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Noções Gerais de Direito

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Código Logístico
58126
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-5339-1
9 788538 753391
N
oções G
erais de D
ireito
Eduardo G
anym
edes Costa
Noções Gerais de Direito
IESDE BRASIL S/A
2018
Eduardo Ganymedes Costa
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C871n Costa, Eduardo Ganymedes
Noções gerais de direito / Eduardo Ganymedes Costa. - 
[2. ed.]. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2018. 
196 p. : il. ; 21 cm.
ISBN 978-85-387-5339-1
1. Direito. 2. Direito civil. 3. Direito administrativo. I. Título.
CDU: 34 18-52339
© 2008-2018 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos 
direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: RomoloTavani/iStockphoto
Eduardo Ganymedes Costa
Mestrando em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Especialista 
em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho, pela Universidade São Judas Tadeu 
(USJT), em Docência no Ensino Superior pela Unicid e em Docência no Cenário do Ensino para 
Compreensão, pela mesma universidade. Graduado em Direito pelo Centro Universitário das 
Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), professor no ensino superior e advogado nas áreas 
civil, empresarial e trabalhista.
Sumário
Apresentação 9
1 Introdução ao estudo do Direito 11
1.1 Objetivo 11
1.2 Definição 11
1.3 Ordenamento jurídico 11
1.4 Direito objetivo, subjetivo, elementos e relação de Direito 13
1.5 Direito e moral 17
1.6 Ramos do Direito 18
1.7 Fontes do Direito 19
1.8 Formas de integração do Direito 20
1.9 A lei e sua formação 21
2 Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 25
2.1 Objetivo 25
2.2 Personalidade da pessoa natural 25
2.3 Personalidade da pessoa jurídica de Direito Privado 26
2.4 Capacidade da pessoa natural 26
2.5 Domicílio 29
2.6 Diferentes classes de bens 30
3 Fato jurídico, ato jurídico e negócio jurídico 37
3.1 Objetivo 37
3.2 Fato e ato jurídico 37
3.3 Negócio jurídico 38
3.4 Defeitos do negócio jurídico 38
3.5 Invalidação do negócio jurídico 43
4 Contrato 47
4.1 Objetivo 47
4.2 Conceito e requisitos de validade 47
4.3 Formação do contrato 51
4.4 Interpretação do contrato 53
4.5 Efeitos do contrato 54
4.6 Extinção da relação contratual 54
4.7 Espécies de contrato 60
5 Responsabilidade civil, prescrição e decadência 67
5.1 Objetivo 67
5.2 Parêntese inicial 67
5.3 Conceito de responsabilidade civil 68
5.4 Função da responsabilidade civil 69
5.5 Teoria da imprevisão 74
5.6 Prescrição e decadência: noções gerais e causas de extinção do Direito 75
5.7 Conceito de decadência e diferenças entre prescrição 81
6 Noções de Direito Administrativo e seus princípios 91
6.1 Objetivo 91
6.2 Introdução 91
6.3 Conceito 93
6.4 Relação com outros ramos do Direito 96
6.5 Fontes do Direito Administrativo 96
6.6 Interpretação do Direito Administrativo 96
6.7 Sistema administrativo brasileiro 99
6.8 Princípios de Direito Administrativo 100
7 Administração Pública 109
7.1 Objetivo 109
7.2 Introdução 109
7.3 Estrutura administrativa 113
7.4 Órgãos e agentes públicos 115
7.5 Atividade administrativa 116
7.6 Poderes e deveres do administrador público 117
7.7 Desvio e abuso de poder 117
8 Poderes administrativos e atos administrativos 119
8.1 Objetivo 119
8.2 Poderes administrativos: introdução 119
8.3 Poder vinculado e poder discricionário 119
8.4 Poder hierárquico e poder disciplinar 121
8.5 Poder regulamentar 123
8.6 Poder de polícia 123
8.7 Atos administrativos  127
9 Licitação 137
9.1 Objetivo 137
9.2 Introdução 137
9.3 Competência legislativa 139
9.4 Princípios 139
9.5 Objeto no procedimento licitatório 142
9.6 Obrigatoriedade, dispensa e inexigibilidade 144
9.7 Licitação dispensada 145
9.8 Licitação dispensável 147
9.9 Licitação inexigível 151
9.10 Fases do procedimento licitatório 152
9.11 Anulação e revogação 161
9.12 Modalidades de licitação 163
10 Contratos administrativos 173
10.1 Objetivo 173
10.2 Noções preliminares 173
10.3 Conceito 174
10.4 Especificidades 175
10.5 Controle do contrato 179
10.6 Aplicação de penalidades 181
10.7 Exceção do contrato não cumprido 182
10.8 Interpretação 183
10.9 Formação 184
10.10 Definições 187
10.11 Execução 187
10.12 Inexecução 187
10.13 Revisão e rescisão 188
Gabarito 193
Apresentação
Este livro tem a finalidade de difundir conhecimentos específicos e apropriados de Direito, 
voltados à área de negócios.
A seleção aqui feita dos ramos do Direito e seus conteúdos programáticos está atrelada às 
necessidades cotidianas da arte de administrar organizações, nos âmbitos privado e público, pro-
curando disseminar o conhecimento necessário para tal objetivo.
Assim, foi escolhido o objeto para sedimentação de conhecimento na área do Direito Civil, 
de modo mais profundo, e parte específica, de maior interesse, do Direito Administrativo.
Dessa forma, busca-se a inserção do leitor na ciência do Direito, fazendo a abordagem dos 
direitos objetivo e subjetivo, seus elementos e a relação jurídica, atrelando-os ao fato jurídico e ao 
negócio jurídico como base para a esfera contratual, além de tratar dos casos de extinção do direito, 
com ênfase no instituto da prescrição e decadência.
Por fim, pela sua importância, é abordado o Direito Administrativo, abrangendo noções preli-
minares, como as de administração pública, licitação pública e contratos administrativos, assuntos de 
alto interesse para o administrador em um Estado Democrático neoliberal.
1
Introdução ao estudo do Direito
1.1 Objetivo
Este capítulo faz uma introdução à ciência do Direito, de modo a compreen-
dê-la e relacioná-la ao mundo social, não somente sob o aspecto da lei em si, mas 
como instrumento da realização da justiça e da pacificação dos indivíduos em so-
ciedade, quer nas relações individuais, quer na relação com o Estado Democrático 
de Direito.
1.2 Definição
O Direito é inerente à existência da sociedade organizada, estabelecendo 
regras de convivência pacífica entre os componentes de uma coletividade, que, 
observando os poderes constituídos, garante sua perenidade.
Para bem entender a ciência do Direito, é necessário atentar-se para os vários 
sentidos da palavra direito.
Muitas são as definições de direito, mas aqui lança-se mão daquela elaborada pelo ilustre 
jurista Miguel Reale, em Curso de Filosofia do Direito (REALE, 2002). Segundo o referido autor, 
“Direito é a vinculação bilateral atributiva da conduta para a realização ordenada dos valores de 
convivência” (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 28).
1.3 Ordenamento jurídico
A norma de conduta pode ser positiva ou negativa, sob o aspecto dos direitos 
fundamentais, expressos no artigo 5º, II, da Constituição Federal (CF), que podem 
ser resumidos em direitos individuais, de propriedade e de atividade.
Para facilitar o entendimento, vale observar que essa indicação de ação po-
sitiva ou negativa encontra vértice nesse mesmo artigo da CF (BRASIL, 1988), da 
seguinte forma: “Art. 5.º [...] II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei;”.
Impõe-se esclarecer que o domínio da lei deve se colocar a serviço da sociedade, regrando 
ações e omissões de conduta, visando ao bem comum e à convivência pacífica dos indivíduos do 
grupamento social.
Exemplo 1: Observando seu direito fundamental de ir e vir, um indiví-
duo utilizando um veículo automotor, ao longo de seu trajeto, encontra 
Vídeo
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Noções gerais de Direito12
um sinal (farol ou semáforo) vermelho e, em um outro ponto, um verde. 
Em qual das situações ele está diante de uma norma de conduta social 
negativa? E positiva? O desrespeito da norma posta, em ambos os casos, 
irá lhe causar a sanção de multa pela autoridadecompetente?
Comentário: A conduta em ambos os casos é cogente (obrigatória), 
sujeita a sanção de multa. No caso do farol vermelho, é negativa ao 
direito de ir e vir; no caso do farol verde, é positiva ao direito de ir e vir.
O regramento abordado sofre constantes alterações com base na evolução da própria socie-
dade, principalmente devido à efervescente interação do ser humano no seio social, com a aquisi-
ção de conhecimento do mundo que o rodeia, conhecimento este oriundo da evolução tecnológica, 
que altera comportamentos e facilita a inserção do homem na vida social.
Quem poderia imaginar, décadas atrás, que fatos ocorridos em terras longínquas seriam 
quase que instantaneamente conhecidos pela quase totalidade dos indivíduos do planeta?
