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Aula 10 - Norma juridica

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CESVALE – CENTRO DE ENSINO DO VALE DO PARNAÍBA
CURSO DE DIREITO/ DISCIPLINA – INTRODUÇÃO AO DIREITO
PROFESSORA: ANA KARINA DE SOUSA CAMPELO
NORMA JURÍDICA
NOÇÕES
Na Teoria Geral do Direito o estudo da norma jurídica é de fundamental importância, porque se refere à substância própria do direito objetivo, e dispõem sobre fatos e valores sistematizando a ordem jurídica vigente.
Em qualquer âmbito, no seio da família, no ambiente de trabalho e na religião existem regras.
Regras – naturezas distintas.
Possuem traço em comum – são proposições que tem em mira influenciar e ordenar o comportamento do indivíduo e de grupo de pessoas no tocante a certos objetos.
Tipos de regras:
Regras de costume – referem-se à maneira como cada pessoa deve comporta-se nas várias circunstâncias de convivência. Ex. trato social.
Sanção – reprovação social.
Regras de religião – atuam nas condutas pessoais entre aqueles que professam a mesma fé, no relacionamento do homem com a divindade superior. Ex. católicos.
Sanção – reprovação íntima ou do meio religioso.
Regras morais – baseia-se numa sociedade ideal, conteúdo ético. Ex. proteção aos filhos menores.
Sanção – remorso, a culpa, reprovação social.
Lei natural ou física – é a constatação de fatos que se repetem na natureza, fatos resultantes sempre da mesma causa produzindo sempre os mesmos efeitos. Ex. processo de solidificação da água a zero grau.
Não existe a possibilidade de violação, por isso mesmo não tem sanção. 
 
Regras de jurídicas – são aquelas que decorrem de uma imposição e para seu descumprimento há uma sanção imposta pelo Estado. Ex. matar alguém.
Sanção – pena privativa de liberdade.
CONCEITO
 
	De forma simplificada podemos dizer que a norma jurídica é uma conduta exigida ou um modelo de organização social.
	Norma jurídica – é a proposição normativa inserida numa formula jurídica (lei, regulamento, tratado, etc) garantido pelo poder público ou pelas organizações internacionais. Proposição normativa porque seu conteúdo pode ser enunciado mediante uma ou mais proposições entre si correlacionadas. 
	Lei – é apenas uma forma de expressão da norma, que se manifesta também pelo direito costumeiro e pela jurisprudência em alguns países.
ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
Alguns autores, sob a influência de Kelsen, começaram a dizer que a norma jurídica é sempre redutível a um juízo ou proposição hipotética.
Concepção de Kelsen – em determinadas circunstâncias um determinado sujeito deve observar tal ou qual conduta; se não há observa, outro sujeito, órgão do Estado, deve aplicar ao infrator uma sanção.
Se ( F) é, deve ser (C). Em que :
F - um fato;
C - uma conseqüência, uma sanção.
Essa proposição é dividida em duas partes: Norma primária e secundária.
Segundo essa concepção, toda regra de direito contém a previsão genérica de um fato, com indicação de que toda vez que um comportamento corresponder a esse enunciado deverá advir uma conseqüência, correspondente a uma sanção. 
Todavia, entende-se que essa estrutura lógica corresponde apenas a certas categorias de normas jurídicas, mas não se estendem as normas que dispõem sobre a organização do Estado, as que estruturam órgãos e distribuem competências, posto que, o que as caracterizam é uma obrigação objetiva de algo que deve ser feito, sem que o dever enunciado fique subordinado à ocorrência de um fato previsto.
Ex. Brasília é a capital federal.
Concepção segundo Carlos Cossio:
A estrutura das normas jurídicas reúne duas normas: Endonorma e Perinorma.
Dado (A), deve ser (P), ou dado (ñP), deve ser (S).
Em que:
Endonorma – juízo que impõe uma prestação (P) ao sujeito que se encontra em determinada situação (A);
Ex. O indivíduo assume uma dívida (A), deve efetuar o pagamento na época própria (P);
Perinorma – aplica uma sanção (S) ao infrator que não efetuou a prestação a que estava obrigado (ñ);
Endonorma e Perinorma estão unidos pela conjunção “OU”.
Conclusão – dividir uma norma jurídica em duas partes parece o mesmo que dizer que a norma oferece alternativa para o seu destinatário qual seja: ADOTAR UMA CONDUTA DEFINIDA COMO LÍCITA OU SUJEITAR-SE A SANÇÃO PREVISTA. 
A NORMA JURÍDICA POSSUI UMA ESTRURA UNA NA QUAL A SANÇÃO SE INTEGRA.
Se (A) é, (B) deve ser, sob pena de (S). Em que:
A – corresponde à situação de fato;
B – conduta exigida;
S – sanção aplicável, na eventualidade do não cumprimento de B.
Ex. quem é contribuinte do imposto de renda (A) deve apresentar a sua declaração até determinada data (B) sob pena de perder o direito ao parcelamento do débito (S).
QUADRO DAS ESTRUTURAS LÓGICAS
	
