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ÉTICA COMO DOUTRINA DA CONDUTA HUMANA - 2ª AULA - BIOÉTICA

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ÉTICA COMO DOUTRINA DA CONDUTA HUMANA
UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ 
SOBRAL - CE 2014
TEREZA CRISTINA LACERDA GOMES
	
Conduta em sentido amplo: 
“ (...) resposta a um estímulo mental, ou seja, é uma ação que se segue ao comando do cérebro e que, manifestando-se variável, também pode ser observada e avaliada. 
Comportamento: “ (...) resposta a um estímulo cerebral, mas é constante, ou seja, ocorre sempre da mesma forma.” 
Conduta – variável; Comportamento – constante.
Ex: 
Significado dos termos
Ação: “ ato ou efeito de agir, de atuar; ato, feito, obra, atitude, comportamento...
Ex: Ao ser-lhe apontado o revolver, ficou sem ação.
 Atitude: “ modo de proceder ou agir; postura; comportamento, procedimento...
Ex: A atitude das nações aliadas na II Guerra foi de hostilidade ao nazismo.”
Aurélio (dicionário)
Significado dos termos
 Comportamento: “conjunto de reações de um indivíduo , estando este em seu ambiente e sob determinadas circunstâncias”.
 Conduta: “procedimento moral, comportamento.”
Aurélio (dicionário)
 Ética estuda a ação que, comandada pelo cérebro é observável e variável, representando a conduta humana. 
Ética concebida como doutrina da conduta humana
Trata do motivo que leva a produzir a conduta; busca conhecer o que promove a satisfação, prazer ou felicidade; as razões que levam ao bem e os estímulos mentais que motivam o homem a praticá-lo.
 Busca-se o exame do que conduz ao ideal.
Ética concebida como doutrina da conduta humana
 Não trata do bem em si, mas como se pode consegui-lo, quais os caminhos que a ele conduzem. 
 O bem passa a ser resultado do móvel da conduta, o que se consegue através de seguir-se tal ou qual direção.
Ética segundo Protágoras (480 a.C.)
Pregava o que fazer para ser virtuoso perante terceiros.
Ética segundo Xenofonte (427 a.C.)
Indicou caminhos da ação do homem perante a divindade, os amigos, a sociedade, a pátria, etc, (...) – ação específica. Ex: “(...) aquele que não sabe administrar sua casa, não sabe administrar o Estado.”
Ética – ação virtuosa aceita por todos (consenso).
Ética - estudo visando apresentar o que se deve buscar para que se sinta e se pratique o bem.
Ética empírica de Paracelso (1493-1541)
Médico, alquimista, físico e astrônomo – preocupado com a vida humana e o bem-estar dos seres. 
 Defendeu o estudo do corpo associado ao do espírito;
 Processos biológicos são de natureza química, afetam o cérebro e o comportamento humano – mas, há uma energia que a isso tudo aciona.
Ética empírica de Paracelso (1493-1541)
Confiança é importante para a cura; saúde depende da energia atuante sobre o corpo.
 Holismo: homem é um ser integral, indivisível, que não pode ser explicado apenas a partir do componente físico. (Aurélio)
 Médico – reconhecer a ação da natureza invisível do doente e ação do remédio no campo energético (corpo).
 DEVERES E BASES DE UMA CONSCIÊNCIA ÉTICA – pg. 19 a 20
Ética científica e grandes pensadores
Thomas Hobbes (1588-1679)
Conduta – “ conservação de si mesmo como bem maior”.
 “ O medo da opressão predispõe os homens para antecipar-se, procurando ajuda na associação, pois não há outra maneira de assegurar a vida e a liberdade.”
 União – conduz à proteção e conservação da existência.
 Mas, “ os homens não tiram prazer algum da companhia uns dos outros, quando não existe um poder capaz de manter a todos em respeito”.
Thomas Hobbes (1588-1679)
 Causas da discórdia entre integrantes de um grupo:
 Competição – lucro;
 Desconfiança – segurança;
 Glória – reputação.
Deveres naturais: a complacência, o perdão aos arrependidos, a punição como preservação do bem futuro.
 Apologia da paz.
René Descartes (1596-1650)
Paixão – comportamento emocional (ação da alma).
 As paixões da alma devem ser distinguidas das funções desta com aquelas do corpo.
 Os nossos pensamentos se ligam à alma.
 A alma atua sobre uma glândula que existe no cerébro, daí se irradiando para todo o corpo.
 É pelo domínio de si mesmo que se deve moldar a conduta.
 Pelo conhecimento da verdade que o homem consegue moldar um tipo de raciocínio que de forma inteligente se torna competente para conter as emoções – Consciência ética.
