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107
UNIDADE 3
DIREITO PRIVADO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• compreender o Direito Privado e seus ramos;
• conhecer o Direito Civil, seu conteúdo, estrutura e ramos;
• conhecer outros ramos do Direito Privado, tais como o Direito Comercial.
Esta unidade está dividida em dois tópicos e em cada um deles você encon-
trará atividades que o(a) ajudarão a aplicar os conhecimentos apresentados.
TÓPICO 1 – DIREITO CIVIL - NOÇÕES E ESTRUTURA
TÓPICO 2 – PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL
TÓPICO 3 – PARTE GERAL - LIVRO II: DOS BENS
TÓPICO 4 – PARTE GERAL - LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS
TÓPICO 5 – CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
TÓPICO 6 – OUTROS RAMOS DO DIREITO PRIVADO: DIREITO 
 COMERCIAL E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
108
109
TÓPICO 1
DIREITO CIVIL - 
NOÇÕES E ESTRUTURA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Como vimos na unidade1, o Direito Privado regulamenta as relações dos 
particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas, sem que o Estado seja parte desta 
relação. 
Neste primeiro tópico, entenderemos como está estruturado o Direito Civil. 
Antes, porém, vamos estudar o conceito deste ramo do Direito, que é tido 
como o principal ramo do Direito Privado, especialmente com a inserção do Direito 
Empresarial no Código Civil, que entrou em vigor em 2003.
2 NOÇÕES E ESTRUTURA DO DIREITO CIVIL
Para iniciarmos o estudo do Direito Civil, vamos trazer um conceito da 
doutrina de Führer e Milaré (2005, p. 224):
DIREITO CIVIL é “O conjunto de normas que regulamentam 
as relações jurídicas dos particulares entre si.”
As normas de Direito Civil estão reunidas no Código Civil, Lei nº 10.406/02 
de 2002, que entrou em vigor em 2003, e também em outras leis, como a lei de 
Locações Urbanas, Registros Públicos, Divórcio, entre muitas outras.
Neste momento do nosso estudo, concentrar-nos-emos no Código Civil. Ele 
inicia com a Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro LINDB (LICC), que 
traz importantes normas jurídicas sobre a aplicação da lei no tempo e no espaço, 
entre outras. Após a LICC, o Código Civil é dividido em duas partes, a parte geral 
e a parte especial. 
Podemos então dizer que o Código Civil é dividido em duas grandes partes: 
l	a parte geral (arts.1º ao 232) e;
l	a parte especial (arts. 233 ao 2046). 
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
110
Na parte geral, encontraremos dispositivos legais sobre as pessoas, os bens 
e os fatos jurídicos. A parte geral é, assim, subdividida em três partes, chamadas 
“Livros”:
l	Livro I - Das pessoas;
l	Livro II - Dos bens e; 
l	Livro III – Dos fatos jurídicos. 
Já na parte especial, vamos encontrar o Direito das Obrigações, o Direito 
da Empresa, o Direito das Coisas, o Direito de Família e o Direito das Sucessões.
A figura a seguir, ajudará a ter uma visão melhor desta divisão:
FONTE: A autora
FIGURA 17 – DIVISÕES E SUBDIVISÕES DO DIREITO CIVIL
ESTUDOS FU
TUROS
Você verá mais adiante um conceito de cada um deles.
TÓPICO 1 | DIREITO CIVIL - NOÇÕES E ESTRUTURA
111
DICAS
Como sugestão, entre no site <www.planalto.gov.br>, e no link “legislação” e 
baixe uma versão atualizada do Código Civil e dê uma olhada nesta divisão de que tratamos 
anteriormente. Será importante para nosso estudo futuro e para sua vida.
112
Neste tópico você estudou o Direito Civil e aprendeu que:
l	O Direito Civil trata das relações entre particulares, sem que o Estado participe 
desta relação. 
l	O Direito Civil é composto de uma parte geral e uma especial. A Parte Geral é 
precedida da LICC (Lei de Introdução do Código Civil).
RESUMO DO TÓPICO 1
113
1 Complemente a segunda coluna de acordo com a informação contida na 
primeira:
AUTOATIVIDADE
Principal Objeto do Direito Civil.
Estrutura do Direito Civil (Código 
Civil).
Quantos e quais são os livros da parte 
geral do CC?
Cite os ramos do Direito que compõem 
a parte especial do Código Civil.
114
115
TÓPICO 2
PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Agora que você já conhece a estrutura do Direito Civil, vamos estudar 
separadamente cada uma das suas partes. 
Como você já viu, a parte geral do Código Civil trata Das pessoas, Dos bens 
e Dos Fatos Jurídicos.
Importante ressaltar que esta parte geral do Código Civil traz regras que 
se aplicam a todos os ramos do Direito que compõem a parte Especial do Código e 
que também será aplicável nas organizações empresariais. 
O Código Civil é o principal instrumento do Direito Civil, que também 
tem como instrumentos a legislação esparsa, tais como a lei do Divórcio, Lei das 
Locações Urbanas, dos Registros Públicos. Contudo, para bem compreender o 
Direito Civil, precisamos conhecer bem o Código Civil. 
Então, vamos em frente.
2 PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL – LIVRO I: DAS PESSOAS 
No livro I do Código Civil encontramos as regras que disciplinam as 
pessoas. Estas são divididas em pessoas físicas e jurídicas, como veremos a seguir:
2.1 PESSOA FÍSICA 
Como já dissemos anteriormente, o Código Civil trata das pessoas no Livro 
I. Quando falamos em “pessoas”, podemos nos referir às pessoas físicas (naturais), 
ou às pessoas jurídicas. 
A pessoa física, também chamada de pessoa natural, é o ser humano. Diz-
se natural, porque sua existência legal se inicia por um fato natural (o nascimento).
116
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
Na definição de Coelho (2006, p. 156), “homens e mulheres são todos 
considerados pessoas para o direito, isto é, aptos a titularizar direitos e obrigações 
e autorizados à prática dos atos jurídicos em geral”.
 Quando tratamos da prática destes atos jurídicos, precisamos entender 
que as pessoas físicas têm personalidade jurídica e capacidade jurídica.
Porém, personalidade jurídica e capacidade jurídica não se confundem. 
De uma forma simplificada, podemos dizer que:
A personalidade jurídica é a aptidão para ser titular de direitos e 
obrigações civis.
Fica, assim, a pessoa natural “autorizada a praticar qualquer ato jurídico 
que deseja, salvo se houver proibição expressa” (COELHO, 2006, p. 156). 
Toda pessoa natural tem personalidade jurídica, desde que nasça com vida, 
porém o Código Civil protege o nascituro (bebê em gestação) desde a concepção. Da 
personalidade decorrem vários direitos, tais como ao nome, ao corpo, à honra etc.
A capacidade jurídica, por sua vez,
Ou seja, uma pessoa física pode ter personalidade jurídica para praticar 
um determinado ato da vida civil, porém ser incapaz para praticá-lo por si só, ou 
“pessoalmente”, conforme diz o Código Civil. A capacidade é a regra, como nos 
ensina Coelho (2006, p. 160):
As pessoas são, por princípio, capazes e podem, assim, praticar os atos e 
negócios por si mesmas. A incapacidade é uma situação excepcional prevista 
expressamente em lei com o objetivo de proteger determinadas pessoas. Os incapazes 
são considerados, pela lei, não inteiramente preparados para dispor e administrar 
seus bens e interesses sem a mediação de outra pessoa (represente ou assistente).
Quando falamos em capacidade, é necessário, ainda, que se diferencie a 
incapacidade absoluta da incapacidade relativa. 
Os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente (por si) os atos da 
vida civil são entendidos pelo Direito como pessoas que não têm a mínima condição 
de decidir sobre seus direitos e interesses. Por isso, terão que ser representados. 
TÓPICO 2 | PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL
117
Já os relativamente incapazes, segundo o Direito, já têm algum 
discernimento e podem expressar sua vontade, que é levada em consideração. 
Por isso, diz-se que serão assistidos (ou seja, auxiliados). Para facilitar seu 
entendimento, elaboramos o quadro a seguir:
ABSOLUTAMENTE INCAPAZES
(SERÃO REPRESENTADOS)
l lMENORES DE16 ANOS (CHAMADOS DE 
MENORES IMPÚBERES).
l	lOS QUE POR ENFERMIDADE OU DOENÇA 
MENTAL NÃO PUDEREM EXPRIMIR SUA 
VONTADE.
l								lOS QUE, MESMO POR CAUSA TRANSITÓRIA, 
NÃO PUDEREM EXPRIMIR SUA VONTADE.
 
RELATIVAMENTE INCAPAZES
(SERÃO ASSISTIDOS)
l	 lMAIORES DE 16 E MENORES DE 18 ANOS 
(CHAMADOS DE MENORES PÚBERES).
OS ÉBRIOS HABITUAIS (ALCOÓLATRAS), 
OS VICIADOS EM TÓXICOS E OS QUE, 
POR DEFICIÊNCIA MENTAL, TENHAM O 
DISCERNIMENTO REDUZIDO.
l	lOS EXCEPCIONAIS, SEM DESENVOLVIMENTO 
MENTAL COMPLETO.
l lOS PRÓDIGOS (AQUELES QUE SEMPRE 
GASTAM TUDO O QUE TÊM).
FONTE: A autora
QUADRO 2 – INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA
Podemos ilustrar o que acabamos de ver através do seguinte exemplo: João, 
que é menor, com quinze anos de idade, recebeu um imóvel de herança de seu avô. 
Pode-se afirmar que João tem personalidade jurídica, porém o Código Civil dispõe 
que os menores de 16 anos são absolutamente incapazes de exercer atos da vida civil. 
Assim, não poderá vender “sozinho” o imóvel de que é titular, porque, apesar de 
ter personalidade jurídica, lhe falta “capacidade civil” para tal, sendo necessário, 
para que o negócio se concretize, que seja representado por seu pai, mãe ou por seu 
representante legal, na falta deles. 