Essa efervescência, por outro lado, tem interferido nos limites dos direitos fundamentais dos 
indivíduos, impondo-lhes condicionamentos e restrições. É certo, porém, que as condições postas 
não inibem o exercício desses direitos, mas o normatizam em benefício do coletivo, lançando mão 
do poder estatal de polícia administrativa, sempre que se fizer necessário.
Nesse sentido, vale refletir sobre as seguintes situações, sob o crivo dos direitos fundamen-
tais, para perfeita identificação de sua condição e restrição:
Exemplo 2: Um indivíduo, que possui o direito de transitar em todo o 
território nacional de diferentes modos (a pé, de bicicleta, de automó-
vel), toma a direção de seu veículo e vai a uma cidade distante 80 km de 
onde se encontra. Na utilização desse direito, o indivíduo deve possuir 
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e, embora seu veículo tenha a 
capacidade de desenvolver 250 km por hora, em uma estrada estadual 
ele precisa observar a velocidade máxima de 120 km por hora.
Comentário: A condição ao direito de ir e vir dirigindo um veículo au-
tomotor é a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), e a 
restrição é a limitação da velocidade, o regramento de estacionar etc.
Exemplo 3: Ao quitar o preço correspondente à aquisição de um ter-
reno localizado em um grande centro urbano, com 10 m de testada e 
50 m de fundos, o indivíduo “A”, observando seus direitos fundamen-
tais de propriedade e de construir, resolve erigir uma casa plana, com 
uma área de 500 m2 (utilizando todo o terreno); entretanto, é alertado 
Introdução ao estudo do Direito 13
pelo engenheiro da inviabilidade da construção, dadas as leis de posturas 
municipais e de zoneamento. O referido profissional – em resposta ao 
questionamento da inviabilidade de utilização da propriedade em sua 
totalidade – informa a necessidade de haver um recuo mínimo de 5 m na 
frente, como reserva para eventual desapropriação, bem como de 1,5 m 
de cada lado e, ainda, de uma área nos fundos do terreno, para insolação 
e aeração natural. Dessa forma, seria possível realizar uma construção 
assobradada de área de 200 m2, com início mediante autorização da au-
toridade competente (alvará de construção) e apresentação de uma série 
de documentos (planta baixa, perfil e fachada, rede elétrica e hidráulica, 
escritura ou documento de posse, cédula de identidade etc.).
Comentário: A condição é a obtenção do alvará de construção, com a 
apresentação de uma série de documentos, plantas e tudo mais exigido 
pela legislação; a restrição está nos limites do construir, tudo a depender 
da Lei de Postura Municipal e do Código de Obras.
Rudolf von Ihering, em sua obra A luta pelo Direito,
prescreve que a palavra direito emprega-se num duplo sentido: no sentido 
objetivo e no sentido subjetivo. O direito no sentido objetivo é o conjunto de 
princípios jurídicos aplicados pelo Estado à ordem legal da vida. O direito no 
sentido subjetivo é a transfusão da regra abstrata no direito concreto da pessoa 
interessada. (SIQUEIRA JR., 2017, p. 24)
Assim, o Direito visa à realização da justiça por meio de princípios de conduta social, com 
obrigação coercitiva. De acordo com Hely Lopes Meirelles (2002, p. 25, grifos do original):
Quando esses princípios são sustentados em afirmações teóricas formam a 
Ciência Jurídica, em cuja cúpula está a Filosofia do Direito; quando esses princí-
pios são concretizados em norma jurídica, temos o Direito Positivo, expresso na 
Legislação. A sistematização dos princípios em normas legais constitui a Ordem 
Jurídica, ou seja, o sistema legal adotado para assegurar a existência do Estado e 
a coexistência pacífica dos indivíduos na comunidade. Daí a existência de duas 
ordens jurídicas: a interna e a internacional.
1.4 Direito objetivo, subjetivo, elementos e relação de Direito
1.4.1 Direito objetivo: “Direito norma”
O Direito objetivo é um complexo de normas que prescrevem o compor-
tamento humano, atribuindo sanção em caso de descumprimento da norma. 
Conforme Siqueira Jr. (2017, p. 182-183, grifos do original):
Os manuais de direito civil estabelecem a distinção entre o direito objetivo 
(norma agendi), estabelecendo que as regras de direito objetivamente delimitam 
Vídeo
Noções gerais de Direito14
as condutas humanas, dentro do qual é facultado ao destinatário ou sujeito da 
relação jurídica exigir a prestação que a norma lhe atribui (facultas agendi).
1.4.2 Direito subjetivo: “Direito faculdade”
O Direito subjetivo, segundo Rudolf von Ihering (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, 
p. 28), é “o interesse juridicamente protegido”. Clóvis Bevilácqua, em seu livro Teoria geral do 
Direito, ensina que “o Direito subjetivamente considerado é o poder de ação assegurado pela 
ordem jurídica” (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 28).
A diferença entre Direito objetivo e Direito subjetivo pode ser facilmente compreendida 
quando se observam as palavras de José Cretella Júnior (1987), que define o Direito objetivo 
como “o conjunto de regras obrigatórias, em vigor no país, numa dada época”, e o Direito subje-
tivo como “a faculdade ou possibilidade que tem uma pessoa de fazer prevalecer em juízo a sua 
vontade, consubstanciada num interesse”.
O Direito, objetivamente considerado, é o conjunto de normas de conduta social coativa-
mente impostas pelo Estado. “O direito objetivo é o complexo de normas jurídicas que regem o 
comportamento humano, prescrevendo uma sanção no caso de sua violação (jus est norma agendi)” 
(DINIZ, 1995, p. 24, grifos do original), enquanto o Direito em seu caráter subjetivo advém do 
interesse do cidadão juridicamente protegido.
Ao lado desse direito objetivo, coloca-se o direito subjetivo, também denomi-
nado por alguns como direito-faculdade, direito-poder ou direito-prerrogativa. 
Esse direito é aquele de que nos valemos diuturnamente, configurando-se como 
um verdadeiro poder de que dispomos, onde reina a nossa vontade. (SIQUEIRA 
JR., 2017, p. 182-183)
Assim, tem-se como exemplo a locação de imóvel urbano para fins residenciais: há norma 
dispondo sobre a matéria (a Lei do Inquilinato que, como lei, compõe o Direito objetivo). No mo-
mento em que duas pessoas – locador e locatário – firmam o contrato de locação, esse pacto está 
sob a luz de norma jurídica expressa; se uma das partes deixa de cumprir com o contratado, a outra 
pode ingressar em juízo e, invocando os preceitos normativos que a amparam, exigir do outro a 
satisfação de sua obrigação e/ou a imposição de uma sanção (Direito subjetivo).
1.4.3 Elementos e relação de Direito
Em linhas gerais, o Direito compreende um sujeito, um objeto e uma relação (que é o ele-
mento de ligação entre estes).
Os sujeitos do Direito são as pessoas naturais e jurídicas; logo, o sujeito do Direito é a 
pessoa em sua posição ativa.
O objeto do Direito é o bem ou a vantagem sobre o qual o sujeito exerce o poder conferido 
pela ordem jurídica, como (PINHO; NASCIMENTO, 2004):
• os modos de ser da própria pessoa na vida social (p. ex., a existência, a liberdade, a honra 
etc.);
• as ações humanas;
Introdução ao estudo do Direito 15
• as coisas corpóreas e incorpóreas.
Assim, objeto é o bem tangível ou intangível sobre o qual recai a manifestação da vontade.
A relação de Direitoé o elo entre o objeto e o sujeito. Para tratar dela, observando sua cons-
tituição e seus efeitos, é necessário primeiro conceituar esse tipo de relação. Dessa forma, é mister 
expor o que ensina Edvaldo Brito (1999, p. 105):
Na sua vida social, os homens travam certas relações ou sofrem as consequên-
cias de certos fatos ocorridos na sociedade, que precisam ser ordenados, re-
gulados, disciplinados, para que se torne possível a coexistência social. Essa 
regulamentação de tais relações se faz através de normas jurídicas. [...] A relação 
jurídica é, portanto, uma relação de caráter social que adquire substância jurídi-
ca, exatamente porque é regulada pela ordem jurídica.
Vários doutrinadores ensinam que a relação de Direito somente se dá entre as pessoas; ou-
tros fazem distinção entre a atuação sobre objetos naturais e a ligação de pessoas entre si, a qual 
denominam de direitos de dominação, que impõem deveres diretos a outras pessoas. Por seu turno, 
Nelson Palaia (2005, p. 18) ensina que:
Relação jurídica é a vinculação direta ou indireta de duas ou mais pessoas à cir-
cunstância de fato, ou a um bem da vida, disciplinada pela norma jurídica positiva. 
As pessoas se relacionam em função das atividades sociais, profissionais e pessoais, 
em razão de seus mútuos interesses e visando certas finalidades. Tais relações, en-
quanto de cunho meramente pessoal, envolvendo fatos não controvertidos e sem 
envolver pretensões ou interesses atuais ou futuros, podem ser consideradas meras 
relações sociais. Se, contudo, tais relações sociais envolverem interesses pessoais 
ou reais, vantagens, prerrogativas, faculdades, deveres ou obrigações, disciplinados 
pela norma jurídica, estaremos diante de uma relação jurídica.
