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107 UNIDADE 3 DIREITO PRIVADO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • compreender o Direito Privado e seus ramos; • conhecer o Direito Civil, seu conteúdo, estrutura e ramos; • conhecer outros ramos do Direito Privado, tais como o Direito Comercial. Esta unidade está dividida em dois tópicos e em cada um deles você encon- trará atividades que o(a) ajudarão a aplicar os conhecimentos apresentados. TÓPICO 1 – DIREITO CIVIL - NOÇÕES E ESTRUTURA TÓPICO 2 – PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL TÓPICO 3 – PARTE GERAL - LIVRO II: DOS BENS TÓPICO 4 – PARTE GERAL - LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS TÓPICO 5 – CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL TÓPICO 6 – OUTROS RAMOS DO DIREITO PRIVADO: DIREITO COMERCIAL E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 108 109 TÓPICO 1 DIREITO CIVIL - NOÇÕES E ESTRUTURA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Como vimos na unidade1, o Direito Privado regulamenta as relações dos particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas, sem que o Estado seja parte desta relação. Neste primeiro tópico, entenderemos como está estruturado o Direito Civil. Antes, porém, vamos estudar o conceito deste ramo do Direito, que é tido como o principal ramo do Direito Privado, especialmente com a inserção do Direito Empresarial no Código Civil, que entrou em vigor em 2003. 2 NOÇÕES E ESTRUTURA DO DIREITO CIVIL Para iniciarmos o estudo do Direito Civil, vamos trazer um conceito da doutrina de Führer e Milaré (2005, p. 224): DIREITO CIVIL é “O conjunto de normas que regulamentam as relações jurídicas dos particulares entre si.” As normas de Direito Civil estão reunidas no Código Civil, Lei nº 10.406/02 de 2002, que entrou em vigor em 2003, e também em outras leis, como a lei de Locações Urbanas, Registros Públicos, Divórcio, entre muitas outras. Neste momento do nosso estudo, concentrar-nos-emos no Código Civil. Ele inicia com a Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro LINDB (LICC), que traz importantes normas jurídicas sobre a aplicação da lei no tempo e no espaço, entre outras. Após a LICC, o Código Civil é dividido em duas partes, a parte geral e a parte especial. Podemos então dizer que o Código Civil é dividido em duas grandes partes: l a parte geral (arts.1º ao 232) e; l a parte especial (arts. 233 ao 2046). UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO 110 Na parte geral, encontraremos dispositivos legais sobre as pessoas, os bens e os fatos jurídicos. A parte geral é, assim, subdividida em três partes, chamadas “Livros”: l Livro I - Das pessoas; l Livro II - Dos bens e; l Livro III – Dos fatos jurídicos. Já na parte especial, vamos encontrar o Direito das Obrigações, o Direito da Empresa, o Direito das Coisas, o Direito de Família e o Direito das Sucessões. A figura a seguir, ajudará a ter uma visão melhor desta divisão: FONTE: A autora FIGURA 17 – DIVISÕES E SUBDIVISÕES DO DIREITO CIVIL ESTUDOS FU TUROS Você verá mais adiante um conceito de cada um deles. TÓPICO 1 | DIREITO CIVIL - NOÇÕES E ESTRUTURA 111 DICAS Como sugestão, entre no site <www.planalto.gov.br>, e no link “legislação” e baixe uma versão atualizada do Código Civil e dê uma olhada nesta divisão de que tratamos anteriormente. Será importante para nosso estudo futuro e para sua vida. 112 Neste tópico você estudou o Direito Civil e aprendeu que: l O Direito Civil trata das relações entre particulares, sem que o Estado participe desta relação. l O Direito Civil é composto de uma parte geral e uma especial. A Parte Geral é precedida da LICC (Lei de Introdução do Código Civil). RESUMO DO TÓPICO 1 113 1 Complemente a segunda coluna de acordo com a informação contida na primeira: AUTOATIVIDADE Principal Objeto do Direito Civil. Estrutura do Direito Civil (Código Civil). Quantos e quais são os livros da parte geral do CC? Cite os ramos do Direito que compõem a parte especial do Código Civil. 114 115 TÓPICO 2 PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Agora que você já conhece a estrutura do Direito Civil, vamos estudar separadamente cada uma das suas partes. Como você já viu, a parte geral do Código Civil trata Das pessoas, Dos bens e Dos Fatos Jurídicos. Importante ressaltar que esta parte geral do Código Civil traz regras que se aplicam a todos os ramos do Direito que compõem a parte Especial do Código e que também será aplicável nas organizações empresariais. O Código Civil é o principal instrumento do Direito Civil, que também tem como instrumentos a legislação esparsa, tais como a lei do Divórcio, Lei das Locações Urbanas, dos Registros Públicos. Contudo, para bem compreender o Direito Civil, precisamos conhecer bem o Código Civil. Então, vamos em frente. 2 PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL – LIVRO I: DAS PESSOAS No livro I do Código Civil encontramos as regras que disciplinam as pessoas. Estas são divididas em pessoas físicas e jurídicas, como veremos a seguir: 2.1 PESSOA FÍSICA Como já dissemos anteriormente, o Código Civil trata das pessoas no Livro I. Quando falamos em “pessoas”, podemos nos referir às pessoas físicas (naturais), ou às pessoas jurídicas. A pessoa física, também chamada de pessoa natural, é o ser humano. Diz- se natural, porque sua existência legal se inicia por um fato natural (o nascimento). 116 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO Na definição de Coelho (2006, p. 156), “homens e mulheres são todos considerados pessoas para o direito, isto é, aptos a titularizar direitos e obrigações e autorizados à prática dos atos jurídicos em geral”. Quando tratamos da prática destes atos jurídicos, precisamos entender que as pessoas físicas têm personalidade jurídica e capacidade jurídica. Porém, personalidade jurídica e capacidade jurídica não se confundem. De uma forma simplificada, podemos dizer que: A personalidade jurídica é a aptidão para ser titular de direitos e obrigações civis. Fica, assim, a pessoa natural “autorizada a praticar qualquer ato jurídico que deseja, salvo se houver proibição expressa” (COELHO, 2006, p. 156). Toda pessoa natural tem personalidade jurídica, desde que nasça com vida, porém o Código Civil protege o nascituro (bebê em gestação) desde a concepção. Da personalidade decorrem vários direitos, tais como ao nome, ao corpo, à honra etc. A capacidade jurídica, por sua vez, Ou seja, uma pessoa física pode ter personalidade jurídica para praticar um determinado ato da vida civil, porém ser incapaz para praticá-lo por si só, ou “pessoalmente”, conforme diz o Código Civil. A capacidade é a regra, como nos ensina Coelho (2006, p. 160): As pessoas são, por princípio, capazes e podem, assim, praticar os atos e negócios por si mesmas. A incapacidade é uma situação excepcional prevista expressamente em lei com o objetivo de proteger determinadas pessoas. Os incapazes são considerados, pela lei, não inteiramente preparados para dispor e administrar seus bens e interesses sem a mediação de outra pessoa (represente ou assistente). Quando falamos em capacidade, é necessário, ainda, que se diferencie a incapacidade absoluta da incapacidade relativa. Os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente (por si) os atos da vida civil são entendidos pelo Direito como pessoas que não têm a mínima condição de decidir sobre seus direitos e interesses. Por isso, terão que ser representados. TÓPICO 2 | PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL 117 Já os relativamente incapazes, segundo o Direito, já têm algum discernimento e podem expressar sua vontade, que é levada em consideração. Por isso, diz-se que serão assistidos (ou seja, auxiliados). Para facilitar seu entendimento, elaboramos o quadro a seguir: ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (SERÃO REPRESENTADOS) l lMENORES DE16 ANOS (CHAMADOS DE MENORES IMPÚBERES). l lOS QUE POR ENFERMIDADE OU DOENÇA MENTAL NÃO PUDEREM EXPRIMIR SUA VONTADE. l lOS QUE, MESMO POR CAUSA TRANSITÓRIA, NÃO PUDEREM EXPRIMIR SUA VONTADE. RELATIVAMENTE INCAPAZES (SERÃO ASSISTIDOS) l lMAIORES DE 16 E MENORES DE 18 ANOS (CHAMADOS DE MENORES PÚBERES). OS ÉBRIOS HABITUAIS (ALCOÓLATRAS), OS VICIADOS EM TÓXICOS E OS QUE, POR DEFICIÊNCIA MENTAL, TENHAM O DISCERNIMENTO REDUZIDO. l lOS EXCEPCIONAIS, SEM DESENVOLVIMENTO MENTAL COMPLETO. l lOS PRÓDIGOS (AQUELES QUE SEMPRE GASTAM TUDO O QUE TÊM). FONTE: A autora QUADRO 2 – INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA Podemos ilustrar o que acabamos de ver através do seguinte exemplo: João, que é menor, com quinze anos de idade, recebeu um imóvel de herança de seu avô. Pode-se afirmar que João tem personalidade jurídica, porém o Código Civil dispõe que os menores de 16 anos são absolutamente incapazes de exercer atos da vida civil. Assim, não poderá vender “sozinho” o imóvel de que é titular, porque, apesar de ter personalidade jurídica, lhe falta “capacidade civil” para tal, sendo necessário, para que o negócio se concretize, que seja representado por seu pai, mãe ou por seu representante legal, na falta deles. A incapacidade civil em razão da menoridade cessa aos 18 anos. Porém, esta incapacidade poderá terminar antes, caso ocorram os casos previstos no Código Civil: a emancipação, que é concedida pelos pais ou pelo juiz nas condições previstas em lei; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau em curso superior; pelo estabelecimento civil ou comercial que garanta economia própria. 118 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO 2.1.1 Domicílio e Residência da Pessoa Natural Outro tema de importância no estudo das pessoas naturais é o relativo ao domicílio e à residência. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as expressões não são sinônimas. O domicílio da pessoa natural é definido pelo próprio Código Civil, sendo o lugar onde a pessoa estabelece sua residência de forma definitiva. Assim, como regra geral, a pessoa natural terá um só domicílio e várias residências. Podemos citar como exemplo uma pessoa que mora em uma cidade com sua família (domicílio), mas três vezes por semana fica em cidades vizinhas onde tem filiais de sua empresa. Estas cidades podem ser consideradas como o local de suas residências. 2.1.2 Extinção da Pessoa Natural Como já dissemos anteriormente, o nascimento com vida é o início da personalidade civil. Já a extinção da pessoa natural ocorre com a morte. Deste modo, “A morte implica o fim da pessoa natural. A partir desse fato jurídico, nenhum novo direito ou dever pode ser-lhe imputado” (COELHO, 2006, p. 215). 2.2 PESSOA JURÍDICA A pessoa jurídica, por sua vez, “é a entidade constituída de homens ou bens, com vida, direitos, obrigações e patrimônios próprios” (RAPOSO E HEINE, 2004, p. 33). É constituída pelo homem, e nasce da junção da vontade destas pessoas. Segundo o dicionário jurídico De Plácido e Silva (1991, p. 368): a expressão é utilizada para designar as “instituições, corporações, associações e sociedades, que por força ou determinação da lei, se personalizam, tomam individualidade própria, para constituir uma entidade jurídica, distinta das pessoas que a formam ou que a compõem. Diz-se jurídica porque se mostra uma encarnação da lei.[...] 2.2.1 Constituição da Pessoa Jurídica Para a constituição da pessoa jurídica, o acordo de vontades de seus constituintes (que serão seus representantes legais) será materializado em um documento próprio, chamado estatuto ou contrato social, dependendo do tipo de sociedade. Este documento deverá ser redigido de acordo com o que dispõe a lei. Para que a pessoa jurídica exista juridicamente, passando assim a ser sujeito de direito, é necessário o registro deste documento no órgão competente (Junta Comercial ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas ou Títulos e Documentos, conforme denominação em cada Estado), que também dependerá do tipo de sociedade. TÓPICO 2 | PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL 119 Neste órgão, deverão ser também registradas todas as alterações e modificações do contrato social ou do estatuto. Uma vez constituída de acordo com o que determina a legislação, a pessoa jurídica passa a ter vida própria, sendo, portanto, sujeito de direito e, assim sendo, titular de direitos e obrigações. Apenas a pessoa jurídica responde por suas obrigações como regra geral, tendo existência e patrimônio próprios. Pode, contudo, ocorrer a desconsideração da pessoa jurídica, nos casos previstos em lei, tanto no Código Civil como no Código do Consumidor, em caso de abuso por parte dos seus componentes, a exemplo do que ocorre quando usam a pessoa jurídica para cometer fraudes. Quando houver a desconsideração da pessoa jurídica, os bens particulares de seus integrantes poderão responder por dívidas da empresa. 2.2.2 Classificação das Pessoas Jurídicas As pessoas jurídicas podem ser classificadas, segundo Raposo e Heine (2004, p. 36), quanto à orbita de atuação: l pessoa jurídica de direito público externo, e de direito público interno. As pessoas jurídicas de direito público externo são os países estrangeiros, organismos internacionais e outros do gênero; e as de direito público interno: a União, Estados, Municípios, Distrito Federal, etc. l pessoa jurídica de direito privado, que são as que interessam ao nosso estudo, uma vez que são regidas pelos princípios de direito privado. São elas: as sociedades, as associações e as fundações. De forma resumida, podemos dizer que as sociedades, são “pessoas jurídicas de fins econômicos” (COELHO, 2006, p. 253). Ou seja, o que motiva a constituição e a manutenção deste tipo de pessoa jurídica é a obtenção de lucro, sendo esta sua principal finalidade. As sociedades, por sua vez, de acordo com o Código Civil, podem ser classificadas em empresárias ou simples. IMPORTANT E O Contrato Social das Sociedades Limitadas deverá ser vistado por um advogado em todas as suas páginas. 120 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO Esta classificação decorre “de acordo com a forma como é organizada a exploração da atividade econômica” (COELHO, 2006, p. 254). O mesmo autor nos ensina que as sociedades empresárias são as que combinam os quatro fatores de produção (capital, mão de obra, consumo e tecnologia), organizando as atividades como empresa. Aponta como sociedades empresárias: um banco, um hospital, um supermercado, etc. Destas sociedades cuida o Direito Comercial. As “sociedades limitadas” e as “sociedades anônimas” que conhecemos são espécies de sociedades empresárias. Já nas sociedades simples, “o objetivo é a exploração de atividade econômica de atividade intelectual” (COELHO, 2006, p. 254), e que são estudadas pelo Direito Civil. A Associação, por sua vez, caracteriza-se como sendo “a pessoa jurídica em que se reúnem pessoas com objetivos comuns de natureza não econômica” (COELHO, 2006, p. 248). O mesmo professor exemplifica como associações as constituídas por moradores de um bairro, “Associação de Moradores”, ou uma “Associação de Lojistas” de uma cidade. A Fundação, por fim, resulta da “afetação de um patrimônio a determinada finalidade [...]” (COELHO, 2006, p. 255). Uma determinada pessoa, chamada “instituidor” (pessoa física ou jurídica), escolhe bens do seu patrimônio (em vida ou por testamento) e “vincula a administração e os frutos destes bens à realização de objetivos (não econômicos) que gostaria de ver realizados. Diferem da sociedade e da associação por não possuir membros, pois nem mesmo o instituidor pode ser assim considerado. As fundações são fiscalizadas pelo Ministério Público, que é representado, em âmbito estadual, pelo Promotor de Justiça, que pode, inclusive,pedir a sua extinção judicial. Podemos visualizar os diferentes tipos e sociedade de forma esquematizada: FONTE: A autora FIGURA 18 – ESPÉCIES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO TÓPICO 2 | PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL 121 2.2.3 O Domicílio da Pessoa Jurídica O domicílio da pessoa jurídica é o local que for escolhido nos seus atos constitutivos, ou em não tendo havido esta escolha, será considerado como domicílio o local de sua sede, por ser este o local onde deverá cumprir suas obrigações. 2.2.4 Extinção da Pessoa Jurídica A extinção da pessoa jurídica pode ser chamada de dissolução ou liquidação, dependendo do tipo de sociedade. De forma simplificada, podemos afirmar que a dissolução da pessoa jurídica pode ocorrer por vontade dos sócios (convencional), por determinação legal ou administrativa e, ainda, por decisão judicial. 122 Neste tópico você aprendeu que: l O Livro I da Parte Geral do Código Civil trata das pessoas físicas e jurídicas. l Personalidade e capacidade jurídica não se confundem. l Existem os relativamente incapazes, que serão assistidos pelo seu representante legal, e os totalmente incapazes, que serão representados. l Como nascem e se extinguem as pessoas físicas e jurídicas. l Os diversos tipos de pessoa jurídica. RESUMO DO TÓPICO 2 123 AUTOATIVIDADE Prezado(a) acadêmico(a). Fixe os conteúdos que você aprendeu neste tópico, correspondendo os grupos a seguir: Grupo 1 (1) Personalidade civil. (2) Capacidade civil. (3) Totalmente incapaz. (4) Relativamente incapaz. (5) Emancipação. (6) Domicílio. (7) Estatuto ou contrato social. (8) Desconsideração da pessoa jurídica. (9) União, Estado ou Município. (10) Sociedades. (11) Sociedades simples. (12) Forma de extinção das sociedades. Grupo 2 ( ) É a aptidão para ser titular de direitos e obrigações civis. ( ) É a “aptidão de alguém para exercer por si os atos da vida civil”. ( ) Menor de 16 anos. ( ) Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. ( ) Determina o fim da incapacidade jurídica. ( ) Lugar onde a pessoa estabelece sua residência de forma definitiva. ( ) Documento de constituição das sociedades. ( ) Consequência da utilização da pessoa jurídica para cometer fraudes. ( ) Pessoa jurídica de direito público interno. ( ) Esta pessoa jurídica tem como principal característica os fins econômicos. ( ) Nestas sociedades o objetivo é a exploração de atividade econômica e de atividade intelectual. ( ) Dissolução e Liquidação. 124 125 TÓPICO 3 PARTE GERAL - LIVRO II: DOS BENS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Os bens são estudados no Livro II da Parte Geral do Código Civil. Este tópico será dedicado ao seu estudo, especialmente conceitos e classificação. Então, vamos continuar? 