A incapacidade civil em razão da menoridade cessa aos 18 anos. Porém, 
esta incapacidade poderá terminar antes, caso ocorram os casos previstos no 
Código Civil: a emancipação, que é concedida pelos pais ou pelo juiz nas condições 
previstas em lei; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau 
em curso superior; pelo estabelecimento civil ou comercial que garanta economia 
própria.
118
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
2.1.1 Domicílio e Residência da Pessoa Natural
 Outro tema de importância no estudo das pessoas naturais é o relativo 
ao domicílio e à residência. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as 
expressões não são sinônimas. O domicílio da pessoa natural é definido pelo 
próprio Código Civil, sendo o lugar onde a pessoa estabelece sua residência de 
forma definitiva. Assim, como regra geral, a pessoa natural terá um só domicílio 
e várias residências. Podemos citar como exemplo uma pessoa que mora em uma 
cidade com sua família (domicílio), mas três vezes por semana fica em cidades 
vizinhas onde tem filiais de sua empresa. Estas cidades podem ser consideradas 
como o local de suas residências.
2.1.2 Extinção da Pessoa Natural
Como já dissemos anteriormente, o nascimento com vida é o início da 
personalidade civil. Já a extinção da pessoa natural ocorre com a morte. Deste 
modo, “A morte implica o fim da pessoa natural. A partir desse fato jurídico, 
nenhum novo direito ou dever pode ser-lhe imputado” (COELHO, 2006, p. 215).
2.2 PESSOA JURÍDICA
A pessoa jurídica, por sua vez, “é a entidade constituída de homens ou 
bens, com vida, direitos, obrigações e patrimônios próprios” (RAPOSO E HEINE, 
2004, p. 33). É constituída pelo homem, e nasce da junção da vontade destas 
pessoas. Segundo o dicionário jurídico De Plácido e Silva (1991, p. 368):
a expressão é utilizada para designar as “instituições, corporações, 
associações e sociedades, que por força ou determinação da lei, se 
personalizam, tomam individualidade própria, para constituir uma entidade 
jurídica, distinta das pessoas que a formam ou que a compõem. Diz-se 
jurídica porque se mostra uma encarnação da lei.[...]
2.2.1 Constituição da Pessoa Jurídica
Para a constituição da pessoa jurídica, o acordo de vontades de seus 
constituintes (que serão seus representantes legais) será materializado em um 
documento próprio, chamado estatuto ou contrato social, dependendo do tipo de 
sociedade. 
Este documento deverá ser redigido de acordo com o que dispõe a lei. Para 
que a pessoa jurídica exista juridicamente, passando assim a ser sujeito de direito, 
é necessário o registro deste documento no órgão competente (Junta Comercial 
ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas ou Títulos e Documentos, conforme 
denominação em cada Estado), que também dependerá do tipo de sociedade. 
TÓPICO 2 | PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL
119
Neste órgão, deverão ser também registradas todas as alterações e modificações 
do contrato social ou do estatuto.
Uma vez constituída de acordo com o que determina a legislação, a pessoa 
jurídica passa a ter vida própria, sendo, portanto, sujeito de direito e, assim sendo, 
titular de direitos e obrigações. 
Apenas a pessoa jurídica responde por suas obrigações como regra geral, 
tendo existência e patrimônio próprios. Pode, contudo, ocorrer a desconsideração 
da pessoa jurídica, nos casos previstos em lei, tanto no Código Civil como no 
Código do Consumidor, em caso de abuso por parte dos seus componentes, 
a exemplo do que ocorre quando usam a pessoa jurídica para cometer fraudes. 
Quando houver a desconsideração da pessoa jurídica, os bens particulares de seus 
integrantes poderão responder por dívidas da empresa.
2.2.2 Classificação das Pessoas Jurídicas
As pessoas jurídicas podem ser classificadas, segundo Raposo e Heine 
(2004, p. 36), quanto à orbita de atuação: 
l	pessoa jurídica de direito público externo, e de direito público interno. As pessoas 
jurídicas de direito público externo são os países estrangeiros, organismos 
internacionais e outros do gênero; e as de direito público interno: a União, 
Estados, Municípios, Distrito Federal, etc.
 
l	pessoa jurídica de direito privado, que são as que interessam ao nosso estudo, 
uma vez que são regidas pelos princípios de direito privado. São elas: as 
sociedades, as associações e as fundações. 
De forma resumida, podemos dizer que as sociedades, são “pessoas 
jurídicas de fins econômicos” (COELHO, 2006, p. 253). Ou seja, o que motiva a 
constituição e a manutenção deste tipo de pessoa jurídica é a obtenção de lucro, 
sendo esta sua principal finalidade.
As sociedades, por sua vez, de acordo com o Código Civil, podem ser 
classificadas em empresárias ou simples.
IMPORTANT
E
O Contrato Social das Sociedades Limitadas deverá ser vistado por um advogado 
em todas as suas páginas.
120
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
Esta classificação decorre “de acordo com a forma como é organizada a 
exploração da atividade econômica” (COELHO, 2006, p. 254). O mesmo autor nos 
ensina que as sociedades empresárias são as que combinam os quatro fatores de 
produção (capital, mão de obra, consumo e tecnologia), organizando as atividades 
como empresa. Aponta como sociedades empresárias: um banco, um hospital, um 
supermercado, etc. Destas sociedades cuida o Direito Comercial. As “sociedades 
limitadas” e as “sociedades anônimas” que conhecemos são espécies de sociedades 
empresárias. 
Já nas sociedades simples, “o objetivo é a exploração de atividade 
econômica de atividade intelectual” (COELHO, 2006, p. 254), e que são estudadas 
pelo Direito Civil. 
A Associação, por sua vez, caracteriza-se como sendo “a pessoa jurídica 
em que se reúnem pessoas com objetivos comuns de natureza não econômica” 
(COELHO, 2006, p. 248). O mesmo professor exemplifica como associações as 
constituídas por moradores de um bairro, “Associação de Moradores”, ou uma 
“Associação de Lojistas” de uma cidade.
A Fundação, por fim, resulta da “afetação de um patrimônio a determinada 
finalidade [...]” (COELHO, 2006, p. 255). Uma determinada pessoa, chamada 
“instituidor” (pessoa física ou jurídica), escolhe bens do seu patrimônio (em vida 
ou por testamento) e “vincula a administração e os frutos destes bens à realização 
de objetivos (não econômicos) que gostaria de ver realizados. Diferem da sociedade 
e da associação por não possuir membros, pois nem mesmo o instituidor pode ser 
assim considerado. As fundações são fiscalizadas pelo Ministério Público, que é 
representado, em âmbito estadual, pelo Promotor de Justiça, que pode, inclusive,pedir a sua extinção judicial.
Podemos visualizar os diferentes tipos e sociedade de forma esquematizada:
FONTE: A autora
FIGURA 18 – ESPÉCIES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO
TÓPICO 2 | PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL
121
2.2.3 O Domicílio da Pessoa Jurídica
O domicílio da pessoa jurídica é o local que for escolhido nos seus atos 
constitutivos, ou em não tendo havido esta escolha, será considerado como 
domicílio o local de sua sede, por ser este o local onde deverá cumprir suas 
obrigações.
2.2.4 Extinção da Pessoa Jurídica
A extinção da pessoa jurídica pode ser chamada de dissolução ou 
liquidação, dependendo do tipo de sociedade. De forma simplificada, podemos 
afirmar que a dissolução da pessoa jurídica pode ocorrer por vontade dos sócios 
(convencional), por determinação legal ou administrativa e, ainda, por decisão 
judicial.
122
Neste tópico você aprendeu que:
l	O Livro I da Parte Geral do Código Civil trata das pessoas físicas e jurídicas.
l	Personalidade e capacidade jurídica não se confundem.
l	Existem os relativamente incapazes, que serão assistidos pelo seu representante 
legal, e os totalmente incapazes, que serão representados.
l	Como nascem e se extinguem as pessoas físicas e jurídicas.
l	Os diversos tipos de pessoa jurídica.
RESUMO DO TÓPICO 2
123
AUTOATIVIDADE
Prezado(a) acadêmico(a). Fixe os conteúdos que você aprendeu neste 
tópico, correspondendo os grupos a seguir:
Grupo 1
(1) Personalidade civil.
(2) Capacidade civil.
(3) Totalmente incapaz.
(4) Relativamente incapaz.
(5) Emancipação.
(6) Domicílio.
(7) Estatuto ou contrato social.
(8) Desconsideração da pessoa jurídica.
(9) União, Estado ou Município.
(10) Sociedades.
(11) Sociedades simples.
(12) Forma de extinção das sociedades. 
Grupo 2
( ) É a aptidão para ser titular de direitos e obrigações civis.
( ) É a “aptidão de alguém para exercer por si os atos da vida civil”.
( ) Menor de 16 anos.
( ) Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.
( ) Determina o fim da incapacidade jurídica.
( ) Lugar onde a pessoa estabelece sua residência de forma definitiva.
( ) Documento de constituição das sociedades.
( ) Consequência da utilização da pessoa jurídica para cometer fraudes.
( ) Pessoa jurídica de direito público interno.
( ) Esta pessoa jurídica tem como principal característica os fins econômicos.
( ) Nestas sociedades o objetivo é a exploração de atividade econômica e de 
atividade intelectual.
( ) Dissolução e Liquidação.
124
125
TÓPICO 3
PARTE GERAL - LIVRO II: DOS BENS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Os bens são estudados no Livro II da Parte Geral do Código Civil. Este 
tópico será dedicado ao seu estudo, especialmente conceitos e classificação.
Então, vamos continuar?
2 CONCEITO DE “BEM”
 Para entendermos o conceito de bem, precisamos primeiro entender que, 
para o Direito, “bem” e “coisa” não se confundem. São bens apenas as coisas que 
têm valor econômico e que podem ser apropriados pelo homem.
Podemos, pois, chamar de “bem” “tudo aquilo que satisfaz uma obrigação” 
(GONÇALVES, 2006, p. 238-239), podendo também ser considerados bens as 
“coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis 
de apreciação, bem como as de existência imaterial economicamente apreciáveis”. 
Existem várias espécies de bens, previstas no Código Civil: bens 
considerados em si mesmos (imóveis, móveis, fungíveis e consumíveis, divisíveis e 
bens singulares e coletivos), bens reciprocamente considerados, bens públicos etc. 
