suponha, agora, que o país seja grande o suficiente para influenciar o preço mundial do bem em 
questão. Assume‑se a hipótese de que o país importador também produza o bem, mas não requeira 
proteção ambiental, possivelmente devido à maior capacidade para absorver contaminantes ou por 
diferentes prioridades da sociedade com relação a esse tipo de poluição.
A imposição de uma política ambiental mais rígida em um país exportador provavelmenteresultará 
em redução comercial, pelo menos a curto prazo, e diminuirá a competitividade desse país. Isso ocorre 
porque a taxa ambiental aumenta o custo de produção para o exportador, reduzindo seu incentivo 
para produzir e exportar. Em função de ser um grande ofertador, uma parcela dos efeitos do aumento 
no custo de produção é deslocada para o exterior e para os consumidores domésticos, implicando 
que os produtores domésticos e os consumidores locais e estrangeiros pagam o custo da redução da 
poluição doméstica.
Parte do ônus da taxa sobre os produtores também recai sobre os consumidores domésticos e 
estrangeiros. Isso ocorre em função de a participação do país taxado no mercado mundial do bem 
agrícola em questão ser suficientemente grande para elevar os preços quando sua oferta diminui em 
resposta à política ambiental aplicada.
Conclui‑se que um país pequeno não é capaz de alterar os termos de troca em seu favor quando 
aplica uma política ambiental cujo resultado é a redução da produção, enquanto uma política ambiental 
implementada em um grande país exportador, como definido anteriormente, afeta o bem‑estar de 
todos os participantes do mercado. No país exportador, produtores e consumidores sofrem perdas de 
bem‑estar iguais.
A receita do governo a partir da taxa aumenta, e o custo do dano social gerado da produção do bem 
diminui. Por conseguinte, quando avaliados de forma líquida, os países exportadores se encontram em 
melhor posição. No que diz respeito aos países importadores, os produtores beneficiam‑se do aumento 
no preço mundial do produto agrícola, mas os consumidores sofrem perdas de bem‑estar.
O tamanho da taxa em relação aos outros custos de produção é um elemento fundamental na 
determinação de quão significativos serão os efeitos dela sobre a produção e o comércio. O país 
exportador avaliado – tendo em conta a percepção da sociedade no que tange aos benefícios 
ambientais – permanecerá em melhor situação. A imposição de uma taxa ótima assegura que os 
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benefícios gerados da redução da poluição compensem os custos induzidos pela taxa aos produtores 
e consumidores.
As políticas ambientais também podem influenciar a composição da produção agrícola e o comércio. 
Como a estrutura de custo da atividade regulada aumenta relativamente à das demais atividades, 
recursos produtivos se deslocarão em direção aos setores de menor rigor ambiental. Parte dos recursos 
pode ser atraída, inclusive, por segmentos de fora da agricultura, na medida em que esse setor se torna 
mais restritivo que outras indústrias. Esses efeitos na composição do produto também influenciam 
a combinação relativa de produto agrícola e comércio. Por exemplo, a produção e a exportação de 
produtos que fazem uso menos intensivo de fertilizantes, como a soja, poderão ser encorajadas quando 
uma taxa sobre o uso de fertilizantes for implementada.
O efeito composição pode também influenciar a relação entre a produção primária e a de produtos 
agrícolas processados. Restrições ao uso de defensivos ou limitações à densidade animal podem reduzir 
a produção in natura de açúcar, frutas, vegetais e produtos animais. Um país pode, então, importar mais 
produtos primários para processar ou importar os produtos processados e deslocar recursos para fora 
do agronegócio.
Conforme ficou evidenciado, a direção e a magnitude dos efeitos da regulação ambiental variam 
devido a uma série de fatores, dentre os quais a rigidez e o tipo de medida ambiental adotada.
Tudo o mais permanecendo constante, espera‑se que o rigor ambiental seja proporcional ao nível de 
degradação, uma vez que as sociedades tendem a proteger seus recursos de acordo com os problemas 
ambientais mais urgentes, e não preventivamente. A maior densidade animal observada na União Europeia 
e os problemas relacionados ao tratamento dado ao esterco, por exemplo, conduziram à ratificação da 
Diretiva dos Nitratos, uma das mais restritivas medidas de controle de poluição de nitratos do mundo.