Assim, um simples “olá” ao dono da mercearia é um ato de relação social; porém, se há a 
aquisição de mercadoria, com o pagamento de determinado preço, aperfeiçoa-se uma operação de 
compra e venda, uma relação jurídica, um contrato de compra e venda, que tem previsão e regu-
lação em norma jurídica. Nos exemplos a seguir, é possível distinguir o Direito objetivo, o Direito 
subjetivo e os sujeitos envolvidos.
Exemplo 3: refletir e indicar o Direito objetivo, o subjetivo e os sujeitos. 
“A” adquire da Casa Comercial “X” um aparelho de som da marca “Z”, 
com tradução imediata mediante pagamento em parcela única, liquidada 
por meio de cheque nominal. Ao chegar em sua residência, efetua atenta 
leitura do manual de instalação e uso para, posteriormente, ligá-lo corre-
tamente. Verifica, então, que o aparelho está com defeito. Imediatamente, 
volta à Casa Comercial, visando à troca. Para tanto, leva a nota fiscal, na 
qual estava consignada a garantia de substituição, em caso de defeito, no 
prazo de sete dias após a compra. Entretanto, a troca lhe foi negada pelo 
gerente da loja, que se limitou a dizer que o aparelho deveria ser levado a 
uma oficina de assistência técnica autorizada pelo fabricante para conser-
to, sem custo de mão de obra e peças. Não concordando com a postura da 
Noções gerais de Direito16
Casa Comercial, “A” faz uma reclamação perante o Procon, exigindo a tro-
ca do bem ou a devolução do preço pago com juros e correção monetária.
Base legal:
Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990):
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou 
não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de quali-
dade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados 
ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim 
como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem 
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, 
podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§1.º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, 
pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em 
perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atua-
lizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§2.º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do 
prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a 
sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, 
a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por 
meio de manifestação expressa do consumidor [...].
Comentário: O Direito objetivo é a própria previsão legal de troca do 
bem, e o Direito subjetivo é a faculdade de exigir aquilo que está posto no 
ordenamento jurídico. Note que, no caso, “A” poderia, por qualquer razão, 
ter preferido levar e custear o conserto em uma oficina especializada ou ir 
à assistência técnica. Não é uma obrigação, mas uma faculdade que deve 
ser exercida em um determinado tempo, sob pena de incidência da pres-
crição ou decadência.
Exemplo 4: refletir e indicar o Direito objetivo, o subjetivo e os sujeitos. 
“B”, viúvo, por meio de Escritura Pública, constitui usufruto vitalício de 
um de seus bens consistente no apartamento n. 105-A do Edifício “N” 
(que lhe tocou individualmente após o inventário dos bens de sua fale-
cida mulher) para a sua progenitora, com encargo de mantença no esta-
do recebido, pagamento de impostos, taxas, contribuições de melhoria e 
taxas condominiais (ordinárias e extraordinárias). Sobrevindo o faleci-
mento de “B”, a nua propriedade do referido imóvel coube, observada a 
quota-parte, aos seus quatro filhos. Passados 18 meses do término do in-
ventário, os detentores da nua propriedade foram notificados de débitos 
Introdução ao estudo do Direito 17
de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pela prefeitura e, logo 
em seguida, foram citados de ação executiva de débitos condominiais. 
Com base em tais fatos, os detentores da nua propriedade propõem ação 
de desconstituição de usufruto pelo não cumprimento das obrigações 
pela usufrutuária, cuja omissão está a colocar o bem em perigo iminente.
Base legal: Código Civil (BRASIL, 2002): “Art. 1.403. Incumbem ao usufru-
tuário: “I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os 
recebeu; II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimentos da 
coisa usufruída”.
Comentário: O Direito objetivo é a norma que impõe o pagamento das 
despesas pela usufrutuária, sendo que o Direito subjetivo é a faculdade de 
exigir o cumprimento da obrigação. No caso, um dos detentores da nua 
propriedade (ou todos em concurso) poderia ter decidido quitar as obri-
gações em aberto em respeito e solidariedade à ascendente usufrutuária.
1.5 Direito e moral
A moral é interna (unilateral) e impõe ao sujeito uma escolha entre ações 
que pode praticar, mas diz respeito ao próprio sujeito, não impondo regras impe-
rativas nem sanção legal, apenas as da própria consciência (SIQUEIRA JR., 2003).
O Direito é bilateral e impõe conduta (ação ou omissão) para a convivência 
pacífica entre os indivíduos em sociedade, sendo imperativa e impondo sanção e 
repressão externa e objetiva (SIQUEIRA JR., 2003).
O tema da relação entre Direito e Moral, normalmente, é tratado de forma que 
se indique a experiência moral e a norma moral como anteriores, sobretudo 
tendo-se em vista o cronológico surgimento das regras de direito relativamente 
às regras da moral. Costuma-se também afirmar que a norma moral é interior, 
prescindindo de qualquer fenômeno exterior, como geralmente sói ocorrer 
com o fenômeno jurídico. Afirma-se, mais ainda, que a norma moral não é 
cogente, pois não pode dispor do poder punitivo de uma autoridade pública 
para fazer valer seus mandamentos, recorrendo-se, normalmente, a sanções 
diferenciadas das jurídicas (consciência; rejeição social; vergonha…). E, por 
fim, se afirma que a norma moral não é sancionada nem promulgada, pois 
estas são as características de normas estatais que se regulamentam dentro de 
um procedimento formal, complexo e rígido, com o qual se dá publicidade aosmandamentos jurídicos. No entanto, os autores que enunciam essas notas di-
ferenciais entre ambos os grupos de normas, de um lado, as jurídicas, de outro 
lado, as morais, reconhecem a falibilidade que os afeta. (BITTAR, 2016, p. 596)
Vídeo
Noções gerais de Direito18
1.6 Ramos do Direito
O Direito é uno, mas com o passar do tempo e com base em princípios pecu-
liares, sofreu ramificações, sem, entretanto, perder de vista a sua unicidade, sendo 
isso um fato de extrema relevância para podermos proceder ao seu estudo. Para com-
preender os ramos do Direito, é importante observar a figura a seguir.
Figura 1 – Ramos do Direito
Natural
(norma que antecede a lei, observando a 
natureza das coisas)
Nacional 
ou 
Interno
Privado
Internacional 
(lei entre países)
Público 
(leis e tratados 
 internacionais)
Privado 
(esfera contratual 
entre empresas 
e/ou instituições)
Positivo
(lei que regulamenta as relações 
entre as pessoas)
Comercial/Empresarial
(estuda as relações entre as 
sociedades empresariais, 
pessoas jurídicas e físicas 
equiparadas)
Penal
(estuda os crimes 
e as penas)
Processual penal
(encerra o elenco de normas e 
ritos aplicáveis no exercício da 
jurisdição relativa aos proces-
sos de natureza criminal)
Processual civil
(encerra as normas e ritos 
aplicáveis no exercício da juris-
dição relativa aos processos de 
natureza civil)
Constitucional
(estuda a Constituição 
desde a sua formação e as 
relações do estado do povo)
Financeiro/Tributário
(estuda as finanças do Estado 
quanto à sua arrecadação, ao 
 gerenciamento e às despesas)
Administrativo
(estuda o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, 
os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta 
e imediatamente os fins desejados pelo Estado)
Trabalhista
(estuda a relação de 
emprego/capital x trabalho, 
com grande incidência de 
normas de ordem pública na 
proteção do hipossuficiente)
Civil
(estuda a relação entre 
as pessoas, notadamente 
no concernente à sua 
capacidade e liberdade 
de agir, proceder e con-
tratar, sob a proteção 
de normas públicas que 
visam manter o equilí-
brio entre elas)
Direito
Público
Fonte: Elaborada pelo autor.
Vídeo
Introdução ao estudo do Direito 19
1.7 Fontes do Direito
A palavra fonte significa o lugar de onde provém alguma coisa. Edgar 
Magalhães Noronha (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 39) esclarece: “é o 
lugar onde perenemente nasce água”. Em sentido figurado, é sinônimo de origem, 
princípio e causa.
Por ser uma criação social, a origem do Direito está na própria sociedade, 
fato que enseja que a pesquisa das fontes do Direito se apoia no estudo da origem da norma jurídi-
ca. Assim, as fontes do direito são: lei, costumes, doutrina e jurisprudência.
Além dessas, tem-se as formas de integração da norma jurídica: analogia, equidade e 
princípios gerais de Direito.
1.7.1 Lei
De acordo com São Tomás de Aquino (1961), na Suma Teológica, I-II, questão 90, artigo 4, 
a “lei é uma prescrição da razão em ordem ao bem comum, promulgada por aquele que tem a seu 
cargo o cuidado da comunidade”.
Em Direito, a palavra lei tem dois sentidos:
• formal: é a disposição imperativa emanada da autoridade competente (função legislativa);
• material: é toda disposição geral e abstrata pertinente a uma disposição de Direito objetivo.