Para a nossa disciplina, será suficiente conhecermos as principais divisões. Vamos 
ver cada conceito separadamente?
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
126
3 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS
3.1 BENS MÓVEIS E IMÓVEIS
Inicialmente vamos estudar a clássica divisão entre bens móveis ou 
imóveis. O conceito de bens móveis é trazido pelo próprio Código Civil, em 
seu art. 82. Como o próprio nome diz, móveis são [...] “os bens suscetíveis de 
movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância 
ou da destinação econômico-social.” Os animais, chamados semoventes (porque 
se movem por si sós), são considerados pelo direito como bens móveis. Também 
são considerados bens móveis perante o direito civil as ações das sociedades, os 
papéis do mercado de valores, entre outros.
Os imóveis, como regra geral, são os bens “que se não se podem 
transportar, sem destruição, de um para o outro lugar” (BEVILÁCQUA apud 
GONÇALVES, 2006, p. 246). Assim, podemos considerar como bens imóveis o solo 
e seus componentes, o subsolo e o espaço aéreo. Porém, segundo o Código Civil, 
em seu art. 79, “são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural 
ou artificialmente” e, assim sendo, são imóveis as construções, as plantações, as 
árvores e os frutos etc. 
Esta distinção é de suma importância por diversos motivos. Por exemplo, 
a aquisição da propriedade de bens móveis se dá pela simples tradição (entrega), 
enquanto a dos bens imóveis só ocorre depois do registro da escritura pública no 
cartório do registro de imóveis. Para as pessoas casadas entregarem bens imóveis 
como garantia (ex.: hipoteca), dependem da autorização do cônjuge, o que não 
acontece nos bens móveis, entre outros.
3.2 BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS 
Outra classificação divide os bens em fungíveis ou infungíveis. Os 
bens fungíveis, conforme o art. 85 do Código Civil, são “os móveis que podem 
substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade”, a exemplo 
do dinheiro e de alimentos. Ao contrário, os infungíveis são os que não têm as 
características acima. Porém, é interessante como um bem fungível pode se tornar 
infungível, como nos exemplos trazidos por Carlos Roberto Gonçalves (2006, p. 
255), quando uma pessoa empresta a outra uma moeda rara de colecionador, ou 
um boi que, emprestado para serviços de lavoura, é infungível, enquanto o mesmo 
boi, se destinado ao corte, se torna fungível. 
Exemplo da importância desta distinção se dá no estudo dos contratos, pois 
é ela que vai determinar a espécie de contrato cabível. Por exemplo, no mútuo, o 
objeto deve ser coisa fungível, enquanto no comodato o bem será necessariamente 
infungível. 
TÓPICO 3 | PARTE GERAL - LIVRO II: DOS BENS
127
3.3 BENS CONSUMÍVEIS OU INCONSUMÍVEIS
Os bens também podem ser classificados em consumíveis ou inconsumíveis, 
sendo que os bens consumíveis, segundo o art. 86 do Código Civil, são “os móveis 
cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também 
considerados tais os destinados à alienação, e inconsumíveis os que podem ser 
utilizados sem que haja destruição de sua substância.
3.4 BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
O conceito de bens divisíveis também consta do Código Civil em seu art. 
87, que diz que bens divisíveis “são os que se podem fracionar sem alteração de 
sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se 
destinam”, e indivisíveis, aqueles que não possuem esta qualidade, como exemplo, 
uma máquina, uma vez que se tirarmos uma peça, ela deixa de funcionar.
3.5 BENS SINGULARES E COLETIVOS
Conforme o art. 89 do Código Civil, são singulares os bens que, “embora 
reunidos se consideram de per si, (por si só) independente dos demais”. Assim, 
um carro é um bem singular quando considerado individualmente, como a 
maioria dos bens. Os bens coletivos, também chamados universalidades, são os 
que, “sendo compostos por várias coisas singulares se consideram em conjunto” 
(GONÇALVES, 2006, p. 260). Assim, o mesmo carro, que é um bem singular, pode 
integrar um conjunto e assim formar um bem coletivo, como uma frota. 
3.6 BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS
Os bens podem ser ainda principais ou acessórios.
 Os bens acessórios são assim chamados porque dependem da existência 
de outro, o principalpara existirem. “Assim o solo é bem principal, porque existe 
sobre si, concretamente, sem qualquer dependência” (GONÇALVES, 2006, p. 261), 
enquanto a árvore é bem acessório, pois depende do solo onde está plantada para 
existir. Apesar desta relação de dependência, o Código Civil permite que os bens 
acessórios (frutos e produtos) sejam objeto de negócio jurídico.
Os bens acessórios são subdivididos em frutos, produtos, pertenças e 
benfeitorias.
 Os produtos se distinguem dos frutos porque não podem ser colhidos 
periodicamente, “como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das 
minas (BEVILÁCQUA apud GONÇALVES, 2006, p. 263). 
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
128
Já os frutos, segundo (Gonçalves, 2006, p. 264-265) “são utilidades que uma 
coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a 
destruição no todo ou em parte [...]”. Os frutos são ainda classificados em naturais, 
como o fruto das árvores, industriais, como por exemplo “a produção de uma 
fábrica” (GONÇALVES, 2006, p. 264) e, também, civis, “que são os rendimentos 
produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por terceiros, como os juros e 
os aluguéis” (GONÇALVES, 2006, p. 263). 
As pertenças, segundo o art. 93, ao contrário dos frutos e produtos, não são 
partes integrantes do bem, como os produtos e os frutos, mas se destinam, de modo 
duradouro, ao uso, serviço ou amorfoseamento de outro. Como exemplo, podem-
se citar os “objetos de decoração de uma residência” (GONÇALVES, 2006, p. 265). 
Por fim, as benfeitorias “são os melhoramentos que podem ser inseridos na coisa” 
(GONÇALVES, 2006, p. 267). O tipo de melhoramento que for inserido na coisa 
determinará o tipo de benfeitoria, qual seja, necessárias, úteis ou voluptuárias.
A distinção entre os tipos de benfeitoria é encontrada no Código Civil 
em seu art. 96. Assim, de forma resumida, são necessárias aquelas destinadas à 
conservação do bem (ex.: manutenção de um telhado de uma casa), enquanto as 
necessárias são as que aumentam ou facilitam seu uso (ex.: instalação de um ar 
condicionado), e, por fim, as voluptuárias que são aquelas de mero deleite ou 
recreio, mas que não aumentam nem facilitam o uso do bem (como por exemplo um 
jardim). Vistas as diferenças entre as classes de bens principais e suas subdivisões, 
para uma melhor compreensão, de forma esquematizada, podemos visualizar o 
seguinte:
FONTE: Gonçalves (2006)
FIGURA 19 – BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS E SUAS SUBDIVISÕES
TÓPICO 3 | PARTE GERAL - LIVRO II: DOS BENS
129
3.7 BENS PÚBLICOS E PRIVADOS
Já os bens públicos, conforme o art. 98 do Código Civil, são os “pertencentes 
às pessoas jurídicas de direito público interno”, como, por exemplo, as praias, as 
praças e outros bens pertencentes à União, Estados e Municípios, e os privados 
são os que pertencem aos particulares. Os bens públicos são inalienáveis, ou seja, 
a titularidade do direito de propriedade, como regra geral, não podem ser objeto 
de transferência. Somente em casos especiais, com regras específicas constantes 
do Direito Administrativo é que a alienação destes bens será permitida. Já os bens 
particulares, salvo as exceções previstas na lei civil, poderão ser alienados, e assim, 
transferido o direito de propriedade sobre eles, quando forem, por exemplo, objeto 
de contrato de compra e venda, doação, e outras transações imobiliárias.
130
Neste tópico você aprendeu que:
l	Bens e coisas não se confundem.
l	São diversas as classificações de bens e que esta classificação é importante.
RESUMO DO TÓPICO 3
131
Caro(a) acadêmico(a), você compreendeu bem os conceitos trazidos 
neste tópico? Então, de acordo com as frases, escolha as palavras que completam 
o lacunas: 
Para o estudo do Direito, é importante conhecermos as diversas 
espécies de bens. Inicialmente, podemos dividi-los em bens móveis e 
__________________.
Por isso, podemos dizer que são bens _______________ aqueles 
“que não se podem transportar, sem destruição, de um para o outro lugar” 
(BEVILÁCQUA apud GONÇALVES, 2006, p. 246).
Outra classificação importante que devemos registrar é a que divide os 
bens em principais e _____________, que só existem mediante a existência dos 
bens principais, como, por exemplo, ocorre com a árvore em relação ao solo. 
Os bens _______________ são os bens móveis que não se podem 
substituir por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. 
Outra classificação importante para o estudo do Direito é a que os 
divide em bens principais e acessórios. Estes, por sua vez, se subdividem em 
_____________, _______________, ____________ e benfeitorias. 
As benfeitorias podem ser úteis, necessárias ou _____________________, 
que são aquelas que apenas tornam o bem mais belo ou luxuoso. 
AUTOATIVIDADE
132
133
TÓPICO 4
PARTE GERAL - LIVRO III: DOS 
FATOS JURÍDICOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No Livro III do Código Civil, vamos encontrar a legislação referente aos 
fatos jurídicos. O entendimento deste conceito é também fundamental no estudo 
das relações entre o Direito e as atividades empresariais.
2 CONCEITO DE FATO JURÍDICO
Primeiramente, precisamos entender: o que é um fato jurídico? 
É qualquer acontecimento que tenha consequências no mundo jurídico, ou 
seja, todo acontecimento que produz efeito jurídico. Em outras palavras, fatos que 
“interessem” (sejam importantes) para o Direito, e assim:
Só é fato jurídico o acontecimento que produz efeitos no mundo jurídico.
Desta forma, 
Não é todo acontecimento que será um fato jurídico.
Para entendermos bem esta afirmação, podemos imaginar que o nascimento 
de uma pessoa é um fato jurídico, pois produz efeitos no mundo jurídico. Você se 
lembra que o nascimento com vida é o início da personalidade jurídica? Então, o 
nascimento é um fato que tem relevância para o Direito, e, por isso é considerado 
um fato jurídico.