6.1.6 Políticas ambientais e seus efeitos à competitividade
A atividade agrícola, ao mesmo tempo que cumpre um papel fundamental para a erradicação da 
fome no mundo, está diretamente associada à demanda insustentável pelos recursos naturais. Segundo 
a FAO (2015a), a produção agropecuária é a principal fonte, causada pela ação do homem, de gases 
responsáveis pelo efeito estufa e contribui de forma significativa para outros tipos de contaminação do 
ar e da água. Além disso, os métodos agrícolas, florestais e pesqueiros são as principais causas da perda 
de biodiversidade no mundo.
A degradação ambiental no setor agrícola está associada, principalmente, à expansão da fronteira 
produtiva e à utilização de defensivos químicos e dos demais insumos. Da mesma forma, particularmente 
no caso das commodities agrícolas, a necessidade de contínuos ganhos de produtividade visando à 
transposição das barreiras protecionistas no mercado internacional é tida como incompatível com 
padrões ecologicamente sustentáveis de produção.
Existe um amplo consenso de que barreiras comerciais e subsídios na área agrícola provocam 
significativas distorções de mercado em prejuízo aos países em desenvolvimento e induzem modos 
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ineficientes de produção. Há evidências de que o protecionismo agrícola não somente pode falhar na 
ajuda ao ambiente como pode ser fonte importante de sua degradação.
Entretanto, os efeitos da liberalização não podem ser tidos como causadores imediatos dos problemas 
ambientais originados da produção agrícola. A longo prazo, os efeitos estruturais da liberalização do 
comércio agrícola dependerão do seu impacto direto sobre o uso de insumos e sobre o aporte de 
tecnologias maximizadoras do uso do solo, da água e dos insumos produtivos, sem causar ou ampliar os 
danos ambientais (efeito tecnológico positivo).
De qualquer forma, a política de subsídios adotada pelos principais países da OCDE, ao reduzir os 
preços internacionais das commodities agrícolas com o intuito de garantir a competitividade de seus 
produtos, contribui para a estagnação econômica dos países em desenvolvimento. Em contrapartida, 
cada vez mais, os países em desenvolvimento se veem obrigados a intensificar o uso de defensivos 
agrícolas e outras práticas degradantes ao meio ambiente, a fim de não verem abalada a competitividade 
dos seus principais produtos destinados à exportação.
Os dados estimados para o consumo mundial de agroquímicos na década de 2010 evidenciam o 
efeito ambíguo dessa conjuntura e revelam outra dicotomia entre as regiões.
Veja o gráfico a seguir, elaborado a partir de informações da FAO (2015b), com a quantidade de 
toneladas de fertilizantes nutrientes fosfatados e nitrogenados por 1.000 hectares utilizados pelas 
regiões do globo.
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20 13,12
1,08
47,42
38,53
4,26
85,25
51,02
33,06
73,44
29,45
133,71
81,07
62,37
33,51
140,87
73,22
137,73
62,79
40
60
80
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Figura43 – Toneladas de nutrientes fosfatados e nitrogenados por 1.000 hectares
Comparativamente, os três principais produtores de soja mundiais apresentam a seguinte utilização 
de fertilizantes nutrientes fosfatados e nitrogenados por cada 1.000 hectares (FAO, 2015b):
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60
80
100 94,63
80,59
38,25
120
Estados Unidos Brasil Argentina
Figura 44 – EUA, Brasil e Argentina: toneladas de nutrientes por 1.000 hectares
Enquanto as legislações ambientais nacionais dos países desenvolvidos eram orientadas para criar 
incentivos ao abandono de práticas potencialmente agressivas à paisagem rural e mantinham a política 
de subsídios ao setor, nos países em desenvolvimento a utilização em larga escala dos insumos modernos 
era proclamada como medida fundamental para resguardar a competitividade de seus produtos agrícolas 
no exterior.
Dada a atual tendência de esses países procurarem intensificar a aplicação extraterritorial de normas 
e padrões ambientais, fitossanitários e zoosanitários em um contexto de harmonização, intensifica‑se 
o risco de os países em desenvolvimento virem a confrontar‑se com medidas restritivas no comércio 
agrícola – principalmente se as legislações ambientais desses últimos não forem interpretadas como 
congruentes com os padrões produtivos e ambientais daqueles países.
