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Prof.: Rafael Goulart de Andrade Santos FASIPE - FACULDADE DE SINOP CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Disciplina: Estruturas de Concreto Armado I SINOP – MT 2018 Aula 02 – Segurança e durabilidade das estruturas de concreto armado Segurança e durabilidade das estruturas de concreto armado Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 2Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites 2. Ações 3. Valores de cálculo das ações 4. Valores de cálculo das resistências 5. Durabilidade das estruturas de concreto armado Segurança e durabilidade das estruturas de concreto armado Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 3Estruturas de Concreto Armado I “O engenheiro é justamente aquele profissional que adquire a habilidade de conduzir o carro numa estrada relativamente estreita, entre dois precipícios: O da insegurança e o do desperdício”. Lauro Modesto dos Santos Cálculo de Concreto Armado – vol. 1 “O segredo é aliar segurança e economia. A segurança deve vir antes dos números. Um projeto seguro qualquer profissional faz, é só seguir normas. O diferencial é unir os dois”. A união faz a força TQS News Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 4Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites Além dos aspectos econômicos e estéticos, uma estrutura de concreto armado deve ser projetada para atender os seguintes requisitos de qualidade: 1. Segurança: a estrutura deve suportar as ações que lhe são impostas durante a sua vida útil sem a ocorrência de ruptura ou perda de equilíbrio estático. 2. Bom desempenho em serviço: nas condições normais de serviço, as deformações da estrutura devem ser suficientemente pequenas para não provocar danos inaceitáveis em elementos não estruturais, nem causar desconforto aos usuários, o grau de fissuração não deve afetar o uso ou a aparência da estrutura, nem prejudicar a proteção da armadura. 3. Durabilidade: A estrutura deve se manter em bom estado de conservação sob as influência ambientais previstas, sem necessidade de reparos de alto custo ao longo de sua vida útil. Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 5Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites Quando algum dos requisitos relativos aos itens (1) e (2) não é atendido, considera-se que foi alcançado um estado limite. Os estados limites são classificados em dois grupos principais: Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 6Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites: Estado Limite Último (ELU) Um estado limite último é alcançado quando o edifício tem seu uso interrompido por um colapso parcial ou total da estrutura (esgotamento da capacidade resistente). Exemplos: • Um pilar mal dimensionado provoca a ruína de um prédio (colapso total). • Uma laje mal dimensionada vem abaixo, assim que o escoramento é retirado (colapso parcial). Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 7Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites: Estado Limite Último (ELU) A ruína da seção transversal para qualquer tipo de flexão no ELU pode ocorrer por esmagamento do concreto ou deformação excessiva da armadura, caracterizada quando as deformações específicas de cálculo do concreto e do aço atingem uma delas ou ambas os valores máximos das deformações. Admite-se: • Em seções parcialmente comprimidas, o esmagamento do concreto ocorre quando a fibra mais comprimida atinge uma deformação de 3,5 ‰. • A deformação excessiva da armadura ocorre quando a fibra mais tracionada atinge uma deformação de 10 ‰. Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 8Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites: Estado Limite Último (ELU) “Trata-se de uma condição última (extrema), indesejável para todo Engenheiro. Diversos coeficientes de segurança são definidos ao longo do projeto estrutural de tal forma a evitar esse tipo de situação. Felizmente, em nosso dia-a-dia, não é comum nos depararmos com estruturas que atingem o estado limite último”. Informática aplicada em estruturas de Concreto Armado Alio Kimura, 2007 Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 9Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites: Estado Limite de Serviço (ELS) Um estado limite de serviço é alcançado quando o edifício deixa de ter o seu uso pleno e adequado em função do mau comportamento da estrutura, que não seja a ruína propriamente dita. Exemplos: • Fissuras visíveis em uma viga causa sensação de desconforto. • Uma janela deixa de abrir devido a deformação excessiva de uma viga. Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 10Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites: Estado Limite de Serviço (ELS) Definições de estados-limites (item 3.2 NBR 6118/2014): Devem ser verificados os seguintes estados limites de serviço: a) Formação de fissuras (ELS-F): estado em que se inicia a formação de fissuras. Admite-se que este estado-limite é atingido quando a tensão de tração máxima na seção transversal for maior ou igual a resistência do concreto à tração. b) Abertura de fissuras (ELS-W): estado em que as fissuras se apresentam com aberturas iguais aos máximos especificados no item 13.4.2 na norma (0,20 mm ≤ wk ≤ 0,40 mm). c) Deformação excessiva (ELS-DEF): estado em que as deformações atingem os limites definidos no item 13.3 da norma. Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 11Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites: Estado Limite de Serviço (ELS) Deslocamentos limites (item 13.3 NBR 6118/2014): “Deslocamentos limites são valores práticos utilizados para verificação em serviço do estado limite de deformações excessivas da estrutura”. São classificados nos quatro grupos básicos a seguir relacionados: a) Aceitabilidade sensorial: o limite é caracterizado por vibrações indesejáveis ou efeito visual desagradável. b) Efeitos específicos: os deslocamentos podem impedir a utilização adequada da construção. c) Efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos estruturais podem ocasionar o mau funcionamento de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura estão ligados a ela. d) Efeitos em elementos estruturais: Os deslocamentos podem afetar o comportamento do elemento estrutural, provocando afastamento em relação às hipóteses de cálculo adotadas. Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 12Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites: Estado Limite de Serviço (ELS) “Lembre-se: quando um estado limite de serviço (ELS) é alcançado, o uso da edificação é inviabilizado, da mesma forma quando um estado limite último (ELU) é atingido. Um bom projeto estrutural deve atender simultaneamente a todos os estados limites: último e de serviço”. Informática aplicada em estruturas de Concreto Armado Alio Kimura, 2007 Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 13Estruturas de Concreto Armado I 1. Estados limites De forma geral, em projetos de estruturas de concreto armado, os estado limites são utilizados da seguinte maneira: 1. Efetua-se a análise estrutural para cálculo dos esforços. 2. Dimensiona-se as armaduras nos elementos de modo a atender a segurança no estado limite último (ELU). 3. Finalmente, verificam-se cada um dos estados limites de serviço. 2. Ações Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 14Estruturas de Concreto Armado I Ações são as causas que provocam esforços ou deformações nas estruturas Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 15Estruturas de Concreto Armado I Ações permanentes: São aquelas que ocorrem com valores constantes, durante praticamente toda a vida útil da construção “entram e ficam para sempre”. Representadas pela letra “G”. Ações permanentes diretas, exemplos: • Peso próprio da estrutura (peso morto) • Peso dos elementos construtivos (alvenarias, revestimentos, etc.) • Empuxos permanentes Ações permanentes indiretas, exemplos: •Retração • Fluência • Protensão 2. Ações: Permanentes Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 16Estruturas de Concreto Armado I Empuxo: É uma ação provocada pelo solo sobre parte da estrutura que está enterrada. É muito comum nos subsolos de edifícios. 2. Ações: Permanentes Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 17Estruturas de Concreto Armado I Retração: É a variação volumétrica que uma peça de concreto sofre ao longo do tempo, ocasionada pela saída de água do concreto, o que provoca o surgimento de deformações e esforços adicionais na estrutura. 2. Ações: Permanentes Influenciada pela condições ambientais: Umidade relativa, temperatura, vento etc. Uma cura prolongada retarda o início da retração, permitindo que o concreto alcance uma resistência à tração satisfatória. Com isso pode-se evitar uma fissuração prematura. Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 18Estruturas de Concreto Armado I Fluência: É a deformação que o concreto apresenta, ao longo do tempo, quando submetido a ações de longa duração, tensões constantes. Deformação (flecha) imediata em vigas e lajes bi-apoiadas: f = 5 . q . l� 384 . E��. I� Finalmente, pode-se afirmar que a deformação em peças fletidas devido ao efeito da fluência não deve ser desprezada, pois pode atingir valores até o triplo do valor da deformação imediata. R. C. Carvalho, J. R. F. Filho, 2016. 2. Ações: Permanentes Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 19Estruturas de Concreto Armado I Protensão: considerando a ação de um cabo curvo com uma força “P” aplicada nas extremidades da viga, e que provocará quando estirado uma ação equivalente (contato cabo-concreto) oposta as ações solicitantes. 