134
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
3 CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS
Os fatos jurídicos podem ser naturais, porque vêm da natureza (ex.: 
nascimento, morte, terremoto, raios etc.), e, assim, independem da vontade 
humana para ocorrerem; ou humanos, que dependem da vontade humana para 
se verificarem, que também são chamados atos jurídicos. Para o nosso estudo, é 
preciso que entendamos bem o conceito de ato jurídico. Mas antes, vamos visualizar 
de forma esquematizada o que vimos até agora?
FONTE: A autora
FIGURA 20 – FATOS JURÍDICOS E SUAS SUBDIVISÕES
Os atos jurídicos são divididos em lícitos, quando seus efeitos são voluntários, 
e ilícitos, quando os efeitos são involuntários, conforme explica Gonçalves (2006, 
p. 278). 
Desta forma, um contrato de compra e venda, que seja firmado dentro do 
que dispõe a lei, será um ato jurídico lícito, pois seu efeito será aquele esperado, 
ou seja, o pagamento do preço resultará na transferência da propriedade. Já um 
acidente de trânsito será um ato ilícito, pois gerará efeitos não pretendidos pelas 
partes envolvidas.
TÓPICO 4 | PARTE GERAL - LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS
135
4 NEGÓCIO JURÍDICO 
 
Dentre a classificação dos atos jurídicos, temos o NEGÓCIO JURÍDICO, 
como você pode ver do esquema anterior, tendo como característica principal a 
junção da vontade dos agentes (particulares) que produzirá os efeitos pretendidos, 
ou seja, criar, modificar, transferir ou extinguir direitos. Por isso se diz que o 
contrato é seu símbolo (AMARAL apud GONÇALVES, 2006, p. 281).
CONTRATO = NEGÓCIO JURÍDICO
4.1 REQUISITOS DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
Para que o negócio jurídico seja VÁLIDO, ou seja, para que possa produzir 
os efeitos de criar, modificar, transferir ou extinguir direitos, é necessário que 
estejam presentes seus requisitos de validade, previstos no art. 104 do Código Civil:
NEGÓCIO JURÍDICO VÁLIDO
=
AGENTE CAPAZ +OBJETO LÍCITO + FORMA PRESCRITA OU 
NÃO DEFESA (PROIBIDA) EM LEI
Para que o agente seja CAPAZ, é preciso que tenha CAPACIDADE CIVIL, 
que é a aptidão para praticar por si os atos da vida civil. Esta incapacidade pode ser 
absoluta ou relativa, como vimos acima. Em caso de incapacidade absoluta do agente 
(por exemplo, menores de 16 anos) ele será representado e em caso de incapacidade 
relativa (por exemplo, maior de 16 e menor de 18 anos) o agente será assistido. 
IMPORTANT
E
Você entendeu por que este conceito é tão importante? Porque as transações 
empresariais geralmente envolvem contratos, que são as principais espécies de negócio jurídico.
136
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
O OBJETO LÍCITO é “o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons 
costumes” (GONÇALVES, 2006, p. 320). Assim, como você já viu, os bens públicos 
não podem ser objeto de compra e venda, pois sua alienação não é permitida por lei.
A FORMA é a maneira pela qual o negócio jurídico se exterioriza. Segundo 
o Código Civil, a forma deve ser a prescrita (prevista) ou não defesa (proibida) em 
lei. Assim, por exemplo, falando em transações imobiliárias, podemos dizer que a 
compra e venda de um bem imóvel para ser válida DEVE NECESSARIAMENTE 
SER REALIZADA POR ESCRITURA PÚBLICA, e não apenas por contrato, pois 
assim exige o Código Civil.
4.2 NULIDADE E ANULABILIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
Quando faltarem os requisitos legais, o negócio jurídico será NULO, como 
previsto no art. 166 do Código Civil.
No negócio jurídico, a vontade é o elemento essencial, porque ele nasce da 
conjunção de duas vontades. Por isso, ela deve ser LIVRE, ou seja, não deve haver 
nada que influencie a manifestação desta vontade. Se assim não for, o negócio 
jurídico será viciado, e será anulável, no prazo de 04 anos (conforme art. 178, CC). 
Poderá também ser ANULÁVEL, em caso de incapacidade relativa do 
agente ou vício de consentimento, também chamado defeito do negócio jurídico 
que se originam da vontade viciada. 
São defeitos do ato jurídico os previstos nos artigos 138 ao 165 do Código 
Civil: o erro substancial, o dolo, a coação, o estado de perigo, a lesão e a fraude 
contra credores. De uma forma simplificada, podemos dizer que:
l	No erro, a pessoa não tem noção da verdade, e, se soubesse, a manifestação da 
vontade seria diferente. 
l	No dolo, há o emprego de um artifício para induzir alguém para realizar o 
negócio em benefício próprio ou de terceiro. 
l	Na coação, há um fundado temor de dano próximo a acontecer (iminente) à 
pessoa, à família ou aos seus bens. 
l	Na fraude a credores, o devedor se desfaz de seus bens, de forma maliciosa para 
escapar das dívidas. 
l	No estado de perigo, ficará demonstrado quando alguém se obrigar por uma 
prestação muito onerosa, para salvar a si, pessoa de sua família, ou outro ente 
querido de grave dano conhecido da outra parte. 
TÓPICO 4 | PARTE GERAL - LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS
137
l	Por fim, haverá lesão quando uma pessoa, em razão de necessidade ou 
inexperiência se obriga por uma prestação manifestamente desproporcional ao 
valor da prestação oposta. Por exemplo, quando uma pessoa vende um bem por 
um valor muito inferior ao que ele realmente vale, por dificuldades financeiras. 
Assim, se um negócio jurídico for assinado por um menor de 16 anos, ele 
será nulo e não poderá produzir efeitos. Porém, se uma pessoa maior for coagida 
a assiná-lo, ele será anulável, só não produzindo efeitos depois desta declaração.
138
Neste tópico você estudou que:
l	O contrato é o principal símbolo do negócio jurídico que, para sua validade, 
depende da existência de agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não 
proibida em lei.
l	Na falta dos requisitos legais ou em ocorrendo “defeito” no negócio jurídico, o 
ato poderá ser nulo ou anulável.
RESUMO DO TÓPICO 4
139
Com base nos conhecimentos adquiridos neste tópico, responda ao 
questionário a seguir:
1 Qual a principal diferença entre fato e ato jurídico? 
2 Cite o principal exemplo de negócio jurídico.
3 Como se caracteriza a fraude a credores?
4 Qual o traço marcante da coação?
 
5 Caso um bem público seja vendido em afronta à lei, o que ocorrerá com o 
contrato? Por quê? 
6 Qual a principal característica do negócio jurídico?
AUTOATIVIDADE
140
141
TÓPICO 5
CÓDIGO CIVIL - 
PARTE ESPECIAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Agora sim podemos conhecer os ramos do Direito Civil que compõem 
a parte especial do Código Civil: Direito das Obrigações, Direito da Empresa, 
Direito das Coisas, Direito de Família e Direito das Sucessões. Cada um dos ramos 
específicos desta parte especial disciplina uma espécie de relação jurídica, como 
veremos nos próximos itens. 
2 SUBDIVISÕES DA PARTE ESPECIAL DO DIREITO CIVIL
2.1 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
O Direito das Obrigações “trata do vínculo pessoal que liga credores e 
devedores, tendo por objeto uma prestação patrimonial” (MAX; ÉDIS, 2005, p. 224).
2.1.1 Conceito de Obrigação
 Do conceito de Direito das Obrigações que estudamos anteriormente, 
podemos extrair o conceito de obrigação, que, como o próprio nome diz, é uma 
relação jurídica de natureza pessoal (você lembra o conceito de relação jurídica 
pessoal que vimos na Unidade 1?), de natureza patrimonial, em que o credor de 
um lado tem o direito de exigir do devedor, de outro, uma prestação de dar, fazer 
ou não fazer. Diniz (2008, p. 3) fornece como exemplos desta relação o locador, 
que tem o direito de exigir o preço do aluguel, e o do vendedor, que tem direito de 
exigir do comprador o preço. Veja a figura:
142
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
FONTE: A autora
FIGURA 21 – VÍNCULO JURÍDICO DA OBRIGAÇÃO
Analisando este conceito, podemos ver que alguém se obriga a uma 
prestação que pode ter três modalidades, que correspondem ao tipo de obrigação: 
obrigação de dar, fazer ou não fazer.
A obrigação de é de dar (entregar) uma coisa quando este é o seu objeto, 
como no contrato de compra e venda. A obrigação de dar pode ser de dar coisa 
certa (específica, o carro X, o imóvel Y) ou incerta (ex: a venda de uma safra). Já a 
obrigação de fazer, como a que envolve um contrato de prestação de serviços, e de 
não fazer, quando as partes se obrigam a deixar de fazer alguma coisa, como, por 
exemplo, quando um vizinho se obriga a não construir um muro. Nas obrigações 
há três elementos: o sujeito ativo e o sujeito passivo e o objeto. O sujeito ativo, 
ou o credor, é aquele que pode exigir a prestação; o sujeito passivo, ou devedor, é 
o que deve cumprir a obrigação; e o objeto, a obrigação de dar, fazer ou não fazer, 
conforme vimos acima. 
2.1.2 Fontes das Obrigações
No nosso sistema, as fontes das obrigações são: os contratos e declarações 
unilaterais de vontade (obrigações contratuais) e as que nascem dos atos ilícitos 
(obrigações extracontratuais). Como exemplo desta última, podemos citar a 
indenização a que tem direito a vítima de um acidente de trânsito. 
2.1.3 Espécies de Obrigações
A obrigação será alternativa quando o devedor puder escolher entre 
cumprir uma obrigação ou outra. Por exemplo, poderá o devedor escolher entre 
entregar um carro OU o seu equivalente em dinheiro. 