René Descartes (1596-1650)
Consciência ética 
 Paixões: admiração, estima, menosprezo, dignidade, orgulho, humildade, baixeza, veneração,... Pg. 24 
 ADMIRAÇÃO, AMOR, ÓDIO, DESEJO, ALEGRIA E TRISTEZA.
 ADMIRAÇÃO – percepção pela observação das coisas, (...) sendo imprescindível entender.
 AMOR – é a emoção da alma que nos impele à união. “ nos consideramos unidos ao que amamos, de tal sorte que imaginamos um todo do qual acreditamos ser apenas uma parte, sendo a outra o objeto amado”.
René Descartes (1596-1650)
 AFETO – amor menor do que aquele que dedicamos a nós mesmos; AMIZADE – amor igual...; DEVOÇÃO – amor maior....
ÓDIO - ...???
 DESEJO – uma agitação da alma causada pelas disposições a querer para o futuro as coisas que nos parecem convenientes”.
 Espécies de desejo – aspirações de glória ou de vingança.
René Descartes (1596-1650)
 ALEGRIA – aspiração da vida, uma agradável emoção da alma que consiste no gozo do bem.
 TRISTEZA – uma languidez desagradável que consiste no incômodo que a alma recebe do mal. 
 PRAZER E DOR – FELICIDADE E INFELICIDADE - bem e mal praticados ou recebidos.
 Deveres éticos – para conosco e com terceiros.
 Cada pessoa é um universo – respeito à sensibilidade de cada um,à forma de interpretar os fatos – bom relacionamento.
René Descartes (1596-1650)
Benefícios do amor e malefícios do ódio – alma e pensamento, corpo.
 Virtude – protetora da felicidade – “ se a alma tiver sempre algo com que se contentar em seu interior nada de fora poderá perturbá-la”. - pg. 26 .
 A humildade virtuosa – jamais menosprezar ninguém; desculpar mais do que censurar. 
 Dignidade – amor a Deus + respeito às pessoas + repulsa ao vício.
René Descartes (1596-1650)
Segurança para ações eficazes – esperança exclui o medo. 
 Ação positiva e valorosa # segurança imprudente e viciosa. 
 Precipitação é maléfica – conduz a juízos incorretos – dúvida que suscita o arrependimento. 
 Inveja – falta de amor ao próximo, prejudica quem a possui, reduz a felicidade e atinge terceiros.
René Descartes (1596-1650)
 Compaixão – uma das formas de dignidade – apenas são inacessíveis à compaixão os espíritos malévolos e invejosos.
 é um sentimento oposto ao da inveja, “ uma espécie de tristeza, mesclada de amor ou de boa vontade por quem vemos sofrer algum mal de que não o cremos digno”.
 Prática da virtude – conduz à felicidade. Ações benévolas – gratidão.
 Ingratidão, cólera e ódio – vícios.
 Fazer o mal é também recebê-lo de certo modo. 
René Descartes (1596-1650)
Os virtuosos são os que mais tendem a indignar-se contra o vício e a injustiça.
 Glória – “ algumas vezes somos elogiados por coisas que nós mesmos não as achamos boas e censurados por outras que admitimos ser as melhores”.
 Glória e vergonha – esperança e temor.
 Vivemos do que pensamos – pensamento positivo – domínio da sabedoria sobre a emoção.
 As pessoas sensíveis desfrutam a vida quando a virtude é o parâmetro do sentimento.
 Inteligência emocional – procedimento ético competente.
Baruch Espinosa (1632-1677)
Na medida em que uma coisa está de acordo com nossa natureza é necessariamente boa.
 Princípios de conduta: 
 O respeito e a proximidade a Deus, pelo conhecimento;
 Do determinismo da vontade divina;
 da utilidade em jamais odiar, desprezar e ridicularizar o próximo, ter cólera ou invejar,; contentar-se com o que o destino oferece, de forma racional e não por influencias externas;
 Preservar a liberdade, sendo este um dever de todos e do Estado.
Baruch Espinosa (1632-1677)
 O ser (homem) foi criado para agir de modo conveniente à sua conservação e bem-estar ( Espinosa e Hobbes). 
 A alegria é hierarquicamente
superior à tristeza – o amor é a plena satisfação da alma.
 “ O ódio, que é inteiramente vencido pelo amor, transforma-se em amor. Esse amor, por essa razão, é bem maior que o ódio que o precedeu.” 
A conduta ética – baseada no amor.
 A alma é parcela da inteligência divina.
 “ A ordem e a conexidade das ideias são o mesmo que a ordem e a conexidade das coisas.”