2 CONCEITO DE “BEM” Para entendermos o conceito de bem, precisamos primeiro entender que, para o Direito, “bem” e “coisa” não se confundem. São bens apenas as coisas que têm valor econômico e que podem ser apropriados pelo homem. Podemos, pois, chamar de “bem” “tudo aquilo que satisfaz uma obrigação” (GONÇALVES, 2006, p. 238-239), podendo também ser considerados bens as “coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apreciação, bem como as de existência imaterial economicamente apreciáveis”. Existem várias espécies de bens, previstas no Código Civil: bens considerados em si mesmos (imóveis, móveis, fungíveis e consumíveis, divisíveis e bens singulares e coletivos), bens reciprocamente considerados, bens públicos etc. Para a nossa disciplina, será suficiente conhecermos as principais divisões. Vamos ver cada conceito separadamente? UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO 126 3 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS 3.1 BENS MÓVEIS E IMÓVEIS Inicialmente vamos estudar a clássica divisão entre bens móveis ou imóveis. O conceito de bens móveis é trazido pelo próprio Código Civil, em seu art. 82. Como o próprio nome diz, móveis são [...] “os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.” Os animais, chamados semoventes (porque se movem por si sós), são considerados pelo direito como bens móveis. Também são considerados bens móveis perante o direito civil as ações das sociedades, os papéis do mercado de valores, entre outros. Os imóveis, como regra geral, são os bens “que se não se podem transportar, sem destruição, de um para o outro lugar” (BEVILÁCQUA apud GONÇALVES, 2006, p. 246). Assim, podemos considerar como bens imóveis o solo e seus componentes, o subsolo e o espaço aéreo. Porém, segundo o Código Civil, em seu art. 79, “são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente” e, assim sendo, são imóveis as construções, as plantações, as árvores e os frutos etc. Esta distinção é de suma importância por diversos motivos. Por exemplo, a aquisição da propriedade de bens móveis se dá pela simples tradição (entrega), enquanto a dos bens imóveis só ocorre depois do registro da escritura pública no cartório do registro de imóveis. Para as pessoas casadas entregarem bens imóveis como garantia (ex.: hipoteca), dependem da autorização do cônjuge, o que não acontece nos bens móveis, entre outros. 3.2 BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS Outra classificação divide os bens em fungíveis ou infungíveis. Os bens fungíveis, conforme o art. 85 do Código Civil, são “os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade”, a exemplo do dinheiro e de alimentos. Ao contrário, os infungíveis são os que não têm as características acima. Porém, é interessante como um bem fungível pode se tornar infungível, como nos exemplos trazidos por Carlos Roberto Gonçalves (2006, p. 255), quando uma pessoa empresta a outra uma moeda rara de colecionador, ou um boi que, emprestado para serviços de lavoura, é infungível, enquanto o mesmo boi, se destinado ao corte, se torna fungível. Exemplo da importância desta distinção se dá no estudo dos contratos, pois é ela que vai determinar a espécie de contrato cabível. Por exemplo, no mútuo, o objeto deve ser coisa fungível, enquanto no comodato o bem será necessariamente infungível. TÓPICO 3 | PARTE GERAL - LIVRO II: DOS BENS 127 3.3 BENS CONSUMÍVEIS OU INCONSUMÍVEIS Os bens também podem ser classificados em consumíveis ou inconsumíveis, sendo que os bens consumíveis, segundo o art. 86 do Código Civil, são “os móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação, e inconsumíveis os que podem ser utilizados sem que haja destruição de sua substância. 3.4 BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS O conceito de bens divisíveis também consta do Código Civil em seu art. 87, que diz que bens divisíveis “são os que se podem fracionar sem alteração de sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”, e indivisíveis, aqueles que não possuem esta qualidade, como exemplo, uma máquina, uma vez que se tirarmos uma peça, ela deixa de funcionar. 3.5 BENS SINGULARES E COLETIVOS Conforme o art. 89 do Código Civil, são singulares os bens que, “embora reunidos se consideram de per si, (por si só) independente dos demais”. Assim, um carro é um bem singular quando considerado individualmente, como a maioria dos bens. Os bens coletivos, também chamados universalidades, são os que, “sendo compostos por várias coisas singulares se consideram em conjunto” (GONÇALVES, 2006, p. 260). Assim, o mesmo carro, que é um bem singular, pode integrar um conjunto e assim formar um bem coletivo, como uma frota. 3.6 BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS Os bens podem ser ainda principais ou acessórios. Os bens acessórios são assim chamados porque dependem da existência de outro, o principalpara existirem. “Assim o solo é bem principal, porque existe sobre si, concretamente, sem qualquer dependência” (GONÇALVES, 2006, p. 261), enquanto a árvore é bem acessório, pois depende do solo onde está plantada para existir. Apesar desta relação de dependência, o Código Civil permite que os bens acessórios (frutos e produtos) sejam objeto de negócio jurídico. Os bens acessórios são subdivididos em frutos, produtos, pertenças e benfeitorias. Os produtos se distinguem dos frutos porque não podem ser colhidos periodicamente, “como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das minas (BEVILÁCQUA apud GONÇALVES, 2006, p. 263). UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO 128 Já os frutos, segundo (Gonçalves, 2006, p. 264-265) “são utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte [...]”. Os frutos são ainda classificados em naturais, como o fruto das árvores, industriais, como por exemplo “a produção de uma fábrica” (GONÇALVES, 2006, p. 264) e, também, civis, “que são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por terceiros, como os juros e os aluguéis” (GONÇALVES, 2006, p. 263). As pertenças, segundo o art. 93, ao contrário dos frutos e produtos, não são partes integrantes do bem, como os produtos e os frutos, mas se destinam, de modo duradouro, ao uso, serviço ou amorfoseamento de outro. Como exemplo, podem- se citar os “objetos de decoração de uma residência” (GONÇALVES, 2006, p. 265). Por fim, as benfeitorias “são os melhoramentos que podem ser inseridos na coisa” (GONÇALVES, 2006, p. 267). O tipo de melhoramento que for inserido na coisa determinará o tipo de benfeitoria, qual seja, necessárias, úteis ou voluptuárias. A distinção entre os tipos de benfeitoria é encontrada no Código Civil em seu art. 96. Assim, de forma resumida, são necessárias aquelas destinadas à conservação do bem (ex.: manutenção de um telhado de uma casa), enquanto as necessárias são as que aumentam ou facilitam seu uso (ex.: instalação de um ar condicionado), e, por fim, as voluptuárias que são aquelas de mero deleite ou recreio, mas que não aumentam nem facilitam o uso do bem (como por exemplo um jardim). Vistas as diferenças entre as classes de bens principais e suas subdivisões, para uma melhor compreensão, de forma esquematizada, podemos visualizar o seguinte: FONTE: Gonçalves (2006) FIGURA 19 – BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS E SUAS SUBDIVISÕES TÓPICO 3 | PARTE GERAL - LIVRO II: DOS BENS 129 3.7 BENS PÚBLICOS E PRIVADOS Já os bens públicos, conforme o art. 98 do Código Civil, são os “pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno”, como, por exemplo, as praias, as praças e outros bens pertencentes à União, Estados e Municípios, e os privados são os que pertencem aos particulares. Os bens públicos são inalienáveis, ou seja, a titularidade do direito de propriedade, como regra geral, não podem ser objeto de transferência. Somente em casos especiais, com regras específicas constantes do Direito Administrativo é que a alienação destes bens será permitida. Já os bens particulares, salvo as exceções previstas na lei civil, poderão ser alienados, e assim, transferido o direito de propriedade sobre eles, quando forem, por exemplo, objeto de contrato de compra e venda, doação, e outras transações imobiliárias. 130 Neste tópico você aprendeu que: l Bens e coisas não se confundem. l São diversas as classificações de bens e que esta classificação é importante. RESUMO DO TÓPICO 3 131 Caro(a) acadêmico(a), você compreendeu bem os conceitos trazidos neste tópico? Então, de acordo com as frases, escolha as palavras que completam o lacunas: Para o estudo do Direito, é importante conhecermos as diversas espécies de bens. Inicialmente, podemos dividi-los em bens móveis e __________________. Por isso, podemos dizer que são bens _______________ aqueles “que não se podem transportar, sem destruição, de um para o outro lugar” (BEVILÁCQUA apud GONÇALVES, 2006, p. 246). Outra classificação importante que devemos registrar é a que divide os bens em principais e _____________, que só existem mediante a existência dos bens principais, como, por exemplo, ocorre com a árvore em relação ao solo. Os bens _______________ são os bens móveis que não se podem substituir por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Outra classificação importante para o estudo do Direito é a que os divide em bens principais e acessórios. Estes, por sua vez, se subdividem em _____________, _______________, ____________ e benfeitorias. As benfeitorias podem ser úteis, necessárias ou _____________________, que são aquelas que apenas tornam o bem mais belo ou luxuoso. AUTOATIVIDADE 132 133 TÓPICO 4 PARTE GERAL - LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO No Livro III do Código Civil, vamos encontrar a legislação referente aos fatos jurídicos. O entendimento deste conceito é também fundamental no estudo das relações entre o Direito e as atividades empresariais. 2 CONCEITO DE FATO JURÍDICO Primeiramente, precisamos entender: o que é um fato jurídico? É qualquer acontecimento que tenha consequências no mundo jurídico, ou seja, todo acontecimento que produz efeito jurídico. Em outras palavras, fatos que “interessem” (sejam importantes) para o Direito, e assim: Só é fato jurídico o acontecimento que produz efeitos no mundo jurídico. Desta forma, Não é todo acontecimento que será um fato jurídico. Para entendermos bem esta afirmação, podemos imaginar que o nascimento de uma pessoa é um fato jurídico, pois produz efeitos no mundo jurídico. Você se lembra que o nascimento com vida é o início da personalidade jurídica? Então, o nascimento é um fato que tem relevância para o Direito, e, por isso é considerado um fato jurídico. 