A obrigação será cumulativa quando o devedor necessitar cumprir todas 
as obrigações para que se libere. Exemplo: o devedor deverá construir e pintar 
um muro. Divisível será a obrigação que pode ser dividida entre os credores ou 
devedores. Por exemplo, a dívida é de R$ 1.500,00, e cada um dos devedores fica 
responsável pelo pagamento de R$ 500,00. Será indivisível quando essa divisão não 
TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
143
for possível. Exemplo: dois devedores se obrigam a entregar uma casa ao credor. A 
obrigação será personalíssima, quando o cumprimento da obrigação só possa ser 
executado pelo própriodevedor, de forma exclusiva e pessoal. Exemplo clássico 
deste tipo de obrigação é o pintor famoso contratado para pintar um quadro. 
2.1.4 Transmissão das Obrigações
As obrigações podem ser cedidas para outra pessoa que não o devedor 
ou o credor? Podem sim, através das figuras jurídicas que estudaremos a seguir: 
Cessão de Crédito e Assunção de Dívida.
A Cessão de Crédito “é a transferência de crédito de uma pessoa para a 
outra.” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 51). Esta transferência que parte do credor pode 
ou não envolver o pagamento de valores (onerosa), ou ser gratuita. Quem transfere 
se chama Cedente, e aquele que recebe o crédito se chama Cessionário. Já a Assunção 
de Dívida ocorre quando uma terceira pessoa, com a concordância do credor (por 
escrito) assume o lugar do antigo devedor, que fica então livre da dívida.
2.1.5 Cumprimento ou Pagamento da Obrigação
O cumprimento da obrigação é o ato que libera o devedor. Assim,
Pagamento do credor  satisfação da obrigação  liberação do 
devedor  extinção da obrigação.
Mas, para que o cumprimento ou pagamento da obrigação seja efetivo, 
temos que observar:
l	Quem deve pagar  o próprio devedor, outra pessoa por ele, a não ser que a 
obrigação seja personalíssima (que só pode ser cumprida pelo próprio devedor), 
por exemplo, a obrigação de pintar um quadro.
l	A Quem se deve pagar  a obrigação, como regra geral, deve ser paga ao 
próprio credor, ou pessoa por ele autorizada, para ter eficácia.
l	A prova do pagamento  ao pagar, o devedor deverá exigir o recibo, que é seu 
direito e a única prova do pagamento, pois este não se presume. 
l	Local do pagamento  a obrigação como regra geral, deve ser paga no local 
em que for convencionado. Na omissão, deverá ser cumprida no domicílio do 
devedor. Se a prestação for a entrega do imóvel ou prestação relativa a este, o 
local do pagamento será o da localização do bem.
144
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
l	Data do pagamento  o pagamento deverá ser realizado na data convencionada, 
e se assim não acontecer, ficará o devedor sujeito aos encargos do não pagamento. 
Se não houver data convencionada, considera-se que o pagamento deve ser feito 
à vista.
Pode haver ainda o perdão da dívida, que se chama remissão.
2.1.6 Descumprimento da Obrigação
Pode acontecer de o devedor não cumprir a obrigação na data combinada. 
Então, diremos que o devedor é inadimplente. Porém, este não cumprimento 
sujeitará o devedor a algumas consequências, que vamos conhecer agora. 
A primeira consequência é a mora, que é o atraso ou o retardamento do 
pagamento. A mora tanto pode ser do devedor (que não paga) ou do credor (que 
se recusa a receber). O devedor poderá ficar assim sujeito ao pagamento de multa, 
juros, ou outros encargos previstos no contrato.
As perdas e danos se referem àquilo que o devedor perdeu (danos 
emergentes) e o que deixou de ganhar (lucros cessantes), em razão do 
descumprimento da obrigação.
Outra consequência é o pagamento de juros moratórios, que só podem ser 
estipulados no máximo em 12% ao ano, conforme o Código Civil. 
A cláusula penal, por sua vez, será aplicada quando houver 
descumprimento da obrigação, a exemplo do que acontece nos aluguéis quando o 
locador ou locatário quiser terminar antecipadamente o contrato, ficando sujeito 
ao pagamento de três meses de aluguel.
Por fim, temos as arras ou sinal de negócio. As arras são uma quantia que 
o comprador paga ao vendedor para garantir o negócio (arras compensatórias), ou 
como compensação pelo arrependimento (arras penitenciais). Conforme o Código 
Civil, quando o comprador desistir do negócio, perderá os valores das arras em 
favor do vendedor. Quando for o vendedor o desistente, este deve devolver o que 
recebeu em dobro. 
2.1.7 Obrigações Contratuais
As obrigações contratuais são aquelas que se originam de um contrato, 
que é uma espécie de negócio jurídico (como vimos acima), pois cria, modifica, 
conserva ou extingue direitos. 
As partes contratantes têm plena liberdade de contratar, que é o princípio 
conhecido como autonomia da vontade. 
TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
145
Porém, costuma-se dizer que o Código Civil limitou este princípio quando 
exige que, quando as partes firmarem um contrato, será necessário haver a boa-
fé objetiva (art. 422 do Código Civil), que significa que a parte deverá pensar e 
agir com probidade e honestidade. Também limitam a liberdade de contratar e a 
função social do contrato (art. 421 do Código Civil).
Podemos citar como exemplos de contratos que você poderá utilizar em 
sua atividade profissional: o comodato (empréstimo gratuito de bem infungível), 
a locação (cessão de uso mediante remuneração), o mútuo (empréstimo de bem 
fungível), mandato (concessão de poderes de representação através de uma 
procuração), entre outros.
2.2 DIREITO EMPRESARIAL
Já o Direito da Empresa “refere-se ao exercício profissional da atividade 
econômica organizada, para a produção ou circulação de bens e serviços” 
(FÜHRER; MILARÉ, 2005, p. 224).
O Direito Empresarial envolve conceitos e matérias que antes pertenciam ao 
Direito Comercial e que, com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, passaram 
a fazer parte do Direito Civil, tais como os tipos de sociedades, obrigações sociais, 
títulos de crédito, entre outros.
2.3 DIREITO DAS COISAS
O Direito das Coisas, por sua vez, disciplina a relação que “se estabelece 
entre as pessoas e os bens, como a propriedade, a posse ou a hipoteca” (FÜHRER; 
MILARÉ, 2005, p. 224). Para nosso estudo, será suficiente conhecermos seus 
principais institutos. Iniciaremos pela posse e propriedade que são direitos reais.
O direito real é o direito que uma pessoa exerce sobre uma coisa, tendo 
o direito de buscar (através de uma ação judicial) esta coisa das mãos de quem 
quer que se encontre. A este poder chama-se “direito de sequela”, que cria um 
vínculo jurídico entre a pessoa e o bem e permite, por exemplo, que a pessoa 
entre na justiça para pedir uma reintegração de posse de suas terras invadidas. 
Além disso, tem efeito erga omnes, o que significa dizer que, estando devidamente 
ESTUDOS FU
TUROS
Prezado(a) acadêmico(a). Diante da importância que o Direito Empresarial 
representa em sua futura atividade como Gestor ou Contador, seus conteúdos serão estudados 
em uma disciplina específica chamada “Direito Empresarial e Direito Tributário”, que você 
cursará mais adiante.
146
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
registrado no Registro de Imóveis, tem validade contra todos, sem que se possa 
alegar desconhecimento da titularidade deste direito. 
Existem os direitos reais sobre as coisas próprias, como a propriedade e os 
direitos reais sobre as coisas alheias, tais como a hipoteca, o usufruto e o penhor. 
Iniciaremos pelo estudo da propriedade, principal objeto do Direito das Coisas.
2.3.1 Propriedade
Segundo o art. 1.228 do Código Civil, a propriedade ou domínio é o direito 
que seu titular possui de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la de quem 
injustamente a possua ou detenha. É garantido pela Constituição Federal, em seu 
art. 5º, XXII da Carta Magna, que, porém, diz que a propriedade deve atender 
sua função social. Esta limitação também está expressa no parágrafo primeiro do 
referido art. 1228 do Código Civil. 
2.3.1.1 Classificação da propriedade
 
Diz-se que a propriedade é plena quando todos estes direitos podem ser 
realizados pelo proprietário, sendo assim considerada até que se prove o contrário, 
conforme art. 1.231 do Código Civil. A propriedade será limitada, quando sobre 
ela recair um direito real (ex.: hipoteca), ou for resolúvel, quando tem prazo certo 
para se extinguir. E como se adquire a propriedade imóvel? 
2.3.1.2 Formas de aquisição da propriedade
São várias asformas de se adquirir a propriedade: registro do título, 
usucapião e acessão. Vejamos cada um deles.
 A forma mais comum de aquisição da propriedade é o registro do título 
(art. 1.245 do CC) que transfere a propriedade do bem imóvel.
O título a que a lei se refere é a escritura pública, uma vez que, em se 
tratando de bens imóveis é obrigatório que esta seja lavrada em um cartório que se 
chama tabelionato.
UNI
Você já ouviu dizer que quem não registra não é dono? Quer saber o que é este 
título e este registro? É o que vamos ver em seguida.
TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
147
É importante lembrar que “sobre a propriedade o mais importante é 
sabermos identificar quem realmente é o proprietário do bem” (RAPOSO; HEINE, 
2004, p. 84). E acrescentam:
No caso de bens imóveis, só é proprietário aquele 
que figura como tal no Registro de Imóveis.
O Registro de Imóveis é o cartório responsável por manter um cadastro, 
chamado “matrícula”, de todos os imóveis existentes na cidade. Na matrícula, 
consta um número, todos os dados do imóvel e o “histórico” de seus proprietários, 
ônus reais etc. É como se fosse uma “carteira de identidade” do imóvel. Nas 
cidades maiores, os registros de imóveis são geralmente divididos em regiões que 
se chamam “ofícios”. Assim, dependendo do endereço do imóvel, ele pertencerá 
ao 1º, ou 2º Ofício, e assim por diante.