NORMA
	
ESQUEMA
	
INTERPRETAÇÃO
	
MORAL
	
Deve ser (A).
	
Impõem-se por si própria
	
JURÍDICA
	
Se (A) é, (B) deve ser, sob pena de (S).
	
Deve-se agir de acordo com o que foi previsto sob pena de sofrer uma sanção
	
NATURAL
	
Se (A) é, é (B).
	
Ocorrida à causa, ocorrerá o efeito
 
CARACTERÍSTICAS
As normas jurídicas se diferenciam de outras normas por possuírem características próprias. 
BILATERALIDADE
O direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, atribuindo poder a uma parte e impondo dever a outra.
SUJEITO ATIVO ( SUJEITO PASSIVO
DIREITO SUBJETIVO ( DEVER JURÍDICO
Uma parte tem a faculdade de exigir observância do dever jurídico imposto pela norma à outra parte; as demais regras só impõem deveres.
GENERALIDADE E ABSTRAÇÃO DA LEI
A norma jurídica é geral e abstrata, pois não regula caso singular, particular, e sim estabelece modelo aplicável a vários casos enquadráveis no tipo nela previsto.
Geral – porque tem como destinatário várias pessoas, obriga todos que se acham em igual situação jurídica – principio da isonomia.
Abstrata – prescreve ação ou ato típico, um padrão de conduta jurídica, um tipo de relação jurídica que pode ocorrer não endereçado a ninguém em particular.
Ex. Compete ao Presidente da República sancionar, promulgar e fazer publicar as leis ...art. 48 CF/88.
IMPERATIVIDADE
	