134 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO 3 CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS Os fatos jurídicos podem ser naturais, porque vêm da natureza (ex.: nascimento, morte, terremoto, raios etc.), e, assim, independem da vontade humana para ocorrerem; ou humanos, que dependem da vontade humana para se verificarem, que também são chamados atos jurídicos. Para o nosso estudo, é preciso que entendamos bem o conceito de ato jurídico. Mas antes, vamos visualizar de forma esquematizada o que vimos até agora? FONTE: A autora FIGURA 20 – FATOS JURÍDICOS E SUAS SUBDIVISÕES Os atos jurídicos são divididos em lícitos, quando seus efeitos são voluntários, e ilícitos, quando os efeitos são involuntários, conforme explica Gonçalves (2006, p. 278). Desta forma, um contrato de compra e venda, que seja firmado dentro do que dispõe a lei, será um ato jurídico lícito, pois seu efeito será aquele esperado, ou seja, o pagamento do preço resultará na transferência da propriedade. Já um acidente de trânsito será um ato ilícito, pois gerará efeitos não pretendidos pelas partes envolvidas. TÓPICO 4 | PARTE GERAL - LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS 135 4 NEGÓCIO JURÍDICO Dentre a classificação dos atos jurídicos, temos o NEGÓCIO JURÍDICO, como você pode ver do esquema anterior, tendo como característica principal a junção da vontade dos agentes (particulares) que produzirá os efeitos pretendidos, ou seja, criar, modificar, transferir ou extinguir direitos. Por isso se diz que o contrato é seu símbolo (AMARAL apud GONÇALVES, 2006, p. 281). CONTRATO = NEGÓCIO JURÍDICO 4.1 REQUISITOS DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO Para que o negócio jurídico seja VÁLIDO, ou seja, para que possa produzir os efeitos de criar, modificar, transferir ou extinguir direitos, é necessário que estejam presentes seus requisitos de validade, previstos no art. 104 do Código Civil: NEGÓCIO JURÍDICO VÁLIDO = AGENTE CAPAZ +OBJETO LÍCITO + FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA (PROIBIDA) EM LEI Para que o agente seja CAPAZ, é preciso que tenha CAPACIDADE CIVIL, que é a aptidão para praticar por si os atos da vida civil. Esta incapacidade pode ser absoluta ou relativa, como vimos acima. Em caso de incapacidade absoluta do agente (por exemplo, menores de 16 anos) ele será representado e em caso de incapacidade relativa (por exemplo, maior de 16 e menor de 18 anos) o agente será assistido. IMPORTANT E Você entendeu por que este conceito é tão importante? Porque as transações empresariais geralmente envolvem contratos, que são as principais espécies de negócio jurídico. 136 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO O OBJETO LÍCITO é “o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes” (GONÇALVES, 2006, p. 320). Assim, como você já viu, os bens públicos não podem ser objeto de compra e venda, pois sua alienação não é permitida por lei. A FORMA é a maneira pela qual o negócio jurídico se exterioriza. Segundo o Código Civil, a forma deve ser a prescrita (prevista) ou não defesa (proibida) em lei. Assim, por exemplo, falando em transações imobiliárias, podemos dizer que a compra e venda de um bem imóvel para ser válida DEVE NECESSARIAMENTE SER REALIZADA POR ESCRITURA PÚBLICA, e não apenas por contrato, pois assim exige o Código Civil. 4.2 NULIDADE E ANULABILIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO Quando faltarem os requisitos legais, o negócio jurídico será NULO, como previsto no art. 166 do Código Civil. No negócio jurídico, a vontade é o elemento essencial, porque ele nasce da conjunção de duas vontades. Por isso, ela deve ser LIVRE, ou seja, não deve haver nada que influencie a manifestação desta vontade. Se assim não for, o negócio jurídico será viciado, e será anulável, no prazo de 04 anos (conforme art. 178, CC). Poderá também ser ANULÁVEL, em caso de incapacidade relativa do agente ou vício de consentimento, também chamado defeito do negócio jurídico que se originam da vontade viciada. São defeitos do ato jurídico os previstos nos artigos 138 ao 165 do Código Civil: o erro substancial, o dolo, a coação, o estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores. De uma forma simplificada, podemos dizer que: l No erro, a pessoa não tem noção da verdade, e, se soubesse, a manifestação da vontade seria diferente. l No dolo, há o emprego de um artifício para induzir alguém para realizar o negócio em benefício próprio ou de terceiro. l Na coação, há um fundado temor de dano próximo a acontecer (iminente) à pessoa, à família ou aos seus bens. l Na fraude a credores, o devedor se desfaz de seus bens, de forma maliciosa para escapar das dívidas. l No estado de perigo, ficará demonstrado quando alguém se obrigar por uma prestação muito onerosa, para salvar a si, pessoa de sua família, ou outro ente querido de grave dano conhecido da outra parte. TÓPICO 4 | PARTE GERAL - LIVRO III: DOS FATOS JURÍDICOS 137 l Por fim, haverá lesão quando uma pessoa, em razão de necessidade ou inexperiência se obriga por uma prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Por exemplo, quando uma pessoa vende um bem por um valor muito inferior ao que ele realmente vale, por dificuldades financeiras. Assim, se um negócio jurídico for assinado por um menor de 16 anos, ele será nulo e não poderá produzir efeitos. Porém, se uma pessoa maior for coagida a assiná-lo, ele será anulável, só não produzindo efeitos depois desta declaração. 138 Neste tópico você estudou que: l O contrato é o principal símbolo do negócio jurídico que, para sua validade, depende da existência de agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei. l Na falta dos requisitos legais ou em ocorrendo “defeito” no negócio jurídico, o ato poderá ser nulo ou anulável. RESUMO DO TÓPICO 4 139 Com base nos conhecimentos adquiridos neste tópico, responda ao questionário a seguir: 1 Qual a principal diferença entre fato e ato jurídico? 2 Cite o principal exemplo de negócio jurídico. 3 Como se caracteriza a fraude a credores? 4 Qual o traço marcante da coação? 5 Caso um bem público seja vendido em afronta à lei, o que ocorrerá com o contrato? Por quê? 6 Qual a principal característica do negócio jurídico? AUTOATIVIDADE 140 141 TÓPICO 5 CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Agora sim podemos conhecer os ramos do Direito Civil que compõem a parte especial do Código Civil: Direito das Obrigações, Direito da Empresa, Direito das Coisas, Direito de Família e Direito das Sucessões. Cada um dos ramos específicos desta parte especial disciplina uma espécie de relação jurídica, como veremos nos próximos itens. 2 SUBDIVISÕES DA PARTE ESPECIAL DO DIREITO CIVIL 2.1 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES O Direito das Obrigações “trata do vínculo pessoal que liga credores e devedores, tendo por objeto uma prestação patrimonial” (MAX; ÉDIS, 2005, p. 224). 2.1.1 Conceito de Obrigação Do conceito de Direito das Obrigações que estudamos anteriormente, podemos extrair o conceito de obrigação, que, como o próprio nome diz, é uma relação jurídica de natureza pessoal (você lembra o conceito de relação jurídica pessoal que vimos na Unidade 1?), de natureza patrimonial, em que o credor de um lado tem o direito de exigir do devedor, de outro, uma prestação de dar, fazer ou não fazer. Diniz (2008, p. 3) fornece como exemplos desta relação o locador, que tem o direito de exigir o preço do aluguel, e o do vendedor, que tem direito de exigir do comprador o preço. Veja a figura: 142 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO FONTE: A autora FIGURA 21 – VÍNCULO JURÍDICO DA OBRIGAÇÃO Analisando este conceito, podemos ver que alguém se obriga a uma prestação que pode ter três modalidades, que correspondem ao tipo de obrigação: obrigação de dar, fazer ou não fazer. A obrigação de é de dar (entregar) uma coisa quando este é o seu objeto, como no contrato de compra e venda. A obrigação de dar pode ser de dar coisa certa (específica, o carro X, o imóvel Y) ou incerta (ex: a venda de uma safra). Já a obrigação de fazer, como a que envolve um contrato de prestação de serviços, e de não fazer, quando as partes se obrigam a deixar de fazer alguma coisa, como, por exemplo, quando um vizinho se obriga a não construir um muro. Nas obrigações há três elementos: o sujeito ativo e o sujeito passivo e o objeto. O sujeito ativo, ou o credor, é aquele que pode exigir a prestação; o sujeito passivo, ou devedor, é o que deve cumprir a obrigação; e o objeto, a obrigação de dar, fazer ou não fazer, conforme vimos acima. 2.1.2 Fontes das Obrigações No nosso sistema, as fontes das obrigações são: os contratos e declarações unilaterais de vontade (obrigações contratuais) e as que nascem dos atos ilícitos (obrigações extracontratuais). Como exemplo desta última, podemos citar a indenização a que tem direito a vítima de um acidente de trânsito. 2.1.3 Espécies de Obrigações A obrigação será alternativa quando o devedor puder escolher entre cumprir uma obrigação ou outra. Por exemplo, poderá o devedor escolher entre entregar um carro OU o seu equivalente em dinheiro. A obrigação será cumulativa quando o devedor necessitar cumprir todas as obrigações para que se libere. Exemplo: o devedor deverá construir e pintar um muro. Divisível será a obrigação que pode ser dividida entre os credores ou devedores. Por exemplo, a dívida é de R$ 1.500,00, e cada um dos devedores fica responsável pelo pagamento de R$ 500,00. Será indivisível quando essa divisão não TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL 143 for possível. Exemplo: dois devedores se obrigam a entregar uma casa ao credor. A obrigação será personalíssima, quando o cumprimento da obrigação só possa ser executado pelo própriodevedor, de forma exclusiva e pessoal. Exemplo clássico deste tipo de obrigação é o pintor famoso contratado para pintar um quadro. 