Outra forma de aquisição da propriedade é a usucapião, que é o direito 
de propriedade que o possuidor da coisa que a possui como sua (animus domini), 
sem que haja oposição de ninguém durante um certo prazo de tempo, passa 
a ter. Este direito deve ser reconhecido em sentença judicial, que servirá como 
título de transferência da propriedade no Registro de Imóveis. Porém, o pedido 
deve obedecer a alguns requisitos legais, que variam de acordo com o prazo de 
ocupação, o tipo de área e a existência de justo título, ou seja, de um documento 
(ex.: contrato de compra e venda) que comprove a posse nos termos exigidos pelo 
Código Civil. Não entraremos aqui nas espécies de usucapião, por não ser objeto 
específico de nosso estudo, mas é importante que se deixe claro que o possuidor 
pode somar a sua posse a do seu antecessor, desde que seja de boa-fé e que os bens 
públicos não podem ser objeto de usucapião.
 Enfim, adquire-se a propriedade pela acessão, que quer dizer “agregar, 
unir. Logo, aquisição por acessão significa tudo aquilo que é acrescido ao imóvel, 
que pode se dar de forma natural ou artificial” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 87). De 
forma resumida, os mesmos autores esclarecem que:
Você viu que para ser proprietário de um bem imóvel não basta ter um contrato 
ou uma escritura. É preciso que esta escritura esteja registrada no Registro de Imóveis. Assim, 
se um imóvel for vendido duas vezes, será considerado proprietário aquele que primeiro 
registrar a escritura.
ATENCAO
148
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
A acessão ocorre de forma natural, quando há a formação de ilhas, pela 
aluvião (acréscimos sucessivos e imperceptíveis nas margens ou na foz de rios, 
de materiais trazidos pelas correntes), pela avulsão (acréscimo de porção de terra 
arrancada por força natural violenta) ou pelo álveo abandonado (leito de rio 
que secou). A acessão de forma artificial são as construções e as plantações que, 
segundo o art. 1.253 do CC, presumem-se feitas pelo proprietário às suas custas.
Já vimos como se adquire a propriedade. E como se perde a propriedade? 
Quanto à perda da propriedade, podemos dizer que os meios previstos no Código 
Civil são:
l	Alienação  transferência voluntária da propriedade (ex.: a compra e a venda, 
a doação etc.).
l	Renúncia  desistência do direito de propriedade sobre o imóvel.
l	Abandono do imóvel.
l	Perecimento da coisa.
l	Desapropriação  quando o imóvel for de necessidade pública ou utilidade 
pública, hipótese em que a Constituição Federal garante a justa e prévia 
indenização.
Para a defesa da propriedade, o titular deverá entrar em juízo com uma 
ação reivindicatória.
2.3.2 Posse
Posse, segundo Raposo e Heine (2004, p. 81), é a ocupação de uma coisa. O 
Código Civil considera, em seu art. 1196, como possuidor aquele que tem de fato 
ou não algum dos poderes relativos à propriedade. O locatário pode ser citado 
como exemplo de possuidor. Ele tem o poder de usar da coisa, e de buscá-la de 
alguém que injustamente a possua.
2.3.3 Classificação da Posse
A posse pode ser classificada de diversas formas:
TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
149
FONTE: A autora
FIGURA 22 - CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
Vamos ver os conceitos separadamente? 
l	Direta ou indireta: A posse direta é aquela exercida efetivamente sobre o 
bem. Para entender seu conceito, podemos retomar o exemplo da locação. O 
proprietário transfere ao locador a posse direta. Porém, não perde sua posse, 
mas a exerce de forma indireta, o que lhe possibilita defender sua posse em 
juízo.
l	Justa ou injusta (violenta, clandestina ou precária): A posse justa é aquela que 
é amparada em um fato legal, de acordo com a lei, tais como a decorrente de um 
contrato, a ocupação de um imóvel como dono sem contestação (que depois 
pode originar o direito à usucapião, como vimos anteriormente) etc. Diz-se que 
não contém vícios. A posse justa dá direito ao possuidor de receber os frutos 
e o recebimento de uma indenização, caso venha a perder judicialmente esta 
posse. A posse injusta, ao contrário, tem como fato gerador um ato violento (ex.: 
invasão), clandestino (tomada da posse com utilização de artifícios) ou ainda a 
posse precária, que decorre da não devolução por uma pessoa que recebe o bem 
temporariamente. Um exemplo que pode ser citado é o do contrato de comodato, 
contrato imobiliário em que se empresta um bem infungível gratuitamente. 
Findo o prazo do contrato, o comodatário se recusa a devolver o bem. Sua posse, 
que era justa (porque amparada no contrato), torna-se injusta, porque viciada 
pela precariedade. A posse injusta não pode se transformar em justa.
l	De boa-fé e de má-fé: O possuidor de boa-fé é aquele que “tem a posse com a plena 
convicção de ser legítima, desconhecendo eventual vício na aquisição”, ao contrário 
da de má-fé, onde o possuidor sabe que a posse é viciada. [...] Ele sabe que o bem 
não lhe pertence e mesmo assim o detém (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 83).
l	Posse nova e posse velha: Diz-se posse nova aquela que é exercida pelo 
possuidor há menos de um ano e um dia, enquanto a posse velha é exercida há 
mais de um ano e um dia. Esta diferenciação é importante para a determinação 
do tipo de ação judicial que deverá ser ajuizada para a defesa da posse.
150
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
A posse pode ser esbulhada ou turbada. Quando o possuidor perde a 
posse, diz- -se que ocorreu esbulho possessório. Já quando não há perda da posse, 
mas apenas uma “perturbação”, diz-se que ocorreu turbação. 
Para ilustrar esta diferença, vamos pensar no seguinte exemplo: dois terrenos 
vizinhos. O dono de um deles, entendendo que a cerca divisória está errada e que 
sua área é maior, sem ter razão, derruba a cerca. Praticou um ato de turbação da 
posse. Já se, neste mesmo caso, ele mudar a cerca de lugar, “invadindo” o terreno 
do vizinho, ele praticará nítido ato de esbulho. Também a lei admite a possibilidade 
de o possuidor evitar a ocorrência de ato de esbulho ou turbação, por exemplo, 
evitando uma invasão, através de uma ação chamada interdito proibitório.
Para defender judicialmente a sua posse, o possuidor pode ajuizar as 
seguintes ações, dependendo do ato praticado: 
Reintegração de posse  quando houver perda da posse.
Manutenção de posse  quando houver turbação da posse.
Interdito proibitório  para evitar que haja a turbação ou o esbulho.
2.3.4 Direitos reais sobre as coisas alheias 
Como já dissemos, o direito realé aquele que a pessoa exerce sobre a coisa. 
Já vimos também que este direito real pode ser exercido sobre coisa própria, como 
ocorre com a propriedade. Contudo, este direito real também pode ser exercido 
sobre uma coisa de outra pessoa, ou seja, sobre coisa alheia. 
Estes direitos podem recair sobre coisas móveis, como, por exemplo, o 
penhor ou sobre imóveis, a exemplo da hipoteca. Os direitos reais sobre as coisas 
alheias serão apresentados a seguir.
2.3.4.1 Direitos reais sobre coisas alheias de gozo e fruição
Os direitos reais sobre coisas alheias de gozo e fruição são os que se referem 
à utilização da coisa alheia, sendo que são os seguintes que recaem sobre imóveis: 
superfície, servidão, usufruto, uso, e habitação.
O direito de superfície é o previsto no art. 1.369 do Código Civil e é aquele 
em que o proprietário concede a outra pessoa o direito de construir ou plantar 
em seu terreno, por prazo determinado. Esta concessão pode ser gratuita ou não. 
Aquele que recebe o imóvel tem nome de superficiário e ficará responsável pelo 
pagamento dos tributos relativos ao imóvel. Ao final, a construção ou plantação 
TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
151
ficará para o proprietário, a não ser que haja um contrato estipulando uma 
indenização.
 
Já o direito de servidão consiste “na utilização do imóvel serviente por 
parte do imóvel dominante” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 91). A servidão mais 
conhecida é a servidão de passagem, ou passagem forçada, em que parte de um 
terreno (imóvel serviente) serve de passagem para um outro (dominante). A 
servidão pode ser estabelecida por contrato, testamento ou decisão judicial e o 
proprietário do imóvel serviente é obrigado a respeitá-la. 
O usufruto, como o próprio nome diz, é o direito de “usar” e “fruir” da 
coisa. O proprietário, que passa a ser conhecido por “nu-proprietário”, transfere 
estes direitos ao “usufrutuário”. Utiliza--se muito o usufruto em nosso país em 
processos de separação e quando se realiza partilha em vida, para evitar o processo 
de inventário. Pelo usufruto, os pais passam a propriedade dos imóveis para os 
filhos, ficando-lhes reservado o usufruto. Como podem usar e fruir, podem morar 
no bem ou até mesmo alugá-lo, porque o aluguel é uma espécie de fruto, como 
vimos anteriormente. O nu-proprietário até pode vender o bem, mas este ônus real 
vai acompanhá-lo e o novo proprietário terá que aguardar a extinção deste direito 
real, pela morte do usufrutuário ou concordância deste em extinguir o usufruto.
Semelhante ao usufruto, há o direito de uso, com a diferença que, no uso, 
a pessoa usará a coisa e perceberá seus frutos de acordo com a necessidade de sua 
família. O Código Civil determina que se aplique ao uso, aquilo que for compatível 
às regras do usufruto.
Por fim, o direito de habitação é o de utilizar o imóvel para moradia, de 
forma gratuita, a exemplo do que ocorre no caso de falecimento de um dos cônjuges. 
Também se aplica a este direito real as disposições legais relativas ao usufruto.
2.3.4.2 Direitos reais sobre coisas alheias de aquisição
Como direito real sobre coisa alheia de aquisição, temos o Direito 
de Promitente Comprador do Imóvel, previsto no Código Civil e também a 
promessa de cessão de direitos, relativos a imóveis não loteados, sem cláusula 
de arrependimento e com imissão de posse, inscrito no registro de imóveis – 
Lei n. 4.380/64 e art. 167, I, 9 (RAPOSO; HEINE 2004, p. 99). São chamados de 
direitos reais sobre coisa alheia de aquisição, porque permitem ao comprador a 
possibilidade de exigir a concessão da escritura pública que transfere o direito de 
UNI
Agora que você já conhece os direitos reais sobre coisas alheias de uso e gozo, 
vamos partir para os direitos de aquisição.