	A norma jurídica é imperativa, contém um comando, uma prescrição, impondo um tipo de conduta que tem que ser observada.
Ex. o juiz decidirá conforme ...
Diz-se imperativa não só por impor como também por proibir condutas, a lei apesar de ser imperativa não impede que seja transgredida. 
COERCIBILIDADE
	A norma jurídica é executável coercitivamente, se inobservada a sanção imposta pelo Estado ou por organização internacional.
	Se houvesse a garantia que o direito fosse respeitado espontaneamente não haveria necessidade de coação jurídica, mas o direito dirige-se a pessoas dotadas de liberdade, de interesses que agem por vontade, dessa forma, o direito pode ser desrespeitado. 
	Coercibilidade é a possibilidade jurídica de coação, que pode ser psicológica ou material: é psicológica quando impõe medo pela sanção imposta e material quando se torna efetiva.
SANÇÃO JURÍDICA
	É todo e qualquer processo de garantia daquilo que se determina uma regra.
	A norma jurídica normalmente é acompanhada da sanção eficaz, estabelecida anteriormente.
	A sanção jurídica é uma conseqüência danosa, prevista na própria norma, aplicável no caso de sua inobservância, não desejada por quem a transgride.
	Ilícito civil – reparação de dano;
	Ilícito penal – pena privativa de liberdade, pena de multa.
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
Existem muitas classificações propostas por diferentes autores quanto às normas jurídicas, utilizaremos a classificação apresentada por Garcia Máynez, por sua clareza e objetividade:
quanto ao sistema a que pertencem;
quanto a fonte;
quanto a validez; 
quanto a hierarquia;
quanto a sanção;
quanto a qualidade;
quanto a as relações de complementação;
quanto a vontade das partes.
quanto ao sistema a que pertencem – podem ser nacionais,estrangeiras e de direito uniforme;
Nacionais – as que obrigatoriamente fazem parte do ordenamento jurídico no âmbito do Estado.
Estrangeiras – quando uma norma tem aplicação além do território que a criou. (direito internacional privado).
Direito Uniforme – quando dois ou mais estados resolvem adotar, mediante um tratado, internamente uma legislação padrão (direito internacional público). 
quanto a fonte – legislativas, consuetudinárias e jurisprudenciais;
Legislativas – as normas jurídicas escritas, corporificadas nas leis, medidas provisórias, decretos; emanam do poder legislativo.
Consuetudinária – são as normas não-escritas, elaboradas espontaneamente pela sociedade. Para que uma prática social se caracterize costumeira, necessita ser reiterada, constante e uniforme, além de achar-se enraizada na consciência popular como regra obrigatória.
Jurisprudenciais – normas criadas pelos tribunais.
quanto a validez : espacial – gerais e locais; temporal – vigência por prazo determinado e prazo indeterminado; material – direito público e privado; pessoal – genéricas e individuais;
Espacial – Gerais e Locais – gerais são aquelas que se aplicam em todo território nacional; locais – apenas a à parte do território do Estado.
Temporal – Vigência por prazo determinado e por prazo indeterminado - de acordo com o tempo da norma que pode ou não ser prefixado.
Material – direito público ou privado – nas primeiras à relação jurídica é de subordinação enquanto que nas segundas de coordenação.
Pessoal – genéricas e individuais – geral quando se dirigem a todos que se acham na mesma situação jurídica e individuais quando faculta a um individuo ou vários de uma mesma classe.
 
quanto a hierarquia – constitucionais, complementares, ordinárias, regulamentares e individualizadas;
Constitucionais – são as normas que condicionam a validade de todas as outras normas e tem o poder de revogá-las.
Complementares – tem matéria prevista na constituição.
Ordinárias – se localizam nas leis, medida provisória, leis delegadas.
Regulamentares – contida nos decretos.
Individualizadas – contidas nos testamentos, sentenças judiciais, contratos.
 
quanto a sanção – perfeita, mais que perfeita e menos que perfeita e imperfeitas;
Perfeitas – quando prevê uma nulidade do ato, na hipótese de sua violação;
Ex: CC 1.730 “é nula a nomeação do tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte não tinha o poder familiar”.
Mais do que perfeitas – quando prevê além da nulidade, um pena para o caso de sua violação;
EX: CC Art. 1521, VI não podem casar ....VI as pessoas casadas.
CC art 1548, II é nulo o casamento contraído: ... por infringência de impedimento.
Crime de bigamia. 
Menos que perfeita – determina apenas a penalidade, quando descumprida;
CC, art. 1641, I é obrigatório o regime de separação de bens no casamento:
I – das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento.
Imperfeita – quando não considera nulo nem anulável o ato que a contrária, nem comina castigo aos infratores. Prescrevem uma conduta sem impor sanção.
CPC. Art. 983. O inventário e a partilha de vem ser requeridos dentro de 30 (trinta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos seis meses subseqüentes.
quanto a qualidade – positivas(permissivas) ou negativas (proibidas);
Positivas – permitem a ação ou omissão.
Negativas – são as que proíbem a ação ou omissão.
quanto a as relações de complementação – primárias e secundárias;
Primárias – são as normas que dependem de outra para complementar o seu sentido, estas recebem o nome de normas secundárias.
quanto a vontade das partes - cogentes e dispositivas.
Cogentes – são as que obrigam independentemente da vontade das partes.
Dispositivas – dizem respeito apenas aos interesses particulares.
 
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