2.1.4 Transmissão das Obrigações As obrigações podem ser cedidas para outra pessoa que não o devedor ou o credor? Podem sim, através das figuras jurídicas que estudaremos a seguir: Cessão de Crédito e Assunção de Dívida. A Cessão de Crédito “é a transferência de crédito de uma pessoa para a outra.” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 51). Esta transferência que parte do credor pode ou não envolver o pagamento de valores (onerosa), ou ser gratuita. Quem transfere se chama Cedente, e aquele que recebe o crédito se chama Cessionário. Já a Assunção de Dívida ocorre quando uma terceira pessoa, com a concordância do credor (por escrito) assume o lugar do antigo devedor, que fica então livre da dívida. 2.1.5 Cumprimento ou Pagamento da Obrigação O cumprimento da obrigação é o ato que libera o devedor. Assim, Pagamento do credor satisfação da obrigação liberação do devedor extinção da obrigação. Mas, para que o cumprimento ou pagamento da obrigação seja efetivo, temos que observar: l Quem deve pagar o próprio devedor, outra pessoa por ele, a não ser que a obrigação seja personalíssima (que só pode ser cumprida pelo próprio devedor), por exemplo, a obrigação de pintar um quadro. l A Quem se deve pagar a obrigação, como regra geral, deve ser paga ao próprio credor, ou pessoa por ele autorizada, para ter eficácia. l A prova do pagamento ao pagar, o devedor deverá exigir o recibo, que é seu direito e a única prova do pagamento, pois este não se presume. l Local do pagamento a obrigação como regra geral, deve ser paga no local em que for convencionado. Na omissão, deverá ser cumprida no domicílio do devedor. Se a prestação for a entrega do imóvel ou prestação relativa a este, o local do pagamento será o da localização do bem. 144 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO l Data do pagamento o pagamento deverá ser realizado na data convencionada, e se assim não acontecer, ficará o devedor sujeito aos encargos do não pagamento. Se não houver data convencionada, considera-se que o pagamento deve ser feito à vista. Pode haver ainda o perdão da dívida, que se chama remissão. 2.1.6 Descumprimento da Obrigação Pode acontecer de o devedor não cumprir a obrigação na data combinada. Então, diremos que o devedor é inadimplente. Porém, este não cumprimento sujeitará o devedor a algumas consequências, que vamos conhecer agora. A primeira consequência é a mora, que é o atraso ou o retardamento do pagamento. A mora tanto pode ser do devedor (que não paga) ou do credor (que se recusa a receber). O devedor poderá ficar assim sujeito ao pagamento de multa, juros, ou outros encargos previstos no contrato. As perdas e danos se referem àquilo que o devedor perdeu (danos emergentes) e o que deixou de ganhar (lucros cessantes), em razão do descumprimento da obrigação. Outra consequência é o pagamento de juros moratórios, que só podem ser estipulados no máximo em 12% ao ano, conforme o Código Civil. A cláusula penal, por sua vez, será aplicada quando houver descumprimento da obrigação, a exemplo do que acontece nos aluguéis quando o locador ou locatário quiser terminar antecipadamente o contrato, ficando sujeito ao pagamento de três meses de aluguel. Por fim, temos as arras ou sinal de negócio. As arras são uma quantia que o comprador paga ao vendedor para garantir o negócio (arras compensatórias), ou como compensação pelo arrependimento (arras penitenciais). Conforme o Código Civil, quando o comprador desistir do negócio, perderá os valores das arras em favor do vendedor. Quando for o vendedor o desistente, este deve devolver o que recebeu em dobro. 2.1.7 Obrigações Contratuais As obrigações contratuais são aquelas que se originam de um contrato, que é uma espécie de negócio jurídico (como vimos acima), pois cria, modifica, conserva ou extingue direitos. As partes contratantes têm plena liberdade de contratar, que é o princípio conhecido como autonomia da vontade. TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL 145 Porém, costuma-se dizer que o Código Civil limitou este princípio quando exige que, quando as partes firmarem um contrato, será necessário haver a boa- fé objetiva (art. 422 do Código Civil), que significa que a parte deverá pensar e agir com probidade e honestidade. Também limitam a liberdade de contratar e a função social do contrato (art. 421 do Código Civil). Podemos citar como exemplos de contratos que você poderá utilizar em sua atividade profissional: o comodato (empréstimo gratuito de bem infungível), a locação (cessão de uso mediante remuneração), o mútuo (empréstimo de bem fungível), mandato (concessão de poderes de representação através de uma procuração), entre outros. 2.2 DIREITO EMPRESARIAL Já o Direito da Empresa “refere-se ao exercício profissional da atividade econômica organizada, para a produção ou circulação de bens e serviços” (FÜHRER; MILARÉ, 2005, p. 224). O Direito Empresarial envolve conceitos e matérias que antes pertenciam ao Direito Comercial e que, com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, passaram a fazer parte do Direito Civil, tais como os tipos de sociedades, obrigações sociais, títulos de crédito, entre outros. 2.3 DIREITO DAS COISAS O Direito das Coisas, por sua vez, disciplina a relação que “se estabelece entre as pessoas e os bens, como a propriedade, a posse ou a hipoteca” (FÜHRER; MILARÉ, 2005, p. 224). Para nosso estudo, será suficiente conhecermos seus principais institutos. Iniciaremos pela posse e propriedade que são direitos reais. O direito real é o direito que uma pessoa exerce sobre uma coisa, tendo o direito de buscar (através de uma ação judicial) esta coisa das mãos de quem quer que se encontre. A este poder chama-se “direito de sequela”, que cria um vínculo jurídico entre a pessoa e o bem e permite, por exemplo, que a pessoa entre na justiça para pedir uma reintegração de posse de suas terras invadidas. Além disso, tem efeito erga omnes, o que significa dizer que, estando devidamente ESTUDOS FU TUROS Prezado(a) acadêmico(a). Diante da importância que o Direito Empresarial representa em sua futura atividade como Gestor ou Contador, seus conteúdos serão estudados em uma disciplina específica chamada “Direito Empresarial e Direito Tributário”, que você cursará mais adiante. 146 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO registrado no Registro de Imóveis, tem validade contra todos, sem que se possa alegar desconhecimento da titularidade deste direito. Existem os direitos reais sobre as coisas próprias, como a propriedade e os direitos reais sobre as coisas alheias, tais como a hipoteca, o usufruto e o penhor. Iniciaremos pelo estudo da propriedade, principal objeto do Direito das Coisas. 2.3.1 Propriedade Segundo o art. 1.228 do Código Civil, a propriedade ou domínio é o direito que seu titular possui de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la de quem injustamente a possua ou detenha. É garantido pela Constituição Federal, em seu art. 5º, XXII da Carta Magna, que, porém, diz que a propriedade deve atender sua função social. Esta limitação também está expressa no parágrafo primeiro do referido art. 1228 do Código Civil. 2.3.1.1 Classificação da propriedade Diz-se que a propriedade é plena quando todos estes direitos podem ser realizados pelo proprietário, sendo assim considerada até que se prove o contrário, conforme art. 1.231 do Código Civil. A propriedade será limitada, quando sobre ela recair um direito real (ex.: hipoteca), ou for resolúvel, quando tem prazo certo para se extinguir. E como se adquire a propriedade imóvel? 2.3.1.2 Formas de aquisição da propriedade São várias asformas de se adquirir a propriedade: registro do título, usucapião e acessão. Vejamos cada um deles. A forma mais comum de aquisição da propriedade é o registro do título (art. 1.245 do CC) que transfere a propriedade do bem imóvel. O título a que a lei se refere é a escritura pública, uma vez que, em se tratando de bens imóveis é obrigatório que esta seja lavrada em um cartório que se chama tabelionato. UNI Você já ouviu dizer que quem não registra não é dono? Quer saber o que é este título e este registro? É o que vamos ver em seguida. TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL 147 É importante lembrar que “sobre a propriedade o mais importante é sabermos identificar quem realmente é o proprietário do bem” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 84). E acrescentam: No caso de bens imóveis, só é proprietário aquele que figura como tal no Registro de Imóveis. O Registro de Imóveis é o cartório responsável por manter um cadastro, chamado “matrícula”, de todos os imóveis existentes na cidade. Na matrícula, consta um número, todos os dados do imóvel e o “histórico” de seus proprietários, ônus reais etc. É como se fosse uma “carteira de identidade” do imóvel. Nas cidades maiores, os registros de imóveis são geralmente divididos em regiões que se chamam “ofícios”. Assim, dependendo do endereço do imóvel, ele pertencerá ao 1º, ou 2º Ofício, e assim por diante. Outra forma de aquisição da propriedade é a usucapião, que é o direito de propriedade que o possuidor da coisa que a possui como sua (animus domini), sem que haja oposição de ninguém durante um certo prazo de tempo, passa a ter. Este direito deve