6.2 O setor agroexportador brasileiro e suas interfaces com o meio ambiente
As características que atualmente marcam a agricultura brasileira são completamente diferentes 
daquelas verificadas até o início da década de 1950. A partir do final da Segunda Guerra Mundial, 
os antigos modelos de plantações e de subsistência foram gradualmente cedendo espaço à chamada 
“agricultura moderna”, caracterizada por crescente especialização, elevada produtividade e integração 
aos demais sistemas produtivos.
Paralelamente a esse processo, ao longo da década de 1980 ocorre a reversão da postura intervencionista 
do Estado na agricultura, manifestada até então, sobretudo, por meio da política de garantia de preços 
mínimos e crédito rural subsidiado. A partir daí, e intensamente após a abertura comercial na década de 
1990, a agricultura brasileira é definitivamente orientada a uma economia de mercado.
No campo externo, deu‑se uma prioridade para as trocas internacionais brasileiras em decorrência do 
fato de somente os produtos agrícolas terem obtido crescimento de competitividade nas últimas décadas.
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O fato de as exportações dos demais setores produtivos não terem reagido de acordo com as expectativas 
para o período seguinte ao da abertura comercial do início da década de 1990 também cooperou para o 
crescimento da participação do setor agropecuário na pauta total. Os dados disponibilizados pelo Ministério 
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior indicam que as vendas externas de produtos básicos 
expandiram‑se entre 2006 e 2014. Veja o gráfico a seguir (BRASIL, [s.d.]b):
0,0
50,0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
40,3 51,6
73,0
61,6
90,0
122,5
113,5 113,0 109,5
137,5
160,6
197,9
153,0
201,9
256,0
242,6 242,2
225,1
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
Total Básicos
Figura 45 – Exportações brasileiras entre 2006 e 2014 (em bilhões de US$)
Na próxima tabela, veremos os vinte principais produtos básicos de exportação brasileira. Note que 
apenas três produtos são do setor mineral, e outros dezessete são do agronegócio:
Tabela 41 – Exportações brasileiras: produtos básicos principais
Discriminação 2014
Pós Produtos básicos US$ mil FOB Peso em toneladas
1 Minério de ferro e seus concentrados 25.819.090 344.384.843
2 Soja, mesmo triturada 23.277.378 45.691.999
3 Óleos brutos de petróleo 16.356.739 27.058.114
4 Farelo e resíduos da extração de óleo de soja 7.000.584 13.716.323
5 Carne de frango congelada, fresca/refrigerada 6.892.908 3.648.694
6 Café cru em grãos 6.041.050 1.986.497
7 Carne de bovino congelada, fresca/refrigerada 5.794.260 1.228.144
8 Milho em grãos 3.875.969 20.638.755
9 Fumo em folhas e desperdícios 2.414.083 460.525
10 Minério de cobre e seus concentrados 1.805.254 855.526
11 Carne de suíno congelada, fresca/refrigerada 1.446.376 418.474
12 Algodão bruto 1.356.505 748.626
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13 Bovinos vivos 676.064 303.896
14 Carnes salgadas, incluídas as de frango 591.734 193.493
15 Tripas de animais frescas, salgadas ou secas 528.309 168.618
16 Miudezas de animais, comestíveis 526.779 202.619
17 Arroz em grãos, incluindo quebrados 396.799 929.918
18 Pimenta em grão 294.631 34.172
19 Minério de alumínio e seus concentrados 272.408 8.352.904
20 Desperdícios e resíduos de ferro ou aço 252.266 8.352.904
Total geral de produtos básicos 109.556.367 461.200.639
Fonte: Brasil ([s.d.]b).
Entenda‑se como produtos básicos aqueles sem manufatura, como soja em grão, carne bovina 
resfriada, minério de ferro etc.
Embora o comportamento favorável da demanda externa tenha sido fundamental para a expansão 
das exportações agropecuárias, são muitas as condicionantes internas que também contribuíram 
decisivamente para esse sucesso da produção de grãos.
Segundo dados da Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB, 2015), entre as safras 
1993‑1994 e 2013‑2014, a produção brasileira de grãos saltou de 76,04 para 193,6 milhões de toneladas 
(aumento de mais de 200%), explicada pelos ganhos de produtividade; e a variação da fronteira agrícola 
foi de 39.094 mil hectares para 57.060 mil hectares, um crescimento de apenas 60%.