Para a eficácia da lei, é necessária a existência de uma sanção (privação de liberdade, multa 
administrativa, embargo de atividade, interdição etc.).
1.7.2 Costumes
Pode-se definir costume como a postura normalmente aceita e adotada pela sociedade, em 
grau de consciente coletivo, perante determinada situação; é a norma jurídica criada na e pela 
própria sociedade, de forma espontânea e apta a gerar uma prática geral. Os costumes podem ser: 
contra legem (quando há comum e reiterada desobediência a um comando legal, na crença da ine-
fetividade da lei); praeter legem (com a adoção de conduta ou prática que não tem previsão nem 
proibição na lei); e secundum legem (quando constituem prática com previsão na lei, que remetem 
ao costume a solução do caso).
Outrora, sem lei positiva nesse sentido, pelo costume, em nossa sociedade havia o hábito de 
o homem render homenagem à mulher, dando-lhe o direito de preferência para tomar assento em 
coletivos. Hoje, no sistema de transporte coletivo do município de São Paulo, por exemplo, o costume 
passou para o ordenamento jurídico, que determina, destacando-se com cor diferenciada, a reserva 
de assento para uso preferencial de mulheres em gestação, pessoas com crianças de colo, idosos etc.
1.7.3 Jurisprudência
Vale notar que a expressão jurisprudência vem do latim iurisprudentia, onde ius é direito, 
iuris é direito, e prudentia (para nós, prudência) significa circunspecção, significando “ciência do 
direito e das leis” (HOUAISS, 2009).
Vídeo
Noções gerais de Direito20
Então, quando determinada ação chega aos tribunais, a matéria nela encerrada é submetida 
a uma criteriosa apreciação, dando-se uma decisão que, na interpretação dos membros do tribu-
nal, obedece à melhor exegese do texto legal aplicado aos fatos; um só julgado em certo sentido 
constitui precedente. Na medida em que cresce o número de ações tratando da mesma matéria e os 
feitos vão sendo apreciados e decididos pela mesma forma, sempre no mesmo sentido, esse elenco 
de decisões forma uma orientação, denominada jurisprudência.
Assim, ela é a reiteração de decisões proferidas em um mesmo sentido pelo Poder Judiciário, 
em processos diversos envolvendo a mesma matéria. Conforme consta no Dicionário Eletrônico 
Houaiss (2009), jurisprudência é o “conjunto das decisões e interpretações das leis feitas pelos tri-
bunais superiores, adaptando as normas às situações de fato”.
Importante observar que, como dito, esse elenco de julgados compõe uma orientação, ser-
vindo para nortear a todos os operadores do Direito (juízes, advogados, promotores etc.). Mas 
como o cerne da jurisprudência é a interpretação – ou seja, a forma pela qual se entende melhor 
aplicável a lei ao fato –, ela não compõe regra obrigatória e inflexível.
Ao longo do tempo, o sentido dos julgados varia, adequando o Direito às mudanças sociais.
1.7.4 Doutrina
Doutrina é o “conjunto de ideias, opiniões e conceitos que servem de sustentação para teorias 
e interpretações da ciência jurídica; norma interpretativa que a jurisprudência tende a seguir na 
aplicação de uma lei” (HOUAISS, 2009), compondo-se das obras escritas, dos preceitos, opiniões 
ou ensinamentos dos diversos autores e estudiosos das ciências jurídicas e sociais, na produção ou 
elaboração de conceitos, teses e explicações dos institutos jurídicos. É, portanto, o estudo reflexivo 
do sistema jurídico (normas e princípios) elaborado pelos juristas.
1.8 Formas de integração do Direito
Há três formas de integração do Direito, as quais serão elucidados a seguir.
• Analogia: é a relação de semelhança ou correspondência entre coisas distintas. De acordo 
com Deocleciano Torrieri Guimarães (2018, p. 54), “Juridicamente, é o processo lógico que 
autoriza o juiz a adaptar a um caso concreto, não previsto pelo legislador, uma norma 
que possua o mesmo fundamento”, isto é, é a aplicação de uma norma para um caso 
previsto em uma situação não prevista , “havendo, entre elas, identidade de razões, de causas 
ou de fins”. A analogia tem a finalidade de suprir qualquer lacuna que haja na lei.
• Equidade: diz respeito à virtude de algo ou alguém que tenha imparcialidade, senso de justiça 
e respeito à igualdade de direitos e à lei. A equidade conduz “o juiz a um critério de moderação 
ao proferir a sentença, para suprir a imperfeição da lei ou modificar o seu rigor, tornando-a 
mais humana e amoldada à circunstância ocorrente” (GUIMARÃES, 1995, p. 297).
Exegese: comentário 
ou dissertação que 
objetiva esclarecer 
ou interpretar 
minuciosamente 
um texto ou uma 
palavra.
Julgado: o que já 
passou por julga-
mento; sentenciado,que obteve sentença 
final.
Vídeo
Introdução ao estudo do Direito 21
• Princípios gerais de Direito: os princípios gerais “são critérios maiores, muitas vezes não 
escritos, que estão presentes em cada ramo do Direito” (GUIMARÃES, 2007, p. 455), sendo 
considerados fundamentais no ordenamento jurídico. De acordo com Pinho e Nascimento 
(2004, p. 51), “são preceitos do Direito: viver honestamente, não lesar a outrem e dar a cada 
um o que lhe pertence”.
1.9 A lei e sua formação
Lei é a norma geral e abstrata, emanada do poder competente e provida de 
força obrigatória.
A força obrigatória da lei é condição de sua eficácia; a lei possui a proprieda-
de de ser genérica, na medida em que obriga todos os membros do grupo social a 
que estende sua eficácia, e é abstrata na medida em que não visa a situações parti-
culares ou concretas.
A formação e a consumação da lei compreendem três fases distintas: iniciativa, aprovação 
e execução.
1.9.1 Iniciativa
É a faculdade de se propor um projeto de lei, sendo atribuída a uma pessoa ou a um órgão de 
forma geral ou especial. Conforme artigo 61 da Constituição Federal (BRASIL, 1988):
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer 
membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do 
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Superior Tribunal Federal, 
aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na 
forma e nos casos previstos nesta Constituição.
1.9.2 Aprovação
É a fase de estudo e de deliberação da norma jurídica, por meio de debates, emendas e 
discussões dos representantes do povo, visando a transformar o projeto em regra obrigatória.
1.9.3 Execução
É a fase de elaboração da lei complementar destinada à formalização da proposição, 
compreendendo a sanção ou o veto, a promulgação e a publicação. Esses institutos são enten-
didos da seguinte maneira:
• Sanção: é o ato de concordância do Poder Executivo com o projeto de lei; pode ser 
expressa ou tácita.
• Veto: é a oposição do Executivo, devendo ser expresso, retornando o projeto de lei ao 
Legislativo para sua aceitação ou rejeição.
• Promulgação: é a declaração do chefe do Executivo ou do presidente do Congresso da 
incorporação da lei ao Direito positivo.
• Publicação: é o meio de tornar a lei conhecida e vigente.
Vídeo
Noções gerais de Direito22
1.9.4 Hierarquia das normas
As leis possuem estratificação de importância conforme a natureza da matéria:
• leis constitucionais federais;
• leis ordinárias federais;
• leis constitucionais estaduais;
• leis ordinárias estaduais;
• leis municipais.
A noção de hierarquia deve vir, no sistema federativo brasileiro, acompanhada do estudo 
das competências de cada ente administrativo, na medida em que o país está organizado na forma 
de República Federativa, com três níveis de governo (União, estados e municípios) e três poderes 
distintos (Executivo, Legislativo e Judiciário). De acordo com a CF (BRASIL,1988):
Art. 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos:
[...]
Art. 2.º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, 
o Executivo e o Judiciário.
Por outro lado, de modo genérico, a lei tem estratificação em graus verticais, observada, no 
caso, a forma federativa, com três poderes, distintos e harmônicos entre si, em três níveis de governo, 
conforme artigo 59 do Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002): “I - emendas à Constituição; II - leis 
complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legis-
lativos; VII – resoluções”.
1.9.5 Vigência da lei
A eficácia de uma lei é sedimentada no seu vigor e sua abrangência no tempo e no espaço. 
Segundo disposições da Constituição Federal (CF) e do Código Civil (CC), a lei começa a vigorar 
45 dias após ser oficialmente publicada, salvo se o legislador fixar outro prazo; a vacatio legis é o 
lapso temporal contado da data de publicação da lei até a data em que essa lei entra efetivamente 
em vigor. Nesse intervalo, a lei já existe, mas fica “dormente”, em estado de vacância, não tendo 
aplicação enquanto não transcorrer o prazo nela própria previsto, indicado expressamente. É um 
prazo destinado a “facilitar” a vida do cidadão, que assim tem a oportunidade (tempo suficiente) de 
conhecer a lei (texto e objetivos), preparando-se para dar-lhe o adequado e devido cumprimento.