2. Ações: Permanentes Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 20Estruturas de Concreto Armado I Ações variáveis: São aquelas que ocorrem com valores que sofrem significativas variações durante a vida da construção “entram e depois saem”. Representadas pela letra “Q” Exemplos: • Cargas acidentais de uso (atuam nas construções em função da sua finalidade, como peso das pessoas, móveis, etc – NBR 6120) • Vento • Água 2. Ações: Variáveis Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 21Estruturas de Concreto Armado I Ações excepcionais: são aquelas que tem uma duração muito curta e uma probabilidade de ocorrência muito pequena durante a vida da construção. Exemplos: • Explosões • Choques de veículos • Enchentes • Sismos excepcionais 2. Ações: Excepcionais Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 22Estruturas de Concreto Armado I Combinações de ações: As ações não são consideradas sempre simultâneas, mas são realizadas combinações. 2. Ações: Combinações 3. Valores de cálculo das ações Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 23Estruturas de Concreto Armado I NBR 6118/2014, item 11.7: As ações devem ser majoradas pelo coeficiente de ponderação �� por meio da expressão: �� = �� . �� onde: �� = ��� . ��� . ��� = �, � Considera as aproximações de projeto Considera a simultaneidade das ações Considera a variabilidade das ações 4. Valores de cálculo das resistências Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 24Estruturas de Concreto Armado I NBR 6118/2014, item 12.3.1: Os valores de cálculo das resistências, são obtidos a partir das resistências inferiores �� por meio da expressão: �� = �� �� onde: γ� - Coeficiente de ponderação das resistências (coeficiente de incertezas). Para obras usuais e situações normais em geral, têm-se, para o concreto e aço no estado limite último, os valores das resistências de cálculo: ��� = ��� �, �� ��� = ��� �, �� Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 25Estruturas de Concreto Armado I Classe de agressividade ambiental Agressividade Classificação geral do tipo de ambiente para efeito de projeto Risco de deterioração da estrutura I Fraca Rural Insignificante Submersa II Moderada Urbana Pequeno III Forte Marinha Grande Industrial IV Muito forte Industrial Elevado Respingos de maré NBR 6118/2014, item 6.4.2: Nos projetos de estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo com o apresentado na tabela 6.1 da ABNT NBR 6118/2014 e pode ser avaliada segundo as condições de exposição da estrutura. Tabela 6.1 – Classes de agressividade ambiental (CAA) 5. Durabilidade das estruturas de concreto armado Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 26Estruturas de Concreto Armado I “É importante lembrar que toda estrutura de concreto, em qualquer ambiente, está suscetível à deterioração. Porém, quanto mais forte a agressividade do meio, mais rápido e mais intenso pode ser esse processo”. Zehbour Panossian Pesquisadora do IPT 5. Durabilidade das estruturas de concreto armado Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 27Estruturas de Concreto Armado I Ambientes quimicamente agressivos: Armazéns de fertilizantes: podem sofrer ataques por sulfatos presentes nos produtos armazenados. Estações de tratamento de esgoto: colocam a estrutura em contato com sulfatos e ácidos agressivos provenientes da decomposição nos tratamentos anaeróbicos da matéria orgânica. Ambientes litorâneos: qualquer estrutura em ambiente litorâneo sofre ataques por conta da salinidade presente na névoa marinha. Qual o problema de ocorrer corrosão na armadura? 5. Durabilidade das estruturas de concreto armado Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 28Estruturas de Concreto Armado I Concreto Tipo Classe de agressividade I II III IV Relação água/cimento em massa Concreto armado ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45 Concreto protendido ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45 Classe de concreto Concreto armado ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 Concreto protendido ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40 NBR 6118/2014, item 7.4.2: Devido à existência de uma forte correspondência entre a relação água/cimento e a resistência à compressão do concreto e a sua durabilidade, deve-se atender os requisitos mínimos apresentados na tabela 7.1 da ABNT NBR 6118/2014. Tabela 7.1 – Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto 5. Durabilidade das estruturas de concreto armado Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 29Estruturas de Concreto Armado I Tipo de estrutura Elemento estrutural Classe de agressividade I II III IV Cobrimento nominal (mm) Concreto armado Laje 20 25 35 45 Viga/pilar 25 30 40 50 Elementos em contato com o solo 30 30 40 50 Concreto protendido Laje 25 30 40 50 Viga/pilar 30 35 45 55 Tabela 7.2 – Correspondência entre a classe de agressividade e o cobrimento nominal Cobrimento é proteção passiva da armadura. Garante a proteção física e química da armadura 5. Durabilidade das estruturas de concreto armado Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 30Estruturas de Concreto Armado I 5. Durabilidade das estruturas de concreto armado Prof. Rafael Goulart de Andrade Santos 31Estruturas de Concreto Armado I 5. Durabilidade das estruturas de concreto armado
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