A mensuração dos impactos dessa expansão da safra agrícola em sustentabilidade ambiental 
envolve a avaliação de diversos fatores. Se por um lado o melhor aproveitamento da terra permitiu 
a conservação de áreas ainda inexploradas, passíveis de aproveitamento pela agricultura, por outro 
a expansão das monoculturas de exportação transformou a paisagem natural e intensificou o uso de 
insumos considerados degradantes ao meio ambiente.
As principais categorias de impactos ambientais relacionados ao cultivo agrícola são:
• Os efeitos para a saúde humana, causados por fertilizantes, defensivos agrícolas e metais pesados, 
por meio da contaminação da água e de produtos alimentícios, além dos depósitos ácidos causados 
por emissões de amoníaco dos fertilizantes.
• A erosão do solo e a conseguinte sedimentação das águas costeiras e superficiais que causam 
danos à infraestrutura e à propriedade.
• Perdas na fauna e na flora silvestres e de diversidade biológica, bem como danos ao equilíbrio e 
à resistência dos ecossistemas como resultado da degradação do solo; contaminação de águas 
costeiras, superficiais e freáticas causada por fertilizantes e agrotóxicos.
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Quando se pretende elucidar as interfaces entre agricultura e meio ambiente e analisar 
o comportamento das principais variáveis anteriormente citadas, percebe‑se que a condição 
brasileira é preocupante.
Embora a agricultura moderna esteja atingindo níveis de produção e de produtividade que atendam 
às exigências do mercado, sua expansão tem gerado impactos ambientais que comprometem a 
sustentabilidade dos ecossistemas agrícolas.
Com o auxílio dos dados referentes à venda de fertilizantes, pode‑se concluir que há uma tendência 
à intensificação do uso desseinsumo na produção agrícola brasileira, embora entre os anos de 1998 e 
2013 a comercialização média de fertilizantes por hectare (ha) cultivado tenha decrescido, conforme 
pode ser verificado na tabela a seguir:
Tabela 42 – Toneladas de fertilizantes vendidas versus área produtiva (ha)
Ano Vendas em toneladas Área Toneladas/área
1998 14.668.570 35.000,80 2,3
2013 30.700.397 57.060,00 1,9
Fonte: Conab ([s.d.]c) e Anda ([s.d.]b).
6.3 Os agrotóxicos
Esse tipo de produto é um composto químico cujo princípio ativo acaba com diversos tipos de 
pestes (daí vem o nome pesticida) que prejudicam a produtividade agrícola de uma cultura. Essas 
pestes podem ser insetos, ervas daninhas, fungos, vermes, roedores e muitas outras pragas.
Quando se analisa a evolução do consumo de defensivos agrícolas, o fenômeno é considerado 
inverso. As vendas de defensivos agrícolas podem ser verificadas no gráfico a seguir, de acordo com 
dados do Sindiveg ([s.d.]):
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
2009 2010 2011 2012 2013
6.626
7.304
8.488
9.710
11.414
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Figura 46 – Vendas de defensivos agrícolas no Brasil (2009‑2013)
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
 Saiba mais
Você pode obter estatísticas do setor de agrotóxicos, mediante 
solicitação, por meio do site:
SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS PARA DEFESA 
VEGETAL (SINDIVEG). Estatísticas. São Paulo, [s.d.]. Disponível em: <http://
www.sindiveg.org.br/estatisticas.php>. Acesso em: 10 jul. 2015.
Os agrotóxicos estão entre os principais instrumentos do atual modelo de desenvolvimento da 
agricultura brasileira, e seu uso intensivo está associado a agravos à saúde da população, tanto dos 
consumidores quanto dos trabalhadores que lidam diretamente com os produtos, à contaminação de 
alimentos e à degradação do meio ambiente. Na tabela a seguir, podem‑se verificar os dados da Anvisa 
em amostras analisadas por cultura e resultados insatisfatórios em 2011:
Tabela 43 – Amostras por cultura: contaminação por agrotóxicos
Produto
Número de 
amostras 
analisadas
Amostras 
insatisfatórias
Alface 134 58
Arroz 162 26
Cenoura 152 102
Feijão 217 13
Mamão 191 38
Pepino 200 88
Pimentão 213 190
Tomate 151 18
Uva 208 56
Total 1.628 589
Fonte: Brasil (2012a).