1.9.6 Cessação da obrigatoriedade da lei
A lei, em regra, tem duração indeterminada e só deixa de existir nas seguintes hipóteses: 
revogação por outra lei, decurso de tempo ou desuso.
De acordo com Paulo Nader (2017, p. 248, grifos nossos):
Introdução ao estudo do Direito 23
A revogação de uma lei por outra pode ser total ou parcial. No primeiro caso 
denomina-se ab-rogação e no segundo, derrogação. Esta divisão foi elaborada 
pelos romanos, que distinguiram ainda a sub-rogação, que consistia na inclusão 
de outras disposições em uma lei existente e a modificação, que era a substitui-
ção de parte de uma lei anterior por novas disposições.
1.9.7 Irretroatividade da lei
A lei é expedida para disciplinar fatos futuros, havendo exceções (por exemplo, aplicação de 
lei penal superveniente, se mais benéfica ao réu). “O princípio da irretroatividade da lei consiste 
na impossibilidade de um novo Direito atuar sobre fatos passados e julgar velhos acontecimentos. 
A anterioridade da lei ao fato é o máximo princípio de segurança jurídica. É uma garantia contra o 
arbitrarismo” (NADER, 2017, p. 126).
Atividades
1. Verifique as seguintes situações e informe quando se tratar de condição ou restrição aos di-
reitos fundamentais do indivíduo.
a) Para a obtenção da cédula de identidade, o cidadão deve apresentar à autoridade com-
petente (Delegado de Identificação Civil e Criminal) diversos documentos (certidão de 
nascimento, formulário devidamente preenchido etc.).
b) Para estacionar na denominada zona urbana em que a municipalidade estabelece obri-
gatoriedade do uso de cartão de estacionamento rotativo, por determinado período (de 
uma hora ou duas horas), o cidadão deve expor o formulário, devidamente preenchido.
c) A placa de sinalização indicando a proibição de circulação de veículos por certa via pú-
blica, ainda que só em determinados dias e/ou horários.
d) Sabe-se, por um lado, que, para desenvolver regularmente uma atividade comercial, é ne-
cessária a obtenção de alvará de funcionamento de atividade comercial, e, por outro lado, 
que o município disciplina o uso da ocupação do solo e, mediante a lei de zoneamento, 
demarca áreas comerciais, de indústria, uso misto etc., em benefício do coletivo. Nessa con-
formidade, normatizando e disciplinando construções e atividades, o município estabelece 
determinada(s) área(s) como de uso estritamente residencial.
2. Como classificar de forma sintética os ramos do Direito?
3. “É a fase de estudo e deliberação da norma jurídica por meio dos debates, emendas e discus-
sões dos representantes do povo, visando a transformar o projeto de lei em regra obrigatória”. 
Tal assertiva define:
a) a iniciativa da formação da lei.
b) a execução.
c) a aprovação.
d) n.d.a.
Superveniente: pos-
terior; subsequente. 
Noções gerais de Direito24
Referências
AQUINO, Tomás de. Summa theologiae. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1961.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 
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Acesso em: 6 ago. 2018.
______. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 
set. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 6 ago. 2018.
______. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,DF, 
11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 
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BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Curso de Filosofia do Direito. 12. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 
2016.
BRITO, Edvaldo. Manual de iniciação ao Direito. São Paulo: Pioneira, 1999.
CRETELLA JR., José. Curso de Direito Administrativo. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do Direito. 8. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1995.
GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri (Org.). Dicionário técnico jurídico. São Paulo: Rideel, 1995.
______. ______. 10. ed. São Paulo: Rideel, 2007.
______. Dicionário universitário jurídico. Atualização de Ana Claudia Schwenck dos Santos. 22. ed. São 
Paulo: Rideel, 2018.
HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 1 CD-ROM.
MEIRELLES, Hely Lopes.  Direito administrativo brasileiro.  27. ed. Atualizada por Eurico de Andrade 
Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho. São Paulo: Malheiros, 2002.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. 40. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
PALAIA, Nelson. Noções essenciais de Direito. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
PINHO, Ruy Rebello; NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Instituições de Direito Público e Privado: introdução 
ao estudo do Direito – noções de ética profissional. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
REALE, Miguel. Curso de Filosofia do Direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
SIQUEIRA JR., Paulo Hamilton. Lições de introdução ao Direito. 5. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003.
______. Teoria do Direito. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
2
Da personalidade e capacidade jurídica, 
do domicílio e bens
2.1 Objetivo
Este capítulo irá abordar o nascimento da personalidade civil e sua pro-
teção na órbita do Direito Civil, alcançando a capacidade para operar direitos 
e obrigações; a figura do domicílio (residência) da pessoa natural (física) e da 
pessoa jurídica; e por fim, as diferentes classes de bens, fornecendo instrumental 
para relações pessoais, sociais e profissionais.
2.2 Personalidade da pessoa natural
Na acepção jurídica, pessoa é “o ente natural suscetível de direitos e obriga-
ções” (DINIZ, 2011, p. 244). De acordo com Álvaro Villaça Azevedo (2012, p. 5): 
“Quando a pessoa atua individualmente, quer como pessoa natural ou física, quer 
como empresa individual, quer, ainda, somando esforços e/ou recursos com outras 
pessoas (sociedade) com interesses comuns, ela adquire direitos e deveres, sendo, 
assim, sujeito de relação jurídica”.
O Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002) determina que todas as pessoas têm direitos e 
deveres na ordem civil, sendo que sua personalidade começa com o nascimento com vida, a qual 
se pode conceituar como: “Nascendo com vida, ainda que por instante, o recém-nascido adquire 
direitos e os transmite a seus herdeiros e sucessores, nos moldes legais. Assim, se a criança nasceu 
(veio à luz) e chorou, adquiriu personalidade. Caso contrário, nascendo morto (natimorto), não 
chega a adquiri-la.” (AZEVEDO, 2012, p. 8).
Embora a lei proteja o indivíduo a partir do momento do nascimento com vida, o nascituro 
já goza de proteção legal.
A lei e a jurisprudência têm reconhecido direitos ao nascituro, o que, ao meu 
ver, já admite a ele personalidade, ainda que se considere somente natural. [...] 
Ao seu turno, reconhecendo também direitos do nascituro a alimentos e de sua 
mãe grávida, a Lei no 11.804, de 5.11.2008, disciplinou os alimentos gravídicos, 
destinados às despesas adicionais do período de gravidez, desde a concepção até 
o parto. Com o nascimento com vida, esses alimentos convertem-se em pensão 
alimentícia em favor do menor (art. 6°, parágrafo único). Por outro lado, outros 
artigos do Código Civil reconhecem direitos do nascituro. Pelo art. 542, tem ele 
direito de receber doação, se aceita por seu representante legal; pelo art. 1.779, 
terá direito a curador (curator ventris), se seu pai falecer estando grávida sua mãe, 
sem o poder familiar; pelo art. 1.798, tem legitimidade para suceder (concebido 
no momento da abertura sucessória). (AZEVEDO, 2012, p. 11, grifo do original)
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Nascituro: aquele 
que vai nascer; feto.
Noções gerais de Direito26
Há de se verificar que, ao lado do registro do nascimento da personalidade jurídica, a lei 
impõe a obrigação do registro civil da pessoa natural.
2.3 Personalidade da pessoa jurídica de Direito Privado
A pessoa jurídica pode ser de Direito Público ou de Direito Privado. 
Posteriormente será apresentada aqui a pessoa jurídica de Direito Público; por en-
quanto, será abordada a pessoa jurídica de Direito Privado, que, sendo uma inven-
ção humana, tem a sua existência legal no exato momento do registro do seu ato 
constitutivo.
Assim, quando duas ou mais pessoas naturais somente ajustam a criação de uma terceira 
pessoa por meio de um contrato social, estatuto etc., nada acontece no mundo jurídico.
Imagine-se, assim, a formação de uma sociedade para a consecução do objeto de comercia-
lização de gêneros alimentícios, para a prestação de serviço de conservação de bens imóveis, para a 
construção civil e outros tantos objetivos que congregam sócios, por meio de um contrato social, por 
exemplo. A partir do seu registro, de forma legal, a pessoa jurídica passa a existir de forma autônoma 
e distinta das pessoas naturais que a compõem, sendo passível de alteração, quer no capital social, 
quer na composição societária, no domicílio, na abertura de filiais etc., conforme prevê o CC:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a 
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessá-
rio, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro 
todas as alterações por que passar o ato constitutivo. (BRASIL, 2002)
2.4 Capacidade da pessoa natural
A pessoa natural existe, com possibilidade de criar direitos e obrigações, 
a partir do seu nascimento. Isso posto, a questão passa a ser a identificação do 
momento em que ela pode criar esses direitos e obrigações de per si (por si mes-
ma). Portanto, não se está a investigar a capacidade pessoal, mas sim a capacidade 
jurídica.