Baruch Espinosa (1632-1677)
Associou o físico ao metafísico – A consciência ética possuía “sabores cósmicos” – o homem agia de acordo com a energia que recebia, com a responsabilidade de moldá-la ao necessário, sem deformar sua gênese. 
 A conduta para ser NATURAL, útil, deve ser voltada ao amor, não por ser obrigatória, mas por ser necessária.
 “Não há na alma vontade alguma absoluta ou livre; porque a alma é determinada por outra e esta, por sua vez, ainda por outra, e assim até o infinito.”
 Nossos atos, aparentemente livres são a expressão de uma vontade que já foi modelada em outras causas – pg. 31
Baruch Espinosa (1632-1677)
Não significa negar a capacidade do homem de exercer a vontade (força interior), mas de aceitar a influência do que conhecemos e herdamos sobre as nossas decisões.
 Limite entre vontade e consciência.
 pg. 32 – 3º parágrafo.
 A virtude é a essência do homem – vício é sua antítese (contraria sua conformação natural).
 O homem livre jamais age enganado; age sempre de boa-fé. (...) dirigido pela razão vive de acordo com a lei comum. Na solidão obedece a si próprio.
John Locke (1632-1704)
 Tendência de conservação do ser.
 Deve-se evitar a tristeza, buscando a alegria de viver. 
 Nega o conhecimento inato, afirma que a estrutura mental é adquirida a partir de um processo educacional e cultural, obrigatório, por iniciativa do ser ou de terceiros.
 A conduta, movida pelo cérebro, pelo espírito, é fruto de algo adquirido.
John Locke (1632-1704)
A idéia é objeto do pensamento – todas as idéias derivam da sensação ou reflexão – o objeto da sensação é uma fonte de idéias.”
 A alma começa a ter idéias quando começa a perceber – ela nem sempre pensa, por isto precisa de provas.”
G. W. Leibniz(1646-1716)
As normas da moral não são inatas – existem verdades inatas “ não façais aos outros senão aquilo que gostaríeis fosse feito a vós mesmos.”
 Verdade natural – instinto e luz – “ somos levados aos atos de humanidade pelo instinto.”
 O homem é todo universo de substâncias com suas almas consideradas abstratas (multiplicidade de espíritos de cada ser), mas suas propriedades específicas.
G. W. Leibniz (1646-1716)
-Existem muitos mundos – Deus age dentro de uma razão lógica – há razão para tudo que acontece – o BEM sempre prevalece sobre o mal.
 Os males são necessários – servem para avaliar-se o que é BOM.
 Os limites da justiça nem sempre são assimiláveis pela sociedade – a conduta humana justa conflita-se com aquela do grupo social.
 Nega o caráter inato da lei e ADMITE QUE A SOCIEDADE pode trangredi-la – pg. 35 -4º e 5º parágrafos.
 Cada ser age como se fosse um universo à parte, por suas próprias idéias, mas em busca de uma composição com os outros seres existentes.
David Hume (1711-1776)
– Questionador das causas promotoras das virtudes, dos vícios, da verdade, da falsidade, da beleza e da fealdade (Aurélio).
“ O caminho mais suave e pacífico da vida humana segue pelas avenidas da ciência e da instrução; e todo aquele que for capaz de remover algum obstáculo nesse caminho ou de abrir alguma perspectiva nova deve ser considerado como benfeitor da humanidade.”
 O valor do conhecimento – campo da ciência.
 Ciência – experimentação – conhecimento das causas.
 Percepção – formadora de idéias e da consciência ética.
David Hume (1711-1776)
– Cérebro – importante na fator na formação da conduta.
Importância da História “ para as nossas observações sobre os móveis habituais da ação e da conduta humana”.
 Contribuição: sensibilidade para o científico, para o verdadeiro objeto de uma ética como estudo da conduta humana (cérebro) e a história como fonte de indagação na análise dessa mesma conduta, ao longo do tempo e nos diversos lugares.
 “ A humanidade é mais ou menos a mesma em todas as épocas e lugares.”
David Hume (1711-1776)
– Sobre e ética em sua época: “ embora se dê o devido peso e autoridade à virtude e à honra, nunca se espera das multidões e dos partidos esse perfeito desinteresse que tantas vezes se nos procura inculcar; de seus líderes muito raramente; e quase nunca dos indivíduos de categoria e posição”.
A CONDUTA NAS SOCIEDADES NEM SEMPRE ESTÁ DE ACORDO COM A VIRTUDE. Ex. pag 37
 “ Tão grande é a mútua dependência dos homens em todas as sociedades, que quase não há ação humana que seja completa em si mesma ou que se realize sem alguma referência às ações alheias, necessárias para que ela corresponda plenamente às intenções do agente.”