Pelos dados, cerca de 36% das amostras coletadas dos produtos citados não apresentam condições 
de consumo (são insatisfatórias), o que é ocasionado pela presença de agrotóxicos não autorizados 
para a cultura. Os agrotóxicos não autorizados para a cultura compreendem as seguintes situações: 
ingrediente ativo com registro para outras culturas e não autorizado para a cultura monitorada ou 
ingrediente ativo banido ou sem nunca ter tido registro no país. Alimentos como arroz, feijão e cenoura, 
por exemplo, apresentaram todas as amostras insatisfatórias devido à presença de agrotóxico não 
autorizado para a cultura, o que evidencia uma irregularidade que necessita ser corrigida.
Impulsionado pelo excelente desempenho da agricultura, o setor de defensivos aumentou seu 
faturamento nos últimos anos. O mercado brasileiro de defensivos agrícolas que era de US$ 9,710 
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bilhões em 2012 movimentou US$ 11,545 bilhões em 2013 e US$12,249 bilhões em 2014, segundo 
dados do Sindiveg [s.d.].
Esse significativo ganho de faturamento reflete, entre outros fatores, o intenso crescimento 
do consumo de defensivos no Brasil. A intensificação do consumo de agrotóxicos e fertilizantes na 
agricultura brasileira foi favorecida pela abertura comercial a partir da década de 1990.
Com base nesses indicadores, a expansão da agricultura moderna no Brasil vem consolidando a 
tendência de processos produtivos que contribuem para a degradação ambiental; é natural que nos 
próximos anos se intensifique o conflito de interesses entre os produtores rurais e a sociedade civil, cujas 
demandas ambientais crescem.
Sob o ponto de vista econômico, um alerta é que o uso mais intensivo de fertilizantes e defensivos 
agrícolas ocorre justamente nas principais regiões exportadoras de produtos agrícolas (Centro‑Oeste, 
Sudeste e Sul).
Dessa forma, diante da atual tendência brasileira de intensificação do uso de insumos agrícolas 
degradantes ao meio ambiente e de um cenário externo que caminha em direção à imposição de 
rigorosos padrões ambientais na produção agrícola, é inevitável que os produtos brasileiros passem a 
encontrar barreiras não tarifárias cada vez maiores.
6.3.1 Impactos ambientais
De maneira geral, os pesticidas são tóxicos, independentemente do composto usado, sendo uns 
menos e outros mais danosos à saúde humana e ao meio ambiente.
Um dos problemas mais comuns é a contaminação do solo, de lençóis freáticos e de rios e lagos. 
Quando o agrotóxico é utilizado, ele chega ao solo e a chuva, ou o próprio sistema de irrigação da 
plantação, facilita a chegada dos pesticidas aos lençóis de água, poluindo‑os e intoxicando a vida 
lá presente.
Os agrotóxicos são classificados de diversas maneiras: quanto ao seu modo de ação no 
organismo‑alvo, em relação à sua estrutura química, quanto aos efeitos que causam à saúde humana, 
pela avaliação da neurotoxicidade etc.
Um bom exemplo de como esse tipo de produto tóxico funciona pode ser observado em inseticidas, 
que de acordo com a sua estrutura química são classificados nos seguintes grupos:
• inseticidas de origem vegetal;
• inseticidas inorgânicos;
• inseticidas organossintéticos.
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Os inseticidas organossintéticos pertencem, na sua maioria, aos seguintes grupos químicos:
• organoclorados;
• organofosforados;
• carbamatos;
• piretroides.
Os organoclorados são elaborados à base de carbono com radicais de cloro e altamente resistentes 
aos mecanismos de decomposição dos sistemas biológicos, e seu uso está proibido ou severamente 
restringido em diversos países. Os organofosforados são compostos orgânicos derivados do ácido 
fosfórico, tiofosfórico ou ditiofosfórico, mas existem compostos organofosforados sintéticos utilizados 
como inseticidas, acaricidas, nematicidas e fungicidas – são os inseticidas mais utilizados no combate 
a pragas. Ambos são bioacumulativos, o que significa que o composto permanece no corpo do inseto 
ou de um peixe após sua morte. Se algum outro animal se alimentar de um ser contaminado, também 
ficará intoxicado, e assim sucessivamente, aumentando o alcance do problema.