ser reconhecido em sentença judicial, que servirá como título de transferência da propriedade no Registro de Imóveis. Porém, o pedido deve obedecer a alguns requisitos legais, que variam de acordo com o prazo de ocupação, o tipo de área e a existência de justo título, ou seja, de um documento (ex.: contrato de compra e venda) que comprove a posse nos termos exigidos pelo Código Civil. Não entraremos aqui nas espécies de usucapião, por não ser objeto específico de nosso estudo, mas é importante que se deixe claro que o possuidor pode somar a sua posse a do seu antecessor, desde que seja de boa-fé e que os bens públicos não podem ser objeto de usucapião. Enfim, adquire-se a propriedade pela acessão, que quer dizer “agregar, unir. Logo, aquisição por acessão significa tudo aquilo que é acrescido ao imóvel, que pode se dar de forma natural ou artificial” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 87). De forma resumida, os mesmos autores esclarecem que: Você viu que para ser proprietário de um bem imóvel não basta ter um contrato ou uma escritura. É preciso que esta escritura esteja registrada no Registro de Imóveis. Assim, se um imóvel for vendido duas vezes, será considerado proprietário aquele que primeiro registrar a escritura. ATENCAO 148 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO A acessão ocorre de forma natural, quando há a formação de ilhas, pela aluvião (acréscimos sucessivos e imperceptíveis nas margens ou na foz de rios, de materiais trazidos pelas correntes), pela avulsão (acréscimo de porção de terra arrancada por força natural violenta) ou pelo álveo abandonado (leito de rio que secou). A acessão de forma artificial são as construções e as plantações que, segundo o art. 1.253 do CC, presumem-se feitas pelo proprietário às suas custas. Já vimos como se adquire a propriedade. E como se perde a propriedade? Quanto à perda da propriedade, podemos dizer que os meios previstos no Código Civil são: l Alienação transferência voluntária da propriedade (ex.: a compra e a venda, a doação etc.). l Renúncia desistência do direito de propriedade sobre o imóvel. l Abandono do imóvel. l Perecimento da coisa. l Desapropriação quando o imóvel for de necessidade pública ou utilidade pública, hipótese em que a Constituição Federal garante a justa e prévia indenização. Para a defesa da propriedade, o titular deverá entrar em juízo com uma ação reivindicatória. 2.3.2 Posse Posse, segundo Raposo e Heine (2004, p. 81), é a ocupação de uma coisa. O Código Civil considera, em seu art. 1196, como possuidor aquele que tem de fato ou não algum dos poderes relativos à propriedade. O locatário pode ser citado como exemplo de possuidor. Ele tem o poder de usar da coisa, e de buscá-la de alguém que injustamente a possua. 2.3.3 Classificação da Posse A posse pode ser classificada de diversas formas: TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL 149 FONTE: A autora FIGURA 22 - CLASSIFICAÇÃO DA POSSE Vamos ver os conceitos separadamente? l Direta ou indireta: A posse direta é aquela exercida efetivamente sobre o bem. Para entender seu conceito, podemos retomar o exemplo da locação. O proprietário transfere ao locador a posse direta. Porém, não perde sua posse, mas a exerce de forma indireta, o que lhe possibilita defender sua posse em juízo. l Justa ou injusta (violenta, clandestina ou precária): A posse justa é aquela que é amparada em um fato legal, de acordo com a lei, tais como a decorrente de um contrato, a ocupação de um imóvel como dono sem contestação (que depois pode originar o direito à usucapião, como vimos anteriormente) etc. Diz-se que não contém vícios. A posse justa dá direito ao possuidor de receber os frutos e o recebimento de uma indenização, caso venha a perder judicialmente esta posse. A posse injusta, ao contrário, tem como fato gerador um ato violento (ex.: invasão), clandestino (tomada da posse com utilização de artifícios) ou ainda a posse precária, que decorre da não devolução por uma pessoa que recebe o bem temporariamente. Um exemplo que pode ser citado é o do contrato de comodato, contrato imobiliário em que se empresta um bem infungível gratuitamente. Findo o prazo do contrato, o comodatário se recusa a devolver o bem. Sua posse, que era justa (porque amparada no contrato), torna-se injusta, porque viciada pela precariedade. A posse injusta não pode se transformar em justa. l De boa-fé e de má-fé: O possuidor de boa-fé é aquele que “tem a posse com a plena convicção de ser legítima, desconhecendo eventual vício na aquisição”, ao contrário da de má-fé, onde o possuidor sabe que a posse é viciada. [...] Ele sabe que o bem não lhe pertence e mesmo assim o detém (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 83). l Posse nova e posse velha: Diz-se posse nova aquela que é exercida pelo possuidor há menos de um ano e um dia, enquanto a posse velha é exercida há mais de um ano e um dia. Esta diferenciação é importante para a determinação do tipo de ação judicial que deverá ser ajuizada para a defesa da posse. 150 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO A posse pode ser esbulhada ou turbada. Quando o possuidor perde a posse, diz- -se que ocorreu esbulho possessório. Já quando não há perda da posse, mas apenas uma “perturbação”, diz-se que ocorreu turbação. Para ilustrar esta diferença, vamos pensar no seguinte exemplo: dois terrenos vizinhos. O dono de um deles, entendendo que a cerca divisória está errada e que sua área é maior, sem ter razão, derruba a cerca. Praticou um ato de turbação da posse. Já se, neste mesmo caso, ele mudar a cerca de lugar, “invadindo” o terreno do vizinho, ele praticará nítido ato de esbulho. Também a lei admite a possibilidade de o possuidor evitar a ocorrência de ato de esbulho ou turbação, por exemplo, evitando uma invasão, através de uma ação chamada interdito proibitório. Para defender judicialmente a sua posse, o possuidor pode ajuizar as seguintes ações, dependendo do ato praticado: Reintegração de posse quando houver perda da posse. Manutenção de posse quando houver turbação da posse. Interdito proibitório para evitar que haja a turbação ou o esbulho. 2.3.4 Direitos reais sobre as coisas alheias Como já dissemos, o direito realé aquele que a pessoa exerce sobre a coisa. Já vimos também que este direito real pode ser exercido sobre coisa própria, como ocorre com a propriedade. Contudo, este direito real também pode ser exercido sobre uma coisa de outra pessoa, ou seja, sobre coisa alheia. Estes direitos podem recair sobre coisas móveis, como, por exemplo, o penhor ou sobre imóveis, a exemplo da hipoteca. Os direitos reais sobre as coisas alheias serão apresentados a seguir. 2.3.4.1 Direitos reais sobre coisas alheias de gozo e fruição Os direitos reais sobre coisas alheias de gozo e fruição são os que se referem à utilização da coisa alheia, sendo que são os seguintes que recaem sobre imóveis: superfície, servidão, usufruto, uso, e habitação. O direito de superfície é o previsto no art. 1.369 do Código Civil e é aquele em que o proprietário concede a outra pessoa o direito de construir ou plantar em seu terreno, por prazo determinado. Esta concessão pode ser gratuita ou não. Aquele que recebe o imóvel tem nome de superficiário e ficará responsável pelo pagamento dos tributos relativos ao imóvel. Ao final, a construção ou plantação TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL 151 ficará para o proprietário, a não ser que haja um contrato estipulando uma indenização. Já o direito de servidão consiste “na utilização do imóvel serviente por parte do imóvel dominante” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 91). A servidão mais conhecida é a servidão de passagem, ou passagem forçada, em que parte de um terreno (imóvel serviente) serve de passagem para um outro (dominante). A servidão pode ser estabelecida por contrato, testamento ou decisão judicial e o proprietário do imóvel serviente é obrigado a respeitá-la. O usufruto, como o próprio nome diz, é o direito de “usar” e “fruir” da coisa. O proprietário, que passa a ser conhecido por “nu-proprietário”, transfere estes direitos ao “usufrutuário”. Utiliza--se muito o usufruto em nosso país em processos de separação e quando se realiza partilha em vida, para evitar o processo de inventário. Pelo usufruto, os pais passam a propriedade dos imóveis para os filhos, ficando-lhes reservado o usufruto. Como podem usar e fruir, podem morar no bem ou até mesmo alugá-lo, porque o aluguel é uma espécie de fruto, como vimos anteriormente. O nu-proprietário até pode vender o bem, mas este ônus real vai acompanhá-lo e o novo proprietário terá que aguardar a extinção deste direito real, pela morte do usufrutuário ou concordância deste em extinguir o usufruto. Semelhante ao usufruto, há o direito de uso, com a diferença que, no uso, a pessoa usará a coisa e perceberá seus frutos de acordo com a necessidade de sua família. O Código Civil determina que se aplique ao uso, aquilo que for compatível às regras do usufruto. Por fim, o direito de habitação é o de utilizar o imóvel para moradia, de forma gratuita, a exemplo do que ocorre no caso de falecimento de um dos cônjuges. Também se aplica a este direito real as disposições legais relativas ao usufruto. 2.3.4.2 Direitos reais sobre coisas alheias de aquisição Como direito real sobre coisa alheia de aquisição, temos o Direito de Promitente Comprador do Imóvel, previsto no Código Civil e também a promessa de cessão de direitos, relativos a imóveis não loteados, sem cláusula de arrependimento e com imissão de posse, inscrito no registro de imóveis – Lei n. 4.380/64 e art. 167, I, 9 (RAPOSO; HEINE 2004, p. 99). São chamados de direitos reais sobre coisa alheia de aquisição, porque permitem ao comprador a possibilidade de exigir a concessão da escritura pública que transfere o direito de UNI Agora que você já conhece os direitos reais sobre coisas alheias de uso e gozo, vamos partir para os direitos de aquisição. 