152
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
propriedade, sem que o vendedor possa “voltar atrás”. A Promessa de Venda ou 
Cessão de Unidades Condominiais (Lei n. 4591/64) e Propriedade Fiduciária de 
Imóveis também são apontados como direitos reais sobre coisas alheias (RAPOSO; 
HEINE, 2004, p. 100). 
2.3.4.3 Direitos reais sobre coisas alheias de garantia
Por fim, os direitos reais de garantia. Por este direito, o bem fica vinculado 
ao cumprimento de uma obrigação, por exemplo, uma dívida, mas desde que 
estejam presentes todos os requisitos exigidos pela lei, especificamente nos arts. 
1.419 e seguintes do Código Civil. Porém, o credor não poderá ficar com o bem se 
a dívida não for paga, porque o artigo 1.428 do Código Civil proíbe esta prática. O 
bem será vendido e o dinheiro entregue ao credor.
São direitos reais de garantia: o penhor, a hipoteca e a anticrese. O penhor 
tem por objeto bens móveis. 
O penhor, segundo o art. 1431 do CC, constitui-se quando uma pessoa 
transfere a posse de um bem móvel para o credor de uma dívida. Exemplo típico de 
penhor é o realizado com joias na Caixa Econômica Federal em garantia de dívida.
Na hipoteca, o devedor permanece na posse do imóvel e somente o perderá 
se não cumprir a obrigação. Quando tiver por objeto bem imóvel (o art. 147 do 
CC traz uma lista de bens e direitos que podem ser objeto de hipoteca, além dos 
imóveis, tais como as estradas de ferro, os navios e as aeronaves), que é o tema 
do nosso estudo, a hipoteca abrange também seus acessórios. É importante dizer 
que, para efeito de hipoteca, os navios e as aeronaves são considerados imóveis, 
podendo assim haver uma hipoteca sobre estes bens.
No direito real de anticrese, o devedor ou outra pessoa em seu nome 
entrega ao credor um bem de sua propriedade para que este receba os frutos em 
pagamento da dívida e dos juros.
Cuidado para não confundir PENHOR e PENHORA. A penhora é a garantia dada 
em um processo judicial. Por isso, quando estiver falando sobre penhor, deve-se dizer que as 
joias foram EMPENHADAS (e não penhoradas, como se ouve frequentemente).
ATENCAO
TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
153
Outro importante instituto do Direito das Coisas é o direito de construir.
2.3.5 O Direito de Construir
Este direito é previsto no art. 1299 do Código Civil: 
O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe 
aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
Ou seja, podemos afirmar que o direito de construir e plantar é livre, porém 
não é pleno, pois sofre limitações previstas nos arts. 1.300 a 1.312 do Código Civil. 
Dentre as limitações ao direito de construir estão:
l	não despejar água no terreno vizinho;
l	não abrir janelas ou construir terraços a menos de um metro e meio do terreno 
vizinho;
l	respeitar, na zona rural, a distância mínima de três metros entre as construções;
l	não construir na parede confinante fornos, fogões, chaminés ou quaisquer outras 
construções que possam causar infiltrações ou interferências no terreno vizinho;
l	cumprir outras disposições relativas ao terreno confinante (arts. 1.305, 1.306 
etc.);
l	não efetivar construções que possam poluir ou tirar poço ou nascente de outrem;
l	não realizar obras ou escavações que possam comprometer a segurança do 
terreno vizinho. 
Assim sendo, o direito do proprietário construir é sempre limitado, podendo 
o proprietário ou possuidor ingressar na justiça para fazer cessar este uso anormal 
da propriedade. Neste caso, segundo o Código Civil (art. 1.312), o proprietário 
poderá exigir, além da demolição da construção, a reparação dos danos causados. 
IMPORTANT
E
lembre-se de que os direitos reais sobre coisas alheias devem ser registrados no 
Registro de Imóveis do local onde se localiza o imóvel, para terem eficácia erga omnes (contra 
todos). Este registro seguirá a ordem em que são apresentadas, fazendo-se a prenotação.
154
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
Além das hipóteses referentes ao uso nocivo da propriedade, o direito de 
vizinhança trata ainda: das árvoreslimítrofes, que são as que ficam na linha divisória 
entre dois terrenos. Se o tronco estiver na linha divisória, esta será considerada 
como propriedade comum entre os vizinhos. Se houver invasão de raízes e galhos 
no terreno, poderão ser cortados até a linha divisória pelo proprietário do terreno 
invadido. Os frutos caídos serão de propriedade do proprietário do terreno onde 
caírem; da passagem forçada, permitindo ao vizinho que tenha acesso à via pública, 
mediante indenização; da obrigação do proprietário de permitir a passagem de 
tubos e tubulações de utilidade pública, mediante indenização; da passagem das 
águas e do direito de tapagem, tais como cercar, murar, valar ou tapar de qualquer 
modo o seu prédio urbano e rural.
2.4 DIREITO DE FAMÍLIA
O Direito de Família, segundo Gusmão (2006, p. 204), é “a parte do direito, 
norteado pelo interesse social, rege as relações jurídicas constitutivas da família e 
as dela decorrentes. Tem por matéria as relações jurídicas que formam a família, 
ou seja, as entre esposos, entre pais e filhos e entre parentes.”
Dentre os institutos do Direito de Família, destacamos: o casamento e 
seus regimes de bens, filiação, união estável, tutela e curatela. Entendemos ser 
importante para nossa disciplina o estudo dos regimes de bens no casamento.
2.4.1 Regime de Bens no Casamento
O regime de bens escolhidos no casamento trará as normas que vigorarão 
no que diz respeito à comunicabilidade ou não dos bens em caso de separação ou 
morte. O regime legal é o da comunhão parcial de bens, o que significa dizer que 
no silêncio das partes este será o regime de bens a ser observado. Vamos conhecer 
cada um dos regimes previstos no CC?
Segundo Hironaka (2003), resumidamente, são os seguintes os regimes de 
bens previstos no Código Civil:
[...]
Do regime de comunhão parcial. 
Como já se disse, este é o regime oficial de bens, no casamento, 
selecionado, pois, pelo legislador pátrio, desde a promulgação da Lei do 
Divórcio, em 1977, pelo qual comunicar--se-ão apenas os bens adquiridos na 
constância do casamento, e revelando, por isso mesmo, um acervo de bens que 
pertencerão exclusivamente ao marido, ou exclusivamente à mulher, ou que 
pertencerão a ambos.
TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
155
Com a dissolução da conjugalidade, restará comunicável, então – e 
por isso passível de partilha entre os cônjuges que se afastam – o acervo dos 
bens comuns, ficando excluídos, dessa partilha, os bens ressalvados pelos arts. 
1659 e 1661 do novo Código Civil, dispositivos esses que repetem as mesmas 
exclusões já anteriormente previstas pelos arts. 269 e 272 do Código Civil de 
1916. Excluídos estavam, e permanecem, então, os bens que cada cônjuge já 
possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do matrimônio por 
doação, sucessão ou sub-rogados em seu lugar (art. 269, inciso I, CC/1916 e 
1659, inciso I, CC/2003). [...]
 Do regime de comunhão universal. 
 Este regime foi aquele que, entre nós, e até o advento da Lei do Divórcio, 
posicionou--se como o regime legal, casando-se sob sua regulamentação a 
esmagadora maioria de brasileiros, até 1977.
Conforme suas regras, comunicam-se entre os cônjuges todos os 
seus bens presentes e futuros, além de suas dívidas passivas, ocorrendo um 
enorme amálgama entre os bens trazidos para o casamento pela mulher e pelo 
homem, bem como aqueles que serão adquiridos depois, formando um único 
e indivisível acervo comum, passando, cada um dos cônjuges, a ter o direito à 
metade ideal do patrimônio comum e das dívidas comuns. 
No novo Código Civil, o regime da comunhão universal de bens, o 
regime da unificação patrimonial mais completa, encontra-se disciplinado entre 
os arts. 1667 a 1671.
Do regime de separação de bens. 
Relativamente a este regime de bens, isto é, o regime que visa promover 
a completa separação patrimonial do acervo de bens pertencente a cada um dos 
cônjuges [...]. Antes de encerrar a análise deste regime de bens do casamento, 
o regime da separação total, não devo esquecer de mencionar que ele pode ser 
adotado, pelos nubentes, como fruto da eleição ou escolha, convencionando-o 
por meio de pacto antenupcial. Se assim for, o regime em pauta vai se desvendar 
como um excelente regime patrimonial, no casamento, tendo em vista que ele 
representa exatamente o contrário disso, quer dizer, ele é a total ausência de 
regime patrimonial, mantendo bem separados e distintos os patrimônios do 
marido e da mulher.
Do regime de participação final nos aquestos.
Cria, o legislador civil nacional, outro regime de bens, que vem ocupar 
o lugar deixado pelo regime dotal, sem que, no entanto, guarde relativamente 
a este qualquer semelhança. Ocupa o lugar, não as características. Ao contrário, 
o regime da participação final nos aquestos guarda semelhanças e adquire 
características próprias a dois outros regimes, na medida em que se regulamenta, 
156
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
em seu nascedouro e sua constância por regras semelhantes às desenhadas 
pelo legislador para o regime da separação de bens, em que cada cônjuge 
administra livremente os bens que tenha trazido para a sociedade conjugal, 
assim como aqueles que adquirir, por si e exclusivamente, durante o desenrolar 
do matrimônio. Por outro lado, assume de empréstimo regras muito parecidas 
àquelas dispensadas ao regime da comunhão parcial, quando da dissolução da 
sociedade conjugal por separação, divórcio ou morte de um dos cônjuges.
Nesse sentido, cada cônjuge possui patrimônio próprio, que administra 
e do qual pode dispor livremente, se de bens móveis se tratar, dependendo da 
outorga conjugal apenas para a alienação de eventuais bens imóveis (CC, arts. 