Os inseticidas carbamatos são compostos que apresentam em comum a estrutura fundamental 
do ácido N‑metilcarbâmico e são empregados no controle de moscas, mosquitos, baratas, formigas, 
percevejos e escorpiões.
Quanto aos inseticidas piretroides sintéticos, são compostos que apresentam estruturas semelhantes 
às piretrinas I e II, naturais nas flores de Chrysanthemum cinerariefolium (conhecidas popularmente como 
crisântemo), comumente empregados em campanhas de saúde pública na erradicação de mosquitos, no 
armazenamento de grãos e em uso doméstico para a eliminação de insetos em geral.
O uso de pesticidas, inclusive, contribui com o empobrecimento do solo, pois reduz a eficiência da 
fixação de nitrogênio realizada por micro‑organismos, o que torna o uso de fertilizantes cada vez mais 
necessário.
Os pesticidas também favorecem o surgimento de pragas progressivamente mais fortes, mediante 
um processo de “seleção natural” em que os animais mais resistentes aos agrotóxicostomam o lugar 
das espécies mais suscetíveis.
Outros problemas que já foram percebidos são a diminuição do número de abelhas polinizadoras e a 
destruição do hábitat de pássaros em ambientes onde pesticidas são utilizados.
A saúde humana é afetada pelos agrotóxicos de três maneiras: durante sua fabricação, no momento 
da aplicação e no consumo de um produto contaminado.
O efeito do pesticida depende do princípio ativo nele presente. Os sintomas podem variar desde 
irritação da pele até problemas hormonais e desenvolvimento de câncer.
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Para as grávidas, o risco é dobrado, pois há fortes evidências que ligam o contato com pesticidas a 
problemas durante a gestação, como morte de fetos, defeitos de nascença, problemas de desenvolvimento 
neurológico, diminuição do tempo de gestação e baixo peso do bebê.
Aproximadamente 25 milhões de trabalhadores agrícolas de países pobres devem sofrer com algum 
tipo de intoxicação causada por exposição a agrotóxicos.
Todos esses problemas se tornam especialmente importantes para o Brasil por tratar‑se de uma das 
principais fronteiras agrícolas do planeta. Por essa razão, é importante discutir alternativas saudáveis 
aos agrotóxicos.
Uma das possíveis alternativas para a substituição de agrotóxicos são os chamados biopesticidas. 
O termo se refere a produtos feitos de micro‑organismos, substâncias naturais ou derivados de plantas 
geneticamente modificadas que façam controle de pestes.
Embora a pesquisa com biopesticidas esteja bastante avançada nos Estados Unidos e na Europa, ela 
está engatinhando no Brasil, que ainda depende muito dos pesticidas sintéticos.
Para o consumidor final, a situação é mais complexa, já que é difícil saber se o produtor utilizou 
ou não biopesticidas na sua lavoura. A opção é preferir alimentos orgânicos e sempre lavar em água 
corrente frutas, legumes e verduras, independentemente da sua procedência.
6.4 Comércio internacional: leis e diretrizes
O comércio nacional é regido por leis e diretrizes que regulamentam as negociações de bens e 
serviços entre duas ou mais pessoas, sejam físicas ou jurídicas. Dessa forma, são estabelecidas as 
responsabilidades entre as partes envolvidas e seus respectivos limites de direito na transação.
Por exemplo, é comum ocorrerem casos de pessoas que se sentem lesadas em uma relação comercial 
e procuram seus direitos recorrendo ao Programa de Proteção e defesa do Consumidor (Procon) ou 
ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Esse tipo de procedimento é regulamentado pelo governo 
brasileiro, por isso a necessidade da criação de órgãos responsáveis por dirimir quaisquer questões 
nesse âmbito comercial, como elaborar as leis, além de fiscalizar e julgar as suas aplicações. Para tanto, 
é necessário que as autoridades governamentais criem leis que reflitam a realidade das transações 
comerciais e sejam imparciais em seus processos de fiscalização e julgamento de ações que possam 
causar prejuízo a alguma das partes e, no âmbito geral, ao Estado de direito.