O Dicionário Eletrônico Houaiss (2009) traz a seguinte definição sobre o verbete capacidade 
jurídica: “capacidade de ser sujeito de direitos e obrigações”. A capacidade, em nosso sistema jurí-
dico, é medida por meio de uma escala etária, com absoluta presunção da inserção do indivíduo 
dentro do complexo social que o rodeia, com informações suficientes para o estabelecimento de 
direitos e obrigações.
Assim, na forma dos artigos 3º, 4º e 5º do Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002), tem-se a 
seguinte gradação da capacidade jurídica:
• incapacidade: de 0 a 16 anos;
• capacidade relativa: de 16 a 18 anos;
• capacidade: acima de 18 anos.
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Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 27
Essa é a regra, mas há exceções, dada a dinâmica própria da vida de cada indivíduo, as 
repercussões de seu desenvolvimento e os caminhos trilhados. De acordo com o texto do CC 
(BRASIL, 2002):
Art. 3.º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Art. 4.º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, 
tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
[...]
Art. 5.º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica 
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores,a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instru-
mento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença 
do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria.
Nota-se, com base nos dispositivos legais, a regra etária, hoje muito discutida no campo 
penal, sem se perder de vista a interferência da inserção do indivíduo na sociedade que o rodeia, 
em determinada situação.
Exemplo 1: Um indivíduo, com 32 anos de idade, em perfeita saúde fí-
sica e mental, realiza sua primeira viagem à capital do estado de São 
Paulo, com vista a participar de um workshop de produtos veterinários 
representando a empresa na qual trabalha, no ramo de venda desses pro-
dutos, estabelecida no Norte do país. Ao chegar ao aeroporto da cidade 
de São Paulo, ele toma um táxi e, ao perguntar o valor da corrida, lhe 
é cobrado um valor “x”. Naquele momento, o valor informado é consi-
derado exorbitante diante dos padrões conhecidos. O passageiro, então, 
pede que o motorista explique o preço. Sendo informado que o preço da 
corrida corresponde ao dobro da importância registrada no taxímetro, 
em razão de recente aumento determinado pela autoridade competente 
Noções gerais de Direito28
e com tabela ainda a ser divulgada, e de um acréscimo pela bagagem de 
20%, o indivíduo solicitou um recibo discriminado, que lhe foi entregue. 
Em contato com o representante da empresa em São Paulo, o indivíduo 
toma então conhecimento de que foi lesado, uma vez que não existe a 
cobrança do dobro do valor consignado no taxímetro e tampouco o per-
centual de 20% para bagagem.
Sendo assim, questiona-se: será que o citado indivíduo possui capacidade 
jurídica para o estabelecimento do contrato de transporte? Certamente 
que não; sua inserção social é completamente diferente da existente em 
São Paulo, com clara inexperiência. Nesse caso, independentemente da 
idade, pelo desconhecimento (ignorância) da situação, a vontade e a ca-
pacidade estão prejudicadas e tornam passível de invalidação o negócio 
celebrado ou sua revisão.
Essa situação remete ao que diz o artigo 157 do CC, ao ensejar a invalidade do valor cobrado 
e consequente direito de reembolso do excedente. “Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, 
sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente despropor-
cional ao valor da prestação oposta” (BRASIL, 2002).
Exemplo 2: Um indivíduo com 16 anos de idade migra de sua terra na-
tal e se instala na região Sul do país, longe de seus familiares, e, com a 
força de seu trabalho e com vínculo de emprego – posteriormente, como 
autônomo – na área de informática, passa a ter sustento próprio com o 
produto de seu trabalho.
Dessa forma, pergunta-se: será que com 16 anos de idade o referido 
indivíduo, com subsistência derivada de seu trabalho, adquiriu capa-
cidade jurídica? É certo que sim; a partir de então ele se inseriu no 
sistema social, alugou um quarto em uma pensão, posteriormente um 
pequeno apartamento, adquiriu bens móveis e contratou a prestação 
de serviços como autônomo, estando capacitado a decidir na esfera dos 
negócios jurídicos.
Nesse sentido, a orientação do CC é a seguinte:
Art. 5.º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica 
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
[...]
Ensejar: causar ou 
motivar algo; possi-
bilitar; justificar. 
Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 29
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria. (BRASIL, 2002)
2.5 Domicílio
2.5.1 Domicílio da pessoa natural
O domicílio é o local onde uma pessoa “estabelece a sua residência com âni-
mo definitivo” (BRASIL, 2002). A conotação da palavra definitivo não deve ser to-
mada de forma absoluta, mas relativa, tendo em vista o primado dos direitos fun-
damentais do indivíduo, conforme o artigo 5º da Constituição Federal (BRASIL, 
1988), divididos em direitos individuais, de propriedade e de atividade. Dessa forma, a pessoa 
natural se estabelece em uma residência (domicílio), podendo alterá-la de acordo com suas conve-
niências, não existindo para tanto a mensuração temporal (um dia, um mês, um ano, dez anos etc.).
O domicílio também não é uno; pode ser que uma pessoa tenha mais de um endereço, 
quando então qualquer um deles será considerado seu domicílio. Veja-se o caso do indivíduo que 
possua residência em uma cidade litorânea, abrigando ali sua mulher e seus filhos e, em virtude 
de suas atividades profissionais, em um grande centro urbano possua um apartamento para viver, 
em regra, quatro dias da semana. Assim, essa pessoa natural possui dois domicílios (um na cidade 
litorânea e outro no grande centro). Além disso, há o domicílio profissional, onde a pessoa natu-
ral exerce as suas atividades. A seguir, encontram-se as disposições concernentes ao domicílio no 
Código Civil:
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua resi-
dência com ânimo definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternada-
mente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes 
à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um 
deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência ha-
bitual, o lugar onde for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção mani-
festa de o mudar. (BRASIL, 2002)
2.5.2 Domicílio da pessoa jurídica de Direito Privado
O domicílio da pessoa jurídica de Direito Privado é o lugar onde funcionam as diretorias 
e administrações, ou o local de eleição constante no ato constitutivo ou estatuto. Sobre o assunto, 
afirma o CC:
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
[...]
Vídeo
Noções gerais de Direito30
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas di-
retorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto 
ou atos constitutivos.
§1.º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, 
cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§2.º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á 
por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por 
cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que 
ela corresponder.
[...]
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicí-
lio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 
(BRASIL, 2002)
2.6 Diferentes classes de bens
Abstraindo-se o sujeito do direito, tem-se o objeto do direito (a coisa, o 
bem, o direito) que serve economicamente ao indivíduo.
Os bens são divididos em diferentes classes: são considerados em si mesmos, 
assim como observa-se sua titularidade, sua função, sua destinação, sua fruição e 
sua penhorabilidade.
A divisão utilizada pelo Código Civil está, descrita adiante.
2.6.1 Bens considerados em si mesmos
2.6.1.1 Bens imóveis
São imóveis “o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”, bem como “os 
direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram” e “o direito à sucessão aberta” (BRASIL, 
2002). É importante verificar a mantença do caráter de imóvel da edificação separada do solo para 
remoção a outrolocal e os materiais provisoriamente separados para reemprego.
Os bens imóveis, pela sua característica de imobilidade, não podem ser removidos sem que 
sejam depreciados. Sua aquisição se dará por escritura pública lavrada em registro de imóveis.
2.6.1.2 Bens móveis
Bens móveis são aqueles “suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, 
sem alteração da substância ou destinação econômico-social” (BRASIL, 2002), bem como as 
energias com valor econômico, os direitos reais sobre objetos móveis, as ações correspondentes, 
os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações, além dos materiais destinados 
à construção enquanto não forem empregados, com reaquisição dessa qualidade quando prove-
nientes de demolição.
São eles suscetíveis de movimento próprio, como é o caso dos semoven-
tes (animais irracionais, domesticados ou selvagens) ou de remoção por 
força alheia, são os inanimados (automóvel, mesa, cadeira, livro etc.), sem 
Vídeo
Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 31
perda ou alteração de sua substância ou de sua destinação econômico-so-
cial. (AZEVEDO, 2012, p. 11)
Por ter como característica a individualidade, o bem móvel não pode ser fracionado, sob 
pena de perder sua destinação econômica. A chamada transferência do bem móvel é feita pela tra-
dição – ou seja, entrega ou restituição da coisa, a qual poderá ser real, ficta ou simbólica.
2.6.1.3 Bens fungíveis e consumíveis
Conforme os artigos 85 e 86 do CC, “São fungíveis os móveis que podem substituir-se por 
outros da mesma espécie, qualidade e quantidade” (BRASIL, 2002); por exemplo, uma mesa ou 
uma caneta.
“São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria subs-
tância, sendo também considerados tais os destinados à alienação” (BRASIL, 2002); por exemplo, 
os alimentos (bens consumíveis de fato) e o dinheiro (bem consumível de direito). A transmissão 
dos bens se dá pela transferência da posse do referido bem.
2.6.1.4 Bens divisíveis
De acordo com o artigo 87 do CC, bens divisíveis “são os que se pode fracionar sem alte-
ração da sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam” 
(BRASIL, 2002); por exemplo, a divisão em duas porções de um saco de açúcar ou de farinha. 