1.672 e 1.673). Mas se diferencia do regime da separação de bens porquanto, no 
momento em que se dissolve a sociedade conjugal por rompimento dos laços 
entre vivos ou por morte de um dos membros do casal, o regime de bens como 
que se transmuda para adquirir características do regime da comunhão parcial, 
pelo que os bens adquiridos onerosamente e na constância do matrimônio serão 
tidos como bens comuns desde a sua aquisição, garantindo-se, assim, a meação 
ao cônjuge não proprietário e não administrador.
Desta feita e porque afastado um dos cônjuges da administração 
dos bens adquiridos, traça o Código Civil uma série de disposições que, 
pormenorizadamente, visam disciplinar a apuração dos bens partíveis em 
meação, pelo valor e no montante verificados na data em que cessou a convivência 
dos cônjuges (art. 1.683), tudo para evitar se consubstancie qualquer espécie de 
lesão ao direito do cônjuge que até então figurava como não proprietário e não 
administrador.
ESTUDOS FU
TUROS
Caso queira se aprofundar mais neste assunto, sugiro a leitura do artigo “Alguns 
Efeitos do Direito de Família na Atividade Empresarial”, da autoria de Pablo Stolze Gagliano, 
Disponível em <http://www.mundojuridico.adv.br/cgi-bin/upload/texto590.rtf>.
TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL
157
2.5 DIREITO DAS SUCESSÕES
 
Por fim, o Direito das Sucessões, tem por objetivo dispor sobre como ocorrerá 
a transmissão dos bens das pessoas falecidas” (FÜHRER; MILARÉ, 2005, p. 224).
Segundo o artigo 1.829 do CC, a ordem de vocação hereditária, ou seja, a 
preferência no recebimento da herança será o seguinte: primeiro os filhos, os pais, o 
cônjuge e por último os colaterais (ex.: irmãos). Neste sentido, é o art. 1829 do CC:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo 
se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no 
da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado 
bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Interessante observar que o cônjuge, nas hipóteses do inciso I do art. 1829, 
além de meeiro (dependendo do regime de bens) será herdeiro, quando então 
concorrerá com os filhos, inovação trazida pelo Código Civil de 2003.
158
Neste tópico você estudou que:
l	O estudo dos institutos de Direito das Obrigações é muito importante no estudo 
do Direito, porque as transações empresariais envolvem obrigações.
l	Existem diversas espécies de obrigações, como dar, fazer ou não fazer.
l	O não cumprimento das obrigações gera consequências.
l	O direito de contratar sofre limitações por princípios como da função social do 
contrato e boa-fé objetiva.
l	A propriedade é um direito que permite gozar, usar, dispor e reaver um bem de 
quem injustamente o possua.
l	Os conceitos de posse e propriedade não se confundem.
l	A posse se classifica em diversas espécies, como posse justa, injusta, precária, 
violenta, clandestina etc.
l	Existem vários direitos reais sobre as coisas alheias, tais como a hipoteca, a 
anticrese etc.
l	O direito do proprietário de construir é sempre limitado, podendo o 
proprietário ou possuidor ingressar na justiça para fazer cessar este uso anormal 
da propriedade, podendo ainda exigir, além da demolição da construção, a 
reparação dos danos causados. 
l	O Direito de Família é “a parte do direito, norteado pelo interesse social, rege as 
relações jurídicas constitutivas da família e as dela decorrentes”.
l	O Direito das Sucessões rege a transmissão dos bens das pessoas falecidas.
RESUMO DO TÓPICO 5
159
AUTOATIVIDADE
1 Preencha os campos em branco:
1. Objeto do Direito das Obrigações. Relações ________________.
2. Modalidades das Obrigações. Dar, ______________, ou ____________.
3. Quando o devedor pode escolher a 
prestação que vai cumprir.
Obrigação ________________________.
4. ______________ das Obrigações. Contratos, declarações unilaterais de 
vontade e atos ilícitos.
5. Obrigação personalíssima.
6. Uma das formas de Transmissão das 
Obrigações é a Cessão de Crédito. A 
outra é 
_________________de Dívida.
7. Local do pagamento em havendo 
omissão do contrato.
8. Uma das consequências pelo 
inadimplemento. Significa atraso. Pode 
ser do devedor ou do credor.
9. São limitados em 12% ao ano, segundo 
o Código Civil.
10. Quando a desitência for do 
comprador, este perde o que pagou.
Quando for do vendedor, este devolve 
em dobro o que recebeu.
2 Assinale a alternativa CORRETA:
1 É o poder de o proprietário ou possuidor buscar a coisa de quem 
injustamente a possua ou detenha:
a) ( ) Usucapião.
b) ( ) Direito de sequela.
c) ( ) Propriedade.
d) ( ) Habitação.
160
2 Não se caracteriza como meio de perda da propriedade:
a) ( ) Usufruto.
b) ( ) Alienação.
c) ( ) Renúncia. 
d) ( ) Abandono.
3 Por meio desta ação o possuidor defende sua posse que foi perdida:
a) ( ) Ação de Reintegração de Posse.
b) ( ) Ação de Manutenção de Posse.
c) ( ) Ação de Usucapião.
d) ( ) Ação de Execução.
4 A posse injusta pode ser violenta, clandestina ou precária. Pode ser 
considerada posse clandestina:
a) ( ) A que decorre de ato violento.
b) ( ) A que decorre de utilização de artifícios.
c) ( ) A que decorre da não devolução do bem no prazo.
d) ( ) Nenhuma das alternativas.
5 É modo aquisitivo da propriedade:
a) ( ) Hipoteca.
b) ( ) Penhor.
c) ( ) Aluvião.
d) ( ) Usufruto.
6 Por este direito real sobre coisa alheia, o proprietário cede o imóvel a outra 
pessoa, que poderá usar o mesmo e até receber os aluguéis:
a) ( ) Usufruto.
b) ( ) Hipoteca.
c) ( ) Servidão.
d) ( ) Penhor.
7 A hipoteca, o penhor e a anticrese têm como característica comum:
a) ( ) Serem modos de aquisição da propriedade.
b) ( ) Serem direitos reais de aquisição.
c) ( ) Serem direitos reais de garantia sobre coisa alheia.
d) ( ) Terem por objeto bem imóvel.
161
8 Diz-se que a posse é velha quando
a) ( ) O possuidor a exerce há menos de 1 ano e 1 dia.
b) ( ) O possuidor a exerce há mais de 1 ano e 1 dia.
c) ( ) O possuidor soma a posse a de seus antecessores para entrar com pedido 
de usucapião.
d) ( ) Quando esta posse se origina no usufruto.
9 De acordo com a lei, não pode ser objeto de hipoteca:
a) ( ) Navio.
b) ( ) Aeronave.
c) ( ) Estradas de ferro.
d) ( ) Automóveis.
10 O compromisso de compra e venda, desde que atendidos os requisitos 
exigidos pela lei, é uma espécie de direito de aquisição da propriedade, 
porque:
a) ( ) Permite que o comprador exija na justiça a escritura de compra e venda 
para transferir a propriedade.
b) ( ) Permite que o comprador requeira o usufruto do bem.
c) ( ) Garante o direito de moradia.
d) ( ) Permite a reintegração de posse.
11 Regime de bens pelo qual “comunicar-se-ão apenas os bens adquiridos na 
constância do casamento”:
a) ( ) Separação de bens.
b) ( ) Comunhão Universal de Bens.
c) ( ) Participação final nos aquestos.
d) ( ) Comunhão parcial de bens.
12 Conforme suas regras, “comunicam-se entre os cônjuges todos os seus bens 
presentes e futuros, além de suas dívidas passivas”:
a) ( ) Pacto antenupcial.
b) ( ) Separação de bens.
c) ( ) Participação final nos aquestos.
d) ( ) Comunhão Universal de Bens.
13 Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) É obrigação do vizinho não construir obra que despeje água no terreno 
vizinho.
( ) A construção de janelas ou terraços a menos de um metro do terreno 
vizinho é permitida.
162
( ) Na zona rural a distância mínima entre as construções é de três metros.
( ) As árvores limítrofes são as que ficam na linha divisória entre dois 
terrenos. 
( ) Se o tronco estiver na linha divisória, a árvore limítrofe será considerada 
como propriedade do vizinho que a tiver plantado.
( ) Se houver invasão de raízes e galhos no terreno poderão ser cortados até 
a linha divisória pelo proprietário do terreno invadido. 
( ) Os frutos caídos serão de propriedade do proprietário da árvore.
( ) O direito de construir é também limitado por regulamentos administrativos, 
tais como o plano diretor de cada município.
163
TÓPICO 6
OUTROS RAMOS DO DIREITO 
PRIVADO: DIREITO COMERCIAL E DIREITO 
INTERNACIONAL PRIVADO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a). Chegamos ao último tópico desta unidade e 
também de nossa disciplina.
 
Vamos compreender quais são os conceitos e abrangência do Direito 
Comercial e Direito Internacional Privado.
2 DIREITO COMERCIAL
O Código Civil de 2002 revogou a primeira parte do Código Comercial 
(Lei n. 566/1850), passando então a regular vários institutos que eram do Direito 
Comercial, segundo Requião (2006). Por isso, alguns autores entendem que não há 
mais porque se distinguir o Direito Comercial, que passou a se denominar Direito 
Empresarial. 
Contudo, as demais partes do Código Comercial continuam em vigor, sendo 
que alguns autores, tais como Rubens Requião, apontando suas características 
próprias, que chama de “traços peculiares”: “cosmopolitismo, individualismo, 
onerosidade, informalismo, fragmentarismo e solidariedade presumida” 
(REQUIÃO, 2006, p. 31).
ESTUDOS FU
TUROS
Caso queira saber mais sobre este assunto, sugiro a leitura da seguinte obra: 
REQUIÃO, Rubens. Direito Comercial. vol. 1. Ed. Saraiva, 2006.
164
UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO
3 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Conforme Strenger (2003, p. 29), o Direito Internacional Privado:
Nasce do desenvolvimento tomado pelas relações de ordem privada 
entre os diferentes povos. Da diversidade de legislação surge o conflito, 
porquanto, cada vez mais se hesita na aplicação das leis dos diversos 
países põe-se em movimento o direito internacional privado, a

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