De forma similar está organizado o comércio internacional: há leis e autoridades para cobrar o seu 
cumprimento e, com o mesmo rigor, fiscalizar as operações comerciais.
Infelizmente, o Brasil não possui lei única de comércio exterior, e há consolidação da legislação do 
setor. Isso dificulta bastante, pois possuímos centenas de Instruções Normativas da Receita Federal, 
Decretos, Portarias, órgãos anuentes e intervenientes etc.
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6.4.1 Organização Mundial do Comércio (OMC)
Antes do final da Segunda Grande Guerra, considerava‑se que a paz mundial requeria uma 
cooperação econômica e financeira. Assim, em uma conferência internacional, foi proposta a criação de 
uma Organização Internacional do Comércio (OIC) – em inglês, International Trade Organization (ITO) –, 
que regularia as relações comerciais entre os países.
Em julho de 1944, enquanto a Segunda Guerra Mundial ainda estava em curso, 730 delegados 
representantes de todas as 44 nações aliadas que reuniam os países em guerra contra o eixo fascista 
(inclusive o Brasil) encontraram‑se em Bretton Woods, New Hampshire, no nordeste dos Estados Unidos, 
para empreender uma das mais audaciosas iniciativas em engenharia social.
Tratava‑se de criar regras e instituições para criação de um sistema monetário internacional capaz de 
superar as enormes limitações que o padrão‑ouro e o sistema de desvalorizações cambiais competitivas 
haviam imposto ao comércio internacional e também à operação das economias domésticas.
Buscava‑se definir regras comuns para os países participantes, que poderiam contribuir para que 
atingissem níveis sustentados de prosperidade econômica e, por outro lado, que abrissem mão de parte 
da sua soberania na tomada de decisões sobre políticas domésticas, subordinando‑as ao objetivo comum 
de estabilidade macroeconômica.
A OMC foi idealizada em 1944, simultaneamente à criação do FMI e também do Banco Internacional 
para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) – as chamadas instituições de Bretton Woods, concebidas 
pelos Estados Unidos e pela Inglaterra. Com FMI e Bird, a então denominada OIC formaria um sistema 
econômico multilateral. Além de estabelecer disciplinas para o comércio de bens, continha normas sobre 
emprego, práticas comerciais restritivas, investimentos estrangeiros e serviços.
Diante da oposição do Congresso americano a tais regras, 23 países, incluindo o Brasil, assinaram o 
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – em inglês, General Agreement on Tariffs and Trade (Gatt) – um 
tratado que estabelecia um conjunto de normas para a liberalização do comércio internacional.
A institucionalização do Gatt como um foro de negociações comerciais resultou na criação da 
cláusula central do acordo – a chamada cláusula de nação mais favorecida, que determina que qualquer 
concessão feita por uma nação a um parceiro comercial deve ser estendida a todos os países signatários 
do Gatt. Essa cláusula impedia as chamadas preferências na abertura comercial.
Em 1947, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio foi firmado entre os países signatários (dentre eles, 
o Brasil) para regulamentar as relações comerciais internacionais. Um dos principais resultados obtidos 
foi a criação da OMC, em janeiro de 1995, após a Rodada Uruguai (1986‑1994).
A OMC surgiu com o objetivo de fortalecer e aperfeiçoar o sistema de comércio multilateral existente 
desde os anos que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial. Seus propósitos consistem em 
garantir a livre‑concorrência entre os países‑membros, abolir os obstáculos ao comércio entre os países 
e permitir o acesso das empresas ao mercado externo.
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A OMC agregou às regras do Gatt normas quanto aos setores de serviços e de propriedade intelectual, 
pois antes apenas eram contempladas as normas relativas ao comércio de bens.
 Observação
A OMC, com sede em Genebra, na Suíça, tem 161 membros (até 26 de 
abril de 2015) que negociam acordos que são ratificados pelo parlamento 
de cada nação e passam a regular o comércio internacional.
6.4.2 Blocos econômicos
Com a economia mundial globalizada, a tendência é a formação de blocos econômicos, que são 
criados com a finalidade de facilitar o comércio de bens e serviços entre os países‑membros. Adotam 
redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias diferenciadas e buscam soluções em comum, 
envolvendo várias questões, como geográficas, econômicas e sociais.
As zonas de comércio internacional,

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