152 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO propriedade, sem que o vendedor possa “voltar atrás”. A Promessa de Venda ou Cessão de Unidades Condominiais (Lei n. 4591/64) e Propriedade Fiduciária de Imóveis também são apontados como direitos reais sobre coisas alheias (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 100). 2.3.4.3 Direitos reais sobre coisas alheias de garantia Por fim, os direitos reais de garantia. Por este direito, o bem fica vinculado ao cumprimento de uma obrigação, por exemplo, uma dívida, mas desde que estejam presentes todos os requisitos exigidos pela lei, especificamente nos arts. 1.419 e seguintes do Código Civil. Porém, o credor não poderá ficar com o bem se a dívida não for paga, porque o artigo 1.428 do Código Civil proíbe esta prática. O bem será vendido e o dinheiro entregue ao credor. São direitos reais de garantia: o penhor, a hipoteca e a anticrese. O penhor tem por objeto bens móveis. O penhor, segundo o art. 1431 do CC, constitui-se quando uma pessoa transfere a posse de um bem móvel para o credor de uma dívida. Exemplo típico de penhor é o realizado com joias na Caixa Econômica Federal em garantia de dívida. Na hipoteca, o devedor permanece na posse do imóvel e somente o perderá se não cumprir a obrigação. Quando tiver por objeto bem imóvel (o art. 147 do CC traz uma lista de bens e direitos que podem ser objeto de hipoteca, além dos imóveis, tais como as estradas de ferro, os navios e as aeronaves), que é o tema do nosso estudo, a hipoteca abrange também seus acessórios. É importante dizer que, para efeito de hipoteca, os navios e as aeronaves são considerados imóveis, podendo assim haver uma hipoteca sobre estes bens. No direito real de anticrese, o devedor ou outra pessoa em seu nome entrega ao credor um bem de sua propriedade para que este receba os frutos em pagamento da dívida e dos juros. Cuidado para não confundir PENHOR e PENHORA. A penhora é a garantia dada em um processo judicial. Por isso, quando estiver falando sobre penhor, deve-se dizer que as joias foram EMPENHADAS (e não penhoradas, como se ouve frequentemente). ATENCAO TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL 153 Outro importante instituto do Direito das Coisas é o direito de construir. 2.3.5 O Direito de Construir Este direito é previsto no art. 1299 do Código Civil: O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos. Ou seja, podemos afirmar que o direito de construir e plantar é livre, porém não é pleno, pois sofre limitações previstas nos arts. 1.300 a 1.312 do Código Civil. Dentre as limitações ao direito de construir estão: l não despejar água no terreno vizinho; l não abrir janelas ou construir terraços a menos de um metro e meio do terreno vizinho; l respeitar, na zona rural, a distância mínima de três metros entre as construções; l não construir na parede confinante fornos, fogões, chaminés ou quaisquer outras construções que possam causar infiltrações ou interferências no terreno vizinho; l cumprir outras disposições relativas ao terreno confinante (arts. 1.305, 1.306 etc.); l não efetivar construções que possam poluir ou tirar poço ou nascente de outrem; l não realizar obras ou escavações que possam comprometer a segurança do terreno vizinho. Assim sendo, o direito do proprietário construir é sempre limitado, podendo o proprietário ou possuidor ingressar na justiça para fazer cessar este uso anormal da propriedade. Neste caso, segundo o Código Civil (art. 1.312), o proprietário poderá exigir, além da demolição da construção, a reparação dos danos causados. IMPORTANT E lembre-se de que os direitos reais sobre coisas alheias devem ser registrados no Registro de Imóveis do local onde se localiza o imóvel, para terem eficácia erga omnes (contra todos). Este registro seguirá a ordem em que são apresentadas, fazendo-se a prenotação. 154 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO Além das hipóteses referentes ao uso nocivo da propriedade, o direito de vizinhança trata ainda: das árvoreslimítrofes, que são as que ficam na linha divisória entre dois terrenos. Se o tronco estiver na linha divisória, esta será considerada como propriedade comum entre os vizinhos. Se houver invasão de raízes e galhos no terreno, poderão ser cortados até a linha divisória pelo proprietário do terreno invadido. Os frutos caídos serão de propriedade do proprietário do terreno onde caírem; da passagem forçada, permitindo ao vizinho que tenha acesso à via pública, mediante indenização; da obrigação do proprietário de permitir a passagem de tubos e tubulações de utilidade pública, mediante indenização; da passagem das águas e do direito de tapagem, tais como cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio urbano e rural. 2.4 DIREITO DE FAMÍLIA O Direito de Família, segundo Gusmão (2006, p. 204), é “a parte do direito, norteado pelo interesse social, rege as relações jurídicas constitutivas da família e as dela decorrentes. Tem por matéria as relações jurídicas que formam a família, ou seja, as entre esposos, entre pais e filhos e entre parentes.” Dentre os institutos do Direito de Família, destacamos: o casamento e seus regimes de bens, filiação, união estável, tutela e curatela. Entendemos ser importante para nossa disciplina o estudo dos regimes de bens no casamento. 2.4.1 Regime de Bens no Casamento O regime de bens escolhidos no casamento trará as normas que vigorarão no que diz respeito à comunicabilidade ou não dos bens em caso de separação ou morte. O regime legal é o da comunhão parcial de bens, o que significa dizer que no silêncio das partes este será o regime de bens a ser observado. Vamos conhecer cada um dos regimes previstos no CC? Segundo Hironaka (2003), resumidamente, são os seguintes os regimes de bens previstos no Código Civil: [...] Do regime de comunhão parcial. Como já se disse, este é o regime oficial de bens, no casamento, selecionado, pois, pelo legislador pátrio, desde a promulgação da Lei do Divórcio, em 1977, pelo qual comunicar--se-ão apenas os bens adquiridos na constância do casamento, e revelando, por isso mesmo, um acervo de bens que pertencerão exclusivamente ao marido, ou exclusivamente à mulher, ou que pertencerão a ambos. TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL 155 Com a dissolução da conjugalidade, restará comunicável, então – e por isso passível de partilha entre os cônjuges que se afastam – o acervo dos bens comuns, ficando excluídos, dessa partilha, os bens ressalvados pelos arts. 1659 e 1661 do novo Código Civil, dispositivos esses que repetem as mesmas exclusões já anteriormente previstas pelos arts. 269 e 272 do Código Civil de 1916. Excluídos estavam, e permanecem, então, os bens que cada cônjuge já possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do matrimônio por doação, sucessão ou sub-rogados em seu lugar (art. 269, inciso I, CC/1916 e 1659, inciso I, CC/2003). [...] Do regime de comunhão universal. Este regime foi aquele que, entre nós, e até o advento da Lei do Divórcio, posicionou--se como o regime legal, casando-se sob sua regulamentação a esmagadora maioria de brasileiros, até 1977. Conforme suas regras, comunicam-se entre os cônjuges todos os seus bens presentes e futuros, além de suas dívidas passivas, ocorrendo um enorme amálgama entre os bens trazidos para o casamento pela mulher e pelo homem, bem como aqueles que serão adquiridos depois, formando um único e indivisível acervo comum, passando, cada um dos cônjuges, a ter o direito à metade ideal do patrimônio comum e das dívidas comuns. No novo Código Civil, o regime da comunhão universal de bens, o regime da unificação patrimonial mais completa, encontra-se disciplinado entre os arts. 1667 a 1671. Do regime de separação de bens. Relativamente a este regime de bens, isto é, o regime que visa promover a completa separação patrimonial do acervo de bens pertencente a cada um dos cônjuges [...]