Immanuel Kant (1724-1804)
Obra: Crítica da Razão Pura (1781) “ coisa alguma do que conhecemos pode transcender à experiência, mas, desta, preliminarmente é extraída.”
O ambiente produz a sensação – nosso cérebro prevalece sobre tudo.
 Pilares da moral: DEUS, LIBERDADE E IMORTALIDADE.
 O valor moral da ação não reside, portanto, no efeito que dela se espera; também não reside em qualquer princípio da ação que precise de pedir seu móbil a este efeito esperado.”
 Sem liberdade não há virtude e sem esta não existe a moral nem a felicidade.
Immanuel Kant (1724-1804)
Escreveu que: “ assegurar cada qual sua própria felicidade é um dever, pois a ausência de contentamento com seu próprio estado num torvelinho de muitos cuidados e no meio de necessidades insatisfeitas poderia facilmente tornar-se uma grande tentação para transgressão dos deveres.”
 O dever de ser FELIZ tinha duplo sentido: o da satisfação do ser e do impedimento de atos antiéticos.
Ex: Aumento do desemprego gera criminalidade, prostituição e outras mazelas sociais.
O cumprimento de um dever ético por interesse – não implica em virtude.
Felicidade sem boa vontade pode conduzir à soberba.
Immanuel Kant (1724-1804)
Boa vontade em si mesma – moderação das emoções, das paixões, autodomínio, calma e reflexão.
 Homem é um “ser racional, ligado a uma comunidade, com deveres para com ele mesmo e para com o todo e, lastrado (Aurélio) em uma felicidade também de efeitos racionais; o móvel da conduta é a vontade guiada pela razão (lei moral).
Jeremy Bentham (1748-1832)
Moral – uma das quatro fontes que produzem o prazer e a dor nos seres humanos.
 “ Se o prazer e a dor estiverem nas mãos de pessoas que por acaso ocupam um lugar de destaque na comunidade, segundo a disposição espontânea de cada pessoa, e não de acordo com alguma regra estabelecida ou acordada, podemos dizer que o prazer e a dor derivam da sanção moral ou popular.”
 A conduta conduz à dor ou ao prazer – veículo da felicidade.
 Método para medir prazer ou dor – valor = f (intensidade, duração, certeza ou incerteza e proximidade ou longinquidade, fecundidade e pureza, extensão ou grupo de pessoas) – pg. 41.
Jeremy Bentham (1748-1832)
Contabilidade de Prazeres e Dores – se ocorrer um resultado positivo do prazer a coisa é boa; se houver prevalência da dor, a tendência será má.
 Bom (prazer) – Mau (dor).
 Intenção com que um ato é praticado - “ (...) muitas ações julgadas como más são, às vezes, praticadas com a melhor das intenções” – não existe correlação compulsória entre a intenção e seus efeitos.
Motivo ou razão da conduta # meio (instrumento usado).
- Dentre os motivos, a BOA VONTADE é aquele cujos ditames apresentam a maior certeza de coincidirem com os motivos do princípio de utilidade.
Jeremy Bentham (1748-1832)
Causa móvel (motivo) da conduta – “impulsionante” e “demovente” – QUERER e o NÃO QUERER.
OUTROS PENSADORES MODERNOS 
E CONTEMPORÂNEOS
 Conte – moral do altruísmo (Aurélio)
 Spencer - Ética biológica, evolutiva
 Russel – negou à ètica sua condição científica (pg. 43-44)
Giovanni Vidari 
A Ética é a ciência que, tendo por
objetivo essencial o estudo dos sentimentos e juízos de aprovação e desaprovação absoluta realizados pelo homem acerca da conduta e da vontade, propõe-se a determinar:
Pg. 45 a e b
Objeto da ética:
 Juízos de formados pela aprovação ou não das condutas humanas, considerando-se seus efeitos.
 Estudo das relações entre a vontade e a conduta, como isto se processa perante o coletivo e o individual, em causa, efeito, no espaço, em qualidade, quantidade, em face das ambiencias próximas e distantes.
Giovanni Vidari
Preocupação científica (Problema de pesquisa): Conhecer sob que condições a vontade se opera para produzir a conduta.
 Não se trata de analisar desejos isolados como considerou Russel.
 O conhecimento sobre ética é científico porque se estuda um objeto determinado, sob um aspecto especial, metodologia definida na busca da explicação de acontecimentos que possam ter validade geral e aceitabilidade lógica.
Albert Einstein
Físico, matemático, deixou marcantes visões éticas.
 Pontos relevantes: 
 1 a 17 (pg. 47-48)
OBRIGADA!!!

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