Ainda segundo o CC: “Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por 
determinação da lei ou por vontade das partes” (BRASIL, 2002).
Assim exemplifica Álvaro Villaça de Azevedo (2012, p. 142):
Desse modo, são também indivisíveis os bens naturalmente divisíveis, que a 
lei assim determinar. Como exemplos, cito o art. 1.386 do Código Civil, que 
determina que as servidões prediais são indivisíveis, subsistindo mesmo no 
caso de divisão dos imóveis, em benefício de cada uma das partes do prédio 
dominante, continuando a gravar cada uma das partes do prédio servien-
te, a não ser que, por natureza, ou destino, só se apliquem a certa parte de 
um ou de outro; cito, também, o art. 1.421 do Código Civil, que assegura 
que a garantia é indivisível, enquanto o débito não for integralmente pago; 
cito, ainda, o art. 1.791, parágrafo único, do Código Civil, que assenta que a 
herança é indivisível até a partilha, regulando-se pelas regras do condomínio; 
e lembro, finalmente, além de outras situações, que o art. 65 da Lei no 4.504, 
de 30.11.1967, impede que o imóvel rural seja dividido em áreas de dimensão 
inferior à constitutiva do módulo de propriedade rural; portanto, a mínima 
porção de terra, que deve existir no campo, é o módulo rural, determinado 
por lei, e que se torna indivisível.
2.6.1.5 Bens singulares e coletivos
O artigo 89 do Código Civil (BRASIL, 2002) traz que “São singulares os bens que, embora 
reunidos, consideram-se de per si, independente dos demais”. São singulares simples na formação 
de um todo homogêneo por força da natureza ou da ação humana (materiais ou imateriais); por 
exemplo, um carneiro, uma folha de papel, crédito. São singulares compostos quando coisas hete-
rogêneas são ligadas pela ação humana, como os materiais utilizados em uma construção.
Noções gerais de Direito32
Os bens tomam a característica de uma universalidade de fato quando formam um conjunto 
de bens singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana para a realização 
de um determinado fim, como uma coleção de discos ou uma biblioteca.
Os bens coletivos são aqueles compostos de vários bens singulares que, estando juntos, pas-
sam a formar um todo homogêneo. Como uma manada de búfalos, uma esquadra de navios, uma 
frota de táxis ou ônibus, um rebanho de ovelhas. Também são denominados universalidades. Eles, 
no conjunto, são vistos como unidade e, assim, podem, por exemplo, ser adquiridos e vendidos (no 
seu todo). Uma esquadrilha é formada por vários aviões, mas eles não estão rigorosamente ligados. 
Assim, se forem vendidos ou desaparecerem todos menos um, o remanescente continuará sendo 
aeronave, mas passará a ser apenas um avião, como singelamente ele o é. De acordo com o CC:
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, 
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de 
relações jurídicas próprias.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de 
uma pessoa, dotadas de valor econômico. (BRASIL, 2002)
2.6.2 Bens reciprocamente considerados
O bem pode ser principal e acessório. Conforme o Código Civil brasileiro, “Principal é o 
bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente” (BRASIL, 2002, grifo nosso), como o solo. 
Acessório é o bem ou valor “cuja existência supõe a do principal” (BRASIL, 2002), como uma árvore 
frutífera plantada no jardim de uma casa ou um galpão construído nos fundos do terreno.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se des-
tinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abran-
gem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, 
ou das circunstâncias do caso.
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos 
podem ser objeto de negócio jurídico.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§1.º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso 
habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§2.º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§3.º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se 
deteriore.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos so-
brevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. 
(BRASIL, 2002)
Assim, pode-se afirmar que principal é o bem mais importante, cuja existência é própria e 
independe dos demais. O Código Civil de 2002 admite em seu texto que o acessório segue o prin-
cipal; e, sendo necessário destacar um do outro, essa necessidade precisa estar demonstrada no 
negócio jurídico.
Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 33
Desse modo, se considerarmos todos os bens, isoladamente, são eles prin-
cipais. A acessoriedade surge quando um deles completa o outro, principal, 
considerando-se os bens reciprocamente. Assim, considerando uma fazenda 
e o gado, que nela existe, este será acessório. Se a fazenda for vendida sem 
ressalva, o gado estará sendo vendido, também. (AZEVEDO, 2012, p. 153)
2.6.3 Bens públicos
No artigo 98 do CC (BRASIL, 2002), afirma-se que “São públicos os bens de domínio nacio-
nal pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno”.
Em conceito de Álvaro Villaça Azevedo (2012, p. 159, grifos do original), os bens pú-
blicos devem:
ser compreendidos isoladamente: há, em cada um deles, uma intrínseca desti-
nação, que o categoriza – situando-o no contexto geral desse patrimônio,onde 
deve ser encarado não individual, mas coletivamente –, e, não obstante, o torna 
distinto dos demais (é, com efeito, diferente o bem público de uso geral, que 
serve a todos – uti universi, do bem chamado administrativo, porque reservado 
ao uso de determinados serviços públicos, e, assim também, do que é dirigido 
à obtenção de resultados específicos, por virtude da satisfação de certas condi-
ções – uti singuli).
A regulamentação dessa classe de bens vem prescrita no Código Civil brasileiro (BRASIL, 
2002), nos artigos 98 e seguintes, como se observa a seguir:
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurí-
dicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a 
pessoa a que pertencerem.
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, 
inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais 
os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado 
estrutura de direito privado.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalie-
náveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exi-
gências da lei.
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, confor-
me for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
Noções gerais de Direito34
Atividades
1. “D”, menor, com mais de 16 e menos de 18 anos de idade, adquire um apartamento de “B” 
pelo preço certo e ajustado de R$ 140.000,00, com sinal de R$ 10.000,00 e o compromis-
so de liquidar o restante em 60 parcelas mensais e sucessivas, sob juros mensais de 1% e 
atualização monetária, com base em índice oficial. A posse precária ocorre no momento 
do pagamento do sinal, e o pacto – compromisso de compra e venda de bem imóvel – 
é celebrado com cláusula de perdimento do montante pago no caso de inadimplemento 
contratual. Os pais de “D” tomam conhecimento do compromisso assumido, e, diante da 
impossibilidade de seu cumprimento, observado que o menor vive às expensas dos pais, 
pleiteiam o desfazimento do negócio com a devolução do valor pago, oriundo de caderneta 
de poupança aberta por eles em nome do menor, com vistas ao custeio dos primeiros anos 
de nível superior. Por sentença, o negócio é desfeito em razão de o juiz entender ausente um 
dos requisitos de validade do negócio jurídico. Está correta a sentença proferida? Por quê?
a) Não, pois houve a aquisição mediante a vontade de “D”, em face de um objeto lícito e 
possível e na forma não vedada em lei (compromisso de compra e venda).
b) Não, pois a existência de um negócio jurídico válido e eficaz exige vontade isenta de mácu-
la, objeto lícito e possível, agente capaz e forma prescrita e não vedada em lei, todas presen-
tes no caso em questão.
c) Sim, pois, apesar da vontade expressa (isenta de mácula), do objeto lícito e possível (o 
bem), da forma não vedada em lei (compromisso de compra e venda de bem imóvel), 
no caso em concreto, a capacidade jurídica para a celebração do negócio jurídico não 
está presente, na medida em que “D”, menor, é relativamente incapaz.
d) n.d.a
2. Em que momento a pessoa natural adquire plena capacidade jurídica?
a) No nascimento.
b) No registro de nascimento.
c) No nascimento com vida.
d) Quando completa 18 anos.
3. Com 49 anos de idade, solteiro e sem filhos, o indivíduo “A”, em acidente de trânsito, tem 
a sua capacidade mental aniquilada, passando a sobreviver com a ajuda de aparelhos. Para 
o custeio do tratamento médico, seu pai propõe em juízo a curatela, com pedido de venda 
de imóvel de “A”, e, no curso do processo, fica demonstrado por laudos médicos seu estado 
físico e mental, constatando-se, por perícia judicial determinada, a drástica redução de sua 
capacidade de discernimento. Em sentença, é acolhido o pedido de curatela, com ordem de 
venda do bem na forma da legislação em vigor. Está correta a sentença proferida?
a) Não, na medida que, em sendo maior, a capacidade jurídica deve ser exercida pessoal-
mente pela pessoa natural, devendo-se aguardar o seu restabelecimento, para a verificação 
de incapacidade total ou parcial e, somente após, dar-se ou negar-se a curatela ou tutela, 
dependendo do estado a autorização ou não da venda de um bem, para efeito de assim 
resguardar-se o patrimônio de “A”.
Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 35
b) Não, pelo simples fato de que a capacidade jurídica, no caso, ainda persiste.
c) Sim, observado que “A” encontra-se inabilitado para produzir direitos e obrigações, em 
virtude de seu estado vegetativo, devendo aí estabelecer-se a curatela e, sendo necessário, 
viabilizar-se a obtenção de recursos para a sua recuperação.
d) n.d.a
Referências
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Teoria geral do Direito Civil: parte geral. São Paulo: Atlas, 2012.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 
11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 
6 ago. 2018.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro: teoria geral do Direito Civil. Saraiva: São Paulo, 
2011. v. 1.
HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 1 CD-ROM.
3
Fato jurídico, ato jurídico e negócio jurídico
3.1 Objetivo
Este capítulo objetiva abordar a interação dos indivíduos na sociedade, a 
qual ocorre por meio de eventos denominados fatos, atos ou negócios jurídicos, 
assim como sua invalidação, preparando-os para o perfeito entendimento da esfera 
contratual, constante e imperiosa na sociedade moderna.
3.2 Fato e ato jurídico
O fato é um acontecimento que nem sempre gera consequências jurídicas. 
Quando os acontecimentos gerarem efeitos jurídicos, aí sim é possível caracteri-
zar a existência de um fato jurídico. Assim,
Fato jurídico é tudo aquilo a que uma norma jurídica atribui um efeito jurídico. 
Em dois sentidos emprega-se a expressão: lato e restrito. No sentido lato, é todo 
acontecimento, dependente, ou não, da vontade humana, a que o Direito atribui 
eficácia. No sentido restrito, a manifestação de vontade que provoca efeitos 
jurídicos, denominando-se então ato jurídico, nomeadamente negócio jurídico. 
(GOMES, 2016, p. 177, grifos do original).
Exemplo: Atirar uma bolinha de gude para fora de sua propriedade, 
fazendo com que ela pare junto ao meio-fio da calçada, caracteriza um 
simples acontecimento sujeito às leis da física; entretanto, se ao atirar 
a mesma bolinha de gude para fora de sua propriedade ela atingir o 
vidro de um carro e quebrá-lo, o acontecimento terá efeito jurídico, 
e não obstante a ausência de intenção, originará o direito de o lesado 
ver-se reparado.
Assim, fatos jurídicos são acontecimentos regulados no ordenamento jurídico que criam, 
conservam, transferem, modificam ou extinguem direitos e obrigações.
O ato jurídico, em contrapartida, é o ato humano voluntário com efeitos regulados em 
norma jurídica.
Não há complexidade na diferenciação: enquanto se atira uma pedra ao vento, sem um 
alvo especificado ou intenção de produção de dano, mas o evento acontece, um simples fato 
passa a ser um fato jurídico, ao passo que o ato jurídico é humano e voluntário, como, por 
exemplo, mudar de residência.
Vídeo
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Noções gerais de Direito38
3.3 Negócio jurídico
No negócio jurídico, o ato humano voluntário tem o fim de concretizar 
efeitos jurídicos, no interesse daprópria pessoa ou no de outrem. Assim, pode-
-se conceituá-lo como sendo toda e qualquer declaração de vontade reconheci-
da e garantida pela lei que se destina a produzir efeitos jurídicos.
A função mais característica do negócio jurídico é, porém, servir de meio de 
atuação das pessoas na esfera de sua autonomia. É através dos negócios jurí-
dicos que os particulares autorregulam  seus interesses, estatuindo as regras a 
que voluntariamente quiseram subordinar o próprio comportamento. Domina 
atualmente o pensamento de que o negócio jurídico exprime o poder de au-
todeterminação dos sujeitos de direito, notadamente no campo das relações 
patrimoniais. Encarado esse poder na sua função de autodisciplina das próprias 
pessoas interessadas na Constituição, modificação ou extinção de uma relação 
jurídica, apresenta-se como expressão de autonomia privada. (GOMES, 2016, 
p. 197, grifos do original)
A validade do negócio jurídico se sustenta em elementos essenciais, imprescindíveis à sua 
própria existência, divididos em gerais (vontade, capacidade, objeto lícito) e específicos (observan-
do-se cada negócio jurídico em suas peculiaridades, no tocante à forma e à prova). O artigo 104 do 
Código Civil (CC) preconiza que: “Art. 104. a validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e III - forma prescrita ou não defesa em lei” 
(BRASIL, 2002).
Embora sendo pressuposto do ato negocial, toma-se o entendimento de que a vontade isenta 
de mácula é condição primordial de sua validade e eficácia.
Assim, destacam-se os elementos de validade do negócio jurídico:
• Vontade: declaração de vontade isenta de mácula, como erro, dolo, simulação, coação, 
estado de perigo, lesão e fraude.
• Agente capaz: aqui deve-se relembrar a capacidade civil ligada à inserção do indivíduo na 
sociedade, com aptidão para a criação de direitos e deveres, com base na faixa etária (com 
excludentes desta, observados os eventos da vida).
• Objeto lícito: o objeto do negócio deve ser legalmente permitido e não contrário aos bons 
costumes, à ordem pública e à moral.
• Forma prescrita ou não vedada em lei: a forma é o modo pelo qual a manifestação da 
vontade se exterioriza, com elementos e requisitos de validade.
3.4 Defeitos do negócio jurídico
O negócio jurídico encerra ato humano voluntário e tem por finalidade a 
concretização de efeitos jurídicos em seu interesse ou no de outrem.
Desse modo, então, já foram observados os requisitos que são indispensáveis 
para a validade do negócio jurídico. Resta apreciar os casos de hipótese diversa. 
Assim, como introdução e, portanto, antes de adentrar o campo da invalidação do 
negócio jurídico, é importante fazer uma breve apreciação dos defeitos desse tipo de negócio.
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Mácula: imperfeição; 
defeito; mancha na 
reputação; infâmia. 
Vídeo
Fato jurídico, ato jurídico e negócio jurídico 39
Conforme abordado anteriormente, são elementos de validade do negócio jurídico: a vontade, 
a capacidade do agente, a licitude do objeto e a obediência de forma prescrita ou não vedada em lei.
À luz do vigente Código Civil, há defeito no negócio jurídico quando este carrega deficiência 
capaz de ensejar sua anulação. Os defeitos jurídicos estão elencados nos artigos 138 a 165 (BRASIL, 
2002), definindo-se como capazes de causar a anulação do negócio jurídico: hipóteses de erro, 
dolo, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Nesse particular, é importante observar que quando o negócio estiver inteiramente des-
provido de força para gerar os efeitos jurídicos efetivamente almejados, ocorre a nulidade (art. 
166). Já quando ele produz efeitos, mas, em razão de vícios, esses efeitos podem ser invalidados 
por iniciativa da parte prejudicada pelo componente viciado, tem-se a hipótese de anulabilidade 
(art. 171) (BRASIL, 2002).
3.4.1 Erro ou ignorância
É o entendimento inexato sobre o objeto de vontade do ato negocial, sua natureza, o objeto 
da declaração ou a qualidade da pessoa.
O erro é uma falsa representação que influencia a vontade no processo ou na 
fase da formação. Influi na vontade do declarante, impedindo que se forme em 
consonância com sua verdadeira motivação. Tendo sobre um fato ou sobre um 
preceito noção inexata ou incompleta, o agente emite sua vontade de modo 
diverso do que a manifestaria, se deles tivesse conhecimento exato, ou completo. 
(GOMES, 2016, p. 306).
De acordo com o CC (BRASIL, 2002):
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade 
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência 
normal, em face das circunstâncias do negócio.
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a algu-
ma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a 
declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo 
único ou principal do negócio jurídico.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como 
razão determinante.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável 
nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
[...]
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de 
vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, 
a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na con-
formidade da vontade real do manifestante.
Noções gerais de Direito40
Para viciar o ato, o erro deve ser substancial, encerrando conhecimento incorreto das cir-
cunstâncias ou dos efeitos do negócio jurídico, de fato ou de direito; por exemplo, a venda de um 
bem, enquanto a outra parte está a visualizar uma doação.
3.4.2 Dolo
Dá-se na situação de desconhecimento, por uma das partes, das reais circunstâncias de um 
ato negocial, provocado pela outra parte (por malícia, dissimulação etc.).
O dolo consiste em manobras ou maquinações feitas com o propósito de obter 
uma declaração de vontade que não seria emitida se o declarante não fosse 
enganado. É a provocação intencional de um erro. A vontade maliciosa que 
determina o erro pode ser do outro contratante, ou de terceiro. Somente quando 
o dolo é praticado por uma das partes, dá causa à anulação do contrato. Assim 
também deveria ser quando emanasse de terceiro, mas o é, apenas, se a parte o 
conheceu. (GOMES, 2016, p. 309)
O ato será anulável quando versar sobre o dolo principal, ou seja, a causa determinante, que 
enseja perdas e danos, diferentemente do dolo acidental, quando o negócio seria realizado sem o 
vício, em outras condições. Por exemplo, doar um bem a uma pessoa que, de modo costumeiro e 
aparentando mendicância, encontra-se esmolando pelas ruas e, depois, descobrir que ela possui 
bens suficientes para a sua mantença, amealhados da habitualidade de esmolar. Assim, de acordo 
com o CC (BRASIL, 2002):
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua 
causa.
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental 
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das 
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui 
omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a 
parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso con-
trário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as 
perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o represen-
tado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, 
o dolo for

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