. Antes de encerrar a análise deste regime de bens do casamento, o regime da separação total, não devo esquecer de mencionar que ele pode ser adotado, pelos nubentes, como fruto da eleição ou escolha, convencionando-o por meio de pacto antenupcial. Se assim for, o regime em pauta vai se desvendar como um excelente regime patrimonial, no casamento, tendo em vista que ele representa exatamente o contrário disso, quer dizer, ele é a total ausência de regime patrimonial, mantendo bem separados e distintos os patrimônios do marido e da mulher. Do regime de participação final nos aquestos. Cria, o legislador civil nacional, outro regime de bens, que vem ocupar o lugar deixado pelo regime dotal, sem que, no entanto, guarde relativamente a este qualquer semelhança. Ocupa o lugar, não as características. Ao contrário, o regime da participação final nos aquestos guarda semelhanças e adquire características próprias a dois outros regimes, na medida em que se regulamenta, 156 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO em seu nascedouro e sua constância por regras semelhantes às desenhadas pelo legislador para o regime da separação de bens, em que cada cônjuge administra livremente os bens que tenha trazido para a sociedade conjugal, assim como aqueles que adquirir, por si e exclusivamente, durante o desenrolar do matrimônio. Por outro lado, assume de empréstimo regras muito parecidas àquelas dispensadas ao regime da comunhão parcial, quando da dissolução da sociedade conjugal por separação, divórcio ou morte de um dos cônjuges. Nesse sentido, cada cônjuge possui patrimônio próprio, que administra e do qual pode dispor livremente, se de bens móveis se tratar, dependendo da outorga conjugal apenas para a alienação de eventuais bens imóveis (CC, arts. 1.672 e 1.673). Mas se diferencia do regime da separação de bens porquanto, no momento em que se dissolve a sociedade conjugal por rompimento dos laços entre vivos ou por morte de um dos membros do casal, o regime de bens como que se transmuda para adquirir características do regime da comunhão parcial, pelo que os bens adquiridos onerosamente e na constância do matrimônio serão tidos como bens comuns desde a sua aquisição, garantindo-se, assim, a meação ao cônjuge não proprietário e não administrador. Desta feita e porque afastado um dos cônjuges da administração dos bens adquiridos, traça o Código Civil uma série de disposições que, pormenorizadamente, visam disciplinar a apuração dos bens partíveis em meação, pelo valor e no montante verificados na data em que cessou a convivência dos cônjuges (art. 1.683), tudo para evitar se consubstancie qualquer espécie de lesão ao direito do cônjuge que até então figurava como não proprietário e não administrador. ESTUDOS FU TUROS Caso queira se aprofundar mais neste assunto, sugiro a leitura do artigo “Alguns Efeitos do Direito de Família na Atividade Empresarial”, da autoria de Pablo Stolze Gagliano, Disponível em <http://www.mundojuridico.adv.br/cgi-bin/upload/texto590.rtf>. TÓPICO 5 | CÓDIGO CIVIL - PARTE ESPECIAL 157 2.5 DIREITO DAS SUCESSÕES Por fim, o Direito das Sucessões, tem por objetivo dispor sobre como ocorrerá a transmissão dos bens das pessoas falecidas” (FÜHRER; MILARÉ, 2005, p. 224). Segundo o artigo 1.829 do CC, a ordem de vocação hereditária, ou seja, a preferência no recebimento da herança será o seguinte: primeiro os filhos, os pais, o cônjuge e por último os colaterais (ex.: irmãos). Neste sentido, é o art. 1829 do CC: Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. Interessante observar que o cônjuge, nas hipóteses do inciso I do art. 1829, além de meeiro (dependendo do regime de bens) será herdeiro, quando então concorrerá com os filhos, inovação trazida pelo Código Civil de 2003. 158 Neste tópico você estudou que: l O estudo dos institutos de Direito das Obrigações é muito importante no estudo do Direito, porque as transações empresariais envolvem obrigações. l Existem diversas espécies de obrigações, como dar, fazer ou não fazer. l O não cumprimento das obrigações gera consequências. l O direito de contratar sofre limitações por princípios como da função social do contrato e boa-fé objetiva. l A propriedade é um direito que permite gozar, usar, dispor e reaver um bem de quem injustamente o possua. l Os conceitos de posse e propriedade não se confundem. l A posse se classifica em diversas espécies, como posse justa, injusta, precária, violenta, clandestina etc. l Existem vários direitos reais sobre as coisas alheias, tais como a hipoteca, a anticrese etc. l O direito do proprietário de construir é sempre limitado, podendo o proprietário ou possuidor ingressar na justiça para fazer cessar este uso anormal da propriedade, podendo ainda exigir, além da demolição da construção, a reparação dos danos causados. l O Direito de Família é “a parte do direito, norteado pelo interesse social, rege as relações jurídicas constitutivas da família e as dela decorrentes”. l O Direito das Sucessões rege a transmissão dos bens das pessoas falecidas. RESUMO DO TÓPICO 5 159 AUTOATIVIDADE 1 Preencha os campos em branco: 1. Objeto do Direito das Obrigações. Relações ________________. 2. Modalidades das Obrigações. Dar, ______________, ou ____________. 3. Quando o devedor pode escolher a prestação que vai cumprir. Obrigação ________________________. 4. ______________ das Obrigações. Contratos, declarações unilaterais de vontade e atos ilícitos. 5. Obrigação personalíssima. 6. Uma das formas de Transmissão das Obrigações é a Cessão de Crédito. A outra é _________________de Dívida. 7. Local do pagamento em havendo omissão do contrato. 8. Uma das consequências pelo inadimplemento. Significa atraso. Pode ser do devedor ou do credor. 9. São limitados em 12% ao ano, segundo o Código Civil. 10. Quando a desitência for do comprador, este perde o que pagou. Quando for do vendedor, este devolve em dobro o que recebeu. 2 Assinale a alternativa CORRETA: 1 É o poder de o proprietário ou possuidor buscar a coisa de quem injustamente a possua ou detenha: a) ( ) Usucapião. b) ( ) Direito de sequela. c) ( ) Propriedade. d) ( ) Habitação. 160 2 Não se caracteriza como meio de perda da propriedade: a) ( ) Usufruto. b) ( ) Alienação. c) ( ) Renúncia. d) ( ) Abandono. 3 Por meio desta ação o possuidor defende sua posse que foi perdida: a) ( ) Ação de Reintegração de Posse. b) ( ) Ação de Manutenção de Posse. c) ( ) Ação de Usucapião. d) ( ) Ação de Execução. 4 A posse injusta pode ser violenta, clandestina ou precária. Pode ser considerada posse clandestina: a) ( ) A que decorre de ato violento. b) ( ) A que decorre de utilização de artifícios. c) ( ) A que decorre da não devolução do bem no prazo. d) ( ) Nenhuma das alternativas. 5 É modo aquisitivo da propriedade: a) ( ) Hipoteca. b) ( ) Penhor. c) ( ) Aluvião. d) ( ) Usufruto. 6 Por este direito real sobre coisa alheia, o proprietário cede o imóvel a outra pessoa, que poderá usar o mesmo e até receber os aluguéis: a) ( ) Usufruto. b) ( ) Hipoteca. c) ( ) Servidão. d) ( ) Penhor. 7 A hipoteca, o penhor e a anticrese têm como característica comum: a) ( ) Serem modos de aquisição da propriedade. b) ( ) Serem direitos reais de aquisição. c) ( ) Serem direitos reais de garantia sobre coisa alheia. d) ( ) Terem por objeto bem imóvel. 161 8 Diz-se que a posse é velha quando a) ( ) O possuidor a exerce há menos de 1 ano e 1 dia. b) ( ) O possuidor a exerce há mais de 1 ano e 1 dia. c) ( ) O possuidor soma a posse a de seus antecessores para entrar com pedido de usucapião. d) ( ) Quando esta posse se origina no usufruto. 9 De acordo com a lei, não pode ser objeto de hipoteca: a) ( ) Navio. b) ( ) Aeronave. c) ( ) Estradas de ferro. d) ( ) Automóveis. 10 O compromisso de compra e venda, desde que atendidos os requisitos exigidos pela lei, é uma espécie de direito de aquisição da propriedade, porque: a) ( ) Permite que o comprador exija na justiça a escritura de compra e venda para transferir a propriedade. b) ( ) Permite que o comprador requeira o usufruto do bem. c) ( ) Garante o direito de moradia. d) ( ) Permite a reintegração de posse. 11 Regime de bens pelo qual “comunicar-se-ão apenas os bens adquiridos na constância do casamento”: a) ( ) Separação de bens. b) ( ) Comunhão Universal de Bens. c) ( ) Participação final nos aquestos. d) ( ) Comunhão parcial de bens. 12 Conforme suas regras, “comunicam-se entre os cônjuges todos os seus bens presentes e futuros, além de suas dívidas passivas”: a) ( ) Pacto antenupcial. b) ( ) Separação de bens. c) ( ) Participação final nos aquestos. d) ( ) Comunhão Universal de Bens. 13 Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) É obrigação do vizinho não construir obra que despeje água no terreno vizinho. ( ) A construção de janelas ou terraços a menos de um metro do terreno vizinho é permitida. 162 ( ) Na zona rural a distância mínima entre as construções é de três metros. ( ) As árvores limítrofes são as que ficam na linha divisória entre dois terrenos. ( ) Se o tronco estiver na linha divisória, a árvore limítrofe será considerada como propriedade do vizinho que a tiver plantado. ( ) Se houver invasão de raízes e galhos no terreno poderão ser cortados até a linha divisória pelo proprietário do terreno invadido. ( ) Os frutos caídos serão de propriedade do proprietário da árvore. ( ) O direito de construir é também limitado por regulamentos administrativos, tais como o plano diretor de cada município. 163 TÓPICO 6 OUTROS RAMOS DO DIREITO PRIVADO: DIREITO COMERCIAL E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a). Chegamos ao último tópico desta unidade e também de nossa disciplina. Vamos compreender quais são os conceitos e abrangência do Direito Comercial e Direito Internacional Privado. 2 DIREITO COMERCIAL O Código Civil de 2002 revogou a primeira parte do Código Comercial (Lei n. 566/1850), passando então a regular vários institutos que eram do Direito Comercial, segundo Requião (2006). Por isso, alguns autores entendem que não há mais porque se distinguir o Direito Comercial, que passou a se denominar Direito Empresarial. Contudo, as demais partes do Código Comercial continuam em vigor, sendo que alguns autores, tais como Rubens Requião, apontando suas características próprias, que chama de “traços peculiares”: “cosmopolitismo, individualismo, onerosidade, informalismo, fragmentarismo e solidariedade presumida” (REQUIÃO, 2006, p. 31). ESTUDOS FU TUROS Caso queira saber mais sobre este assunto, sugiro a leitura da seguinte obra: REQUIÃO, Rubens. Direito Comercial. vol. 1. Ed. Saraiva, 2006. 164 UNIDADE 3 | DIREITO PRIVADO 3 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Conforme Strenger (2003, p. 29), o Direito Internacional Privado: Nasce do desenvolvimento tomado pelas relações de ordem privada entre os diferentes povos. Da diversidade de legislação surge o conflito, porquanto, cada vez mais se hesita na aplicação das leis dos diversos países põe-se em movimento o direito internacional privado, a
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